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Modo de ler na escola deveser revisto, diz especialista

É sempre prazeroso paraum formador de leitores com-partilhar leituras, autores, ideiasquando se defronta com o pro-fessor-leitor. Entretanto, para osespecialistas, é muito inquie-tante observar que um númerosignificativo de docentes nãoconsidera o ato de ler uma prá-tica cultural e essencial ao de-senvolvimento da aprendiza-gem de todas as disciplinas.

“A leitura instiga o leitor aexpressar o que ele concebesobre a sua visão de mundo ede si mesmo. Dessa forma, o atode ler é um processo interativo,uma vez que os diversos conhe-cimentos do leitor interagemcom o texto e/ou contexto”, des-taca Maria das Graças Vieira,coordenadora de Língua Portu-guesa do Instituto Qualidadeno Ensino (IQE).

Assim, sendo a leitura apro-priação e produção de signifi-cados, Maria das Graças Vieirareforça que o texto apreendidopelo leitor não tem o sentidoque lhe foi atribuído pelo autor,uma vez que toda leitura supõea liberdade do leitor que deslo-ca e subverte o que o texto su-gere. Contudo, essa liberdadenão é absoluta, pois é cercadapor limitações, convenções eprocedimentos característicosda prática cultural da leitura emdeterminada época.

“Esses recortes possibilitam

a reflexão sobre as práticas lei-toras que, ainda hoje, são obser-váveis em nossas salas de aula,por meio de procedimentos tra-dicionais, equivocados e mecani-cistas, que utilizam comandos dotipo ‘leia o parágrafo seguinte’, ‘a1ª fila lê um parágrafo e a 2ª fi-la, o subsequente’, ‘só as meninasvão ler agora’, ‘responda às ques-tões de interpretação do textoda página 20’etc.”, analisa a coor-denadora de Língua Portuguesa.

De acordo com ela, é permi-tido fazer algumas indagações apartir dessas pretendidas “aulasde leitura”. Que concepção de lei-tura é possível depreender des-sas práticas, quando ler comcompreensão tornou-se impres-cindível numa sociedade letra-da? Em que momento o aluno foiconvidado a ser coprodutor dossentidos do texto que lê? Quehabilidades de leitura estão obje-tivadas nesses procedimentos?

“Quando tratamos de pro-dução de sentidos, precisamoster a clareza que, ao ler, o alunoproduz significados e, portanto,se constrói enquanto sujeito-leitor. É alguém que realizouleituras prévias, tem um conhe-cimento singular do mundo,tem uma herança culturaladquirida de seus ancestrais euma história pessoal de leituraque interferem, consideravel-mente, na produção de sentidosdo texto que lê”, acrescenta.

Aprendizagem

taca Maria das Graças Vieira,coordenadora de Língua Portu-guesa do Instituto Qualidadeno Ensino (IQE).

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