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O senso Comum e o Pensamento Científico
Ciências da Educação I
2O positivismo e sua influência na educação: Karl Marx
Nesta unidade vamos analisar e identificar o papel da educação burguesa com reprodutora da alienação e
da exploração social. Para o pensador alemão, a sociedade que surge com o advento do capitalismo seria
caracterizada pela relação de conflito entre duas classes: a burguesia detentora dos meios de produção e
o proletariado com sua força de trabalho.
● Abordar a crítica a educação burguesa produzida por Karl Marx;
● Analisar o papel da educação burguesa com reprodutora da alienação e da exploração social.
● Socialismo e Educação, conflito de classes (burguesia x proletariado) e práxis social.
Introdução
Objetivo
Tópicos Abordados
Ciências da Educação I
3O positivismo e sua influência na educação: Karl Marx
Um pouco sobre a Revolução Industrial
O século XIX foi extremamente importante para formar a configuração da nossa atual sociedade e das
nossas concepções de educação. Durante o decorrer do século muitas mudanças atingiram a Europa
e os Estados Unidos da América. Os avanços da ciência, associados à consolidação da burguesia no
poder político, direta ou indiretamente na maioria dos países europeus, permitiram um desenvolvimento
econômico acelerado. Foi o momento da revolução industrial.
Cidadania Burguesa ou Liberal
Na educação foi o momento da consolidação de uma educação burguesa e, também, do início de uma
crítica mais sistematizada contra o princípio positivista de educação. A consolidação da burguesia como
classe social privilegiada e dominante mudou muitos hábitos e valores; a própria idéia de liberdade ficou
vinculada a idéia de cidadania.
Mas a que tipo de cidadania?
Obviamente a chamada cidadania burguesa ou liberal.
O liberalismo não surgiu no século XIX, mas com a própria ascensão da burguesia
no século XVIII. Para o pensamento liberal do século XVIII, primeira fase do
liberalismo, era importante contestar a monarquia e afirmar as liberdades individuais
e econômicas contra o Estado absolutista, um dos instrumentos dessa luta foi à
construção de um tipo de individualismo de uma maneira bastante peculiar.
O que sabe sobre a revolução industrial? Faça uma pesquisa para relacioná-la aos seus
estudos desta unidade.
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Multimídia
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http://www.youtube.com/watch?v=EaVbYyky-Bw
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4O positivismo e sua influência na educação: Karl Marx
[...] o termo individualismo é habitualmente utilizado na acepção mais moderada, sendo, nesse sentido, o
fundamento teórico assumido pelo liberalismo assim que surgiu no mundo moderno. É de fato o pressuposto
comum do jusnaturalismo, do contratualismo, do liberalismo econômico e da luta contra o Estado, que
constituem os aspectos fundamentais da primeira fase do liberalismo (ABBAGNANO, 2003, p. 554).
A peculiaridade da noção de individualismo pode ser notada pela necessidade de se garantir as liberdades
individuais, porém, submetendo esse mesmo indivíduo às determinações dos valores sociais.
Isso pode ser explicado em parte pela mudança na configuração social do século XIX. Com o processo
de industrialização, as cidades ficaram populosas, os trabalhadores, amontoados em pequenos espaços
e trabalhando exaustivamente até 16h por dia, não tinham motivos para comemorar as suas supostas
liberdades individuais. Assim, a sociologia, conforme defendia Durkheim, deveria ser um dos instrumentos
de controle das massas.
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5O positivismo e sua influência na educação: Karl Marx
O Socialismo
A sociologia analisaria os fatos sociais e forneceria para a educação os modelos necessários de socialização
que, por sua vez, garantiriam a harmonização da sociedade, pois os indivíduos deveriam se conformar,
pela coerção, à estrutura social vigente.
Obviamente, a estrutura social vigente atendia aos interesses da minoria da sociedade, da classe
burguesa e não às necessidades e interesses dos trabalhadores. Assim, o individualismo liberal atendia
aos interesses de uma classe social específica e não do conjunto da sociedade.
Podemos dizer que os princípios positivistas aplicados à educação estavam em consonância com os
ideais do liberalismo moderno.
A idéia de um sujeito reduzido à cognição, sem desejos, ou com os mesmos sob controle; de um indivíduo
que deve aceitar sem titubear os valores impostos em favor de uma “solidariedade orgânica” e de um
“estado positivo” reforçariam a noção de individualismo criada pelo liberalismo.
O liberalismo não foi a única corrente de pensamento da época e não produziu sozinho as concepções de
educação que herdamos hoje daquele importante momento histórico.
Juntamente com a ascensão da burguesia, durante o processo revolucionário francês do século XVIII, chamado
correntemente de Revolução francesa, e também da formação do liberalismo europeu, surge o socialismo.
E sobre a Revolução Francesa? O que sabe? Faça uma pesquisa para relacioná-la aos
seus estudos desta unidade.
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6O positivismo e sua influência na educação: Karl Marx
Socialismo Utópico
A palavra socialismo, segundo Abbagnano, surgiu na Inglaterra nas primeiras décadas do século XIX e
fazia uma oposição à idéia de individualismo e, de forma ampla, o termo significa: “qualquer doutrina que
defenda ou preconize a reorganização da sociedade em bases coletivas” (ABBAGNANO, 2003, p. 912).
O uso mais corrente do termo socialismo sofreu uma clássica divisão, entre “socialismo utópico” e
“socialismo científico”, para designar o principal objetivo do socialismo na contemporaneidade.
Universo teórico dos pensadores SAINT-SIMON (1760-1825), FOURIER (1772-1837) e OWEN (1771-
1859) que vivenciaram o surgimento do capitalismo com todas as suas contradições e conflitos, com
todas as “injustiças” e “irracionalidades”, próprias das novas relações sociais de produção implantadas na
Europa ocidental, a partir dos meados do século XVIII, início do século XIX.
Escreveram projetos de reestruturação da sociedade que deveriam ser racionalmente planejada, controlada
pelos produtores. Mas para a realização desses “sonhos”, desse modelo de sociedade perfeita, tinham a
esperança de que os próprios governantes ou os “homens de bem”, empreendessem aquelas mudanças,
que “reuniriam indústrias, reis e trabalhadores” (MOREIRA, 2010).
No entanto, o termo ganhou relevância, consistência e durabilidade com as elaborações de Friedrich
Engels, e, principalmente com o pensamento de Karl Marx.
Para Engels, o socialismo utópico era um princípio importante, mas impotente para
transformação social, pois não previa elementos indispensáveis no desenvolvimento
da sociedade, como a dialética e a luta de classes (ENGELS, 2008).
A denominação “utópica”, segundo a orientação crítica de Engels, é derivada de uma
concepção espontânea da transformação social sob a ótica dos defensores dessa
corrente, como Saint-Simon, pois eles acreditavam que a solução dos problemas
das injustiças sociais se daria pelo convencimento e esclarecimento dos próprios
governantes, na direção de uma sociedade mais harmônica e racional.Friedrich Engels
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Socialismo Científico
Engels estava de acordo com os postulados do socialismo científico, que ele próprio ajudou a construir
durante a sua longa parceria intelectual com o maior expoente do socialismo, Karl Marx.
O socialismo científico construiu uma série de argumentos a favor da necessidade de transformação social,
por meio do processo dialético, da contradição histórica que existe entre as classes, sobretudo, no século
XIX, entre explorados (operariado) e exploradores (burgueses ou patrões).
O processo dialético pelo qual as sociedades são transformadas não aconteceria sem rupturas, sem
transformações violentas, pois essas classes sociais são antagônicas, tem interesses diferentes e contraditórios.
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Conceito de Práxis
Marx mantém a crença no poder da razão humana sobre a natureza, de uma racionalidade capaz de
conduzir a humanidade na direção do progresso e da justiça, pois, “os filósofos se limitaram interpretar o
mundo diferentemente, cabe transformá-lo” (MARX, 1974, p. 59).
Porém, introduz um conceito indispensável, que irá influenciar enormemente a educação, o conceito de
práxis que proporcionou uma nova visão sobre o sentido da iniciativa humana em seu processo de formação.
A questão se cabe ao pensamento humano uma verdade objetiva não é teórica, mas prática. É na práxis
que o homem deve demonstrar a verdade, a saber, a efetividade e o poder, a “citerioridade” de seu
pensamento. A disputa sobre a efetividade ou não-efetividade do pensamento – isolado da práxis – é uma
questão puramente escolástica (Ibid. p.57).
Para Marx a educação é um processo de transformação individual e coletiva, que tem na práxis seu centro,
pois, “educador e educando educam-se juntos na práxis revolucionária” (GADOTTI, 2000, p. 43).
A educação, então, não pode estar limitada à cognição, como queriam os positivistas e, tampouco poderia
apenas impor aos alunos a estrutura social vigente, pois essa educação visa à transformação social.
A práxis, social e transformadora, a que Marx se refere é o trabalho. Não o trabalho produtivo apenas,
como o de uma atividade industrial ou outra qualquer, mas trabalho é entendido como um “princípio
antropológico”, isto é uma ação humana e deliberada de transformação.
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Através da ação humana, e não sob as supostas forças de leis sociais, que a realidade seria modificada,
assim, a educação segundo a orientação de Marx, deveria privilegiar uma relação simultânea entre a teoria
e a prática, com o objetivo de criar uma realidade mais justa e humanizada.
Esse processo educativo faria a passagem de um humano limitado e restrito à cognição, sem preocupações
sociais amplas, unilateral para um homem novo, onilateral (CAMBI, 1999, p.483).
As idéias de Marx influenciaram muitos autores importantes na educação mundial, como Gramsci,
Althusser, Bourdieu, entre outros.
Na educação brasileira, mesmo sem ter se declarado um marxista, Paulo Freire apresenta em sua obra
uma forte influência das ideias de Marx. E ele não está só.
A influência das ideias marxistas construiu no Brasil uma longa tradição de entender a educação e a
cidadania como práxis social, que perdura até os nossos dias.
A práxis social influencia até hoje o cotidiano da educação. Procure saber um pouco mais
sobre esse assunto.
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10O positivismo e sua influência na educação: Karl Marx
Síntese
Marx faz uma análise da sociedade através da relação de conflito de duas classes: a burguesia (que detém os meios
de produção) e o proletariado (aquele que possui a força de trabalho). Assim o ser humano seria caracterizado
pela práxis social, ou seja o trabalho consciente. A relação entre essas duas classes seria sempre de exploração,
pois a força do trabalho ficaria desvalorizada frente aos meios de produção, resultando na desvalorização do
próprio ser humano.
● ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
● CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: UNESP, 1999.
● ENGELS, Friedrich. Do socialismo utópico ao socialismo científico. São Paulo: Sundermann, 2008.
● GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação. São Paulo: Cortez, 2000.
● MARX, Karl. Teses contra Feuerbach. São Paulo: Abril Cultural – Col. Os Pensadores, 1974.
● MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. São Paulo: Global Editora, 1984.
Disponível em: http://www.pstu.org.br/biblioteca/marx_engels_manifesto.pdf. Acesso em22 jan 2010.
● MOREIRA, Aluízio. Socialismo utópico. Disponível em: http://www.moreira.pro.br/socialismoutopico.
htm. Acesso em 20/12/2010.
Bibliografia Recomendada