Análise de Imagem (Martine Joly) Critérios (significantes plásticos): (1) moldura; (2) enquadramento, dimensões; (3) ângulo do ponto de vista; (4) escolha da objectiva; (5) composição, paginação; (6) formas; (7) cores; (8) iluminação; (9) textura.
(1) Moldura São os limites físicos da imagem.
Consoante as épocas e os estilos, surgem mais ou menos materializados na moldura.
Sendo a moldura considerada uma restrição, denota-se a tendência para a abolir, de modo a que o espectador não se sinta constrangido com os freios à sua imaginação, impostos pelos limites da imagem.
(1) Moldura
A coincidência entre os limites da imagem e os do suporte impele o observador a construir imaginariamente o que não vê no campo visual da representação: o fora-de-campo
tradição cinematográfica A colocação de moldura na imagem
fecha o espaço imaginativo tradição pictórica
(1) Moldura
(1) Moldura coincide com limites do suporte
(2) Enquadramento
Não deve ser confundido com a moldura. Corresponde à dimensão da imagem, resultado suposto da distância entre o tema pintado/fotografado e a objectiva/sujeito criador/codificador.
Vertical e estreito proximidade Horizontal e largo afastamento
Enquadramento estreito
Enquadramento largo
(3) Ângulo do Ponto de Vista O ângulo pode reforçar ou contradizer a
impressão da realidade. O picado provoca a impressão de esmagamento das personagens, dá ao espectador a impressão de controlo e domínio.
O contra-picado faculta uma sensação de engrandecimento, força e altura ao objecto retratado.
O ângulo normal, “à altura do homem e de frente”, dá a impressão de realidade e naturaliza a cena.
(3) Ângulo do Ponto de Vista
Contra-picado Frontal Picado
(4) Objectiva
Objectivas com uma grande profundidade de campo (tudo é nítido desde o primeiro plano até ao horizonte em fundo) aproximam da visão natural – são objectivas com uma focal curta.
Objectivas, com uma maior distância focal, jogam mais com o contraste nitidez-desfocagem e proporcionam representações mais expressivas.
(5) Composição, Paginação É a geografia interior da mensagem
visual. Tem uma função vital na condução da visão do espectador.
O olho segue os caminhos trilhados na imagem, contrariando a ideia de uma leitura global.
(5) Composição, Paginação O olhar é selector das informações-
chave na imagem. O sentido da leitura molda a concepção da composição.
Georges Péninou lista 4 configurações: (1) a construção focalizada: as linhas de
força (traço, cores, iluminação, formas) convergem para um ponto da imagem, que funciona como montra.
(5) Composição, Paginação (2) a construção axial: coloca o cerne no eixo do
olhar, em geral exactamente no centro da imagem; (3) a construção em profundidade: a essência está
integrada num cenário em perspectiva, ocupando a frente da cena, no primeiro plano;
(4) a construção sequencial: convida o olhar a percorrer a imagem, de modo a que, no final do seu trajecto, caia sobre a essência. Na maior parte das vezes, está situada (leitura da esquerda para a direita) na parte inferior direita. O modelo mais convencional deste tipo de construção é a construção em Z.
(6) Formas
Entendida como a aparência do corpo/objecto, os seus contornos.
Na publicidade, por exemplo, o criador procura uma compreensão clara e rápida: linhas curvas, formas redondas – feminidade e suavidade; linhas rectas – minimalismo, bom gosto…
(7) Cores
A sua interpretação é antropológica e cultural.
Mapa das Cores
(8) Iluminação
Interpretada consoante a cultura, os estados de espírito/motivação.
A luz difusa, ao contrário da orientada, desnaturaliza as representações visuais, na medida em que suaviza as cores, atenua a impressão de relevo, generaliza, bloqueia as referências temporais.
(9) Textura
Para o Grupo Mu, a textura é uma qualidade de superfície. Numa imagem bidimensional, a textura está ligada à terceira dimensão, que atribui à imagem um carácter táctil.
Uma imagem visual pode activar o fenómeno das correspondências sinestésicas.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) (1) Descrição: Técnica - Nome do(s) emissor(es); - modo de identificação dos emissores; - data de produção; - tipo de suporte e técnica; - formato; - localização.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Estilística - Número de cores e estimativa das
superfícies e da predominância; - volume e intencionalidade do volume; - organização icónica (quais são as
linhas directrizes?).
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Temática - Qual o título e que relação texto-
imagem?; - inventário dos elementos
representados; - que símbolos?; - quais as temáticas gerais? (qual o
sentido primeiro?).
Grelha de análise (Laurent Gervereau) (2) Estudo do contexto Contexto a montante - De que meio técnico, estilístico,
temático, vem esta imagem?; - Quem a concebeu e que relação tem
com a sua história pessoal?; - Quem a encomendou e que relação
tem com a história da sociedade do momento?.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Contexto a jusante - A imagem conheceu uma difusão
contemporânea da altura da sua produção ou difusões exteriores?;
- Que indícios ou testemunhos temos do seu modo de recepção ao longo do tempo?.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) (3) Interpretação Significações iniciais, significações
posteriores - O(s) criador(es) da imagem sugeriram
uma interpretação diferente do seu título, da sua legenda, do seu sentido primeiro? Que análises contemporâneas do seu tempo de produção podemos encontrar?;
- Que análises posteriores?.
Grelha de análise (Laurent Gervereau) Balanço e apreciação pessoais - Em função dos elementos fortes
revelados na descrição, no estudo do contexto, no inventário de interpretações ao longo do tempo, que balanço geral podemos fazer?;
- Como vemos hoje esta imagem?; - Que apreciação subjectiva relacionada
com o nosso gosto individual – anunciada como tal – lhe podemos atribuir?.