III a n n o DOMINGO, 15 IDE MARÇO DE 1903 N.° 87
S E M A N A R I O N O T I C I O S O , L I T T E R A R I O E A G R I C O L A
A ssiguatura ..Anno, iSoóo réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado. l i para o Brazil, anno. 2$5oo réis (moeda lbr:ej. AAvulso, no dia da publicação, 20 reis. £
EDITOR— José Auguslo Saloio
I*!BÍ>licações«5 Annuncios— r.a publicação. 40 réis a linha, nas seguintes,
20 réis. Annuncios na 4.“ pagina; contracio esp:ciai. Os auío- graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO — José Augusto Saloio
E X P E D I E N T E
.4cceltaiu-se com grati dão ({iincsquei* n otic ias que sejam de issíeresse publico.
A POLÍTICA'Estão altamente nubla
dos os horisontes da política e presagiam próxima tempestade.
Mas no tini de contas é facil que seja, como costuma di/,er-se,-uma tempestade n’um_copo dagua.
Que triste espectáculo estão dando os nossos politicos, degiadeando-se mutuamente! Se em vez disso, esquecendo offensas, não fazendo caso de ódios nem de rancores, se unissem.sob a mesma bandeira para tratar do futuro do seu paiz, que bello seria esse proceder! Como a pa- tria lhes fica ria-grata!
Ha muito que fazer, que trabalhar, para levantar a nossa pobre terra do abatimento em que jaz. Se meia duzia de homens de boa vontade, patriotas dedicados e amantes do torrão que lhes foi berço, mettessem denodadamente mios á obra, animando as artes, protegendo as industrias, fazendo deste privilegiado cantinho do Oc- cidente, a que a Natureza outhorgou os seus mais ubérrimos dons, o que elle realmente deve ser, como teriam direito á nossa veneração e ao nosso amor!
Mas não. Preferem as lu- ctas intestinas, as intrigas do poder, as injurias e os doestos dirigidos mutua- mente nas pugnas políticas, ao que poderia hon- >'al-os e chamar sobre os Seus nomes as bênçãos da Posteridade.
Triste decadencia!JO AQ U IM DOS ANJOS.
CUIDADOS APÍCOLAS EM MARÇO
E’ regra geral que: trabalhando activamente as abèlhas das colmeias mó- Veis de manhã e de tarde, abrandando apenas o mo
vimento na força do calor, ao meio dia; sendo grande o numero de abêlhas empregadas no serviço de ventilação; sendo pouco numeroso o grupo occu- pado em beber agua, o enxame está vigoroso e forte.
A actividade na colheita, azafama em sair, e a entrada das obreiras çárré ̂gadas de póllen e abarrotadas de néctar, provam que a mestra, é vigorosa e que o enxamè se Sente feliz e satisfeito.
Uma abundante colheita de nectar traz a necessidade de fortes correntes dar para que evaporem, de prompto, a agua em excesso que o nectar pos- sue, e que é necessário eliminar para que o mel, mais tarde, fermente com facilidade. Vendo o apicultor que o numero de abelhas empregadas na ventilação augmenta de dia para dia, tem a certeza _de que a colheita de mel é cada vez maior; diminuindo o numero de ventiladoras está provado que diminuiu tambem, por qualquer motivo, a colheita do mel, sendo por isso necessário verificar immediata- mente qual o motivo de tal acontecimento.
Perto do colmeal deve haver um bebedouro extenso mas pouco fundo, semeado de pequenas pedras onde as abelhas vão buscar a agua de que carecem.
Quanto mais activa for a colheita menos agua bebem as abelha, por isso que o nectar que colhem contem sempre um excesso de agua. Emqupnto, no periodo activo da producção do nectar as abelhas procurarem pouco a agua, bem vae ao enxame; logo que ellas a buscarem com sofreguidão, é signal de que a colheita diminuiu, ou mesmo paralysou, e as abelhas estão a alimentar-se com o mel operculado existente na colmeia.
Se, pelos seguros signaes exteriores, que apontamos, se vir que tudo na colmeia corre bem, não se lhe to
ca ainda neste mez. Porém, se houver, por qualquer motivo, duvidas quanto ao seu estado, escolhe- se um bom dia de sol e procede-se ao exame da colmeia, de tarde, das quatro para as cinco horas, occasião melhor que a do activo calor, para tal serviço, tendo mais a vanta-A , , • * ;gem de, apoz o exame, sobrevir a noite que acalma o enxame justamente irritado pela violação do seu domicilio.
O apicultor colloca-se por a parte posterior da colmeia, levanta a tampa, tira a téla ou télas que cobrem os quadros e applica a toda a colmeia, pelo lado interno, uma boa dóse de fumo, servindo-se para isso do fUmigador, typo Bíngham, um dos melhores para e.->te serviço.
Com uma faca forte despegam-se os quadros, caso as abelhas os tenham superiormente unido ás travessas que os supportam, por meio de um pouco de própolis. Desligados todos os quadros, tira-se o primeiro, levantando-o verticalmente, applica-se fumo ás abelhas que os cobrirem dos dois lados, e, depois de bem entorpecidas pelo fumo, varram-se por meio das barbas duma pen- na de pato, para o interior da colmeia.
Verifica-se se o favo está bom e, no caso affirma- tivo, torna-se a introduzir na colmeia, collocando-o no logar onde se encontrava; no caso de possuir defeitos substitue-se por outro quadro apenas com cera moldada.
P ouzado o primeiro quadro, tira-se o segundo, procedendo com elle como para com o primeiro, e assim a seguir até ao ulci- mo.
De tempos a tempos torna-se necessário appli- car um pouco de. fumo ás abelhas que procurarem sair de entre o vasio dos favos para a parte superior da colmeia, o que se deve evitar com cuidado.
Se todos os quadros estiverem bem, cobrem-se
com a téla, põe-se a tampa á colmeia e deixa-se esta em socego. - .
Se, porém, a colheita de mel for nulla e a criação diminuta, é signal de que a mestra está, sendo indispensável procural-a e ma- tal-a, para as abelhas- obterem uma mãe de salvação que fortaleça o enxame.
Possuindo-se mestras de reserva, pode fornecer-se- lhes uma depois de haver o cuidado de lhe dar um perfume, intenso por meio da pulverização de qualquer liquido arom itico (liquido em que não entre alcool, ether nem acido algum), ou da polvilhação de um pó de perfume forte, e dar o mesmo perfume ao enxame.
Se não se der á mestra nova o mesmo cheiro que o do enxame, este mata a mestra logo que ella lhe for fornecida, o que não acontece no caso de não haver entre ambos diífe- rença de cheiro.
Se a criação abundar, mas o numero de obreiras for pequeno, mette-se no interior da colmeia umas pequenas ped rasdenaphta- lina e faz-se o mesmo em outra colmeia muito forte.
Fecham-se as aberturas de entrada á colmeia fraca, e, no dia seguinte, na força do calor, põe-se a colmeia fraca no logar da forte e esta no da fraca. Abrem-se as portas de entrada á colmeia fraca e as abelhas da forte, que andavam por fora na colheita, enriquecem assim a colmeia debilitada.
Tambem se pode fortalecer, depois de dar o mesmo cheiro a duas colmeias algumas horas antes, tirar da colmeia forte dois ou tres favos com criação e as abelhas que os cobrirem, e mettei-os na colmeia fraca, no logar de outros': vasios que :se passam para a colmeia forte.
Se houver falta cie alimentação, fornece-se sob a forma de xarope ou mel, que se coiloca em recipiente chato, no centro do fundo da colmeia durante a noite, retirando de manhã pela abertura que pa
ra tal fim ha no supporte da grande maioria das colmeias moveis. Não se querendo dar ás abelhas alimentos liquidos dispõem- se pedras de assucar candi sobre os .quadros, por baixo da téla, pedras què alli se deixam ficar até as abelhas as consumirem por completo.
Se a colmeia estiver invadida pela tinha ou pelo bolor não pode haver hesitações nem dezejos de poupar um ou outro favo. Passam-se immediatamen- te as abelhas para uma colmeia nova com quadros todos com cera moldada, verificandõ-se depois com attenção se a postura come ea activamente logo que os primeiros favos estiverem completos.
A passagem faz-se tirando os quadros um a um, fumigando-os e despejando as abelhas com as barbas de uma penna de pato sobre os quadros da colmeia nova.
As abelhas que ficarem das paredes da colmeia varrem-se para o supporte, aggiomeram-se no centro d’eíle, pousa-se-lhe em cima um pequeno cortiço vasio para onde se fazem subir. Em estando no cortiço despejam-se sobre as outras já imtalladas na colmeia nova.
A cera.tirada da colmeia doente derrete-se logo e a colmeia e quadros escaldam-se com agua a ferver, e lavam-se. depois com agua com uma mão cheia de sulfato de ferro, sulfuram-se por ultimo e, uma e outros, só se utili- sam depois de bem arejados durante uma semana.
Ao enxame installado na colmeia nova dá-se sustento esti nulante durante oito dias 011 mais, se a colheita de nectar for pequena.
E D U A R D O S E Q U E IR V.
Da Ga~ela das A U rias).
iteeiíiss de caridadeA commissão promoto
ra da recita de caridade annunciada para o dia 12 do corrente, resolveu, em
O D O M I N G O
consequência de já ter a casa passada, dar duas recitas nas noites de 20 e 21 do corrente.
As pessoas que já compraram bilhetes para o primeiro espectáculo teem, caso queiram, direito aos' mesmos logares mediante a quantia de 200 réis por cada um.
tiu, além de muitas pessoas das su s relações.
Foram distribuídas esmolas pelos pobres.
la ccu d io
Pela uma hora e meia da madrugada de 9 do corrente, incendiou-se numa das chaminés do predio de habitação do sr. Joaquim José Lucas, uma porção de chouriços que alli estavam a corar. Felizmente o prejuízo foi pequeno:
-c«Sf38epS r—Ooeieçii grave
Tem passado nestes últimos dias seriamente in- commodada a extremosa esposa do nosso amigo, sr. Antonio Joaquim da Silva Batana. E1 seu medico assistente o sr.. dr. Ventura.
Estimamos-lhe o completo restabelecimento.
iia isivcrsario
Completa ámanhã o seu22.0 anniversario natalicio a ex.ma sr.a D. Alda Adeli- na Ferreira Sequeira, esposa do nosso bom amigo, sr. Joaquim Nunes Sequeira, conceituado commerciante da praça de Leiria.
Daqui lhe enviamos as nossas felicitaeões.
Missas
Em co mm em o ração do primeiro mez do falleci- mento da ex.nia sr.a D. (íer- trudes da Silva Tavares Rodrigues, resaram-se na manhã de 9 áo corrente duas missas, uma na egreja da freguezia e outra na egreja da Misericórdia -suí- fragando a alma daquella boa senhora.
As missas foram mandadas rezar pela familia da extincta, que a ellas assis
D csordcm eèíí c;»lei;i
Na cadeia desta villa, pelas 9 horas da manhã de 10 do corrente, José d’01i- veira Cardoso vibrou uma facada no peito de*Antonio Caramello, por este lhe ter dado uma bofetada. Começou a desordem por o Caramello querer entrar na prisão do Cardoso e este não consentir, empur- rando-ó e provócartdo-o de palavras obscenas.
Ambos estão presos pelo crime de furto.
SBatalha de ílnrcs
Uma commissão composta de alguns cavalheiros d’esta villa, tenciona fazer uma batalha de flores, no domingo de Paschoa.
ftn ip o dc am adores
Este grupo, composto de 12 figuras, sob a direcção do sr. José Cândido Rodrigues d’Annunciação, tenciona estreiar-se no dia 21 de maio dando um passeio a Ferreira do Alemtejo.
Oxalá não fique tudo em aguas de bacalhau!
DECLARACAO>
O abaixo assignado vem por este meio publicamente fazer vêr a toda a gente que estando preso na cadeia desta comarca, accu- sado no roubo da cera feito ao sr. Domingos Tavares no dia 12 de fevereiro findo, e sendo interrogado por differentes vezes, se provou a sua innocencia, sendo no dia 8 do corrente posto em liberdade.
Agradece a todas as pessoas que se interessaram por elle.
Aldegallega, 14 de março de 1903.Jacintho Rodrigues Man-
a lavada.
C O F R E B E P E R Q L A S
Ao nosso companheiro e amigo
JOÃO ANTONIO DA SILVA LIMA
Pobre de ti! Tão doente!N o rosto tal pallide*!Essa mudança quem fe?,D alegria para a dôr?F o i a triste-enfermidade,Que, como um ladrão subtilNa vida primaverilQui^ i'Qubar-te ao nòsso amor?
F o i, sabemos. Teu sorriso Alegre, bom, jovial N uma tristeza mortal Breve aqui se converteu.Porque scismas? Núnca esqueças Bellos tempos prazenteiros Cada um dos companheiros E ' sempre um amigo teu.
Olha p ra nós! Não receies Da vida 0 tristonho enfado;Seremos sempre a leu lado,Ou na alegria ou na dôr.Emquanto nós existirmos 0 ’ nosso irmão, nosso amigo;Nunca o pesar inimigo Vem roubar-te ao nosso amor!
21 de março de 1891.JO A Q U IM DOS ANJOS.
PENSAMENTOS
Ensinar a ler é accender lume; toda a syllaba lança faiscas.— Victor Hugo.
— Dae-nos educação e mudaremos, em menos de um seculo, a face d Europa.— Leibnitz.
— E perigoso ser servido por todos, e peior não ser contraditado por ninguém.— Gladstone.
— Os que não vêem as difficuldades dos seus comine l- timentos, teem por si a força da idéa do exilo. E preciso vêl-as e vêr ao mesmo tempo como se, resolvem para não descoroçoar.— Bernardino Machado.
g o
A N E C D O T AS
Entre dois marinheiros.— 0 Antonio. .. olha.tanta gaivota! Bem certo éque
as gaivotas annunciam temporal desfeito.— Qual historia, homem! A mim sempre o que me
annuncia o mau tempo, é a bolsa vasia.1111111111 f1111111111111
Na rua encontraram-se dois amigos.— Estimo encontrar-te, Pedro. Tens ahi cinco tostões
que não te façam falta?— Tenho, sim, responde o outro com a maior fra n
queza.— Emprestas-mos. . . Muito obrigado. . . Mas espe
ra: olha que são falsos!— Bem sei; é p o r isso mesmo, que não me fazem
falta.. .
LITTERATURAAdastra
(Continuado do n.° 86)
Eu estava radiante de alegria. .
— Além d’isso tens os pulsos muito fraquit.os, e isso é o diabo para um homem do mar.
A conversa tomava de repente para mim um caminho inesperado. Se os pulsos eram fracos, e isso era o diabo para um homem do mar, que me importava a mim o que o mestre dizia que eu tinha dentro da cabeça?
Olhei para minha mãe. Minha mãe sorria.
— Ainda agora, continuou meu tio, estive a conversar com o padre prior a teu respeito. Aquil-lo é que é vida, meu filho; padre!
— Não quero! disse eu, dando um murro em cima da mesa. Não quero ser padre.
— Ninguém te obriga, rapaz. Ha outras vidas tão boas ou melhores até. Medico, por exemplo.
— Não quero!E olhando pela janella,
vi no extremo horisonte, lá onde o céo vae beijar o mar, alvejar uma vélasi- nha, que me pareceu estar tambem do meu partido, gritando-me lá de longe:
-— Fazes muito bem. Não queiras ser medico, não queiras ser padre. Olha para mim. A felicidade sou eu.
— Pois não queiras! gritou meu tio.
E começou a passeiar pelo quarto, tirando g,andes fumaças do cachimbo.
Eu, espantado dn minha audacia, tinha baixado tristemente os olhos, e, muito amuado, coçava a cabeça.
— Lá no collegio, durante estes annos, tens muito tempo para te decidires, disse meu tio parando diante de mim. Ámanhã partes commigo para Lisboa.
Lisboa!Este nome soou-me aos
18 FOLHETIM
Traducção de J. DOS ANJOS
D E P O I S í r P E C C A D OIJ v ro prim eiro
11
Estendeu a rijão no pastor, que lh ’a apertou. Depois. n 'o querendo incommodar s> ultima.; etju.sões das duascreanças,começou a descer a coi- lina. Mas quando tiohfl dado uns cin- coflfita passos ouviu correr atraz d‘el- le. E ra a Magdalena que se apressava para 0 alcançar.
.—J á se despediram? perguntou ejje, — Sím. senhor; um beijo depressa
se dá. Vamos, a caminho; se tem
boas pernas, chegamos lá depressa.Iam ura ao lado do outro, apres
sando o passo, e depres;a chegaram á estrada. O Adriano voltou-se e viu o pastar em pé no ponto mais alto da collina. Cumprimentou-o com a mão e disse á Magdalenasinha:
— O P.edro manda-lhe ura ultimo beijo.
Ella voltou se e sorriu-se acenando cDnn o lenço. O Pedro l vantou o chapéo e agitou o no ar. Ao fim de .algujj; minutos, como tivessem de afrouxar o passo, o Adriano disse:
— Aquelle rapaz parece que lhe tem muito amor.
— De quem fala o senhor? perguntou a rapariga, como se fosse arrancada subitamente ás suas graves reflexões.
— De quem ha de s c ? do Pedro Guillemale. respondeu o Adriano.
— Ah! sim, o Pedro, disse ella, acompanhando a phrase com um leve movimento de hombros, eu também gosto muito d elle.
— Está desposta a casar com elle, Magdalenasinha?
A esta pergunta, a rapariga voltou para o Adriano o rosto que se tornou subitamente serio e corado por uma onda de s, ngue; os olhos tomaram-lhe uma expressão singular e adi- vinhav..m-se-lhe. sem os comprehen- der, os sentimentos mais contrários; a final respondeu:
— Casar com elle, eu! casar com um guardador de carne ros, nunca !
— Pois é o que eile espera.— Disse-lh’o a si?— Não mas comprehendi-o eu.— Estim o que se enganasse, tanto
por causa d’elle como por minha; porque so o estimo bastante para ter
pena dc lhe causar um desgosto, não o estimo tanto que. queira ser mulher d'elle.
— Com quem quer então casar, Magdalenasinha? proseguiu o A driano, achando um encanto singular n ’aquella conversa.
— Ainda não sei; mas com certeza que será com um homem mais rico que o Pedro.
— E ’ ambiciosa! E ' verdade que quando uma rapariga tem uns olhos tão bonitos como o céo, tudo se lhe desculpa.
Cont nuaram o caminho sem trocarem mais uma palavra. A Magdalena ia adeante, pensativa e melancólica. e o Adriano, aleg ando os olhos com a visão daquella creatura cheia de seducções, começava a compre- hender que se tinha enganado quando a suppuzera ingénua c simples.
— -Estarei verdadeiramente illudi- do? perguntou elle a si mesmo. Quando a vi pela prim eira vez, não tinha e periencia nem vaidade. Andara por aqui a sr.a Telemaco?
Depois de andarem meia hora, ao fim de um atalho appareceu-lhes dc repente a cidade de Antraigues, com grande surpreza do Adriano, quc náo esperava estar tão perto.
— Com o pude eu perder-me hontem á noite? perguntou elle.
— Vou dizer-lh'o, respondeu a rt' pariga; é porque a meia legua d'nqul o senhor, enganado pela escoridá°i deixou a estrada e tomou,'sem saber, o caminho do B rúlou, do vulcáo '’*• lho de que viu os restos ainda agofr
(Continua)
O DOMI NGOouvidos como uma palavra
Lisboa! Eu ia partir para Lisboa, que nunca tinha visto, mas cujo nome só me despertava na imaginação mil sonhos encantadores, mansões de fadas, prodígios de riqueza!
Er°"ui immediatamente a cabeça e, cheio de alegria, ri de rijo.
Olhei novamente para minha mãe. Minha mãe, coitadinha, chorava.
_Vamos, disse-me meutio, batendo-me com a mão no hombro. Vae vestir o teu fatinho preto, que tens que te despedir.
Lisboa! Lisboa!Eu via minha mãe cho
rar, mas este grito da alma fazia-me calar o coração.
O mestre na escola, adiante de todos, deu-me um grande abraço e disse-me:
— Continua a estudar, meu rapaz. Sic ilttr ad as- tra.
Eu, muito envergunha- do, para faàer alguma coi- za bafejava a pala do bonet e limpava-a depois com a manga da jaleca.
Aquelle latinorio ficou- me no ouvido. Quando estudei latim ençontrei-o. Boa vontade não lhe faltava, pobre mestre!
A’ noite, dpois da ceia,o tio Bernardo julgou dever falar-me:
— Quando ás vezes me esqujço para ahi horas inteiras a fumar no meu cachimbo, vocês põem-se a rir e dizem, que eu bem sei: «Lá está o tio Bernardo no Brazil.» Pois é bom que o saibas, antes que o aprendas, nem tudo são rosas na vida. E olha que na vida do mar os espinhos são muitos. Quando a gente volta e chega á sua casa, esquece tudo. Quantas vezes a cardada não levou o diabo! O qu passou, passou. Quando se olha para traz, não s vè senão aquillo de que se tem saudades.
(Continua)]JOÁO D A C A M A R A .
do Tribunal de esta comarca, no dia 22 do mez de março pelo meio dia, para ser vendido por preço superior ao abaixo designado, o direito e acção queo referido executado tem como comproprietario nos prédios adeante relacionados e dos quaes é us.ufru- ctuaria Luiza Violante da Costa, mãe do mesmo executado, a saber: Umas casas que servem de adega, cóm um pateo, sitas no Largo da Misericórdia, de Alhos Vedros, no valor de 8$ooo réis.— Umas casas para habitação situadas no
rgo da Misericórdia da mesma villa, no valor de 22 $ooo réis.—-Uma fazenda composta de terra de semeadura, vinha, arvores
fructo, pinhal e sobrei- 'os, situada no Campo da Forca, da referida freguezia de Alhos Vedros, forei- a em 3$ooo réis annuaes
.10 Marquez de Pombal, não constando que tenha audemio, no valor de réis
4Ó$ooo.São citados para a dita
3raça quaesquer crédores incertos nos termos do n.n
,° do art.° 844 do codigo rocesso civil.
Aldegallega do Ribatejo,28 de fevereiro de 1903.Verifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT O %
Oliveira Guimarães.O E S C R IV Á O
José Maria de Mendonça.
ANNUNCIOS
a n n u n c i o
(“1 / Publicação)
Pelo Juizo de Direito de esta comarca, cartorio do i.° officio, e execução hv- pothecaria que move o Mc gistrado do M.° P.9 de es ta comarca, contra Pedro da Costa, de Alhos Vedr
ANNUNCIO
A U
sito na villa da Moita, que he propôz o auetor Ma
nuel José da Costa, casado, proprietário, morador na mesma villa da Moita.
As audiências neste juizo teem logar todas as segundas e quintas feiras de cada semana, pelas dez ho- ■as da manhã, no tribunal udicial de esta comarca,
sito na rua do Caes, d’es- ta villa de Aldegallega, e se algum d’aquelles dias br santificado, não estando comprehendido em férias, terão logar no dia seguinte se não for tambem santificado ou feriado.
Aldegallega do Ribate- o, 27 de fevereiro de 1903.
O ESCRIVÁO
Anlonio Augusto da Silva Coelho.
Verifiquei a exactidão.
O JUIZ DE DIREITO
Oliveira Guimarães.
I J . i l
(<§.“ B»Eílslí<í, i54*ão)
Pelo Juizo de Direito da Comarca de Aldeia Galle ga do Ribatejo, e cartorio do escrivão Silva Coelho, correm edites de ses*senta dias, citando Maria do Car mo Jorge, viuva de Alfredo dos Santos, por si e co mo tuctora e legitima administradora de sua filha menor impúbere Maria, ausentes em parte incerta para comparecer por si ou seu bastante procurador, sob pena de revelia, na segunda audiência de este juizo, posterior ao praso dos editos, a contar da publicação do segundo annuncio no «Diario do Governo», afim de vir accu- sar a citação, e assignar o praso de uma audiência para contestar ou deduzir os embargos que tiver por conveniente á acção de despejo por falta de paga-
ALMANACH DAS ALDEIASFA11A 1 » 0 3
Publicado por Julio Gama— Collaborado pelos redactores da Gaveta das Aldeias.
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quem dirigir o pedido, acompanhado da respectiva importancia, á administração da Gaveta das Aldeias,- rua do Costa Cabral, 1216— Porto.
RELOJOARIA E OURIVESARIAKeiii rival
O proprietário d'este estabelecimento í-óga aos seus freguezes a fineza de não comprarem em outra parte, mesmo em Lisboa, sem que prim eiro experimentem os modicos preços d'este estabelecimento; porque no presente anno determinou fazer propaganda, muito util para os seus freguezes: em primeiro logar em vendas de òuro e prata, relogios e outros artigos. Se comprarem mais barato em outra qualquer parte, devolve-se o seu dinheiro. Succede o mesmo em trabalhos de relojoaria e ourivesaria. Soldas em ouro e em prata a i o o reis. Trabalhos para os collegas, 2 0 p. c. de desconto. Garantem-se os trabalhos sob pena de se devolver as importa icias justas, quando estes não estejam á vontade. Aos seus freguezes rerommenda estar ás ordens para qualquer trabalho de occasTto.
P R A Ç A S E R P A P I N T O — Aldegallega
GRANDEARMAZÉM DO COMMERCIO— * DE
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DIA li 10 DE NOTICIASA GUERRA ANGLO-BOER
Impressões do Transvaal
Interesênntissima narração das luc tas entre inglezes e boers, «illústrada» om numerosas zinco-gravuras de «homens celebres» do Transvaal e do
Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruenta-, daG U E R R A A N G L O -B O E R
Por um funccionario da Cruz Vermelha ao serviçodo Transvaal.
Fascículos semanaes de 16 paginas...................3 o réisTomo de 5 fascículos.................................... i 5 o »
A G U E R R A A N G L O B Ó E R é a obra de mais palpitante actualidade.N'ella são descriptas, «por uma testemunha presencial». as differentes
phases e acontedmentos emocionantes da terrivel guerra que tem espantalo o mundo inteiro.
A G U E R R A AN GLO -: O ER faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes bat; lhas, combates» e «escaramuças» d ’esta prolongada e acérrima lueta entre inglezes, tra svaalianos e oranginos, verdadeiros prodígios de heroismo e tenacidade, em que são egualmente a.'miráveis a coragem e dedicação p: triotica de vencidos e vencedores.
Os incidentes variaJissimos d'esta contenda é tre !a poderosa Inglater ra e as duas p e q u n a s republicas sul-afriçanas, decorrem atravez de verdadeiras perpecias. portal maneira cii-ama.ticas e pittorescas, que dão á G U E R RA A N G L O -B O E R . conjunctamente com o irresistível attractivo dum a narrativa histórica dos nossos d as, o encanto da le in ra romantisada.
A Bibliotheca do DIARIO DE NOTICIASapresen ando ao pubiico e-ta obra em «esmerada edição,» e por um preço diminuto, julga prestar um serviço aos numerosos leitores que ao mesmo tempo desejam-deleitar-se e adquirir perfeito conhecimento dos succesjos que mai.; interessam o mundo culto na actualidade.
Pedidos <í Emprega do D IA R IO D E N O T IC IA S Rua do Diario de Noticias, 110 — LISBOA
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