PRESTOVELOCE
8 / M A R
9 / M A R
F O R T I S S I M O N º 3 — 2 0 1 8
Marcos Arakaki, regente
Quaternaglia, quarteto de violões
P R O G R A M A
I N T E R V A L O
GIOACHINO ROSSINI
La gazza ladra: Abertura
Ministério da Cultura eGoverno de Minas Gerais apresentam
PRESTOVELOCE
8 / M A R
9 / M A R
CAMARGO GUARNIERI
Encantamento
CAMARGO GUARNIERI
Sinfonia nº 2, “Uirapuru”EnérgicoTernoFestivo
Concerto AndaluzTiempo de BoleroAdagioAllegretto
JOAQUÍN RODRIGO
Celebramos, em 2018, os 150 anos
de falecimento de um dos mais
importantes compositores líricos
da história: Gioacchino Rossini. Sua
música descreve alegria, humor e
leveza incomparáveis. Uma de suas
aberturas mais populares traduz essa
ironia e felicidade que caracterizam
a obra do compositor italiano.
A tradição do violão na cultura musi-
cal brasileira é intensa. A obra de
Villa-Lobos, por exemplo, confere
ao instrumento um espaço inusi-
tado na música erudita do século
XX. Assim como no Brasil, a música
espanhola, principalmente no opus
Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra F i larmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008, Fabio Mechetti posicionou a orquestra mineira no cenário mundial da música erudita. Além dos prêmios conquistados, levou a Filarmônica a quinze capitais brasileiras, a uma turnê pela Argen-tina e Uruguai e realizou a gravação de oito álbuns, sendo três para o selo internacional Naxos. Natural de São Paulo, Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro
regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Nos Estados Unidos, Mechetti esteve quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito. Foi tam-bém Regente Titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane, da qual hoje é Regente Emérito. Regente Associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo inú-meras orquestras norte-americanas e é convidado frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.
Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escandi-návia, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela. No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras.
Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
de Joaquín Rodrigo, revela também
uma afinidade especial com o violão.
No concerto desta noite associamos
uma das peças mais importantes
de Rodrigo com a excelência repre-
sentada pelo quarteto Quaternaglia,
intérprete do seu Concerto Andaluz.
Essa característica nacionalista
continua expressa nas obras de
Camargo Guarnieri, combinando a
pulsão rítmica que define a música
brasileira com a melancolia presente
na alma de nosso país. A todos, um
bom concerto.
FABIO MECHETTI
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CAROS AMIGOS E AMIGAS,
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MARCOS ARAKAKI
QUATERNAGLIA
Quaternaglia Guitar Quartet tem sido aclamado como um dos mais importan-tes quartetos de violões da atualidade, tanto pelo alto nível de seu trabalho camerístico como por sua importante contribuição para a ampliação do reper-tório. Em 25 anos de atuação, o grupo – formado pelos violonistas Chrystian Dozza, Fabio Ramazzina, Thiago Abdalla e Sidney Molina – vem estabelecendo um cânone de obras originais e arranjos audaciosos, o que inclui a colaboração com compositores como Leo Brouwer, Almeida Prado, Egberto Gismonti, Sergio Molina e Paulo Bellinati.
Sua atuação começou a despertar o interesse da crítica internacional no final dos anos 1990, após a obtenção do Ensemble Prize no Concurso Internacional de Violão de Havana e da participação em importantes séries de violão e música de câmara nos Estados Unidos.
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: GAL
OPP
IDO
A discografia do Quaternaglia inclui sete CDs – entre eles o Antique, ganhador do Prêmio Carlos Gomes – e um DVD gravado ao vivo.
O quarteto já se apresentou em quinze estados norte-americanos, em Portugal, Espanha, Austrália, Cuba, Uruguai e Argentina e em dezessete estados bra-sileiros, além de ministrar masterclasses e palestras a convite de instituições como Universidade Yale, Jacobs School of Music e Conservatório de Coimbra. O grupo foi solista de orquestras conduzidas por Isaac Karabtchevsky e Leo Brouwer na Sala São Paulo, Theatro da Paz e Teatro Nacional de Cuba.
Compositores brasileiros dedicaram quase cinquenta obras ao Quaternaglia, que gravou 25 delas. O quarteto também é reconhecido pela excelência de suas inter- pretações de Villa-Lobos e Leo Brouwer, bem como por performances especiais de renascença e música espanhola.
Radicados em São Paulo, os músicos do Quaternaglia utilizam três violões de seis cordas e um violão de sete cordas especialmente construídos pelo luthier brasileiro Sérgio Abreu.
Regente Associado da Filarmônica, Marcos Arakaki colabora com a Orques- tra desde 2011. Sua trajetória artís- tica é marcada por prêmios como o primeiro lugar no Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes (2001) e no Prêmio Camargo Guarnieri (2009). Foi semifinalista no Concurso Internacional Eduardo Mata (2007).
O maestro foi regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), bem como titular da OSB Jovem e da Sinfônica da Paraíba. Dirigiu as sinfô-nicas do Estado de São Paulo (Osesp), do Teatro Nacional Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas, do Espírito Santo, da Paraíba, da Universidade de São Paulo, Filarmônica de Goiás, Petrobras Sinfônica e Orquestra Experimental de Repertório. No exterior, regeu as filar-mônicas de Buenos Aires e da Univer-sidade Autônoma do México, Sinfônica de Xalapa, Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e Boshlav Martinu Philharmonic da República Tcheca.
Arakaki tem acompanhado importan-tes artistas do cenário erudito, como Pinchas Zukerman, Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitskaya, Sofya Gulyak, Ricardo Castro, Rachel Barton Pine, Chloë Hanslip, Luíz Filíp, Günter Klauss, Eddie Daniels, David Gerrier, Yamandu Costa.
Natural de São Paulo, é Bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista, na classe de Violino de Ayrton Pinto, e Mestre em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts. Participou do Aspen Music Festival and School, recebendo orientações de David Zinman na American Academy of Conducting at Aspen. Esteve em master-classes com Kurt Masur, Charles Dutoit e Sir Neville Marriner.
Seu trabalho contribui para a formação de novas plateias, em apresentações didáticas, bem como para a difusão da música de concerto em turnês a mais de setenta cidades brasileiras. Atua como coordenador pedagógico, professor e palestrante em projetos culturais, instituições musicais e universidades.
QUARTETO DE VIOLÕES Chrystian Dozza, Fabio Ramazzina, Thiago Abdalla, Sidney Molina
Referências
Para assistir
Orquestra del Teatro
La Fenice – Daniel
Harding, regente –
Acesse: fil.mg/rladra
Para ler
Lauro Machado Coelho
– A ópera clássica
italiana (História
da Ópera) – Editora
Perspectiva – 2003
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes,
4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tuba,
tímpanos, percussão, cordas.ROSSINIG I O A C H I N O
L A G A Z Z A L A D R A : A B E R T U R A
Pesaro, Itália, 1792 – Paris, França, 1868
1817 / 10 minutos
Filho do trompista municipal de
Pesaro (Marche, Itália), Rossini ini-
ciou, aos doze anos, a composição de
alguns quartetos que lhe renderam,
pela visível influência haydniana,
a alcunha de il tedeschino (o ale-
mãozinho). Vinte anos depois, em
1824, quando Beethoven apresentou
em seu último concerto vienense
a Nona Sinfonia e a Missa Solemnis,
os empresários exigiram que, no
intervalo, uma cantora oferecesse
ao público uma ária de Rossini, o
músico mais conhecido e idolatrado
do seu tempo. Cinco anos mais tarde,
rico e célebre, o compositor italiano
abandonava definitivamente a ópera
para viver em Paris seus próximos
39 anos, como um bon vivant dedi-
cado sobretudo à culinária.
No final do século XVIII, na Itália da
Restauração, a ópera tornara-se a
verdadeira paixão nacional, e os ita-
lianos exigiam títulos novos a cada
temporada. Rossini acumulava qua-
lidades adequadas a essa velocidade
de trabalho alucinante: inspiração
melódica excepcional, exuberante
técnica de improvisador e um ins-
tinto teatral infalível. O segredo do
criador de O barbeiro de Sevilha re-
side na incomparável vivacidade de
sua música, de uma verve inédita,
concretizada em recursos sem ante-
cedentes à época, como os crescendi
de efeito irresistível – um tema, a
princípio apenas esboçado, caminha
em repetições de intensidade cres-
cente até um fulgurante estrondo
orquestral. Ainda mais admirável é
sua capacidade de escrever delicadas
e cativantes melodias, expressivas de
afetos como a melancolia, a tristeza
e outros sentimentos afins do gosto
pré-romântico. Tais recursos fazem de
Rossini o compositor mais original do
primeiro Romantismo italiano, fugindo
do convencionalismo de seus ilustres
predecessores, Cimarosa e Paisiello.
Seu sucesso deve muito à rapidez
com que transcrevia a inspiração
para a pauta. E ele teve a sabedoria
de não se levar demasiadamente a
sério: “Eu tinha facilidade e pode-
ria ter feito alguma coisa...” afirmou,
mais tarde, a Wagner. Grande autor
cômico, Rossini sabia tirar partido
de situações absurdas dos libretos:
“Deem-me uma lista de lavande-
ria e eu a porei em música”, dizia.
Exemplo típico de ópera semisséria,
alternando elementos trágicos e
cômicos, La gazza ladra baseava-se
em um fato real: o julgamento de
uma criada, injustamente acusada
de furto. Depois de sua condenação
à morte, descobriu-se que as joias ti-
nham sido apanhadas por uma pega,
ave que costuma roubar objetos e
levá-los para seu ninho. Apesar desse
libreto pouco plausível, a ópera tor-
nou-se mais um retumbante sucesso
na carreira do compositor. A alegre
Abertura consolidou-se como peça
isolada de concerto e, confirmando
sua popularidade, foi incluída por
Stanley Kubrick na trilha sonora de
seu filme Laranja Mecânica. Inicia-se
com brilhante rufar de tímpanos
(dois personagens são soldados que
retornam da guerra) e mostra uma
cintilante orquestração, de brilho
e habilidade ímpares, colorindo as
irresistíveis melodias. Um crescendo
tipicamente rossiniano conduz à
conclusão de grande efeito teatral.
Instrumentação
Paulo Sérgio Malheiros dos Santos Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
Para ouvir CD Rossini – Aberturas
de óperas cômicas –
Royal Philharmonic
Orchestra – Evelino
Pidò, regente –
Mediasat Group S.A.
Espanha/Brasil – 2006
Editora Breitkopf & Härtel
com a Filarmônica
Primeira apresentação
Referências
Para ler
Norton Dudeque –
História do Violão –
Editora da Universidade
Federal do Paraná –
1994
Para ler
Jean & Brigitte Massin
– História da Música
Ocidental – Nova
Fronteira – 1997
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes,
4 trompas, 2 trompetes,
cordas.RODRIGOJ O A Q U Í N
C O N C E R T O A N D A L U Z
Sagunto, Espanha, 1901 – Madri, Espanha, 1999
1967 / 24 minutos
O gênero Concerto mereceu espe-
cial atenção por parte de Joaquín
Rodrigo. O compositor valenciano
dedicou quinze obras do gênero a
eminentes instrumentistas de seu
tempo, do quilate de um Gaspar
Cassadó (violoncelo), Nicanor Zaba-
leta (harpa) e James Galaway (flauta),
por exemplo. No caso do violão, os
nomes não são menos expressivos:
por sugestão de Regino Sainz de la
Maza, Rodrigo compôs o Concerto de
Aranjuez (1939) e, a pedido do mais
influente violonista do século XX,
Andrés Segovia, escreveu a Fantasia
para um fidalgo (1954), baseada em
temas do guitarrista espanhol do
século XVI, Gaspar Sanz.
Em 1967, o violonista Celedonio
Romero encomendou a Rodrigo,
para o seu quarteto – o célebre
Los Romeros –, uma obra com or-
questração sui generis para a épo-
ca, um concerto para quatro vio-
lões com acompanhamento de
orquestra. Rodrigo compôs então
o Concerto Andaluz.
O Concerto de Rodrigo foi a primeira
grande obra escrita para essa instru-
mentária e rapidamente se incorporou
ao repertório do violão, inspirando
o aparecimento de outras, como
o Concierto Italico de Leo Brouwer
ou o Concerto para Quatro Violões
e Orquestra de Ronaldo Miranda.
Sua estreia se deu pelo próprio quar-
teto Los Romeros com a Sinfônica
de San Antonio regida por Victor
Alessandro, em novembro de 1967,
na cidade de San Antonio, Texas,
nos Estados Unidos. O grupo Los
Romeros, conhecido como Familia
Real de la Guitarra, continua tendo
importante atuação, especialmente
no cenário da música espanhola.
Diferentemente de outras compo-
sições de Joaquín Rodrigo, onde
há uma construção neoclássica,
nesta o compositor insere direta-
mente elementos da música fol-
clórica andaluza, citando temas
populares autênticos, além de es-
quemas rítmicos característicos
e suas atmosferas. Este Concerto
pode ser entendido, segundo pala-
vras do musicólogo norte-ameri-
cano Nicolas Slonimsky, “como uma
evocação poética da Andaluzia,
com seus sons, suas luzes, a fra-
grância de suas flores. Os ritmos
espanhóis vibram nos bosques
andaluzes e as cores instrumen-
tais brilham no sol mediterrâneo,
como a música das guitarras res-
soa no ar”. O Concerto Andaluz é
composto de três movimentos:
no primeiro, Tiempo de Bolero, o
compositor evoca bailes popula-
res, onde os instrumentos de cor-
das da orquestra imitam a percus-
são das castanholas. O segundo
movimento – Adagio –, como de
costume em outras obras de
Rodrigo, é o mais extenso e onde
o compositor expõe temas mais
amáveis; destaca-se aí uma cadên-
cia para os quatro solistas. A obra
se encerra com um vibrante e vigo-
roso Allegretto, que utiliza duas
formas de danças do Flamenco:
a Sevillana e o Zapateado.
Instrumentação
Para visitar
www.joaquin-rodrigo.
com
Editora Schott Music
Representante:
Barry Editorial
Celso Faria Violonista, Mestre em Performance Musical pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Para ouvir CD Rodrigo Complete
Orchestral Works, v. 2.
– Asturias Symphony
Orchestra – Maximiano
Valdés, regente –
Entre Quatre Guitar
Quartet, violões –
Naxos – 2002
Para assistir
Korean Chamber
Orchestra – HeeJun
Choi, regente –
Los Romeros, violões –
Acesse: fil.mg/randaluz
com a Filarmônica
Primeira apresentação
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
corne inglês, 2 clarinetes,
clarone, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones,
tuba, tímpanos, piano,
celesta, cordas
GUARNIERIC A M A R G O
E N C A N T A M E N T O
Tietê, Brasil, 1907 – São Paulo, Brasil, 1993
1941 / 7 minutos
Encantamento é uma peça curta,
originalmente escrita para violino
e piano e transcrita posteriormente
para grande orquestra. A obra alterna
partes contrastantes que apresen-
tam, na introdução e no final, uma
melodia melancólica e lenta, inter-
calada por um tema sincopado de
caráter vibrante. Foi composta a
partir de uma encomenda da Divisão
de Música da União Panamericana
de Washington D. C.
Na década de 1940, Camargo Guar-
nieri mantinha estreito contato
com instituições norte-america-
nas empenhadas em promover as
produções musicais brasileiras do
século XX. No Brasil, o investimento
de recursos públicos para tal fina-
lidade era reduzido. O suporte à
divulgação da atividade de nos-
sos artistas no exterior não era
prioridade do governo brasileiro.
Em contrapartida, os consulados
norte-americanos mostravam-se
bastante ativos na promoção de
artistas latino-americanos. Após o
prêmio recebido por seu Concerto
nº 1 para violino e orquestra, através
da Fleischer Music Collection da
Filadélfia, o compositor paulista
passou algumas temporadas na
América do Norte com o intuito de
divulgar sua música.
Camargo Guarnieri não considerava
que o desenvolvimento de uma pro-
dução nacional representasse, pura
e simplesmente, a culminância da
cultura musical de uma dada socie-
dade, mas vinculava tal produção
à exigência de sua circulação em
âmbito mundial, com reconhecimento
por parte de um público diversifi-
cado, incluindo o meio artístico e
intelectual. A referência ao nacional
tornava-se um marco irrefutável e
não excluía a possibilidade de tornar
a sua música e a cultura brasileira
mais conhecidas no exterior, seja por
meio de sua atuação como regente,
seja por participação em concursos
de projeção internacional, ou para
atender a encomendas por parte
de instituições estrangeiras, como
é o caso de sua obra Encantamento.
A composição foi dedicada a Louis
Charles Seeger (1886-1979), musi-
cólogo norte-americano que atuou
como chefe da Divisão de Música
da União Pan-Americana. Seeger
mantinha especial interesse pela
música produzida na América do Sul
e tornou-se interlocutor de Camargo
Guarnieri, de grande valia para seu
intuito de divulgar sua música na
América do Norte.
A despeito da extensa produção de
peças de cunho nacionalista ao longo
de sua carreira, Camargo Guarnieri
enfrentava dificuldades no que con-
cerne à recepção de sua obra por
um grande número de ouvintes,
mais habituados a encadeamentos
melódicos e harmônicos menos
densos e mais repetidos. Todavia,
o compositor resistia em modificar
seu estilo de composição em função
desse limite.
Camargo Guarnieri sintetizou sua
concepção como “nacional”, assim
expressando-se na Gazeta Musical e
de Todas as Artes: “Sou e quero ser
um compositor nacional do meu
país. Se cada ser humano tem uma
responsabilidade sobre a terra, a
do músico será, certamente, a de
contribuir, na medida de sua capa-
cidade, para o enriquecimento da
música universal, entendida esta
como a soma das diversas músicas
nacionais”.
Instrumentação
Cesar Buscacio Professor do Departa-mento de Música da Ufop, Bacharel em Piano pela UFMG, Doutor em História pela UFRJ e pós-Doutor em Musicologia pela EPHE Paris.
Referências
Para ouvir
CD Caramelos
Latinos – Simón
Bolívar Symphony
Orchestra of Venezuela
– Maximiano Valdés,
regente – Dorian
Recordings – 1995
Última apresentação
13/12/2012
Fabio Mechetti, regente
Editora Editora da Osesp
Para ler
Flávio Silva (org.) –
Camargo Guarnieri, o
tempo e a música – RJ,
Funarte/SP, Imprensa
Oficial – 2001
Para ler
Marion Verhaalen –
Camargo Guarnieri:
expressões de uma
vida – Editora da USP/
Imprensa Oficial –
2001
Referências
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
corne inglês, 2 clarinetes,
clarone, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas,
3 trompetes, 3 trombones,
tuba, tímpanos, percussão,
piano, cordas.
S I N F O N I A N º 2 , “ U I R A P U R U ”1945 / 30 minutos
Camargo Guarnieri teve sua trajetó-
ria musical iniciada na terra natal,
a cidade de Tietê, estado de São
Paulo. Posteriormente, transferiu-
se para a capital paulista, onde sua
relação mais direta com os ideários
do nacionalismo musical começou
a ser tecida, sobretudo por meio do
contato com seus mestres Ernani
Braga e Sá Pereira. Ambos tendiam
claramente a uma produção musi-
cal nacionalista, articulada às suas
pesquisas sobre o acervo folclórico-
cultural do Brasil. A partir de 1928,
Camargo Guarnieri manteve es-
treito e fértil contato com Mário de
Andrade, literato e musicólogo que
se tornara um porta-voz do movi-
mento nacional das artes no Brasil.
A década de 1940 foi bastante pro-
missora para Camargo Guarnieri
no que tange ao seu reconheci-
mento profissional. Diversas de
suas obras foram premiadas no
Brasil e no exterior.
Em 1945, Guarnieri escreveu sua
segunda sinfonia, que foi dedicada
a Villa-Lobos, recebendo o subtítulo
de Uirapuru, em menção ao bailado
de Villa-Lobos composto em 1917.
Conta a lenda que o Uirapuru, deus
do amor – pássaro da Amazônia
que se transformava em um belo
índio disputado pelas índias que o
encontravam –, quando cantava,
calavam-se todos.
A Sinfonia Uirapuru recebeu o Prê-
mio Reichold, segundo lugar entre
cerca de oitocentas obras enviadas
a um Concurso Internacional em
Detroit, com o intuito de escolher a
“Sinfonia das Américas”. Contudo,
a Sinfonia Uirapuru teve sua estreia
somente em 8 de março de 1950,
sob a direção do próprio Guarnieri,
frente à Orquestra Municipal de
São Paulo. Posteriormente, Eleazar
de Carvalho a regeu em Cleveland
e em Paris, com a Orquestra da
Radiodifusão Francesa, obtendo
grande receptividade por parte do
público e pela crítica internacio-
nal. Eleazar escreveu a Guarnieri
que, após sua apresentação em
Cleveland, retornou ao palco cinco
vezes para agradecer os aplausos,
e que, em Paris, também a crítica
musical francesa reagiu com gran-
de entusiasmo.
Esta Sinfonia, composta de três
movimentos, enfatiza, por meio
de seu brilho orquestral, a intensa
brasilidade característica da obra
de Guarnieri. No primeiro movi-
mento (Enérgico), um tema inicial
é apresentado, seguido de um de-
senvolvimento que realça outros
dois temas que dialogam entre as
cordas e os metais. O segundo mo-
vimento (Terno) apresenta um cará-
ter intimista e afetuoso por meio
de uma linha melódica introduzida
pelo corne inglês e densificada, pou-
co a pouco, pelo corpo orquestral.
Já o terceiro movimento (Festivo)
enfatiza um caráter bastante ritma-
do, com destaque para as síncopes
e as frases que remetem a temas
nordestinos, com forte presença
dos instrumentos de percussão.
Foram muito poucos os composito-
res que disponibilizaram, no campo
musical brasileiro, obra de tama-
nha envergadura e representativi-
dade. Ao longo de sua larga trajetó-
ria, Guarnieri compôs nada menos
que sete majestosas sinfonias.
Instrumentação
Para ler
Cesar Maia Buscacio
– Americanismo e
nacionalismo musicais
na correspondência de
Curt Lange e Camargo
Guarnieri (1934-1956)
– Editora Ufop – 2010
GUARNIERIC A M A R G O
Tietê, Brasil, 1907 – São Paulo, Brasil, 1993
Cesar Buscacio Professor do Departa-mento de Música da Ufop, Bacharel em Piano pela UFMG, Doutor em História pela UFRJ e pós-Doutor em Musicologia pela EPHE Paris.
Para ouvir
Orquestra Sinfônica
Municipal de
Campinas – Benito
Juarez, regente
Acesse: fil.mg/guirapuru
Editora Editora da Osesp
com a Filarmônica
Primeira apresentação
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Diretor Artístico e Regente Titular
Regente Associado
Fabio Mechetti
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal assistente substituta ***** músico convidado
Primeiros Violinos
Anthony Flint – Spalla
Rommel Fernandes –
Spalla associado
Ara Harutyunyan –
Spalla assistente
Ana Paula Schmidt
Ana Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Bojana Pantovic
Dante Bertolino
Joanna Bello
Roberta Arruda
Rodrigo Bustamante
Rodrigo M. Braga
Rodrigo de Oliveira
Segundos Violinos
Frank Haemmer *
Hyu-Kyung Jung ****
Gideôni Loamir
Jovana Trifunovic
Luka Milanovic
Martha de Moura Pacífico
Matheus Braga
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
Violas
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Juan Díaz
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
Violoncelos
Philip Hansen *
Robson Fonseca ***
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emília Neves
Lina Radovanovic
Lucas Barros
William Neres
Contrabaixos
Nilson Bellotto *
André Geiger ***
Marcelo Cunha
Marcos Lemes
Pablo Guiñez
Rossini Parucci
Walace Mariano
Flautas
Cássia Lima *
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
Oboés
Alexandre Barros *
Públio Silva ***
Israel Muniz
Moisés Pena
Clarinetes
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Franco
Alexandre Silva
Fagotes
Catherine Carignan *
Victor Morais ***
Andrew Huntriss
Francisco Silva
Trompas
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
Trompetes
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
Trombones
Mark John Mulley *
Diego Ribeiro **
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
Tuba
Eleilton Cruz *
Tímpanos
Patricio Hernández
Pradenas *
Percussão
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
Harpa
Cleménce Boinot *
Teclados
Ayumi Shigeta *
Gerente
Jussan Fernandes
Inspetora
Karolina Lima
Assistente
Administrativa
Débora Vieira
Arquivista
Ana Lúcia Kobayashi
Assistentes
Claudio Starlino
Jônatas Reis
Supervisor
de Montagem
Rodrigo Castro
Montadores
André Barbosa
Hélio Sardinha
Jeferson Silva
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
Marcos Arakaki INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA
Governador do Estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel
Vice-governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Andrade
Secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Secretário de Estado Adjunto de Cultura de
Minas Gerais João Batista Miguel
Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público — Lei 14.870 / Dez 2003
Conselho
Administrativo
Presidente emérito
Jacques Schwartzman
Presidente
Roberto Mário Soares
Conselheiros
Angela Gutierrez
Arquimedes Brandão
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marco Antônio Soares da
Cunha Castello Branco
Mauricio Freire
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
Diomar Silveira
Diretor Administrativo-
financeiro
Estêvão Fiuza
Diretora de Comunicação
Jacqueline Guimarães
Ferreira
Diretora de Marketing
e Projetos
Zilka Caribé
Diretor de Operações
Ivar Siewers
Equipe Técnica
Gerente de
Comunicação
Merrina Godinho
Delgado
Gerente de
Produção Musical
Claudia da Silva
Guimarães
Assessora de
Programação Musical
Gabriela de Souza
Produtores
Luis Otávio Rezende
Narren Felipe
Analistas de
Comunicação
Marciana Toledo
Mariana Garcia
Renata Gibson
Renata Romeiro
Analista de Marketing
de Relacionamento
Mônica Moreira
Analistas de
Marketing e Projetos
Itamara Kelly
Mariana Theodorica
Assistente de
Marketing de
Relacionamento
Eularino Pereira
Assistente de Produção
Rildo Lopez
Equipe Administrativa
Gerente Administrativo-
financeira
Ana Lúcia Carvalho
Gerente de
Recursos Humanos
Quézia Macedo Silva
Analistas
Administrativos
João Paulo de Oliveira
Paulo Baraldi
Analista Contábil
Graziela Coelho
Secretária Executiva
Flaviana Mendes
Assistente
Administrativa
Cristiane Reis
Assistente de
Recursos Humanos
Vivian Figueiredo
Recepcionista
Meire Gonçalves
Auxiliar Administrativo
Pedro Almeida
Auxiliares de
Serviços Gerais
Ailda Conceição
Rose Mary de Castro
Mensageiros
Bruno Rodrigues
Douglas Conrado
Sala Minas Gerais
Gerente de
Infraestrutura
Renato Bretas
Gerente de Operações
Jorge Correia
Técnicos de Áudio
e de Iluminação
Pedro Vianna
Rafael Franca
Assistente Operacional
Rodrigo Brandão
Fortissimo
O Fortissimo está
indexado aos
sistemas nacionais
e internacionais de
pesquisa. Você pode
acessá-lo também
em nosso site.
Março nº 3 / 2018
ISSN 2357-7258
Editora Merrina
Godinho Delgado
Edição de texto
Berenice Menegale
SEJA AMIGO DA FILARMÔNICA
O ANO TODORestaurantes
NO CONCERTO...
AGENDADIAS 1 E 2, 20h30 Allegro e Vivace
DIAS 8 E 9, 20h30 Presto e Veloce
DIA 11, 11h Juventude
DIA 17, 18h Fora de Série / Itália
DIAS 22 E 23, 20h30 Allegro e Vivace
Seja pontual. Cuide da Sala Minas Gerais.
Desligue o celular (som e luz).
Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.
Traga seu ingresso ou cartão de assinante.
Não coma ou beba.
Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.
Se puder, devolva seu programa de concerto.
N A C A P A
Nos dias de concerto, apresente seu
ingresso em um dos restaurantes parceiros
e obtenha descontos especiais.
Março / 2018
Faça silêncio e evite tossir.
Evite trazer crianças abaixo de 8 anos.
Rua Pium-í, 229Cruzeiro
Rua Juiz de Fora, 1.257Santo Agostinho
Gioachino Rossini
Foto: Carjat
Contribuições diretas ou incentivadas são sempre bem-vindas. As incentivadas podem ser abatidas no IRPF do ano seguinte.
Informe-se! (31) 3219-9029 / [email protected]/amigos
FOTO
: DAN
IELA
PAO
LIEL
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/ filarmonicamgRua Tenente Brito Melo, 1.090 - Barro Preto
CEP 30.180-070 | Belo Horizonte – MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
REALIZAÇÃO
DIVULGAÇÃOAPOIO CULTURAL
Sala Minas Gerais
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MANTENEDOR
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