Download - 33 O JOVEM [Setembro2010]
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Após as eleições realizadas no final do passado mês de Julho, os orgãos recentemente eleitos da Juventude Popular da Maia tomaram posse num jantar recheado de amigos, ao qual se seguiu uma festa animada.
Foi a 18 de Setembro de 1974 que reuniu pela primeira vez a Comissão Coordenadora da então Juventude Centrista, para organizar aquela que viria a ser "nossa" Juventude Popular. Estamos todos de parabéns!
Um sistema fiscal mais brando e desburocratizado, mais amigo da iniciativa individual e, acima de tudo, mais justo. Um sistema de “flat tax” representa tudo isto. Os completos socialistas ainda têm medo desta nova abordagem.
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Se fosse vivo, Francisco Lucas Pires faria, neste mês de Setembro,
66 anos. Tal facto ajuda a provar que nos abandonou cedo
demais. O Jovem pretende assim fazer uma justa homenagem ao
antigo presidente do CDS e presidente honorário da Juventude
Popular, recordando factos marcantes da sua vida.
Se tivessemos a felicidade de ainda o ter entre nós, Francisco Lucas Pires estaria a comemorar 66 anos por estes dias. Apesar de a história ainda esconder a sua memória atrás de uma bruma demasiado espessa para tão grande personalidade, o registo do seu valor e da sua grandeza não merecem passar despercebidos. Lucas Pires foi incomensuravelmente grande nos campos académico e político, ficando para nós, jovens populares, na memória como um dos presidentes do CDS e como presidente honorário da nossa “jota”. Para os curiosos que tentam saber mais sobre esta figura, a sua craveira intelectual e estatura política saltam à vista como parte das mais perenes imagens que os que com ele conviveram guardam na memória. Mas, se as convicções intelectuais e políticas nem sempre convencem toda a gente – mau era se assim fosse – em torno de Lucas Pires, os testemunhos de quem com ele privou, muito ou pouco, convergem na unanimidade da sua decência enquanto pessoa. Dono de uma integridade limpa e uma espinha dorsal inquebrável, Francisco Lucas Pires ficará para sempre recordada como uma grande pessoa e, só depois, como um bom político. Outros, para seu grande mal mas para bem da boa consciência humana, não ficarão registados como alguém digno em qualquer um dos campos. Cada vez mais, escasseiam os políticos – e as amostras de políticos – que tenham um nível aproximado daquele que Lucas Pires tão naturalmente exibia. Mais difícil ainda: não abunda por aí, no seio político, e até no breve cruzar de rua quotidiano, quem tenha na rectidão e a honestidade, pontos norteadores da sua acção e conduta de vida. Francisco Lucas Pires
fica-nos também como isso mesmo: um pedaço de decência onde muitos a querem fazer escassear.
A falta de noção, misturada com falta de vergonha na cara, chega, muitas vezes, a ser confrangedora. Muitas das vezes com que me deparo com esse tipo de situações, o protagonista é o PCP. O “nosso” partido comunista que, ao contrário de muitos por essa Europa fora, com a complacência de um país torto e de um eleitorado aparentemente inconsciente, nunca se reformulou ou adaptou às novas realidades dos tempos actuais. Como que inspirado pela intransigência ideológica patética do seu fundador e líder histórico, Álvaro Cunhal, os comunistas portugueses continuam fieis à cartilha da clandestinidade e aos mandamentos de uma doutrina soviética que recusam deixar morrer. Acontece que, ao contrário do ano passado em que o Prémio Nobel da Paz não escapou À influência do “babanço” colectivo por Obama, este ano o galardoado dá à distinção um significativo reforço de sentido. O PCP, do alto do seu anacronismo e da sua falta de contacto com a realidade, criticou o facto de o prémio ter sido atribuído a alguém que está preso por lutar pela liberdade de expressão. Para eles, o comunismo é fixe… o resto que se lixe!
Francisco Lucas Pires fica-nos também como isso mesmo: um pedaço de decência onde muitos a querem fazer escassear.
notícias
O CDS/PP e a JP arrancaram para mais um ano político que se prevê intenso. No habitual comício na Praça do Peixe, na bonita cidade de Aveiro, centenas de militantes de ambas as estruturas compareceram com entusiasmo num dia que foi de todos nós. A Juventude Popular da Maia fez questão de marcar presença visível mais uma vez fazendo-se representar por vários elementos da concelhia que participaram nos workshops e conferências, proporcionados durante a tarde, e apoiaram, à noite, os discursos empolgantes de Michael Seufert e Paulo Portas. Está assim aberto mais um ano de batalhas contra o marasmo deste socialismo, de trinta e seis anos, que teima em destruir Portugal.
Os novos órgãos da Juventude Popular d a Maia, eleitos no
plenário concelhio de 27 de Julho, tomaram posse na
passada sexta-feira, dia 17 de Setembro, na vila do Castêlo
da Maia, na companhia de dezenas de militantes e
simpatizantes não só da Juventude Popular mas também
do CDS/PP.
Com as presenças de Henrique Campos Cunha, Presidente
da Distrital do Porto do CDSPP, Michael Seufert,
Presidente da Juventude Popular, Vera Rodrigues,
Presidente da Distrital do Porto da Juventude Popular e de
José Eduardo Azevedo, Presidente do CDS/PP Maia, a
nova Comissão Política da JP Maia, liderada por Manuel
Oliveira, marcou desta forma o arranque para um novo
ano político que será pautado por uma continuidade da
exigência e qualidade a que a própria estrutura tem vindo a
habituar todos aqueles que seguem atentamente o seu
percurso.
Se entre os vários discursos da noite destacou-se o do
presidente da concelhia, Manuel Oliveira, que se
prolongou devido à enumeração das actividades que
marcaram o anterior mandato da concelhia.
Foi ainda prometido que a concelhia da Maia não esquecerá e estará atenta à vida interna da Juventude Popular e que, como sempre o fez, continuará a promover junto de todos que o mais importante é a estrutura e aquilo que ela pode fazer pelo futuro da juventude portuguesa.
irreverência!
Liderada então, interinamente, por
Caetano Cunha Reis, a Juventude
Centrista foi fundamental no período
conturbado do Verão Quente, como pólo
de equilíbrio às forças da extrema-
esquerda que usavam da violência para
tentar impor o seu rumo ao país, como se
vê em dois episódios: o do Congresso do
CDS no Porto e o do Comício da JC no
Teatro S. Luís em Lisboa.
O I Congresso do CDS no Porto, no mês
de Janeiro de 1975, foi sitiado por forças
manifestantes que o queriam impedir de
reunir e queriam, à força, invadi-lo. Foi
com a ajuda de muitos militantes da JC
que se formou um corredor de segurança
à volta do Palácio de Cristal, para
proteger os congressistas e o decorrer
dos trabalhos. O congresso acabou por
ter de ser interrompido devido à violência
no seu exterior, para se realizar noutra
data.
Mas já antes a Juventude Centrista
sentira que a sua existência estava
ameaçada pelos que não deixariam de
usar a violência contra os que pensam
36 anos de
diferente: a 4 de Novembro de 1974
organizava-se o primeiro Comício da
Juventude Centrista, em Lisboa no
Teatro S. Luís. Pretendia-se juntar pela
primeira vez os jovens que acreditavam
na liberdade e não no socialismo que se
apresentava como caminho único para a
revolução. Só que o Comício nunca
chegou a realizar-se: forças da esquerda
reuniram-se para impedir os jovens
centristas de se reunir. Houve muita
violência e feridos. Não contente com o
impedimento do comício, a turba seguiu
para o Largo do Caldas e assaltou a sede
do CDS.
Fundada a 28 de Setembro, foi portanto
a 4 de Novembro que a JC tem a sua
prova de fogo. E é em honra e em
recordação destes primeiros militantes
que sofreram a violência do processo
revolucionário, que festejamos todos os
anos o aniversário da Juventude Popular
a 4 de Novembro.
? FLAT TAX QUEM TEM MEDO DA
A Constituição da República Portuguesa
consagra, preto no branco, a
obrigatoriedade de o sistema fiscal
obedecer a um carácter progressivo. Ou
seja, quanto maior o rendimento do
contribuinte, maior a percentagem de
imposto a que está sujeito. Esta é mais
uma das tralhas ideológicas que este
documento socialista impõe aos cidadãos
portugueses, deixando-os privados da
possibilidade legal de adoptar um
sistema diferente e muito em voga nas
últimas duas décadas em vários países
europeus: a “flat tax”, também chamada
“flat rate” ou, em português, “taxa plana”.
Salvo variantes, o sistema funciona
assim: taxam-se todos os rendimentos à
mesma taxa (por hipótese 20%), acaba-
se com as deduções fiscais, e introduz-se
um valor de rendimentos que não é
taxado. Este valor substitui as deduções
que já não existem e/ou representa o
patamar de sobrevivência, valor sobre o
qual o estado se abstém de tributar.
Importa logo referir que um sistema fiscal
de taxas planas não se esgota com a
introdução de uma só taxa para calcular o
imposto sobre os rendimentos singulares
– sem escalões, portanto. As propostas
de “flat tax” conhecidas prosseguem
também o objectivo da simplificação
fiscal e pessoalmente é esse aspecto que
mais me atrai neste sistema.
Tipicamente, quanto a agregados
familiares o sistema prevê que se somem
os rendimentos e os valores livres de
imposto (mesmo dos membros que não
aufiram rendimento, tais como crianças –
ainda que neste caso o valor possa ser
inferior ao dos adultos), e se faça a conta
ao imposto devido como se de um sujeito
fiscal se tratasse.
Assim sendo, imaginemos os tais 20% de
taxa e um valor de isenção de 500€ para
adultos e 250€ para crianças.
* Todos os contribuintes com
rendimentos abaixo de 500€ não pagam
imposto pois estão abaixo do valor de
isenção.
* Um contribuinte com 1000€ de
rendimento paga 20% de imposto sobre
500€ de rendimento (os restantes 500€
são livres de tributação), i.e., paga
500€*0,2=100€, o que corresponde a 10%
do seu rendimento.
ao imposto devido como se de um sujeito
fiscal se tratasse.
Assim sendo, imaginemos os tais 20% de
taxa e um valor de isenção de 500€ para
adultos e 250€ para crianças.
• Todos os contribuintes com
rendimentos abaixo de 500€ não pagam
imposto pois estão abaixo do valor de
isenção;
• Um contribuinte com 1000€ de
rendimento paga 20% de imposto sobre
500€ de rendimento (os restantes 500€
são livres de tributação), i.e., paga
500€*0,2=100€, o que corresponde a 10%
do seu rendimento;
• Um contribuinte com 10500€ de
rendimento paga 20% de imposto sobre
10500€-500€=10000€ de rendimento.
Isto corresponde a 10000€*0,2=2000€,
i.e., ~19% do seu rendimento;
• Um agregado familiar em que dois
adultos agreguem 2000€ de rendimento
e que tenha duas crianças irá pagar 20%
sobre 2000€-(2*500€ + 2*250€)=500€,
logo 500€*0,2=100€ de imposto que
correspondem a 5% do seu rendimento;
• Já um agregado familiar com dois adultos
e duas crianças que obtenha um rendimento
de 16500€, pagará 20% sobre 16500€-
1500€=15000€, donde obtemos
15000€*0,2=3000€ de imposto equivalentes
a 18% sobre o seu rendimento.
Como se vê a taxa plana continua a ser
progressiva pois o valor do imposto pago
é, proporcionalmente, baixo para
rendimentos baixos e alto para
rendimentos altos. Ao contrário do
sistema actual, em que o objectivo da
política fiscal parece ser “taxar mais
quem tem mais”, este sistema taxa
menos quem tem menos e aproxima o
valor taxado dos, neste caso, 20% da taxa
conforme os rendimentos aumentam.
Há ainda grandes ganhos de eficiência e
justiça tributiva, porque a simplificação e
abolição dos benefícios fiscais permite
Como se vê a taxa plana continua a ser
progressiva pois o valor do imposto pago
é, proporcionalmente, baixo para
rendimentos baixos e alto para
rendimentos altos. Ao contrário do ao
imposto devido como se de um sujeito
fiscal se tratasse.
Assim sendo, imaginemos os tais 20% de
sistema actual, em que o objectivo da
política fiscal parece ser “taxar mais
quem tem mais”, este sistema taxa
menos quem tem menos e aproxima o
valor taxado dos, neste caso, 20% da taxa
conforme os rendimentos aumentam.
Há ainda grandes ganhos de eficiência e
justiça tributiva, porque a simplificação e
abolição dos benefícios fiscais permite
aos contribuintes poupar tempo,
dinheiro, trabalho e paciência. Deixa de
ser preciso coleccionar facturas e
engendrar esquemas fiscais que
optmizem o rendimentos disponível. Na
verdade o contabilista perde sentido para
organizar IRS: a declaração de IRS passa
a ter meia-dúzia de campos, e não há
devoluções nem buracos no código
tributário. Se após uma mudança para
taxa plana o contribuinte médio pagasse
o mesmo de imposto que antes, já estaria
a poupar dinheiro e transtorno em
montantes não-desprezáveis.
Não faço ideia se os valores que
apresentei são realistas para gerar receita
que permita alimentar a máquina pública,
mas ao fazer contas é preciso não
esquecer: a poupança na máquina da
administração fiscal, a poupança em
deduções fiscais manhosas que acabam,
o dinheiro disponível no bolso dos
contribuintes é taxado quando o gastam
via IVA e que os valores devidos são
conhecidos no momento da entrega da
declaração, já não havendo que perder
tempo a calcular rendimentos
tributáveis, descontos devidos, etc,etc.
O princípio é simples: taxam-se todos os rendimentos
à mesma taxa, independentemente de que tipo de
rendimento se trata. Na mesma leva acaba-se com o
grosso das deduções fiscais. Idealmente, como
resultado, obtemos menos impostos para todos e
simplicidade fiscal: a declaração de impostos pode ser
feita num guardanapo.
Um sistema fiscal mais brando e desburocratizado,
mais amigo da iniciativa individual e, acima de tudo,
mais justo. Um sistema de “flat tax” representa tudo
isto. Os completos socialistas ainda mostram muito
medo desta nova abordagem.
Se fosse vivo, Francisco Lucas Pires faria
este mês 66 anos. A 15 de Setembro de
1944, na sua Coimbra de sempre, nascia
aquele que viria a ser uma das figuras mais
marcantes da política portuguesa do pós-25
de Abril.
Licenciou-se aos 22 anos pela Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, onde
concluiu também o Curso Complementar
de Ciências Político-Económicas com a
impressionante marca de 18 valores, algo
que lhe valeu a distinção com o prémio para
melhor tese do curso, atribuído pela
faculdade. O seu desempenho académico
de grande distinção valeu-lhe uma bolsa de
estudos na Fundação Calouste Gulbenkian
em Tubingen, na RFA, onde teve como
mentor o Prof. Dr. Otto Bachof,
considerado um dos principais nomes do
Direito Administrativo alemão. O seu
registo académico impressionante fica
concluído com o doutoramento obtido por
unanimidade e classificação máxima.
Enquanto professor, destacou-se como
professor de Direito Constitucional e
Direito Europeu, tendo participado nesta
condição em inúmeros júris de
doutoramento e mestrado. Os seus palcos
foram a Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra e a Universidade
Católica do Porto, tendo ainda dirigido o
curso de Direito da Universidade Autónoma
de Lisboa. Destacou-se ainda como autor
de obras incontornáveis no campo do
Direito e da Política, bem como pelas
participação, com inúmeros textos, em
várias publicações como revistas e jornais.
Francisco Lucas Pires casou em 1973 com
Maria Teresa Bahia de Almeida Garrett,
casamento do qual nasceriam os seus
quatro filhos: Simão, Rafael, Martinho e o
conhecido escritor Jacinto.
Após uma curta vida de dedicação à
academia, à causa pública, ao ideal europeu
e a demais paixões que partilhou, Francisco
Lucas Pires morreu no dia 22 de Maio de
1998, aos 54 anos, devido a um enfarte do
miocárdio que viria a revelar-se fatal.
Se fosse vivo, Francisco Lucas Pires faria no
dia 15 de Setembro 66 anos, o que
demonstra o quão precoce foi a sua partida.
Expressou a vontade de morrer “como alguém
que ajudou a dar nobreza à política portuguesa".
liberdade de alternativas. Coexistia com esta vertente liberal, uma acentuada preocupação social acompanhada de arrojadas e liberais concepções do sistema de segurança social. O objectivo de Lucas Pires era colar a imagem do PSD e Mota Pinto ao PS de Mário Soares, culpando ambos pelas medidas impopulares e de contenção e ainda pelo caminho socializante do país. Lucas Pires afirmou que ambos não passavam de uma ideia velha e falhada tornando-se necessário contrapor uma nova ideia e um novo programa. O objectivo era conquistar o eleitorado democrata cristão, liberal e conservador, construindo a partir desse eleitorado um partido popular de centro, contando sempre com a imagem de esquerda que Mota Pinto imprimia ao PSD. O projecto parecia ser do agrado dos eleitores, visto que o CDS subia nas sondagens para valores perto dos 20%. A inesperada eleição de Aníbal Cavaco Silva para Presidente do PSD, com um programa liberal, em ruptura com o Bloco Central, apostando em Diogo Freitas do Amaral para Presidente da República e com um discurso muito próximo do de Lucas Pires, vem baralhar a estratégia do CDS. Lucas Pires ter-se-á mesmo apercebido de que toda a sua estratégia poderia ter sido posta em causa com a eleição de Cavaco Silva, mas isso não o impediu de recusar reedição da AD, ao não aceitar as condições impostas pelo PSD para que esta se realizasse. Nem os votantes de protesto, que acabaram por se refugiar no PRD, acabaram por salvar o CDS nas eleições legislativas de 1985 que se seguiram e este desceu aos 10%, elegendo apenas 22 Deputados. Estes resultados eleitorais confirmaram, sobretudo, que o CDS não estava apto a definir uma estratégia independente da estratégia do PSD, antes teria sempre de se conformar com aquela. Falhava o projecto de um partido popular de centro-direita e de direita, capaz de albergar o eleitorado democrata cristão, liberal e conservador. O CDS, fora, mais uma vez, ultrapassado pelo PSD no seu discurso natural. A tentativa mais ousada que o CDS até então fizera de alargar a sua base eleitoral e de se afirmar como verdadeiro partido alternativa ao socialismo fracassou com Lucas Pires. Nunca, como com Lucas Pires, o partido jogou tão forte na tentativa de liderar o espaço político à direita do PS. | Adolfo Mesquita Nunes
A demissão de Diogo Freitas do Amaral abriu uma crise de sucessão que culminou em Fevereiro de 1983 com a eleição de Francisco Lucas Pires para presidente da Comissão Política Nacional do CDS. Francisco Lucas Pires ganhou notoriedade no CDS por representar a ruptura com o estilo centrista e democrata cristão de Diogo Freitas do Amaral e o seu discurso era manifestamente menos vocacionado para a doutrina democrata cristã, encontrando maior eco na direita liberal. A sua ascensão a líder do partido foi por isso encarada como a ascensão de um direitista a líder do CDS e como a vitória das bases da província sobre as bases da capital. Poucos meses depois da sua eleição como líder do CDS, em Abril de 1983, Lucas Pires teve de enfrentar um desafio eleitoral, em resultado da dissolução da Assembleia da República pelo então Presidente da República, General Ramalho Eanes. Sem muito tempo para estruturar um discurso novo e sinónimo da viragem então ocorrida no partido, o CDS desceu para 12% dos votos e 30 Deputados Na oposição ao governo de bloco central então formado pelo PS e pelo PPD/PSD, Lucas Pires dispôs do tempo que necessitava para organizar o partido e para lhe dar um novo rumo. Lucas Pires procurou então criar um novo programa liberal e de inspiração cristã, a que chamou primeiro de nacionalismo liberal e depois de conservadorismo popular. Com esse programa, reunido no documento Programa Para Uma Nova Década, procurou Lucas Pires um “cristão regresso à pureza do princípio da subsidiariedade, na ordem política, económica, educativa e social”, para tal juntando um conjunto significativo de jovens quadros do CDS e de outras figuras independentes ligadas ao liberalismo, denominados como Grupo de Ofir. O programa então elaborado era transversalmente atravessado pelo liberalismo. De acordo com este novo programa, as principais metas do país seriam a liberdade da economia, a autoridade do Estado e a mobilidade da sociedade, sendo o Homem considerado como alguém que aspira a uma maior
Francisco Lucas Pires é eleito pela primeira
vez para o Parlamento Europeu pela
Assembleia República, em 1986.
O seu empenho na construção europeia
grangea-lhe assinalável prestígio e é dos
então 24 Deputados Portugueses, o que
mais se destaca no plano europeu, tendo
sido o primeiro português a ser eleito Vice-
Presidente do Parlamento Europeu.
Na sua imagem pública, em Portugal, mais
do que o facto de ter sido Presidente do
CDS avulta a sua qualidade de Deputado
Europeu.
Essa circunstância repercute-se nas
eleições de 1987. No mesmo dia realizam-
se eleições para a Assembleia da República
e para o Parlamento Europeu. Enquanto
que o CDS obtém apenas 4.34% para a
Assembleia da República (elegendo apenas
4 Deputados, no total de 250) recolhe
15.41% dos sufrágios para o Parlamento
Europeu, (elegendo 4 Deputados no total
de 24).
Se o fenómeno Cavaco Silva e a atracção
do voto útil no PSD pôde justificar o súbito
emagrecimento da votação nacional do
CDS, o valor que obteve nas eleições
europeias e que excedeu claramente
aqueles valores podia legitimamente ser
reclamado por Francisco Lucas Pires.
Francisco Lucas Pires viu confirmada a sua
legitimidade como Deputado Europeu, mas
começam a deteriorar-se as relações entren
ele e a direcção do CDS. Em 1989, nas
eleições autárquicas o CDS obteve apenas
9% dos votos enquanto que, nas europeias
ultrapassava os 14% (elegeu, então, 3
Deputados Europeus).
Para comunicar com os seus eleitores e dar-
lhes conhecimento das suas actividades
como Deputado no Parlamento Europeu,
Francisco Lucas Pires cria em 1994 a "Carta
da Europa". Tratava-se, com efeito, de uma
carta: da Carta do Deputado europeu aos
que nele votaram e que ele representava da
melhor maneira.
No início dos anos 1990, o CDS radicaliza as
suas posições face à União Europeia e é
expulso do Partido Popular Europeu.
Francisco Lucas Pires, fiel aos seus
princípios, mantém-se como deputado
independente no PPE.
Estava consumada a separação entre o CDS
e Francisco Lucas Pires e este aceita ser
candidato independente pelo PSD, ao
mesmo tempo que se esforça por
aproximar o PSD do Partido Popular
Europeu. | || || carloscoelho.eu
O que te motivou a assumir uma candidatura à Distrital de Setúbal? A candidatura a que presidi enquanto candidato à CPD de Setúbal foi motivada tanto por uma visão ideológica daquilo que deve ser a JP enquanto organização política jovem de direita, como pela crença no papel que a tal direita jovem pode desempenhar na mudança necessária ao Distrito de Setúbal e a Portugal. Na nossa moção Libertas, apresentada no III Congresso Distrital de Setúbal ficou patente o nosso compromisso com a Democracia-Cristã, não num sentido meramente abstracto mas na defesa clara e frontal: da Vida desde a sua concepção à morte natural; da Família, na sua forma tradicional e secular de manifestação do amor entre um homem e uma mulher com vista à reprodução; da Pátria, união indivisível e soberana da terra e povo; da Justiça Social, como objectivo que deverá reger toda a classe política na construção do bem-estar de todos e na preocupação privilegiada para com todos aqueles que menos têm. A nossa vontade de Liberdade torna-se especialmente provocadora numa região onde o comunismo ainda está bem alicerçado, onde a esquerda é instalada e a direita, pela menos a nossa direita, tem de assumir uma postura verdadeiramente revolucionária no sentido da mudança. Além desta perspectiva cristã da política, foram também importantes na minha candidatura as metas referentes à reorganização da estrutura local da JP, especialmente no sentido da criação de um projecto de unidade que permita uma
foram também importantes na minha candidatura as metas referentes à reorganização da estrutura local da JP, especialmente no sentido da criação de um projecto de unidade que permita uma política de continuidade, continuidade essa que, se Deus quiser, nos fará alcançar o pleno das concelhias no fim do mandato e alicerça-las de forma segura nos próximos.uma distrital, facto que poucos meses depois se tornou realidade. Pode-se dizer que na altura isso constituiu uma lufada de ar fresco para nós, os militantes de Setúbal. Apesar da pouca duração da CPD presidida por Tiago Gonçalves, e dos conflitos que marcaram a presidência da sua sucessora, Raquel Leal, na altura deu-se um manifesto crescimento da estrutura local da Juventude Popular, e se, dois anos depois, me foi possível voltar a constituir uma CPD muito devo às sementes cá deixadas pelos meus antecessores. Penso pois, que o caso de Setúbal é paradigmático da situação nacional da JP, e da importância que as distritais têm em assumir um papel de coordenação das concelhias e, talvez mais importante ainda em apoiar os novos militantes que em concelhos onde nunca existiu qualquer estrutura concelhia da JP. Como tal não podem contar com a experiencia de militantes mais antigos de anteriores CPC’s na sua missão de difundir o ideário democrata-cristão nas suas comunidades. Em que condições encontraste a estru-tura da JP no distrito, e que metas e objectivos assumiste perante as mesmas? Quando surgiu a ideia de uma possível
Em que condições encontraste a estru-tura da JP no distrito, e que metas e objectivos assumiste perante as mesmas? Quando surgiu a ideia de uma possível candidatura à Distrital de Setúbal a única concelhia activa em todo o distrito era a de Setúbal, à qual eu na altura presidia. Aquando da ponderação da candidatura, em finais de 2008, fui sendo incentivado pelo Luís Delgado da Concelhia de Almada, pelo Presidente da Distrital do CDS/PP Dr. Nuno Magalhães e por militantes dispersos pelo Distrito, alguns deles com bastante tempo de JP mas já bastante afastados devido à desestruturação existente.Na altura teria sido impossível a constituição de uma Distrital porque simplesmente não havia gente suficiente para constituir as concelhias necessárias. No entanto, desde finais de 2008 até às autárquicas e legislativas de 2009, conseguimos, com muita ajuda do partido, árduo trabalho dos militantes mais antigos e a frescura trazida pelos mais recentes, formar uma sólida equipa distrital e várias concelhias em crescente dinamismo. Com este crescimento tão rápido de concelhias foi importante garantir a representação de militantes das diversas concelhias na CPD, como forma privilegiada de aceder ao apoio que a Distrital lhes poderá prestar no plano da organização de actividades e da coordenação entre os vários presidentes concelhios, mas sempre visando o alcance de uma maior autonomia.
Como avalias, até ao momento, a prestação da Juventude Popular no distrito de Setúbal e no contacto com os jovens? A CPD foi eleita a 5 de Junho do presente ano, e como seria natural numa estrutura recentemente eleita sem antecessora directa, muito do trabalho realizado tem sido sobretudo no que toca à sedimentação das concelhias já existentes e na criação de novas concelhias. Temos também de reforçar os laços com o partido em todo o distrito e aprofundar a colaboração entre JP e CDS/PP nas diversas concelhias, facto que aliás tem sido bem sucedido, sobretudo pelo exemplo de dedicação que os nossos militantes demonstraram nos períodos eleitorais de 2009. No que toca à comunicação com o exterior optamos por, nesta fase, apostar na presença regular nos órgãos de comunicação social, sendo que de momento estamos a trabalhar em campanhas de projecção do nosso ideário junto à população no geral e à juventude em particular. Que diagnóstico social e económico fazes do distrito de Setúbal? Que problemas e quais as soluções? Falar na situação socioeconómica do nosso
distrito é ter em conta que vivemos numa
terra de potencialidades subaproveitadas
que espelha em potência as dificuldades
sentidas no todo da Nação.
No entanto, não acreditamos nem
aceitamos que tais problemas possam ser
estruturais. Resultam sim, de anos e anos
de controlo absoluto por parte da esquerda,
resultando essa influência sovietizante
numa desconfiança crónica na iniciativa
económica privada por parte dos
municípios e em níveis de desemprego
bastante altos.
À questão do desemprego junta-se, e alia-
se, a criminalidade que infelizmente se tem
vindo a tornar uma marca do nosso distrito.
Somos o quarto maior distrito a nível
populacional em Portugal, como tal, o
nosso potencial humano é grande no que
toca especialmente aos três grandes
sectores tradicionais da economia em
Setúbal: a pesca, a indústria e também a
agricultura.
A aposta clara nestes sectores económicos
é, para nós, a solução para a resolução dos
grandes problemas sociais que
enfrentamos com destaque para a pobreza
que afecta muitas famílias tanto na
Margem Sul como na zona do Alentejo
é, para nós, a solução para a resolução dos grandes problemas sociais que enfrentamos com destaque para a pobreza que afecta muitas famílias tanto na Margem Sul como na zona do Alentejo Litoral. A nossa proximidade com a capital é pois praticamente só geográfica, ficando o nosso progresso bastante aquém, sobretudo quando muitas vezes somos as primeiras vítimas de más políticas, nomeadamente na área da imigração, problema que resulta nos elevadíssimos níveis de criminalidade que se sentem nos concelhos de Almada, Barreiro, Seixal e Setúbal. Actualmente a Juventude Popular tem cinco distritais activas. Como avalias a importância de haver estruturas distritais eleitas para o desenvolvimento da JP? A apreciação que faço desta questão prende-se precisamente com a minha vivência de militante da JP no distrito de Setúbal. Quando em 2005 entrei na Juventude Popular estávamos a um passo de constituir uma distrital, facto que poucos meses depois se tornou realidade. Pode-se dizer que na altura isso constituiu uma lufada de ar fresco para nós, os militantes de Setúbal. Apesar da pouca duração da CPD presidida por Tiago Gonçalves, e dos conflitos que marcaram a presidência da sua sucessora, Raquel Leal, na altura deu-se um manifesto crescimento da estrutura local da Juventude Popular, e se, dois anos depois, me foi possível voltar a constituir uma CPD muito devo às sementes cá deixadas pelos meus antecessores. Penso pois, que o caso de Setúbal é paradigmático da situação nacional da JP, e da importância que as distritais têm em assumir um papel de coordenação das concelhias e, talvez mais importante ainda em apoiar os novos militantes que em concelhos onde nunca existiu qualquer estrutura concelhia da JP. Como tal não podem contar com a experiencia de militantes mais antigos de anteriores CPC’s na sua missão de difundir o ideário democrata-cristão nas suas comunidades.
uma distrital, facto que poucos meses depois se tornou realidade. Pode-se dizer uma distrital, facto que poucos meses depois se tornou realidade. Pode-se dizer que na altura isso constituiu uma lufada de ar fresco para nós, os militantes de Setúbal. Apesar da pouca duração da CPD presidida por Tiago Gonçalves, e dos conflitos que marcaram a presidência da sua sucessora, Raquel Leal, na altura deu-se um manifesto crescimento da estrutura local da Juventude Popular, e se, dois anos depois, me foi possível voltar a constituir uma CPD muito devo às sementes cá deixadas pelos meus antecessores. Penso pois, que o caso de Setúbal é paradigmático da situação nacional da JP, e da importância que as distritais têm em assumir um papel de coordenação das concelhias e, talvez mais importante ainda em apoiar os novos militantes que em concelhos onde nunca existiu qualquer estrutura concelhia da JP. Como tal não podem contar com a experiencia de militantes mais antigos de anteriores CPC’s na sua missão de difundir o ideário democrata-cristão nas suas comunidades.
Bem ao estilo de Eça de Queirós, resolvi fazer uma pequena crítica
à sociedade na qual vivemos actualmente. Ninguém desconhece o
facto de que por toda a Europa surgem movimentos políticos,
sociais ou humanistas de organização social. Cada um com a sua
ideia e o seu interesse, legitimando-o numa possível ligação ao
mundo moderno, fazendo-o nutrir-se dos elementos vitais de que
vive uma Humanidade civilizada. Pergunto-me:
que Humanidade civilizada? Pegue-se no
exemplo de França: procedeu à expulsão duma
quantidade absurda de ciganos, rotulados como
“imigrantes ilegais” e defendeu o veto à entrada
de Roménia no espaço Schengen, o que poderia
permitir a livre circulação de pessoas por toda a
Europa. Entende o executivo francês que não há
uso adequado dos fundos europeus por parte de
Bucareste para integrar os ciganos no seu país e
evitar a imigração irregular. No fundo, justifica-se
este acto pela Lei da Boa Razão. Contudo,
olvidaram-se de que esta vaga de deportação
constitui um apelo à discriminação, ao racismo e
à xenofobia.
O panorama económico também contribui para
esta mutação social. Parece-me que ainda se vive
no espírito do século XIX, antes da chamada
“Geração de 70”, em que quer os dirigentes
nacionais, quer o próprio povo, viviam agarrados
às tradições e às memórias dos homens que protagonizaram a
epopeia ultramarina, apesar de esta ter ocorrido em séculos
anteriores, assim como a riqueza a que ela conduziu. Este espírito é
marcado pela falta de cultura, pela ascensão da importação, pelo
luxo desenfreado, pelo vício, pela corrupção. Temos uma
prostração do juízo nacional, uma perversão e um atrofiamento da
educação, Enquanto uns vivem na ociosidade, outros mendigam
nas ruas, uns trabalham, outros folgam nos seus lares. Preferimos
ser uma aristocracia de pobres a ser uma democracia próspera de
trabalhadores.
O próprio poder político salta
alternadamente entre as mesmas
figuras partidárias e em vez de
contrariarem todo o maldizer que os
atinge e passarem a agir no interesse da
causa pública, eles continuam a esbanjar
a fazenda pública e a contribuir para a
ruína do país. Estas figuras para além de
serem sempre as mesmas, são aquelas
que ocupam lugares de administração e
gestão em empresas públicas. São
figuras intelectualmente medíocres por
quem nós nos deixamos governar.
Vergonha deles, vergonha nossa.
Vive-se num país de delinquência e
criminalidade ao mais alto nível, em que
uma justiça morosa ao lado de penas de
prisão efectiva reduzidas é um “mimo”
para a decadência social. Vive-se com
hipocrisia e irresponsabilidade. Tantas
florestas devastadas com incêndios e porquê? Ninguém as limpou.
Não percebo: tanta atribuição de rendimentos sociais, tanto
desemprego e não houve ninguém digno de as limpar?
É esta a sociedade em que vivemos, uma sociedade
despreocupada, uma sociedade que perdeu a inteligência e a
consciência moral. Não se aposta na solidariedade e na
honestidade, mas na imbecilidade e inércia. O Estado definha,
enfraquece, dorme enquanto a ruína progride.
“
Começa a ser insuportável viver neste país. É cada vez mais perceptível que o que aconteceu há trinta e seis anos atrás, com a revolta de um punhado de funcionários públicos, nada de melhor trouxe que a liberdade de expressão e associação. A burocracia está maior, a corrupção mais profissionalizada, a insegurança instalada em cada mente, da despesa pública já escasseiam palavras para descrever o desastre, o valor do mérito suplantado pela promoção da mediocridade e facilitismo e a promoção da cidadania apenas reforçada de quatro em quatro anos. Tudo isto num misto de faz de conta manuseado ao belo gosto de vigaristas, reforçado por mentecaptos, ingenuamente seguido por burros e aplaudido por seres dos quais eu tenho sérias dúvidas que saibam sequer escrever, sem erros, os seus nomes ou o local onde vivem – isto, claro, quando esses vigaristas não precisam que eles vivam noutros locais. Há trinta e seis anos que se promove esta aberração de sociedade em que metade anda a aldrabar a outra metade; em que uns trabalham e outros descansam e recebem por isso; em que uns fazem doze anos de ensino para ingressar num curso superior e outros apenas precisam de uma entrevista; em que uns declaram todos os seus rendimentos e outros fazem férias de luxo quando aparentemente são desempregados; em que uns demoram cinco anos para pagar um automóvel e outros conseguem-no gratuitamente à conta de uma empresa municipal qualquer; em que uns têm de aturar estágios não remunerados quando outros entram directamente para administradores de empresas, com capital do Estado, só porque são filhos de presidentes desta República das Bananas; em que uns têm de pagar uma licença de construção de mais uma divisão na sua casa enquanto outros usam a sua posição política para deixar construir centros comerciais em reservas ecológicas e ganham dinheiro com isso para si e para a sua família; em que uns são presos por, em auto-defesa, matar criminosos enquanto outros condenados, por abuso sexual de menores, têm tempo de antena e vitimização num canal de televisão pago por nós; em que uns não têm qualquer ajuda para criar o seu próprio posto de trabalho enquanto outros criam empresas que recebem serviços exclusivos de autarquias e do poder central; em que uns têm de pagar estudos de viabilidade caríssimos para um Aeroporto que ia ser construído num lamaçal enquanto outros, parece que políticos e donos de uma ética e história inquestionável, compram antecipadamente esses terrenos; em que uns têm de ir a unidades de
saúde do país vizinho enquanto outros promovem uma linha de alta velocidade que ninguém precisa, mas que todos vamos pagar; em que uns não têm saneamento em pleno século XXI enquanto outros constroem, com o dinheiro desses, estádios de futebol que representam para as autarquias milhares de euros de despesa mensal; em que uns trabalham todos os dias para no final do mês receber quinhentos euros enquanto alguns (muitos) com cartão rosa-
alaranjado usufruem de salários milionários em empresas públicas ou disfarçadas disso; em que uns são marginalizados por serem verdadeiros e frontais enquanto outros abanam com a cabeça e baixam as orelhas para não perderam verdadeiras panelas e posições que ironicamente contrariam até as suas orientações políticas – pelo menos aquelas que publicamente se conhecem. Parece novela, de facto. No entanto, o mais engraçado disto tudo é que toda a gente sabe que é assim e que isto acontece! Há trinta e seis anos que são sempre os mesmos, há trinta e seis anos que se vive neste marasmo democraticamente eleito também pelos mesmos! Tudo num esquema de vício perfeito de vigarice, atropelos, ganância e egoísmo. A vigarice e o faz de conta são artes tradicionais portuguesas, aperfeiçoadas com o passar do tempo, infalíveis para atingir qualquer lugar ao sol. Este jeitinho nojento de ser, que todos parecem gostar, todos parecem compactuar e até querer usufruir, é o verdadeiro sistema e está ao virar de cada esquina. Melhor, os mentecaptos votam, batem palmas, zurram e acreditam piamente nesta arte vezes e vezes sem conta mesmo que todos os dias sejam violentados
intelectualmente por ela. Não há personalidade, não há sentido crítico, não há esperança. O que está aqui em causa já não é o pão ou o circo, mas sim uma constatação de que a maioria gosta disto, está viciada e mentalizada para acreditar nesta grande trafulhice camuflada de normalidade. A vigarice e o faz de conta são, de facto, a melhor área de negócio que esta espécie de estado de direito tem para oferecer. Para uns é igual, para outros Deus a guarde.
“
É num registo de profunda desconfiança relativamente à linha
orientadora que o universo JP tende a tomar, que se justifica este
texto de opinião. Assim, a minha manifesta parcialidade face a este
assunto, não poderia senão estar claramente evidenciada via a
melhor ferramenta que a JP dispõe: o jornal da JP Maia, “O Jovem”.
Aliás, acerca deste, abriria um parêntesis para enaltecer o
desempenho e protagonismo que o jornal tem conseguido dentro
da JP, sendo certo que se tornará cada vez ainda melhor, edição
após edição. E, para os mais críticos, sim, “O Jovem” deve
claramente assumir uma parcialidade…a parcialidade de quem lá
escreve, a parcialidade dos militantes da JP Maia.
No entanto, não se assustem… Dado que hoje
em dia os nossos militantes activos na JP da Maia
estão todos do lado da cultura de valores como o
bom senso, a honradez ou ainda a honestidade,
certamente que esta parcialidade apenas e só se
poderá assumir como na busca de uma cada vez
melhor JP.
Fechado o parêntesis, mas continuando no
mesmo registo dado o meu
descomprometimento com qualquer facção,
apelo a olhar para o exemplo da JP Maia. A
minha aparente imodéstia facilmente será
equilibrada pela constatação do que nesta
concelhia se pratica desde há um ano para cá. De
facto, e sem com isto desiludir alguém porque
também nunca iludi ninguém, facilmente poderá
ser constatado que por aqui todos trabalham na
mesma direcção, em prol do crescimento da JP
Maia. Todos lutam por uma melhor JP Maia, de
mãos dadas. Todos agem de forma
descomprometida, na busca de protagonismo
colectivo em detrimento do individualismo. Qualquer acção de
marketing é sempre realizada de forma sustentada em factos
verdadeiramente imputáveis à JP Maia. Damos valor à qualidade
de cada um, não desprezando o valor e capacidade de quem quer
que mostre interesse em participar. Prescindimos da quantidade
quando esta não nos traz valor acrescentado. As nossas acções de
campanha pautam-se pela qualidade e crescimento pessoal que
transmitem a cada um dos seus participantes. A nossa publicidade
é sempre a mesma: apenas e só o nosso trabalho. Não nos
deixamos levar pela tentação fácil de cativar uma enorme massa
mediante acções politicamente vazias e civicamente pouco
valorativas. Na JP Maia, deixamos de lado as acções de índole
desportivas ou lúdicas pois existem instituições próprias para tal.
Não acreditamos que seja por esta via que se deva atrair mais
potenciais militantes. Na JP Maia, trabalha-se de forma diferente.
Na JP da Maia não precisamos de
arrecadar prémios para sabermos que
somos de longe a melhor concelhia do
país. Na JP Maia existe real mobilização
sem que esta constitua um esforço.
Verifica-se participação evidente nas
actividades das concelhias vizinhas, não
funcionando em regime de
compensações… Na JP Maia estamos
realmente sempre presentes!
Esta é a JP que defendo…Uma JP
dinâmica, de e com qualidade, coerente
e sólida onde o que se produz na JP Maia
não tenha que constituir forçosamente
um desajuste dentro do panorama
nacional. Muito mais poderia
acrescentar mas é evidente um elevado
paralelismo antagónico com outras
visões e práticas. Talvez porque afinal de
contas, não devemos defender uma JP
para e de todos mas sim uma JP apenas
para todos aqueles que realmente
acrescentarem valor e contribuírem para dignificar a Instituição de
forma contínua no tempo. Para tal, estará na hora de retirar de
cena os piões malignos que desvirtuam o cenário político na hora
das grandes decisões, sob pena de se caminhar para um vazio
político pautado por um total descrédito.
“