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nº
30
- ju
lho
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Por que somos delicados ou robustos, magros ou obesos, agitados ou calmos? Que doenças nos ameaçarão e como enfrentaremos o estres-se e a pressão? As qualidades e defeitos que temos em vida começam muito antes do que se imagina.
Saiba porque as propostas de Fábio Trad pode mudar a história do MS
Aprenda a arte de combinar vinhos com os mais variados pratos
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Leia algo que realmente interessa.
RevistaLivreleitura inteligente
Livre JULHO, 20104
Índice
Índice
05
Editorial 06
Enologia
09
Política
10
Comportamento
13
Cultura
18 Capa
14 Sociedade em alerta16 Eventos23 Curiosidade24 Atualidade26 Entrevista29 Piadas30 Entre o sim e o não
5Livre JULHO, 2010
Editorial
Vendas de AssinaturaCentral de Renovação
Fone/Fax: 67 3042-9818Rua Tenente Aviador Pedro Correia Duncan, 175 sala 04 – Jd. América
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A Revista Livre é uma publicação mensalTiragem: 10.000 exemplares
Gráfica e Editora RossiR. José Lacava, 411 - Jacy GuanandyCampo Grande/MS - CEP 79.086-050
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EXPEDIENTE
Carmeliza Oshiro de OliveiraDiretora Administrativa Jornalista Responsável - DRT 460/MS
Aruaque Fressato BarbosaDiretor de Arte – DRT 133/MS
Eduardo de Paula de SouzaDepartamento Jurídico OAB/SP 121.317
Colaboradores
Gilmar Queiroz
Michelle Rossi
Maria Leuda
Rodrigo Cupelli
Tiago Braga
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A revista Livre não interfere nas avalia-ções publicadas por colaboradores. Opi-niões emitidas em artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista, que pode ser contrária.
Moderna e independenteLivreRevista
Há tempos que a ciência
vêm pesquisando as eta-
pas da evolução humana.
A grande novidade neste tema é que
o nosso aprendizado começa muito
antes do nascimento. O que determi-
nará como seremos tanto fisicamente
como a personalidade, já é redesenha-
do na gravidez. Os bebês, ao contrá-
rio do que se imaginava são capaz de
perceber e compreender em partes, o
mundo aqui fora e através disso eles
configuram todo seu modo de viver.
Essa descoberta é de extrema im-
portância para aprender o que fazer
em cada etapa da gravidez que ante-
cede o nascimento. Muitas justifica-
tivas para doenças e comportamento
podem ser genéticas, porém outras
poder ser de problemas acontecidos
ainda na gestação. Como, por exem-
plo, estresse excessivo, má alimenta-
ção e uma série de outros fatores que
poderá ser transmitido de mãe para
filho. Isso ocorre porque uma quanti-
dade maior do hormônio do estresse,
cortisol, penetra o corpo do feto pelo
cordão umbilical. Desse modo, ele se
acostuma com um nível mais elevado
de cortisol e durante toda a sua vida
produzirá muito mais hormônios de
estresse, essas crianças estão cons-
tantemente em uma espécie de estado
de alerta.
O único canal que o bebê tem com
o mundo exterior é através da mãe,
então as percepções, emoções tudo
com o passar dos meses é transmitido
para eles.
A matéria de capa deste mês da Li-
vre resume um pensando muito antigo
do filósofo e escritor frances Jean-Ja-
cques Rousseau (1712-1778) precur-
sor do romantismo. Naquela época ele
já falava algo muito parecido com o
que os pesquisadores estão descobrin-
do, ele só errou no tempo, porque não
é quando nasce que devemos educar e
sim antes de nascer. “A educação do
homem começa no momento do seu
nascimento; antes de falar, antes de
entender, já se instrui”.
O que sou eu?
Livre JULHO, 20106
Enologia
A arte de combinarCombinar comida e vinhos não é tarefa das mais simples. Qualquer detalhe da comida,
como um tempero a mais, por exemplo, pode refletir em uma péssima combinação.
Combinar comida e vinhos
não é tarefa das mais sim-
ples. Qualquer detalhe da
comida, como um tempero a mais,
por exemplo, pode refletir em uma
péssima combinação. E não é só isso.
Para os especialistas, a escolha da
bebida está associada a fatores climá-
ticos e ao local onde você se encon-
tra. Quer um exemplo? Eles dizem que
não fica nada bem apreciar a bebida
em uma danceteria com som no úl-
timo volume e cheiro de cigarro. Ou
ainda experimentar o vinho no verão,
quando ele deve ser tomado no inver-
no. O “recomendável”, segundo eles,
é um local aconchegante para que a
apreciação seja bem feita e você pos-
sa saborear o gosto da bebida com
concentração e ambiente apropriado.
Mas há quem não se importe com tan-
tas regras. A paixão pelo vinho rompe
limites e, dessa forma, não há clima
nem local que o faça dispensar a be-
bida. Em qual desses grupos você en-
caixa?
Para cada tipo de refeição há um
vinho que combina melhor com o seu
paladar. Os suaves de-
vem acompanhar pratos
pouco temperados, já
os fortes e encorpados
são ideais para pratos
mais condimentados. E,
se numa mesma ocasião,
você tiver a oportunidade
de experimentar vários tipos
de vinhos, o melhor deve ficar
sempre para o final da refeição, para
que a boca conserve o sabor. Outra
norma universalmente aceita é ser-
vir vinhos brancos para acompanhar
carnes brancas (aves, peixes, crus-
táceos). Na verdade, o vinho bran-
co pode acompanhar qualquer prato,
até mesmo os de massas, tradicio-
nalmente identificados pelos italia-
nos com os vinhos tintos. O impor-
tante é que o vinho valorize o prato
que você escolheu.
Entradas - Com as entradas deve
ser servido vinho branco seco, vinho
verde branco, vinhos generosos se-
cos ou ainda vinhos espumosos se-
cos.
Sopa - Com sopa é clássico “molhar-
se a boca” com generosos secos. No
entanto, os vinhos rosados e os es-
pumosos podem servir de vinho úni-
co ao longo de uma refeição.
Saladas - Aos pratos avinagrados,
como saladas muito temperadas,
não convém nenhum tipo de vi-
nho.
Peixes - Com peixe serve-se o
mesmo vinho que serviu para
os aperitivos (vinho branco
seco ou verde). Se forem servidos
com molhos picantes, aconselha-se
um vinho branco suave.
Massas - Com massas, legumes, ar-
roz e ovos servem-se vinhos brancos
adamados ou tintos ligeiros.
Carnes vermelhas - As carnes verme-
lhas e a caça, assadas ou guisadas
ou em pasta (tortas recheadas, em-
padas), servem-se acompanhadas por
vinho tinto encorpado. As carnes as-
sadas também combinam com vinhos
espumosos secos.
Queijos - Com queijos fermentados
(crus) servem-se vinhos tintos for-
tes. Queijos de pastas cozidas (tipo
gruyére) pedem vinhos tintos mais le-
ves. Com queijos frescos servem-se
vinhos brancos suaves.
Doces - Com doces não alcoolizados
servem-se vinhos doces brancos,
espumosos doces ou ainda genero-
sos doces e meio-doces. Com doces
confeccionados
com licores ou
aguardentes, só
devem servir-se
as bebidas utili-
zadas na sua
prepara-
ção.
7Livre JULHO, 2010
Página
Temperatura de consumo
VINHOS VERDES: 7º a 9º. Bebem-se sobretudo durante o Verão e são refrescantes. Servem-se bas-
tante frios.
BANCOS SECOS: 8º a 11º. Estes vinhos têm geralmente um perfume delicado que não se desenvolve se o
vinho está demasiado frio.
BRANCOS DOCES: 6º a 7º.Os vinhos doces bem vinificados, do tipo “Sauternes”, podem ser vinhos maravilho-
sos com um bouquet acentuado e aromas de mel e acácia. Devem ser servidos muito frios
para que a sua natureza licorosa não os transforme num xarope adocicado.
TINTOS NOVOS (1 a 3 anos da safra): 10º A 13º. Vinhos do tipo “Beaujolais” são fruta-
dos e têm muita frescor. Ficam melhor quando bebidos à temperatura da adega.
TINTOS DE MÉDIA IDADE (4 anos ou mais): 16º a 18º. Pode ser consumi-
do ao retirar a garrafa da adega.
GRANDES VINHOS TINTOS: 17º a 20º. Há uma maior proximidade
da nossa própria temperatura sendo o contato com a boca ainda
mais harmonioso. Assim, temos os nossos sentidos todos des-
pertos para apreciar a complexidade destes vinhos.
Dez dicas antes de comprar uma garrafa de Vinho 1 - O Vinho é um alimento, portanto
estraga.
Esta dica é a mãe de todas as dicas.
O Vinho não é pasteurizado como a
cerveja, nem artificial como um refri-
gerante. O Vinho é uma bebida que
está em seu estado natural, na gar-
rafa, protegida por uma rolha porosa
que troca oxigênio com o ambiente
e é sensível ao calor. Lembre-se : O
Vinho dura alguns anos na garrafa,
mas estraga como qualquer alimen-
to, se mal conservado.
2 - Evite garrafas armazenadas de pé
Como disse o Vinho é protegido por
uma rolha porosa que troca oxigênio
com o ambiente. Esta rolha tem que
estar sempre úmida. Se a garrafa fi-
car muito tempo de pé, a rolha seca,
e o oxigênio começa a entrar muito
rápido, e o resultado : O Vinho oxida
e estraga. Os mercados são os cam-
peões neste quesito, embora nos úl-
timos anos, vários deles tem toma-
do mais cuidado, e deixam expostas
poucas garrafas que tem saída antes
que a posição da garrafa se torne um
problema.
3 - Evite vinhos sem safra
Os Vinhos tem safra (que é o ano em
que a uva foi colhida e está estam-
pado no rótulo). Não há motivo para
que o produtor não ponha esta infor-
mação no rótulo, a não ser, quando
o produtor mistura várias safras na
intenção de resolver problemas de
uma safra ou outra e melhorar um
Vinho ruim. O resultado em geral é
um Vinho ruim. Barato, mas ruim.
4 - Rejeite garrafas pegajosas
Garrafas pegajosas em geral são
péssimo sinal. Ou o comerciante ar-
mazena tão mal o Vinho que outras
bebidas, ou sabe-se lá o que, se der-
ramaram sobre a garrafa, ou signi-
Livre JULHO, 20108
Enologia
fica que a rolha ressecada fez parte
do vinho vazar. Resultado: Esqueça
pegue outra garrafa, ou melhor, vá
para outro estabelecimento que ar-
mazene melhor seus produtos.
5 - Rejeite rolhas protuberantes
A rolha sempre está alinhada ou um
pouco abaixo da boca da garrafa. Se
a rolha estiver saltada pressionan-
do a capsula (que é a cobertura de
plástico ou chumbo que recobre o
gargalo da garrafa) só uma coisa é
certa : O Vinho já era. Isto aconte-
ce em geral porque houve algum tipo
de pressão dentro da garrafa, por
fermentação interna, que não devia
acontecer, ou seja, novamente, Vi-
nho estragado.
6 - Rejeite garrafas com nível abaixo
do pescoço
A garrafa de Vinho sempre é enchida
pelo produtor acima do pescoço (que
é o fim do gargalo e início da garra-
fa). Assim se o líquido está abaixo
do pescoço, é porque algo deu er-
rado, em geral a rolha ressecou e o
vinho, ou evaporou, ou vazou. Sem
chance: Vinho estragado.
7 - Rejeite tons de tijolo nos tintos, e
tons de marrom nos brancos.
Quando tudo dá errado e o Vinho
oxida, os tintos ficam de cor opaca
com tons tijolo e os brancos com for-
tes tons de marrom. São as cores da
desgraça. O Vinho não é mais Vinho,
mas alguma
coisa entre
vinagre e
nada.
8 - Só com-
pre safras
a n t i g a s
(+1 ano
b r a n c o s ,
+3 anos
tintos) sem
c o n h e c e r
as tabelas de safras da região.
É lógico que você já ouviu falar de
garrafas com mais de 10 ou 20
anos, mas isso não é para qualquer
Vinho, nem pra qualquer safra (ano
de colheita ). Ás vezes um Vinho
dura 5 anos em uma safra e 2 em
outra, as tabelas de safras mostram
naquele ano que Vinhos podem es-
perar mais, que vinhos devem ser
tomados e que vinhos já eram. Mas
como regra, todos os vinhos mais
comuns duram entre 1 e 3 anos sem
grandes problemas.
9 - Só compre vinhos caros se tiver
desenvolvido o paladar.
Em geral as pessoas acham que em
ocasiões especiais tem que com-
prar um “super-vinho” e gastar R$
100,00 ou mais. Um grande erro. Os
Vinhos não sobem somente de pre-
ço, eles sobem em complexidade,
em potência, em estrutura, e mesmo
que você não faça a menor idéia do
que isso significa, seu paladar sabe.
Muitos Vinhos de maior valor pos-
suem mais taninos, e portanto são
mais “secos” ou “ásperos” como
você poderia definir. Assim se você
não tiver preparado seu paladar você
tem 90% de probabilidade de que o
Vinho não lhe agrade.
10 - Crie um hábito e use a “Regra
do Dobro”
Sempre compre vinhos com preço
abaixo do dobro do preço de seu
consumo habitual.
É simples, se você está acostuma-
do a tomar Vinhos na faixa de R$
15,00, então seu limite é de R$
30,00. Se seu consumo habitual é
de Vinho de R$ 25,00, então seu
teto é de R$ 50,00.
Mais aí eu nunca vou tomar Vinhos
mais caros? Vai. Observe a regra no-
vamente. Você está acostumado a
tomar Vinhos de R$ 15,00, e uma
vez ou outra vai comprar um de R$
25,00. Com o tempo qual vai ser
seu hábito? Talvez consumir Vinhos
na faixa de R$ 20,00, o resultado é
que seu novo patamar passa a ser de
R$ 40,00, e não mais de trinta.
Esta regra funciona muito bem por-
que controla, sem maiores proble-
mas, seu hábito de consumo e di-
rige você na velocidade certa para
Vinhos mais sofisticados. Esta regra
só perde a validade quando você
começa e chegar nas faixas de pre-
ços de Vinhos mais sofisticados, por
exemplo, seu limite passa a ser de
no máximo R$ 100,00, aí você está
liberado, e até lá seu paladar já está
treinado e entende melhor o que está
tomando com tanto dinheiro.
9Livre JULHO, 2010
Política
O programa habitacional do
MS, considerado um dos
maiores do país, foi desta-
que na Convenção que lançou a candi-
datura de André Puccinelli a reeleição.
Tanto o governador, como o candida-
to ao Senado, Waldemir Moka, desta-
caram a construção 43.600 moradias
como uma das maiores realizações do
atual governo.
Responsável pela coordenação do
programa habitacional, o deputado es-
tadual Carlos Marun, ex-secretário do
Estado de Habitação das Cidades, ou-
viu com satisfação os comentários fei-
tos no dia em que foi confirmada sua
candidatura a reeleição, que aconteceu
no comitê do partido, com a participa-
ção de mais de 5 mil pessoas.
Marun desenvolveu trabalho funda-
mental para tornar Campo Grande a pri-
meira Capital Brasileira sem favelas nas
áreas de risco. Ao assumir a Secretaria
do Estado de Habitação, em três anos e
meio, foi responsável por 43.600 novas
moradias – sendo o maior programa ha-
bitacional da história de MS, com inves-
timentos na ordem de R$ 660 milhões.
Com investimentos milionários, os
reflexos não poderiam ser outros; mais
emprego e renda para os sul-mato-
grossenses. No total, 30 mil empregos
diretos e indiretos na construção civil;
aquecimento da economia e desenvolvi-
mento do Estado.
Além de viabilizar recursos, Marun
firmou parcerias para a construção de
moradias em todo o Estado. Em Corum-
bá, foram 1,2 mil casas, onde foi cons-
truído o maior conjunto habitacional
com recursos 100% estaduais.
Como membro da coordenação na-
cional da Campanha Moradia Digna,
auxiliou na PEC Moradia, ajudando a
destinar recursos para o Fundo de Ha-
bitação de Interesse Social, sendo 2%
para a União, 1% para os Estados e 1%
para os Municípios. Medida que deverá
ser adotada pelos próximos 20 anos.
PRÊMIOS
Com tanta experiência e trabalho
a realidade não poderia ser diferente,
além de melhorar a qualidade de vida
do sul-mato-grossense, Marun colocou
o Estado em destaque nacional, pois re-
cebeu vários prêmios durante o período
em que atuou como secretário de Habi-
tação Municipal e Estadual.
Entre as conquistas está o Selo de
Mérito da Associação Brasileira de CO-
HABs (ABC) pelo Programa “MS Cidadão
– Casa da Gente” por meio de recursos
provenientes do Programa de Subsídio
à Habitação de Interesse Social. Rece-
beu o prêmio com o 1º Conjunto Habi-
tacional do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) inaugurado no Bra-
sil; também ficou em 1º lugar no Brasil
do PAC/Habitação e o Selo do Mérito
2009 na categoria nacional, com o Pro-
jeto Construindo Liberdade, recebido no
57º Fórum Nacional de Habitação de In-
teresse Social em Minas Gerais.
A Lei que instituiu a Política Munici-
pal de Habitação também é um projeto
de Marun. Ele teve diversos programas
reconhecidos e premiados nesta área
como: Casa da Gente; Fábrica da Gente;
Meu Cantinho; Construindo legal; Aldeia
Urbana Marçal de Souza (dois prêmios);
Programa Habitacional do Servidor Pú-
blico; Projeto Mudando para Melhor Bu-
riti/Lagoa (dois prêmios) e Construindo
Liberdade.
Trabalho desenvolvido pelo
deputado Marun foi destaque na
Convenção de lançamento das
candidaturas para as eleições 2010.
Deputado Marun
Deputado Marun
Mais de 43.000 casas foram feitas nesta gestão
RECONHECIMENTO
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Livre JULHO, 201010
Comportamento
Tem o poder público direito a
limitar a liberdade das pes-
soas de fumar, beber, em
suma, de se fazerem mal, mesmo que
elas queiram fumar, beber, fazer-se
mal? Essa discussão reaparece sem-
pre que uma medida legislativa coíbe
o fumo ou a bebida. Vale a pena ten-
tar esclarecer o que está em jogo.
Comecemos com uma distinção
básica. Ninguém em sã consciência
negará o direito – e mesmo o dever –
do poder público a proibir o que faça
mal a uma outra pessoa. A questão
filosófica é se ele pode impedir que eu
faça mal a mim mesmo. Essa distin-
ção é fundamental porque, no debate
sobre a lei seca (federal) e a lei antifu-
mo (paulista), os dois assuntos foram
constantemente confundidos.
Assim, se a lei proíbe uma pessoa
com álcool no sangue de guiar, não a
está impedindo de fazer mal a si mes-
ma. Está dificultando que faça mal
a outras pessoas. Essa lei, portanto,
não entra no caso que estamos dis-
cutindo. Ninguém perdeu o direito de
beber “até cair”, como dizia a canção
de carnaval. O que não vale é guiar
bêbado porque, assim, se pode ferir
ou matar alguém.
Também a proibição de fumar em
lugares públicos não é uma proibição
de fazer mal a si mesmo. Ela impede
que os não fumantes sejam converti-
dos, contra a vontade, em fumantes
passivos. Continuo podendo escolher
fumar, isto é, ser fumante ativo. Mas
devo respeitar o direito dos outros a
não fumar, ativa ou passivamente.
Como a Ciência prova que a saúde
piora já por aspirar a fumaça do cigar-
ro alheio, isso está certo: o fumante
pode fumar, mas não deve causar do-
enças em outras pessoas.
O DEBATE FILOSÓFICO. Onde
está a proibição de fazer mal a si
mesmo? Ela está numa justificativa
que apareceu na lei proibindo a propa-
ganda do fumo na televisão. Foi uma
iniciativa do então Ministro da Saúde,
José Serra, atacada porque impediria
as pessoas de, livremente, escolhe-
rem se querem fumar – e, se quise-
rem, por que não poderiam causar mal
a si próprias? Aqui, estamos no deba-
te filosófico.
A questão é se eu, ciente de que
uma droga (cigarro, bebida ou qual-
quer outra) me faz mal, posso esco-
lher usá-la e abusá-la, desde que com
isso não prejudique ninguém mais?
Essa questão exige um comentário e
uma pergunta.
A liberdade de fazer mal a si mesmo
Lei antifumo e a Filosofia: onde está e qual é o limite da liberdade de fazer mal a si mesmo?
11Livre JULHO, 2010
Página
O COMENTÁRIO: é difícil distin-
guir exatamente o que é fazer mal a
si e ao outro. Fumantes e alcoólicos
costumam ter mais doenças do que
não fumantes e abstêmios. Por isso,
eles usam a rede pública de saúde ou
a de seu convênio mais que os outros.
Mas pagam o mesmo que sua faixa
etária. Suas despesas são maiores, e
parte delas é financiada pelos outros.
Esse é um assunto delicado, que tal-
vez leve, no futuro, a calcular segu-
ros de saúde pelo perfil do segurado
– como já sucede com os carros, dado
que rapazes de 18 anos pagam mais
que senhoras de 40 anos, respectiva-
mente a faixa que causa mais aciden-
tes e a que causa menos. Esse é um
exemplo da complexidade do assunto.
Já a pergunta filosófica sobre a
liberdade é: será a pessoa realmente
livre para escolher? As fábricas foram
acusadas de incluir, no tabaco, ele-
mentos químicos que induzem à de-
pendência. Nesse caso, é óbvio que o
adicto não é um sujeito abstratamente
livre, pois terá sido drogado.
No fundo, a questão da liberdade
de fazer-se mal coloca frente a fren-
te dois personagens: por um lado, um
sujeito humano livre, que escolhe, a
despeito das pressões, o que prefere;
por outro, um conjunto de pressões
– econômicas, sociais e até químicas
– que influenciam sua ação, privando-
o parcial ou totalmente da liberdade.
Toda a questão está no equilíbrio en-
tre um fator e outro.
Se der peso demais à liberdade
individual, desprezarei os condiciona-
mentos sociais. Se valorizar muito es-
tes, a liberdade pessoal será um mito.
Mas esses são dois extremos. Na prá-
tica, temos que ver caso a caso. Veja-
mos uns exemplos.
EXEMPLOS. O cigarro tem elemen-
tos químicos que induzem à depen-
dência. Além disso, a propaganda já
o associou à juventude, ao glamour e,
espantosamente, até à saúde. Sabe-
mos que é difícil parar de fumar. Daí
que seja justo o poder público proibir
a propaganda, impedir o acesso dos
adolescentes ao fumo, questionar os
elementos químicos que incitem à de-
pendência e estudar o custo adicional
para as redes de saúde. Mas, se tudo
isso for acertado, quem quiser fumar
e com isso não causar mal a outrem,
que o faça.
Vamos complicar a questão da li-
berdade. Contarei uma história pes-
soal. Lecionei numa universidade nor-
teamericana. Havia o mito de que o
professor homem deveria evitar ficar
sozinho numa sala com uma aluna,
porque depois ela poderia acusá-lo de
assédio sexual. Mas, quando recebi o
manual de procedimentos da universi-
dade, vi que relações românticas en-
tre professores, funcionários e alunos
não preocupavam a instituição. O ma-
Livre JULHO, 201012
Comportamento
nual dedicava maior espaço a casos
em que um rapaz saía com uma moça,
talvez disposto a uma aproximação
romântica, entretanto transavam de-
pois de se embriagarem. Às vezes, a
moça se arrependia e reclamava que
não escolheu livremente. As conse-
quências podem ser ruins, para ela,
se ficar com uma má lembrança – ou
para ele, que eventualmente pode até
ser expulso da universidade.
O que há em comum nos dois
exemplos? Eu apenas quis mostrar
que o formato da questão é igual.
Posso dizer que tabagistas tanto
quanto jovens fazendo amor escolhe-
ram livremente seus atos – ou que fo-
ram manipulados pela propaganda, o
meio social, a euforia do momento...
Ora, se o modelo da questão é aná-
logo, é sinal de que não há resposta
pronta para a pergunta. Depende de
cada caso. Em certas ocasiões, é pre-
ciso proteger as pessoas, que só apa-
rentemente são livres para escolher.
Em outras, fazer isso é uma intromis-
são absurda na liberdade de cada um.
Como estabelecer a fronteira?
Ou fast food. Sabe-se que faz mal.
Deve ser proibida? Devem ser impedi-
das suas lojas de aliciar crianças com
brindes? Deve-se permitir a atividade,
mas retirando o glamour adicional e
cativante? Tolerar sua ação incon-
trolada contra pessoas vulneráveis é
insensato. Mas proibir as pessoas de
escolher, a pretexto de não saber o
que fazem, pode levar a um policia-
mento intolerável de nossas vidas.
Em suma, o que podemos fazer aqui
é apresentar argumentos. A escolha
entre eles é sempre difícil. Mas quem
disse que a Ética é coisa fácil?
Fonte: Renato Janine Ribeiro
Sabe-se que o fast food faz mal. Deve ser proibida? Devem ser impedidas suas lojas de aliciar crianças com brindes? Até onde vai nossa liberdade de nos fazermos mal?
13Livre JULHO, 2010
Arte e Cultura
Esta é a primeira vez que o
Festival, criado há dois anos
em Campo Grande, aconte-
cerá simultaneamente em 111 cida-
des do país, com mostras de vídeos e
filmes, seminários, oficinas e exposi-
ções. A 3ª Edição do Vídeo Índio Brasil
será realizada entre os dias de 31 de
julho e 7 de agosto de 2010.
As cidades selecionadas para parti-
cipar do Vídeo Índio Brasil 2010 estão
distribuídas entre capitais dos Esta-
dos, como Porto Velho (RO), Boa Vista
(RR), Fortaleza (CE), Natal (RN), João
Pessoa (PB), Vila Velha (ES) e Cuiabá
(MT); cidades interioranas e municí-
pios com expressiva população indí-
gena como São Gabriel da Cachoeira,
na Amazônia e Dourados, em MS. “É
muito interessante termos todos os
estados brasileiros inseridos no Vídeo
Índio Brasil. Assim vamos conseguir o
diálogo com diferentes regiões do país
para a discussão da temática indíge-
na”, destaca Nilson Rodrigues, produ-
tor cultural e diretor do evento.
Em Campo Grande, haverá a rea-
lização do Seminário “A Imagem dos
Povos Indígenas no Século 21” para
discutir as novas tecnologias da co-
municação e o espaço que o índio tem
na mídia brasileira. Também na capi-
tal de Mato Grosso do Sul acontece-
rá a Oficina de Audiovisual direciona-
da apenas a índios. Desde a primeira
edição do Vídeo Índio Brasil, a oficina
vem sendo realizada para o público.
Por meio do audiovisual, o Festival
busca fortalecer e divulgar a temática
indígena no MS e no Brasil. O Vídeo Ín-
dio Brasil se tornou um dos principais
programas referentes à difusão das
culturas indígenas no país. Como o
Brasil é signatário da Convenção Mun-
dial da Diversidade Cultural, aprovada
pela Organização das Nações Unidas
(ONU), estamos dando nossa contri-
buição. E esse programa nasceu aqui
em Mato Grosso do Sul, o que nos
orgulha muito, pois temos a segunda
maior população indígena do país re-
sume o idealizador, e diretor do VIB,
o produtor cultural Nilson Rodrigues.
Em MS, vivem atualmente 67.574
mil índios, distribuídos em 75 aldeias
na zona rural de 29 municípios, além
daqueles que vivem nas cidades. Eles
pertencem a oito etnias: Guarani,
Kaiowá, Terena, Kadwéu, Kinikinawa,
Atikum, Ofaié e Guató. Os dados são
do último relatório da Fundação Nacio-
nal de Saúde (Funasa), de dezembro
de 2009, entidade que atende a saú-
de desta população. O Amazonas é o
estado com a maior concentração in-
dígena no país, com cerca de 150 mil
aldeados de várias etnias.
O Vídeo Índio Brasil não tem fins
lucrativos e o evento vai contar com
entrada franca em todo território na-
cional. Além da mostra, a programa-
ção ainda compreenderá oficina de
audiovisual dirigida aos indígenas, ex-
posição fotográfica, seminários e de-
bates com lideranças, representantes
governamentais e não-governamen-
tais, especialistas, artistas, acadê-
micos, comunicadores, empresários,
trabalhadores e a sociedade em geral.
Fonte: Michelle Rossi assessora de impres-
sa do Vídeo Índio
Video Índio Brasil
A 3ª Edição do Vídeo Índio Bra-sil será realizada entre os dias de 31 de julho e 7 de agosto.
Livre JULHO, 201014
Sociedade em Alerta
nacional em concentração de terra
O Mato Grosso ocupa o
segundo lugar em con-
centração de terra entre
todos os estados do país, conforme
cartilha sobre limite da propriedade
rural no Brasil, lançada pelo Fórum
Nacional pela Reforma Agrária e Jus-
tiça no Campo.
Mais de 8.428 propriedades estão
acima dos 35 módulos fiscais, teto
proposto pelo Fórum. Isso significa
que 69% das áreas estão concentra-
dos em latifúndios acima de 3.500
hectares. Isto quer dizer que há quase
50 milhões de hectares para Reforma
Agrária em Mato Grosso.
De acordo com o documento, “o
módulo fiscal é uma referência, es-
tabelecida pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (In-
cra), que define a área mínina sufi-
ciente para prover o sustento e a vida
digna de uma família de trabalhadores
e trabalhadoras rurais”.
Já o Mato Grosso do Sul ocupa
o primeiro lugar em concentração
de terra, com 75% das propriedades
rurais acima do limite compreendido
como justo. Tais dados indicam o ta-
manho da desigualdade agrária nos
dois estados, que, até 1977, eram
um só.
Para Gilberto Portes, secretário
executivo do Fórum e um dos ela-
boradores da cartilha, “os dois Esta-
dos são a simbologia do latifúndio no
país”. Segundo ele, esclarecer isso
para a sociedade mato-grossense é de
extrema importância.
“Eu tenho a certeza de que mui-
tas pessoas não se dão conta desse
disparate, mas agora vão saber”, diz,
referindo-se às meias verdades di-
vulgadas nacionalmente sobre Mato
Grosso, como ‘eldorado’ para todos.
“Não é bem assim. O que há é con-
centração de terras e de riquezas nas
mãos de alguns. E a exploração da
mão de obra no campo. Se há desen-
volvimento econômico, isso favorece
a quem?”, questiona.
“Basta verificar o índice de de-
senvolvimento humano, para saber
que na verdade Mato Grosso e Mato
Grosso do Su são estados pobres.
Onde está o desenvolvimento social?
Além disso, esse latifúndio ainda é
uma ameaça ao meio ambiente”.
Se por um lado a terra está con-
centrada nas mãos de poucos latifun-
diários, de outro lado mais de 100 mil
famílias esperam por um lote só em
Mato Grosso, de acordo com estima-
tiva do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra (MST). Uma parte
dessas famílias - homens, mulheres
e crianças - está neste momento em
beiras de estrada ou em propriedades
ocupadas, vivendo de incertezas, sob
barracas de lona preta, sem condições
mínimas, lamenta Antônio Carneiro,
da coordenação estadual do MST.
Para Inácio Werner, do Centro
Burnier Fé e Justiça (CBFJ), tal con-
centração de terra gera desigualda-
de social, impossibilita outro modelo
de agricultura familiar, não resolve o
problema da fome e ainda favorece o
trabalho escravo. “Historicamente, o
latifúndio é que mantém essa práti-
ca”, afirma Werner, que representa o
CBFJ no Fórum Estadual de Erradica-
ção do Trabalho Escravo (Foete).
Pesquisa aponta que os dois Estados são a
simbologia do latifúndio no país
15Livre JULHO, 2010
nacional em concentração de terra
“Essa situação é gritante e vergo-
nhosa para o país”, denuncia Ademir
Antônio Montovani, agente da Comis-
são Pastoral da terra (CPT) em Mato
Grosso. Na visão dele, um agravante
da concentração de terra é a crimina-
lização dos movimentos camponeses
e a violência no campo.
Indígenas e quilombolas também
são atingidos por esse problema.
Os índios porque vivem em reservas
cercadas pelas grandes propriedades
rurais, que a todo tempo pressionam
para empurrar as cercas e reduzir as
áreas garantidas para as etnias. Os
quilombolas, porque defendem o direi-
to de ocupar territórios onde viveram
seus antepassados, vítimas da escra-
vatura. Sempre que reclamam seus di-
reitos, aparecem como problemáticos.
A cartilha foi publicada com o ob-
jetivo de revelar a realidade agrária no
Brasil e para fomentar o debate popu-
lar sobre o limite da propriedade rural.
Um plebiscito será realizado de 1 a 7
de setembro, por meio do qual o povo
brasileiro irá responder quanto de ter-
ra alguém pode concentrar.
A resposta do povo poderá abrir
caminhos para a criação de um Pro-
jeto de Emenda Parlamentar (PEC) ao
Artigo quinto da Constituição Federal
que trata da propriedade, inclusive a
rural (item XXIII).
O plebiscito vai, assim, levar tal
discussão sobre terra para a sema-
na da Independência do Brasil, que
culmina com o Grito dos Excluídos,
caminhada na qual os movimentos
sociais mostram que o país ainda tem
muito o que fazer para ser de fato li-
vre e em favor da soberania nacional.
Na avaliação de Gilberto Portes,
antes de mais nada é preciso cons-
cientizar a população para depois
levar essa matéria ao parlamento.
“Sabemos que a bancada ruralistas
no Congresso Nacional tem cerca de
350 deputados federais. Sem pres-
são popular jamais conseguiremos
aprovar uma PEC. Mas o projeto Fi-
cha Limpa vem nos inspirar e mostrar
que, se o clamor vem do povo, pode-
mos sim provocar transformações. E
vamos trabalhar para isso. O que não
podemos aceitar mais é essa posição
do Brasil: segundo país em concentra-
ção de terra do mundo (perde só para
o Uruguai).”
Além de debates e do plebiscito,
um abaixo-assinado já está correndo
em todo o país e em mais de 20 mu-
nicípios de Mato Grosso.
A ideia, com tudo isso, é dar visi-
bilidade à realidade agrária brasileira,
coisa que os meios de comunicação
não têm dado conta de fazer. Na vi-
são da jornalista Mayrá Lima, do Inter-
vozes Brasil de Comunicação, “assim
como o parlamento, a mídia burgue-
sa também tem alianças econômicas
com o agronegócio. Sabemos que
alguns grupos de comunicação de-
fendem os interesses de uma classe
e acreditam inclusive que a reforma
agrária é assunto superado, como se
isso não fosse resolver problemas so-
ciais do campo e da cidade”..
Censo Agropecuário do IBGE,
2006, mostra que esse domínio exis-
te até hoje. Um pequeno número
de fazendas (0,91% de todas) ocu-
pa a maior parte do solo nacional
(44,42%). Enquanto a maioria das
propriedades (2.477.071) são muito
pequenas e ficam limitadas a 2.36%
do território nacional.
Mais informações sobre a cartilha: www.
limitedaterra.org.br (da Assessoria de Im-
prensa do Centro Burnier Fé e Justiça)
Livre JULHO, 201016
Evento
A devoção popular ao Espíri-
to Santo resiste ao tempo,
destacando-se em contex-
tos urbanos e culturais bastante dife-
renciados. Entre as belíssimas mani-
festações religiosas, introduzidas no
País pelos colonizadores portugueses,
no período que vai do século XVI ao
XVIII, encontra-se a Festa do Divino
Espírito Santo que é realizada em vá-
rios lugares, como Rio de Janeiro, San-
ta Catarina, São Paulo, Goiás e Mato
Grosso do Sul.
Instituída em Portugal, por volta de
1271 a 1336, pela Rainha Santa Isa-
bel, após o casamento com o rei Dom
Diniz, a devoção se espalhou por todo
o Império.
A festa é realizada em homenagem
à terceira pessoa da Santíssima Trin-
dade - o Espírito Santo que é fonte de
amor e sabedoria. O mesmo é repre-
sentado pela pomba branca e por lín-
guas de fogo, que pousaram sobre os
apóstolos, reunidos no cenáculo em
Pentecostes, cinqüenta dias após a
Ressurreição de Jesus.
A Festa do Divino Espírito Santo é
a manifestação Religiosa Cultural mais
densa e tradicional de Coxim, região
Norte do Estado de MS. É promovida
há mais de cem anos pela comunidade
coxinense.
O evento caracteriza-se pelos as-
pectos religiosos e festivos. Organi-
zadas pelos festeiros, escolhidos por
sorteio a cada ano, as festas, origi-
nalmente, aconteciam nas residências
dos organizadores e, dependendo da
dimensão, extrapolavam os recintos
da casa e alcançavam as ruas. Essas
festas eram abertas à participação de
todos que ali chegassem. Hoje em dia,
a festa transformou-se, a comunidade
cresceu, os recursos técnicos evoluí-
ram, mas a essência religiosa e a tra-
dição mantiveram-se.
Antes da festa propriamente dita,
no início do mês de Maio, acontece a
saída da Bandeira, a nova comissão
de festeiros (Festeiro Mor, Capitão do
Mastro e o Alferes da Bandeira) toma
posse, com suas esposas e familiares,
passando assim a conduzir os prepara-
tivos para a Festa do Divino.
Os Foliões da Bandeira, que se
constituem num pequeno conjunto de
músicos: um violeiro, um sanfoneiro e
um taroleiro passam a acompanhar o
alferes no “Giro da Bandeira”, e visi-
tam todas as residências, estabeleci-
mentos comerciais, fazendas, muitas
vezes, indo além do Município, em
visita a outras comunidades. Nestas
peregrinações, a Bandeira leva as bên-
çãos do Divino e arrecada prendas e
esmolas (donativos) para os dias da
Festa.
Os três meses passam depressa e,
Mais de cem anos de tradição
17Livre JULHO, 2010
cada vez
mais, a comunidade se agi-
ta em expectativa e na organi-
zação dos nove dias de festa que
acontecem na segunda quinzena do
mês de julho.
A Festa do Divino Espírito San-
to é a mais autêntica manifestação
popular de Coxim, é um patrimônio
cultural, cuja, responsabilidade de
preservação, é de competência com-
partilhada dos gestores públicos e da
comunidade, que juntos assumem o
compromisso de continuar
a escrever a história deste
povo que tem na festa, um
momento forte de expressão
da cultura local, de afirma-
ção da fé e de renovação
dos dons.
Na Festa do Divino, em
Coxim, verifica-se que os
Festeiros carregam para no-
vena religiosa, todas as noites,
um cetro, uma coroa e a Bandei-
ra. Estes símbolos representam:
Bandeira – É a bandeira de Deus e de
seu povo, a presença da fé, do Divino
Espírito Santo, da religiosidade católi-
ca. A bandeira é vermelha para simbo-
lizar o sangue dos mártires de nossa
Igreja, desde os tempos de Jesus Cris-
to até os dias atuais. Onde a bandeira
passa são derramadas bênçãos para as
famílias. Beijar a bandeira é uma forma
de devoção e respeito ao sagrado.
Cetro – É a presença feminina da Rai-
nha, na festa representada pela fes-
teira;
Coroa – É a presença do rei, represen-
tado pelo Festeiro Mor.
São estes os símbolos que marcam
presença na Festa do Divino, lembran-
do uma tradicionalidade desde o início
de sua comemoração.
18
Capa
O que caracteriza o ser humano
Um feto no 7º mês de gestação. Sabe-se com certeza que é um menino. Mas ele será delicado ou robusto? Corajoso ou medroso? Experimentos rebuscados permitem aos cientistas provar que experiências no ventre ma-terno marcam um ser humano muito mais do que se acreditava.
UM SER HUMANO SE DESENVOLVE EM 40 SEMANAS, SEGUINDO UM PLANO-MESTRE QUE EVOLUIU DURANTE MILÊNIOS
As fases da evolução embrionária são fundamen-
tais nos mínimos detalhes. Após a fecundação,
o encontro do óvulo com o espermatozoide (1), a
célula-mãe se divide e, dois dias depois, origina uma “bola”
de oito células (2), que contêm características genéticas
idênticas. No 12º dia, o blastócito (a “bola” de células) se
fixa na membrana da parede uterina (3) que, a partir de
agora, o alimentará com sangue. Na quarta semana (4),
o embrião já apresenta sinais do cérebro e da coluna
vertebral. A partir da 5ª semana (5), formam-se lenta-
mente o rosto e as mãos.
Após 12 semanas (6), o feto, de 80 a 90mm,
está completo do ponto de vista estrutural. No 4º
mês de gravidez (7), agora com aproximadamen-
te 16cm de comprimento, ele já con-
segue se movimentar bastante. No 7º
mês (8), já está tão crescido que,
aos poucos, o espaço uterino fica
muito apertado para ele
Na Irlanda do Norte, em 1988
o psicólogo Peter Hepper instala
um gravador no berçário do Hos-
pital Royal Victoria, toca a trilha
sonora de um seriado de TV para os
recém-nascidos e observa suas rea-
ções. Alguns bebês começam a chorar
e espernear. Outros não reagem. Meta-
de dos pequeninos, porém, fica bem quie-
ta, vira a cabeça na direção do alto-falante
e escuta.
É surpreendente: as mães das crianças aten-
tas tinham assistido regularmente ao seriado du-
rante a gravidez, enquanto as mães dos outros re-
cém-nascidos nunca haviam se interessado por ele.
Livre JULHO, 2010
19Livre JULHO, 2010
Hepper estima que o ser humano já
seja capaz de memorizar uma melodia
enquanto ainda está no ventre mater-
no. Portanto, o feto em formação já
teria uma memória antes de nascer, e
estaria apto a aprender.
Até os anos de 1970, a criança no
ventre materno ainda era subestima-
da. Acreditava-se que ela era surda e
cega; e certamente não lhe davam o
crédito de ter uma memória, quanto
mais uma capacidade de aprendiza-
gem. Em razão disso, muitos médicos
acreditavam que os bebês prematuros
não sentiam dor e os operavam sem
anestesia.
Mas os progressos tecnológicos
das últimas décadas produziram um
retrato completamente diferente da
vida no útero. As imagens de ultras-
som hoje são tão nítidas como foto-
grafias. E procedimentos modernos
permitem que os pesquisadores me-
çam com precisão as atividades car-
díacas de fetos. Com destreza cada
vez maior, os cientistas desvendam
as experiências pré-natais de bebês de
poucos dias de idade.
As análises revelam que eles já par-
ticipam da vida ao seu redor enquanto
ainda se encontram no útero. Desse
modo, estão perfeitamente bem prepa-
rados para as condições que os aguar-
dam quando vêm ao mundo. Para ex-
plorar como, exatamente, isso ocorre,
os cientistas estão examinando uma
gama de experiências pré-natais. O
que o feto escuta? O que cheira e sa-
boreia? Como aprende, e o que sente?
Seus órgãos dos sentidos se de-
senvolvem na mesma sequência de
todos os mamíferos e aves. Primei-
ramente, forma-se o sentido de equi-
líbrio e movimento. Em seguida vêm
o tato, o olfato e o paladar. Por fim,
desenvolve-se a audição; por último, a
visão. Todos os órgãos sensoriais co-
meçam a funcionar entre o sexto e o
sétimo mês de gestação.
A audição propicia um importante
contato com o mundo externo. Pesqui-
sadores descobriram que os fetos já
reagem a sons fortes ou incomuns a
partir da 27ª semana: seus coraçõezi-
nhos se aceleram, eles se encolhem,
como se tivessem levado um susto,
ou piscam com as pálpebras. De iní-
cio, isso só acontece mediante estí-
mulos altos, de 100 decibéis, o que
corresponde ao barulho de um martelo
pneumático. Nas semanas seguintes,
a audição fica mais sensível.
A psicóloga francesa Carolyn Gra-
nier-Deferre, da Universidade Paris
Descartes, tocou uma curta melodia
em piano para fetos entre a 34ª e a
39ª semanas de vida e pediu às mães
que usassem fones de ouvido. Desse
modo, a pesquisadora impediu que as
mães escutassem a música e transmi-
tissem suas sensações aos fetos.
Enquanto a melodia soava, Granier-
Deferre mediu a frequência cardíaca
dos bebês. Em seguida, a sequência
de tons foi repetida tantas vezes até
que seus batimentos cardíacos retor-
naram à frequência normal, um sinal
de que os fetos tinham se habituado à
melodia. Depois, ao tocar outro trecho
de música, os batimentos imediata-
mente voltaram a se alterar. Granier-
Deferre concluiu que os fetos tinham
“memorizado” o primeiro estímulo e
sabiam diferenciá-lo do segundo.
Biologicamente, o aprendizado pré
natal faz sentido: o feto já se habitua
a ruídos que, muito provavelmente,
também escutará após o nascimento.
Desse modo, ele não ficará com-
pletamente estressado diante do gran-
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Livre JULHO, 201020
Capade número de novos estímulos senso-
riais quando chegar ao mundo.
O feto aprende a conhecer particu-
larmente bem a pessoa que também
lhe garantirá a sobrevida após o nasci-
mento: sua mãe.
Sua voz é a coisa mais impressio-
nante que escuta. Ela ecoa por todos
os dutos ósseos, principalmente pela
coluna vertebral e a bacia, penetran-
do diretamente no ouvido interno do
bebê. Nesse processo, os ossos da ba-
cia funcionam como uma espécie de
amplificador: eles começam a vibrar
em uma faixa entre 2.500 e 3.000Hz:
a frequência de vozes femininas.
Portanto, quando a mãe fala, o feto
é até capaz de senti-lo por meio das vi-
brações. “Ele literalmente nada na voz
materna”, afirma Ludwig Janus, perito
em Psicologia Pré-Natal, em Heidel-
berg, na Alemanha.
Anthony DeCasper, da Universida-
de da Carolina do Norte, Estados Uni-
dos, provou o quanto a voz da mãe
se impregna no bebê em seu ventre.
O psicólogo de desenvolvimento deu a
recém-nascidos chupetas acopladas a
um gravador. Dependendo da intensi-
dade com que chupavam, eles escuta-
vam a voz da mãe ou de uma estranha,
portanto, pela maneira como sugavam
a chupeta, eles podiam decidir qual voz
queriam ouvir. Resultado: eles sempre
optavam pela voz materna.
O desenvolvimento da fala precede o nascimento
Os sons do corpo materno também
ecoam nitidamente nos ouvidos do
feto. O volume de suas batidas car-
díacas, os murmúrios de seu intestino
e estômago, o fluxo de seu sangue e
sua respiração chega a até 60dB (de-
cibéis) no útero, um nível sonoro equi-
valente ao de conversas em grupo. E
esses sons transmitem segurança e
abrigo ao ser humano em formação.
Bebês recém-nascidos choram menos
e ficam mais relaxados quando escu-
tam gravações do batimento cardíaco
de suas mães.
A mensagem dos sulcos Ainda é
um enigma como o córtex cerebral
vai se dobrando pouco a pouco antes
do nascimento. Porém resultados ob-
tidos por tomografias de ressonância
magnética (TORM), realizadas pelas
pesquisadoras suíças Jessica Dubois
e Petra Hüppi, revelaram uma novi-
dade: um feto único de 30 semanas
(1) apresenta uma superfície corti-
cal bem melhor estruturada, ou seja,
mais desenvolvida, que um irmão gê-
meo da mesma idade (2). Uma expli-
cação possível: o amadurecimento do
segundo feto é mais lento, devido aos
nutrientes compartilhados. Exames
posteriores mostraram que o “atraso”
do gêmeo é compensado mais tarde.
Por outro lado, um feto único adoen-
tado e subnutrido (3) também revela
sulcos mais pronunciados, ao contrá-
rio de outro normal, bem alimentado
(4), com a mesma superfície cortical.
O motivo, nesse caso, poderia ser que
o córtex do feto subnutrido é relativa-
mente fino, o que acelera o processo
de dobramento, mas isso implica em
uma desvantagem funcional
Contrariamente, os sons do mun-
do exterior só chegam ao feto quan-
do são mais fortes que os ruídos do
corpo materno. Além disso, as on-
das sonoras precisam primeiramente
penetrar pela parede da barriga da
mãe, útero e fluido amniótico. Nes-
se caso, eles têm um som abafado
no ouvido do feto, pois ele escuta,
especialmente, frequências baixas.
Consequentemente, o bebê discerne
mais claramente vozes masculinas
que femininas. Os sons agudos de um
violino não chegam tão bem à criança
como os de uma tuba, uma bateria,
ou de um avião.
Uma investigação conduzida nas
proximidades do aeroporto de Osaka,
no Japão, mostrou com que eficiên-
cia fetos são preparados para seu fu-
turo meio ambiente. Recém-nascidos
adormecidos, expostos durante três
meses aos ruídos de aviões quando
ainda estavam no ventre materno,
não eram despertados pelo barulho
das turbinas ao contrário de bebês
que nunca haviam escutado esses
sons.
Mas no final da gravidez, a audição
de um feto já é tão apurada como a
de um recém-nascido. Agora, ele con-
segue escutar até conversas do mun-
do exterior. Gravações realizadas por
pesquisadores no útero de gestantes
revelaram que palavras inteiras, iso-
ladas, são perfeitamente discerníveis.
No entanto, o que os bebês escutam
melhor são as características de sua
futura língua materna, como a melo-
dia e o ritmo.
21Livre JULHO, 2010
A psicóloga Robin Panneton Coo-
per, da Virginia Tech University, nos
Estados Unidos, tocou gravações
com textos americanos ou espanhóis
para bebês de dois dias. Nesse teste,
os recém-nascidos também podiam
escolher, por meio da chupeta, uma
ou outra gravação e eles sempre pres-
taram mais atenção aos sons de sua
língua materna.
Um pouco de estresse no útero é bem saudável
O feto também é preparado no
ventre para os odores e sabores de
seu futuro ambiente de vida. O aroma
dos alimentos maternos penetra no
fluido amniótico e estimula os recep-
tores de olfato e paladar da criança.
Isso vale principalmente no final da
gravidez, quando o feto bebe regular-
mente líquido amniótico.
Benoist Schaal, diretor do Centro
Europeu para Ciências do Paladar, em
Dijon, na França, comprovou o quan-
to essa experiência pré-natal é mar-
cante. Ele pediu a um grupo de futu-
ras mães que consumissem bolachas
e balas de anis durante as duas últi-
mas semanas de gravidez. Assim que
as crianças nasceram, o pesquisador
lhes deu para cheirar uma amostra de
essência de anis: todos os bebês fica-
ram imediatamente alegres e começa-
ram a mexer a boca como se estives-
sem lambendo ou sugando.
Mas os recém-nascidos, cujas
mães não tinham consumido anis, re-
agiram de modo bem diferente: faziam
caretas, choravam ou simplesmente
não manifestavam nenhuma reação.
“Substâncias aromáticas conhecidas
parecem construir uma ponte olfativa
entre a vida no útero materno e no
mundo exterior”, elaborou Schaal.
Além disso, um odor já conheci-
do indica ao recém-nascido o cami-
nho para sua fonte mais importante
de alimento: o peito da mãe. Pois os
aromas permeados no fluido amnió-
tico também se encontram no leite
materno. “Não é qualquer instinto
que regula o comportamento de bus-
ca pelo mamilo”, explica o neurobió-
logo Gerald Hüther, de Göttingen, na
Alemanha. “Na realidade, a criança
só segue seu ‘nariz’, seu olfato. O
recém-nascido sabe qual é o cheiro
do lugar que promete familiaridade,
segurança e alimento”.
Entretanto, o feto não se adapta
apenas ao cardápio da mãe, ele tam-
bém se adequa à quantidade de ali-
mentos que o aguarda após o nasci-
mento. Se a mãe come pouco durante
a gestação, porque está passando
fome ou fazendo um regime, o siste-
ma digestório do feto é programado
para um aproveitamento máximo de
reduzidos volumes de nutrientes.
O fígado fetal agora produz mais
açúcar no sangue e, portanto, mais
energia. E como o pâncreas produz
relativamente pouca insulina, as célu-
las de gordura são fragmentadas por
processos catabólicos mais lentamen-
te.
Cientistas criaram a expressão
“programação fetal” para fenômenos
desse gênero, uma vez que eles de-
finirão as funções orgânicas do ser
humano para toda uma vida, irrever-
sivelmente. “Os problemas surgem
quando, mais tarde, ao contrário da
programação, subitamente existe uma
abundância de alimentos à disposi-
Cientistas criaram a expressão “programação fetal” para fenômenos na gestação, uma vez que eles definirão as funções orgânicas do ser humano para toda uma vida, irreversivelmente.
Livre JULHO, 201022
Capação”, explica o neurologista Matthias
Schwab, do Hospital Universitário de
Jena, na Alemanha. Nesse caso, a re-
duzida produção de insulina no san-
gue leva ao diabetes e ao acúmulo de
gordura no sangue. “Uma das razões
de termos tantas mães esbeltas com
filhos obesos nos Estados Unidos são
as dietas que fazem durante a gesta-
ção”, completa Schwab.
A sensibilidade ao estresse tam-
bém é repassada à criança, embora já
haja indícios de que um pouco de es-
tresse normal, cotidiano, pode ser até
salutar para o feto. Ao menos é o que
opina a psicóloga de desenvolvimen-
to americana Janet A. DiPietro, da
Universidade Johns Hopkins, Estados
Unidos. Em seu estudo, ela entrevis-
tou 94 gestantes acerca de seus es-
tados de estresse e saúde. Dois anos
após o nascimento, ela submeteu as
crianças a um estudo de controle para
verificar o progresso de seus desen-
volvimentos físicos e mentais.
Crianças cujas mães se sentiram
ocasionalmente estressadas e preocu-
padas durante a gravidez, apresenta-
ram um desenvolvimento ligeiramen-
te melhor que os filhos de mulheres
constantemente equilibradas. Nem
mesmo um frequente desânimo du-
rante a gestação teve efeito negativo.
Mas quando uma gestante fica
prolongada e intensamente ansiosa
e tensa, pode haver consequências
desvantajosas para seu filho, porque
uma quantidade maior do hormônio
do estresse, cortisol, penetra o corpo
do feto pelo cordão umbilical. Desse
modo, ele se acostuma com um ní-
vel mais elevado de cortisol e durante
toda a sua vida produzirá muito mais
hormônios de estresse, essas crian-
ças estão constantemente em uma
espécie de estado de alerta.
“Isso é vantajoso quando, mais
tarde, as condições de vida da crian-
ça se tornam extremamente complica-
das, exigindo um alto grau de cuidado
e tensão”, declara Matthias Schwab.
Mas em um ambiente como o de
hoje, a forte tendência na direção do
estresse pode gerar problemas cog-
nitivos e comportamentais, como a
Síndrome de Déficit de Atenção/Hi-
peratividade (TDAH), conforme expli-
cam diferentes estudos.
A impressão digital revela como a mãe se alimentou
No decorrer do 3º mês de gesta-
ção, forma-se um dactilograma, um
desenho de ranhuras na pele das pol-
pas dos dedos das mãos e dos pés,
que permanecerá imutável durante
toda a vida. Uma teoria sugere que
a forma dessas linhas não é determi-
nada apenas pelos genes, mas tam-
bém pelas condições nutricionais no
ventre materno. Quando estas são
ruins, as papilas (elevações da pele
que formam as ranhuras) nos dedos
do feto são muito pronunciadas e for-
mam um desenho circular (1). Papilas
medianamente elevadas geram linhas
inclinadas (2), sinalizando uma boa
alimentação, e com isso papilas pou-
co elevadas, produzem uma impres-
são de linhas em arco (3)
O feto, de fato, sente fisicamen-
te o estado de saúde e ânimo de sua
mãe. Se ela gosta de cantar, por
exemplo, do ponto de vista do nenê
está acontecendo uma coisa espeta-
cular: todos os seus ruídos corporais
entram em sincronia, e sua pare-
de abdominal se torna muito macia.
Consequentemente, o feto associa o
canto a uma sensação de bem-estar e
amplitude espacial. Após o nascimen-
to, esse bebê provavelmente poderá
ser rapidamente acalmado com canti-
gas de ninar e, mais tarde, se sentirá
atraído pela música e pelo canto.
Mas o reverso também é verdadei-
ro. Quando a mãe está descontente e
insatisfeita, os ruídos em seu corpo
se desarmonizam, e a parede abdo-
minal enrijece. Nesse caso, o feto é
comprimido dentro do útero.
“É por isso que programas de
aprendizagem pré-natal direcionados,
em que o feto é exposto proposital-
mente a músicas clássicas ou línguas
estrangeiras, não funcionam”, explica
Hüther. Uma gestante que ama rock,
mas escuta Mozart por causa de seu
bebê, na realidade lhe proporciona
uma experiência física desagradável e
talvez até uma futura aversão à mú-
sica clássica.
“O fator decisivo então não é o
que a mãe faz durante a gravidez,
mas o genuíno entusiasmo que sente
ao fazer o que gosta. É isso que con-
tagia o feto”, resume Hüther.
Então, o que já poderíamos fazer
hoje em dia? Quem se ativer àquilo
que parece naturalmente plausível –
cuidar desde o princípio para que o
bebe tenha um bom desenvolvimento.
Fazer exercício físico, uma alimenta-
ção rica em frutas e legumes, a desis-
tência de ingerir bebidas alcoólicas e
a suspensão do tabagismo –, minimi-
za consequências desagradáveis.
23Livre JULHO, 2010
Curiosidades
Georreferenciamento
Rua 14 de Julho, 1.223 - Vila Glória - CEP 79 004-391 - Campo Grande - MSTel: 67 3321 1755 / Fax: 67 3321 1761 / e-mail: [email protected]
Avaliações e Perícias
Licenciamento Ambiental
Nos EUA o exame de vista
pode ser feito em hiper-
mercado como, por exem-
plo, no Wal Mart. Os idosos e grávi-
das não têm preferência em filas ao
contraria do Brasil onde a legislação
obriga que essas pessoas tenham pre-
ferências. Do lado de lá os bancos não
têm portas eletrônicas aqui todos os
bancos a possuem e mesmo assim
não evitam que diariamente bancos
sejam roubados. Bancos têm sistema
de “Drive Thru”, ou seja: não é preci-
so descer do carro para nenhum tipo
de serviço, inclusive saque do
caixa eletrônico.
Outra questão interessante é
a educação americana, lá a escola é
em período integral (Sete horas por
dia). Eles se dedicam muito aos estu-
dos porque sabem que uma boa esco-
lha de faculdade pode mudar o rumo
da sua vida.
Os americanos é dono da placa do
carro, você compra e vende carros,
mas a placa fica com você. E as leis
de trânsito possuem algumas singu-
laridades diferentes da nossa como,
por exemplo, o passageiro maior de
idade e sem cinto será multado e não
o dono do veículo como é feito aqui
conosco.
Os carros americanos não têm
tranca na tampa do tanque de carro e
o abastecimento é auto serviço você
passa o cartão e enche o tanque, qua-
se não existe frentista.
O voto para eles é facultativo. E
quando há um problema na justiça na
maioria dos casos você não precisa
de um advogado; você representa a si
mesmo no tribunal;
Os testamento pode ser feito dei-
xando todos os bens para quem qui-
ser, inclusive deixando todos os filhos
sem nada.
Na questão imobiliária quando você
aluga um apartamento, a cozinha já
contém armários, fogão, geladeira e
geralmente máquina de lavar pratos.
Contas como telefone, TV a cabo, luz,
podem ser pagos com cheques envia-
dos pelo correio.
Os preços que estão marcados nos
produtos nas lojas não são os mesmos
que serão pagos no caixa, uma vez
que o valor do imposto será acrescen-
tado. Esse valor varia de estado para
estado. Exemplo: Flórida 6%, Rhode
Island 7%, Nebraska 5,5%
Muitas pessoas não lavam roupa
em casa. Vão a lavanderias de auto
serviço. O pagamento é feito com mo-
edas de vinte e cinco centavos depo-
sitadas nas máquinas.
Fonte: Escola de inglês Glotta. Informações por e-mail/msn; [email protected]
A definição de cultura é o conjunto de manifestações artísti-cas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Elas influenciam a maneira comportamental da so-ciedade.Para ilustrar as diferenças que temos entre si vamos mostrar um pouquinho da cultura america. Como os EUA pos-suem o sistema federativo, algumas leis podem variar de Es-tado para Estado diferente daqui do Brasil onde a lei federal é igual para todos os Estados.
Diferenças culturais entre o
Brasil e os EUA
Livre JULHO, 201024
Atualidades
A regra que acaba com os
prazos hoje necessários
para que se peça o di-
vórcio entrou em vigor, mas ainda
suscita dúvidas de como vai funcio-
nar na prática. Essa PEC (Proposta
de Emenda Constitucional) agiliza o
divórcio. Antes da nova regra, só era
possível solicitar o divórcio após um
ano da separação formal (judicial ou
no cartório) ou dois anos da sepa-
ração de fato (quando o casal deixa
de ter vida em comum). E também
tira da Constituição o termo “sepa-
ração”.
Essa segunda mudança, apesar
de sutil, deve provocar questiona-
mento e dúvida entre advogados e
juízes. Uma delas é se a separação
hoje um mecanismo intermediário no
fim do casamento realmen-
te acaba.
A professo-
ra de direito
na FGV-SP
R e g i n a
Bea t r i z
T a v a -
r e s
da Silva defende que a separação
ou pelo menos seus efeitos deve ser
mantida. Isso, diz ela, para possibi-
litar que a discussão de quem tem
culpa pelo fim do casamento perma-
neça.
A definição de quem é culpado
ocorre, hoje, apenas durante a se-
paração não existe no divórcio. A
culpa pode vir de situações como
adultério e violência física.
A mudança tem consequências
na pensão alimentícia (quem é de-
clarado culpado não recebe pensão
integral, apenas o mínimo para so-
breviver) ou no sobrenome (o culpa-
do não pode usar o nome do ex).
“Se não for assim, a mulher que
sustenta a casa e apanha do marido
vai ter que pagar pensão”, diz.
Segundo o juiz Marco Auré-
lio Costa, da 2º Vara de
Família e Sucessões do
Fórum Central de São Paulo, é pos-
sível que os casais queiram migrar a
discussão da culpa para o divórcio,
pelo menos num primeiro momento.
Para o IBDFAM (Instituto Brasilei-
ro de Direito de Família), idealizador
da PEC, é o fim da separação e da
discussão da culpa. Isso porque re-
tirar a menção à separação da Cons-
tituição significa apagá-la também
das leis comuns, diz Paulo Lôbo, in-
tegrante do instituto.
Quem hoje é separado continuará
separado, defende Lôbo. Processos
de separação ainda em curso, porém,
deverão ser convertidos em pedidos
de divórcio. “Quem vai optar pela
separação se é possível um caminho
mais curto?”, questiona a juíza Da-
niela Ferreira, da 1ª Vara da Família
do Rio.
Fonte: Folha de São Paulo
Nova Lei do divórcio rápido entra em vigor, mas ainda provoca dúvidas
Divórcio rápido entre em vigor
25Livre JULHO, 2010
Página
O aumento da obesidade en-
tre mulheres entre 30 e 50
anos pode ter triplicado as
taxas de Acidente Vascular Cerebral
(AVC) nas últimas décadas. É o que
aponta um estudo da Universidade Sou-
thern California, em Los Angeles.
Em uma análise prévia de dados
sobre derrame nos EUA, entre 1999 e
2004, pesquisadores descobriram que
mulheres de 45 a 54 anos tinham duas
vezes mais chance de sofrer um AVC
do que homens da mesma faixa etária.
A partir desses dados, Amytis To-
wfighi e colegas da universidade resol-
veram estudar se o fato representava
uma tendência real e, em caso positivo,
se poderiam revelar explicações.
Os pesquisadores analisaram infor-
mações de cerca de 10 mil homens e
mulheres, a partir de exames do Natio-
nal Health and Nutrition. As informa-
ções foram coletadas em fatias repre-
sentativas da população americana em
dois momentos: de 1988 a 1994 e de
1999 a 2004.
Os autores do trabalho não encon-
traram nenhuma diferença significativa
nas taxas de acidente vascular cere-
bral entre homens (0,9%) e mulheres
(0,6%) no primeiro período. No entanto,
Estudo revela que mulheres
de 30 a 50 anos têm mais
chances de sofrer um AVC
que homens
uma diferença surgiu na fase posterior,
quando o número de mulheres que re-
lataram ter sofrido um derrame saltou
para 1,8%, enquanto a taxa entre os
homens continuou igual.
A descoberta desafia o pensamento
tradicional de que os homens têm maio-
res chances de sofrer um AVC que as
mulheres, segundo disseram os pesqui-
sadores no periódico ‘Stroke’.
Na tentativa de decifrar o que pode
ter contribuído para a tendência as-
cendente em curso entre as mulheres,
eles viram que as do segundo período
tinham mais chances de ser obesas, ter
pressão arterial alta e níveis elevados
de gorduras nocivas ao sangue (triglicé-
rides), em comparação às mulheres da
primeira fase analisada.
Mais do que as mulheres no período
de tempo mais tarde, foram também so-
bre a pressão arterial e os medicamen-
tos hipolipemiantes, refletindo os esfor-
ços para melhorar o controle dos fatores
de risco para AVC nos últimos anos.
“A epidemia da obesidade provavel-
mente contraria muitos dos avanços e
medidas de prevenção em curso”, disse
Towfighi à Reuters.
O conselho para evitar um AVC é
ter um estilo de vida saudável: praticar
exercícios físicos regularmente, manter
um peso normal, comer frutas e verdu-
ras, não fumar e beber álcool com mo-
deração.
O presidente eleito da American He-
art Association (AHA), Ralph Sacco,
que não participou do estudo, concor-
da. “Nunca é tarde para começar a co-
mer direito e aumentar a atividade física
em nossa rotina diária.”
Fonte: Estadão.
pode triplicar risco de derrame em mulheres de meia idade
Entrevista
Fabio Trad
O início...
Após terminar a graduação em Direito, co-
mecei a colocar em prática minhas idéias
no exercício da trajetória profissional.
Logo de início, o que chamou minha atenção foi a carên-
cia de profissionais para atender pessoas que necessitavam
de advogados, mas não tinham condições financeiras para
ter assegurado seu pleno direito de defesa. Pouca gente se
interessava por esses casos e a defensoria pública tinha
número limitado de profissionais. Aquilo me atraiu
de imediato e passei a participar de júris em de-
fesa de réus mais pobres. Essa iniciativa me
levou a ser nomeado pelo juiz de direito
do Tribunal do Júri de Campo Grande
o que, pra mim, foi muito gratifican-
te por sentir que estava sendo útil
para aquelas pessoas e à socieda-
de como um todo.
Também me interessei pe-
las atividades classistas da
área jurídica e sempre quis
participar. Meu envolvi-
mento pelas causas
da advocacia e da
sociedade me le-
vou a integrar
a Comissão
dos Direitos
Humanos da
OAB e o
Conse l ho
Penitenciá-
rio de Mato
Livre JULHO, 2010
Em entrevista exclusiva a revista Livre, Fábio Trad conta um pouco da sua trajetória profissional e porque quer ir mais longe
26
27Livre JULHO, 2010
Página
Grosso do Sul. Depois, fui convocado a
um teste para lecionar que resultou em
11 anos dando aulas de Direito Penal, o
que eu fazia com prazer. Nesse período,
tive a grata oportunidade de estabelecer
contato com outros colegas professores
e milhares de acadêmicos de direito que
vieram se tornar colegas profissão.
Daí em diante, cada desafio me atraía
e as conquistas coletivas eram um es-
tímulo ainda maior para seguir adiante.
Acabei angariando o apoio de profissio-
nais do direito que acabaram me indican-
do para disputar a presidência da Seccio-
nal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Eleito, assumi a importante missão em
2007 e por três anos de gestão, com
apoio fundamental dos colegas e da pró-
pria sociedade que compreendeu nossa
missão corporativa e coletiva, conquista-
mos inúmeros avanços no fortalecimen-
to da classe dos advogados e demais
segmentos jurídicos, como também em
defesa da sociedade civil como um todo.
Ordem avante!
No plano institucional, uma de nos-
sas principais conquistas na presidên-
cia da Ordem foi a extinção em Mato
Grosso do Sul da concessão das ricas
pensões vitalícias para políticos, que
envolveu a OAB nacional e se espalhou
por todo o Brasil, tema que ganhou re-
percussão em toda a mídia brasileira.
Essas pensões garantiam a governado-
res receber com apenas um mandato
a mordomia de ter uma aposentadoria
para toda a vida, algo em torno de R$
24 mil reais por mês. Poderia até soar
como uma piada de mau gosto, mas que
na verdade era algo muito sério bancado
com o dinheiro pago pelo contribuinte.
Em 2006, a Assembléia Legislati-
va havia criado uma brecha na lei para
contemplar todos os governadores com
pensões bastando para isso ter sido elei-
tos apenas uma única vez. Não fosse a
iniciativa da OAB-MS contra esse abuso
de poder, que levou o assunto ao Su-
premo Tribunal Federal (STF) acabando
assim com a mordomia, a situação po-
deria ter até se agravado, pois senado-
res, deputados, prefeitos e até mesmo
vereadores teriam brechas legais para
exigir pensões vitalícias semelhantes. E
de onde sairia todo esse dinheiro? De
cada um de nós contribuintes e eleito-
res, claro! Compramos a briga, fomos
ao Supremo Tribunal Federal e ganha-
mos a causa. O STF proibiu em todo o
território nacional a concessão de pen-
Fabio com o pai Nelson Trad (deputado federal) e a mãe Therezinha Mandetta Trad.
sões vitalícias aos políticos, evitando,
assim, de que se fosse criado um regime
privilegiado e vergonhoso de previdên-
cia às nossas custas.
No plano corporativo durante nossa
gestão na OAB conseguimos também
dezenas de vitórias. Podemos citar, por
exemplo, que, graças a uma série de
atuações junto ao Poder Judiciário, con-
seguimos reduzir de forma significativa
a burocracia que emperrava o trabalho
do advogado. Essas conquistas permi-
tem que hoje eles possam exercer mais
livremente e de forma mais ágil suas ati-
vidades e tenham ampliados o respeito
às suas prerrogativas de exercício pleno
da profissão da advocacia asseguradas
na Constituição Federal. Outra conquis-
ta beneficiou os advogados e também
toda a sociedade, quando conseguimos
barrar um aumento de mais de 3.000%
(três mil por cento) das taxas judiciais
em 2008, projeto que o Tribunal de Jus-
tiça havia encaminhado para a Assem-
bléia Legislativa. Graças à nossa inter-
venção a repercussão foi tão grande na
imprensa e a reação indignada da popu-
lação acabou levando a Casa de Leis a
rejeitar o tarifaço judiciário. Ao fim de
nosso mandato na OAB, em aprovação
recorde de 88% constatada por institu-
to de pesquisa junto aos profissionais.
Tenho isso como resultado de um incan-
sável e gratificante trabalho coletivo em
que, felizmente, conquistamos muitos e
importantes colaboradores.
Por que pleitear um cargo público
A projeção de nosso trabalho e mi-
nha paixão pelas causas coletivas em
defesa da sociedade levou meu nome
a ser indicado para disputar uma vaga
para deputado federal na tentativa de
renovar os quadros políticos e oxigenar
o Congresso Nacional com novas idéias.
Em fevereiro comecei a ver um grande
fluxo de lideranças interessadas em co-
28 Livre JULHO, 2010
Entrevistanhecer meus projetos e o movimento se
consolidou me levando a aceitar esse
novo desafio.
Um deputado federal tem, basica-
mente, três atribuições. A primeira é
independência para fiscalizar o Poder
Executivo federal. A segunda é a libera-
ção de recursos e, nesse aspecto, vem
a experiência que meu pai, Nelson Trad,
que conhece como poucos o Congres-
so, possui excelente trânsito nos minis-
térios em Brasília e será um excelente
professor para que eu possa percorrer
os caminhos que viabilizem recursos
em prol do desenvolvimento de nosso
estado. E a terceira e fundamental atri-
buição é a de legislar. Vamos propor
e defender as leis boas que realmente
melhorem a qualidade de vida de todos
cidadãos e nos empenhar com o mesmo
afã no sentido de barrar projetos e re-
vogar leis que são nocivas à sociedade.
Um projeto de lei que pretendo pro-
por e aprovar vai garantir a estabilidade
no emprego para o pai, assim que seja
constatada a gravidez da sua esposa, se
ela não tiver direito à licença materni-
dade. Em relação específica ao nosso
estado, vou me empenhar para melhorar
a estrutura do serviço de saúde pres-
tado nas cidades do interior. Isso vai
descongestionar e também melhorar o
atendimento nos hospitais e serviços de
saúde da Capital que recebem pacientes
de todo Estado e até de países vizinhos
como a Bolívia e o Paraguai. Precisamos
melhorar as condições hospitalares no
interior para que a sociedade seja trata-
da com dignidade em sua própria região.
Enfim meu nome está sendo coloca-
do à disposição para representar com
respeito e dignidade o povo sul-mato-
grossense e lutar para que o desenvol-
vimento sustentável e econômico venha
não apenas a ser tema de discursos ou
um projeto futuro, mas realidade pre-
sente em todas as regiões de Mato
Grosso do Sul.
Fabio com o irmão mais velho Nelson Trad filho, atual prefeito de Campo Grande.
29Livre JULHO, 2010
Piadas
Esse pode dizer que comeu uma sereia Em ano de eleição preste atenção! A lei da oferta e da procura
A sua sala não é mais a mesma Situação constrangedora Será que esse gordinho vai falar o que sabe?
Isso sim é ser prático
E ainda as mulheres sonham em casar...Coma um porquinho saudável
Livre JULHO, 201030
Entre o Sim e o Não
Esses também, muitas vezes, são
eliminados por nosso Ego eufórico e
furioso. Mas existe aquele outro que,
aparentemente, é diametralmente
oposto a mim. É o “menino/a de rua”,
o andarilho, o bandido, aquele alí de
boné, esse aí da esquina, o favelado,
o mal vestido, o doente terminal, o
“demente” metal, o pião, o bóia fria,
o cabeludo, o gay, a sapatão, enfim,
tudo aquilo que jamais eu serei.
Aparentemente, posso ser feliz
sem eles/as, não é? Será? Será que
podemos ser plenamente felizes na
exclusão? Será que podemos saciar
plenamente nossa fome em um ban-
quete enquanto sabemos que do lado
de fora do salão há pessoas morrendo
de fome?
Nosso destino, sem dúvida, é a fe-
licidade. Só que ela não virá através
de qualquer coisa que seja, ela não
é comprável. A felicidade tem de ser
construída por nós, tijolo por tijolo,
dia a dia, a todo momento. Construir
a felicidade significa, antes de tudo,
saber se o que me faz feliz, também
pode fazer o outro feliz.
Rodrigo Cupelli mora em Foz do Igua-
çu e, apesar dos pesares, tenta ser
feliz.
Quem é
aquele alí?
humana, entre as pes-
soas, sem a qual não
existiríamos. Só
existimos em rela-
ção, já parou para
pensar nisso? Somos,
invariavelmente, uma
espécie social, meio
pelo qual nos constitu-
ímos em pessoas.
Sendo assim, não
posso ser feliz por
mim mesmo. Só
posso ser feliz através
do outro, ou melhor, dos outros. Aí
reside o cerne dessa questão. Acon-
tece que em nossas sociedades ca-
pitalistas ocidentalizadas o outro é
essencialmente aquele que temos de
eliminar de nós mesmos. Nossa fe-
licidade é condicionada não ao ser,
não às relações interpessoais que
nos constituem enquanto pessoas;
mas, sim, ao ter, à satisfação mui-
to mais material do que “espiritual”
(não no sentido religioso, mas de
existência).
O outro se torna invisível, nos
desconforta, nos desestabiliza. E
quando digo “o outro”, não estou
apenas me referindo aos nossos ami-
gos, família ou colegas de trabalho.
Não é novidade que o ser
humano nasce para ser
feliz. Esse é nosso des-
tino e nossa obrigação. Mas, porque
será que, muitas vezes, não somos
felizes? Ou não somos felizes ainda?
Talvez, no mais íntimo de nosso
ser, naquele espaço que só cada um
conhece em si mesmo, talvez aí resi-
da a resposta para tal pergunta. Mas,
quero ariscar alguns palpites.
Não somos ainda plenamente fe-
lizes porque a felicidade é relação.
Temos que concordar com Vinícios,
“é impossível ser feliz sozinho”. Mas
aqui, vamos deixar de lado o amor
conjugal, pelo menos por agora. A
relação a que me refiro, é a relação
Somos perfeito para você, que sabe aonde quer chegar.
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