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FORTALEZA-CE, QUARTA-FEIRA, 18 de abril de 2007

FORTALEZA6

P R O T E S T O

Servidores paralisam por 24 horas no Ceará

Com faixas de protesto e nariz de palhaço, servidores públicos federais do Ministério da Saúde e do INSS se reuniram ontem pela manhã em um ato público em frente à sede da Fundação de Seguridade Social. O ato, em Fortaleza, foi o ponto central da paralisação de 24 horas que aconteceu em todo o País. Os servidores protestaram, princi-palmente, contra a decisão do Governo Federal de suspender a assistência de saúde comple-mentar aos quase 90 mil pais de servidores em todo o Brasil até o fim do ano.

“A paralisação é um sinal de alerta para o Governo. Caso não aconteçam negociações, os servi-dores do Ceará estão mobilizados para uma greve”, afirma Luciano Simplício, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência Social do Estado do Ceará (Sinprece). On-tem, o Hospital Geral de Fortale-za, o Hospital de Messejana do Coração e o Hospital de Maraca-naú diminuíram o atendimento. Na gerência central do INSS em Fortaleza foi respeitado o núme-ro mínimo de 30% de servidores na repartição, nos outros postos não houve atendimento.

No ato público ainda foi apresentado os eixos da Campa-nha Salarial 2007 dos Servidores Públicos Federais (SPFs) e pro-testado o Projeto de Lei Comple-mentar (PLP 01-07), que integra o Plano de Aceleração do Cresci-mento (PAC) e congela o salário dos servidores por 10 anos. Ou-tra reivindicação da categoria é sobre as condições de trabalho. Segundo os servidores, agências

do INSS estão sucateadas e falta estrutura nos postos de saúde e hospitais da Capital e do Interior. No ano passado, um dossiê foi entregue ao Ministério da Saúde e até agora nada foi feito. “Como vamos atingir o Plano de Me-tas sem condições de trabalho”, questiona a servidora Carmem Marques.

Durante o resto do dia, os servidores continuaram as dis-cussões nas sedes dos órgãos. À tarde, a partir das 14 horas, no prédio do INSS, representantes do sindicato e da categoria re-alizaram uma assembléia para avaliar o ato público e definir a posição do Ceará na Plenária Nacional, no dia 21, em Brasí-lia, em que deve decidir ou não pela greve. Carmem informou que o encontro deliberou pela greve por tempo indetermina-do. Segundo ela, o dia de mo-bilização foi muito satisfatório, pois boa parte dos serviços am-bulatoriais e burocráticos per-maneceram fechados. A última greve da categoria aconteceu em 2005 para ser cumprido o que foi acordado pelo Governo na greve de 2004.

SAIBA MAISn Ministério da Saúde possui 3.082 servidores ativos em todo o Ceará;n INSS possui 2.152 servidores ativos em todo Ceará 2.152;n Serão cerca de 30 mil pais de servidores do INSS prejudicados com a medida do Plano de Saúde dos Servidores Públicos Federais e cerca 60 mil pais de servidores do Ministério da Saúde.

Fonte: Sinprece

DIA NACIONAL DOLIVRO INFANTILHoje é Dia Nacional do Livro Infantil e o Instituto Meta de Educação (Imeph), na rua Carlos Vasconcelos, 1.926, preparou atividades para hoje, dia em que se comemora também o aniversário do escritor Monteiro Lobato. A partir das 8h30min, haverá a presença de Ângela Escudeiro e do Teatro com o boneco Pirrulica. Terá uma Oficina de Origami, coordenada por Gilson Costa, além de animações, teatro de bonecos, gincanas e o Cordel de Arievaldo Viana em homenagem a Monteiro Lobato. O livro de Audifax Rios, intitulado Cada flor com sua cor, que ensina como combinar e usar as cores, será lançado às 16 horas. Informações 3261-1002.

SETE HOMICÍDIOSNO INTERIORA Polícia registrou sete homicídios no Estado entre a noite da última segunda-feira e a manhã de ontem. Os casos ocorreram nos municípios de Senador Pompeu, Acopiara, Juazeiro do Norte, Guaramiranga, Farias Brito, Russas e Jijoca de Jericoacoara. Em um deles se envolveram dois irmãos. Foi na localidade de Belo Ho rizonte, em Farias Brito.

ADOLESCENTE TERIATENTADO MATARDONO DE POUSADAEm uma semana, um mesmo adolescente, de 16 anos, cometeu três crimes no bairro Caça e Pesca. A última ocorrência foi na segunda-feira, 16, quando o jovem teria tentado assassinar um homem de 59 anos, proprietário de uma pousada no bairro e que pediu para não ser identificado. Na noite do dia 9, segundo a Polícia e testemunhas, o adolescente teria invadido a pousada do homem baleado, com outros seis homens, espancando quem estava no local. Na semana passada, o jovem foi apreendido pela Polícia com um revólver, roubado de um vigilante que faz a segurança de uma escola da área e conduzido à Delegacia da Criança e do Adolescente. No último sábado, entretanto, ele foi solto pelo crime.

CAPITÃO DEPÕEHOJE EM IGUATUO capitão PM Daniel Gomes Bezerra, acusado de matar os irmãos Leonardo e Marcelo Moreno Teixeira, fato ocorrido em Iguatu, no dia 17 de março último, será interrogado hoje à tarde na Justiça daquele município. O oficial já se encontra em Iguatu desde a manhã de ontem. O interrogatório do capitão Daniel está sendo aguardado com expectativa. Nada menos de 60 PMs irão garantir a presença do capitão no Fórum de Iguatu durante o seu interrogatório.

APOSENTADO É ASSASSINADOUm homem foi morto a tiros de revólver na noite da última segunda-feira, no cruzamento da avenida Francisco Sá com a rua Cruzeiro do Sul, no bairro Carlito Pamplona. A vítima foi identificada como sendo o aposentado Arigolino Conceição da Silva, 60 anos, natural do Pará. Dois homens, segundo a Polícia, foram os autores do crime. Eles, conforme ainda apurou a Polícia, agiram para roubar a motoneta, na qual a vitima viajava. A motoneta foi encontrada abandonada, mais tarde, no bairro Álvaro Weyne.

APREENDIDOS 100 QUILOS DE MACONHAPoliciais da Delegacia de Narcóticos apreenderam no início da noite da última segunda-feira no Conjunto Esperança 100 quilos de maconha prensada que estavam acondicionados em 68 pacotes dentro de um táxi. Duas pessoas foram presas: o taxista José Ranilson Lázaro da Silva, 20 anos, residente no Parque São José e Fernando Wigor Herculano Rodrigues, 28, morador do Mondubim. Ranilson e Fernando Wigor acabaram sendo autuados em flagrante na Denarc pelo delegado Bruno de Figueiredo.

BREVES

Sargento da PM é ouvidoTESTEMUNHA EXECUTADA ] Um sargento reformado da PM foi ouvido ontem pelos delegados que investigam a morte da estudante Ana Bruna de Queiroz, do ex-PM Ademir Mendes e do comerciante Valter Portela. O policial aposentado seria o dono da arma apreendida com o homem que matou a estudante, mas ele nega envolvimento no caso

ROBERTO CÉSAR

Cláudio Ribeiroda Redação

O nome de mais um po-licial militar entra na lista de investigados sobre a morte da es-

tudante Ana Bruna de Queiroz, 17 anos, testemunha-chave na morte do ex-PM Ademir Mendes, seu namorado, e do comerciante Valter Portela, morto em março deste ano. O POVO apurou que, ontem pela manhã, os delegados Jairo Pequeno, Andrade Júnior e Franco Júnior, que apuram o caso, tomaram o depoimento de um sargento reformado da PM que seria o dono da arma encon-trada em poder de José Veridiano Fernandes Nogueira. Veridiano é o homem que matou Ana Bruna com três tiros (dois na cabeça e um no pescoço), na última sex-ta-feira, e que, ao ser persegui-do logo após cometer o crime, acabou baleado por soldados do motopatrulhamento do bairro Aerolândia. Ainda não é possí-vel confirmar, oficialmente, se a arma seria a mesma usada para matar a estudante. O outro acu-sado fugiu.

A arma, um revólver calibre 38, estaria em nome do sargento. O POVO opta por não divulgar a identidade para não atrapalhar as investigações. Teria sido compra-da, segundo ele informou aos dele-gados, num financiamento incen-tivado dentro da própria PM, mas ele depois a teria vendido. A aber-tura de crédito aos policiais para aquisição de armamento é comum dentro da corporação. O policial aposentado tem cerca de 70 anos e teria se mostrado surpreso ao ver seu nome envolvido no inqué-rito. Ele teria garantido não saber

como o revólver chegou às mãos de Veridiano, que também alegou não conhecer. Segundo o coman-dante da PM, coronel Adail Bessa, a investigação foi feita pelo major Eduardo, gerente de operações do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), e o capitão Be-lini, do Comando de Policiamento da Capital.

No depoimento prestado na última segunda-feira, num leito de enfermaria do Instituto José Frota (IJF-Centro), onde se recupera de cirurgia, Veridia-no teria reivindicado o direito constitucional de só falar diante de um juiz. Pelo menos é o que consta oficialmente no seu auto de prisão em flagrante. Por en-quanto, foi a única documenta-ção já reunida ao inquérito (nº

134-0177) enviada ao promotor José Wilson Furtado, da 5ª Vara do Júri. Ele também passa a tra-balhar no caso pela figura jurídi-ca da “competência por preven-ção” (por ser o representante do Ministério Público na Vara Judi-cial onde o processo deverá tra-mitar). Há mais três promotores atuando na investigação.

Como testemunha na morte de seu namorado Ademir Men-des, ocorrida no último dia 8, e do comerciante Francisco Val-ter Portela, assassinado dia 1º de março passado, Ana Bruna de-nunciou um esquema envolven-do policiais civis e militares da ativa que atuariam num suposto grupo de extermínio. De policiais identificados como envolvidos, além de Ademir, haveria um sol-dado preso no 5º Batalhão da PM

- preso por porte ilegal de arma e por adulterar um revólver cali-bre 38 para que a arma pudesse receber munição de calibre 357, de uso restrito.

Ana Bruna teria revelado detalhes dos crimes desse gru-po poucas horas antes de ser morta. Antes, já havia dado ou-tro depoimento contando que o namorado recebera R$ 10 mil para matar Valter Portela - que denunciara um esquema de ex-torsão envolvendo um delegado, dois inspetores da Polícia Civil, um PM e um advogado, em 2005. O inquérito conduzido pela for-ça-tarefa corre em segredo de justiça. Ontem à noite, O POVO não conseguiu falar por telefone com o delegado Jairo Pequeno, que coordena o grupo de dele-gados do caso.

ARMA USADA por José Veridiano Fernandes Nogueira seria de um sargento reformado da PM

Ana Bruna poderia ter outros tipos de proteção

Além do Programa de Proteção a Testemunhas (Provita), Ana Bruna de Queiroz Braga, 17, poderia ter tido outras formas de proteção para não ter sido assassinada, o que acabou acontecendo na noite da última sexta-feira,13. Ela era uma peça importante no esclarecimento de um grupo acusado de execuções no Estado. Nos depoimentos que prestou à Polícia, estão informações sobre a morte do comerciante Valter Portela, morto em 1º de março, e de seu companheiro, o ex-PM Ademir Mendes, assassinado no dia 8 de abril.

O Serviço de Proteção ao Depoente Especial (SDPE), ligado à Secretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, poderia ter sido uma das alternativas enquanto a jovem ainda estava prestando depoimentos à Polícia. Regulamentado pelo Decreto 3.518/2000, o SDPE tem a atribuição de conceder pouso provisório. A medida é necessária quando é preciso o emprego de uma proteção policial extra para a pessoa, que pode ser deslocada para uma casa ou hotel. A testemunha passa a ficar sob a escolta da Polícia Federal (PF). De

acordo com a assessoria de imprensa da PF, o serviço é coordenado de Brasília e pode ser solicitado pelos ministérios público Estadual ou Federal, judicialmente ou, em alguns casos, pelas polícias estaduais.

Segundo informações do Ministério Público Estadual, o Provita chegou a ser oferecido para a jovem, mas ela havia ficado de dar uma resposta posteriormente, pois a entrada na proteção é voluntária. Instituído através da Lei 9.807/99, o programa prevê medidas para que

testemunhas ou vítimas de organizações criminosas, por exemplo, possam acompanhar processos de investigação contra os criminosos que denunciaram ou são perseguidas com segurança. Entre as medidas adotadas pelo programa, estão a troca de residência, se necessário a transferência da pessoa e sua família para outro estado ou, em casos mais extremos, a mudança de identidade.

Mas Maria Cristine de Oliveira, que faz parte da Coordenação Colegiada do Fórum Cearense de Enfrentamento da Violência do Ceará, denuncia que Provita do Estado está com sérios problemas para inserir pessoas. Ela lembra de um caso, ocorrido no ano passado, em que uma adolescente vítima de violência precisou ser inserida no programa, mas foi negado por falta de vaga. “Infelizmente não temos a efetivação dessa política de proteção a testemunhas. No caso de Ana Bruna, o que também poderia ter sido feito era uma maior proteção policial à jovem. A gente sabe que é um caso grave e precisava desse apoio”, diz Cristine.

O Serviço de Proteção ao Depoente Especial (SDPE), ligado à Secretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, poderia ter sido uma das alternativas enquanto a jovem ainda estava prestando depoimentos à Polícia

ENTENDA O CASO10/2005 - O comerciante Francisco Valter Portela, 42, denuncia um esquema de extorsão envolvendo um delegado, dois inspetores da Polícia Civil, um PM e um advogado. Para se livrar de uma ameaça, ele teria pago R$ 12,3 mil ao grupo.

1º/3/2007 - Valter Portela é executado dentro de seu carro, no bairro Siqueira, com seis tiros de pistola.

8/4 - O ex-soldado da Polícia Militar, Ademir Mendes de Paula, 35, é morto com oito tiros na avenida 1, no Loteamento Arvoredo.

9/4 - Ana Bruna de Queiroz Braga, 17, presta depoimento à Polícia. A jovem revela que o companheiro, o ex-PM Ademir Mendes, teria recebido R$ 10 mil para matar o comerciante Valter Portela.

12/4 - A testemunha revela a uma prima que está sendo seguida. Temendo alguma represália, ela passa a morar em outro bairro.

13/4 - Ana Bruna presta novo depoimento na SSPDS. À noite, no mesmo dia, ela retorna à Aerolândia para rever amigos. Por volta das 20h30min, é morta com três tiros (dois na cabeça e um no pescoço). O acusado, José Veridiano Fernandes Nogueira, foi baleado por um PM e encaminhado ao IJF-Centro.

14/4 - Os dois delegados que acompanhavam o caso, Francisco Alves e Deodato Fernandes, são afastados sob determinação da SSPDS. O diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), Jairo Pequeno, assume a condução das investigações.

16/4 - A força-tarefa composta de três delegados e chefiada por Jairo Pequeno, ouve José Veridiano na enfermaria-xadrez do IJF. No depoimento, ele confirmou que uma segunda pessoa participou do assassinato de Ana Bruna.

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#Data: 070418 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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#Autor: Cláudio Ribeiro #Crédito: Roberto César <INVESTIGAÇÃO> <ASSASSINATO> <TESTEMUNHA> <POLICIAL> <GRUPO DE EXTERMÍNIO> <ANA BRUNA DE QUEIROZ BRAGA> <VALTER PORTELA> <CEARÁ>
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