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PROCURADORIA ADMINISTRATIVA
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PARECER N. 080/2012- PROCAO/PGDFPROCESSO N. 401.000.067(2011 (02 volumes)INTERESSADO:Subsecretaria de Licitações e Compras do Distrito FederalASSUNTO: aplicabilidade do art. 3°, lI, do Decreto Federal n. 7.174/2010
c
ADMINISTRATIVO - LICITAÇÃO - CONTRATAÇÃO DE BENSDE INFORMÁTICA E AUTOMAÇÃO - ART. 30, lI, DODECRETO FEDERAL N. 7.174/2010 - INEXISTÊNCIA DAREGULAMENTAÇÃO ESPECÍFICA RECLAMADA PELOALUDIDO DISPOSmVo - PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, DAISONOMIA E DA COMPETrnVIDADE - INAPLICABILIDADEDA NORMA
1. Inexistindo a regulamentação específica reclamada peloinc. li, art. 30, do Decreto Federal n. 7.174/2010, nãohá como exigir seu cumprimento.
2. Diante da lacuna normativa, a eleição de determinadoorganismo certificador, em licitação, para fins dehabilitação técnica, fora a questão da legalidade, poderiaresultar em prejuízos à competitividade e à isonomia.
3. Nessa quadra, e enquanto ela perdurar, compete aoPoder Público licitante fixar o padrão mínimo dos bensde informática a serem adquiridos.
4. Para efeito de demonstração do atendimento do padrãomínimo fixado pelo Poder Público, pode ser admitida aprova da habilitação técnica por meio da apresentaçãode certificado expedido por orçentsrno credenciado peloINMETRO, desde que não seja o único meio de provapossível.
Senhor Procurador-Chefe da Procuradoria Administrativa,
FOLHA 4 \"1
PÁ 40100006712011
RUE fr MAT429651
A Subsecratária de Licitações e Compras do Distrito Federal
consulta esta Casa acerca da aplicabilidade do art. 30, inc. 11, do Decreto
Federal n. 7.174/20101, de seguinte teor:
1Relatório
I Regulamentou a contratação de bens e serviços de informática e automação no âmbito da AdministraçãoFederal.' " ~." ,..
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2
Art. 30 Além dos requisitos dispostos na legislação vigente, nasaquisições de bens de informática e automação, o instrumentoconvocatório deverá conter, obrigatoriamente:[" ,JII - as exigências, na fase de habilitação, de certificações emitidaspor instituições públicas ou privadas credenciadas pelo InstitutoNacional de Metrologia, Normalização e Qualidade IndustrialInmetro, que atestem, conforme regulamentação específica, aadequação dos seguintes requisitos: (grifou-se)a) segurança para o usuário e instalações;b) compatibilidade eletromagnética; ec) consumo de energia;
No Despacho de fi. 410, lembra a autoridade consulente que, no
parecer PROCAD n. 1,277/2010, por ocasião da análise de minuta-padrão de
edital de pregão eletrônico para compra de material de informática,
recomendou-se o cumprimento do aludido decreto federal.
Alega a Subsecretária, porém, que por inexistir a regulamentação
específica reclamada pelo art. 3°, inc. lI, do mencionado decreto, estaria
comprometida a aplicação do dispositivo.
cNo Despacho de fls. 405/409, a Sra. Pregoeira, ao noticiar a
questão à Subsecretaria de Licitações e Compras, transcreve email recebido da
Ouvidoria do INMETRO, no qual o referido órgão informa que, em face do
disposto no art. 30 do Decreto n. 7.174/2010, está desenvolvendo um Programa
de Avaliação de Conformidade voluntário para Bens de Informática, com foco na
segurança elétrica, compatibilidade eletromagnética e desempenho energético,
Consta do email que, apesar de o mencionado programa ainda não ter sido
concluído, existem vários organismos de certificação de produtos acreditados
pelo INMETRO no escopo da Informática - Segurança de Equipamentos para
Tecnologia da Informação que podem certificar, no campo voluntário, tais
produtos. Esclarece a autarquia, porém, que nesses casos não há aposição de
selo do INMETRO, limitando-se aí a acreditar 05 Organismos, ou seja, verificar a
competência técnica do mesmo para atuação na área.
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J
Em síntese, o relatório. filHA 4 \0PA 401000 06i/2011
RU! ,Q. MAT42Sfi512 Fundamentação
Deveras, no Parecer PROCAD 1.277/2010, de autoria deste
Procurador, recomendou-se a observância do Decreto Federal n. 7.174/2010,
em face da sua incorporação à legislação local através do Decreto Distrital n.
32.218/2010'.
o decreto incorporado elenca cláusulas de presença obrigatória nos
editais de licitação para aquisições de bens de informática e automação:
c
Art. 30 Além dos requisitos dispostos na legislação vigente, nasaquisições de bens de informática e automação, o instrumentoconvocatório deverá conter, obrigatoriamente:I - as normas e especificações técnicas a serem consideradas nalicitação;II - as exigências, na fase de habilitação, de certificações emitidaspor instituições públicas ou privadas credenciadas pelo InstitutoNacional de Metrologia, Normalização e Qualidade IndustrialInmetro, que atestem, conforme regulamentação específica, aadequação dos seguintes requisitos:a) segurança para o usuário e instalações;b) compatibilidade eletromagnética; ec) consumo de energia;IH - exigência contratual de comprovação da origem dos bensimportados oferecidos pelos licitantes e da quitação dos tributos deimportação a eles referentes, que deve ser apresentada nomomento da entrega do objeto, sob pena de rescisão contratual emulta; eIV - as ferramentas de aferição de desempenho que serão utilizadaspela administração para medir o desempenho dos bens ofertados,quando for o caso.
2 Art. }O A contratação de bens e serviços de tecnologia da informação no âmbito da Administração Direta eIndireta do Distrito Federal reger-se-á, no que couber, pelo disposto no Decreto Federal n'' 7.174, de 12 de maiode 2010 e na Instrução n° 04, de 19 de maio de 2008, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação doMinistério do Planejamento, Orçamento e Gestão.Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput as empresas públicas e sociedades de economia mistamantidas com recursos próprios.
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fOLHA 4 rtPÁ 40100006712011
RUB~ MAT42ll51 4Relativamente ao inciso lI, parece a este Procurador que, de fato,
tal como sustentado pela autoridade consulente, inexistindo a regulamentação
específica por ele reclamada, não há como exigir seu cumprimento.
o princípio da legalidade - vetor obrigatório da Administração
Pública - não é a única razão que conduz a essa conclusão, a qual também se
alcança por questões de ordem prática.
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Certo, existem organismos, credenciados pelo INMETRO, que
emitem certificados de conformidade, e aos quais as empresas podem
submeter-se voluntariamente para obtenção de certificados de seus produtos,
conforme noticiado no email da Duvidaria do INMETRO.
Entretanto, salvo melhor juízo, não há como garantir a
uniformidade de eleição de critérios mínimos para obtenção desses certificados,
papel esse que se espera seja desempenhado pela regulamentação específica
reclamada pelo Inc. II do art. 3° do Decreto n. 7,174/2010.
cInexistindo parâmetros mínimos fixados, é de supor que cada
organismo escolha os critérios que julgar pertinentes, de modo que, ao menos
em tese, é possível sejam obtidas respostas diferentes para o mesmo produto, a
depender do organismo certificador.
Daí se segue que a eleição de um ou outro organismo certificador
para efeito de habilitação técnica em licitação, ao fim e ao cabo, pode acarretar
restrição desnecessária da competitividade e da isonomia do certame.
Basta imaginar a hipótese, perfeitamente factível, de um produto
ter o padrão mínimo desejado pelo Poder público, mas não alcançar os critérios
requeridos por determinado organismo certificador. Seria o produto alijado da
licitação mesmo sendo prestável aos interesses da Administração.
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FOLHA LjI8'pj 401000061/2011
RUB $ MAT42S651 5
Outra hipótese, também factível, é o bem dispor do padrão
requerido pelo organismo eleito pelo edital de licitação, mas não ter sido
submetido previamente à certificação desse específico organismo, simplesmente
por não haver obrigação legal nesse sentido. Também aí haveria prejuízo à
competitividade e à isonomia.
(
A superação do primeiro inconveniente de ordem prática apontado
seria possível se o Poder Público licitante pudesse afirmar, com a segurança
necessária e apresentando a devida fundamentação técnica, que o organismo
certificador escolhido elege apenas os critérios mínimos indispensáveis para
aferição da adequação do produto.
No entanto, no sentir deste Procurador, nessa situação voltar-se-ia
ao impedimento trazido pelo princípio da legalidade, já que o art. 3D, Il, do
Decreto n. 7.174/2010 reclama regulamenta especificação para definição dos
critérios para aferição da adequação dos requisitos segurança para o usuário e
instalações, compatibilidade eletromagnética e consumo de energia. Com efeito,
poderiam aduzir as empresas, não sem razão, que nada as obriga a submeter
seu produto a este ou aquele organismo certificador.
( Anota-se que a aguardada regulamentação específica permitirá
suplantar questionamentos desse jaez, porque, estabelecidos critérios mínimos
de certificação, as empresas que queiram licitar poderão optar por qualquerdos organismos credenciados pelo INMETRO,de modo que não se poderá alegar
ofensa à legalidade.
Diante dessa quadra, parece não ser legal, nem conveniente,
eleger, em editais de licitação, este ou aquele organismo certificador.
Para fins de cumprimento do inc. 11 do art. 30 do Decreto n.
7.174/2010, acredita-se ser preferível aguardar a conclusão do Programa de
Avaliação de Conformidade do INMETRO, que se encontra em fase de
desenvolvimento, conforme noticiado no email de sua Ouvidoria.
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Por outro lado, enquanto o Programa de Avaliação de Conformidade
do INMETRO não estiver concluído, compete à própria Administração Pública
fixar, em instrumentos convocatórios, o padrão mínimo esperado dos bens deinformática e automação quanto à segurança para o usuário e instalações,
compatibilidade eletromagnética e consumo de energiaI bem como os
respectivos meios de prova. Na verdade, isso faz parte da própria descrição do
objeto, deve ser feita adequada e detalhadamente, porém sem prescrições
excessivas ou desnecessárias.
Registra-se que o Poder Público licitante pode admitir, como
requisito de habilitação técnica, prova do atendimento do padrão mínimo fixado
mediante apresentação de certificado emitido por organismo credenciado pelo
INMETRO, desde que não limite a prova da habilitação técnica àapresentação desses certificados.
Noutras palavras, embora os certificados possam se admitidos
como prova da habilitação técnica, não devem ser o único meio de prova
possível quanto à qualidade do produto, pena de se recair nas problemáticas
antes delineadas.
Por derradeiro, recomenda-se que, ao ser fixado o padrão mínimo
dos bens de informática e automação, sejam tecnicamente fundamentadas as
opções eleitas, de modo a evitar questionamentos futuros por parte dos órgãos
de controle. 10m luq11 401000057/2011RUB.ff MAH29&513 Conclusão
Em resposta à consulta formulada, e sem prejuízo da leitura do
inteiro do teor do opinativo, manifesta-se este Procurador pela inaplicabilidade
do art. 30, Il, do Decreto Federal n. 7.174/2010, enquanto inexistir a
regulamentação específica por ele reclamada.
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Por outro lado, enquanto não superada essa lacuna normativa,
compete ao Poder Público licitante fixar o padrão mínimo esperado dos bens de
informática e automação quanto à segurança para o usuário e instalações,compatibilidade eletromagnética e consumo de energia, podendo admitir, como
um dos meios de prova de habilitação técnica (mas não único), a apresentação
de certificado emitido por organismo credenciado junto ao INMETRO.
É o parecer, sub censura.À elevada consideração superior.
Brasília, DF, 08 de fevereiro de 2012.
L~r=~tr~Procurador do Distrito Federal
Matrícula n. 174.849-1(em substituição)
fOLHA 410pl 401000061/2011
RUB ~ MAT429551
'.DISTRITO FEDERAL
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Processo n°InteressadoAssunto
: 401.000.067/2011: Subsecretaria de Licitações e Compras do Distrito Federal: Aplicabilidade do art. 3°, 11,do Decreto Federal n. 7.174/2010.
Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral,
FOLHA t.t z\PA 401000067/2011
RUi frMAT429651
Cuida-se de consulta encaminhada pela Subsecretaria de Licitações e
Compras do Distrito Federal, solicitando manifestação desta PGDF acerca da
aplicabilidade do art. 3", inciso 11,do Decreto Federal n. 7.174/2010, que regulamentarÓ:, ., a contratação de bens e serviços de informática e automação no âmbito da
administração pública federal, o qual foi incorporado à legislação local por meio do
Decreto Distrital n. 32.218/20 IO.
Designado para emissão de parecer, o i. Procurador do Distrito
Federal Dr. Luciano Araújo de Castro, manifestou-se pela inaplicabilidade do art.
3", inciso 11, do Decreto Federal n. 7.174/2010, enquanto inexistir a regulamentação
específica por ele reclamada.
/
\
Ressaltou que "enquanto não superada essa lacuna normativa, compete
ao Poder Público licitante fixar o padrão mínimo esperado dos bens de informática e
automação quanto à segurança para o usuário e instalações, compatibilidade
eletromagnética e consumo de energia, podendo admitir, como um dos meios de prova
de habilitação técnica (mas não o único), a apresentação de certificado emitido por
organismo credenciado junto ao INMETRO".
Ante o exposto, submeto à elevada apreciação de Vossa Excelência o
Parecer o" 080/2012-PROCADIPGDF, o qual aprovo por seus próprios e jurídicos
fundamentos.
Brasilia, 09 de fevereiro de 2012.
Janaína ê~ HeringerProcuradora-Chefe, em substituição
Procuradoria AdministrativaIJ"
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, .
DISTRITO FEDERALPROCURADORIA-GERAL
GABINETE DO PROCURADOR-GERAL~
'[,li,_"I'
GDFPROCESSO N°: 401.000.067/2011INTERESSADO: Centro de Assistência Judiciária do Distrito Federal -
CEAJURASSUNTO: Aquisição de equipamento. Material de informática
como switch.
APROVO O PARECER N° 0080/2012
PROCAD/PGDF, de lavra do ilustre Procurador do Distrito Federal
LUCIANO ARAÚJO DE CASTRO, bem como a cota de fi. 421, subscrita
pela eminente Procuradora-Chefe Substituta da Procuradoria
Administrativa PROCAD, JANAíNA CARLA MENDONÇA
HERINGER.
Restituam-se os autos à Subsecretaria de Licitações
e Compras da Secretaria de Estado de Planejamento e Orçamento do
Distrito Federal para conhecimento e adoção das providências cablveis.
/ ~) /2012. Ico •... n4 ~~ IIP!~rJD«JOh7/.J)I) !-------.: \ '- Rubrica . 1.6i7fJ1f I
LEANDRO ZAN I APOLlNARIO DE ALENCARProcurador-Gera junto do Distrito Federal
Em ,5
"Brasília - PatrimOnio Cultural da Humanidade"