dossiê ações afirmativas na ufpb: a longa década da ... · # desenvolvimento do projeto...

16
1 Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da democratização inconclusa no ensino superior (1999-2012) Dossiê encaminhado pelo NEABI aos órgãos institucionais da UFPB para subsidiar a implantação de políticas públicas no sentido de garantir a permanência dos estudantes cotistas. João Pessoa, Fevereiro de 2013. Esse documento pode ser citado com a seguinte referência: NEABI/UFPB. Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da democratização inconclusa no ensino superior (1999-2012). João Pessoa: NEABI/CCHLA, 2013.

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

1

Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da

democratização inconclusa no ensino superior (1999-2012)

Dossiê encaminhado pelo NEABI aos

órgãos institucionais da UFPB para

subsidiar a implantação de políticas

públicas no sentido de garantir a

permanência dos estudantes cotistas.

João Pessoa, Fevereiro de 2013.

Esse documento pode ser citado com a seguinte referência:

NEABI/UFPB. Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da democratização inconclusa

no ensino superior (1999-2012). João Pessoa: NEABI/CCHLA, 2013.

Page 2: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

2

Apresentação

Conforme solicitado na reunião do último dia 15/02 entre membros do NEABI, a Pró-

Reitora de Graduação da UFPB Profª Dra. Ariane Norma de Menezes Sá e a Coordenadora de

Currículos e Programas da PRG/UFPB Profª. Glória das Neves Dutra Escarião, encaminhamos o

dossiê em anexo no qual se reúne o acumulado das discussões realizadas entre 1999 e 2012, entre os

movimentos sociais e a Universidade, a respeito do Programa de Cotas e das Políticas de

Permanência da UFPB.

Neste momento em que a UFPB passa a ter uma nova direção, consideramos de fundamental

importância que o debate acumulado sobre tais questões no seio da Instituição seja recuperado

possibilitando definir diretrizes e instituir políticas com a maior rapidez e eficiência possíveis.

No conjunto de documentos anexos seguem os relatos das reuniões realizadas entre o

NEABI e representantes da direção anterior e relatórios das atividades realizadas pelo Núcleo a

respeito das Políticas de Permanência para estudantes cotistas na UFPB, além de um breve relato da

reunião supra citada.

Registra-se aqui o percurso do debate sobre ações afirmativas no decurso de mais de uma

década no âmbito da UFPB e entidades sociais do Estado da Paraíba.

1999-2002:

# Primeiras discussões de professores, pesquisadores e alunos da UFPB sobre as questões raciais no

ensino superior e as ações afirmativas com entidades e organizações sociais, tais como a Pastoral do

Negro, o Movimento Negro da Paraíba e grupos de capoeira. Foram os movimentos sociais e

organizações negras que pautaram o debate e a demanda por ações afirmativas no Estado da

Paraíba.

# Disciplinas são ofertadas com temáticas pertinentes, a exemplo de Educação Étnico-Racial no

Centro de Educação e História da África no CCHLA.

# Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da

Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba, em parceria com o Movimento Negro da

Paraíba, UEPB, NDIHR/UFPB, Fundação Ford, CCHLA/UFPB e IRÊ – Instituto de Referência

Étnica. O projeto tinha por objetivo difundir informações e dados sobre políticas afirmativas às

lideranças negras e comunitárias do Estado da Paraíba. No mês de julho de 2002 foram organizadas

atividades acadêmicas e discussões sobre os temas História, Direito e Educação; Políticas

Page 3: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

3

Afirmativas no Brasil; e Estética Afro-Descendente com a participação dos professores da UFPB,

José Antonio Novaes, Rosa Maria Godoy Silveira, Joana Neves e Ivonildes Fonseca e Waldeci

Chagas da UEPB.

2002-2004:

# Organização de seminário, no CCHLA/UFPB, sobre relações raciais e ações afirmativas, por

iniciativa da Bamidelê Organização de Mulheres Negras na Paraíba, em parceria com o

Movimento Negro da Paraíba. O evento teve a participação do CEERT (Centro de Estudos das

Relações do Trabalho e Desigualdades) com a conferência do Dr. Hédio Silva Jr.

# Entidades campinenses e ADUF-CG organizam o “Primeiro Encontro de Reflexão Sobre Políticas

de Ação Afirmativa na Universidade: Cotas e Promoção da Igualdade”. Universidade Federal de

Campina Grande.

2005-2007:

# Organização das duas primeiras edições (novembro de 2005 e novembro de 2007) do Seminário

Nacional de Estudos Culturais Afro-Brasileiros (Programa de Pós-Graduação em Letras e Programa

de Pós-Graduação em História) com discussões sobre literaturas negras e ações afirmativas, com a

participação do poeta Oliveira Silveira, conselheiro do Conselho Nacional de Promoção da

Igualdade Racial da SEPPIR.

# Discussões acadêmicas também foram realizadas na mesa redonda Políticas Públicas e Inclusões

Sociais, junto ao III Seminário Internacional de Direitos Humanos. UFPB/CCJ/PPGCJ, João

Pessoa (PB, Brasil), em setembro de 2006.

# Também foi realizado no segundo semestre de 2006, no Centro de Educação da UFPB, o

seminário “A Luta de Zumbi dos Palmares ainda não acabou na UFPB”, com dia de mobilização

Pró-Cotas Raciais. O evento contou com a participação da professora Fúlvia Rosenberg,

coordenadora do Programa Internacional de Bolsas Pós-Graduação da Fundação Ford.

# Plenária Final do Primeiro Curso de Advocacia em Direitos Humanos (Projeto Reconhecer)

recomenda a UFPB “instituir, neste exercício de 2007, no processo de admissão de discentes, o

Sistema Especial de Reserva de Vagas ou Política de Cotas, um percentual de 50% para estudantes

egressos de escolas públicas, sendo deste percentual 40% destinados aos estudantes negros e 10%

Page 4: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

4

aos estudantes indígenas, no âmbito da Universidade Federal da Paraíba, em cada curso e turno da

graduação, pós-graduação e similares”.

2007-2009:

# A Pró-Reitoria de Graduação começou a elaborar projeto sobre cotas na UFPB. A Reitoria

encaminhou as discussões para os Conselhos de Centros. No decorrer do ano os Centros da

instituição começaram a se manifestar sobre a adoção de ações afirmativas (designadas cotas ou

reserva de vagas nas discussões acadêmicas). Os Centros que se manifestaram se posicionaram

contra as ações afirmativas, excetuando-se apenas um, o Centro de Educação, que se posicionou a

favor. Nessa mesma conjuntura vários debates e seminários foram realizados no âmbito da

universidade e entidades da sociedade civil no Estado da Paraíba. O primeiro projeto da Pró-

Reitoria de Graduação privilegiava os percentuais declaratórios do IBGE sobre população negra,

parda e indígena na relação de acesso ao ensino superior (UFPB).

# Grupos de professores, pesquisadores e estudantes começam a articular os coletivos para a defesa,

acompanhamento e aprovação das ações afirmativas no âmbito da UFPB. Começam as primeiras

discussões para a criação de um NEAB (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros) para congregar

pesquisadores e estudantes em projetos de ensino, pesquisa e extensão nas temáticas da Educação

para as Relações Étnico-Raciais e Políticas Públicas e Ações Afirmativas. Os estudantes organizam

o Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UFPB como entidade política e acadêmica para as

mesmas discussões e temáticas.

# Três projetos PROLICEN passaram a ser desenvolvidos com a temática das ações afirmativas

tendo como títulos “Educação superior e ações afirmativas: análises e perspectivas”, a cargo de

professores e discentes do Departamento e curso de História (CCHLA); “Política de Cotas na

UFPB: concepções de professores e alunos”, a cargo de professores e alunos do Curso de

Pedagogia; e, “História e Cultura Afro-Brasileira: caminhos pedagógicos abertos pela Lei Federal

10.639/03 no combate ao preconceito racial”, no curso de Pedagogia, os dois últimos junto ao

Centro de Educação.

# Em 2008 foi realizado o “Seminário A responsabilidade ético-social das universidades públicas e

a educação da população negra”, organizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Informação,

Educação e Relações Etnicorraciais/NEPIERE e o Grupo de Estudos Integrando competências,

construindo saberes, formando cientistas/GEINCOS.

Page 5: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

5

# A Procuradoria da República na Paraíba enviou a UFPB, em fevereiro de 2008, a recomendação

n.º 02/2008 referente ao processo de discussão sobre as cotas na universidade para que o mesmo

tivesse uma resolução e que fosse votado pelos órgãos superiores.

# A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano/SEDH, com apoio dos movimentos sociais

negros e com representantes da Universidade Federal da Paraíba, realizou nos dias 23 e 24 de maio

de 2009, no Centro de Ensino da Polícia Militar, II Conferência Estadual de Promoção da

Igualdade Racial, na cidade de João Pessoa, que teve como objetivos a análise e repactuação de

princípios e diretrizes aprovados na I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial

(CONAPIR – 2005); avaliar diretrizes para a implementação do Plano Nacional de Promoção da

Igualdade Racial, bem como apresentar propostas de alteração ao seu conteúdo e definir diretrizes

que possibilitem o fortalecimento das políticas de promoção da igualdade racial e fornecer subsídios

para a elaboração do Plano Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

# O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) encaminhou Recomendação n.º 19/2009 à

Universidade Federal da Paraíba para que a instituição concluísse as discussões relativas à

implantação do sistema de cotas pelos seus órgãos decisórios, elaborando proposta no prazo de 100

dias: “a Universidade Federal da Paraíba é uma das raras universidades federais que ainda não

possui qualquer tipo de mecanismo de ação afirmativa quanto ao ingresso” de estudantes.

# Diante dessa situação de demandas e urgências a Reitoria se comprometeu a estruturar novo

projeto e submeter o mesmo à apreciação dos órgãos superiores. A Reitoria optou por apresentar

uma proposta de Reserva de Vagas que consubstanciasse as chamadas “cotas sociais” (para alunos

oriundos da escola pública, de baixa renda e portadores de deficiências) e “cotas raciais” (para

alunos autodeclarados negros, pardos e indígenas).

# A Comissão Pró-Criação NEAB/UFPB, juntamente com entidades sociais, organizou o seminário

“Políticas de Cotas na UFPB? Um debate necessário”, no mês de novembro de 2009. O evento

debateu os seguintes temas, a partir de conferências, mesas-redondas e grupos de trabalho: ações

afirmativas no Nordeste; política de cotas na UFPB; diversidade cultural e inclusão na escola; ações

afirmativas no ensino superior; gênero e raça: mulheres negras e educação no Brasil; religião e

religiosidade de matriz africana; comunidades quilombolas no contexto do século XXI. O evento

contou com a participação do professor Wilson Matos, Pró-Reitor de Pesquisa e Ensino de Pós-

Graduação da UNEB e um dos responsáveis pela implantação do sistema de cotas da Universidade

Estadual da Bahia.

Page 6: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

6

2010-2012:

# No dia 30 de março de 2010, o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE),

aprovou com 20 votos a favor, dois contrários e três abstenções (num total de 25), o projeto de

Reserva de Vagas (com recortes social e racial) para aos Processos Seletivos, a começar pelo de

2011 (Processo nº 23074.007259/10-03).

# No dia 16 de abril de 2010 foi publicada a Resolução n.º 09/2010 que “Institui a Modalidade de

Ingresso por Reserva de Vagas para acesso aos cursos de Graduação, desta Universidade, e dá

outras providências”.

# Ainda no primeiro semestre do ano de 2010 foi publicado o jornal especial Políticas de Ações

Afirmativas com artigos assinados de Alessandra Araújo (Bamidelê – Organização de Mulheres

Negras na Paraíba), Antonio Novaes e Solange Rocha (UFPB) e de Alessandro Amorim, Ana Luiza

Barbosa e Danilo Santos (Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UFPB). O jornal também

publicou a matéria “Os 10 mitos sobre as cotas” (Laboratório de Políticas Públicas/UERJ).

# No decorrer do ano de 2010 foram desenvolvidos os projetos “Direitos Humanos e Educação:

população negra e (in) formação de discentes da UFPB, professores/as, ativistas da sociedade civil”,

cujo Relatório Final foi apresentado ao Programa Institucional de Bolsas de Extensão – PROBEX,

Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários - PRAC da Universidade Federal da Paraíba,

sob a coordenação da professora Solange Pereira Rocha; e “Africanidades Paraibanas: fontes para o

estudo e pesquisas da população negra na Paraíba”, cujo Relatório Final foi apresentado ao

Programa Institucional de Bolsas de Extensão – PROBEX, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos

Comunitários - PRAC da Universidade Federal da Paraíba, sob a coordenação do professor Elio

Chaves Flores. Como ação do primeiro projeto foi realizado o debate sobre a implementação das

cotas na UFPB. O evento contou com a participação do professor José Jorge de Carvalho,

idealizador do projeto de cotas na UnB, a primeira universidade federal a adotar o sistema de cotas

raciais.

# No ano de 2010 as pesquisadoras Surya Aaronovich Pombo de Barros (CE) e Teresa Cristina

Furtado Matos (CCHLA), organizam o dossiê “Ações Afirmativas”, publicado na revista Política &

Trabalho - Revista de Ciências Sociais (n. 33, Programa de Pós-Graduação em Sociologia da

Universidade Federal da Paraíba, out. 2010).

Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/politicaetrabalho>.

Page 7: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

7

# Foi publicado o livro População Negra na Paraíba (em dois volumes) visando subsidiar a

implementação da Lei 10.639/03 no Estado da Paraíba, com textos de professores e pesquisadores

das três universidades públicas do Estado, com reflexões sobre saúde da população negra, religiões

afro-brasileiras, história e cultura afro-brasileira e o acesso e a permanência da população negra no

ensino superior.

# Foi publicado o livro “Responsabilidade ético-social das universidades públicas e a educação da

população negra”, organizado pelas professoras Mirian de Albuquerque Aquino e Joana Coeli R.

Garcia, ambas do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Informação, Educação e Relações

Etnicorraciais/NEPIERE e o Grupo de Estudos Integrando competências, construindo saberes,

formando cientistas/GEINCOS.

# No segundo semestre de 2010 a Comissão de Criação Pró-NEAB e professores, alunos e

participantes de movimentos sociais, apresentaram PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE COMISSÃO

PERMANENTE DE IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA POLÍTICA DE AÇÕES

AFIRMATIVAS DA UFPB. Considerava-se urgente a aprovação de tal Comissão a fim de dar

início ao acompanhamento do processo de ingresso e permanência de grupos de alunos que

historicamente estiveram excluídos do ensino superior público. A Comissão estava sendo pensada

com a seguinte representação de membros: Pró-Reitoria de Graduação – 2; Pró-Reitoria de

Assuntos Comunitários – 2; Pró-Reitoria de Pós-Graduação – 1; Docentes – 5, preferencialmente,

entre os que desenvolvam trabalhos acadêmicos vinculados à temática etnicorracial (população

negra e indígena); Diretório Central dos Estudantes – 1; Núcleo de Estudantes Negras e Negros da

UFPB – 1; Movimentos sociais negros – 2; Movimentos Indígenas – 1; Organizações relacionadas

aos direitos de portadores de necessidades especiais – 1. As atribuições da Comissão seriam

essas: ser uma Comissão propositiva e deliberativa, de caráter permanente; propor Plano de

Metas para cumprimento das Políticas de Cotas na UFPB; Receber e orientar os alunos que

ingressaram na UFPB a partir do sistema de cotas; ao longo do processo de acompanhamento

verificar, quando necessário, a opção pelas cotas etnicorraciais, validando ou não a opção dos

ingressantes; avaliar os resultados acadêmicos e sociais dos alunos cotistas ao final de cada período

letivo; acompanhar a vida acadêmica dos alunos cotistas, no sentido de propor sua inserção em

programas de pesquisa, extensão e ensino; produzir levantamentos e análises e divulgar os

resultados obtidos pelas Políticas de Ações Afirmativas da UFPB; promover eventos como

seminários, colóquios, encontros, entre outros, que discutam e contribuam para o combate ao

racismo institucional. No decorrer do ano de 2012, mesmo tendo havido algumas reuniões de

Page 8: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

8

trabalho com a PRG e a PRAPE a Comissão não foi institucionalizada nem teve os seus membros

designados.

# Em 21 de setembro de 2010, o Conselho Estadual de Educação regulamentou a Lei 10.639/2003 e

as “Diretrizes Curriculares para educação das relações étnico-raciais e o ensino da história e cultura

afro-brasileira e africana e da história da cultura indígena no sistema estadual de ensino” da Paraíba,

cuja Resolução é a de nº 198/2010.

# No mês de março de 2011 a Comissão Pró-Criação NEAB/UFPB, juntamente com entidades

sociais, promoveu e coordenou o seminário “Acesso e Permanência na UFPB: ações afirmativas e

assistência estudantil”, momento em que se debateram os seguintes temas: implementação das cotas

na UFPB; assistência estudantil: desafios para expansão e qualidade; política de permanência: para

além da implementação das cotas.

# Com a realização do PSS 2011, foram ocupadas 1.447 vagas por alunos cotistas. Para uma

reflexão desse primeiro processo o jornal INF@firmativo (DCE/UFPB ViraMundo e Bamidelê)

com artigos assinados pelo NENN (Núcleo de Estudantes Negras e Negros da UFPB), pelas

professoras Solange Rocha (CCHLA) e Surya Aaronovich Pombo de Barros (CE) e pelo professor

Antonio Novaes (CCEN).

# Nesse mesmo ano foi encaminhada formalmente a criação do NEABI (Núcleo de Estudos e

Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas). No ano seguinte, o núcleo foi institucionalizado pela

Resolução nº 07/2012 (CONSUNI), “Cria o Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrobrasileiros e

Indígenas/NEABI, vinculado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Campus I da UFPB e

aprova seu Regulamento”. A deliberação do plenário do CONSUN foi adotada em reunião

ordinária, realizada em 11 de abril de 2012 (Processo nº 23074.029200/11-67). O Núcleo destina-se

prioritariamente a coordenar, desenvolver, orientar e executar estudos, pesquisas e atividades de

ensino e extensão sobre as populações negras e povos indígenas. Nos seus objetivos, o Núcleo visa

“contribuir, fomentar e colaborar na elaboração, execução e monitoramento da política institucional

da UFPB, em especial no que tange as ações afirmativas”.

# No segundo semestre de 2011 o Núcleo organizou a AGENDA NEABI 2011, com atividades

acadêmicas e de discussões políticas sobre a permanência dos alunos cotistas na UFPB. Na

Audiência com Reitor, professor Rômulo Polari, em 01/11/11, a pauta: PERMANÊNCIA DE

COTISTAS: UM DEBATE NECESSÁRIO. O NEABI entregou documento ao Reitor abordando o

tema das ações afirmativas na UFPB, no qual solicitou a urgente implantação de uma série de

medidas que assegurem permanência dos cotistas. A entrega do documento foi precedida pela

Page 9: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

9

apresentação do prof. Antônio Novaes, que elencou a experiência de outras universidades na

implantação dessas medidas, bem como chamou atenção para a importância dos itens definidos no

documento, com destaque para a concessão de bolsas aos cotistas (e revisão dos critérios hoje

adotados nos vários programas de pesquisa e extensão da UFPB) e o acesso à moradia estudantil.

Foi destacado também a necessidade e a urgência de criação da Comissão de Acompanhamento e

Monitoramento (em caráter centralizado e não pulverizado por Centros) para refletir juntamente

com os gestores da UFPB o acompanhamento/implantação de uma política de permanência (e não

apenas a adoção de medidas pontuais). Não tendo a Reitoria e o NEABI chegado a um consenso em

relação a esse item foi definido o seguinte encaminhamento: apresentação, nos próximos

encontros, de um plano de trabalho para o Grupo de Trabalho à Pró-Reitoria de Assistência e

Promoção Estudantil (PRAPE).

# Para retomar os debates com a comunidade acadêmica e os gestores da Instituição o NEABI

organizou, em novembro de 2011, o seminário “Cotas na UFPB: e agora? A permanência em

debate”, com a participação dos seguintes convidados: Pró-reitor de Graduação (Valdir B. Bezerra)

e o Pró-reitor de Pós-Graduação (Isaac Almeida), tendo como mediador o professor José Neto.

Noutra mesa participaram a Pró-reitora de Ação Comunitária (Lúcia Guerra), o Pró-reitor de

Assistência e Promoção Estudantil (Severino Lima) e o coordenador do REUNI (professor Guido

Lemos), tendo como mediador o professor José Neto. As discussões sobre a permanência dos

alunos cotistas não avançaram em termos da adoção de qualquer política acadêmica de apoio aos

estudantes cotistas. As políticas ainda estão em aberto na Instituição.

# O NEABI participou do Edital PROEXT 2011 MEC/SESu e teve aprovado a proposta

Programa de Promoção da Igualdade Racial e Valorização da Matriz Cultural Africana no

Estado da Paraíba/Nordeste/Brasil. O referido Programa, desenvolvido no ano de 2012 (março a

dezembro), foi desenvolvido a partir de três projetos: Projeto 1: Promoção da Igualdade Racial,

Consolidação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros/UFPB: organização, acessibilidade e uso de

Banco de Dados para a escrita da história e memória da população negra da Paraíba; Projeto 2:

Fazendo Extensão, Consolidando o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros/UFPB: formação de Banco

de Dados para a escrita da história e memória da população negra da Paraíba; Projeto 3: Formação

docente e Educação Antirracista: repensando nossa escola. Entre as várias atividades desenvolvidas

no decorrer dos projetos, com interfaces com a temática das Ações Afirmativas, foi ministrado o

Curso “Educação, Ações Afirmativas & Relações Etnicorraciais”; o debate “Cotas e Cidadania: um

direito seu, um caminho para a justiça social/racial”, com palestra de João Feres Júnior, professor da

Universidade Estadual do Rio de Janeiro e coordenador do Grupo de Estudo Multidisciplinares de

Ação Afirmativa e com duas rodas de diálogo (Assistência Estudantil e Promoção Estudantil e

Page 10: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

10

Ações Afirmativas no contexto brasileiro. Ademais, foi organizado e editado o primeiro número da

coleção Cadernos Afro-Paraibanos, com o título Educação, ações Afirmativas e Relações

Etnicorraciais no Brasil, proposta constante que concorreu para o Edital N° 04, Programa de

Extensão Universitária PROEXT 2011 MEC/SESu. Com apresentação de Marco Aurélio Paz Tella, o

caderno é formado pelos seguintes artigos: “A construção da identidade etnicorracial na era da

informação” (Mirian de Albuquerque Aquino); “Relações etnicorraciais no Brasil” (Tereza Cristina

Furtado Matos e Marco Aurélio Paz Tella); “Educação antirracista: a emergência de um problema”

(Surya Aaronovich Pombo de Barros); “Desigualdade de oportunidades e as políticas de ações

afirmativas” (José Antônio Novaes da Silva); “Possíveis (e desejáveis) impactos das cotas raciais na

Universidade Pública” (Surya Aaronovich Pombo de Barros).

# No dia 29 de agosto de 2012, foi aprovada lei federal que determina a obrigatoriedade da

manutenção de sistema de cotas nas Instituições Públicas Federais de Educação Superior bem como

nas Instituições Públicas Federais de ensino técnico de nível médio. O cumprimento integral da

referida Lei nº 12.711/2012 garantirá reserva de 50% das vagas para estudantes que tenham cursado

integralmente o ensino médio ou fundamental em escolas públicas; ainda, dois recortes específicos

serão realizados quando na disponibilização de tais vagas: cinquenta por cento deste número fica

reservado para estudantes oriundos de famílias de baixa renda e, finalmente, separa-se quantidade

de vagas proporcionais à população autodeclarada preta, parda e indígena existente na unidade da

Federação respectiva, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE). O NEABI encaminhou o documento MOÇÃO DE APOIO À LEI 12711/212: Lei de

Cotas no Ensino Superior e Técnico Federal que foi discutido e apoiado por vários professores,

pesquisadores, alunos e gestores públicos presentes em eventos acadêmicos e científicos. A moção

de apoio à Lei 12.711/12 foi proposta e aprovada nos seguintes eventos: “IV Seminário Nacional de

Estudos Culturais Afro-Brasileiros” e “I Semana Afro-Paraibana”, 30, 31 de outubro a 01 de

novembro de 2012; “VII Seminário Internacional de Direitos Humanos da UFPB – Justiça de

Transição: direito à justiça à verdade e a memória”, João Pessoa, de 20 a 23 de novembro de 2012;

17º REDOR – Encontro Nacional da Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre

a mulher e relações de Gênero, João Pessoa, de 14 a 17 de novembro de 2012; XV Encontro

Estadual de História – ANPUH/PB, Cajazeiras, 27 a 30 de novembro de 2012.

# No mês outubro e novembro de 2012 foram realizados o “IV Seminário Nacional de Estudos

Culturais Afro-Brasileiros” e “I Semana Afro-Paraibana”, coordenados pelos NEABI e Programa de

Pós-Graduação em Letras com mesas-redondas e grupos de trabalho sobre Ações Afirmativas e

Educação Etnicorracial.

Page 11: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

11

2013-2016: Agenda propositiva

# Criação, no âmbito da UFPB, de Comissão Permanente de Acompanhamento e Avaliação uma

vez que a Lei que “dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de

ensino técnico de nível médio e dá outras providências” prevê que MEC e SEPPIR serão os órgãos

responsáveis pelo acompanhamento e avaliação. Uma Comissão Permanente tem condições de

realizar essas obrigações estabelecidas pelo artigo 6.º da Lei 12.711/12.

# Criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Permanência Estudantil, ao molde da já

criada Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis na Universidade Federal do

Recôncavo Baiano (UFRB). A PROPAAE da UFRB foi criada com “o propósito de articular,

formular e implementar políticas e práticas de democratização relativas ao ingresso, permanência e

pós-permanência estudantil no ensino superior de forma dialógica e articulada com os vários

segmentos contemplados por estas políticas”. A nossa PRAPE (Pró-Reitoria de Assistência e

Promoção ao Estudante) ainda está presa à cultura política do assistencialismo estudantil, expressão

que não se coaduna com os avanços institucionais da referida lei.

# Assegurar aos estudantes cotistas percentuais de bolsas junto aos programas institucionais aos

moldes do já em curso pelo CNPq PIBIC-Ações Afirmativas: PROLICEN-AF, PROBEX-AF,

Monitoria-AF, etc.

# OUTRAS SUGESTÕES

1) Garantir Programas e recursos para se oferecer cursos instrumentais – português, matemática,

estatística, língua estrangeira, informática – para garantir o nivelamento do(a)s cotistas e a

qualidade de ensino. Os cursos podem ser oferecidos no sistema de módulos, nas férias e no

período letivo;

2) Garantia de vale transporte;

3) Antecipação das bolsas de iniciação científica para o segundo semestre mantendo-se, também,

as proporções da MIRV;

4) Assegurar bolsas de Extensão mantendo-se as proporções da MIRV;

5) Vagas na residência universitária também se aplicando os critérios da MIRV;

6) Melhoria das condições de deslocamento interno: faixas de pedestre e calçadas, por exemplo;

7) Em eventos acadêmicos realizados com apoio, e ou pela própria UFPB ou por membros de seus

departamentos, por meio da concessão de passagens, hospedagens, material impresso, espaço

físico, garantir a participação de estudantes como tutores/as e ou monitores/monitoras de acordo

Page 12: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

12

com a MIRV; (citar o exemplo dos monitores chamados pela PRG (Coordenação de Monitoria)

para atuarem na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia: CRE = 7,0);

8) Aplicar os percentuais da MIRV em apoio a projetos tais como: “O futuro visita o passado” da

Secretaria de Educação do Município de João Pessoa, entre outros;

9) Auxílio para a aquisição de roupas adequadas para estudantes do curso de direito, participarem

de processos seletivos de estágios e de participação em sessões de júri;

10) Buscar apoio junto a secretarias municipais e estaduais buscando fazer convênios que levem ao

envolvimento de empresários/as e de moradores/as de cidades que tenham Campus da UFPB.

Exemplo:

A. apoio moradia de estudantes em troca de descontos no IPTU;

B. Desconto na compra de livros e de equipamentos em troca de descontos de ICM e ou IPTU;

BIBLIOGRAFIA (Discussão acumulada na UFPB)

AMORIM, Alessandro; BARBOSA, Ana Luiza; SANTOS, Danilo. Contras as bestas os números

contam, mas é preciso ir além: a UFPB começa vitoriosa sua longa jornada rumo à superação do

racismo? In: Políticas de Ações Afirmativas. João Pessoa: Bamidelê, Abril, 2010, p. 2.

AQUINO, Mirian de Albuquerque; GARCIA, Joana Coeli Ribeiro. (Orgs.). Responsabilidade

Ético-Social das Universidades Públicas e a Educação da População Negra. João Pessoa: Editora

Universitária/UFPB, 2011.

AQUINO, M. A.; SANTANA, V. A. A responsabilidade social e ética e a inclusão de

afrodescendentes em discursos de profissionais da informação em universidade pública. Biblionline

(João Pessoa), v. 5, p. 1-24, 2009.

ARAÚJO, Alessandra. Políticas de cotas na UFPB. In: Políticas de Ações Afirmativas. João Pessoa:

Bamidelê, Abril, 2010, p. 1.

BAMIDELÊ. Política de Cotas na UFPB: um debate necessário. João Pessoa: Bamidelê

(Organização de Mulheres Negras na Paraíba); GEPHiS20 (Grupo de Estudos e Pesquisas do

Século XX), 2011, DVD, 30’, Colorido.

BARROS, Surya Aaronovich Pombo de; MATOS, Teresa Cristina Furtado. (Orgs.) Dossiê Ações

Afirmativas. In: Política & Trabalho - Revista de Ciências Sociais (n. 33, Programa de Pós-

Graduação em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba, out. 2010).

Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/politicaetrabalho>.

BARROS, Surya Aaronovich Pombo de. Possíveis das Cotas Raciais na UFPB. In: INF@firmativo.

João Pessoa: DCE ViraMundo; Bamidelê, Março, 2011, p. 4.

Page 13: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

13

CARVALHO, José Jorge de. Africanidades, cotas e questões raciais: entrevista com José Jorge de

Carvalho. In: Saeculum – Revista de História. N.º 25. João Pessoa: DH/PPGH/UFPB, jul/dez, 2001,

p. 245-263.

FLORES. Elio Chaves. Com a devida permissão: cultura jurídica, tradição escolar e ações

afirmativas em processo. In: VERBA JURIS. Revista do PPGCJ/UFPB. N.º 5. Dez. 2006, p. 9-36.

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.288, de 20 de

julho 2010). Brasília: SEPPIR, 2011.

ROCHA, Solange Pereira; FONSECA, Ivonildes da Silva (Orgs.). População Negra na Paraíba:

educação, história e política. Vol. I. Campina Grande: EDUFCG, 2010.

NASCIMENTO, Alexandre (e outros). Manifesto em Defesa da Justiça e Constitucionalidade das

Cotas: 120 anos da luta pela igualdade racial no Brasil. 2.ª ed. Brasília: SEPPIR; FCP, 2009.

NOVAES, Antonio. Desigualdade de oportunidades e as políticas de ações afirmativas. In:

Conceitos. Vol. 16. João Pessoa: ADUFPB, 2011, p. 65-71.

NOVAES, Antonio; ROCHA, Solange. Cotas na UFPB e Condições de Permanência: o entrecruzar

do presente e do futuro. In: INF@firmativo. João Pessoa: DCE ViraMundo; Bamidelê, Março,

2011, p. 3.

NOVAES, Antonio; ROCHA, Solange. Cotas para a População Negra: diga sim! In: Políticas de

Ações Afirmativas. João Pessoa: Bamidelê, Abril, 2010, p. 2.

SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Políticas Afirmativas e Quotas: construção histórica do direito à

igualdade substantiva. In: ROCHA, Solange Pereira; FONSECA, Ivonildes da Silva. (Orgs.).

População Negra na Paraíba: educação, história e política. Vol. I. Campina Grande: EDUFCG,

2010, p. 119-157.

Page 14: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

14

ANEXOS

Documento 1: Resolução n.º 09/2010/CONSEPE, “Institui a Modalidade de

Ingresso por Reserva de Vagas para acesso aos cursos de Graduação, desta

Universidade, e dá outras providências”. Consultar http://www.ufpb.br/sods/consepe/resolu/2010/Rsep09_2010.pdf

Documento 2: Resolução nº 07/2012 - CONSUNI, “Cria o Núcleo de Estudos e

Pesquisas Afro-brasileiros e Indígenas/NEABI, vinculado ao Centro de Ciências

Humanas, Letras e Artes, Campus I da UFPB e aprova seu Regulamento”. http://www.ufpb.br/sods/consuni/resolu/2012/Runi07_2012.pdf

Documento 3: Lei federal n.º 12.711, de 29 de agosto de 2012, “Dispõe sobre o

ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico

de nível médio e dá outras providências”. Consultar: http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/lei_12711_2012.pdf.

Documento 4: Portaria Normativa do MEC, em 11 de outubro de 2012, tratando

da Lei Federal n.º 12.711, de 29 de agosto de 2012, que “dispõe sobre o ingresso

nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível

médio e dá outras providências”. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=18150

Documento 5: MOÇÃO DE APOIO À LEI 12711/212: Lei de Cotas no Ensino

Superior e Técnico Federal

MOÇÃO DE APOIO À LEI 12711/212: Lei de Cotas no Ensino Superior e

Técnico Federal

No dia 29 de agosto de 2012, foi aprovada lei federal que determina a

obrigatoriedade da manutenção de sistema de cotas nas Instituições Públicas Federais

de Educação Superior bem como nas Instituições Públicas Federais de ensino técnico

de nível médio. O cumprimento integral da referida Lei nº 12.711/2012 garantirá

reserva de 50% das vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino

médio ou fundamental em escolas públicas; ainda, dois recortes específicos serão

realizados quando na disponibilização de tais vagas: cinquenta por cento deste

Page 15: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

15

número fica reservado para estudantes oriundos de famílias de baixa renda e,

finalmente, separa-se quantidade de vagas proporcionais à população autodeclarada

preta, parda e indígena existente na unidade da Federação respectiva, segundo o

último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Afora todas as críticas que podemos lançar sobre a lei acerca da sucessão de

recortes para disponibilização da política, concordamos com a vitória que representa

a sua vigência em nosso país. Vitória atribuída ao povo negro organizado e ao corpo

estudantil e educacional combativo, que teimam em indignar-se frente às injustiças

sociais e aos vícios racistas das Instituições, aqui, especificamente, das Instituições de

Ensino Superior. Congratulamos todos os sujeitos que participam direta ou

indiretamente dessa conquista, reconhecendo a dimensão pedagógica e antirracista,

que, tomadas tais medidas com responsabilidade e compromisso político, iremos

perceber mudanças decisivas nas relações étnico-raciais brasileiras.

O mencionado compromisso político com vistas à democratização do acesso à

universidade vem com o entendimento de que a Lei por si só não consubstancia as

intenções agregadas ao seu texto; cobrar, fiscalizar e inquirir as autoridades quanto às

medidas auxiliares referentes à promoção, assistência e acompanhamento estudantil

bem como pressionar as Instituições para que façam valer a lei da forma mais

imediata possível, sem retrocessos, sem atropelos; são papéis e compromissos

assumidos pelos assinantes desta Moção, estudantes, professores/as, representantes de

movimentos sociais e da sociedade, reunidos no VII SEMINÁRIO

INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DA UFPB - JUSTIÇA DE

TRANSIÇÃO: DIREITO À JUSTIÇA, À VERDADE E À MEMÓRIA, entre os

dias 20 a 23 de Novembro, no Campus I da Universidade Federal da Paraíba.

No âmbito regional, dentro das Instituições de Ensino do Estado da Paraíba,

comprometemo-nos em publicizar tal ganho numa ação política de conscientização

junto à sociedade e, principalmente, ao público-alvo das cotas para o Ensino

Superior, os estudantes secundaristas da rede pública; de mesma forma, nos

engajaremos junto às Gestões das nossas Instituições de Ensino Superior respectivas

no planejamento e detalhamento das políticas que precisarão ser adotadas ou

reformuladas.

Nesse sentido, não queremos mais o lugar segregador das raras exceções, nem

mesmo a sina imposta à negra e ao negro jovem e pobre da periferia. Esperamos e

lutamos para que nossos cabelos crespos se espraiam nos cargos de poder, para que

os nossos panos cubram locais que nos foram renegados impositivamente; esse é o

compromisso dos assinantes desta Moção.

João Pessoa, 20 de novembro de 2012.

A moção de apoio à Lei 12.711/12 foi proposta e aprovada nos

seguintes eventos:

IV Seminário Nacional de Estudos Culturais Afro-brasileiros e I Semana Afro-paraibana, 30, 31 de outubro a 01 de novembro de 2012.

Page 16: Dossiê Ações Afirmativas na UFPB: a longa década da ... · # Desenvolvimento do projeto “Políticas Afirmativas para Afro-Descendentes”, de iniciativa da Bamidelê – Organização

16

VII SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DA UFPB -

JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO: DIREITO À JUSTIÇA, À VERDADE E À

MEMÓRIA, João Pessoa, de 20 a 23 de novembro de 2012.

17º REDOR – Encontro Nacional da Rede Feminista Norte e Nordeste

de Estudos e Pesquisas sobre a mulher e relações de Gênero, João

Pessoa, de 14 a 17 de novembro de 2012.

XV Encontro Estadual de História – ANPUH/PB, Cajazeiras, 27 a 30 de

novembro de 2012.