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DOR NO DORSO: QUESTÃO DE HUMANIZAÇÃO
EM SAÚDE DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM
__________________________________________________________ RESUMO O trabalho de enfermagem em unidades de Urgência e Emergência é caracterizado por situações geradoras de riscos à saúde, muitas vezes desconhecidas. Com a finalidade de ampliar os conhecimentos sobre os fatores que podem contribuir para o aparecimento de doenças de origem ocupacional em especial a Dor no Dorso, durante atividade laboral, entendendo que qualquer doença de origem ocupacional passa pelo conhecimento de “como” e “onde” o trabalhador executa sua tarefa, realizamos este estudo em um Pronto Atendimento. Os resultados evidenciaram que 84% dos profissionais são portadores de algia na região dorsal, 66% estão com peso acima do ideal, a maioria identifica o acumulo de tarefas e o excessivo levantamento de peso demandado pela população em relação ao insuficiente número de trabalhadoras, como fator predisponente de estresse e dor na coluna vertebral que interferem na qualidade do trabalho. O ambiente apresenta inadequação de mobiliários nos setores de trabalho, ruído e temperaturas em níveis elevados. Pode-se inferir que a situação de trabalho vivida pelos profissionais de enfermagem interfere na organização e qualidade de vida no trabalho culminando na influência sobre sua saúde, desempenho e bem-estar. Palavras-Chave: Algia no dorso, Algia na coluna vertebral, Postura incorreta, Ergonomia em Enfermagem, Saúde ocupacional.
__________________________________________________________ ABSTRACT The nursing work in units of Urgency and Emergency is characterized by
generating situations of risks to the health, many ignored times. With the
purpose of enlarging the knowledge especially about the factors that can
contribute to the emergence of diseases of occupational origin the Pain in the
Back, during activity labor, understanding that any disease of origin
occupational raisin for the knowledge of "as" and "where" the worker executes
his/her task, we accomplished this study in a Ready Service. The results
evidenced that 84% of the professionals are pain bearers in the back region,
66% are with weight above the ideal, most identifies him/it accumulate of tasks
and the excessive weight rising disputed by the population in relation to the
insufficient number of workers, the factor stress predisposing and pain in the
spine that you/they interfere in the quality of the work. The atmosphere presents
inadequacy of furnitures in the work sections, noise and temperatures in high
levels. It can be inferred that the work situation lived by the nursing
professionals interferes in the organization and life quality in the work
culminating in the influence on his/her health, acting and well-being.
Keywords: Backache, Pain in backbone, Incorrect posture, Ergonomics in
Nursing, Occupational health.
Nilson Gatuzzo Júnior
Especialização em Anatomia Funcional e Clínica
Leandro Nobeschi
Orientador e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Anatomia Funcional e Clínica
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1. INTRODUÇÃO
Barboza et al (2008) comentam que, as Doenças Osteomusculares
Relacionadas ao Trabalho (DORT) são afecções que envolvem os nervos,
tecidos, tendões e estruturas de suporte do corpo, causadas por processo
crônico desenvolvido por atividades realizadas durante o trabalho com
destaque para Algia vertebral. Devido a sua grande prevalência, a doença
tornou-se um problema de saúde pública por acometer trabalhadores tanto de
países desenvolvidos quanto subdesenvolvidos.
Murofuse e Marziale (2005) relatam que, dentre as Doenças
osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), as lesões do sistema
musculoesquelético, mais precisamente as dores na coluna, têm despertado a
atenção por serem importantes causas de morbidade, com destaque para os
trabalhadores de enfermagem, onde a relação da dor nas costas com o
trabalho geralmente ocorre por fatores ergonômicos traumáticos.
Magnago et al (2007) afirmam...
Segundo pesquisa realizada por Eriksen, Bruusgaard e Knardahl
(2004), demonstram que 80% dos trabalhadores de enfermagem são
vulneráveis à DORT, entre essas, destacam-se as lesões que comprometem a
coluna vertebral, estas afecções vem despertando a atenção de especialistas
em saúde ocupacional por ser uma das mais importantes causas de morbidade
e incapacidade de adultos.
Moreira e Mendes (2005) entendem que, o trabalhador da enfermagem
ao desempenhar as suas atividades, muitas vezes, descuida-se da própria
saúde por estar preocupado em satisfazer as funções instituídas para o cargo
que ocupa. Ao abster-se do cuidado de sua saúde, expõe-se a riscos,
predispondo-se ao desenvolvimento de Doenças Osteomusculares
Relacionadas ao Trabalho (DORT), porque, muitas vezes, sua atividade exige
o dispêndio de forças físicas, mecânicas e psíquicas, muitas vezes, acima dos
seus limites corpóreos.
[...] “Em todo o mundo, esse distúrbio gera aumento de absenteísmo e
de afastamentos temporários ou permanentes do trabalhador e também
produz custos expressivos em tratamento e indenizações, devido a
diferentes graus de incapacidade funcional decorrentes das DORT”.
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Magnago et al (2008) citam que, o sofrimento físico do trabalhador
ocorre em função da exposição constante a fatores de riscos e condições
inadequadas de trabalho, em especial, pela inobservância ergonômica e
administrativa existente no ambiente de trabalho.
Murofuse e Marziale (2005) comentam que, determinadas posturas e
movimentações adotadas por um trabalhador repetidamente, durante anos,
pode afetar a sua musculatura e a sua constituição óssea-articular,
principalmente a da coluna e dos membros, resultando, em curto prazo, em
dores que se prolongam além do horário de trabalho em longo prazo podem
resultar em lesões permanentes e deformidades.
Moreira e Mendes (2005) salientam que, especificamente em relação às
atividades profissionais de enfermagem, sabe-se que o sistema locomotor pode
ser agredido por fatores relacionados ao levantamento e transporte de cargas,
às condições ambientais do posto de trabalho inadequadas, bem como a
própria organização do trabalho mal distribuída entre outros fatores podendo
acarretar afecções na coluna destes profissionais.
Para Magnago et al (2007) entre essas afecções estão incluídas as
enfermidades da coluna vertebral sendo que as dores e queixas crônicas
relacionadas com a coluna vertebral constituem um complexo desafio para a
Saúde Ocupacional.
Magnago et al (2008) afirmam...
Portanto, o trabalhador necessita ser assistido por meio de um serviço
de saúde ocupacional, capaz de elaborar e executar programas de promoção,
prevenção e recuperação da saúde destes trabalhadores.
Diante desta realidade e refletindo sobre essa temática, surgiu a
motivação para a realização deste estudo, buscando avaliar a prevalência de
algias na coluna vertebral e sua relação com o perfil dos profissionais de
enfermagem, em especial da cervicalgia e lombalgia, decorrentes da má
postura, durante atividade laboral.
[...] “A elucidação de fatores que causam lesões no sistema
osteomuscular tem sido objeto de numerosos trabalhos que atualmente
se voltam para aspectos amplos como fatores psicológicos, condições
socioeconômicas, defeitos posturais e estilo de vida”.
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2.. OBJETIVO
Com objetivo realizar uma reflexão acerca da temática ergonomia,
salientando a importância da inter-relação do tema dor no dorso ao exercício
laboral dos trabalhadores de Enfermagem.
3. METODOLOGIA E TIPO DE ESTUDO
Trata-se de uma pesquisa campo exploratória, de natureza descritiva,
com abordagem quali-quantitativa, com o propósito de compreender o
adoecimento laboral dos profissionais de enfermagem, inicialmente foi
realizado o levantamento e análise das produções científicas, internacionais e
nacionais, nos últimos dez anos, que abordam o tema: distúrbios
osteomusculares relacionados aos profissionais de enfermagem.
A revisão da literatura é conceituada por Justo et al (2005) como o tipo
de investigação científica que tem por objetivo reunir, avaliar e conduzir a
síntese dos resultados de múltiplos estudos primários e secundários, na qual
se resume o que já foi publicado sobre o tema e se obtém uma visão da
conclusão geral de autores especializados.
A pesquisa de campo de caráter exploratório para Marconi e Lakatos
(2001) tem por finalidade investigar empiricamente os fatos no próprio local
onde os fenômenos ocorrem, com o objetivo de aumentar a familiaridade do
pesquisador com um fato ou ocorrência, ou ainda modificar e clarificar
conceitos.
A pesquisa descritiva segundo Cervo e Bervian (2001) visa levantar as
características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo
relações entre as variáveis, envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta
de dados, por meio de questionário e observação sistemática, através do
levantamento quantitativo.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
GRÁFICO 1 – CATEGORIA PROFISSIONAL DOS PARTICIPANTES
Participaram 57 profissionais que compõem 100%, deste estudo sendo:
25% Enfermeiros, 16% Técnicos de Enfermagem e o maior contingente entre
as categorias são Auxiliares de Enfermagem 60%. Justifica-se pelo papel
importante que os mesmos desempenham no cuidado direto ao paciente, bem
como o número de profissionais desse grupo em relação ao total da equipe de
enfermagem e mesmo do pronto atendimento como um todo.
Segundo Vasconcelos (2004) devido às atividades que os Auxiliares de
Enfermagem desempenham essa categoria esta propensa a desenvolver
distúrbios Osteomusculares, comprometendo a capacidade funcional.
Para Junior e Esther (2001) as atividades em ambiente hospitalar
abrange uma série de fatores geradores de insalubridade e penosidade,
produzindo agravos à saúde do trabalhador. Nesse tipo de organização,
dificilmente existe a preocupação em proteger, promover e manter a saúde de
seus funcionários. Sem dúvida, trata-se de uma situação paradoxal, porque, ao
mesmo tempo em que o hospital tem como missão salvar vidas e recuperar a
saúde dos indivíduos enfermos, favorece o adoecer das pessoas que nele
trabalham.
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GRÁFICO 2 – SEXO DOS PARTICIPANTES
Em relação ao sexo a maioria dos participantes pertence ao sexo
feminino, ou seja, 45 mulheres que representam 79% para 12 homens 21%,
distribuídos da seguinte forma: Sexo masculino 29% Enfermeiros; 22%
Técnicos de Enfermagem; 18% Auxiliares de Enfermagem; Sexo feminino
71% Enfermeiras; 78% Técnicas de Enfermagem e 82% Auxiliares de
Enfermagem.
Pinho et al (2001) afirmam que, o sexo deve ser considerado como um
fator de risco individual para desenvolvimento de patologias
musculoesqueleticas, mesmo existindo homens inseridos nesta profissão,
observa-se que estes são minoria no mercado de trabalho em todas as
categorias profissionais.
Conforme Ribeiro e Rocha (2001) apud Leite, Silva e Merighi (2007) as
mulheres constituem maioria na área da enfermagem, considerando as
diferenças fisiológicas e emocionais, bem como a necessidade de conciliação
entre trabalho doméstico e atividade profissional, caracterizando jornada dupla
e até mesmo tripla, é fácil perceber o porquê do desgaste físico, mental e
emocional relacionado ao desempenho de suas funções, pois a inserção da
mulher no mercado não a liberou completamente dos cuidados da casa e dos
filhos, o que resulta em desgaste físico adicional.
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GRÁFICO 3 - FAIXA ETÁRIA DOS PARTICIPANTES
Segundo Pinho et al (2001) a idade dos profissionais deve ser
considerada um fator de risco traumático individual, segundo os autores o disco
intervertebral vai perdendo a sua vascularização e tornando-se mais fraco,
principalmente a partir da segunda ou terceira década de vida, acarretando
queda na sua capacidade de amortecer cargas, ocasionando dores
musculoesqueléticas.
Buscando avaliar se os profissionais estão inseridos grupo de risco
associados à idade, os dados relaram os seguintes resultados: 19,30%
pertencem à faixa etária de 21 a 30 anos, sendo a maioria 64,91% entre 31 a
40 anos, a minoria 1,75% de 41 a 50 anos, com 8,77% de 51 a 60 e 5,26% tem
mais de 60 anos. O fato de profissionais atuantes com mais de 60 anos merece
atenção, estes estão em fase de aposentadoria.
Pinho et al (2001) afirmam que, a maior incidência de dores nas costas
nos profissionais de enfermagem se dá dos 20 aos 40 anos de idade, se
agravando a partir dos 50 anos, incapacitando homes e mulheres com mais de
60 anos, quando se encontram no auge da sua capacidade produtiva e a
demanda de sua ocupação pode estar exercendo um papel adicional sobre a
ocorrência de dor.
Através da análise da faixa etária dos participantes pode-se confirmar
que a maioria dos entrevistados, pertence ao grupo de risco para desenvolver
patologias relacionadas aos distúrbios musculoesqueléticos.
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GRÁFICO 4 – ESTADO CIVIL DOS PARTICIPANTES
Buscando analisar se os profissionais de enfermagem apresentam
fatores de riscos associados às atividades de vida diária (AVDs) que podem
sobrecarregar os mesmos, indagamos sobre o estado civil, obtendo os
seguintes resultados: 17,54% são solteiros, 47,36% casados, 21,05%
divorciados, 14,03% viúvos.
Observa-se que a maioria dos profissionais são casados seguidos por
divorciados e viúvos, o que exige um aumento das responsabilidades de suas
atividades diárias, uma vez que na sociedade atual tanto o homem quanto a
mulher ainda tem de se dividir entre o trabalho e a responsabilidade de cuidar
das tarefas domesticas e familiares, gerando uma dupla ou até tripla jornada de
trabalho, para os profissionais.
Magnago et al (2007) afirmam que, um grande número de profissionais
vivem a complexidade de serem pais/mães, maridos/esposas ressaltando que
conciliar a atividade remunerada com o cotidiano familiar nem sempre é uma
tarefa simples, isso muitas vezes é a causa de cansaço e estresse,
sobrecarregando os profissionais com o acúmulo de funções.
Para Alexandre e Moraes (2001) em estudo sobre avaliação físico-
funcional da coluna vertebral constataram que mulheres e homens são
penalizados pelo acumulo de trabalho domestico, o que pode contribuir para
fadiga crônica, desgaste físico, além de patologias especificas tais como:
cervicalgias, lombalgias, dorsalgias entre outras.
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GRÁFICO 5 – PARTICIPANTES DE ACORDO COM O NÚMERO DE FILHOS
Alexandre e Moraes (2001) relatam que a quantidade de filhos, é um
relevante para os profissionais em qualquer área de atuação, principalmente
para mulheres, acarretando um número maior de tarefas, e consequentemente
maior desgaste físico e emocional.
Buscando confirmar a incidência de dores nas costas dos profissionais
de enfermagem, quanto ao acumulo de atividades domésticas e familiares,
indagamos sobre a quantidade de filhos, obtendo os seguintes resultados: Um
Filho: Enfermeiros 21%, Técnicos de Enfermagem 22%, Auxiliares de
Enfermagem 35%; Dois Filhos: Enfermeiros 29%, Técnicos de Enfermagem
44%, Auxiliares de Enfermagem 38%; Três Filhos: Enfermeiros 14% e
Auxiliares de Enfermagem 6%; Quatro Filhos: Técnicos de Enfermagem 11%
e Auxiliares de Enfermagem 3%; Cinco Filhos: Auxiliares de Enfermagem 3%.
Observa se que o fator filhos tem alta relevância para o acumulo de
tarefas relacionadas às atividades diárias dos participantes, em conversa
informal com o participante que tem cinco filhos, o mesmo nos relatou: “para
sustentar seus filhos trabalha todas as noites, durante o período diurno
cuida da casa, pois sua esposa trabalha no período diurno, assim dorme
somente 3 horas por dia”. Fica nítido por este exemplo que, o acúmulo de
atividades diárias relacionadas à quantidade de filhos, pode sim ser um dos
fatores, predisponentes para desgaste físico e mental dos profissionais.
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GRÁFICO 6 – IMC - DOS PARTICIPANTES DO SEXO MASCULINO
Segundo Jean (2010) pessoas com sobrepeso tem um elevado risco
de desenvolver dor musculoesquelética crônica, especificamente dor lombar
(“dor nas costas”). Cientes que a obesidade é um dos fatores, de risco de
lesões na coluna vertebral, calculamos o Índice de Massa Corpórea (IMC) dos
participantes. Estes foram divididos por gênero e categoria profissional após
realizou-se o cálculo do IMC individual, mediante os resultados, estes foram
agrupados nas seguintes categorias: Saudável, Sobrepeso, Obesidade I,
Obesidade II, Obesidade III.
Com relação ao Índice de Massa Corpórea dos participantes do sexo
masculino, observamos que: Saudável: 25% dos Enfermeiros e 50% dos
Auxiliares de Enfermagem; Sobrepeso: 50% dos Técnicos de Enfermagem e
33% dos Auxiliares de Enfermagem; Obesidade I: 17% dos Auxiliares de
Enfermagem; Obesidade II: 50% dos Enfermeiros; Obesidade III: nenhum
participante do sexo masculino encontra-se inserido nesta categoria.
Evidenciando que o índice de sobrepeso é maior nas categorias
profissionais dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. Jean (2010) relata
que, 80% da população já experimentaram ou vai experimentar algum tipo de
dor na costa. A má-postura, o sedentarismo e a obesidade, além do stress e da
depressão, são causas que agravam a dor.
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GRÁFICO 7 – IMC - DOS PARTICIPANTES DO SEXO FEMININO
Com relação ao Índice de Massa Corpórea dos participantes do sexo
feminino, observamos que: Saudável: 30% das Enfermeiras, 43% das
Técnicas de Enfermagem e 32% das Auxiliares de Enfermagem; Sobrepeso:
40% das Enfermeiras, 43% das Técnicas de Enfermagem e 36% das Auxiliares
de Enfermagem; Obesidade I: 30% das Enfermeiras e 21% das Auxiliares de
Enfermagem; Obesidade II: 14% das Técnicas de Enfermagem e 7% das
Auxiliares de Enfermagem; Obesidade III: 4% das Auxiliares de Enfermagem.
Conforme Moreira e Mendes (2005) é importante salientar que o
aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade tem se mostrado crescente
principalmente no sexo feminino, esse aumento é ainda maior na
perimenopausa, atingindo, aproximadamente, 60% das mulheres,
provavelmente em virtude das alterações metabólicas inerentes a esse
período, associadas ao sedentarismo, maus hábitos alimentares e, também, à
predisposição genética de cada mulher.
Nota-se que o índice de sobrepeso atinge todas as categorias
profissionais, sendo que a Obesidade é um fator predominante no sexo
feminino. Jean (2010) comenta que, no Brasil, a dor na costa atinge hoje cerca
de 30% da população economicamente ativa, não é privilégio de idosos e nem
dos jovens, magros ou gordos, homens ou mulheres.
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GRÁFICO 8 – PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS DOS PARTICIPANTES
Segundo Pinho et al (2001), outro fator de risco traumático individual é
falta de condicionamento físico, que pode estar associado ao aparecimento de
dores nas costas. Buscando avaliar se o sedentarismo é um fator de risco que
leva o profissional a desenvolver dores nas costas, indagamos dos
participantes se estes praticam atividades físicas, obtendo os seguintes
resultados: Praticam atividades físicas: Enfermeiros 50%, Técnicos de
Enfermagem 33%, Auxiliares de Enfermagem 47%; Não praticam atividades
físicas: Enfermeiros 50%, Técnicos de Enfermagem 67% e Auxiliares de
Enfermagem 53%.
Nota-se que em todas as categorias profissionais o sedentarismo é
abundante, pois, a maioria dos participantes desta instituição não pratica
atividade física, o que reforça o fato dos profissionais estarem e sobrepeso
elevando o risco de morbidade de distúrbios musculoesqueléticos.
Para Tribastone (2001), as algias posturais são alterações corriqueiras
encontradas em indivíduos sedentários, devido à inatividade física destes,
levando à desarmonia das alavancas musculares, ocasionando alterações no
alinhamento postural levando a má-formação estrutural, degeneração articular,
mudança no centro de gravidade, maus hábitos posturais ocasionando dor
musculoesquelética.
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GRÁFICO 9 – PARTICIPANTES DE ACORDO COM A OCUPAÇÃO
Benito et al (2004) relata que a ocupação que profissional exerce
dentro do serviço de enfermagem, devido ao acumulo de cargos, pois muitos
profissionais tem mais de um vinculo empregatício, onde a variedade de
atividades laborais, levam ao desgaste físico e mental desencadeando
distúrbios musculoesqueléticos.
Buscando avaliar se a prevalência de dor nas costas tem relação com
a ocupação dos participantes, obtivemos os seguintes resultados: 64% dos
Enfermeiros atuam no seu respectivo cargo, 36% dos Enfermeiros recém-
formados ainda trabalham nesta instituição como Auxiliares de Enfermagem,
dos Técnicos de Enfermagem 100% atua como Auxiliares de Enfermagem,
pois por ser uma instituição de órgão publico, no seu quadro de funcionários
não foi instituído esta categoria, assim embora sejam Técnicos todos atuam
como Auxiliares de Enfermagem, dos Auxiliares de Enfermagem 100% estão
nos seus respectivos cargos.
Para Barboza et al (2008), os Auxiliares de Enfermagem são os que
enfrentam as maiores disfunções de ordem física. Aproximadamente 90% dos
trabalhadores são mulheres, além do senso cognitivo e emocional, é exercido o
esforço físico excessivo na atuação frente aos pacientes. Devido a este
esforço, um grande número de Auxiliares de Enfermagem desenvolve
problemas posturais e sofrem de dores de alguma espécie, principalmente na
região lombar e cervical.
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GRÁFICO 10 – PARTICIPANTES SEGUNDO A QUANTIDADE DE EMPREGOS
Para Magnago et al (2007), a quantidade de empregos que o
profissional da área de enfermagem atua reflete em seu cotidiano,
influenciando positivamente ou negativamente em sua saúde e vida social,
colaborando para o desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos,
interferindo em sua produtividade.
Buscando avaliar a incidência de dor e desconforto musculoesquelético
dos profissionais entrevistados relacionados à quantidade de empregos,
obtivemos os seguintes resultados:
Um Emprego: 29% Enfermeiros, 33% Técnicos de Enfermagem, 68%
Auxiliares de Enfermagem;
Dois Empregos: 64% Enfermeiros, 67% Técnicos de Enfermagem, 26%
Auxiliares de Enfermagem;
Mais de Dois Empregos: 7% Enfermeiros e 6% Auxiliares de Enfermagem.
Confirma-se que a maioria dos profissionais, possui mais de um vinculo
empregatício, sobrecarregando este profissional devido ao acúmulo de
funções, tornando-os suscetíveis a desenvolver Doenças Osteomusculares
Relacionadas ao Trabalho (DORT).
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GRÁFICO 11 – PARTICIPANTES DE ACORDO COM O TEMPO DE PROFISSÃO
Pinho et al (2001) referem que, o tempo que um profissional de
enfermagem esta atuando, interfere diretamente em sua saúde, pois as tarefas
realizadas por estes profissionais são extremamente desgastantes tanto do
ponto de vista físico quanto emocional. Dentro deste contexto questionamos o
tempo de profissão dos participantes, obtendo os seguintes resultados:
1 a 5 anos: 21% Enfermeiros, 33% Técnicos de Enfermagem, 15%
Auxiliares de Enfermagem.
6 a 10 anos: 14% Enfermeiros, 11% Técnicos de Enfermagem, 15%
Auxiliares de Enfermagem.
11 a 20 anos: 29% Enfermeiros, 44% Técnicos de Enfermagem, 38%
Auxiliares de Enfermagem.
Mais de 20 anos: 36% Enfermeiros, 11% Técnicos de Enfermagem, 32%
Auxiliares de Enfermagem.
Nota-se que nesta instituição todas as categorias profissionais estão há
muito tempo inseridos na profissão, Segundo Pinho et al (2001), a maior
incidência de dores nas costas em profissionais de enfermagem ocorre durante
o primeiro ano de trabalho, talvez devido a inexperiência desses profissionais
em manusear adequadamente pacientes e equipamentos. Já em enfermeiros,
a maior incidência de dores nas costas ocorre entre um e quatro anos de
serviço, devido ao acúmulo de sobrecarga na coluna vertebral.
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GRÁFICO 12 – PARTICIPANTES DE ACORDO COM A JORNADA DE TRABALHO
Januário (2005) ressalta que a lei trabalhista, de forma contundente,
impõe ao trabalhador longas jornadas de trabalho, especialmente para os
profissionais de enfermagem, sendo que o tipo de atividade desenvolvida e
setor de atuação aumentam os riscos para o desenvolvimento de distúrbios
osteomusculares. Por isso questionamos sobre a jornada de trabalho dos
profissionais.
Devido à instituição onde ocorreu à pesquisa se tratar de uma unidade
de urgência e emergência com atendimento 24 horas, a jornada de trabalho
esta dividida entre diaristas e plantonistas sendo:
Diaristas: 14% Enfermeiros, 22% Técnicos de Enfermagem, 18% Auxiliares
de Enfermagem.
Plantonistas: 86% Enfermeiros, 78% Técnicos de Enfermagem, 82%
Auxiliares de Enfermagem.
Os plantonistas compreendem a maior parte dos profissionais desta
instituição, segundo Januário (2005), trabalhar em regime de plantão propicia
ao profissional de enfermagem assumir horas extras e vínculos empregatícios
adicionais que vem a ocasionar o acúmulo de funções, por este motivo surgem
os riscos ergonômicos e psicossociais que decorrem da organização e gestão
do trabalho, levando o profissional a ser suscetível a acidentes biológicos e
acidentes físicos, causando dores musculoesqueleticas.
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GRÁFICO 13 – PARTICIPANTES DE ACORDO COM O PERÍODO DE TRABALHO
Marçal e Fantauzzi (2009), afirmam que turno de trabalho da equipe de
enfermagem pode ser extremamente desgastante, devido aos horários rígidos,
principalmente para os profissionais que atuam em regime de plantão, ou seja,
12X36 horas, no período noturno, ocasionando esforços físicos e psíquicos
elevados, deixando-os suscetíveis aos agentes nocivos, como cansaço crônico,
desgaste físico e envelhecimento precoce.
Buscando avaliar a incidência de riscos ocupacionais relacionados ao
período de trabalho, obtendo os seguintes resultados:
Diurno: 71% Enfermeiros, 78% Técnicos de Enfermagem, 59% Auxiliares
de Enfermagem;
Noturno: 29% Enfermeiros, 22% Técnicos de Enfermagem, 41% Auxiliares
de Enfermagem.
Observa-se que no período noturno, a uma quantidade menor de
profissionais que o diurno, o que vem a comprovar que os profissionais que
atuam no período noturno assumem mais funções que os do diurno, devido ao
acúmulo de tarefas esses profissionais estão propensos a desenvolver
distúrbios osteomusculares.
Marçal e Fantauzzi (2009) afirmam que o desgaste físico e emocional
de profissionais que trabalham no período noturno, provoca dor/sofrimento ao
ponto de transferirem estes sentimentos para o lar, e como conseqüência de
desajuste, advêm o absenteísmo.
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GRÁFICO 14 – CONSIDERAÇÕES DE SINAIS E SINTOMAS ESPECÍFICOS DE DOR
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Cervical Torácica Lombar Outra região Não sentem dorEnfermeiros (as) 50% 7% 29% 14%
Técnicos de Enf. 22% 11% 45% 22%
Auxiliares de Enf. 12% 15% 38% 9% 26%
7
1
4
2
2
1
4
2
4
5
13
3
9
De acordo com Vieira (2000), o trabalho realizado por profissionais de
enfermagem por meses ou anos, constitui um campo propício a lesões
osteomusculares. Sendo que o primeiro sinal de lesão é a dor. Cientes que a
dor é uma resposta fisiológica relevante, indagamos quais as regiões
anatômicas da coluna vertebral que os participantes sentem dor.
Os dados revelaram: 50% Enfermeiros, 22% Técnicos de Enfermagem,
12% Auxiliares de Enfermagem, sentem dor na região cervical; 7%
Enfermeiros, 11% Técnicos de Enfermagem, 15% Auxiliares de Enfermagem,
sentem dor na região torácica; 29% Enfermeiros, 45% Técnicos de
Enfermagem, 38% Auxiliares de Enfermagem, sentem dor na região lombar;
14% Enfermeiros, 22% Técnicos de Enfermagem, 9% dos Auxiliares de
Enfermagem, afirmam que além de sentir dor nas regiões mencionadas,
sentem dor em outras regiões; e 26% dos Auxiliares de Enfermagem, não
sentem dor.
Foi possível observar que os participantes apresentam as mais
elevadas taxas de dor nas seguintes regiões anatômicas: região lombar com
112%, seguida por 84% na região cervical, e 33% na região torácica, isto é um
fato extremamente preocupante para os profissionais de enfermagem, pois de
57 participantes, apenas 9 pessoas afirmam não sentir dor. Em um estudo
realizado por Gurgueira et al (2003), em relação as regiões citadas como
responsável por sintomas de dor musculoesquelética, a região lombar ficou em
primeiro lugar, seguida pelos ombros, joelhos, e região cervical.
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GRÁFICO 15 – IRRADIAÇÃO DA DOR
Para Lincoln et al (2002), os fatores que favorecem a ocorrência de
distúrbios osteomusculares são múltiplos, constituindo um conjunto complexo,
que exercem seu efeito simultaneamente na gênese da doença, tendo como
principal sintoma a irradiação da dor. Independente da região anatômica da
coluna vertebral afetada os participantes afirmaram sentir dor em diversas
regiões do corpo, tais como:
Ombros: 21% Enfermeiros, 33% Técnicos de Enfermagem, 20%
Auxiliares de Enfermagem; Cotovelos: 21% Enfermeiros, 11% Técnicos de
Enfermagem, 16% Auxiliares de Enfermagem; Punhos/Mãos: 7% Enfermeiros,
11% Técnicos de Enfermagem, 4% Auxiliares de Enfermagem; Quadril/Coxas:
29% Enfermeiros, 11% Técnicos de Enfermagem, 20% Auxiliares de
Enfermagem; Joelhos: 14% Enfermeiros, 11% Técnicos de Enfermagem, 16%
Auxiliares de Enfermagem; Tornozelos/Pés: 7% Enfermeiros, 22% Técnicos
de Enfermagem, 24% Auxiliares de Enfermagem.
Barbosa (2002), as posturas inadequadas impõem esforços adicionais
e desequilibrados e inesperados, podendo atingir a coluna vertebral e as
extremidades inferiores e superiores, ocasionando a fadiga muscular pela
manutenção prolongada de contrações musculares estáticas.
Notamos durante a entrevista que além do acúmulo de tarefas
executadas pelos profissionais as dores por eles referidas, podem ser resultado
de movimentos repetitivos (flexão, extensão, lateralização, rotação), posturas
inadequadas, levantamento de peso excessivo, durante a jornada de trabalho.
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GRÁFICO 16 – DURAÇÃO DA DOR
Para Barbosa (2002) é importante observar a duração da dor, devido
aos movimentos que os profissionais de enfermagem realizam em seu posto de
trabalho, membros superiores e inferiores podem sofrer um processo de
desgaste, acometendo a coluna vertebral, resultando em dor desencadeada
e/ou agravada pelo movimento repetitivo. Por meio da análise das respostas
obtidas pelos participantes mediante a classificação e duração da dor,
obtivemos os seguintes resultados:
Aguda (1 a 4 semanas): 50% Enfermeiros, 67% Técnicos de Enfermagem,
48% Auxiliares de Enfermagem.
Subaguda (5 a 12 semanas): 21% Enfermeiros e 11% Técnicos de
Enfermagem, 24% Auxiliares de Enfermagem.
Crônica (mais de 12 semanas): 29% Enfermeiros, 22% Técnico de
Enfermagem, 28% Auxiliares de Enfermagem.
Nota-se que a ocorrência de dor é crescente entre os participantes, a
Algia é o principal sintoma de alerta para que o indivíduo busque ajuda
especializada. Ressaltando ainda que a dor, frequentemente causada por
afecções do aparelho locomotor, está presente em mais de 70% dos doentes
que buscam os consultórios brasileiros por razões diversas. É a razão das
consultas médicas em um terço dos doentes (TEIXEIRA, 2003).
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GRÁFICO 17 – HORÁRIO DA DOR
Teixeira (2003), afirma que a profissão de enfermagem esta inserida no
processo de cuidar, mas para cuidar do próximo o cuidador necessita de estar
em plenas condições de bem-estar físico e mental, segundo o autor a algia
significa dor e sofrimento, produzido por lesão ou por qualquer estado anormal
do organismo, que resulte em sofrimento físico ou moral, que venha a afetar a
qualidade de vida deste profissional.
Para avaliar se os participantes estão em plenas condições de bem-
estar, questionamos o horário em que estes apresentam dor, obtendo os
seguintes resultados: Manhã: 21% Enfermeiros, 33% Técnicos de
Enfermagem, 20% Auxiliares de Enfermagem; Tarde: 29% Enfermeiros, 11%
Técnicos de Enfermagem, 20% Auxiliares de Enfermagem; Noite: 29%
Enfermeiros, 33% Técnicos de Enfermagem, 8% Auxiliares de Enfermagem;
Contínua: 21% Enfermeiros, 22% Técnicos de Enfermagem, 52% Auxiliares de
Enfermagem.
Estes dados revelam que os profissionais apresentam dor em todos os
horários, com maior ou com menor intensidade, ficando evidente que a
qualidade de vida dos participantes esta em estágio de alerta. Pois, durante a
jornada de trabalho os profissionais de enfermagem realizam movimentos de
forma repetitiva ou errônea, considerados fatores de risco que sobrecarregam
as articulações solicitadas na execução de suas tarefas.
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GRÁFICO 18 – PREVALÊNCIA DOS SINTOMAS MÚSCULOS-ESQUELÉTICOS
Vasconcelos (2004) relata que, mais de 50% dos profissionais de
enfermagem apresentam dor nas costas por algum período durante a sua
atividade laboral e que por mais de 4 horas por ano, o profissional deixa de
trabalhar devido a estas dores. Acrescente-se que 85% dos portadores de dor
nas costas têm crises repetitivas, o que gera um alto índice de absenteísmo.
Buscando correlacionar se os profissionais desta instituição se
afastaram do trabalho devido à prevalência de sinais e sintomas de dor,
obtivemos os seguintes resultados: Últimos 7 dias: 14% Enfermeiros, 11%
Técnicos de Enfermagem, 16% Auxiliares de Enfermagem, passaram por
consulta e afastamento médico; Durante 12 meses: 57% Enfermeiros, 44%
Técnicos de Enfermagem, 32% Auxiliares de Enfermagem, consulta e
afastamento médico; Não tiveram consulta: 29% Enfermeiros, 44% Técnicos
de Enfermagem, 52% Auxiliares de Enfermagem, embora sentissem a maior
parte deles ainda não procurou auxilio médico.
Neste gráfico fica evidente que o absenteísmo, esteve presente em
todas as categorias profissionais, tendo um alto índice de consultas e
afastamento médico no período de 12 meses. Segundo Vasconcelos (2004), é
fundamental que os profissionais busquem a prevenção, através da pratica de
exercícios, alongamentos, para se evitar o aparecimento de distúrbios
musculoesqueléticos, principalmente algias dorsais.
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GRÁFICO 19 - PARTICIPANTES DE ACORDO COM DESVIO DE FUNÇÃO
Batista et al (2010), a saúde do trabalhador deveria ser uma prioridade
estabelecida para os serviços de saúde, pois reflete em casos de licença
saúde, e, em situações onde se faz necessária a readaptação funcional.
Por a isso indagamos se nesta instituição existiam profissionais em
desvio de função, ou seja, remanejados, e obtivemos os seguintes resultados:
em desvio de função encontram-se: 11% dos Técnicos de Enfermagem e
16% dos Auxiliares de Enfermagem. Sendo que 1 Técnico de Enfermagem foi
remanejado, devido a Hérnia de Disco na região Torácica, 4 Auxiliares de
Enfermagem também permanecem remanejados, 1 devido a um Rompimento
do Ligamento Roteador do Braço Direito, 1 devido a um Acidente Ocorrido
entre uma ambulância e uma viatura policial, ocasionando Esmagamento de
Vértebras, 1 devido a Hérnia de Disco na região Cervical, e 1 devido a Hérnia
de Disco na Região Lombar.
Observamos durante a entrevista que mesmo estando desviados de
função, estes profissionais continuam realizando tarefas rotineiras as suas
atividades laborais, o que demonstra a conveniência dos gerentes desta
instituição, que mesmo cientes das condições adversas e limitantes sofridas
pelo profissional o mantem no setor, prejudicando sua qualidade de vida.
Para justificar este fato, os mesmos relataram que devido à estrutura
organizacional burocrática e á escassez de recursos humanos, se faz
necessário que se mantenha os profissionais no mesmo setor.
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GRÁFICO 20 – FATORES QUE PIORAM A DOR DOS PARTICIPANTES
Para Barboza et al (2008), a ergonomia e as condições de trabalho são
representadas por um conjunto de fatores interdependentes que atuam direta
ou indiretamente na qualidade de vida das pessoas. Considerando os
profissionais como componentes da situação de trabalho, que devem ser
analisados, indagamos na opinião destes quais seriam os fatores que pioram a
dor, obtendo os seguintes resultados:
Acúmulo de tarefas: 7% Enfermeiros, 44% Técnicos de Enfermagem,
32% Auxiliares de Enfermagem; Movimentos repetitivos: 21% Enfermeiros,
11% Técnicos de Enfermagem, 12% Auxiliares de Enfermagem; Posições
inadequadas: 14% Enfermeiros, 16% Auxiliares de Enfermagem; Esforço
físico: 14% Enfermeiros, 33% Técnicos de Enfermagem, 24% Auxiliares de
Enfermagem; Tensão emocional: 43% Enfermeiros, 11% Técnicos de
Enfermagem, 12% Auxiliares de Enfermagem; Outros: apenas 4% dos
Auxiliares de Enfermagem.
Os dados revelaram que na opinião dos Técnicos e Auxiliares de
Enfermagem o acúmulo de tarefas, seguido de esforço físico, são fatores
predominantes para piora da dor, pois são eles que realizam a maior parte do
serviço braçal, a tensão emocional é sentida pelos Enfermeiros, isto se justifica,
pois são eles responsáveis por toda a parte burocrática da unidade.
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GRÁFICO 21 – FATORES QUE ALIVIAM A DOR DOS PARTICIPANTES
Para Barboza et al (2008), o estresse e os problemas osteomusculares
são frequentes na enfermagem, como consequência das más condições de
trabalho, o que interfere na saúde. Os problemas de saúde dos executores
dessas atividades contribuem para o entendimento de que existem fatores
biopsicossociais que interferem no trabalho de enfermagem. Por isso,
indagamos na opinião destes quais seriam os fatores que contribuíram para
melhora da dor, obtendo os seguintes resultados:
Alongamento: 7% Enfermeiros, 11% Técnicos de Enfermagem, 8%
Auxiliares de Enfermagem; Calor/Gelo Local: 11% Técnicos de Enfermagem e
12% Auxiliares de Enfermagem; Fisioterapia: 14% Enfermeiros e 8%
Auxiliares de Enfermagem; Medicação: 36% Enfermeiros, 33% Técnicos de
Enfermagem, 32% Auxiliares de Enfermagem; Repouso: 36% Enfermeiros,
44% Técnicos de Enfermagem, 40% Auxiliares de Enfermagem; Outro: apenas
7% dos Enfermeiros.
Os dados revelam que na opinião dos profissionais a medicação é o
principal fator de alivio da dor, seguido de repouso, durante conversa informal
com os entrevistados observamos que a maioria deles se automedica, o
repouso por ser uma unidade de urgência e emergência, a rotatividade do
atendimento ao público é grande, ocasionando assim um maior desgaste físico
por parte desses profissionais, que durante uma jornada de 12 horas, tem
somente 45 minutos para o almoço.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No exercício da profissão, inúmeras são às vezes em que os
profissionais de Enfermagem adotam posturas corporais impróprias, como é o
caso de várias tarefas desempenhadas à beira do leito, como realizar curativo
(por vezes de longa duração), puncionar acesso venoso, auxiliar no banho de
leito, realizar trocas de decúbito ou passagem leito-maca-leito dentre outras.
Todas as tarefas mencionadas tornam esses profissionais vulneráveis
a desenvolver doenças comprometendo o sistema musculoesquelético, entre
as quais estão Distúrbios Osteomusculares. Em relação à vulnerabilidade dos
profissionais de enfermagem presentes neste estudo, nota-se que é elevada a
ocorrência de algia comprovado por 84% dos entrevistados relatarem “dor”
apenas 16% não.
As algias referidas pelos participantes ocorrem no total de 27% na
região cervical; 15% torácica; 44% lombar, sendo 15% dos profissionais
referem sentir esta dor se irradia para outras regiões (cotovelos, punhos/mãos
quadril/coxas joelho, tornozelos/pés). Quanto à duração da dor; 52% dos
profissionais encontram-se na fase aguda, 21% subaguda, 27% a dor tornou-se
crônica. 23% dos participantes relatam sentir dor durante horários matutino,
21% vespertino, 19% noturno, 38% dor continua, dados preocupantes que
confirmam o comprometimento da qualidade de vida dos participantes.
A dor osteomuscular persistente é fator principal de absenteísmo e
procura por auxílio médico, do total de profissionais deste pronto atendimento
15% procuraram atendimento medico durante o período de 7 dias anterior a
entrevista e 42% se afastaram do serviço nos últimos 12 meses. Os dias de
trabalho perdidos devido às dores nas costas e sua interferência na execução
das atividades cotidianas dos profissionais demonstram o quanto à dor pode
comprometer a vida pessoal e profissional. Ao enfrentar o seu dia-a-dia em
uma Unidade de Urgência e Emergência.
É preciso considerar também o alto grau de responsabilidade do
profissional Enfermeiro (a), frente aos serviços técnicos, administrativos e
burocráticos pelo longo e exaustivo período de trabalho, ocasionando tensão
emocional, onde 50% Enfermeiros entrevistados referem sentir cervicalgia com
irradiação para os ombros.
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Com relação à postura, esta é influenciada pela organização,
dimensionamento do mobiliário, armazenagem e movimentação de cargas e
ambientes de trabalho da equipe. Os Auxiliares e Técnicos de Enfermagem,
permanecem em pé a maior parte do plantão, curvados sobre os leitos, durante
banho entre outras atividades, mantendo-se sobre as pontas dos pés na sala
de medicação fazendo hiperextensão dos braços e da coluna vertebral para
alcançar medicações localizadas nos armários demasiadamente altos para o
perfil antropométrico da maioria dos profissionais da equipe.
Quanto aos fatores de risco que pioram a dor dos participantes 27%
referem ser o acúmulo de tarefas, 15% movimentos repetitivos, 13% posturas
inadequadas, 23% esforço físico, 21% tensão emocional, dentre os fatores que
melhoram a dor 8% alongamento, 8% calor e gelo local, 8% fisioterapia, 33%
medicação, 40% repouso.
Evidencia-se que medidas simples e viáveis como a alternância das
tarefas, pausas, redução da jornada de trabalho, revisão da produtividade e
das formas de controle/supervisão dos trabalhadores de enfermagem bem
como o treinamento e o acompanhamento daqueles que já estão acometidos,
podem contribuir, na profilaxia dos distúrbios osteomusculares que além de
gerarem danos físicos e psicológicos aos profissionais de enfermagem, podem
reduzir a sua capacidade produtiva.
Ressalta-se ainda a importância do conhecimento sobre saúde
ocupacional por parte dos profissionais de enfermagem, visto que estes podem
atuar como agentes de prevenção e promoção na saúde da equipe de
enfermagem.
Diante das considerações, conclui-se ser essencial que os profissionais
de enfermagem, tenham um bom ambiente de trabalho, bem como
aperfeiçoamento técnico-científico para que possam realizar suas tarefas com
respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos seus limites
biomecânicos a fim de primar pela manutenção de sua saúde física e mental,
além de uma melhor qualidade de vida ainda poderão prestar um cuidado mais
humanizado e eficiente aos seus clientes sem que isso lhes acarrete danos.
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