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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Ciências Farmacêuticas Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas ESTUDO DE CICATRIZAÇÃO EM PELE DE DORSO DE RATOS INDUZIDA PELA RESINA ACRÍLICA QUIMICAMENTE ATIVADA E DESENVOLVIMENTO DE GEL ACRÍLICO DOUTORANDO: OSMAN JUCÁ RÊGO LIMA NETTO RECIFE 2009

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Ciências Farmacêuticas

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

ESTUDO DE CICATRIZAÇÃO EM PELE DE DORSO DE

RATOS INDUZIDA PELA RESINA ACRÍLICA

QUIMICAMENTE ATIVADA E DESENVOLVIMENTO DE

GEL ACRÍLICO

DOUTORANDO: OSMAN JUCÁ RÊGO LIMA NETTO

RECIFE 2009

Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Ciências Farmacêuticas

Programa de Pós- Graduação em Ciências Farmacêuticas

NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO FARMACÊUTICO E COSMÉTICO / NUDFAC

ESTUDO DE CICATRIZAÇÃO EM PELE DE DORSO DE

RATOS INDUZIDA PELA RESINA ACRÍLICA

QUIMICAMENTE ATIVADA E DESENVOLVIMENTO DE

GEL ACRÍLICO

DOUTORANDO: Osman Jucá Rêgo Lima Netto

ORIENTADOR: Professor Doutor Davi Pereira de Santana

CO-ORIENTADOR: Almir Gonçalves Wanderley

Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas como um dos requisitos para obtenção do título de Doutor.

RECIFE 2009

Lima Netto, Osman Jucá RêgoEstudo de cicatrização em pele de dorso de ratos

induzida pela resina acrílica quimicamente ativada edesenvolvimento de gel acrílico / Osman Jucá Rêgo Lima Netto. – Recife : O Autor, 2009.

88 folhas ; il., fig.

Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2009.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Polimetilmetacrilato de metila (PMMA). 2. Resinaacrilica. 3. Cicatrização. I. Título.

615.014 CDU (2.ed.) UFPE 615.19 CDD (22.ed.) CCS2009-108

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à conspiração involuntária e aleatória do universo, de submeter-

se a interferência pessoal em concretizar fatos ainda não sabidos, porém latentes, e certamente

contidos no imaginário incoerente, viabilizados temporalmente, ratificados tecnicamente, ou

não, no entanto coberto de puro líquido do esforço: suor!

AGRADECIMENTOS

Minha Mãe, Graça, meu Pai, Osman, por ter me dado oportunidades concretas e sentimentos

intangíveis.

Esposa, Kátia, pela visão de futuro e incentivo à academia.

Filhos Caio e Clara, razão inquestionável de existir.

Liriane, pelas orientações e profissionalismo.

Almir, pela disponibilidade, conhecimento e inquestionável apreço.

Jane, pela forma desprendida e competente em ajudar.

Silvânia, pela qualidade técnica

Sidclei, presteza e correção.

Danilo, pela parceria, amizade nova, sincera e irmã.

Tetsuo, pela irmandade entre os povos.

Leila, pela contribuição técnica e solidariedade.

Davi, por mais um quilo de sal juntos.

Júnior ceará, pelo verdadeiro objetivo dos que ensinam.

Isairas e Paulo Padovan, pela segunda vez, estamos aqui.

Beaty, por abrir meus olhos.

Silvana pela clareza, imparcialidade e colaboração.

Zélia, pela compreensão divina.

Violão, pelos momentos sem solidão.

Irani, pela história, conivência e solidariedade.

Jaciel, por revalorizar meus conceitos de esforço.

Igor e Ticiana, pelo voluntarismo.

Aos que eu não citei mas me elevaram.

Aos que eu não citei, não me lembro, e faço questão de esquecer, mas também me elevaram.

Deus, porque tudo indica que realmente, eu existo!

EPÍGRAFE

“A objeção, o desvio, a desconfiança alegre, a vontade de troçar são sinais de saúde: tudo o

que é absoluto pertence à patologia”.

Friedrich Nietzsche

“Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juízo e a prudência dos

velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta”.

Marquês de Maricá

SUMÁRIO

I- INTRODUÇÃO 13

II-REVISAÕ DA LITERATURA 13

CAPÍTULO 1 – A CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS 13

CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AOS POLÍMEROS 18

2.1 GENERALIDADES18

2.2 MUCOADESÃO19

CAPÍTULO3 – CONSIDERAÇÕES HISTOLÓGICAS DA PELE 19

CAPÍTULO 4 – O PMMA (Polimetilmetacrilato de metila 21

III- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26

CAPÍTULO 5- ARTIGO-I ACEITO-REVISTA BRASILEIRA DE FARMÁCIA:

ESTUDOS PRÉ-CLÍNICOS NO USO DE PMMA (POLIMETILMETACRILATO DE

METILA): ANÁLISE HISTOLÓGICA 32

CAPÍTULO 6- ARTIGO-II SUBMETIDO- REVISTA POLÍMEROS:

DESENVOLVIMENTO DE GEL DE PMMA ( Polimetilmetacrilato de metila ) E

ANÁLISE DO PROCESSO REGENERATIVO TECIDUAL DE SUA APLICAÇÃO

TÓPICA DIÁRIA SOBRE FERIDAS EM DORSO DE RATOS 51

IV- CONCLUSÕES 62

V- PERSPECTIVAS 72

VI- ANEXOS 73

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação esquemática da especificidade celular imunológica

correlacionada temporalmente com as fases da cicatrização.

15

Figura 2 - Irregularidades de superfícies diferentes: FORÇA DE PELAGEM

g/cm.

20

Figura 3 - Estrutura do PMMA. 22

Figura 4 - Características mecânicas à temperatura ambiente do

polimetilmetacrilato de metila

23

Figura 5 - Representação gráfica do Módulo de elasticidade do PMMA. 23

Figura 6 - Módulo do PMMA em relação à temperatura. 24

Figura 7- Limite de tenacidade à fratura do PMMA em deformação plana à

temperatura ambiente

25

Figura 8 - Reação da acetona com cianeto de hidrogênio (HCN) formando

acetona cianidrina

25

Figura 9 - A acetona cianidrina hidrolisada com ácido sulfúrico (H2SO4)

formando o sulfato de metacrilamida

25

Figura 10 - A amida formada é resfriada e esterificada com metanol formando-

se o metacrilato de metila, mantido em refluxo por uma hora

26

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ÂNGULO DE CONTATO GRAMA POR CENTÍMETRO CÚBICO g /cm3

TRABALHO TERMODINÂMICO DE ADESÃO WA-DINAS POR CENTÍMETRO dinas/cm ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEICO DNAERG POR CENTÍMETRO QUADRADO erg/cm2

GRUPO GGRAMA POR CENTÍMETRO g/cm GRAMA POR MOL g/mol GIGA PASCAL GPaQUILO CALORIA POR MOL – ENTALPIA ÁCIDO-BASE Kcal/mol QUILOGRAMA POR CENTÍMETRO QUADRADO kg/cm2

QUILO JOULE POR MOL KJ/mol MEGA PASCAL MPaGRAUS CELSIUS º C GRAUS FAHRENHEIT º F POLIMETILMETACRILATO DE METILA PMMA PARTES POR MILHÃO p.p.m. LIBRA POR POLEGADA QUADRADA p.s.i.SUBGRUPO SGTEMPO INICIAL T0TEMPO 5 DIAS T5TEMPO7 DIAS T7TEMPO 10 DIAS T10TEMPO 14 DIAS T14TEMPO 15 DIAS T15TEMPO 20 DIAS T20TEMPO 21 DIAS T21TRANSIÇÃO VÍTREA TgUNIVERSIDADE FDERAL DE SANTA CATARINA UFSCMÓDULO DE YOUNG ( razão da tensão pela deformação) YTENSÃO SUPERFICIAL DE e Y ,

RESUMO

A Todo instante nosso corpo está sujeito a lesões e muitas são as substâncias e técnicas

no sentido de prover o mais rápido restabelecimento da região. Alguns polímeros

desempenham interferência proativa na cicatrização, destacando-se colágeno, fibrina,

quitosana, cianoacrilatos, num grupo chamado de cola biológica. Extratos naturais de

plantas também concorrem em volume de estudos, ao auxílio da regeneração tecidual.

Cicatrizes fibrosadas (quelóides), em regiões que comprometem a estética, levam seus

portadores a um decréscimo de auto-estima. Portanto o controle de infecções,

manutenção do sistema imunológico e reparação tecidual organizada, constituem-se

relevantes eventos para boa cicatrização. O polímero PMMA (polimetilmetacrilato de

metila) é bastante utilizado na indústria de forma geral, na medicina, na odontologia,

nos implantes, na liberação de fármacos. Sua familiaridade ao cianoacrilato,

notabilizado na síntese de tecidos, seu uso no preenchimento de sulcos e rugas faciais, a

estimulação do sistema imune e adesividade, sinalizam-no como agente cicatrizante.

Testou-se propositivamente, seu comportamento em feridas em dorso de ratos. Na

primeira etapa do trabalho, obteve-se feridas através de um punch cirúrgico com 0,8 cm.

Sobre as mesmas colocou-se em aplicação única PMMA (G3) quimicamente ativado em

pó e líquido, analisados nos tempos T7, T15 e T21 dias. Nesses períodos os animais foram

sacrificados igualmente àqueles tratados com solução salina(G1) e por sutura (G2-Fio

seda 000 Ethicon®), n=6. Peças histológicas foram retiradas, fixadas em solução tampão

de formol a 10%, recebendo tratamento rotineiro para microscopia óptica. Os preparos

corados em HE-Hematoxilina Eosina e Tricrômio de Masson, objetivou analisar as

estruturas gerais, células de defesa, fibroblásticas, vasos, colágeno e epitélio. A captura

de imagens das lâminas realizou-se através de microscópio óptico, acoplado ao sistema

ATI tv Player Versão 6.3. Contou-se colágeno analiticamente pelo sistema Imagelab

Versão 2.4, enquanto que os demais parâmetros, pelo ImageJ. Demonstrou-se aumento

do número de células de defesa no grupo tratado com PMMA em T7 e redução em T21,

quando comparado aos demais grupos, enquanto que o número de células fibroblásticas

manteve-se superior em todos os tempos analisados, finalizando em T21 com maior

nível de colágeno e similaridade na espessura de epitélio. Concluído o primeiro estudo,

seguiu-se desenvolvimento galênico e respectivos controles de géis de PMMA. Nesse

segundo estudo, provocou-se duas feridas de 0,6cm de diâmetro nos dorsos de 30

animais, uma próxima à cervical, e outra distante 2 cm. Comparou-se histlogicamente

em 3 períodos, T5, T14 e T20 dias, o gel PMMA (SG4) ao gel PMMA+ aroeira (SG3),

aos controles Salina (SG1) e Fibrase®(SG2), todos com aplicação diária, n=5. Os

resultados mostraram maior número de células de defesa e fibroblástica em SG4/ T5 e

T14, enquanto que a espessura do epitélio em T5 foi substancialmente maior nos SG 3 e

4, concordando com a planimetria observada com paquímetro digital®. Concluiu-se que

a ocorrência do maior número de células de defesa nos primeiros dias nos grupos

tratados com PMMA levou a um processo cicatricial mais rápido e equilibrado,

destacando que após o sétimo dia de tratamento, um organismo saudável, equilibra os

fenômenos hemodinâmicos.

PALAVRAS-CHAVE: METACRILATO; RESINA ACÍLICA; CICATRIZAÇÃO

ABSTRACT

Constantly, our body is subjected to many injuries and there exists many substances and

techniques to provide the fastest possible healing of the region afflicted. Some polymers

have proactive characteristics affecting the healing process. Of these polymers one can

highlight a few, such as collagen, fibrin, chitosan, cyanoacrylates, all of them belonging

to a group referred as biological glue. Natural plant extracts also compete in studies, in

the aid of tissue regeneration. Fibrotic scars (keloids), located on areas that compromise

the aesthetics, can lead their carriers to a drop of their self-esteem. Therefore, the

infection control, maintenance of the immune system and organised tissue repairing are

vital to good healing. The PMMA polymer (poly(methyl methacrylate)), is widely

used in general industry, medicine, odonthology, implants and pharmaceuticals. Its

resemblance to cyanoacrylate, distinguished in tissue synthesis, its use in the filling of

facial wrinkles and furrows, the stimulation of the immune system and adhesiveness,

mark it as a healing agent. Its behaviour has been tested specifically in wounds on rats'

backs. In the first phase of the work, the wounds were obtained by a cirurgical punch of

0.8 cm. On top of them, in a single application, chemically activated PMMA (G3)

(liquid and powdered form) was applied. The analysis were taken at the times T7, T15

and T21 days. In these periods, the animals were terminated equally to those treated

with saline solution (G1) and suture (G2-Silk wire 000 Ethicon), n=6. Histological

pieces were taken and fixated in a 10% formaldehyde buffer solution, receiving regular

treatment for optical microscopy. The preparations were stained with HE-Hematoxylin

Eosin and Masson's thrichrome, to analyze the general structures, defence cells,

fibroblastic, vessels, collagen and epithelium. The image capture of the slides was made

by an optic microscope wich was connected to the ATI tv Player v. 6.3 system.

Collagen was analitically counted by the Imagelab v. 2.4 system, whereas the other

parameters were collected by Image j. There was an increase in the number of defence

cells in the group treated with PMMA at T7 and a reduction at T21, compared to the

other groups, while the number of fibroblastic cells was observed to be superior at all

the times analysed, ending at T21, with a bigger level of collagen and similarities in the

epithelium's thickness. As the first study was completed, there followed a gallenic

development and respective PMMA gel controlling. In this second study, two 0.6 cm

(diameter) wounds were inflicted on the backs of 30 animals, one next to the cervical

and the other 2 cm away. The PMMA (SG4) gel was histologically compared to the

PMMA+ aroeira (SG3) gel and the ?controls? Saline (SG1) and Fibrase(SG2), all with

daily application, n=5, at 3 periods: T5, T14 and T20 days. The results show that there

was a larger number of defence cells and fibroblastic in SG4/T5 and T14, while the

epithelium's thickness was substantially bigger in SG3 and SG4, in accordance with the

planimetrics observed with a digital caliper. It was concluded that the larger occurence

of the defence cells in the first days in the groups treated with PMMA leaded to a faster

and more balanced healing process, highlighting that after the seventh treatment day, a

health organism is able to balance the hemodynamic processes.

KEY-WORDS: Metacrylate; Acrylic Resin;Toxiciti. Healing

13

I-INTRODUÇÃO

A literatura apresenta-se ampla em estudos capazes de aperfeiçoar o sistema de

regeneração tecidual, passando por materiais naturais e sintéticos, observando-se

claramente, o interesse da comunidade científica em alternativas de acesso e custo

viáveis.

Várias são as proposições terapêuticas, no sentido de favorecer a cicatrização

plena, com maior nível de organização tecidual e alinhamento de fibras colágenas,

promovendo o crescimento uniforme, com um debridamento químico atuante, de

características bacteriostáticas, bactericidas, antiinflamatórias, e hemostáticas; sendo por

1ª ou 2ª intenção, e mais recentemente, induzida pela terapia a laser e ultrassom.

A utilização de adesivos para a síntese de tecidos tem sido empregada e estudada

mais intensamente, desde 1940. Inicialmente, utilizaram-se os adesivos de origem

biológica, e a partir de 1962, os polímeros sintéticos.

Os recentes progressos na gestão de ferida são fisiológicos, principalmente em

termos de apoio à cura. Devido a infecções, atraso da cura e piora na formação de

cicatriz, há um desejo de alcançar o mais rapidamente possível, o encerramento do

processo.

A investigação do Polimetilmetacrilato de metila (PMMA) na função de agente

indutor de regeneração tecidual e desenvolvimento de um gel à base de PMMA, capaz

de promover facilidade de aplicação sobre feridas, assim como associá-lo a cicatrizantes

reconhecidos, somatizando suas ações, foram nossos objetivos.

O uso freqüente de PMMA nos preenchimentos faciais estéticos e implantes

diversos, sua ação estimuladora do sistema imunológico, familiaridade com

cianoacrilato, polímero de amplo e constatado uso em estudos de cicatrização,

adesividade, facilidade e custos acessíveis, justificam o tema investigado.

II-REVISÃO GERAL DA LITERATURA

CAPÍTULO 1 – A CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

Os principais objetivos e cuidados com a ferida são a prevenção da infecção, a

manutenção de um ambiente úmido, a proteção da ferida e realização de formação

mínima de cicatriz1.

14

As feridas podem ser divididas em: agudas, onde o processo de cicatrização

ocorre de forma ordenada e em tempo hábil, com resultado funcional e anatômico

satisfatório; ou crônicas (como as úlceras venosas), onde o processo estaciona na fase

inflamatória, o que impede sua resolução e a restauração da integridade 2,3,4.

O organismo possui barreiras naturais que são obviamente inespecíficas, como a

da pele (queratina, lipídios e ácidos graxos), a saliva, o ácido clorídrico do estômago, o

pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas mucosas e no trato

respiratório, cílios do epitélio respiratório, peristaltismo, flora normal, entre outros5.

A hemodinâmica inflamatória apresenta na fase aguda um aumento dos

neutrófilos, e, particularmente nos estados alérgicos, presença considerável de

eosinófilos6.

Quanto ao mecanismo de cicatrização, as feridas podem ser classificadas como

de fechamento primário ou por primeira intenção: ocorre nas feridas fechadas por

aproximação de seus bordos; de fechamento secundário, por segunda intenção ou

espontâneo: a ferida é deixada propositadamente aberta, sendo a cicatrização

dependente da granulação e contração da ferida para a aproximação das bordas ex.:

biópsias de pele, queimaduras profundas, feridas infectadas . Uma deficiência

nutricional pode dificultar a cicatrização, pois deprime o sistema imune e diminui a

qualidade e a síntese de tecido de reparação. As carências de proteína e de vitamina C

são as mais importantes, pois afetam diretamente a síntese do colágeno7, 8, 9, 10,11.

Classicamente, a cicatrização de feridas pode ser dividida em três fases:

inflamatória, proliferativa e de maturação ou remodelagem (Figura1). A fase

inflamatória é dominada por dois processos: hemóstase e resposta inflamatória aguda,

com objetivo de limitar a lesão tecidual, nas feridas não complicadas, dura de 1 a 4 dias.

Na fase proliferativa: proliferação de fibroblastos na ferida, sob a ação de citocinas,

dando origem ao processo de fibroplasia (síntese de colágeno). A síntese de colágeno é

estimulada pela TGF beta e IGF1, e inibida pelo INF gama e glicocorticóides.

Simultaneamente, ocorre a proliferação de células endoteliais, com formação de rica

vascularização (angiogênese) e infiltração densa de macrófagos, formando o tecido de

15

granulação12,13.

Figura 1. Representação esquemática da especificidade celular imunológica correlacionada temporalmente com as fases da

cicatrização Fonte adaptada: Park JE, Barbul

Minutos após a lesão, tem inicio a ativação dos queratinócitos na borda da

ferida, fenômeno que representa a fase de epitelização. Eles secretam laminina e

colágeno tipo IV, formando a membrana basal. Fase de maturação: o último passo no

processo de cicatrização é a formação do tecido cicatricial propriamente dito, que

histologicamente consiste em tecido pouco organizado, composto por colágeno e

pobremente vascularizado14, 15.

As células mastocitárias têm papel importante na gênese dos neutrófilos,

importante bloqueador de disseminação bacteriana, contribuindo e interferindo na

resposta inflamatória sistêmica. 16.

O processo de remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a

degradação do colágeno, redução da vascularização e da infiltração de células

inflamatórias, até que se atinja a maturação da ferida17,18.

Estudos de doenças inflamatórias da pele indicam fortemente que a histamina

não é o único mediador de prurido, e que mudanças de temperatura e pH, assim como

16

determinadas toxinas podem ativar as TRP(transient receptor pontential), expressadas

por nervos sensoriais, ceratinóceos e alguns leucócitos19.

Avaliando a cicatrização de ferida provocada no estômago de ratos com uso do

extrato hidroalcoólico de aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi), concluiu-se que não

houve alteração do processo de cicatrização do ponto de vista de análises

macroscópicas, tensiométricas e microhistológicas20.

A atividade sobre Enterococcus, Corineforme Bacillus, Streptococcus viridans e

S. -hemolíticos em modelo de alveolite induzida em ratos, mostrou que o melhor

resultado foi obtido com aroeira.21.

Estudando o extrato aquoso da aroeira-do-sertão em ratos Wistar, observou-se

ação antiinflamatória e efeito inibitório na deposição do colágeno nas fases inflamatória

e de fibroplasia no processo cicatricial de anastomoses colônicas, porém em fases

avançadas (dia 21) a cicatrização se deu de forma semelhante aos animais do grupo

controle 22.

Testando atividade antifúngica e antileichimaniótica com 20 plantas nativas do

Brasil utilizando duas espécies de Leishmania (L. amazonensis e L. chagasi ) e duas

leveduras (Candida albicans e Cryptococcus neoformans), Schinus terebintifolius,

apresentou-se efetivo sobre C. albicans23.

Avaliou-se o efeito curativo da administração tópica do extrato hidroalcoólico de

aroeira em feridas abertas na região dorsocostal de 60 ratos,e em relação a células

mononucleares no 14 º dia de avaliação, foi anotado maior número no grupo

aroeira,resultando em retardo da reepitelização das feridas neste grupo em relação ao

controle24.

O processo de cicatrização pode ser avaliado clinicamente através da força tênsil

da ferida. A contração da ferida é um dos principais fenômenos da fase de maturação.

Durante o processo, as bordas são aproximadas, reduzindo a quantidade de cicatriz

desorganizada. A contração caracteriza-se pelo movimento centrípeto da pele nas

bordas da ferida, impulsionada pela ação dos miofibroblastos 13,25.

A interleucina 8 (IL-8), citocina pró-inflamatória, é super-expressada pelos

fibroblastos durante o desenvolvimento do tecido de granulação, acelerando o processo

de cicatrização, apresentando-se concorrendo para o aparecimento de quelóides26.

Já a interleucina 21(IL-21) tem papel importante na mobilização da resposta

celular da pele, nos processos alérgicos27.

17

Ao longo das últimas duas décadas, a pressão negativa tópica (TNP), ganhou

ampla aceitação como uma verdadeira estratégia para o tratamento para uma variedade

de feridas agudas e crônicas28.

A mensuração de óxido nitroso e peróxido de hidrogênio configuram-se método

analítico de comprovação de atividade antinflamatória29.

Estudos em linhagem de camundongos modificados geneticamente

demonstraram que a processo de reparação tecidual é mediado pela interleucina 10(IL-

10), porém o mecanismo de ação não está ainda descrito satisfatoriamente30.

Quantificou-se a resposta inflamatória celular in vitro, com o objetivo de avaliar

a biocompatibilidade de biomateriais, através da resposta inflamatória de macrófagos

murinos (CRU 264,7). As células foram incubadas com polimetilmetacrilato (PMMA)

microesferas na presença e ausência de lipopolissacarídeo (LPS) em 8h. e 18h. Os

resultados demonstraram significativo aumento de citocinas no tempo 8 horas31.

Analisou-se a resposta celular de polimetilmetacrilato (PMMA) injetado nos

joelhos e as cavidades intramedulares femoral de ratos. Foi detectado um aumento do

número de macrófagos, sendo consideradas leves, a resposta celular e reabsorção óssea

em torno da PMMA32.

Estudos utilizando o ultra-som (US) terapêutico na pele de 20 Rattus Norvégicus

cinco dias após terem sido submetidos à incisão cutânea experimental apresentaram

como resultados, menor quantidade de PMN (polimorfonuclerares), ausência de

mastócitos granulosos no local da incisão nos animais sonados e quantidades de

colágeno similares em todos os grupos, embora mantendo no grupo sonado, um padrão

de organização cicatricial mais próximo do normal33.

Investigou-se o efeito do extrato Citrus reticulata blanco sobre o metabolismo

do colágeno e proliferação de fibroblastos humanos na cicatriz hipertrófica, e concluiu-

se que o extrato pode ser benéfico para a gestão dessa cicatriz, através da inibição da

proliferação de fibroblastos, apoptose e colágeno, promovendo a degradação

equilibrada34.

Investigou-se a atividade relacionada a cicatrização em incisões em pele de ratos

do estrato aquoso de M. oleifera, numa dose de 300mg/Kg, concluindo-se que foi

significativo na melhora das propriedades na cicatrização das feridas35.

Neste estudo, foram comparados os efeitos das Colagenases e Centella asiatica

em feridas sobre 27 ratos fêmeas, realizando exames imunohistoquímicos para fator de

crescimento transformador beta (TGF-beta), síntese induzível de endotélio e óxido

18

nítrico, fator de crescimento endotelial vascular, TGF-alfa, laminina, fibronectina,

colágeno I, e de interleucina-1beta. Os resultados mostraram que a pomada Colagenase

melhorou significativamente a qualidade da cicatrização de apresentando-se mais

adequada escolha em relação ao extrato de C. asiatica nas fases iniciais do processo de

cicatrização da ferida36.

Comparou-se os resultados da “pele adesiva” e grampos para fechamento da pele

em 90 pacientes submetidos a artroplastia total do quadril, ambos dispositivos

demonstraram eficácia, destacando a facilidade de uso para os grampos37.

Avaliou-se num período de até 90 dias, enxertos gengivais livres fixados com

etil-cianoacrilato (Grupo 1) e com sutura (grupo 2).a utilização de etil cianoacrilatos não

alterou o processo de cicatrização do enxerto, sugerindo uma possível alternativa para a

fixação do enxerto gengival livre38.

Comparou-se a reparação da pele perineal após episiotomia com cola adesiva

versus uma sutura subcuticular por um período de 30 dias, ficando demonstrado que a

cola adesiva é mais rápida na oclusão da lesão, observados os mesmos níveis de dor e

retorno às atividades sexuais39.

CAPÍTULO 2 - INTRODUÇÃO AOS POLÍMEROS

2.1 GENERALIDADES

Denominado por Berzzelius em 1832, o termo polímero, do grego (“muitas

partes”), refere-se a macromoléculas de elevado peso moleculares entre 103 g/mol e 106

g/mol, sendo que a sua complexidade e não a repetição de simples unidades acarreta seu

tamanho; cada parte repetida da cadeia é chamada de “unidade química repetida,

resíduo de monômero ou simplesmente monômero e ainda mero”, expressão hoje,

pouco utilizada40.

Formado pelo processo chamado polimerização, iniciado por meios físicos ou

químicos, assim como calor, mudança de concentração, interação de agentes químicos

ou radiação, assumem características gerais próprias dominantes sobre a natureza

química dos átomos e grupos funcionais que os constituem. As combinações inter e

intramoleculares, a forma e comprimento, influem significativamente no seu

comportamento 41,42.

19

Suas propriedades dependem da estrutura molecular, influenciada, diretamente

pela natureza química e processo de preparação, ainda pela sua configuração,

constituição e peso43.

Os polímeros podem ser de origem natural (orgânicos: polissacarídeos, proteínas

amido, lã, cabelo, couro inorgânico (grafite, diamante), ou sintética (.inorgânico: Ac.

polifosfórico, poli cloreto de fosfonitrila) . Suas classificações mais comuns descrevem

aspectos quanto à estrutura, ao método de preparação (síntese química), ao

processamento tecnológico (fusibilidade), e o comportamento mecânico40,44.

2.2 - MUCOADESÃO

Alguns conceitos e teorias são necessários para compreensão do fenômeno da

mucoadesão, muito importantes para utilização dos polímeros, importantes nas

formulações farmacêuticas e colas biológicas.

Adesão: é um fenômeno que envolve a ligação de dois materiais em contato íntimo,

através de uma interface, em oposição à coesão, que é a ligação no interior de um

mesmo material 41, 45,46.

Um material adesivo deve apresentar elevada resistência ao cisalhamento, com

forças atuantes entre as superfícies e o adesivo 43,44.

São consideradas de ligação eletrostáticas, semelhantes àquelas de ligação

secundárias dos polímeros termoplásticos (resinas termofixas, compostos elastoméricos,

adesivos naturais como cola animal, amido, resina, etc) 47.

Bioadesão: é um caso particular da adesão, quando houver envolvimento de pelo menos

uma das fases, um tecido biológico, e havendo um fluido mucoso entre as duas faces,

define-se por mucoadesão, existente por dois tipos de ligações: químicas e físicas. As

ligações físicas estão relacionadas à topografia das interfaces, o que lhes confere o

potencial adesivo, demonstrando pela avaliação da Força de Pelagem entre duas

20

superfícies metálicas (Cu /Ni) unidas por um adesivo do tipo epóxi, que a adesão

aumenta, quando também é maior o relevo das fases, como descrito na figura 2.

Figura 2 - Irregularidades de superfícies diferentes: FORÇA DE PELAGEM g/cm.

CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES HISTOLÓGICAS DA PELE

A pele é composta basicamente por das porções: Epiderme, Derme e hipoderme.

A epiderme é composta por tecido epitelial de revestimento estratificado pavimentoso

queratinizado de origem ectodérmica, possuindo espessura variável, de acordo com a

parte do corpo estudada. Na planta do pé e na palma da mão, a epiderme alcança a sua

espessura máxima 4.

São quatro camadas distintas na epiderme:

Camada basal: é também conhecida como camada germinativa, pois, através de

intensa atividade mitótica, é responsável pela renovação das células da

epiderme. O formato das células é prismático ou cubóide.

Camada espinhosa: apresenta um sistema de adesão celular através de

tonofibrilas, que dá o formato espinhoso às células nela presentes. É formada

por células poligonais cubóides.

Camada granulosa: nela, o núcleo das células é central. Nessa camada, através

da secreção uma substância intercelular impermeabilizante, não ocorre a

passagem de água.

Camada córnea: as células não possuem mais núcleos e organelas, e o seu

citoplasma está cheio de uma escleroproteína denominada queratina 4,48.

21

Em certas regiões, onde a epiderme é menos espessa, freqüentemente a camada

granulosa não está presente e a camada córnea é muito delgada; a derme é composta por

tecido conjuntivo e origina-se do folheto mesodérmico. É sobre a derme que a epiderme

está apoiada. Na derme observam-se saliências que acompanham as reentrâncias da

epiderme, permitindo maior adesão. Essas saliências são chamadas papilas dérmicas.

Derme: é composta por duas camadas:

Camada papilar: é uma delgada camada constituída por tecido conjuntivo

frouxo, que se localiza logo abaixo da epiderme, separada desta pela lâmina

basal. Podem-se observar alguns vasos sangüíneos que nutrem a epiderme, sem

penetrar nela.

Camada reticular: é mais espessa e composta por tecido conjuntivo denso não-

modelado, predominando as fibras colágenas, menos flexível, porém mais

resistente a trações em relação ao tecido conjuntivo frouxo feixes colágenos em

tramas tridimensionais,. Nessa camada observam-se os pêlos e glândulas da

pele15, 18.

Hipoderme: é formada por tecido conjuntivo frouxo. Nesta zona observa-se uma

camada de tecido gorduroso, que varia de acordo com o grau de adiposidade do

indivíduo. Não faz parte da pele; sua função é permitir a junção entre a derme e os

órgãos subjacentes11, 18.

CAPÍTULO 4 – O PMMA (Polimetilmetacrilato de metila).

O PMMA é um polímero linear, amorfo, processado por adição, requerendo um

iniciador como centro ativo. Tem como principais características as propriedades óticas

e mecânicas, resiste bem aos ácidos orgânicos e inorgânicos, gorduras, óleos e a maioria

dos gases comuns; substitui o vidro na medida em que sua excelente transparência,

capaz de transmitir até 92% da luz visível 49,50.

As características técnicas do produto são as seguintes: fórmula química

C5H8O2 (Figura 3), líquido incolor, inflamável e de odor característico, possui 99,9%

de pureza (cromatografia), tem acidez máxima de 0, 0035% (como ácido acrílico), teor

22

de água máxima de 0,05% (Karl Fischer), possui como máximo 5 p.p.m. em relação à

cor, peso molecular de 100,1 e peso específico a 20ºC – g/cm3 de 0,94 51.

Figura 3 - Estrutura do PMMA.

Fonte: AQUINO, 2005.

Apresenta boa dureza superficial e rigidez, resiste aos raios gama sem amarelar

ou trincar significativamente, por isto são largamente utilizados os raios ionizantes na

esterilização de produtos médicos, sejam embalagens ou artefatos, evitando o uso de

óxido de etileno, este, capaz de contaminar superfícies com resíduos tóxicos como

etileno glico50,51.

Algumas estruturas de resinas acrílicas são utilizadas para acondicionar drogas

de diferentes áreas de absorção do organismo liberando ou retardando de acordo com a

necessidade23, estando descritos problemas em pulmões, trato gastrintestinal, rim e

outros tecidos, em animais de laboratórios e humanos, interagindo inclusive com DNA

constituindo-se genotóxico, carcinogênico, embrio e fetotóxico, além dos relatados

problemas dermatológicos52.

A exposição continuada, tanto da resina epóxi como da resina acrílica, fator

causal das fissuras nas extremidades dos dedos ou mãos, advindas de dermatites de

contatos, hiperqueratoses, evoluindo até parestesias, recomenda-se inclusive, o uso de

material de segurança como luvas, as quais não evitam com segurança os danos

causados, sendo importante a medição da qualidade do ar em lugares fechados, pois

ocorre saturação dos ambientes52, 53.

Salienta-se, pois, que o efeito da resina acrílica sobre a pele e os problemas

advindos desse contato em estudo com coelhos, que a freqüência é o limitador para

ocorrências, não havendo incidência em períodos inferiores a 05 dias54.

Listamos algumas propriedades e características físicas do PMMA . (Figura 4)

23

Figura 4 - Características mecânicas à temperatura ambiente do polimetilmetacrilato de metila

Densidaderelativa g /cm3(lbm/pol.3 )

Módulo de elasticidade[GPa( 106psi)]

Limite de resistência à tração [MPa (ks)i]

Limite de escoamento [MPa (ks)i]

Resistência a ductilidade(Alongamentona fratura) (%)

Condutividade térmica à temperatura ambiente [( -m) -1 ]

1,17– 1,20 ( 0,430 )

2,24 – 3,24 (0,325 – 0,470 )

48,3– 78,4 (7,0 – 10,5 )

53,8 – 73,1 (7,8 – 10,6 )

2,0 – 5,5 < 10 -12

Fonte: O AUTOR, 2009.

As propriedades mecânicas dos polímeros são controladas por parâmetros

viscoelásticos. O mais importante é o módulo de elasticidade, razão entre a tensão e a

deformação (Young) 44,47.

O PMMA comporta-se com simultaneidade das características, elásticas (como

líquidos) e viscosas (como sólidos) 41,49.

Figura 5 - Representação gráfica do Módulo de elasticidade do PMMA.

Fonte: O AUTOR, 2009.

Em relação a temperatura de transição vítrea (Tg), o PMMA sindiotático tem

comportamento idêntico ao Isotático, numa faixa de 3ºC ou 35 ºF , enquanto que a temperatura

de fusão não mostra-se coincidente, sendo de 105ºC / 220 ºF para o sindiotático e 45 ºC /115 ºF.

24

O módulo do PMMA em função da temperatura figura 30 apresenta curva muito

característica para vários tipos de polímeros, distribuindo-se em cinco regiões:

Região I – apresenta resistência mecânica comparável à do vidro e ocorre abaixo da Tg.

Região II –apresenta resistência semelhante a do couro

Região III – apresenta uma resposta elástica instantânea, pode ser alcançada 30°acima

da Tg

Região IV – apresenta baixa resistência mecânica

Região V – apresenta característica de um líquido viscoso, sem qualquer evidência de

recuperação elástica 41,44.

Figura 6- Módulo do PMMA em relação à temperatura.

Fonte: O AUTOR, 2009.

A tenacidade à fratura do PMMA, é do tipo dúctil, de grande habilidade plástica

e absorção de energia, seja por forças de tração, cisalhamento ou torção, semelhante ao

comportamento do concreto, vidro, epóxi, poliéster, poliestireno, polipropileno, entre

outros. Na figura 7 é exibido seu limite de tenacidade 44,47.

25

Figura 7 - Limite de tenacidade à fratura do PMMA em deformação plana à temperatura ambiente.

Fonte: O AUTOR, 2009.

O processo industrial de obtenção do PMMA segue através da desesterificação,

pelo sistema contínuo, de duas matérias-primas básicas: acetona cianidrina e metanol. O

produto é utilizado na produção de chapas acrílicas, resinas para injeção e extrusão de

polímeros/copolímeros para usos em tintas, vernizes e resinas para papéis. Pode também

ser aplicado como intermediário em sínteses orgânicas diversas, bem como na produção

de resinas odontológicas 14,17. Pode ainda ser obtida por iniciação térmica, polimerização

por transferência de grupo, por emulsificação, aceitam aditivos no sentido de adequar

suas características às necessidades10, 50.

Figura 8 - Reação da acetona com cianeto de hidrogênio (HCN) formando acetona cianidrina.

Fonte: ADAPTADO DE PROQUIGEL.

Figura 9 - A acetona cianidrina hidrolisada com ácido sulfúrico (H2SO4) formando o sulfato de metacrilamida.

Fonte: ADAPTADO DE PROQUIGEL.

26

Figura10- A amida formada é resfriada e esterificada com metanol formando-se o metacrilato de metila, mantido em refluxo por uma hora 50.

Fonte: ADAPTADO DE PROQUIGEL.

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32

ARTIGO I- ACEITO RBF

33

ESTUDOS PRÉ-CLÍNICOS NO USO DE PMMA (POLIMETILMETACRILATO

DE METILA): ANÁLISE HISTOLÓGICA.

PRE-CLINICAL STUDIES ON THE USE OF PMMA (Polymethylmethacrylate

methyl): HISTOLOGICAL ANALYSIS

ABSTRACT

Keywords: METACRYLATE; ACRYLIC RESIN; TOXICITY; HEALING.

The topical application of Polymethylmethacrylate Methyl, PMMA ® (G ) at

dose3

single (200mg/kg) on the back of lesions in rats induced by a

punch ® of 0.8cm, was examined histologically against time (T ,7 T and T days) and

compared the use of sutures (G ) and saline15 21

2

(G ). It is measuring numbers of fibroblasts and cells of defense, an area of1

collagen, thickness of epithelium, the mass and temperature variation

body. The results showed a significant increase in the number of

in fibroblasts (T ,7 T and T days) in the G in relation to G and G .15 21 3 1 2

There were increases in defense of cells in G in T days and reduction in T3 7 21

days when compared to G and G . The area of collagen was lower in G1 2 1

T in the day with respect to G and G . There were no statistically21 2 3

different, the thickness of epithelium, body’s mass and temperature

of animals between different groups. The increase in

fibroblasts, associated with elevation followed by initial reduction, the

end of the process of the cells of defense, indicating a pro-active

healing induced by PMMA.

Palavras-Chave: METACRILATO; RESINA ACRÍLICA; TOXICIDADE;

RESUMO

CICATRIZAÇÃO.

A aplicação tópica de Polimetilmetacrilato de metila, PMMA® (G3) em dose

única (200mg/kg) sobre as lesões em dorso de ratos induzidas por um punch® de 0,8

cm, foi analisada histologicamente em função do tempo (T7, T15 e T21 dias) e comparada

ao uso de sutura (G2) e soro fisiológico (G1). Mensurou-se números de fibroblastos e

células de defesa, área de colágeno, espessura de epitélio, variação de massa e

temperatura corporal. Os resultados mostraram aumento significativo do número de

fibroblastos nos (T7, T15, e T21 dias) no G3 em relação aos G2 e G1. Houve aumentos das

34

células de defesa no G3 em T7 dias e redução em T21 dias quando comparados aos G2 e

G1. A área de colágeno foi maior nos G2 e G3 no T21 dias em relação ao G1. Não foram

estatisticamente diferentes, a espessura de epitélio, a massa corporal e a temperatura

corporal dos animais entre os diferentes grupos. O aumento de fibroblastos, associado

com elevação inicial seguida de redução, ao final do processo das células de defesa,

indicam uma atividade pró-cicatrização induzida pelo PMMA.

INTRODUÇÃO

O PMMA (C5H8O2)- é um polímero linear, amorfo, processado por adição

requerendo um iniciador como centro ativo. Tem como uma das suas principais

características as propriedades óticas e mecânicas, resistindo bem aos ácidos orgânicos e

inorgânicos, gorduras, óleos e a maioria dos gases comuns; substitui o vidro na medida

em que sua excelente transparência, que transmite até 92% da luz visível, AQUINO (1).

É um líquido incolor, inflamável de odor característico, possui 99,9% de pureza ,

tem acidez máxima de 0,0035% (como ácido acrílico), teor de água máxima de 0,05%

(Karl Fischer), possui como máximo 5 ppm em relação à cor (APHA), peso molecular

de 100,1 Daltons e peso específico a 20ºC – g/cm3 de 0,94, CETESB (4).

O Polimetilmetacrilato de metila (PMMA), também chamado de resina acrílica,

é material bastante utilizado, constante nos mais distintos seguimentos, destacando-

se:indústria, artefatos, medicina, odontologia, medicamentos e outros. Seu uso nas

próteses é cercado de celeumas, devido a possíveis estimulações alergênicas,

justificadas pela liberação tardia de monômeros não incorporados. Nas intervenções

estéticas de bioplastia, na forma de gel, é usado para preenchimentos faciais, que

embora seguro, devido ao diâmetro de suas partículas, foram registrados relatos de

reações do tipo granulomatosa, e ou, reabsorções parciais, necessitando de manutenções

periódicas, ROSA (19).

A exposição continuada, tanto da resina epóxi como da resina acrílica, é

considerado fator causal das fissuras nas extremidades dos dedos ou mãos, advindas de

dermatites de contatos, hiperqueratoses, podendo evoluir até parestesias,

recomendando-se inclusive, o uso de material de segurança como luvas, as quais não

evitam definitivamente os danos causados, sendo importante a medição da qualidade do

ar em lugares fechados, pois ocorre saturação dos ambientes, RHUNKE, CONSANI,

STOLF e TOSTI et al (16,25).

35

Os adesivos teciduais representam um grupo de compostos de origem natural e

artificial, freqüentemente utilizados em vários casos inclusive, hemóstases, como

também em fechamento de feridas e até tratamento de fístulas traqueofaríngea, RYOU e

THOMPSON e TZIFA et al (20,28).

O objetivo deste trabalho foi testar o uso de PMMA, e sua influência no

processo cicatricial, numa abordagem histológica, correlacionando a presença de

estruturas celulares a possíveis ações tóxicas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Após submissão e aprovação do protocolo de estudo pela Comissão de Ética em

Experimentação Animal do Centro de Ciências Biológicas da UFPE (CEEA/UFPE),

protocolo no 017247/2007-61, foram utilizados ratos Wistar adultos, fêmeas e machos

respectivamente entre 2-4 e 3-5 meses de idade (180 -230 a 280-320g), oriundos do

Biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFPE. Os animais

receberam água e dieta ad libitum ( Labina®) e foram mantidos em condições com

controle de iluminação (ciclo 12 h, claro/escuro) e temperatura (22±2oC).

PROTOCOLO EXPERIMENTAL

Os animais foram anestesiados com pentobarbital sódico (35mg/kg, i.p). Em

seguida a região mediana do dorso foi depilada e provocada uma lesão circular com

0,8cm de diâmetro, com auxílio de um punch®. Foram distribuídos 54 ratos,

aleatoriamente, em três grupos (n=18/grupo) e aplicada sobre as feridas, no grupo 1,

(G1, soro fisiológico - placebo) somente irrigando (figura 1-A), no grupo 2, (G2, fio seda

nº. 000 -ETHICON®), tratados por sutura (figura 1-B) e no grupo 3 (G3, PMMA (VIP

FLASH® – autopolimerizável), 200 mg/kg depositados líquido e pó nessa ordem,

formando uma camada de recobrimento da ferida até atingir a fase rígida (figura 1-C),

estabelecendo esta etapa como Tempo Zero (T0). Nos tempos 7, 15 e 21 dias (Tn),

removeu-se de seis animais, previamente anestesiados, de cada grupo, a área tecidual da

ferida (peça histológica), por meio de incisão, guiados por carimbo na forma de

quadrado medindo 2X2 cm, procurando uniformizar o tamanho da peça histológica,

fixado com Bouin seguido de procedimento rotineiro para microscopia de luz; sendo

que para análise qualitativa das amostras, foram utilizados cortes histológicos corados-

36

pela Hematoxilina/ Eosina, para observação das estruturas gerais, enquanto que os

corados com tricrômio de Masson, para observação do colágeno, citoplasma, e núcleos

das células. Procedida a eutanásia por aprofundamento anestésico, realizou-se o descarte

dos animais, acondicionando-os em sacos plásticos, estocando-os em freezer a -20ºC,

para posterior coleta pela Prefeitura da Cidade Universitária, NÓBREGA(15).

A temperatura dos animais foi aferida com uso de termômetro digital

(Cyfromy®) por via intra-retal antes da anestesia (T0), e decorridas 24 e 72 horas; ainda

observados a cada 24 horas, sinais clínicos como, alteração comportamental, consumo

de água e ração. O registro da massa corporal foi obtido nos tempos T 0, T 7,T 15 e T 21

dias.

As imagens foram capturadas das lâminas, através do microscópio OLIMPUS

BX 50, com ATI TV PLAYER Versão 6.3®, ficando a contagem analítica de colágeno a

cargo do sistema IMAGELAB Versão 2.4®, (definição de 480 x 640 pixels, totalizando

900 KB), proveniente do Laboratório de Morfometria do Departamento de Histologia

da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Para análise quantitativa de células de

defesa e fibroblásticas, assim como, da espessura de epitélio, utilizou-se o sistema

MacBiophotonics Imajej®. Os valores foram expressos em média ± desvio padrão da

média. As diferenças entre os grupos foram analisadas através da Análise de Variância

(ANOVA), seguido quando detectada diferença pelo teste de Tukey. A probabilidade de

nível inferior a 5% (p <0,05) foi considerada significativa, CALLEGARI-JACQUES

(3).

RESULTADOS

Na figura 1 está ilustrada a lesão produzida pelo punch® de 0,8 cm e as

respectivas aplicações de soro fisiológico, sutura e PMMA.

1. Contagem de fibroblastos

Os resultados obtidos da ocorrência de fibroblastos estão descritos na tabela I. O

grupo 3, (PMMA®), produziu aumento significativo do número de fibroblastos em

relação aos grupos 2 (sutura®) e grupo 1(soro fisiológico) em todos os tempos

observados.

37

2. Contagem de células de defesa

Aos sete dias de observação, o número de células de defesa do grupo PMMA®,

aumentou significativamente quando comparada aos grupos sutura e soro fisiológico.

Contudo, aos 21 dias de cicatrização houve significativa redução do grupo PMMA® em

relação aos demais grupos (tabela II).

3. Avaliação da área de colágeno

A área de colágenos aos 21 dias de observação nos grupos PMMA® e sutura®

foram estatisticamente maiores daquele obtido no grupo controle (tabela III).

4. Mensuração da espessura de epitélio

A espessura do epitélio não foi modificada nos grupos PMMA® e sutura® em

relação ao grupo controle (tabela IV).

5. Massa e temperatura corporal

A figura 2 mostra que não houve variação de massa corporal entre os grupos no

decurso do tempo.

De forma similar, também na análise da temperatura corporal, não se observou

diferenças estatísticas entre os grupos (figura 3).

DISCUSSÃO

Esse trabalho foi desenhado para investigar a ação cicatrizante do PMMA. Os

resultados mostraram que o PMMA produziu maior número de fibroblastos em relação

aos demais grupos. Indicando uma atividade de estímulo cicatricial.

Para ROCHA, GURJÃO e BRITO JUNIOR (17) a modulação do processo

inflamatório com formação e amadurecimento de fibroblastos, responsável pela

produção de matriz de colágeno e pela formação do tecido de granulação, quando

significantes, são características de indução de atividade de cicatrização.

Nas observações histológicas das estruturas gerais em nosso estudo, não foram

identificadas reações do tipo granulomatosa.

As reações de células granulares caracterizam-se por coleções de histiócitos

com citoplasma eosinofílico granular no sítio do trauma operatório. Tais reações

histiocíticas têm íntima similaridade com tumores de células granulares, mas

38

geralmente podem ser diferenciadas pelo fato de que os núcleos nestas reações são

pequenos e os grânulos são grandes, MACEDO NETO (11). Além disso, as células

geralmente cercam nódulos de material inerte (corpos estranhos), similares ao material

granular citoplasmático SOBEL, AVRIN e SCHWARZ (22).

O reparo tecidual envolve regeneração e cicatrização, chamada também de

fibroplasia ou fibrose, caracterizadas pela migração, proliferação e diferenciação

celular. O controle da proliferação celular é feito por fatores solúveis no microambiente,

as citocinas, que podem estimular ou inibir este processo, SIQUEIRA JR. e DANTAS

(21).

Nosso estudo detectou maior presença de células de defesa no grupo teste

(PMMA®) aos sete dias, em relação aos grupos 1 e 2, o que pode ter contribuído para

sua significativa elevação na proliferação de células fibroblásticas. Contudo aos 21 dias,

houve queda significativa do número das células de defesa, enquanto que os grupos 1 e

2 mantiveram-se elevados.

SIQUEIRA JR. E DANTAS (21) afirmam que a liberação de citocinas por

macrófagos estimula a proliferação de fibroblastos, que em conjunto com células

endoteliais invadem precocemente o sítio da lesão, reconstituindo o estroma do tecido,

para migração e diferenciação das células mesenquimais; e que o processo de

remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a degradação do

colágeno, redução da vascularização e da infiltração de células inflamatórias, até que se

atinja a maturação da ferida.

KIM et al (10) consideraram raras as reações granulomatosas nas Bioplastias

com o uso de artecoll® (PMMA associado a colágeno e carboximetilcelulose), MAIA

JÚNIOR et al (12), relatam caso clínico de opacidade tardia de lentes intra-oculares

confeccionadas de PMMA, apresentando como fato raro; AMITA BAGAL et al (2)

deixam claro que uma implantação conservadora, sem excessos, na busca de correções

permanentes de sulcos e vincos faciais por exemplo, contam com uma técnica sensível,

porém de resultados substancialmente positivos, assegurados pelo diâmetro das

partículas de PMMA (30 a 40 μm); devidamente aprovados pelo FDA (Food and Drug

Administration). ELLIS e SEGALL e ROEHSIG, C. et al (5,18) concluíram que a

fixação de fraturas ilíacas em cães com até 16 kg de massa corporal utilizando parafusos

cimentados com PMMA constitui uma eficiente técnica, que proporciona adequada

estabilidade, precoce recuperação funcional e cicatrização óssea.

39

Nosso estudo mostrou significativo aumento da área de colágeno do grupo

PMMA e Sutura, quando comparados ao grupo controles, porém no último período

analisado, observou-se equilíbrio em seus níveis e um adequado reparo tecidual.

®

TOGNINI et al (24) estudando diclofenaco de sódio e sua influência no

processo cicatricial em 222 ratos, concluíram que a baixa qualidade da reparação

deveu-se à inibição da síntese de colágeno.

MARQUES (13) utilizando etil-cianoacrilato na síntese de tecidos em

exodontias de ratos constatou uma melhor organização da proliferação epitelial e

nenhum retardo em relação ao grupo controle, cuja síntese fora executada com fio de

polilactina.

Esperava-se um melhor desempenho no grupo sutura na formação de epitélio,

uma vez que a aproximação dos bordos da ferida (1ª intenção) deveria favorecer o

processo de cicatrização. Porém em nosso estudo não houve diferença estatisticamente

significativa.

GENESER e GUYTON (6,8), explicaram que epitilização do tecido lesionado,

ocorre inicialmente pelo deslizamento de células epiteliais das margens íntegras, para

cobrir a lesão e posteriormente pela diferenciação celular, levando em média de uma a

duas semanas, no entanto nas lesões cirúrgicas lineares, esse tempo é reduzido, com

fechamento entre 24 e 48 horas.

O aumento do número de células fibroblásticas e da epitelização, sugere

atividade cicatrizante, MARTINS et al (14).

TUCKER (26) relatando caso de testes alérgicos com Resina Ivoclar® obteve

negatividade nos resultados, confeccionando bases de dentaduras de forma satisfatória.

No nosso modelo de estudo não se identificou variação de massa e temperatura

corporal. Demonstrando em princípio ausência de toxicidade do PMMA.

Segundo GUIMARÃES e MAZARO (7) a temperatura média normal para ratos,

ocupa uma faixa que vai de 35,9º C a 37,9ºC.

JORGE et al (9) afirmaram em estudo de revisão bibliográfica do período que

entre 1973 e 2000, que o PMMA usado em bases de dentadura apresentava

comportamento citotóxico.

40

SPIECHOWICZ et al (23), em estudo com coelhos, salienta que o efeito da

resina acrílica sobre a pele e os problemas advindos do contato, coloca a freqüência

como limitador para ocorrências, não havendo incidência quando o uso é testado por um

período de até 05 dias.

TRIVEDI et al (27) descreveram as lentes intra-oculares confeccionadas em

PMMA como de característica inerte e de boa tolerância.

CONCLUSÕES

O uso do PMMA está difundido na medicina, o que o coloca como material a ser

ainda amplamente estudado nas mais diversas aplicações. O estudo demonstrou que

dentro dos parâmetros definidos, o uso do PMMA não apresentou parâmetros

histológicos de reação corpo estranho. O comportamento da população de células de

defesa mostrou-se adequado aos processos de regeneração tecidual, e finalmente sua

diferenciação fibroblástica significativa, induz a considerar atividade estimulante

cicatricial. Suas associações e propriedades mucoadesivas podem ser exploradas e

melhoradas. Estudos nesse sentido estão sendo realizados por nossa equipe, modelando

sua dosagem e formas farmacêuticas, avaliando atividades indutoras de cicatrização e de

toxicidade.

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44

(A)

(B)

(C)

FIGURA 1. Fotografia típica ilustrando o aspecto da lesão realizada com punch®

de 0,8 cm no modelo de cicatrização em dorso de ratos Wistar. Em (A) soro

fisiológico, (B) sutura e (C) PMMA® (200 mg/kg). n=6 animais por grupo (Tempo

0).

45

Tabela I - Ocorrência de fibroblastos em estudo do uso tópico do

polimetilmetacrilato de metila (PMMA®) em modelo de cicatrização no dorso de

ratos Wistar.

Grupos T 7 dias T 15 dias T 21 dias

G1- soro fisiológico 185,0 ± 45,2a 191,0 ± 22,3a 238,0 ± 18,1a

G2 – sutura® 182,1 ± 39,8a 182,6 ± 52,1a 268,0 ± 38,2a

G3 - PMMA® 291,0 ± 73,4b 289,3 ± 61,2b 358,0 ± 93,3b

Os valores representam a média ± desvio padrão de 6 animais. a Indica diferença não significante (p > 0,05).b Indica diferença estatisticamente significante (ANOVA seguido de Tukey, p < 0,05).

46

Tabela II - Ocorrência de células de defesa em estudo do uso tópico do

polimetilmetacrilato de metila (PMMA®) em modelo de cicatrização no dorso de

ratos Wistar.

Grupos T 7 dias T 15 dias T 21 dias

G1- soro fisiológico 146,0 ± 76,5a 183,0 ± 37,8a 128,0 ± 12,8a

G2 – sutura® 152,0 ± 50,4a 135,0 ± 37,9a 119,0 ± 38,4a

G3 - PMMA® 343,0 ± 95,0b 195,0 ± 90,6a 64,0 ± 16,9b

Os valores representam a média ± desvio padrão de 6 animais. a Indica diferença não significante (p > 0,05).b Indica diferença estatisticamente significante (ANOVA seguido de Tukey, p < 0,05).

47

Tabela III - Área de colágeno formada (µm2) em estudo do uso tópico do

polimetilmetacrilato de metila (PMMA®) em modelo de cicatrização no dorso de

ratos Wistar.

Grupos T 7 dias T 15 dias T 21 dias

G1- soro fisiológico 37,2 ± 6,3a 58,1 ± 5,5a 64,0 ± 1,1b

G2 – sutura® 43,6 ± 5,5a 64,2 ± 3,7a 75,0 ± 0,3a

G3 - PMMA® 42,1 ± 10,6a 62,0 ± 4,6a 75,9 ± 0,5a

Os valores representam a média ± desvio padrão de 6 animais. a Indica diferença não significante (p > 0,05).b Indica diferença estatisticamente significante (ANOVA seguido de Tukey, p < 0,05).

48

Tabela IV - Média da espessura (µm) do epitélio em estudo do uso tópico do

polimetilmetacrilato de metila (PMMA®) em modelo de cicatrização no dorso de

ratos Wistar.

Grupos T 7 dias T 15 dias T 21 dias

G1- soro fisiológico 13,5 ± 17,4a 52,6 ± 22,8a 34,8 ± 8,7a

G2 – sutura® 18,8 ± 7,8a 38,8 ± 10,2a 47,5 ± 9,6a

G3 - PMMA® 21,5 ± 19,8a 52,4 ± 15,3a 47,1 ± 16,5a

Os valores representam a média ± desvio padrão de 6 animais. a Indica diferença não significante (p > 0,05).

49

0 7 15 210

100

200

300

400

500G1G2G3

Dia

Mas

sa c

orpo

ral (

g)

Figura 2: Variação de massa corporal no modelo de cicatrização em dorso de ratos

Wistar durante 21 dias. G1: soro fisiológico, G2: sutura e G3: PMMA®.

50

36.0

36.5

37.0

37.5

38.0T 0hT 24hT 72h

G1 G2 G3

Tem

pera

tura

(o C)

Figura 3. Variação da temperatura dos animais nos períodos de 0, 24 e 72 horas após

cirurgia em estudo com modelo de cicatrização em dorso de ratos Wistar. G1: soro

fisiológico, G2: sutura e G3: PMMA®.

51

ARTIGO II – SUBMETIDO- REVISTA POLÍMEROS

52

DESENVOLVIMENTO DE GEL DE PMMA ( Polimetilmetacrilato de metila ) E

ANÁLISE DO PROCESSO REGENERATIVO TECIDUAL DE SUA

APLICAÇÃO TÓPICA DIÁRIA SOBRE FERIDAS EM DORSO DE RATOS

DEVELOPMENT OF GEL FOR PMMA (Polymethylmethacrylate of methyl)

AND ANALYSIS OF PROCESS REGENERATED TISSUE DAILY TOPIC OF

YOUR APPLICATION ON BACK WOUNDS IN THE RATS

RESUMO

Diversos estudos envolvendo medicamentos e técnicas variadas visam melhorar as

condições de cicatrização, destaquem-se os biomateriais. Nosso trabalho objetivou

desenvolver gel à base de Polimetilmetacrilato de metila (PMMA), observando seu

comportamento frente a regeneração tecidual em animal. A análise histológica

empregando 30 ratos Wistar nos períodos T5, T14 e T20 dias, seguiu os seguintes

tratamentos: subgrupo 1(Solução salina), subgrupo 2( Fibrase ®), subgrupo3( Gel

PMMA5% + aroeira) e subgrupo 4(Gel PMMA 5%). Os resultados mostraram que o

número de células de defesa foi significativamente maior nos subgrupos 4/T5 e 1/T14;

para células fibroblásticas, os subgrupos 4/T5, 3/T14 e 4/T14, foram significativamente

maiores, apesar de 3/T14 e 4/T14 declinarem em relação a T5. A espessura do epitélio em

T5 foi substancialmente maior nos subgrupos 3 e 4, concordando com a planimetria.

Observou-se que o Gel PMMA isolado não produziu reações adversas no processo de

regeneração tecidual e, baseado no modelo de estudo, verificou-se a aceleração desse

processo em T5 quando comparado aos demais. O mecanismo de ação precisa ainda ser

esclarecido, sugerindo-se que a maior presença de células de defesa no subgrupo com

53

Gel PMMA, nos tempos iniciais, conduziu a um processo mais diferenciado e

equilibrado.

ABSTRACT

Several studies involving different drugs and techniques, to improve the conditions for

healing, the focus is biomaterials. Our study aimed to develop gel-based methyl of

Polymethylmethacrylate (PMMA), observing their behavior in front of animal tissue

regeneration. Histological analysis using 30 rats in periods T5, T14 and T20 days,

followed the following treatments: group 1 (saline solution), subgroup 2 (Fibrase®),

subgrupo3 (Gel PMMA5 Aroeira% +) and Group 4 (PMMA Gel 5%). The results

showed that the number of cells of the defense was significantly higher in subgroups

4/T5 and 1/T14; cells to fibroblasts, the subgroups 4/T5, 3/T14 and 4/T14, were

significantly higher, despite 3/T14 and 4/T14 decline for T5. The thickness of the

epithelium at T5 was significantly higher in groups 3 and 4, in agreement with

planimetry. It was observed that the PMMA gel alone did not produce adverse reactions

in the process of tissue regeneration and, based on the type of study, there was the

acceleration of this process in T5 compared to others. The mechanism of action needs to

be clarified, suggesting that the increased presence of cells of the defense in the

subgroup with PMMA gel, the initial time, led to a more differentiated and balanced.

Keywords: Metacrylate; Acrylic Resin; Toxicity; Healing.

Osman Jucá Rêgo Lima Netto, Davi Pereira de Santana

INTRODUÇÃO

Vários são os polímeros empregados no processo de regeneração de tecidos,

porém até o momento o PMMA não vem sendo cogitado para este uso, explicado

provavelmente pela vinculação do mesmo a processos de cunho alérgico. Contudo sua

54

aplicação nas áreas da saúde apresenta-se versátil, desde as próteses, implantes diversos,

contendor de medicamentos e envolvidos no sistema de liberação seletiva de drogas,

etc..

O tratamento de feridas com agentes dérmicos macromoleculares tais como

polímeros naturais, é uma das áreas de investigação da ciência dos biomateriais[1].

Os adesivos teciduais representam um grupo de compostos naturais e artificiais,

freqüentemente utilizados em várias indicações como hemóstases[2], fechamento de

feridas e até tratamento de fístulas traqueofaríngeas[3], cirurgias hepatobiliares[4],

cosméticas[5], cataratas[6 ], vasectomias[7], regeneração neural[8], liberação de

ingredientes cosméticos[9], varizes[10], além de outras.

Comparadas, clínica e histologicamente, feridas cooptadas com adesivo isobutil-

cianoacrilato[12] demonstraram melhores condições de reparação em relação ao grupo

tratado com sutura[12; 13; 14] nos períodos experimentais de 1 e 10 dias.

Em estudo da qualidade cicatricial em seus vários aspectos clínicos fazendo uso

de plaquetas ricas em fibrina, observou-se melhora considerável na angiogênese, no

controle imunológico, na diferenciação celular e finalmente na qualidade do tecido

cicatricial, com desenvolvimento efetivo de neovascularização, acelerado fechamento

da ferida e rápida remodelação tecidual, somada a ausência de infecção [15].

Estudos da camada final das próteses oculares, comparando a resina

termoativada e a orto-cryl de rápida polimerização (quimicamente ativada), constataram

que as quantidades de monômero residual eram similares e que sua indicação se fazia

pela facilidade e brevidade da técnica[16, 17].

Estudo na otimização de sistemas de liberação de fármacos, adicionando

polietileno glicol (copolímero), ao ácido poliacrílico (hidrogel) na proporção de 40%

para 60% respectivamente, com pesos moleculares entre 1000 e 2000 e polimerização

55

por ultravioleta, mostrou que o trabalho de adesão variou 130 x 10-3 a 27 x 10-3

resultando aumento da mucoadesão, devido a interação sinérgica dos monômeros ao

copolímero[18].

. Em estudos pré-clínicos anteriores, observou-se o bom comportamento do

PMMA na forma pó e líquido, em aplicação única. Assim, desenvolveu-se um gel

PMMA isolado e também numa versão com adição de Aroeira, vislumbrando a

modulação da posologia para uso diário.

A análise dos dados histológicos, clínicos e dimensionais por planimetria,

proporcionou uma visão mais contundente do polimetilmetacrilato de metila, na

efetividade contributiva ao processo cicatricial.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para preparação dos géis (Tabela I) variou-se o agente gelificante, sendo

utilizado o Carbopol e o Natrosol em concentrações fixas de 1 e 2% respectivamente.

Inicialmente foi adicionada a solução de parabenos à água e em seguida pulverizado,

sob agitação, os agentes gelificantes. Nas preparações contendo carbopol, foi necessário

utilizar trietanolamina para formação da malha do respectivo gel. Em seguida foi

adicionado o propilenoglicol, monômero de polimetilmetacrilato de metila (PMMA) e

quando necessário, o extrato de aroeira, gerando um total de 10 formulações. A

manipulação das fórmulas foi feita em capela com exaustão de gases e utilizando todos

os equipamentos de proteção individual necessários, incluindo máscara modelo 3M

série 600 com cartuchos modelo 3M série 6003 contra vapores orgânicos e gases ácidos

em virtude das características do princípio ativo utilizado. Após preparação, as

formulações foram envasadas em bisnagas metálicas para posterior realização das

análises de controle de qualidade.

56

As preparações emulsionadas foram feitas partindo-se da seguinte metodologia:

preparou-se a fase aquosa (contendo a solução de parabenos, EDTA dissódico e

propilenoglicol) e a fase oleosa (contendo cera polawax, cetiol V e BHT), submetendo-

as a aquecimento até a temperatura 75°C. Em seguida verteu-se a fase aquosa sobre a

fase oleosa em agitação constante. O PMMA foi adicionado em seguida e a agitação

mantida até atingir a temperatura de arrefecimento e a consistência adequada do creme.

As características físico-químicas avaliadas para as formulações de gel e creme

do PMMA foram: análises macroscópicas, espalhabilidade, viscosidade, resistência à

centrifugação, verificação de pH, enquanto que para análise Macroscópica das

Formulações, foram avaliadas sensorialmente as características organolépticas (aspecto,

cor e odor). O propósito desta avaliação foi de verificar a ocorrência de quaisquer

alterações que comprometessem a homogeneidade do sistema, sendo registrada

qualquer mudança significativa durante o período de estudo (30 dias) [19]. As

formulações cremosas foram centrifugadas em centrífuga Excelsas Baby II, Fanem –

206R, durante 30 minutos a 3500 r.p.m. O produto deve permanecer estável e qualquer

sinal de instabilidade indica a necessidade de reformulação. Após aprovação nesse teste,

o produto deverá ser submetido aos testes de estabilidade [20]. O pH das formulações

foi avaliado utilizando um potenciômetro digital com eletrodo de vidro e sensor de

temperatura da marca Analion PM 608, previamente calibrado com soluções tampão pH

4,0 e 7,0 a uma temperatura de 25 oC [21].

A espalhabilidade foi determinada a 25 oC seguindo a metodologia adotada por

[22]. [23] e [24]. na qual os valores da espalhabilidade são realizados em triplicatas e

calculado a partir da equação:.

Ei = d2 . (Equação 1)

Onde: Ei = espalhabilidade da amostra para peso i (mm2);d = diâmetro médio (mm). 4

57

Para análise da viscosidade utilizou-se viscosímetro rotacional tipo Brookfield

modelo R:I:2M Reology Internacional, submergindo o pêndulo na amostra contida em

um cálice (até a marca indicativa na haste do fuso). Foi observada a ausência de bolhas

de ar na amostra e verificou-se a viscosidade com velocidade de rotação a 50rpm

durante 2 minutos a temperatura de 25°C.

Para provocar as feridas nos animais do experimento, desenvolvemos um bisturi

circular partindo-se de um bastão de aço inox maciço 316 A.I S.I. com 1cm de

diâmetro, fabricado em torno mecânico( Nardini® – Modelo 175 ) no Departamento de

Engenharia Mecânica da UFPE; características: porção ativa circunferencial com 0,6 cm

de diâmetro, base de 0,8cm e 0,7cm de comprimento, similar a um punch cirúrgico,

apresentando no entanto, haste central, partindo da base, com 0,2 cm de diâmetro e 2,2

cm de comprimento, denominado Bisturi OT-06®, para adaptação à peça reta de mão,

acoplada à um motor elétrico, Betel®, de até 30.000 r.p.m..

Protocolo experimental

Após submissão e aprovação do protocolo de estudo pela Comissão de Ética em

Experimentação Animal do Centro de Ciências Biológicas da UFPE (CEEA/UFPE),

protocolo no 017247/2007-61, foram utilizados ratos Wistar adultos, fêmeas e machos

respectivamente entre 2-4 e 3-5 meses de idade (180 -230 a 280-320g), oriundos do

Biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFPE. Os animais

receberam água e dieta ad libitum (Labina®) e foram mantidos em condições com

controle de iluminação (ciclo 12 h, claro/escuro) e temperatura (22±2oC).

58

Os animais foram anestesiados com pentobarbital sódico (35mg/kg, i.p).

Em seguida a região mediana do dorso foi depilada, sendo provocadas duas lesões

circulares de 0,6 cm com bisturi OT-06®, distantes 2 cm entre si no sentido cabeça/rabo.

Foram utilizados 30 animais divididos em dois grupos de 15, A e B, recebendo

tratamento diário: no grupo A, a lesão próxima à cabeça foi aplicada Solução Salina®

(subgrupo SG 1) e a outra foi tratada com Fibrase® (subgrupo-SG 2); já no grupo B, a

lesão próxima à cabeça foi tratada pelo gel de PMMA(Vip Flash®) + Aroeira

(HEBRON® -F3(subgrupo SG 3) enquanto que a outra, tratada com gel de PMMA

F1(subgrupo SG 4). Nos períodos de 5 , 14 e 20dias (T5, T14 e T20), 5 animais de cada

subgrupo foram sacrificados, e retiradas peças histológicas, assentadas sobre pedaços de

cartolina branca, pregadas com grampeador nas áreas adjacentes não interferente na

lesão, fixando com Bouin seguido de procedimento rotineiro para microscopia de luz;

foram utilizados cortes histológicos corados pelo Tricrômio de Masson para observação

do colágeno, epitélio, citoplasma, e núcleos das células [25].

As imagens foram capturadas das lâminas, através do microscópio OLIMPUS

BX 50, com ATI TV PLAYER Versão 6.3®. Para análise quantitativa de células de

defesa e fibroblásticas, assim como, da espessura de epitélio, utilizou-se o sistema

MacBiophotonics Imajej® Os valores foram expressos em média ± erro padrão da

média. As diferenças entre os grupos foram analisadas através da Análise de Variância

(ANOVA) seguidas, quando detectadas diferenças, pelo teste de Newman-Keuls. A

probabilidade de nível inferior a 5% (p <0,05) foi considerada significativa

Para a avaliação da quantidade de colágeno presente aos preparos, 3 avaliadores

previamente balizados, atribuíram escores através em formulário padrão, observando

59

imagens das lâminas em aumento de 40X, projetado em Data show. O teste de

correlação de Kendall evidenciou a concordância entre os examinadores.

Para avaliação clínica da regeneração tecidual, foi utilizado paquímetro digital, e

procedidas tomadas das medidas, antes da retirada das peças histológicas. As diferenças

entre os grupos foram analisadas através da Análise de Variância (ANOVA) seguidas,

quando detectadas diferenças, pelo teste de Newman-Keuls. A probabilidade de nível

inferior a 5% (p <0,05) foi considerada significativa.

Resultados e Discussão

Nas preparações concentradas 10% (PMMA), houve separação do metacrilato de

metila dos demais componentes da formulação, entretanto, as concentradas a 2,5 ou 5%,

mantiveram-se estáveis físico-quimicamente, TABELA I.

Em todas as formulações o odor mostrou-se característico, e a cor da formulação

modificou-se apenas em virtude da incorporação do extrato de aroeira. Todas as

formulações mantiveram-se estáveis ao stress realizado pela centrifugação, exceto as

formulações F3, F6 e F9 que não foram submetidas a este ensaio em virtude da

separação do acrilato líquido, citado anteriormente, TABELA II.

A espalhabilidade é definida como a capacidade de escoamento do semi-sólido

frente a um peso padronizado. É um importante parâmetro de caracterização, pois

mimetiza o desempenho das formulações quando aplicadas topicamente. Observa-se, de

acordo com a FIGURA 1, que a preparação cremosa em virtude dos seus constituintes,

bem como as formulações utilizando o polímero natrosol em virtude de sua viscosidade,

tem o deslocamento mais facilitado quando submetida a pesos padronizados.Os testes

60

realizados sinalizaram que as formulações F2- gel PMMA a 5% e F7-gel de PMMA 5%

+ Aroeira, estavam dentro de condições físicas adequadas para uso nos testes propostos.

Quando observadas contagem das células de defesa aos 5 dias (T5), anotamos

diferença estatística significativa do SG 4(Gel PMMA) com médias superiores aos

SG1(Solução salina) e SG2(Fibrase®), enquanto em T14 a diferença mostrou-se

significativa tanto do SG4, como no SG3 (Gel de PMMA + Aroeira), entretanto com

suas médias inferiores aos outros subgrupos , TABELA III .

Os níveis de células de defesa dos grupos-controle (SG1 e SG2) em T14

assemelhavam-se aos dos grupos-teste (SG3 e SG4) em T5, demonstrando acelerado

processo cicatricial destes em relação àqueles.ou seja, enquanto SG3 e SG4 diminuíam

seus níveis em T14, SG1 e SG2 aumentavam.

Analisando o comportamento biológico de polimetilmetacrilato suspenso em

colágeno bovino (Artecoll) e de Polidimetilsiloxano (DMS), o estudo revelou o

desenvolvimento de uma intensa reação granulomatosa do tipo corpo estranho,

infiltrados no fígado, nefrite intersticial crônica e pielonefrite no rim do grupo de

polimetilmetacrilato suspenso em colágeno bovino. Uma reação variável com menos

intensa fibrose e uma reduzida reação corpo estranho, foram observadas nos ratos

injetados com Polidimetilsiloxano. [27].

A análise clínica das feridas em nosso estudo não revelou quaisquer sinais

indesejados ao processo de regeneração tecidual, dentro da metodologia aplicada,

inclusive com reparação macroscópica nos padrões de normalidade.

Os resultados para contagem de células fibroblásticas em T5, não demonstraram

diferenças estatisticamente significativas do grupo 4 em relação aos demais; já em T14,

quando os SG3 e SG4 apresentaram-se significativamente médias superiores aos SG1 e

SG2, todos os grupos declinaram suas médias, TABELA IV.

61

Estudos de biocompatibilidade com ligas de cobalto-cromo (Co-Cr), ultrahigh

polietileno de peso molecular (UHMWPE), titânio (Ti-6AL-4V) e polimetacrilato de

metila (PMMA), , demonstraram que nenhum dos biomateriais testados promoveu

proliferação de fibroblastos, implicando que não estão diretamente envolvidos no

desenvolvimento de cicatrizes meníngeas. [28].

O acompanhamento dimensional da lesão observada por planimetria apresentou

no T5, relevante diferença estatística dos SG3 e 4 em relação aos SG1 e SG2, com

médias substancialmente inferiores a estes: (SG1-Soro fisiológico® 4,0 ± 0,3); (SG2 -

Fibrase® 3,2 ± 0,1 a); (SG3 - Gel de PMMA + Aroeira 1,7 ± 0,2 b); (SG4 – Gel de

PMMA 1,6 ± 0,4 b).

Na análise das medidas de espessura do epitélio, os subgrupos 3 e 4 Revelaram

significativa diferença estatística quando observados no T5, com médias superiores aos

dos subgrupos 1 e 2 (SG1-Soro fisiológico® 5,4 ± 0,6 a ) (SG2 - Fibrase® 8,9 ± 1,0 a);

(SG3 - Gel de PMMA + Aroeira 24,8 ± 3,3 b); (SG4 – Gel de PMMA 31,3 ± 3,8)

Na oclusão de feridas fazendo uso do gel de silicone houve redução de 30% da

espessura epidérmica, provavelmente pela hidratação dos queratinócitos, reduzindo sua

produção [29].

No período T5, a maior espessura de epitélio dos grupos testados, parece estar

ligada a aceleração da regeneração tecidual, em relação aos subgrupos de controle.

Quando a comparação das medidas da espessura destes foi realizada dentro do

próprio grupo, houve diferença significativa entre T5 e T14 e T5 e T20, não sendo

observada diferença entre T14 e T20, independentemente do grupo avaliado

Testes imunohistoquímicos de detecção de fator de crescimento transformador

beta (TGF), síntese induzível do endotélio e óxido nítrico, fator de crescimento

endotelial vascular, TGF-alfa, laminina, fibronectina e interleucina beta 1, podem

62

prover informações importantes no entendimento do mecanismo de reparação tecidual

induzido pelo PMMA[30].

O modelo da análise do colágeno, quando aplicado teste de Kendal, revelou que

não havia concordância entre os avaliadores, não sendo possível aplicação dos dados. A

metodologia de coloração aplicada às preparações apresentou diferentes faixas de cores,

confundindo avaliadores experientes. Estudo anterior, utilizando o sistema ImageLab,

mostrou também, dificuldades na padronização da intensidade de cor, dificultando a

análise computadorizada.

Atualmente conhece-se o Avotermin®, citado como primeiro agente identificado

numa nova classe de medicamentos profiláticos que promovem a regeneração da pele

normal e melhora a aparência da cicatriz. Trata-se da transformação do fator de

crescimento humano recombinante Beta3 (TGFbeta3), uma das principais proteínas

envolvidas, observadas nos embriões. Estudos clínicos têm demonstrado que

Avotermin®, administrado como uma injeção intradérmica no momento de cirurgias,

tanto de curto como longo prazo (±12 meses) leva a melhorias na aparência de

cicatrizes, em comparação com placebo[31].

Conclusões

O PMMA não produziu reações indesejadas no processo de regeneração tecidual de

feridas em dorso de ratos.

O estudo planimétrico caracterizou evidências clínicas de maior velocidade de

cicatrização nos grupos sob aplicação dos géis à base de PMMA.

O modelo do estudo indica que no prazo de 5 dias, houve aceleração do processo

regenerativo.

63

O mecanismo de ação precisa ainda ser esclarecido, sugerindo-se que a maior presença

de células de defesa no teste com Gel PMMA nos tempos 5 e 14 dias, conduz a um

processo regenerativo mais diferenciado e equilibrado.

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67

TABELA I. Composição quantitativa dos géis e emulsões de PMMA

(polimetilmetacrilato de metila) desenvolvidos % (p/p).

Componentes F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10

PMMA 2,5 5,0 10 2,5 5,0 10 5,0 5,0 10 5,0

Carbopol® 1% - - - - - -

HPMC 2% Natrosol®

- - - - - - -

Solução de parabenos 1%

- - -

Propilenoglicol 10% - - -

Água q.s.p. 100g - - -

Extrato de Aroeira 5%

- - - - - - - -

Creme polawax® - - - - - - -

68

TABELA II. Resultados da caracterização físico-química.

2,5% 5% 10% 2,5% 5,0% 10% 5% 5% 10% 5%

TESTE F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10

Cor* TP TP TP TP TP TP TPLA

BL BL BLLA

Centrifugação**

AP AP RP AP AP RP AP AP RP AP

Viscosidadeaparente *** 0,1 r.p.m.

(Pas)

32,34 ±0,25

31,45 ±0,22

29,45 ±0,12

13,33 ±0,26

12,19 ±0,55

11,15 ±0,58

25,11 ±0,65

12,45 ±0,12

10,45 ±0,15

10,00±0,58

pH 6,50 6,47 6,55 5,90 5,87 5,80 6,52 6,0 6,10 6,10

* Cor: TP. (Transparente), BL. (Branco leitosa), LA. (Laranja),

** Centrifugação: AP (Aprovada), RP (Reprovada)

*** Viscosidade Aparente: média (± desvio padrão) das amostras a uma velocidade de

0,1 r.p.m..

69

Tabela III - Ocorrência de células de defesa em estudo de aplicação tópica diária de gel

de PMMA (polimetilmetacrilato de metila) em modelo de cicatrização no dorso de ratos

Wistar.

Grupos T 5 dias T 14 dias T 20 dias

SG1-Sorofisiológico®

1,0 ± 0,08 a 3,8 ± 1,0 a 1,0 ± 0,3 a

SG2 - Fibrase® 1,5 ± 0,2 a 3,1 ± 0,6 a 0,8 ± 0,1 a

SG3 - Gel de PMMA + Aroeira

2,2 ± 0,3 a 1,3 ± 0,1 b 0,3 ± 0,08 a

SG4 – Gel de PMMA

4,2 ± 1,2 b 1,0 ± 0,2 b 0,3 ± 0,1 a

Os valores representam a média ± erro padrão de 5 animais.

a Indica diferença não significante (p > 0,05).

b Indica diferença estatisticamente significante (ANOVA seguido de Newman-Keuls,

p < 0,05).

70

Tabela IV Ocorrência de células fibroblásticas em estudo de aplicação tópica diária de

gel de PMMA (polimetilmetacrilato de metila) em modelo de cicatrização no dorso de

ratos Wistar.

Grupos T 5 dias T 14 dias T 20 dias

SG1-Sorofisiológico®

10,8 ± 1,0 a 5,3 ± 0,1 a 8,7 ± 0,8 b

SG2 - Fibrase®11,2 ± 1,6 a 8,1 ± 2,1 a

12,1 ± 1,3 a

SG3 - Gel de PMMA + Aroeira

17,3 ± 1,6 a 12 ± 0,5 b 13,1 ± 0,6 a

SG4 – Gel de PMMA

19,8 ± 3,3 a 12,2 ± 1,7 b 11,9 ± 0,5 a

Os valores representam a média ± erro padrão de 5 animais.

a Indica diferença não significante (p > 0,05).

b Indica diferença estatisticamente significante (ANOVA seguido de Newman-Keuls, p

< 0,05).

71

Figura 1- Espalhabilidade inicial e final da base em função do peso adicioinado.

72

CONCLUSÕES FINAIS

O modelo de estudo aplicado ao teste com PMMA no processo de regeneração

tecidual em ratos permitiu-nos concluir que em nenhum período observado, houve

prejuízos clínicos da reparação em comparação aos grupos controles.

Os estudos com uma única aplicação, e aplicação diária de PMMA na forma de

gel, mostraram que a maior presença de células de defesa no tempo inicial de tratamento

produziu bons resultados, com discreto avanço na velocidade da cicatrização e

equilíbrio dos achados histológicos.

Corrobora a literatura, subsidiando dados que confirmam seu estímulo irritativo

e estimulador do sistema imunológico, contudo não causando reações alérgicas dentro

do prazo de até 21 dias.

Tratando-se de lesões com pequenas extensões, o período adequado para

interferências de agentes externos de características proativas em cicatrizações, varia de

imediato até sete dias após o ferimento, tempo no qual o organismo sadio desenvolve

satisfatoriamente os fenômenos hematológicos, equilibrando as ações.

VI- PERSPECTIVAS

È importante o desenvolvimento de uma cola biológico ou adesivo à base de

PMMA, que possa agregar qualidades físicas de bioadesão, mantendo contato com o

ferimento, em maior período de tempo.

73

VI-ANEXOS

74

CORTE HISTOLÓGICO DE PELE DE DORSO DE RATO CORADO COM HEMATOXILINA-EOSINA H.E. AUMENTO DE 20x –MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DO EPITÉLIO

75

CORTES HISTOLÓGICOS DE PELE DE DORSO DE RATO CORADOS POR TRICRÔMIO DE MASSON

AOS 21 DIAS

AOS 14 DIAS

AOS 7 DIAS

76

77

78

79

80

81

82

Submetido por: Prof. Osman Jucá

Tipo de Contribuição: Técnico-Científico

Área do trabalho: Aplicações de Polímeros

DESENVOLVIMENTO DE GEL DE PMMA ( Polimetilmetacrilato de metila ) E ANÁLISE DO PROCESSO

REGENERATIVO TECIDUAL DE SUA APLICAÇÃO TÓPICA DIÁRIA SOBRE FERIDAS EM DORSO DE RATOS

DEVELOPMENT OF GEL FOR PMMA (Polymethylmethacrylate of methyl) AND ANALYSIS OF PROCESS REGENERATED

TISSUE DAILY TOPIC OF YOUR APPLICATION ON BACK WOUNDS IN THE RATS

Keywords: Metacrylate; Acrylic Resin; Toxicity; Healing.

4*Osman Rêgo Lima Netto JUCÁ; 2Almir Gonsalves WANDERLEY;

3Davi Pereira DE SANTANA; 1Leila Bastos LEAL;

1FACULDADE BOA VIAGEM (FARMÁCIA), RECIFE - PE, BR 2UFPE (FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA), RECIFE - PE, BR

3UFPE (FARMÁCIA), RECIFE - PE, BR 4ufpe (prótese e cirurgia buco facial), 50000000 recife - pe, brasil

Resumo: RESUMODiversos estudos envolvendo medicamentos e técnicas variadas visam melhorar as condições de cicatrização, destaquem-se os biomateriais. Nosso trabalho objetivou desenvolver gel à base de Polimetilmetacrilato de metila (PMMA), observando seu comportamento frente a regeneração tecidual em animal. A análise histológica empregando 30 ratos Wistar nos períodos T5, T14 e T20 dias, seguiu os seguintes tratamentos: subgrupo 1(Solução salina), subgrupo 2( Fibrase ®), subgrupo3( Gel PMMA5% + aroeira) e subgrupo 4(Gel PMMA 5%). Os resultados mostraram que o número de células de defesa foi significativamente maior nos subgrupos 4/T5 e 1/T14; para células fibroblásticas, os subgrupos 4/T5, 3/T14 e 4/T14, foram significativamente maiores, apesar de 3/T14 e 4/T14 declinarem em relação a T5. A espessura do epitélio em T5 foi substancialmente maior nos

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Submetido por: Prof. Osman Jucá

Tipo de Contribuição: Técnico-Científico

Área do trabalho: Aplicações de Polímeros

DESENVOLVIMENTO DE GEL DE PMMA ( Polimetilmetacrilato de metila ) E ANÁLISE DO PROCESSO

REGENERATIVO TECIDUAL DE SUA APLICAÇÃO TÓPICA DIÁRIA SOBRE FERIDAS EM DORSO DE RATOS

DEVELOPMENT OF GEL FOR PMMA (Polymethylmethacrylate of methyl) AND ANALYSIS OF PROCESS REGENERATED

TISSUE DAILY TOPIC OF YOUR APPLICATION ON BACK WOUNDS IN THE RATS

Keywords: Metacrylate; Acrylic Resin; Toxicity; Healing.

4*Osman Rêgo Lima Netto JUCÁ; 2Almir Gonsalves WANDERLEY;

3Davi Pereira DE SANTANA; 1Leila Bastos LEAL;

1FACULDADE BOA VIAGEM (FARMÁCIA), RECIFE - PE, BR 2UFPE (FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA), RECIFE - PE, BR

3UFPE (FARMÁCIA), RECIFE - PE, BR 4ufpe (prótese e cirurgia buco facial), 50000000 recife - pe, brasil

Resumo: RESUMODiversos estudos envolvendo medicamentos e técnicas variadas visam melhorar as condições de cicatrização, destaquem-se os biomateriais. Nosso trabalho objetivou desenvolver gel à base de Polimetilmetacrilato de metila (PMMA), observando seu comportamento frente a regeneração tecidual em animal. A análise histológica empregando 30 ratos Wistar nos períodos T5, T14 e T20 dias, seguiu os seguintes tratamentos: subgrupo 1(Solução salina), subgrupo 2( Fibrase ®), subgrupo3( Gel PMMA5% + aroeira) e subgrupo 4(Gel PMMA 5%). Os resultados mostraram que o número de células de defesa foi significativamente maior nos subgrupos 4/T5 e 1/T14; para células fibroblásticas, os subgrupos 4/T5, 3/T14 e 4/T14, foram significativamente maiores, apesar de 3/T14 e 4/T14 declinarem em relação a T5. A espessura do epitélio em T5 foi substancialmente maior nos subgrupos 3 e 4, concordando com a planimetria. Observou-se que o Gel PMMA isolado não produziu reações adversas no processo de regeneração tecidual e, baseado no modelo de estudo, verificou-se a aceleração desse processo em T5 quando comparado aos demais. O mecanismo de ação precisa ainda ser esclarecido, sugerindo-se que a maior presença de células de defesa no subgrupo com Gel PMMA, nos tempos iniciais, conduziu a um processo mais diferenciado e equilibrado. ABSTRACTSeveral studies involving different drugs and techniques, to improve the conditions for healing, the focus is

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biomaterials. Our study aimed to develop gel-based methyl of Polymethylmethacrylate (PMMA), observing their behavior in front of animal tissue regeneration. Histological analysis using 30 rats in periods T5, T14 and T20 days, followed the following treatments: group 1 (saline solution), subgroup 2 (Fibrase®), subgrupo3 (Gel PMMA5 Aroeira% +) and Group 4 (PMMA Gel 5% ). The results showed that the number of cells of the defense was significantly higher in subgroups 4/T5 and 1/T14; cells to fibroblasts, the subgroups 4/T5, 3/T14 and 4/T14, were significantly higher, despite 3/T14 and 4/T14 decline for T5. The thickness of the epithelium at T5 was significantly higher in groups 3 and 4, in agreement with planimetry. It was observed that the PMMA gel alone did not produce adverse reactions in the process of tissue regeneration and, based on the type of study, there was the acceleration of this process in T5 compared to others. The mechanism of action needs to be clarified, suggesting that the increased presence of cells of the defense in the subgroup with PMMA gel, the initial time, led to a more differentiated and balanced.

Palavras-Chave: Cicatriz; Metacrilato; Resina Acrílica; Toxicidade