dois colibris e uma flor - perse.com.br · boa-noite, pai, termina o dia. entrego a ti o meu...
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DOIS COLIBRIS
E
UMA FLOR
Poesia
José Bezerra de Carvalho
Cláudio Carvalho Fernandes
Dois Colibris E Uma Flor
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© Cláudio Carvalho Fernandes & José Bezerra de
Carvalho
Capa: Cláudio Carvalho Fernandes
Composição: Cláudio Carvalho Fernandes
Revisão: dos autores
Impressão: Per Se – 2ª edição (2011)
José Bezerra de Carvalho
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EM UM CANTEIRO DE ROSAS NASCEU A ROSA IRACEMA
Quem vive de cultivar flores Está na expectativa De colher flores e folhas Numa ação positiva Nunca cansa de esperar Tem a vida sempre ativa Deus acolhe o homem Que segue o bom caminho E tudo o que ele produz É com amor e carinho Quem trabalha com roseiras Tem mãos rasgadas de espinhos Quem quer rosa colhe espinhos Isso é muito natural O homem fez um jardim Plantou nele um roseiral E das rosas que vendia Seu sustento normal Rosas de todas as cores No seu jardim se encontrava Mas ao colher as flores Nos espinhos as mãos sangrava Na luta do dia-a-dia O roseiral aumentava Já com as mãos calejadas Disse: Não tenho outro caminho Com elas eu ganho o pão Toda rosas têm espinho Com elas já construí O meu lar, meu doce ninho.
Dois Colibris E Uma Flor
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Mas Deus ama o homem Que trilha em seus caminhos Deus não os desampara E não os deixa sozinhos E deu para aquele homem Uma roseira sem espinhos Ele estava descansando No meio do roseiral Ele sentiu um perfume Coisa muito natural Olhou e viu uma rosa Diferente e sem igual Era uma rosa vermelha E ele observou sozinho Era maior que as outras Ele a acariciou com carinho E ao pegar no seu caule Viu que não tinha espinho Chamou a esposa e disse: Deus resolveu meu problema Deu-me uma roseira sem espinho Me tirou desse dilema E batizou a roseira Com o nome de Iracema De José de Alencar Ele lembrou o poema Do guerreiro branco e Poty E da Índia Iracema Enganava os dois com o licor Feito da flor da Jurema
José Bezerra de Carvalho
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EU NASCI PARA TRÊS COISAS: AMAR, SERVIR E PERDOAR
Eu nasci para três coisas Não tenho que me esquivar Acreditando em mim mesmo Tenho que me iniciar Vou trabalhar com fervor No que posso realizar Eu não vim pra ser servido Assim falou o Senhor Nos deixou o bom exemplo De servo fiel e servidor E que tudo em nossa vida Seja feito por amor Amar a Deus e o próximo Seja nosso pensamento E se assim procedermos Teremos o conhecimento Amar, servir e perdoar É um grande mandamento. Jesus nos deu o evangelho Como um novo seguimento Nos deu a boa nova Como um novo ensinamento Para perdão dos pecados Nos basta o arrependimento O servir é doação Dar sem receber Servir sem ser servido Se doar e oferecer
Dois Colibris E Uma Flor
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É auxiliar aos pequeninos Na vida também crescer. Sermos misericordiosos Ter do pobre compaixão Quando por outro ofendido Oferecermos o perdão É pondo o evangelho em prática Que se concretiza a ação. Ao servir ao nosso irmão A Deus estamos a servir A virtude de doar-se É melhor do que pedir A virtude mais bela é Perdoar, amar e servir.
Vamos imitar o Cristo Que primeiro nos amou Para nos dar a vida nova Por nós a vida doou Mesmo pregado na cruz A todos nós perdoou Deus fez a terra e os céus Ao homem tudo entregou Pra nos ensinar a viver Novo evangelho deixou Para nos dar a vida nova Amou, serviu e perdoou. O gesto concreto de Deus É que devemos imitar Ser compassivo e amoroso Com nossos irmãos partilhar
José Bezerra de Carvalho
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Para isso Deus nos criou Amar, servir e perdoar.
NA SOMBRA DE SUA IMAGEM
Lúcio viu ela passando E disse - É uma fera. Mais bela eu nunca vi Eu perguntei quem era Ele respondeu: Não é daqui Só vindo de outra esfera Era uma linda jovem Com 18 ou 20 de idade Corpo esbelto, cintura fina Olhar puro e de bondade Passos firmes e seguros Andava com simplicidade Éramos quatro ali sentados Quando a jovem passou Eu, a vi pelas costas Mas Edinaldo falou É uma figura de deusa Que em tudo me encantou Tinha os traços de rainha Mas na certa era princesa As faces de uma santa Com o porte de nobreza Só as mãos divinas fazem Alguém com tanta beleza Não disse nada e fiquei
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Esperando ela voltar Os outros três saíram Eu nada quis comentar Fiquei pensando comigo Esperando ela passar. Às cinco horas da tarde O sol estava baixando Ao longe eu vi um vulto De mim se aproximando Senti um calafrio no peito Todo o meu corpo gelando O vento soprava forte levando As folhas secas do chão Era a jovem que voltava Me estendendo sua mão Ela sorrindo saudou-me Quase morro de emoção E do pé de juazeiro O vento soprava a folhagem Eu quis falar não falei Pensei que fosse miragem Eu fiquei adormecido Na sombra de sua imagem.
NA EMBRIAGUEZ DO AMOR
O que a luz do meu espírito domina. Tudo contemplo em fim dessa eminência, Que eu nem sei se é humana ou divina,
José Bezerra de Carvalho
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Esta febre de amor em evidência. Da saudade, da angustia e da mágoa. Sorri depois do trágico falecimento, Fazem meus olhos arrasados de água, Que me arrasta ao eterno sofrimento. Nos meus sonhos de amor eu diviso, De ser o seu amor tão lindo e terno, Se por ele eu chego ao paraíso, Ao mesmo tempo me leva ao inferno. Foi o vinho do amor, vinho bebido Que me tornou o coração em chama, E o fez na mesma chama consumido No nervoso do gozo de quem ama. Na embriaguez deste amor tão adverso Sinto o corpo e o espírito embriagado, Perdido no meio deste universo. É pelo amor que ainda vivo. E se perder este amor que me embriaga, Eu não sei se ainda sobrevivo.
QUANDO TE VEJO
Silencioso fico quando te vejo. E se em teus lábios vejo um sorriso, Todo o meu ser é prazer e amor Como se eu estivesse no paraíso.
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Até em sonhos me apraz viver. Esqueço tudo, até mesmo a dor, E, se te beijo, sinto o peito em chamas E o coração a transbordar de amor. Perdoa-me, Senhor, se é pecado amar A esse alguém a quem amo tanto E o coração em chamas a me queimar. É a ela a quem amo tanto E como santa lhe pus no altar, Para enxugar as lágrimas deste pranto.
MALDITA
Eu te maldigo, te amaldiçoo, Mulher ingrata, falsa e impura. Tu jamais terás o meu perdão, Mesmo estando à beira da sepultura. Mentiste sempre a todo homem Que de ti um dia se aproximou, Um falso amor sempre prometias, A todo homem que por ti passou. Eu sou a vítima do teu amor vulgar Pois não sabia que eras assim. Fiz tudo pra te ver feliz E me jogaste num abismo sem fim.
José Bezerra de Carvalho
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Maldita serás, agora e sempre E nunca alcançarás o meu perdão. Viverás eternamente assim, Pois não tens alma nem coração. Esqueces que te amei assim. Fiz tudo pra ver você feliz E cheguei a esquecer de mim. Querias viver só de prazer. Fizeste tudo pra zombar de mim, Serás maldita assim até morrer.
HOMENAGEM A HÉLDER FEITOSA
HELDER,
Eles te silenciaram. E tu, sorris lá na glória, Eles, sem querer, escreveram O teu nome na história. HELDER,
Hoje estás contente, Diante do Pai Eterno
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E eles, em suas mentes, Sentem o fogo do inferno. Livre estás, no espaço. E eles, aqui se escondendo, Sentem o fogo infernal Suas entranhas roendo. HELDER,
Esta é a minha mensagem, Meu preito de gratidão. Para os que te silenciaram, Responde com teu perdão. E tua alma no céu Pelo Pai foi recebida. Promessas de vida eterna, Que por Cristo é prometida. 28/7/1988
PRECE DA NOITE Boa-noite, Pai, termina o dia. Entrego a Ti o meu cansaço, Me estende a mão, dá-me um abraço, Só tu, Senhor, sois o meu guia. Obrigado, Senhor, pela esperança.
José Bezerra de Carvalho
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Obrigado pelo que me faz sofrer, Só teu amor me faz viver Em plena paz e perseverança. Perdão pelos que Ti esquece. Ouve estas súplicas, minha oração: Vós sois amor, paz e perdão. Nossos corações de amor aquece. Perdão, por eu não estar disposto Pois estou exausto da solidão. Não vi as lágrimas de meu irmão, E com o sorriso não lhe beijei o rosto. Boa noite e até amanhã, Senhor. Se me deres um novo amanhã, Que ao levantar-me do meu divã, Seja na graça do Teu amor.
SONHOS E VIDA A FLORIR
Vidas que começam a florir. Sonhos, começamos a sonhar. Juntos, vivemos a sorrir. E sonhos a realizar. Não são meras ilusões, são vidas Que, unidos, iremos concretizar. Eu já sonhei e sorri Ao conseguir te encontrar. Sonhos juntos sonhamos
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E continuamos a sonhar. Já começamos a florir, Ao começar a amar. Porque viver a procura De um sonho que passou É como águas passadas De um rio que secou. Foi sonho, somente um sonho. Ao despertar terminou. Sonhei que tu eras minha E despertei a sorrir Como árvore da ciência Eu vi você a florir Mas o sonho terminou: Você de mim a fugir. Nascemos um para o outro Mas vivemos separados. Os sonhos que nós sonhamos Não foram realizados. O florir e o sorrir Foram sonhos mal sonhados. Recordação do passado : Foram sonhos e ilusões Que nos ferem e nos maltratam Com tristes recordações, Nossos sonhos foram lindos
José Bezerra de Carvalho
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Mas cheios de frustrações. Quero voltar a sonhar E junto contigo a sorrir Com sonhos e ilusões Não vamos nos iludir. Com nossa união veremos Sonhos e vida a florir Nós seremos felizes A Deus iremos louvar Nossa vida a florir Alegre iremos cantar Só termina nossa união Se a morte nos separar.
VIDA ETC. MORTE
A vida finge que não teme a morte. A morte e a vida são grandes rivais No ringue transitório da matéria Enquanto a morte vai matando mais. Procura além do mundo, noutra esfera Daí porque, alma dos mortais,