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122 RBCIAMB | n.41 | set 2016 | 122-140 Maurício Tavares da Mota Doutorando em Ciências Ambientais pelo Instuto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Campus de Sorocaba, por meio do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA). Mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Sorocaba (SP), Brasil. Eliana Cardoso-Leite Mestre e doutora em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Docente do Departamento de Ciências Ambientais (DCA) e do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão Ambiental (PPGSGA), do Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade (CCTS), da UFSCar – Sorocaba (SP), Brasil. Fernanda Sola Doutora em Ciência Ambiental pelo Instuto de Eletrotécnica e Energia do Programa de Pós- Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora da USP. Docente do Programa de Mestrado em Sustentabilidade e Gestão Ambiental da UFSCar – Campus Sorocaba – Sorocaba (SP), Brasil. Kaline de Mello Doutoranda em Engenharia de Biossistemas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP – Piracicaba (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Maurício Tavares da Mota – Instuto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Campus de Sorocaba – 18087-180 – Sorocaba (SP), Brasil – E-mail: mauricio.mota@ posgrad.sorocaba.unesp.br RESUMO As áreas protegidas e os espaços livres no ambiente urbano podem proporcionar diversos serviços ecossistêmicos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida. Entretanto, existe uma confusão de terminologia dessas áreas e a gestão delas muitas vezes não é feita de forma integrada. O presente trabalho propõe uma categorização dos elementos naturais no município de Sorocaba (SP) para a criação de um sistema municipal integrando espaços livres e áreas protegidas, com base em suas caracteríscas sicas, biócas e suas funções sociais. A metodologia de invesgação foi dividida em três etapas: a primeira, revisão bibliográfica do conceito de “parque” ulizado no Brasil e no mundo; a segunda, análise documental e espacial dos espaços livres e áreas protegidas no município de Sorocaba; e a terceira, construção de um sistema municipal de espaços livres e áreas protegidas. A classificação final propõe a divisão dos espaços em categorias, entre elas: Unidades de Conservação, dividida em proteção integral (uso indireto) e uso sustentável (uso direto), Áreas de Interesse Ambiental e Espaços Livres de Uso Público de Interesse Social. Foram ainda traçadas metas de expansão dessas áreas com base em recomendações de órgãos ambientais e nas metas mundiais da Convenção da Diversidade Biológica. Palavras-chave: gestão municipal; parques urbanos; unidades de conservação. ABSTRACT Protected and open green areas can provide many ecosystem services in the urban environment that contribute to the improvement of the quality of life. However, there is a confusion of terminology between these areas, and their management is oſten not performed integratedly. This research proposes a categorizaon of natural elements in the city of Sorocaba, state of São Paulo, Brazil, to create a municipal system integrang open green spaces and protected areas, based on physical and bioc characteriscs and social funcons of these spaces. The methodology was divided into three steps: first, literature review of the concept of “park” which is used in Brazil and in the world; second, documentary and spaal analysis of open spaces and parks in Sorocaba; third, construcon of a municipal system of open spaces and protected areas. The final classificaon proposes to divide the spaces into categories including: Protected Areas, subdivided into full protecon areas (indirect use) and sustainable use (direct use), Environmental Interest Areas and Open Spaces for Public Use and Social Interest. We also proposed goals for the expansion of these areas based on the recommendaons of environmental agencies and the global biodiversity targets of the Convenon on Biological Diversity. Keywords: municipal management; urban parks; protected areas. DOI: 10.5327/Z2176-947820160121 CATEGORIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA VERDE DO MUNICÍPIO DE SOROCABA (SP) PARA CRIAÇÃO DE UM SISTEMA MUNICIPAL INTEGRANDO ESPAÇOS LIVRES E ÁREAS PROTEGIDAS CATEGORIZATION OF GREEN INFRASTRUCTURE IN THE CITY OF SOROCABA (SP) TO CREATE A MUNICIPAL SYSTEM INTEGRATING OPEN SPACES AND PROTECTED AREAS

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RBCIAMB | n.41 | set 2016 | 122-140

Maurício Tavares da MotaDoutorando em Ciências Ambientais pelo Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Campus de Sorocaba, por meio do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA). Mestre em Sustentabilidade na Gestão Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Sorocaba (SP), Brasil.

Eliana Cardoso-LeiteMestre e doutora em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Docente do Departamento de Ciências Ambientais (DCA) e do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão Ambiental (PPGSGA), do Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade (CCTS), da UFSCar – Sorocaba (SP), Brasil.

Fernanda SolaDoutora em Ciência Ambiental pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora da USP. Docente do Programa de Mestrado em Sustentabilidade e Gestão Ambiental da UFSCar – Campus Sorocaba – Sorocaba (SP), Brasil.

Kaline de MelloDoutoranda em Engenharia de Biossistemas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP – Piracicaba (SP), Brasil.

Endereço para correspondência:Maurício Tavares da Mota – Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Campus de Sorocaba – 18087-180 – Sorocaba (SP), Brasil – E-mail: [email protected]

RESUMOAs áreas protegidas e os espaços livres no ambiente urbano podem proporcionar diversos serviços ecossistêmicos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida. Entretanto, existe uma confusão de terminologia dessas áreas e a gestão delas muitas vezes não é feita de forma integrada. O presente trabalho propõe uma categorização dos elementos naturais no município de Sorocaba (SP) para a criação de um sistema municipal integrando espaços livres e áreas protegidas, com base em suas características físicas, bióticas e suas funções sociais. A metodologia de investigação foi dividida em três etapas: a primeira, revisão bibliográfica do conceito de “parque” utilizado no Brasil e no mundo; a segunda, análise documental e espacial dos espaços livres e áreas protegidas no município de Sorocaba; e a terceira, construção de um sistema municipal de espaços livres e áreas protegidas. A classificação final propõe a divisão dos espaços em categorias, entre elas: Unidades de Conservação, dividida em proteção integral (uso indireto) e uso sustentável (uso direto), Áreas de Interesse Ambiental e Espaços Livres de Uso Público de Interesse Social. Foram ainda traçadas metas de expansão dessas áreas com base em recomendações de órgãos ambientais e nas metas mundiais da Convenção da Diversidade Biológica.

Palavras-chave: gestão municipal; parques urbanos; unidades de conservação.

ABSTRACTProtected and open green areas can provide many ecosystem services in the urban environment that contribute to the improvement of the quality of life. However, there is a confusion of terminology between these areas, and their management is often not performed integratedly. This research proposes a categorization of natural elements in the city of Sorocaba, state of São Paulo, Brazil, to create a municipal system integrating open green spaces and protected areas, based on physical and biotic characteristics and social functions of these spaces. The methodology was divided into three steps: first, literature review of the concept of “park” which is used in Brazil and in the world; second, documentary and spatial analysis of open spaces and parks in Sorocaba; third, construction of a municipal system of open spaces and protected areas. The final classification proposes to divide the spaces into categories including: Protected Areas, subdivided into full protection areas (indirect use) and sustainable use (direct use), Environmental Interest Areas and Open Spaces for Public Use and Social Interest. We also proposed goals for the expansion of these areas based on the recommendations of environmental agencies and the global biodiversity targets of the Convention on Biological Diversity.

Keywords: municipal management; urban parks; protected areas.

DOI: 10.5327/Z2176-947820160121

CATEGORIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA VERDE DO MUNICÍPIO DE SOROCABA (SP) PARA CRIAÇÃO DE UM SISTEMA MUNICIPAL

INTEGRANDO ESPAÇOS LIVRES E ÁREAS PROTEGIDASCATEGORIZATION OF GREEN INFRASTRUCTURE IN THE CITY OF SOROCABA (SP)

TO CREATE A MUNICIPAL SYSTEM INTEGRATING OPEN SPACES AND PROTECTED AREAS

Categorização da infraestrutura verde do município de Sorocaba (SP) para criação de um sistema municipal integrando espaços livres e áreas protegidas

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INTRODUÇÃOA incorporação de elementos naturais ao ambiente ur-bano é de extrema importância para a melhoria dos ser-viços ambientais e consequente qualidade de vida das pessoas. Segundo Boada e Sanchez (2012), o futuro de qualquer planejamento sustentável depende da manei-ra em que se configura e funciona a cidade – em especial no caso da América Latina, onde mais de 80% da popula-ção vive em ambientes urbanos, com estimativa de atin-gir 90% em 2050 (PAUCHARD & BARBOSA, 2013).

Os elementos naturais no ambiente urbano desempe-nham vários serviços ambientais, sociais e ecológicos, en-tre os quais: absorção e filtração de poluentes, regulação do microclima, redução de ruído, abrigo para fauna e flora. Ademais, proporcionam paisagem mais agradável esteti-camente e oportunidades de recreação, esporte e pesqui-sa (KABISH & HAASE, 2013; SCHEWENIUS; MCPHEARSON; ELMQVIST, 2014; HANSMANN et al., 2016). Além disso, os elementos naturais controlam o escoamento pluvial, con-tribuindo de forma significativa para redução de enchen-tes (LIU; CHEN; PENG, 2014); proporcionam conforto tér-mico, que se traduz em bem-estar psicológico (BROWN et al., 2015; KLEMM et al., 2015); assim como oferecem saú-de mental à população (DE OLIVEIRA et al., 2013; ALCOCK et al., 2014). Tais serviços traduzem-se em melhoria dire-ta da qualidade de vida e da saúde pública em geral (ER-NSTSON, 2013; WOLCH; BYRNE; NEWELL, 2014; DE LIMA SOUSA et al., 2015), sem mencionar os essenciais serviços prestados para dispersão de sementes, controle de pragas e polinização, inseridos em interações complexas nos siste-mas sociais-ecológicos urbanos (ANDERSSON et al., 2014).

Muitos são os benefícios da criação de áreas protegidas no ambiente urbano, entretanto, seu estabelecimento pode ser dificultado devido a conflitos de interesse en-tre a expansão imobiliária e o déficit de áreas verdes com tamanho suficiente para instituição de áreas pro-tegidas (MANEA et al., 2016).

A influência da infraestrutura verde urbana, seus efei-tos sobre o conforto humano e sobre a conservação da biodiversidade bem como suas consequências econô-micas ainda não estão claras e compreendidas. É possí-vel que essa ausência de compreensão possa ocasionar valoração desses espaços aquém de sua real importân-cia (WANG et al., 2014).

Como consequência, sua gestão, organização e plane-jamento sempre ficaram relegados ao segundo plano –

fato que se confirma ao observar a confusão existente na terminologia desses espaços dotados de vegetação natural total ou parcialmente preservada no ambiente urbano (LIMA et al., 1994). Vários são os termos em-pregados com o mesmo propósito de designar os espa-ços livres com vegetação intraurbana. Bargos e Matias (2011) apontam que a vegetação urbana recebe dife-rentes nomenclaturas, as quais são utilizadas indistin-tamente como sinônimos do termo para áreas verdes quando, na realidade, em muitos casos não o são.

Os primeiros indícios de reconhecimento da importân-cia desses espaços surgiram no século XVI, com a cria-ção de áreas protegidas intituladas “parques”, as quais se expandiram na Europa. Esses espaços passaram a ser valorizados, não só pela importância estética, mas tam-bém em função do potencial de promover o equilíbrio ambiental e a melhoria na qualidade de vida em am-bientes urbanos (SEGAWA, 2010; HAQ, 2011). Entretan-to, segundo Magnoli (2006), foi no século XVIII, também na Europa, que a concepção de utilidade desses espaços motivou a transformação dos parques privados de uso restrito para uso público (OLIVEIRA, 2008).

Desde então, a evolução conceitual dos parques pú-blicos apresentou tendência para formação de par-ques contínuos e/ou interligados, com a valorização de meios para articulação de diferentes tipologias de espaços verdes urbanos (OLIVEIRA, 2008) que recriam a natureza no interior das cidades como forma de im-pedir a expansão contínua das edificações, por meio de diretrizes mais específicas que normatizam o uso e a ocupação do solo. Segundo Haase, Frantzeskaki e Elm-qvist (2014) e Wu (2014), no século XX surge a ecologia urbana como um subcampo da ecologia, em resposta a uma crescente consciência do impacto humano decor-rente da urbanização sobre o meio ambiente natural.

No Brasil, a primeira Unidade de Conservação (UC) data de 1937 e foi inspirada na criação do primeiro Par-que Nacional no mundo, em 1872, o Yellostone Natio-nal Park, nos Estados Unidos. Após algumas décadas de debates sobre um sistema que integrasse todas as categorias de UCs brasileiras, foi publicada, em 2000, a Lei Federal no 9.985 (BRASIL, 2000), que trata do Sis-tema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). O SNUC define dois grupos de UCs: o grupo de prote-ção integral e o grupo de uso sustentável – o primeiro

Mota, M.T. et al.

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com cinco e o segundo com sete categorias distintas. O próprio SNUC (Artigo 7o ao 21o) deixou aberta a possi-bilidade dos estados e municípios, quando necessário, para atender suas peculiaridades regionais ou locais, criarem categorias específicas, não previstas na Lei Fe-deral, desde que essas possuíssem objetivos próprios e clara distinção das categorias federais já existentes.

Dessa forma, a grande maioria dos estados da federa-ção optaram por seguir o SNUC (BRASIL, 2000) dentro de seus territórios. No entanto, alguns deles, como Rondônia, Tocantins, Amazonas, Mato Grosso e Mara-nhão, criaram seus sistemas estaduais (GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA, 2002; GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTIS, 2005; ESTADO DO AMAZONAS, 2007; GOVERNO DO ESTADO DO MATO GROSSO, 2011; GO-VERNO DO ESTADO DO MARANHÃO, 2011), prevendo algumas novas categorias como, por exemplo, Estrada Parque, no Mato Grosso, Amazonas e Tocantins, Rio Cênico no Amazonas e Tocantins, e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de proteção integral no Amazonas. Alguns estados também suprimiram cate-gorias, como Tocantins, que suprimiu a Reserva Bioló-gica, e Rondônia, que suprimiu a Reserva de Desenvol-vimento Sustentável. O estado de São Paulo, como a grande maioria, segue o SNUC, somente adaptando a terminologia para o nível adequado (exemplo: o termo Parque Nacional foi alterado para Parque Estadual).

A problemática no nível local (ou municipal) é maior devido à confusão nomenclatural entre áreas protegi-das, cujo objetivo maior é a conservação da natureza, com Espaços Livres de Uso Público. As áreas protegidas, além de conterem amostras significativas dos ecossiste-mas que pretendem conservar, devem ser criadas pelo órgão ambiental competente, ter gestor devidamente nomeado e um Plano de Manejo elaborado no máximo cinco anos após sua criação (BRASIL, 2000). Já os Espa-ços Livres de Uso Público podem ou não ser recobertos por vegetação nativa e dispensam as obrigatoriedades descritas para as áreas protegidas. Portanto, um Parque Natural Municipal é uma UC prevista no SNUC (BRASIL,

2000) e uma área simplesmente denominada “parque” confunde gestores e usuários no que se refere às suas características, objetivos e serviços prestados.

Alguns municípios brasileiros optaram por criar seus sistemas municipais, como foi o caso dos municípios de João Pessoa (PB) (JOÃO PESSOA, 2011), Porto Ale-gre (RS) (PORTO ALEGRE, 2011) e Belo Horizonte (MG) (BELO HORIZONTE, 2015). Embora o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) (BRASIL, 2010) tenha elaborado o Roteiro para Criação de Unidades de Conservação Municipais, esse somente orienta os municípios, sem discutir a possibilidade de categorias diferentes nos mesmos ou a integração en-tre áreas protegidas e espaços livres públicos.

Em Porto Alegre, o Sistema Municipal apenas adapta as categorias federais para o nível municipal adequando as nomenclaturas e suprimindo as categorias Floresta Nacional e Reserva Extrativista. Em Belo Horizonte, o sistema recém-criado apenas registra seus princípios e objetivos, deixando a criação das categorias e adequa-ção das áreas já existentes para regulamentação es-pecífica. Dos municípios já mencionados, apenas João Pessoa faz uma tentativa de integrar as áreas protegi-das, denominadas de UCs com áreas não protegidas, denominadas de Parques Municipais (JOÃO PESSOA, 2011). No entanto, não foi utilizado nenhum critério científico baseado em atributos do meio natural ou fí-sico para separação das áreas nesses dois grupos.

No município de Sorocaba (SP), autores como Mello et al. (2016) estudaram a distribuição e localização de fragmen-tos de vegetação nativa existentes. Mota, Cardoso-Leite e Sola (2014), utilizando parâmetros como tamanho e qua-lidade da vegetação, além de outros atributos físicos, propuseram uma distinção entre áreas com potencial para serem UCs e áreas sem esse potencial. No entanto, em Sorocaba, não existem registros de estudos em que áreas protegidas e espaços livres públicos foram analisa-dos de forma conjunta para a proposição de um sistema municipal que possa integrá-los.

ObjetivosEste trabalho teve como objetivos:

• Documentar e classificar os espaços livres (recober-tos ou não por elementos naturais) existentes no município de Sorocaba;

• Propor categorias de áreas protegidas e espaços li-vres para os mesmos;

• Elaborar uma proposta de sistema municipal para áreas protegidas e espaços livres.

Categorização da infraestrutura verde do município de Sorocaba (SP) para criação de um sistema municipal integrando espaços livres e áreas protegidas

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MATERIAL E MÉTODOSCaracterização da ÁreaO município de Sorocaba localiza-se no sudoeste do estado de São Paulo, entre as coordenadas UTM: 236243 – 265122 m E, 7388590 – 7415800 m S (Figu-ra 1). Segundo dados oficiais do IBGE (2015), o municí-pio possui população estimada de 644.919 habitantes, distribuídos em uma área de 448,989 km2. Macedo et al. (2008) destacam a alta densidade populacional nas áreas urbanas consolidadas de Sorocaba e cha-mam a atenção para a prática da utilização de Áreas

de Preservação Permanente (APP) como espaços para instituição de parques.

A região está na transição entre a Mata Atlântica e o cerrado, com cobertura florestal original de floresta es-tacional semidecídua (IBGE, 2015). Mello et al. (2014) enfatizam o alto grau de fragmentação da vegetação natural no município, com a existência de 2.537 frag-mentos de vegetação remanescente, correspondentes a 16,68% do território. Dos fragmentos identificados pelos autores, 62% são menores que 1 ha.

MetodologiaA elaboração do estudo foi dividida em quatro etapas. A primeira etapa tratou da construção de um referencial teórico sobre as categorias de espaços livres e o concei-to de “parques”; a segunda tratou da análise documen-tal e espacial das áreas intituladas “parques” em Soroca-

ba; a terceira foi a elaboração de um sistema integrado para áreas livres e áreas protegidas para o município; e a quarta etapa consistiu na validação do modelo por meio de consulta pública a gestores, instituições e órgãos com ação direta ou indireta na gestão desses espaços.

Etapa 1: Referencial TeóricoEssa etapa consistiu na construção de um referencial teórico a partir de levantamento bibliográfico sobre os conceitos, de diversos autores em várias localida-des do mundo, de espaços livres, áreas verdes, par-ques, áreas protegidas e/ou UCs. Para a realização desta pesquisa, foram utilizados artigos científicos, te-ses, revistas, livros, legislações e publicações disponí-veis na internet e bibliotecas públicas. Para a busca na

internet, utilizaram-se as plataformas de busca Scielo, Periódicos Capes, Google Acadêmico e Web of Scien-ce com as seguintes palavras-chave: áreas verdes, es-paços livres, áreas protegidas, UCs, parque, sistema municipal de áreas protegidas e sistema municipal de áreas verdes. Essa etapa foi fundamental para subsi-diar as etapas seguintes.

Etapa 2: Análise Documental e Espacial dos Espaços Livres de SorocabaEssa fase consistiu em análise espacial em um Siste-ma de Informações Geográficas (SIG) e levantamento documental de dados relacionados aos espaços livres públicos instituídos como “parques” no município de Sorocaba. Para tanto, foi utilizado o banco de dados da Prefeitura Municipal de Sorocaba.

Para cada uma das áreas, levantou-se o instrumento legal de criação, o qual permitiu avaliar a localização, a identificação, a dimensão e a função original desses espaços. A análise espacial teve como base 66 fotogra-fias aéreas georreferenciadas em escala 1:20.000, com resolução espacial de 0,4 metros, do ano de 2006, que compõem todo o território do município. Com base

nas imagens e nas informações estabelecidas na le-gislação, foram mapeados os limites das áreas públi-cas bem como o uso e a cobertura do solo com uso do programa ArcGIS 9.0. Com base na rede hidrográfica obtida pela vetorização de cartas topográficas do IGC (escala 1:10.000), foram mapeadas as Áreas de Preser-vação Permanente (APP). Esses mapas foram utilizados para o cálculo do tamanho da área e a porcentagem de cobertura vegetal.

Foram realizadas também visitas técnicas a todas as áreas públicas e, para cada uma, foi preenchida uma ficha de campo com as seguintes observações: carac-terísticas físicas (presença de recursos hídricos, erosão,

Mota, M.T. et al.

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Malha viária

Brasil

0

23º3

5´0

S

23º3

5´0

S

23º3

0´0

S

23º3

0´0

S

23º2

5´0

S

23º2

5´0

S

47º30´0W 47º25´0W 47º20´0W 47º15´0W

47º30´0W 47º25´0W 47º20´0W 47º15´0W

2 4 N8 km

Áreas públicas

Fragmentos florestais

Limite municipal

Figura 1 – Município de Sorocaba evidenciando a malha viária e as áreas livres públicas. A descrição de cada área numerada na figura corresponde à descrição existente na Tabela 3.

Fonte: Modificado de Mello et al. (2014).

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Tamanho total da área (ha) Percentual mínimo de cobertura florestal nativa (%)

Espaços com vocação para instituição de UC

< 5 Exclui

5,1 a 10 mais de 70

10,1 a 50 60 a 69

50,1 a 100 50 a 59

Mais de 100,1 40 a 49

AT, posteriormente renomeadas como AIA

2 a 5 mais de 50%

5,1 a 10 40 a 49%

10,1 a 50 30 a 39

Mais de 50,1 20 a 29

Tabela 1 – Tamanho e percentuais mínimos de cobertura florestal utilizados para identificação dos espaços.

UC: Unidade de Conservação; AT: Área de Transição; AIA: Área de Interesse Ambiental.

assoreamento, impermeabilização do solo e caracte-rísticas do entorno), bióticas (identificação do estágio sucessional da vegetação), registro da presença de es-truturas e equipamentos de uso público, além de con-ferência de atributos identificados nas imagens aéreas.

Essa análise permitiu discutir o cenário atual dos Espa-ços Livres de Uso Público e das áreas protegidas (UC) e sua representatividade em relação aos remanescentes florestais de Sorocaba, identificados por Mello et al. (2014).

Etapa 3: Construção do Sistema Municipal Integrado de Áreas Livres e Áreas ProtegidasA partir das etapas 1 e 2, foi construído um sistema de classificação dos espaços públicos de Sorocaba, segundo os seguintes critérios: tamanho da área pú-blica, percentual de cobertura florestal nativa da área, função social e função ecológica desses espaços no contexto municipal e análise da qualidade ambiental dessas áreas (MOTA; CARDOSO-LEITE; SOLA, 2014). Os parâmetros para cada critério (Tabela 1) foram defi-nidos com base no SNUC, no levantamento dos rema-nescentes florestais abordados por Mello et al. (2014) e na literatura adotada na Etapa 1, com destaque para Bastén (2005), Leiria (2012) (Tabela 2) e no trabalho de Mota, Cardoso-Leite e Sola (2014).

Foram considerados UCs os espaços instituídos assim de acordo com o SNUC (BRASIL, 2000). Os critérios mí-nimos considerados para classificar uma área como UC foram: tamanho mínimo e presença de cobertura flo-restal nativa (Tabela 1). Além disso, essas áreas foram

divididas em UC de Proteção Integral, cujo foco prin-cipal é a preservação da natureza e admitem apenas usos indiretos dos recursos naturais, e em UC de Uso Sustentável, que objetivam compatibilizar a conserva-ção da natureza e o uso sustentável dos recursos natu-rais (Brasil, 2000).

As áreas dotadas de infraestrutura para uso público di-reto com presença de alguma vegetação nativa foram identificadas como Áreas de Transição (AT). Os parâ-metros utilizados foram tamanho total da área e sua porcentagem de vegetação nativa (Tabela 1), além da presença de estruturas para uso público direto, como pistas de caminhada, quiosques, iluminação, banhei-ros, bancos, playground, entre outras estruturas que potencializam o uso desses espaços para lazer, recrea-ção e convívio social. Para definição dos tamanhos mí-nimos, foi utilizado principalmente o trabalho de Liira, Lohmus e Tuisk (2012).

Mota, M.T. et al.

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Autor/ Local Denominação Área (ha) Característica principal

Kliass (1993) / São Paulo –BR

Pq. Vizinhança 10 – 28 Fácil acesso (raio 500 m) para recreação diária.Pq. De bairro 48 – 80 Raio de atendimento de 1 km.Pq. Setoriais > 200 Raio de atendimento de 5 km, alguma cobertura vegetal.

SNUC (BRASIL, 2000)

Unid. Cons. Prot. Integral Variável Áreas naturais, objetivo preservação restrita.

Unid. Cons. Uso Sustentável (Ex. ARIE)

Em geral pequenas

Áreas naturais com alguma alteração e uso direto de recursos.

Bellester-Olmos e Carrasco (2001)/ Espanha

Pq. Periurbano ≥ 10 Proteção de flora, fauna e especial beleza cênica.Bosques Periurbanos

≥ 25 Flora constituída por árvores, nativas ou mista.Pq. CentraisPq. Urbano 10 a 20 Mínimo 50% da área com vegetação.

Kit Campbell Associates (2001) /Escócia

Pq. Regional 400 Conservação e uso público.Pq. Metropolitano 60 Recreação e desporto.

Pq. Distrital 20 Lazer e recreaçãoPq. Distrital Até 8 Áreas abertas.

Diemer, Held e Hofmeister (2003)/ Londres – UK

Pq. Metropolitano > 08 Áreas abertas com atributos naturais.

Pq. Distrital Até 08 Áreas abertas com atributos naturais.

Bastén (2005)/ Chile

Pq. Natural > 100 Raio de influência 5 kmPq. Periurbano > 10 Raio 1 a 2 km

Pq. Urbano 05 -10 1000 a 2000 mDover District Council (2013)/ Dover - UK

Pq. Distrital > 20 Áreas abertas dotadas de atributos naturais.

Brown (2008)/ Alaska Reserva Natural > 100 Recreação e conservação.

Souza (2010)/ Curitiba – BR Pq. Urbano 10 Próximo a residências.

Flores-Xolocotzi e González-Guillén (2010) / México

Pq. Urbano 9,1 Áreas abertas com características naturais.

Byrne e Sipe (2010) / Austrália

Pq. Regional 25-500+ Recreação e desporto com paisagem natural.Pq. Nacional 25-1000+ Permite recreação, foco principal a conservação.

Falcón (2008)/ Barcelona – ES Pq. Urbano ≥ 01 Áreas livres.

Leiria (2012)/ Portugal

Pq. Suburbano ≥ 80 Áreas abertas com atributos naturais.Pq. Da Cidade ≥ 30 Áreas abertas com atributos naturais.

Pq. Urbano ≥ 3 Áreas abertas com atributos naturais.Buccheri-Filho (2012)/Curitiba BR Parque de Conservação ≥ 10 Áreas públicas para proteção dos recursos naturais.

ARIE: Áreas de Relevante Interesse Ecológico.

Tabela 2 – Referencial teórico sobre o conceito de “parque” e sua relação com área, característica e função.

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Os espaços com potencial predominante para lazer, recreação e paisagismo urbano, sem atributos ecológi-cos significantes (MOTA; CARDOSO-LEITE; SOLA, 2014), foram identificados como Infraestrutura Verde Urbana (IVU). Esses apresentam predominantemente árvores isoladas, muitas vezes, de espécies exóticas e, quando apresentam vegetação nativa, seu percentual corres-ponde a menos de 20% do total da área.

Para análise da suficiência de áreas protegidas no município, foram consideradas as metas estabeleci-das pela 11ª Meta do Plano Estratégico 2011-2020 acordadas durante a COP 10 da Convenção da Biodi-versidade Biológica, conhecidas como Metas de Ai-chi (CDB, 2012). Essa convenção sugere que um per-centual mínimo de 17% do território do município deve ser constituído por áreas protegidas.

Etapa 4: Validação do Modelo Depois de elaborado, o sistema foi submetido à con-sulta de diversos atores sociais locais envolvidos direta ou indiretamente na gestão desses espaços, dentre eles os secretários de Obras e Urbanismo e de Meio Ambiente de Sorocaba, a comunidade acadêmica e os representantes da sociedade civil. O sistema também foi apresentado em seminários nas universidades públicas do município (UFSCAR e UNESP), nas reuniões públicas do Conselho Munici-pal de Meio Ambiente (CONDEMA) e à Câmara de

Vereadores. Essas apresentações e discussões ocor-reram ao longo dos anos de 2013 e 2014. Opiniões, considerações, críticas e sugestões foram registradas no processo de construção do modelo de classifica-ção dos espaços livres e incorporadas ao sistema fi-nal. Como resultante desse processo, os grupos AT e IVU foram renomeados respectivamente para Áreas de Interesse Ambiental (AIA) e Espaços Livres de Uso Público de Interesse Social (ELUPIS), denominados nesses termos ora em diante.

RESULTADOS E DISCUSSÃOEtapa 1: Referencial TeóricoOs diversos autores analisados (Tabela 2) apontam cri-térios distintos de classificação dos espaços livres, seja com relação à função ou às características, como tama-nho e percentual de cobertura vegetal. Porém, há um consenso de que espaços livres são áreas não edifica-das, assim como as áreas verdes são uma subcategoria de espaço livre, na qual a vegetação desempenha pa-pel relevante (LIMA et al., 1994).

O termo “parque” por vezes é utilizado para se referir à área verde. Contudo, com definições distintas, variá-veis de acordo com a localidade, “parque” denomina desde UCs extensas até pequenas áreas verdes presen-tes no ambiente urbano.

Muito autores sugerem critérios dos mais variados para propor um sistema de classificação dessas áreas protegidas. A exemplo, Lima et al. (1994) classificam Parque Urbano como área verde com função ecológi-ca, estética e de lazer, mas diferenciam esse espaço de praças e jardins públicos pela dimensão. Para os auto-res, praças podem ser áreas verdes ou não dotadas de função de lazer, porém com dimensões inferiores aos parques urbanos. De forma semelhante, Kliass (1993)

classifica Parque Urbano como uma categoria de área verde pública com dimensões significativas e predomi-nância de elementos naturais, principalmente cobertu-ra vegetal, que contempla, além de função recreativa, normalmente, reconhecidas funções ecológica, estéti-ca e de educação (KLIASS, 1993).

Falcón (2008) utiliza o termo Parque Urbano para todo espaço verde urbano com superfície superior a um hectare, que disponha de equipamento básico de uso social. Com relação à vegetação, o autor considera que deva ser contínua à área total e com predomínio de ve-getação com porte arbóreo constituindo um fragmen-to florestal. A Tabela 2 sumariza todas as definições de “parque” utilizadas pelos autores consultados.

Em 2001, foi desenvolvida pela Universidade de Va-lência uma proposta que permite sistematizar e clas-sificar os diversos espaços verdes urbanos, intitulada “Normas para la classificación de los espacios verdes” (BELLESTER-OLMOS; CARRASCO, 2001). Segundo esse sistema, os Parques Urbanos podem apresentar uma área variável entre 10 e 20 ha e devem servir a mais de um bairro ou a toda a cidade, com funções variadas,

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entre as quais à prática esportiva, ao lazer, às ativida-des culturais e às funções ecológicas.

No Brasil, alguns exemplos destacam-se, entre os quais Curitiba (PR), que descreve como Parques Urbanos áreas com mais de 10 hectares (SOUZA, 2010). Buccheri-Filho (2012) propõe o termo Parques de Conservação, e indica que devem apresentar extensão mínima de 10 ha.

É possível concluir que, diante das distintas propos-tas e nomenclaturas, não existe um critério padrão ou consensual entre os autores para diferenciar espaços livres públicos de áreas protegidas e tampouco para diferenciar os espaços livres entre si. Alguns esforços foram feitos com o objetivo de sistematizar e propor

modelos de gestão desses espaços, a exemplo do que ocorreu na Europa, com o Projeto GreenKeys. Segundo Smaniotto Costa, Suklje Erjavec e Mathey (2008), esse projeto envolve 20 instituições de 12 cidades, além de 8 instituições de apoio dos países: Bulgária, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Polônia e Eslovênia. Por meio de uma equipe interdisciplinar, o projeto objetivou desenvolver uma metodologia como ferramenta de apoio para gestão integrada do espaço verde urbano, baseada na troca de experiências por intermédio de uma rede transnacional. Como resultado, surgiram re-comendações para prefeituras constituírem políticas públicas urbanas. Esse exemplo ilustra a relevância em construir-se ferramentas de gestão desses espaços.

Etapa 2: Análise Documental e Espacial dos Espaços Livres de SorocabaFoi identificado um total de 33 áreas públicas oficial-mente instituídas no município de Sorocaba, em geral intituladas como “parques” (Tabela 3). São áreas ver-des destinadas ao lazer, instituídas pela lei, quando da aprovação de projetos de parcelamento do solo (BRASIL, 1979). O percentual de reserva desses espa-ços era determinado pela Lei Federal no 6.766/1979; entretanto, em emenda ocorrida em 1999, a definição dos percentuais foi transferida ao município. No caso específico de Sorocaba, a lei estabelece que 12% da gleba parcelada para empreendimentos seja conserva-da como área livre (SOROCABA, 2014).

Outros parques tiveram sua origem por desapropriações, compensação ambiental pelo impacto de empreendi-mentos ou doação de áreas à municipalidade. Devido a essas origens, em geral, esses espaços apresentam pe-quenas dimensões, muitas vezes englobando áreas de preservação permanentes definidas por lei (Lei Federal no 12.651 — BRASIL, 2012), e sua localização é dispersa

no território do município (Figura 1). Embora todas elas tenham sido instituídas por instrumentos jurídicos, como leis ou decretos, por ausência de normas específicas no ato de sua criação, constam apenas sua localização, di-mensão e denominação, sem pormenorização dos objeti-vos das mesmas, tampouco um plano de gestão.

Esses espaços apresentam maior potencial urbanístico do que de conservação. Esse fato se deve a intensa ur-banização e consequente fragmentação dos remanes-centes florestais; ou seja, são poucas as áreas que ainda apresentam potencial para conservação nos moldes de unidades de conservação. Segundo Lin et al. (2016) e Colding (2013), o aumento populacional e o crescimen-to das cidades são fatores responsáveis pela redução das áreas com potencial para conservação em tama-nho e número. Essa situação é evidente no município de Sorocaba: o crescimento urbano e o grande desafio para o bem-estar nas cidades é uma ameaça grave para a biodiversidade (BOTZAT; FISCHER; KOWARIK, 2016).

Etapa 3: Construção do Sistema Municipal Integrado de Áreas Livres e Áreas ProtegidasUtilizando os critérios mínimos propostos (Tabela 1), associados às conclusões dos autores estudados (Tabe-la 2), além dos resultados da análise documental e espa-cial das áreas analisadas por Mota, Cardoso-Leite e Sola (2014), foi elaborado o sistema sintetizado na Figura 2. Sua classificação abrange as seguintes categorias:

• Unidades de Conservação de uso indireto - Com função de conservação e preservação, a área é defi-

nida de acordo com suas especificidades no SNUC, que especifica áreas contínuas de fragmentos flo-restais nativos. Com visita monitorada e controle das formas de uso, o objetivo dessas áreas é a pre-servação e a conservação de ambientes naturais, processos ecológicos e visitação pública;

• Unidades de Conservação de uso direto - Com função de promover o uso sustentável, trata-se de

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Parque / Instrumento legal de instituição Área (ha) Cobertura vegetal (%)

Categoria – UC1 Pq. Natural Dr. Braulio Guedes da Silva (Lei no 4.934/95) 9,38 71,552 Pq. Natural Chico Mendes (Lei no 3.034/89) 15,17 77,733 Pq. Municipal Mario Covas (Lei no 6.416/01) 52,67 83,144 Pq. Pedro Paes de Almeida - Horto Municipal (Lei no 2.815/88) 21,75 72,045 Pq. Natural Municipal Corredores da Biodiversidade (Lei no 10.071/12) 62,42 50,00

Categoria – AIA6 Pq. Santi Pegoretti Maria Eugênia (Lei no 7.807/06) 20,56 29,697 Pq. Yves Ota (Lei no 7.405/06) 12,03 45,878 Pq. Raul de Moura Bittencourt (Lei no 7.301/04) 20,58 31,069 Pq. Quinzinho de Barros - Zoológico (Lei no 1.087/63) 13,15 32,7

10 Pq. João Câncio Pereira - Pq. Água Vermelha (Lei no 3.403/90) 2,02 50,5411 Parque da Cidade (Decretos n. 17.883/09 - 17.902/09) 120 28,1412 Pq. Pirajibu (Decreto n. 16.432/09) 46,8 48,4413 Pq. Da Biquinha 2,88 86,8014 Pq. Ouro Fino 9,69 47,6

Categoria - ELUPIS 15 Pq. Linear - Armando Pannunzio (Lei no 8.521/08 - Decreto n. 19.518/11) 1074 0,516 Pq. Maestro Nilson Lombardi (Lei no 8.449/08) 7,31 0,0017 Pq. Flávio Trettel - Vila Formosa (Lei no 8.446/08) 11,95 9,1718 Pq. Natural Antônio Latorre (Lei no 7.985/06) 4,45 19,1019 Pq. Maria Barbosa Silva - (Lei no 7.855/06 - Decreto n. 17.887/09) 16,39 2,9820 Pq. Kasato Maru (Lei no 7.845/06) 0,94 17,2921 Pq. Natural João Pellegrini (Lei no 7.665/06) 2,59 10,3122 Pq. Natural da Cachoeira - Dr. Eduardo Alvarenga (Lei no 7.379/05) 15,82 17,9523 Pq. Dos Espanhóis (Lei no 8.536/08) 4,74 9,1724 Pq. Carlos Alberto de Souza (Decreto no 14.418/05) 10,43 20,7125 Pq. Brigadeiro Tobias (Decreto no 19.372/11) 4,56 28,2826 Pq. Jd. Botânico (Decreto no 18.567/10) 6,51 18,4327 Pq. Do Éden (Decreto no 18.468/10) 0,81 7,4028 Pq. Walter Grillo (Lei no 8.506/08 - Decreto n. 18.287/10) 1,56 40,3829 Pq. Antônio Amaro Mendes - Jd. Brasilândia (Lei no 8.440/08 3,35 22,0830 Pq. Municipal Profa. Margarida L. Camargo (Lei no 7.155/04) 1,91 1131 Pq. Miguel Gregório de Oliveira (Lei no 6.443/01) 15,25 26,6932 Pq. Steven Paul Jobs (Lei no 10.070/12) 0,28 96,4233 Pq. Natural Juracy Antônio Boaro (Lei no 7.940/06) 1,87 71,00

Tabela 3 – Parques instituídos em Sorocaba e seu respectivo instrumento de criação, tamanho da área e cobertura vegetal.

UC: Unidades de Conservação; AIA: Áreas de Interesse Ambiental; ELUPIS: Espaços Livres de Uso Público de Interesse Social.

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espaços com possibilidade de uso direto pela popu-lação com fins recreativos, de lazer, educacionais e função contemplativa. Dotados de fragmentos florestais nativos, não há controle no processo de visita. Esses espaços estão inseridos em meio alta-mente urbanizado;

• Áreas de Interesse Ambiental - Caracterizadas por espaços urbanos com valor ecológico onde há a pre-

sença de fragmentos florestais nativos, com percen-tual de ocupação variável de acordo com o tamanho da área, podendo conter elementos de conservação ex-situ;

• Espaços livres de uso público de interesse social - São áreas sem definição de tamanho, com predomí-nio de árvores isoladas ou vegetação ornamental. Em caso de presença de fragmentos florestais, es-

Sistema Municipal de Áreas Protegidas e Áreas Livres

Unidades deConservação

UC

Conservação

VideTabela 1

2 3 9 19

Parque NaturalMunicipal;

ReservaBiológica;

EstaçãoEcológica

VideTabela 1

VideTabela 1

Predomínio deárvoresisoladas

Indireto

> 5 > 5 > 2 Sem tamanhomínimo

Direto Direto Direto

Conservação

Categorias

Objetivo

Uso

Tamanho (ha)

Vegetação

Nomenclaturasugerida

Áreas deInteresse Ambiental

AIA

Espaços Livres de Uso Público de Interesse

Social – ELUPIS

Número de parques classificados segundo as categorias propostas

Área de Proteção Ambiental;

Área de Relevante Interesse Ecológico;

Floresta Municipal

Jardim (Zoológi-co/Botânico);

Parque Linear;

Horto;

Estrada Parque

Parque Urbano;

Praças;

Largos;

Canteiros

Lazer, recreação e secundariamente

conservação

PaisagismoUrbano

Figura 2 – Sistema integrando áreas livres e áreas protegidas no município de Sorocaba.

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ses não atingem os percentuais mínimos das Áreas de Interesse Ambiental. São espaços livres encrava-dos em meio urbanizado, com presença de vege-tação ornamental e/ou vegetação arbórea isolada com objetivo paisagístico.

De um total de 33 áreas analisadas, 5 foram identifi-cadas como UC, 9 como AIA e 19 como ELUPIS (Tabe-la 3). A distribuição em extensão territorial dos espaços livres apresentou predominância na categoria ELUPIS, com 74% do território das áreas analisadas, 16% na ca-tegoria AIA e apenas 10% na categoria UC.

As áreas “Corredores da Biodiversidade” e “Mário Co-vas”, devido ao potencial ecológico (MOTA; CARDOSO--LEITE; SOLA, 2014), foram enquadradas na categoria UC de proteção integral. A classificação dessas áreas como Parques Naturais Municipais é importante para que haja a padronização com a nomenclatura oficial do Brasil descrita no SNUC (BRASIL, 2000) e, assim, seguir as diretrizes de gestão estabelecidas pelo SNUC.

As áreas “Chico Mendes”, “Horto” e “Braúlio Guedes”, por estarem inseridas em meio altamente urbanizado com forte potencial para uso direto, porém com po-tencial ecológico importante (MOTA; CARDOSO-LEITE; SOLA, 2014), foram classificadas como UC de uso sus-tentável, podendo ser reclassificadas como Florestas Municipais (FLOMA) ou Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), para enquadrarem-se no SNUC (BRA-SIL, 2000). Vale ressaltar que essas áreas (Figura 1) es-tão todas localizadas na porção N e NE do município de Sorocaba, sendo que na porção S e SE existem frag-mentos de vegetação nativa com tamanhos relativa-mente grandes (> 50 ha) (MELLO et al., 2016) que não estão protegidos por lei pois, na sua grande maioria, são áreas de posse particular.

Os espaços identificados como AIA possuem caracte-rísticas urbanísticas como estrutura para recreação, lazer e paisagística, e educação ambiental; entretanto, apresentam alguns atributos naturais. Já os espaços identificados como ELUPIS não apresentam atributos naturais significativos. Em geral, são pequenos e/ou possuem a maior parte de sua extensão pavimentada e ocupada por infraestrutura urbana (calçada, equipa-mentos públicos, ciclovia e pista de caminhada).

Os espaços identificados como AIAs podem mudar para a categoria de UC, se houver a implantação de projetos de restauração, como, por exemplo, no Par-que Ouro Fino (área 14, Tabela 3), que possui fragmen-to florestal remanescente e áreas de plantio de árvores nativas para recomposição florestal. Isso vale também para outras áreas, como sugerido pelo gestor das áreas protegidas da Secretaria Municipal do Meio Ambiente em uma das consultas públicas realizadas, que acredita que as áreas que possuem projetos de recuperação em andamento podem ser incluídas nas categorias mais restritivas. Outro exemplo desse caso é o Pirajibu (área 12, Tabela 3) que, por não obter mais de 50% de cober-tura nativa, foi classificado como AIA. Nesse caso, essa área é muito importante para a conservação do Rio Pi-rajibu, pois envolve suas matas ciliares. Sendo assim, programas de restauração ecológica nessa área podem contribuir para a conservação da zona ripária e para a reclassificação da mesma em UC.

Em geral, é comum que haja nas áreas urbanas áreas protegidas vinculadas a faixas de preservação perma-nente de rios e córregos, dada a necessidade dos cida-dãos de aproximarem-se dos cursos d’água. Essas são as razões do surgimento de uma grande quantidade de parques lineares e corredores verdes – fato também comum nas cidades ibéricas (FRANCO et al., 2014).

As áreas identificadas com potencial para criação de UC podem exercer papel fundamental para a manuten-ção de serviços ambientais e para a biodiversidade do município quando associadas aos corredores de mata ciliar presentes nas APP conservadas do município. Se-gundo Mello et al. (2014), as APP dotadas de vegetação nativa representam mais da metade dos remanescen-tes florestais existentes no município, equivalente a 3.799 hectares. Essas áreas somadas às áreas dos par-ques identificados como UC representariam um total de 3.960 hectares.

Esse diagnóstico permite concluir que, para se atingir as metas propostas pela CDB (2012), que sugere como ideal pelo menos 17% do território mantido em áreas protegidas, o município de Sorocaba deveria ter 7.653 ha em áreas protegidas legalmente, o que resulta num déficit atual de 3.693 ha. Uma vez que as áreas de APP sem vegetação, excluídas as áreas urbanizadas e con-solidadas identificadas por Mello et al. (2014), equiva-lem a 3.800 hectares, apenas a restauração das APP do

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município seria suficiente para a superação dessa meta internacional, sem a necessidade premente da institui-ção de novos parques no município. Entretanto, como a restauração ecológica dessas áreas apresenta um custo econômico bastante elevado, mesmo conside-rando o custo de desapropriações, a criação de novas UC pode ser uma alternativa mais interessante para a gestão municipal, uma vez que o município possui ain-da 3.710 ha de vegetação nativa fora da faixa de APP (MELLO et al., 2014).

Essas metas podem parecer ousadas, mas diversos ca-sos pelo mundo demonstram que a expansão das áreas verdes é possível. Como exemplo, Mc Phearson et al. (2013) comprovam que Nova Iorque contém mais par-ques do que qualquer outra cidade dos EUA e tem 21% do solo coberto por árvores, o que deverá aumentar, segundo os autores, nas próximas décadas. Conside-rando o alto valor do metro quadrado em Nova Iorque, conquistar espaços protegidos é reflexo do reconheci-mento de sua importância.

Uma estratégia para a promoção da expansão de áreas protegidas e áreas verdes é a integração com a implan-tação de corredores ecológicos. Segundo Maes et al. (2015), a conexão de áreas protegidas urbanas por meio de um modelo integrado é essencial para a manu-tenção da biodiversidade e de serviços fundamentais do ecossistema. Os autores destacam ainda que a IVU das cidades está vinculada à saúde humana por meio dos serviços ecossistêmicos que são prestados por par-ques urbanos, cinturões verdes periurbanos, ou flores-tas e áreas semi-naturais que cercam as cidades. Tais benefícios para a saúde estão associados à melhor qua-lidade do ar, à regulação do microclima por meio dos efeitos de resfriamento de vegetação, à recreação, à saúde psicológica e ao bem-estar mental. Barbati et al. (2013) citam que as áreas protegidas são essenciais para a conservação da biodiversidade e demonstram que, além de áreas com extensões maiores, as peque-nas vias (ruas) podem ser elementos importantes para conexão e integração dos espaços verdes, por meio da implantação de projetos de arborização. Nesse contex-to, Newell et al. (2013), demonstraram o efeito positivo da arborização de vielas para integração dos espaços verdes em cidades e aumento de seu potencial benéfi-co. Portanto, é evidente que todas as áreas verdes são essenciais, independentemente de seu tamanho, fun-

ção e característica, visto que exercem serviços ecossi-têmicos de extrema relevância.

Lafortezza et al. (2013) destacam que, além dos benefí-cios citados, a existência de áreas protegidas e espaços verdes pode potencializar o envolvimento das pessoas com o ambiente natural e propiciar um aumento na ex-pectativa de vida, além de estimular a prática de ativi-dades físicas e promover ligações culturais, ecológicas e psicológicas com o ambiente. Segundo Daniel et al. (2012), embora reconhecidas, essas relações culturais têm sido menos estudadas entre os diferentes tipos de serviços ecossistêmicos, em parte porque a maioria dos serviços culturais são intangíveis e não materiais.

Além da importância das relações culturais, Andersson et al. (2014) destacam que, apesar das inúmeras con-clusões acerca dos benefícios, ainda estamos come-çando a compreender a importância das áreas verdes urbanas, portanto, temos uma compreensão limitada dos mecanismos por trás da geração de serviços de ecossistemas urbanos.

Kabisch, Qureshi e Haase (2015) corroboram essa ideia ao afirmar que ainda é incompleta a compreensão ge-ral das questões de interação humano-ambiente con-temporâneo no espaço verde urbano, e que falta orien-tação para os planejadores urbanos. No entanto, Baró et al. (2014) destacam que, em pesquisa na cidade de Barcelona, Espanha, cidade em que é significativa a contribuição dos serviços ambientais prestados pelas florestas urbanas na promoção da qualidade de vida, esses serviços raramente são explicitamente conside-rados nas metas de política ambiental.

Valorar a importância dos espaços protegidos no am-biente urbano é essencial, porém a falta de reconheci-mento não é exclusiva ao Brasil. Na Europa, Hansmann et al. (2016) e Lennon (2015) também concluíram como essencial a conquista do reconhecimento por parte de políticos e do público a fim de atingir o suces-so na gestão da infraestrutura verde urbana. Em geral, os benefícios para o bem estar, a qualidade de vida e o ambiente não são bem compreendidos pelo público.

Essa falta de compreensão afeta diretamente a ges-tão desses espaços, afinal o cumprimento efetivo de tais benefícios depende de uma governança eficaz. Não basta a instituição de um sistema teórico; esse deve ser colocado em prática e aprimorado de acordo

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com as necessidades identificadas. Esse é o principal desafio observado neste estudo e corrobora com as conclusões de Andersson et al. (2014).

Segundo Cardoso et al. (2015), no âmbito urbano, a governança é compreendida como desconcentração do Estado como entidade jurídica soberana nas ações pertinentes à esfera municipal. Envolve a articulação e a coordenação de políticas públicas entre órgãos go-vernamentais e instituições sociais, com mudanças na execução de políticas públicas urbanas até então cen-tradas em entidades municipais para uma gestão com-partilhada. Mas, para sua efetivação, é necessária a

correta compreensão das interações homem-ambien-te. O processo de criação e gestão de territórios dedi-cados à conservação de atributos naturais representa um fenômeno de grande complexidade, pois envolve, além de aspectos associados à conservação de atribu-tos naturais, aspectos socioculturais, políticos e econô-micos (SANCHO & DE DEUS, 2015).

Tal complexidade exige instrumentos eficazes de plane-jamento e organização, elementos fundamentais para efetivação do paradigma da sustentabilidade urbana (AHERN, 2013; CUMMING et al., 2013; SWAFFIELD, 2013; XIANG, 2013).

Etapa 4: Validação do Modelo A categorização das áreas municipais é importante para facilitar sua gestão de forma integrada, a fim de que todas essas áreas façam parte de um único sistema que incorpore tanto a preocupação ambiental como a melhoria da qualidade de vida da população no am-biente urbano.

O resultado desse estudo, constituído por meio de uma minuta de projeto de lei, foi apresentado e submetido a discussões junto ao CONDEMA, a gestores locais, à Câmara Municipal de Sorocaba e à sociedade como um

todo. As devidas sugestões, considerações e alterações foram acatadas e um texto final foi submetido à Câmara Municipal de Sorocaba para apreciação, com a finalidade de constituir um projeto de lei. A proposta foi aceita por membro do poder legislativo municipal, que converteu a minuta no Projeto de Lei no 116/2014. O Projeto obteve aprovação e foi sancionado em Lei Municipal (SOROCA-BA, 2015 – Lei Municipal no 11.073 de 31 de março de 2015), que institui o Sistema Municipal de Áreas Protegi-das, Parques e Espaços Livres de Uso Público, que seguiu a proposta apresentada nesse estudo.

CONCLUSÃOOs espaços livres e áreas protegidas foram classifica-dos e documentados de acordo com seus atributos (tamanho e percentual de vegetação). As caracterís-ticas dessas áreas permitiram identificar padrões de tamanho e percentual de vegetação específicos para o município de Sorocaba. Esses referenciais possibi-litaram propor sua organização em três categorias: Unidades de Conservação, Áreas de Interesse Am-biental e Espaços Livres de Uso Público de Interesse Social, modelo que incorpora áreas com vocação para conservação, espaços de lazer e recreação e espaços urbanos que podem ser geridos de forma sistêmica com objetivo de atingir interconexões desses espaços. Entre as áreas já instituídas, foi possível concluir que há predomínio de áreas com potencial urbanístico, tanto em número como extensão territorial – reflexo do alto grau de urbanização do município.

O sistema proposto permite construir uma concep-ção holística dos espaços existentes e possibilita uma

gestão que vislumbre a conexão dos mais diversos espaços livres e áreas protegidas, com possibilidade de atingir metas de expansão em consonância com os parâmetros sugeridos para conservação da biodi-versidade e promoção da qualidade de vida urbana. O modelo construído nesse trabalho pode ser uma ferramenta importante para orientar a gestão com-partilhada dos espaços livres e áreas protegidas, in-clusive em outros municípios brasileiros, com necessi-dade de revisão periódica e participativa. Porém deve ser adaptado à realidade de cada localidade.

Embora os resultados desta pesquisa tenham servido de base para a elaboração e sanção da Lei Municipal no 11.073 de 31 de março de 2015, desde sua vigên-cia, o processo de adequação das áreas existentes ao sistema ocorreu de forma tímida, principalmente por escassez de recursos. É essencial que novas pesquisas apontem diretrizes para a evolução do modelo, prin-cipalmente com ênfase na integração das categorias,

Mota, M.T. et al.

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por meio da formação de pseudocorredores verdes conectados.

Esse modelo é recomendado por diversos autores na Europa e reconhecido como um desafio a ser atingido. Entretanto, o desafio maior consiste em conquistar o

reconhecimento do público e de autoridades respon-sáveis por sua gestão assim como e conseguir que polí-ticos e o público em geral compreendam a importância dos espaços protegidos no ambiente urbano, funda-mental para atingir o sucesso na gestão da infraestru-tura verde urbana.

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