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GRATUIDADE JUDICIÁRIA NO NOVO CPC 1 Agnaldo Rodrigues Pereira 2 NOMENCLATURAS a) ASSISTÊNCIA JURÍDICA suporte jurídico àquele que “comprovar insuficiência de recursos” 3 , O hipossuficiente será custeado pelo Estado, em juízo ou fora dele, através da Defensoria Pública ou de advogado dativo para: 1) requerimentos administrativos; orientação/assistência nos arrolamentos e divórcios extrajudiciais; 2) ajuizamento e/ou defesa em ações judiciais. b) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA é a própria postulação em Juízo (dentro da Assistência Jurídica). É o patrocínio de causas pela Defensoria Pública, advogado dativo, entidades (Núcleo Jurídico da UFMG, PUC, etc...) e advogados particulares em atuação pro bono. c) JUSTIÇA GRATUITA ou GRATUIDADE DA JUSTIÇA É a garantia legal oferecida àquele que “comprovar insuficiência de recursos”, para estar em juízo independentemente da antecipação de custas e despesas processuais. Não é isenção! O vencido "hipossuficiente" será obrigatoriamente condenado ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios. É ponto indeclinável no dispositivo sentencial. Obs: O NCPC optou por nominar o não recolhimento das custas e despesas como “GRATUIDADE DA JUSTIÇA”! INOVAÇÕES IMPACTANTES NA JURISPRUDÊNCIA ATUAL Diz o art. 98 do NCPC: 1 Exposição apresentada no 2º debate institucional entre desembargadores e juízes realizado em 20 de novembro, no auditório do anexo II do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), abordando o tema “Acesso à Justiça e Justiça Gratuita sob a Ótica do Novo CPC”. 2 Juiz de Direito Titular da 2ª Vara de Feitos Tributários, convocado para substituição na 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais 3 Artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição: LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

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Page 1: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

GRATUIDADE JUDICIÁRIA NO NOVO CPC1

Agnaldo Rodrigues Pereira2

NOMENCLATURAS

a) ASSISTÊNCIA JURÍDICA – suporte jurídico àquele que “comprovar insuficiência de

recursos”3, O hipossuficiente será custeado pelo Estado, em juízo ou fora dele,

através da Defensoria Pública ou de advogado dativo para:

1) requerimentos administrativos; orientação/assistência nos arrolamentos e

divórcios extrajudiciais;

2) ajuizamento e/ou defesa em ações judiciais.

b) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA – é a própria postulação em Juízo (dentro da Assistência

Jurídica).

É o patrocínio de causas pela Defensoria Pública, advogado dativo, entidades

(Núcleo Jurídico da UFMG, PUC, etc...) e advogados particulares em atuação pro

bono.

c) JUSTIÇA GRATUITA ou GRATUIDADE DA JUSTIÇA

É a garantia legal oferecida àquele que “comprovar insuficiência de recursos”,

para estar em juízo independentemente da antecipação de custas e despesas

processuais.

Não é isenção!

O vencido "hipossuficiente" será – obrigatoriamente – condenado ao

pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios.

É ponto indeclinável no dispositivo sentencial.

Obs: O NCPC optou por nominar o não recolhimento das custas e despesas como

“GRATUIDADE DA JUSTIÇA”!

INOVAÇÕES IMPACTANTES NA JURISPRUDÊNCIA ATUAL

Diz o art. 98 do NCPC:

1 Exposição apresentada no 2º debate institucional entre desembargadores e juízes realizado em 20 de

novembro, no auditório do anexo II do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), abordando o tema

“Acesso à Justiça e Justiça Gratuita sob a Ótica do Novo CPC”.

2 Juiz de Direito Titular da 2ª Vara de Feitos Tributários, convocado para substituição na 7ª Câmara Cível

do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

3 Artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição: LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem

insuficiência de recursos;

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“A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.

Determina o art. 1.072 do NCPC:

Ficam revogados: (...) III - os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950.

Da conjugação desses artigos, conclui-se que: as disposições constantes do

NCPC serão imediatamente aplicadas e, naquilo que não for contrariado (NCPC), serão

aplicadas as disposições da Lei 1.060/50.

Vejamos:

a) Lei 1.060/50 - continuam em vigor, no todo ou em parte, naquilo que não conflitar

com os artigos 98 a 102 do NCPC, os seguintes artigos:

Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual, independente da colaboração que possam receber dos municípios e da Ordem dos Advogados do Brasil, - OAB, concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei. Art. 5º. O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas horas. § 1º. Deferido o pedido, o juiz determinará que o serviço de assistência judiciária, organizado e mantido pelo Estado, onde houver, indique, no prazo de dois dias úteis o advogado que patrocinará a causa do necessitado. § 2º. Se no Estado não houver serviço de assistência judiciária, por ele mantido, caberá a indicação à Ordem dos Advogados, por suas Seções Estaduais, ou Subseções Municipais. § 3º. Nos municípios em que não existirem subseções da Ordem dos Advogados do Brasil. o próprio juiz fará a nomeação do advogado que patrocinará a causa do necessitado. § 4º. Será preferido para a defesa da causa o advogado que o interessado indicar e que declare aceitar o encargo. § 5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos. Art. 8º. Ocorrendo as circunstâncias mencionadas no artigo anterior, poderá o juiz, ex-offício, decretar a revogação dos benefícios, ouvida a parte interessada dentro de quarenta e oito horas improrrogáveis. Art. 9º. Os benefícios da assistência judiciária compreendem todos os atos do processo até decisão final do litígio, em todas as instâncias. Art. 10. São individuais e concedidos em cada caso ocorrente os benefícios de assistência judiciária, que se não transmitem ao cessionário de direito e se extinguem pela morte do beneficiário,

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podendo, entretanto, ser concedidos aos herdeiros que continuarem a demanda e que necessitarem de tais favores, na forma estabelecida nesta Lei. Art. 13. Se o assistido puder atender, em parte, as despesas do processo, o Juiz mandará pagar as custas que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento.

Obs: Permanecem também, em vigor, os artigos 14, 15, 16 e 18:

Art. 14. Os profissionais liberais designados para o desempenho do encargo de defensor ou de perito, conforme o caso, salvo justo motivo previsto em lei ou, na sua omissão, a critério da autoridade judiciária competente, são obrigados ao respectivo cumprimento, sob pena de multa de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), sujeita ao reajustamento estabelecido na Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, sem prejuízo de sanção disciplinar cabível. (Redação dada pela Lei nº 6.465, de 1977) § 1º Na falta de indicação pela assistência ou pela própria parte, o juiz solicitará a do órgão de classe respectivo. § 2º A multa prevista neste artigo reverterá em benefício do profissional que assumir o encargo na causa. Art. 15. São motivos para a recusa do mandato pelo advogado designado ou nomeado: 1º - estar impedido de exercer a advocacia. § 2º - ser procurador constituído pela parte contrária ou ter com ela relações profissionais de interesse atual; § 3º - ter necessidade de se ausentar da sede do juízo para atender a outro mandato anteriormente outorgado ou para defender interesses próprios inadiáveis; § 4º - já haver manifestado por escrito sua opinião contrária ao direito que o necessitado pretende pleitear; § 5º - haver dada à parte contrária parecer escrito sobre a contenda. Parágrafo único. A recusa será solicitada ao juiz, que, de plano a concederá, temporária ou definitivamente, ou a denegará. Art. 16. Se o advogado, ao comparecer em juízo, não exibir o instrumento do mandato outorgado pelo assistido, o juiz determinará que se exarem na ata da audiência os termos da referida outorga. Parágrafo único. O instrumento de mandato não será exigido, quando a parte for representada em juízo por advogado integrante de entidade de direito público incumbido na forma da lei, de prestação de assistência judiciária gratuita, ressalvados: a) os atos previstos no art. 38 do Código de Processo Civil; b) o requerimento de abertura de inquérito por crime de ação privada, a proposição de ação penal privada ou o oferecimento de representação por crime de ação pública condicionada Art. 18. Os acadêmicos de direito, a partir da 4ª série, poderão ser indicados pela assistência judiciária, ou nomeados pelo juiz para auxiliar o patrocínio das causas dos necessitados, ficando sujeitos às mesmas obrigações impostas por esta Lei aos advogados.

b) NOVO CPC – Lei 13.105/2015 – Artigos 98 a 105, com reflexo no § 3º do 95 do

NCPC,

Da Gratuidade da Justiça

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Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. § 1º A gratuidade da justiça compreende: I - as taxas ou as custas judiciais; II - os selos postais; III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço estivesse; V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais; VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira; VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido. § 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. § 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

4

§ 4º A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais

5 que lhe sejam impostas.

§ 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. § 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. § 7º Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3º a 5º, ao custeio dos emolumentos previstos no § 1º, inciso IX, do presente artigo, observada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital respectiva. § 8º Na hipótese do § 1º, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou parcial do benefício ou a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 6o deste artigo, caso em que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento.

4 Condenação do vencido, beneficiário da gratuidade judiciária, com a suspensão da exigibilidade.

5 As multas processuais não estão abrangidas pela suspensão da exigibilidade.

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Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. § 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. § 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. § 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça. § 5º Na hipótese do § 4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.

6

§ 6º O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos. § 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento

7.

Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso. Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa. Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. § 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso. § 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas

6 Nos termos do § 14 do Artigo 85 do NCPC: “§ 14 Os honorários constituem direito do advogado e

têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do

trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.”

Assim, cabe ao Advogado juntar o comprovante de pagamento do preparo recursal ou, então,

“comprovar insuficiência de recursos” para antecipação do pagamento do preparo recursal.

7 O deferimento, neste caso, deve ser apenas para dispensar a parte recorrente de antecipar o

pagamento do preparo recursal, possibilitando o conhecimento do recurso. Restrição importante, pois

o deferimento total, irrestrito e sem especificação, poderá criar discussões na fase de cumprimento de

sentença, com impacto direto nos ônus sucumbenciais já arbitrados e relativos a fase recursal.

Page 6: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso. Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das sanções previstas em lei. Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo será extinto sem resolução de mérito, tratando-se do autor, e, nos demais casos, não poderá ser deferida a realização de nenhum ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetuado o depósito. Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes. § 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente. § 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida monetariamente e paga de acordo com o art. 465, § 4º

8.

§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser: I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado; II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça. § 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2º

9.

§ 5º Para fins de aplicação do § 3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da Defensoria Pública.

c) ACORDO ANTES DA SENTENÇA – hipótese de isenção

8Artigo 465, § 4º, do NCPC: “§ 4

o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento

dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente

ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos

necessários.”

9 Artigo 98, § 2º, do NCPC: § 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do

beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua

sucumbência.

Art. 91 do NCPC. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do Ministério

Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo vencido.

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Nos termos do § 3º do artigo 90 do NCPC: “Se a transação ocorrer antes da

sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das custas processuais

remanescentes, se houver”.

Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia

ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos

pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu.

§ 1º Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a

responsabilidade pelas despesas e pelos honorários será proporcional à

parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da qual se desistiu.

§ 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às

despesas, estas serão divididas igualmente.

§ 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas

do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver.

§ 4º Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente,

cumprir integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão

reduzidos pela metade.

Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da

Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão

pagas ao final pelo vencido.

§ 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou

pela Defensoria Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou,

havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que

requerer a prova.

§ 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para

adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício

seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do

adiantamento a ser feito pelo ente público.

Desta forma, as partes (autor e réu) estão isentos do pagamento de custas

processuais remanescentes, se houver.

Referimo-nos aqui às custas finais!

Contudo, se a parte autora não tiver antecipado o pagamento do preparo

prévio, das diligências do senhor Oficial de Justiça e dos selos postais, uma vez

celebrado o acordo, as partes (autor e réu) não estarão isentas do pagamento de

custas iniciais, as quais seriam, em tese, custeadas ao final pelo VENCIDO!

SMJ., deve ser aplicado o § 2º (“2º. Havendo transação e nada tendo as partes

disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente”) com a repartição das

custas iniciais entre as partes, suspendendo-se a exigibilidade apenas daquela parte

que seja beneficiária da gratuidade judiciária.

NOVOS PARADIGMAS PARA DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO

a) Presunção relativa da declaração de pobreza (artigo 99, § 3º).

b) O juiz determinará que o postulante demonstre que não tem condições de

antecipar as custas e despesas processuais (artigo 99, § 2º).

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c) O deferimento da gratuidade judiciária – integral e irrestrito – passa a ser a

exceção.

d) A regra passou a ser:

1) comprovada a insuficiência de recursos: DEFERIMENTO;

2) constatada a capacidade para antecipação, surgem as seguintes

possibilidades de desfecho:

a) INDEFERIMENTO do benefício;

b) DEFERIMENTO DO PAGAMENTO PARCELADO – § 6º do artigo 98;

c) DEFERIMENTO PARCIAL DO BENEFÍCIO – com a especificação dos atos

a serem abrangidos: preparo prévio, selos, diligências, honorários, etc.,

ressalvando-se que, se no curso do processo, restar provada a

alteração da condição financeira, existe possibilidade de deferimento

para abranger outras despesas processuais.

Suporte legal: artigo 13º da Lei 1.060/5010 c/c o § 5º do artigo 98 do

NCPC11.

d) DEFERIMENTO PARCIAL DO BENEFÍCIO – REDUÇÃO PERCENTUAL

Além do parcelamento, da concessão com referência a determinados

atos, poderá, ainda, ser reduzido o percentual a ser antecipado do

valor total devido.

Ex: antecipação de 50% (cinquenta por cento) do preparo prévio.

REAPRECIAÇÃO

IMPORTANTE: O INDEFERIMENTO OU O DEFERIMENTO PARCIAL DO BENEFÍCIO

NÃO OBSTA QUE O BENEFÍCIO SEJA REAPRECIADO E DEFERIDO, A QUALQUER

ÉPOCA, bastando a constatação de alteração da situação financeira da parte ou de

necessidade de produção de provas, como a pericial, que elevem o custo do

processo a ponto de torná-lo excessivamente oneroso.

PRÉVIO CONTRADITÓRIO

O deferimento, de plano, do benefício, de forma integral, continua plenamente

possível. Contudo, para o indeferimento, parcelamento e/ou deferimento

parcial, indispensável a intimação da parte para comprovar a impossibilidade de

antecipar, no todo ou em parte, as custas e despesas processuais, conforme

determina o artigo 99, § 2º, do NCPC.

Dita disposição está em consonância com o artigo 7º do NCPC:

10 Art. 13. Se o assistido puder atender, em parte, as despesas do processo,

o Juiz mandará pagar as custas que serão rateadas entre os que tiverem

direito ao seu recebimento. 11 § 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos

os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas

processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.

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Art. 7o. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao

exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos

ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao

juiz zelar pelo efetivo contraditório.

INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS / MISERABILIDADE

A lei não fixou critérios objetivos para aferição da “insuficiência de

recursos” para fins de indeferimento, deferimento total, parcial, parcelamento ou

REDUÇÃO do percentual a ser antecipado.

Caberá à jurisprudência criar as balizas para o (in)deferimento do

benefício, no caso concreto.

A extensão do benefício será analisada pontualmente: preparo prévio,

despesas processuais (diligências, honorários periciais, selos postais) e honorários

sucumbenciais.

Insta salientar que os honorários periciais e os honorários

sucumbenciais não deverão “pesar” nesse primeiro momento, para o deferimento

parcial, parcelamento ou redução do percentual relativo às custas iniciais, pelos

seguintes motivos:

a) HONORÁRIOS PERICIAIS

Acaso imprescindível a produção de prova, a obrigação de antecipação dos

honorários para realização de perícia (honorários periciais) a cargo da parte

miserável está mitigada, já que, uma vez provada a impossibilidade de custeio, o

benefício poderá ser deferido apenas para tal desiderato, determinando o Juízo

a realização da prova independentemente da antecipação dos valores com apoio

na Resolução 127, de 15 de março de 2011, do CNJ, que trata do pagamento de

honorários de perito, tradutor e intérprete, em casos de beneficiários da justiça

gratuita e que está devidamente regulamentada pelo TJMG com a instituição do

Sistema Eletrônico de Assistência Judiciária Gratuita – Sistema AJG/TJMG –

através da Resolução nº 804/2015.

A hipótese saiu reforçada pelo § 3º do artigo 95 do NCPC:

§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser:

I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado;

II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.

Destarte, o pedido de justiça gratuita poderá ser reapreciado a qualquer

tempo, porquanto, conforme salientado pelo Des. BITENCOURT MARCONDES no

Agravo de Instrumento nº 1.0568.11.001990-4/001 “... bastando a constatação

de alteração da situação financeira da parte ou a necessidade de provas, como a

Page 10: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

pericial, que elevem o custo do processo a ponto de torná-lo excessivamente

oneroso” Grifei.

B) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

A parte autora que não dispõe de recursos para custear os honorários

do seu advogado (particular, pro bono,) poderá receber assistência jurídica

pública, pois o Estado de Minas Gerais possui Defensoria Pública organizada e há

quadro supletivo de advogados dativos, previamente cadastrados, os quais são

regiamente remunerados pelos cofres públicos, de acordo com a tabela elaborada

pela OAB, nos termos do Regulamento Decreto Estadual de nº 45.898, de 24 de

janeiro de 2012. Assim, não haverá comprometimento da renda mensal do

querelante com tais pagamentos.

A verba sucumbencial, por sua vez, só é devida e exigível após o

julgamento do litígio, e, assim, não impactará na renda e nas despesas mensais

destinadas ao sustento da parte durante a tramitação do processo, já que são os

bens – presentes e futuros - do devedor que respondem pela satisfação de

eventual condenação, nos termos do artigo 591 do CPC:

Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

O novo CPC repete a responsabilidade patrimonial:

Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

CRITÉRIOS PASSÍVEIS DE ADOÇÃO para aferição da “INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS”

Custas iniciais x renda mensal

Deve ser apurado qual o impacto/comprometimento da antecipação do

pagamento do preparo prévio (TABELA DO TJMG) na renda mensal do

requerente.

O valor a ser pago compromete 10% da renda mensal?

O valor a ser pago compromete 20% da renda mensal?

O valor a ser pago compromete 30% da renda mensal?

O valor a ser pago compromete 40% ou mais da renda mensal?

Presume-se que a determinação de pagamento mensal em percentual

superior a 30% da renda mensal, a princípio, comprometa o sustento da parte e

da sua família.

A Lei 10.820/03 estipula, no caput e no §1º do artigo 1º, que, nos casos de

empréstimos consignados, o desconto em folha de pagamento não poderá

ultrapassar o limite de 30% da remuneração do empregado.

Page 11: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

É também esse o percentual que a jurisprudência admite como possível de ser

descontado diretamente em folha de pagamento para quitação de empréstimo

particular12.

Mutatis mutandis, tem-se que o comprometimento acima de 30% do

rendimento não é razoável e poderá comprometer o sustento da parte e da sua

família.

De toda sorte, para minimizar o impacto mensal do pagamento, possível o

parcelamento do valor a ser antecipado, em percentuais que se adéquem ao

limite definido na lei do empréstimo consignado e na jurisprudência e, ainda,

reduzam a fração de comprometimento sobre a renda mensal.

EXEMPLOS PRÁTICOS DE COMPROMETIMENTO

A Tabela de Custas - 1ª Instância / 2015 – disponível em:

http://www.tjmg.jus.br/portal/processos/custas-emolumentos/menu-em-

abas/detalhe-1-instancia-7.htm – apresenta os valores devidos, por faixas, até R$

1.902.759,80.

VALOR DADO À CAUSA (R$) VALOR CUSTAS

TAXA JUDICIÁRIA TOTAL A RECOLHER*

Valor inestimável 174,27 78,96 253,23

de 0,00 até 21.800,63 217,83 78,96 296,79

de 21.800,64 até 28.557,78 283,18 78,96 362,14

de 28.557,79 até 38.150,55 283,18 234,17 517,35

a) Renda mensal de 01 (um) salário mínimo = R$ 788,00.

Causa até 40 salários mínimos – R$ 31.520,00

Valor do preparo prévio: R$ 517,35

Comprometimento para pagamento em parcela única: 52,41%.

Comprometimento de 10,95% do salário mínimo = R$ 86,22

Resultado: o preparo prévio poderá ser integralmente pago em 6 (seis)

parcelas de R$ 86,22.

b) Renda mensal de 02 (dois) salários mínimos = R$ 1.576,00.

Causa até 40 salários mínimos – R$ 31.520,00

Valor do preparo prévio: R$ 517,35

Comprometimento para pagamento em parcela única: 32,82%.

Comprometimento de 5,47% do salário = R$ 86,22

12

EMENTA: APELAÇÕES CÍVEIS. SERVIDOR PÚBLICO. DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO. LIMITE DE 30% DOS

VENCIMENTOS. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E CARÁTER ALIMENTAR DOS VENCIMENTOS. - É firme a jurisprudência do colendo

Superior Tribunal de Justiça no sentido de que eventuais descontos em folha de pagamento, relativos a empréstimos consignados

tomados por servidor público, estão limitados a 30% (trinta por cento) do valor de sua remuneração. (AgRg no RMS 29.988/RS,

Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 20/06/2014). - Trata-se de um limite legal que

visa respeitar o princípio da razoabilidade e do caráter alimentar dos vencimentos, devendo os requeridos se adequarem ao

limite máximo de 30% (trinta por cento) de descontos em folha de pagamento do servidor. (TJMG - APELAÇÃO CÍVEL Nº

1.0074.14.003235-5/002 - Rel. Des. Heloisa Combat. 4ª CÂMARA CÍVEL. DJe 22.10.2015)

Page 12: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

Resultado: o preparo prévio poderá ser integralmente pago em 6

parcelas de R$ 86,22.

c) Renda mensal de 03 (três) salários mínimos = R$ 2.364,00.

Causa até 40 salários mínimos – R$ 31.520,00

Valor do preparo prévio: R$ 517,35

Comprometimento para pagamento em parcela única: 21,88%.

Comprometimento de 3,64% do salário = R$ 86,22

Resultado: o preparo prévio poderá ser integralmente pago em 6

parcelas de R$ 86,22.

Em síntese: Se uma pessoa ganhar 03 (três) salários mínimos (R$ 2.364,00), o

preparo prévio de R$ 517,35 comprometerá apenas 21,88% da renda mensal e,

mantido o número de parcelas, teremos 6 parcelas de R$ 86,22 que comprometerão,

mensalmente, apenas 3,64% (três vírgula sessenta e quatro por cento) da renda

mensal!!!!

Custas iniciais x tabela do Imposto de Renda

Outro parâmetro que poderá ser utilizado é a tabela para isenção e

cobrança do Imposto de Renda, a saber:

Até 1.903,98 - DEFERIMENTO, DEFERIMENTO PARCIAL OU REDUÇÃO

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5% PARCELAMENTO – PARCELAS que comprometem até 7,5% da renda

De 2.826,66 até 3.751,05 15% PARCELAMENTO – PARCELAS que comprometem até 15% da renda

De 3.751,06 até 4.664,68 22,5% PARCELAMENTO – parcelas que comprometem até 22,5%

Acima de 4.664,68 27,5% INDEFERIMENTO com ou sem PARCELAMENTO – parcelas que comprometem até 27,5%

Em termos comparativos, nota-se que a faixa de R$ 1.903,99 a R$ 2.826,65

compreende aqueles que ganham até 03 (três) salários mínimos por mês e,

portanto, o comprometimento mensal (para parcelamento – 6 parcelas) é

inferior à metade do imposto retido na fonte: 7,5% & 3,64%!

Teto da Previdência

O teto da Previdência Social é de R$ 4.663,75.

Dito teto também poderá ser utilizado como parâmetro para (in)deferimento

do benefício, deferimento parcial, fixação do número de parcelas e de redução

de percentual.

Em termos comparativos, o valor corresponde à faixa de 27,5% para retenção

do imposto de renda na fonte.

Page 13: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO EM PROCESSOS QUE CARECEM DE ACIONAMENTO

DO JUDICIÁRIO

a) INVENTÁRIO – Sucessores maiores e capazes – EXTRAJUDICIAL

Nos termos do artigo 610 do NCPC:

Artigo 610 - Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. § 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. § 2º O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Ausência de interesse processual

O interesse reside, apenas e tão somente, na obtenção do benefício da

gratuidade judiciária para “livrar” os sucessores do pagamento das custas e

emolumentos.

Desta forma, se desejam utilizar o serviço judicial, devem quitar as custas e

despesas processuais.

Obs: OS INVENTÁRIOS E ARROLAMENTOS estão isentos do pagamento ITCD e

de custas processuais.

01 UFEMG = para o ano de 2015 = R$ 2,7229 (dois reais, sete mil e duzentos e

vinte e nove décimos de milésimos).

DECRETO N° 43.981, DE 03 DE MARÇO DE 2005:

Art. 6º É isenta do ITCD:

I - a transmissão causa mortis:

a) imóvel residencial com valor total de até 40.000 (quarenta mil)

Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais - UFEMGs desde que seja

o único bem imóvel de monte partilhável cujo valor total não exceda

48.000 (quarenta e oito mil) UFEMGs, excetuando-se os bens

descritos na alínea "c" deste inciso;

b) de fração ideal de um único imóvel residencial, desde que o valor

total desse imóvel seja de até 40.000 (quarenta mil) UFEMGs e o

monte partilhável não contenha outro imóvel nem exceda 48.000

(quarenta e oito mil) UFEMGs, excetuando-se os bens descritos na

alínea "c" deste inciso;

c) de roupa e utensílio agrícola de uso manual, bem como de móvel e

aparelho de uso doméstico que guarneçam a residência familiar,

observado o disposto no § 4º deste artigo;

Page 14: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

(§ 4º Para os efeitos do disposto nas alíneas “c” dos incisos I e II

do caput deste artigo, não se incluem no conceito de bens móveis que

guarnecem a residência familiar as obras de arte sujeitas a

declaração à Secretaria da Receita Federal ou que sejam cobertas por

contrato de seguro específico.)

(...)

Art. 13 – Não estão sujeitos ao pagamento e recolhimento de custas:

[...]

II – o inventário, o arrolamento e o pedido de alvará judicial, desde

que os valores não excedam a 25.000 UFEMGs (vinte e cinco mil)

UFEMGs. (g.n.)

Art. 18 – Há isenção da Taxa Judiciária:

[...]

V - no inventário, no arrolamento e no pedido de alvará judicial,

desde que os valores não excedam a 25.000 (vinte e cinco mil)

UFEMGs. (g.n.)

Art. 30 - O pedido de alvará formulado em procedimento autônomo

ou requerido incidentalmente, cujo valor não exceder a 25.000

(vinte e cinco mil) UFEMGs, não se sujeita ao pagamento das custas

judiciais e Taxa Judiciária, incluindo-se, aí, a expedição do alvará e

demais atos previstos no Anexo I deste Provimento-Conjunto. (g.n.)

* 25.000 UFEMG X R$ 2,7229 (valor de uma UFEMG/2015) = R$

68.072,50 (valor de isenção)

b) DIVÓRCIO CONSENSUAL – Sem filhos menores

Nos termos do art. 693 do NCPC, as normas constantes do Capítulo X aplicam-

se aos processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e

extinção de união estável, guarda, visitação e filiação.

As normas do NCPC aplicam-se, portanto, aos processos contenciosos.

Continua, em vigor, a Lei 11.441/2007, que introduziu a possibilidade de

o divórcio ou a separação consensuais serem feitos pela via

administrativa, mediante escritura pública, com assistência de advogado

particular ou da Defensoria Pública.

A lei dispõe que os pobres que assim se declararem, perante o tabelião,

não pagarão os emolumentos que a este seriam devidos,

democratizando-se e viabilizando-se, assim, a utilização da via

administrativa aos casais que desejam o divórcio, mas não podem arcar

com as despesas correspondentes.

Neste caso, se a própria lei disponibiliza o divórcio consensual gratuito

através de através de escritura pública, patente a ausência de interesse

processual.

Se o casal, mesmo assim, desejar utilizar o serviço judicial, deve quitar as

custas processuais.

Page 15: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

c) CAUSAS QUE PODEM SER PROCESSADAS PERANTE OS JUIZADOS ESPECIAIS –

40% do salário mínimo = R$ 31.520,00

A Lei 9.099/95 coloca à disposição das partes a possibilidade de resolução do

litígio, de forma gratuita.

Destarte, se o pedido pode ser processado perante os Juizados Especiais,

optando o(a) advogado(a) pela propositura da ação na Justiça Comum, a parte

interessada deve antecipar as custas prévias, já que o Poder Judiciário já

disponibiliza “serviço público” gratuito para resolução do litígio.

INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS DO NCPC PARA APLICAÇÃO DO ARTIGO 13 DA

LEI 1.060/50.

Incabível a aplicação imediata das normas do NCPC aos processos em

andamento, contudo, a doutrina, apesar de rechaçar a “interpretação

retroativa”, defende que a função persuasiva das novas regras durante a

vacatio, “como instrumento retórico-argumentativo” para demonstrar o acerto

de posições doutrinárias e jurisprudenciais ou, pelo contrário, “a necessidade

de superação imediata de entendimento jurisprudencial consolidado”.13

Ora, “... não faz sentido tolerar a aplicação do direito vigente, no

período de vacatio legis, de modo diferente da interpretação (ou ‘declaração de

sentido”) fornecida pelo legislador. Sustentar o contrário seria permitir que o

julgador pudesse ignorar a vontade legislativa e, sob o pretexto de que a nova

lei não se encontra vigente, interpretar a lei atual ao arrepio da interpretação

que será soberana. Ainda que não se queira reconhecer tal eficácia imediata,

parece clara a magnitude do ônus argumentativo que é imposto ao julgador por

estas regras interpretativas “sem vigência”. Para divergir delas, deve o julgador

explicitar as razões pelas quais não segue a interpretação proposta pelo

legislador, ainda que não vigente.”14

É o caso do afastamento da presunção absoluta da declaração de

pobreza para concessão da gratuidade judiciária, referendando-se a decisão da

Corte Superior do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no Incidente de

Uniformização nº 1.0024.08.093413/002, Relator Des. Roney Oliveira, julgado

no dia 25/08/2010, que concluiu que a declaração de pobreza tem apenas

presunção juris tantum, in verbis:

Justiça gratuita e comprovação do estado de hipossuficiência financeira.

Por maioria, a Corte Superior, em incidente de uniformização de

jurisprudência, entendeu que, nos casos em que o magistrado tenha

fundada dúvida a respeito da veracidade da declaração de hipossuficiência

financeira apresentada pelo requerente do benefício da justiça gratuita, há

a possibilidade de condicionar a concessão da benesse à comprovação do

estado declarado pelo requerente. Nesse caso, não haveria afronta ao art.

4º da Lei nº 1.060/50, tendo em vista a discricionariedade do juiz na livre

13

Fredie Didier. Eficácia do Novo CPC antes do término do período da vacância da lei.

14 Normas interpretativas no novo CPC: incidência no período de vacatio legis?

Page 16: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

apreciação das provas, conforme insculpido nos arts. 130 e 131 do Código

de Processo Civil. Ressaltou-se, por fim, que a declaração de pobreza tem

apenas presunção juris tantum, o que permite ao magistrado determinar a

comprovação do que foi declarado, mormente quando a parte contrária

apresenta impugnação ao pedido de assistência judiciária. (Incidente de

Uniformização nº 1.0024.08.093413-6/002, Rel. Des. Roney Oliveira, julgado

em 25/08/2010. Informativo TJMG, Boletim 04/2010)

Deverá ser mantido o entendimento sedimentado no enunciado da

Súmula nº 481 do STJ, in verbis:

"Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem

fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os

encargos processuais." (g.n.)

A interpretação dos §§ 5º e 6º do artigo 98 do NCPC serve de reforço

argumentativo para a real aplicação do artigo 13 da Lei 1.060/50, que foi

mantido em vigor pelo NCPC, com o seguinte teor:

Art. 13. Se o assistido puder atender, em parte, as despesas do processo, o Juiz mandará pagar as custas que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento

Assim, o benefício poderá ser deferido com modulações e

fracionamentos próprios e enquanto perdurar o estado de carência econômica

total ou parcial, nos termos no artigo 13 da Lei 1050/60. Não há preclusão,

podendo o pleito ser reapreciado a qualquer momento “... bastando a

constatação de alteração da situação financeira da parte ou a necessidade de

provas, como a pericial, que elevem o custo do processo a ponto de torná-lo

excessivamente oneroso.”

Cabe ao juiz, declinando o valor do preparo prévio, determinar a

intimação da parte autora para “comprovar insuficiência de recursos”15, para

antecipação, no todo ou em parte, dos valores, proferindo, em seguida, a

respectiva decisão.

Possível, ainda, o parcelamento das custas previas e taxas.

Registre-se, por derradeiro, que o sistema informatizado do TJMG

está apto a aceitar e realizar o parcelamento das custas finais dos processos

físicos. A Contadoria parcela as custas finais, nos termos da sentença, e as guias

ficam disponíveis para a parte no Web.

O valor do preparo prévio também pode ser parcelado, contudo, a

parte interessada terá que comparecer à Distribuição/Central de Guias, pois o

sistema ainda está sendo testado para essa funcionalidade.

Importante: a diligência do Oficial de Justiça não pode ser parcelada.

É necessário conhecer a legislação vigente para aplicá-la!

15

Artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição: LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem

insuficiência de recursos;

Page 17: 2 Agnaldo Rodrigues Pereira NOMENCLATURAS ASSISTÊNCIA

CONCLUSÃO

• * Nos procedimentos relativos a inventário/arrolamento e divórcio consensual,

passíveis de utilização da via extrajudicial (escritura pública), a opção pelo processo

judicial implicará o pagamento das custas e despesas processuais, porquanto

desnecessário o acionamento da pesada máquina judiciária e mitigada a necessidade

da benesse.

• * A Lei 9.099/95 coloca à disposição das partes a possibilidade de resolução do litígio,

de forma gratuita. Assim, uma vez que o pedido pode ser processado perante os

Juizados Especiais, se optar o advogado pela propositura da ação na Justiça Comum, a

parte interessada deverá antecipar as custas prévias. Esse entendimento decorre do

fato de o Poder Judiciário já disponibilizar “serviço público” gratuito para resolução do

litígio.

• * Caberá aos Juízes de 1º Grau, antes de apreciar o pedido de Gratuidade da Justiça,

determinar que a parte comprove a insuficiência de recursos para antecipar o

pagamento, no todo ou em parte, das custas e despesas processuais, o que pode ser

feito parceladamente!

• * Caberá aos Juízes de 1º grau, comparando os valores das custas e despesas iniciais

(de acordo com a TABELA DO TJMG) e com a renda mensal do requerente, aferir qual

o percentual de comprometimento da renda e proferir decisão fundamentada de

deferimento, indeferimento e deferimento parcial, com ou sem parcelamento e/ou

redução no percentual a ser antecipado!

• * Caberá ao Tribunal criar precedentes que contenham os paradigmas a serem

utilizados pelos Juízes de 1º grau e que sirvam de balizas – firmes e seguras – para

indeferimento ou deferimento dos benefícios da Gratuidade da Justiça!

• * O art. 13º da Lei 1.060/50, em pleno vigor, deve ser aplicado e interpretado à luz dos

§§ 5º e 6º do NCPC, autorizando-se, desde logo, o deferimento da Gratuidade da

Justiça com modulações e fracionamentos próprios, em consonância com os valores a

serem antecipados e com a renda mensal da parte!

Obrigado.

Belo Horizonte, 20 de novembro de 2.015.

Agnaldo Rodrigues Pereira

Juiz de Direito