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Seminário Leigo São Padre Pio DISCIPLINA: DOGMAS Introdução O caminho da vida cristã sobre a terra rumo ao Céu se vive a par- tir de três virtudes que, plantadas em nossas almas por Deus, devem ser por nós exercitadas. São elas: a fé, a esperança e a caridade, que  juntas   constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus” 1 . Convém, portanto, que cada cristão reflita o mais possível sobre essas três virtudes, co- mo se manifestam, como se exercitam, como Deus as alimenta. A virtude da fé, assim como as duas outras, é necessária para a plena comunhão com Deus, a santidade, a salvação da alma humana e o alcance da felicidade perfeita. O Catecismo da Igreja Católica, ao propor sua definição de , expressa-se dessa maneira: “Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal  do homem a Deus; ao mesmo tempo e inseparavelmente é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus”  (CIC 150) As duas dimensões destacadas na definição do Catecismo são, por assim dizer, necessárias àqueles objetivos mencionados acima. A primeira, a adesão pessoal a Deus, pode  apesar de não sem muito custo  ser alcançada pelas próprias forças da razão humana 2 . Mas, a segunda, o assentimento a toda a verdade revelada , só se dá pelo conhecimento da Revelação, o qual se faz por transmissão. Essa ver- dade revelada desde os tempos do Antigo Testamento até à plenitude dos tempos na Nova Aliança chega a nós pelo múnus da Igreja de guardar e transmitir com fidelidade a Palavra de Deus, que se ouve a partir das Sagradas Escrituras, da Sagrada Tradição Apostólica e cuja interpretação está submetida ao julgamento do Sagrado Magistério da Igreja, a qual professa a mesma fé desde os Apóstolos e  fiando- se das promessas do Redentor, que prometeu que tudo lhe haveria de ser ensinado pelo Espírito Santo (João 14, 26)  define dogmas. Ao definir um dogma, a Igreja se utiliza da plenitude de sua auto- ridade que recebeu de Cristo para anunciar o Evangelho (Marcos 16, 15), já que propõe verdades reveladas ou que têm com a Revelação um vínculo necessário, obrigando o povo cristão a aderir irrevoga- velmente a elas (CIC 88). 1  Cf. S. S. Francisco, Lumen fidei , 7. 2  Cf. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, 6.

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Seminário Leigo São Padre PioDISCIPLINA: DOGMAS

Introdução

O caminho da vida cristã sobre a terra rumo ao Céu se vive a par-tir de três virtudes que, plantadas em nossas almas por Deus, devemser por nós exercitadas. São elas: a fé, a esperança e a caridade, que– juntas – “constituem, numa interligação admirável, o dinamismo davida cristã rumo à plena comunhão com Deus” 1. Convém, portanto,que cada cristão reflita o mais possível sobre essas três virtudes, co-mo se manifestam, como se exercitam, como Deus as alimenta.

A virtude da fé, assim como as duas outras, é necessária para aplena comunhão com Deus, a santidade, a salvação da alma humanae o alcance da felicidade perfeita. O Catecismo da Igreja Católica, aopropor sua definição de fé, expressa-se dessa maneira:

“Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus;ao mesmo tempo e inseparavelmente é o assentimento livre atoda a verdade revelada por Deus” (CIC 150)

As duas dimensões destacadas na definição do Catecismo são,por assim dizer, necessárias àqueles objetivos mencionados acima. Aprimeira, a adesão pessoal a Deus , pode – apesar de não sem muitocusto – ser alcançada pelas próprias forças da razão humana 2. Mas,a segunda, o assentimento a toda a verdade revelada , só se dá peloconhecimento da Revelação, o qual se faz por transmissão. Essa ver-dade revelada desde os tempos do Antigo Testamento até à plenitudedos tempos na Nova Aliança chega a nós pelo múnus da Igreja deguardar e transmitir com fidelidade a Palavra de Deus , que se ouve apartir das Sagradas Escrituras, da Sagrada Tradição Apostólica e cujainterpretação está submetida ao julgamento do Sagrado Magistérioda Igreja, a qual professa a mesma fé desde os Apóstolos e – fiando-se das promessas do Redentor, que prometeu que tudo lhe haveriade ser ensinado pelo Espírito Santo (João 14, 26) – define dogmas.

Ao definir um dogma, a Igreja se utiliza da plenitude de sua auto-ridade que recebeu de Cristo para anunciar o Evangelho (Marcos 16,15), já que propõe verdades reveladas ou que têm com a Revelaçãoum vínculo necessário, obrigando o povo cristão a aderir irrevoga-velmente a elas (CIC 88).

1 Cf. S. S. Francisco, Lumen fidei , 7.2 Cf. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, 6.

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A gravidade da não adesão a uma ou a todas as verdades defini-das, ou da dúvida pertinaz acerca delas é tal que gera pena de exco-munhão latae setentiae (Código de Direito Canônico 1364). Pena queremonta aos próprios tempos apostólicos, o que se deduz, por exem-

plo, da Carta de São Paulo aos Gálatas, em que se diz:“Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vosanunciasse um evangelho diferente do que vos temos anuncia-do, que ele seja anátema ” (Gálatas 1, 8)

Portanto, convém que o cristão busque conhecer tais doutrinaspara que, como diz a Escritura, estejamos em comunhão com osApóstolos, seus sucessores, a Igreja Católica e com Deus 3, princípio efim de todas as nossas ações. No sentido de ajudar nesse conheci-

mento é que foi construída essa breve apostila, seguindo – para tanto– a própria sequência de artigos do Credo (resumo da fé da Igreja)tanto do símbolo apostólico quanto do Niceno-Constantinopolitano.

3 Cf. I João 1, 1-3.

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1.0 – Os artigos do Credo

A Santa Igreja propõe a seus filhos um resumo de sua doutrina,que se chama símbolo da fé.

No início da apostila, é pertinente expor a divisão tradicional doSímbolo Apostólico em 12 artigos e observar as fórmulas correspon-dentes no Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Em seguida, obser-vando a sequência dos artigos do Credo, se há de apresentar osdogmas relacionados a cada um deles.

Símbolo ApostólicoCreio em Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do Céu e da

Terra

Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, que fez o céu e a terra,

todas coisas visíveis e invisíveisE em Jesus Cristo, Seu único Fi-lho, nosso Senhor,

E em um único Senhor, JesusCristo, Filho unigênito de Deus,nascido do Pai antes de todos osséculos, Deus de Deus, Luz daLuz, Deus verdadeiro de DeusVerdadeiro, gerado, não criado,consubstancial ao Pai, pelo qualtodas as coisas foram feitas,

Que foi concebido do EspíritoSanto, nasceu da Virgem Maria,

O qual por nós homens, e para anossa salvação, desceu dos céuse pelo Espírito Santo se encarnouno seio da Virgem Maria e se fezhomem

Padeceu sob Pôncio Pilatos, foicrucificado, morto e sepultado,

Também por nós foi crucificado,sob Pôncio Pilatos, padeceu e foisepultado

Desceu às regiões inferiores, res-suscitou dos mortos ao terceirodia,

E ao terceiro dia ressuscitou, deacordo com as Escrituras,

Subiu aos céus, está sentado àdireita de Deus Pai Todo-Poderoso,

E subiu aos céus e está sentado àdireita do Pai

De onde há de vir para julgar osvivos e os mortos

E que, de novo, há de vir, comglória, para julgar os vivos e osmortos, e cujo reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, E no Espírito Santo, Senhor quedá a vida, que procede do Pai edo Filho e com o Pai e o Filho éadorado e glorificado, o qual fa-lou pelos profetas.

Na Santa Igreja Católica, na co-munhão dos santos

E na Igreja, uma só, santa, cató-lica e apostólica.

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Na remissão dos pecados, Confesso um só Batismo para aremissão do pecados

Na ressurreição da carne E espero a ressurreição dos mor-tos

E na vida eterna. E a vida do tempo que há de vir.

1.1 – O primeiro artigo

Através do primeiro artigo, o cristão expressa que crê, que temfé. É importante, por isso, observar como o Catecismo Romano seexpressa ao esclarecer o sentido das palavras do símbolo.

“Este é o significado dessas palavras: creio certamente e semdúvida alguma confesso Deus Pai, a primeira pessoa da Trinda-

de, que com seu infinito poder fez do nada o céu, a terra e tudoquanto contêm, e que – depois de ter criado – conserva e go-verna. E não somente creio nele de coração e o confesso com aboca, mas também o desejo e a Ele aspiro com suma ânsia e pi-edade , como ao sumo e perfeitíssimo bem” (Catecismo Romano24)

Dogmas relacionados ao primeiro artigo - Deus existe!

- Ao conhecimento de Deus é possível chegar pela razão natural e,principalmente, pela fé sobrenatural!- Há um único Deus!- No Deus único, há três pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo!- Deus é eterno!- Deus criou tudo o que existe, a partir do nada!- O mundo é finito!- A existência do mundo é conservada por Deus.- Corpo e alma constituem o ser humano!

Eis alguns textos católicos, relacionados ao primeiro artigo:

“Nada te perturbe, nada te espante:tudo passa, Deus não muda.

A paciência tudo alcança.Quem tem a Deus, nada lhe falta:só Deus basta.

Eleva o pensamento, sobe ao céu.Por nada te angusties, nada te perturbe.Segue a Jesus Cristo, com grande entrega

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e, venha o que vier, nada te espante.Vês a glória do mundo? É glória vã;nada tem de estável, tudo passa.

Deseja as coisas celestes, que sempre duram.

Fiel e rico em promessas, Deus não muda. Ama-o como merece, Bondade imensa.Quem tem a Deus, mesmo que passe por momentos difíceis,sendo Deus o seu tesouro, nada lhe falta.Só Deus basta” (Santa Teresa D’Ávila)

“Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas, esp e-cialmente o senhor irmão Sol, que clareia o dia e que, com a sua luz,nos ilumina. Ele é belo e radiante, com grande esplendor; de Ti, Altís-

simo, é a imagem. Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua e pelasestrelas, que no céu formaste, claras, preciosas e belas. Louvado se- jas, meu Senhor, pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo se-reno e por todo o tempo em que dás sustento às Tuas criaturas. Lou-vado sejas, meu Senhor, pela irmã água, útil e humilde, preciosa ecasta. Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, com o qual ilu-minas a noite. Ele é belo e alegre, vigoroso e f orte.” 4 (São Franciscode Assis)

“O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que todo vossoser – espírito, alma e corpo – seja conservado irrepreensível para avinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.” 5(I Tessalonicenses 5, 23)

1.2 – “ Tu és o Cristo , o Filho do Deus vivo” (Mateus 16, 16)

A segunda parte do Credo, que se refere a Nosso Senhor JesusCristo, é composta por seis artigos, o que constitui a metade do Sím-bolo. São dogmas relacionados à pessoa de Cristo:

- Jesus é Filho de Deus e, portanto, Deus, com o Pai e o Espírito;- A união mística ou a dupla natureza de Cristo;

> A distinção das vontades e operações das duas naturezas;- Jesus é filho natural de Deus Pai!

4 Cf. Laudes Creaturarum 3-8.5 Sobre a distinção “corpo e alma”, ver: CIC 363 -367.

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- A imolação de Cristo como sacrifício;- A redenção pelo sacrifício de Cristo;- Cristo ressuscitou glorioso verdadeiramente;- Ascenção em corpo e alma ao Céu;

- Maria teve a concepção sem a mancha original!- Maria é sempre Virgem!- Maria é a Mãe de Deus!- Maria foi elevada ao Céu em corpo e alma!(- Mediação Universal!)- O mundo há de ter fim e Cristo há de voltar glorioso!- Nosso Senhor há de julgar todos os homens.

Sobre Nosso Senhor, há um texto muito belo da Sagrada Escritu-

ra, que certamente era entoado pelas primeiras comunidades cristãscomo um cântico:

“Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igua l-dade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo acondição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendoexteriormente reconhecido como homem, humilhou-se aindamais, tornando-se obediente até à morte e morte de Cruz. Porisso, Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome queestá acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se

dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos, e toda línguaconfesse para a glória de Deus Pa i que Jesus Cristo é o Senhor.” (Filipenses 2, 6-11)

Textos:

“Madre de Deus e senhora minha, Maria. Como um pobre maltrapilhoe largado se apresenta a uma grande rainha, assim me apresento a

ti, rainha do céu e da terra. Desde tu trono elevado, digna-te voltaros olhos a mim, pobre pecador. Deus te fez tão rica, para que possassocorrer os pobres, e te constituiu rainha de misericórdia, para quepossas aliviar os miseráveis. Olha-me e tem compaixão de mim.Olha-me e não me deixes; transforma-me de pecador em santo.”(Santo Afonso de Ligório)6

“Por isto, depois de na humildade e no jejum, dirigirmos sem inter-rupção as Nossas preces particulares, e as públicas da Igreja, a Deus

6 “Oração a Maria, rainha de Misericórdia”, Glórias de Maria, Cap. I.

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Pai, por meio de seu Filho, a fim de que se dignasse de dirigir e sus-tentar a Nossa mente com a virtude do Espírito Santo; depois de im-

plorarmos com gemidos o Espírito consolador; por sua inspiração, emhonra da santa e indivisível Trindade, para decoro e ornamento da

Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremen-to da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo,dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a Nossa, decla-ramos, pronunciamos e definimos: A doutrina que sustenta que a be-atíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, porsingular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritosde Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imunede toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada porDeus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os

fiéis” (Pio IX)7

1.3 – O Espírito Santo

O oitavo artigo do Credo nos remete à pessoa do Divino EspíritoSanto, terceira pessoa da Santíssima Trindade, que – no Símbolo Ni-ceno-Constantinopolitano – é chamado de “vivificador”. O Espírito dávida à alma, como revelam as Escrituras (Romanos 8,9; I Coríntios12, 12.13), visto que é ele quem opera a união da alma com Deus equem move a Igreja, o Corpo de Cristo.

São Josemaría Escrivá, falando da pessoa do Espírito Santo, nosrecorda:

“A vinda solene do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foium acontecimento isolado. Não há quase nenhuma página dosAtos dos Apóstolos em que não se fale d ’ Ele e da ação com queguia, dirige e anima a vida e as obras da primitiva comunidadecristã: é Ele quem inspira a pregação de São Pedro , quem con-firma os discípulos na fé , quem sela com a sua presença achamada dirigida aos gentios , quem envia Saulo e Barnabé aterras distantes para abrirem novos caminhos à doutrina de Je-sus. Numa pala vra, sua presença e sua ação dominam tudo.” 8

1.4 – O nono artigo

7 Bula Ineffabilis Deus 41.8 ESCRIVÁ, São Josemaría. “O Grande Desconhecido”, É Cristo que passa , pt. 127.

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Também no Credo, o Povo de Deus professa que existe uma reu-nião de pessoas, comunidade, instituída por Cristo, fruto do desígniode Deus, que continua a missão do Verbo Encarnado. Mas, cabe apergunta, se a Igreja se trata de uma comunidade, constituída de

pessoas, visível, por que razão está entre os artigos do Credo? Sobreessa questão, se posiciona o Catecismo Romano, em seu parágrafo153:

Ainda que qualquer um conheça e veja por seus olhos que há naterra uma Igreja, ou reunião de homens que estão dedicados econsagrados a Cristo Senhor, e não pareça haver necessidadeda fé para acreditar nisso (pois nem mesmo os judeus e os tur-cos duvidam disso); o entendimento humano só pode entenderos mistérios que se encerram neste artigo da Santa Igreja de

Deus se fôr ilustrado pela fé e não por caminho algum de razõeshumanas. Não por forças humanas conhecemos a origem, osdons, as prerrogativas, as excelências e dignidade da Igreja,mas só com os olhos da fé.

São mistérios relacionados à Santa Igreja, definidos como dog-mas:- Jesus fundou a Igreja Católica!- Cristo instituiu Pedro como cabeça visível da Igreja e primeiro docolégio apostólico!- O Papa, sucessor de Pedro, possui pleno poder sobre toda a Igreja,em questões de fé e costumes, de disciplina e governo!- O Papa é infalível quando fala ex cathedra , sobre questões de fé ecostumes!- A Igreja é infalível em questões de fé e costumes!- A Igreja recebeu o poder de perdoar os pecados cometidos após oBatismo!

Textos:

“Depois de confessar a Trindade, o Credo segue: CREMOS NA SANTAIGREJA. Foram confessados Deus e seu templo. Com efeito, diz o

Apóstolo: ‘o templo de Deus é santo, que sois vós’ [I Coríntios 3,17] .Esta é a Igreja santa, a Igreja una, a Igreja verdadeira, a Igreja cató-lica, que luta contra todas as heresias. Pode lutar, e, no entanto, não

pode ser vencida. Todas as heresias saíram dela, como sarmentosinúteis cortados da videira. Mas ela permanece inteira em sua raiz,

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em seus galhos, que é sua caridade. As portas do inferno não a ven-cerão. ” (Santo Agostinho) 9

“ A identidade cristã não é dada por um bilhete de identidade; a iden-

tidade cristã é pertença à Igreja: todos estes pertenciam à Igreja, àIgreja Mãe, porque não é possível encontrar Jesus fora da Igreja. Ogrande Paulo VI dizia: é uma dicotomia absurda querer viver com Je-sus sem a Igreja, seguir Jesus fora da Igreja, amar Jesus sem a Igre-

ja10. E a mesma Igreja Mãe, que nos dá Jesus, dá-nos a identidade,que não é somente um selo: é uma pertença. Identidade significa

pertença: a pertença à Igreja. Coisa estupenda! ” (Papa Francisco) 11

“Ensinamos, pois, e declaramos, segundo o testemunho do Evange-

lho, que Jesus Cristo prometeu e conferiu imediata e diretamente o primado de jurisdição sobre toda a Igreja ao Apóstolo S. Pedro. Comefeito, só a Simão Pedro, a quem antes dissera: Chamar-te-ás Cefas[João 1,42] , depois de ter ele feito a sua profissão com as palavras:‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo ’ , foi que o Senhor se dirigiu comestas solenes palavras: ‘Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas,

porque nem a carne nem o sangue te revelaram isso, mas sim meuPai que está nos céus. E eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedraedificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerãocontra ela. E dar-te-ei as chaves do reino dos céus. E tudo o que liga-res sobre a terra será ligado também nos céus; e tudo o que desliga-res sobre a terra será desligado também nos céus ’ [Mateus 16,16 ss] .E somente a Simão Pedro conferiu Jesus, após a sua ressurreição, a

jurisdição de pastor e chefe supremo de todo o seu rebanho, dizendo:‘ Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas ’ [Jo21,15 ss.] . [...] Por isso Nós, apegando-nos à Tradição recebida des-de o início da fé cristã, para a glória de Deus, nosso Salvador, paraexaltação da religião católica, e para a salvação dos povos cristãos,com a aprovação do Sagrado Concílio, ensinamos e definimos comodogma divinamente revelado que o Romano Pontífice, quando fala excathedra, isto é, quando, no desempenho do ministério de pastor edoutor de todos os cristãos, define com sua suprema autoridadeapostólica alguma doutrina referente à fé e à moral para toda a Igre-

ja, em virtude da assistência divina prometida a ele na pessoa de SãoPedro, goza daquela infalibilidade com a qual Cristo quis munir a sua

9

Sermão aos Catecúmenos sobre o símbolo dos Apóstolos 14.10 Cf. Exortação apostólica Evangelii nuntiandi 16.11 Homilia de 23 de abril de 2013 , na Capela Paulina.

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si mesmo e à linhagem humana pela legítima procriação [7] . Sendoclaro que tudo isto corresponde àquela vida com a qual a alma vive

para Deus, facilmente se deduz daqui o número dos sacramentos ”(Catecismo Romano 274-275)

“ Assim, o Batismo é o primeiro e como que a porta dos demais, peloqual renascemos para Cristo. Depois, vem a Confirmação com cujavirtude nos fortalecemos com a divina graça, pois como afirma Santo

Agostinho, aos Apóstolos já batizados disse o Senh or: “As sentai-vosna cidade, até que sejais revestidos com a virtude do alto” [Lucas 24,49]. Depois, a Eucaristia, com a qual se sustenta e se mantém nossoespírito como que com um alimento verdadeiramente do céu, poisdela disse noss o Salvador: “Mi nha carne é verdadeiramente comida,

e meu sangue verdadeiramente beb ida” [João 6, 56] . Em quarto lu-gar, vem a Penitência, por cujo benefício se recobra a saúde que per-demos depois das feridas do pecado. Em seguida, a Unção dos en-fermos, que tira os resquícios do pecado e fortalece as virtudes daalma, pois falando São Tiago deste Sacramento, diz assim: "E se tiver

pecados, lhe serão perdoados ” [Tiago 5, 15] . Segue-se a Ordem, queconfere o poder de exercer perpetuamente os ministérios públicosdos sacramentos, e de celebrar todas as funções sagradas. Por últimose acrescenta o Matrimônio, para que - por meio do legítimo e santoenlace do homem com a mulher - se procriem e os filhos sejam edu-cados religiosamente para o culto de Deus e conservação da linha-gem humana ” (Catecismo Romano 276)

“A glória da cabeça repercute tanto sobre as extremidades superio-res, as mãos, como sobre as inferiores, os pés. Como Ele, sendo úni-co, entregou sua vida por nós, assim o imitaram os mártires e entre-garam suas vidas pelos irmãos e com seu sangue regaram a terra

para que brotasse a abundantíssima fertilidade dos povos como sifossem sementes. Também nós somos, pois, fruto de seu trabalho.Nós os admiramos e eles se compadecem de nós. Nos congratulamoscom eles e eles rogam por nós. Eles estenderam seus corpos no chão,como si fossem vestidos, quando passava o burrinho que levava oSenhor a Jerusalém; saquemos nós das Sagradas Escrituras, ao me-nos, hinos e louvores, como ramos arrancados das árvores, e apre-sentemo-las para gozo comum. Todos, no entanto, obedecemos aomesmo Senhor, seguimos o mesmo mestre, acompanhamos o mes-mo príncipe, nos submetemos à mesma cabeça, tendemos à mesma

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Jerusalém, perseguimos a mesma caridade e abraçamos a mesmaunidade ” (Santo Agostinho 13)

1.5 – O perdão dos pecados

Na sequência dos artigos, pelo décimo se expressa a fé no per-dão dos pecados. Só Deus tem a autoridade própria para perdoar ospecados. “Sou eu, sou eu mesmo que devo apagar tuas faltas contramim e não mais me recordarei dos teus pecados ” (Isaías 43, 25). Noentanto, se fazendo homem, na pessoa do Filho, o Senhor concedeu

a homens, seu apóstolos, essa faculdade (cf. João 20, 22-23). O San-to Batismo é o “primeiro e o principal sacramento do perdão dos p e-cados, pois nos une a Cristo, morto pelos nossos pecados e ressusci-tado para nossa justificação, a fim de que vivamos também uma vidanova” (CIC 977).

A Igreja é, portanto, continuadora também da missão cristã dereconciliar o homem com Deus, inclusive no que concerne ao perdãodos pecados. Sobre isso, diz Santo Agostinho, comentando o Credo:

“H onrai, amai, anunciai também a Santa Igreja, vossa mãe, co-mo a cidade santa de Deus, a Jerusalém Celeste. É ela que fruti-fica na fé que acabais de escutar e cresce por todo mundo: aIgreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade, a qualtolera na comunhão dos sacramentos os maus, que serão apar-tados no fim dos tempos e dos quais ela mesma já se afasta pe-la diferença de hábitos. Por causa do trigo, que geme agora emmeio à palha, e cuja quantidade, armazenada nos celeiros, sefará manifesta na última limpeza, [a Igreja] recebeu as chavesdo Reino dos céus, para que – por obra do Espírito Santo – te-

nha lugar nela o perdão dos pecados, por meio do sangue decristo. Nesta Igreja, a alma que tinha morrido pelo pecado revi-ve, para ser vivificada com Cristo, por cuja graça fomos salvos.” (Sermão 214, 11)

Dogmas relacionados à remissão dos pecados:

- O pecado original se propaga a todos os seus descendentes por ge-ração, não por imitação!- O homem caído não pode redimir-se a si próprio!

13 Sermão 280, 6.

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(- A imolação de Cristo como sacrifício);(- A redenção pelo sacrifício de Cristo);- A Igreja tem o poder de perdoar os pecados cometidos depois doBatismo!

Textos:

“Adão peca, ele se rebela contra Deus e, como é o primeiro homem,pai de todos os homens, ele arrasta na sua perda todo o gênero hu-mano, inteiramente. A injúria tendo sido feita a Deus, nem Adão,nem os outros homens, por todos os sacrifícios, mesmo o de sua pró-

pria vida, poderiam oferecer à Majestade Divina, ofendida, uma satis-fação digna para reparar tal injúria completamente. Era preciso queuma pessoa divina satisfizesse a justiça divina. É por isso que o Filhode Deus, tomado de compaixão pelos homens e impulsionado pelasentranhas de sua misericórdia, consente em se revestir da carne hu-mana e a morrer pelos homens, a fim de oferece assim uma satisfa-ção completa por todos os seus pecados e de lhes devolver a graçaque tinham perdido.” (Santo Afonso de Ligório) 14

1.6 – “ Todos ressuscitarão em Cristo” (I Coríntios 15,22)

Pelo penúltimo artigo do Credo, se professa a doutrina apostólicada ressurreição final, segundo a qual todos – bons e maus – terãoseus corpos (“carne”) ressuscitado s, uns para a vida e outros para amorte eterna. Professar essa fé significa necessariamente dizer quetodos – sem exceção – haverão de morrer. Junto com o décimo se-gundo artigo, este se refere ao final dos tempos. O último artigo ex-pressa a fé dos cristãos na bem-aventurança, a vida na eterna felici-dade, à qual todos os fiéis devem aspirar e que contém todos os bense carece de todos os males.

“A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranqu i-lidade; meu povo habitará em mansão serena, em mora-das seguras, em abrigos tranquilos” (Isaías 32, 17-18)

14 Considerações sobre a Paixão 1, 1.

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Dogmas relacionados aos dois últimos artigos do Credo:

- A morte e a imortalidade da alma;- A ressurreição do último dia;

- O fim do mundo;- O juízo particular e o juízo universal;- Céu e Inferno;- O Purgatório;Textos:

“Esta sentença segundo a qual todos irão morrer – sem exceção al-guma – a Igreja confessa.” (Catecismo Romano 179)

“ Agora, Deus revela a sua Face precisamente na figura do servo so-fredor que partilha a condição do homem abandonado por Deus, to-mando-a sobre si. Este sofredor inocente tornou-se esperança-certeza: Deus existe, e Deus sabe criar a justiça de um modo que nósnão somos capazes de conceber, mas que, pela fé, podemos intuir.Sim, existe a ressurreição da carne. Existe uma justiça. Existe a ‘re-vogação ’ do sofrimento passado, a reparação que restabelece o direi-to.” (Bento XVI)15

"Cremos que as almas de todos aqueles que morrem na graça deCristo [...] constituem o Povo de Deus depois da morte, a qual serádestruída totalmente no dia da Ressurreição, no qual estas almas seunirão com seus corpos" (CIC 1052)

“Como está determinado que os homens morram uma só vez e logoem seguida vem o juízo” (Hebreus 9,27)

“Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos comele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirãodiante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa asovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos àsua esquerda.” (Mateus 25, 31-33)

“ A festa da Ascensão do Senhor sugere-nos também outra realidade:esse Cristo que nos anima a empreender esta tarefa no mundo espe-ra-nos no céu. Por outras palavras: a vida na terra, que nós amamos,não é a realidade definitiva; pois não temos aqui cidade permanente,

15 Spe Salvi 43.

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mas andamos em busca da futura cidade imutável. ” (São JosemaríaEscrivá)16

“Se há de ensinar, pois, aos fiéis que estas palavr as ‘vida eterna’ não

significam tanto eternidade de vida – à qual também estão destina-dos os condenados e demônios – quanto a bem-aventurança quenessa perpetuidade enche os ânimos dos bem- aventurados” (Cate-cismo Romano 195)

“ Jesus propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante aum homem que tinha semeado boa semente em seu campo. Na hora,

porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. O trigo cresceu e deu fruto, mas apa-

receu também o joio. Os servidores do pai de família vieram e disse-ram-lhe: - Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Dondevem, pois, o joio? Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Repli-caram-lhe: - Queres que vamos e o arranquemos? - Não, disse ele;arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. Deixai-os crescer

juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: ar-rancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei de-

pois o trigo no meu celeiro. (...) O que semeia a boa semente é o Fi-lho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos doReino. O joio são os filhos do Maligno. O inimigo, que o semeia, é odemônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. Eassim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fimdo mundo. O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão deseu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os lan-çarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. En-tão, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aqueleque tem ouvidos, ouça” (Mateus 13, 24-30.37-43)

“No dia seguinte, Judas e seus companheiros foram tirar os corposdos mortos, como era necessário, para depô-los na sepultura ao ladode seus pais. Ora, sob a túnica de cada um encontraram objetos con-sagrados aos ídolos de Jânia, proibidos aos judeus pela lei: todos,

pois, reconheceram que fora esta a causa de sua morte. Bendisse-ram, pois, a mão do justo juiz, o Senhor, que faz aparecer as coisasocultas, e puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão comple-to do pecado cometido. (...) Em seguida, fez uma coleta, enviando a

Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sa- 16 É Cristo que passa 76.

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crifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de suacrença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortosressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se eleacreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedo-

samente, era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres desuas faltas.” (II Macabeus 12, 39-42.43-46)

Referências

AQUINO, Prof. Felipe.Os dogmas da fé . Cléofas, 2013.S. JOÃO PAULO II.Catecismo da Igreja Católica . Vaticano: 1992.

Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>

S. PIO V. Catecismo Romano . Roma: 1566. Disponível em:<http://www.statveritas.com.ar/Doctrina/Doctrina-INDICE.htm>