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Doenças crônicas, doenças endêmicas, doenças raras – Como priorizar? Dr. Marcos Santos MD MSc Chefe do Serviço de Oncologia/Radioterapia – Hospital Universitário de Brasília Especialista em Economia da Saúde – Université Paris Descartes Cátedra UNESCO de Bioética – Universidade de Brasília [email protected]

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Page 1: Doenças crônicas, doenças endêmicas, doenças raras – Como priorizar? Dr. Marcos Santos MD MSc Chefe do Serviço de Oncologia/Radioterapia – Hospital Universitário

Doenças crônicas, doenças endêmicas, doenças raras – Como priorizar?Dr. Marcos Santos MD MSc

Chefe do Serviço de Oncologia/Radioterapia – Hospital Universitário de Brasília

Especialista em Economia da Saúde – Université Paris Descartes

Cátedra UNESCO de Bioética – Universidade de Brasília

[email protected]

Page 2: Doenças crônicas, doenças endêmicas, doenças raras – Como priorizar? Dr. Marcos Santos MD MSc Chefe do Serviço de Oncologia/Radioterapia – Hospital Universitário

Definição

Doenças raras

Baixa prevalência (critérios variáveis)

Difícil comprovação da eficácia em estudos clínicos

Em geral crônicas, tratamento contínuo

80% têm origem genética

População heterogênea

Poucas pesquisas

Em conjunto, atingem 6 a 8% da população de EUA e Europa

Heemstra 2008 pág. 545

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Definição

Doenças raras

Baixa prevalência (critérios variáveis)

Difícil comprovação da eficácia em estudos clínicos

Em geral crônicas, tratamento contínuo

População heterogênea

Poucas pesquisas

Em conjunto, atingem 6 a 8% da população de EUA e Europa

Heemstra 2008 pág. 545

Drogas órfãs

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Definição

Doenças raras

Baixa prevalência (critérios variáveis)

Difícil comprovação da eficácia em estudos clínicos

Em geral crônicas, tratamento contínuo

População heterogênea

Poucas pesquisas

Em conjunto, atingem 6 a 8% da população de EUA e Europa

Heemstra 2008 pág. 545

Drogas órfãs

6819 doenças raras

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Definição

Doenças raras

Baixa prevalência (critérios variáveis)

Difícil comprovação da eficácia em estudos clínicos

Em geral crônicas, tratamento contínuo

População heterogênea

Poucas pesquisas

Em conjunto, atingem 6 a 8% da população de EUA e Europa

Heemstra 2008 pág. 545

Drogas órfãs

55 milhões de pessoas

6819 doenças raras

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Definição

Doenças raras

Baixa prevalência (critérios variáveis)

Difícil comprovação da eficácia em estudos clínicos

Em geral crônicas, tratamento contínuo

População heterogênea

Poucas pesquisas

Em conjunto, atingem 6 a 8% da população de EUA e Europa

Heemstra 2008 pág. 545

Drogas órfãs

55 milhões de pessoas

6819 doenças raras

250 novas dças/ano

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Definição

Doenças raras

Baixa prevalência (critérios variáveis)

Difícil comprovação da eficácia em estudos clínicos

Em geral crônicas, tratamento contínuo

População heterogênea

Poucas pesquisas

Em conjunto, atingem 6 a 8% da população de EUA e Europa

Heemstra 2008 pág. 545

Drogas órfãs

55 milhões de pessoas

6819 doenças raras

250 novas dças/ano

Critério

epidemiológico

Critérioeconômico

Villa et al. 2008 p: 4-6

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• Entre 1995 e 2005, 509 trials patrocinados por empresas

americanas foram conduzidos fora dos EUA

– “0” estudavam doenças prevalentes nos países sede

• Entre 1975 e 2004, 1556 novas drogas foram padronizadas

• 10 visavam o combate de doenças prevalentes nos países

pobres

• Regra 90/10

– 90% dos recursos investidos em saúde investigam as necessidades de

10% da população

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Carência de conhecimento e acesso a tecnologias e saúde

Falta de informação dos profissionais de saúde

Atraso no diagnóstico

Aumento do risco de complicações

Maior dificuldade no tratamento

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Avaliação da relevância clínica

Estudos de custo-efetividade

Carência de estudos

Controle inadequado (↓n)

Difícil avaliação da segurança do tto

Folland 2008 p: 39-40

Abordagem diferenciada por partedos tomadores de decisão

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise

Assistência a protocolos

Acesso a financiamentos

Isenções tributárias e redução de cotas

Exclusividade no mercado

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos Isenções tributárias e redução de cotas Exclusividade no mercado

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Maior celeridade na aprovação

Canal direto com a agência de regulação

Importante para instituições de pequeno e médio porte

Nicholls 2000 pág. 20

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos Isenções tributárias e redução de cotas Exclusividade no mercado

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos

Empresas podem solicitar orientações das agências reguladoras

Auxilio no desenvolvimento de processos padronizados

Rogoyski 2006 pág 6

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos

Empresas podem solicitar orientações das agências reguladoras

Auxilio no desenvolvimento de processos padronizados

Acordos de cooperação internacional

Rogoyski 2006 pág 6

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos Isenções tributárias e redução de cotas Exclusividade no mercado

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos

Acesso a fundos para financiamento de pesquisa

Mais comum nos Estados Unidos

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos Isenções tributárias e redução de cotas Exclusividade no mercado

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos Isenções tributárias e redução de cotas

Na UE, varia em cada país

EUA: isenção de até 50% para desenvolvimento de drogas órfãs

Exclusividade no mercado

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Tributação sobre a medicação

35,7%

Brasil: líder mundial da tributação de medicação

Medicação veterinária não paga imposto

Fonte: Correio Braziliense, 9 de novembro de 2014

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos Isenções tributárias e redução de cotas Exclusividade no mercado

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Incentivos e mecanismos de regulação

Procedimento centralizado de análise Assistência a protocolos Acesso a financiamentos Isenções tributárias e redução de cotas Exclusividade no mercado

Aspecto mais importante do incentivo

Pode variar de 5 a 12 anos

Rogoyski 2006 pág 6

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Custo do tratamento e precificação

Poucos pagantes aumento do custo

Custos do desenvolvimento e divulgação

Exclusividade do mercado

Legislação europeia: ↓ período de exclusividade caso a

indústria já tenha auferido lucro “suficiente”

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Experiência Francesa

2004 à 2008: 131 centros de referência para doenças raras

Facilitar o diagnóstico

Definir tratamentos

Estabelecer protocolos

Coordenar pesquisas

Treinamento para profissionais de saúde, pacientes e familiares

Política de triagem neonatal

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Precificação

Bélgica, França, Itália e Holanda: regulação pelo

Estado

Inglaterra e Suécia: preços livre

A maioria das drogas não é custo-efetiva: utilizadas

por muito tempo

Alternativa: budget impact analysis

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Precificação

Autores recomendam maior intervenção estatal

Denis et al 2010, págs 177-8

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Impacto orçamentário das drogas órfãs

2010 2016 20200

1

2

3

4

5

6

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Doenças raras no Brasil

ANVISA: drogas órfãs são medicamentos utilizados em

doenças raras, cuja dispensação atende a casos

específicos

Não há definição “brasileira” de doença rara

Programa de medicamentos excepcionais – 1993 →

CMDE

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Doenças crônicas, doenças endêmicas, doenças raras – Como priorizar?Dr. Marcos Santos MD MSc

Chefe do Serviço de Oncologia/Radioterapia – Hospital Universitário de Brasília

Especialista em Economia da Saúde – Université Paris Descartes

Cátedra UNESCO de Bioética – Universidade de Brasília

[email protected]