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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU RECURSOS FUNDAMENTAIS PARA UMA NEGOCIAÇÃO EFICAZ DESVENDANDO A NEGOCIAÇÃO E SEUS CONFLITOS Mirella Ferreira ORIENTADOR: Prof. William Rocha Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

RECURSOS FUNDAMENTAIS PARA UMA NEGOCIAÇÃO

EFICAZ

DESVENDANDO A NEGOCIAÇÃO E SEUS CONFLITOS

Mirella Ferreira

ORIENTADOR:

Prof. William Rocha

Rio de Janeiro

2017

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Compras e Suprimentos.

Por: Mirella Ferreira

RECURSOS FUNDAMENTAIS PARA UMA NEGOCIAÇÃO

EFICAZ

DESVENDANDO A NEGOCIAÇÃO E SEUS CONFLITOS

Rio de Janeiro

2017

3

3

AGRADECIMENTOS

A todos que ofertaram seu tempo e conhecimento

para agregar valor ao meu saber. Em especial ao

professor e coordenador Sandro Reis e ao meu

orientador Willian Rocha

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4

DEDICATÓRIA

Dedico ao meu esposo e filhos, que são os

grandes responsáveis e motivadores pela busca

da minha felicidade.

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RESUMO

O assunto negociação é de vital importância para todas as áreas

seja ela pessoal ou de uma organização, com destaque maior para o setor de

compras, por isso tem sido muito discutido nos últimos anos e tem recebido a

atenção de diversos autores, nacionais e estrangeiros, que tem se dedicado a

apresentar estudos e pesquisas sobre o assunto em questão.

Desta forma, o presente trabalho procurará contribuir para o tema

da Importância da Negociação, de modo a apresentar e identificar as

ferramentas e recursos necessários e utilizados em uma negociação;

apresentar os conceitos básicos do que é negociação bem como suas fases, o

modo como podem ser classificadas do ponto de vista estratégico e também

dos perfis dos negociadores; apresentar os tipos e estratégias e táticas de

negociação; detectar os erros mais comuns praticados pelos negociadores

brasileiros e por fim, fazer uma análise sobre conflito.

Para tanto, o presente estudo, utiliza como base o enfoque

sistêmico da administração. Como resultado buscará concluir apresentando a

eficácia da utilização das etapas do processo de negociação, bem como seus

instrumentos de forma a alcançar resultados positivos.

Palavras-chaves: negociação, conflito, eficaz.

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METODOLOGIA

O presente estudo focará de forma abrangente as etapas do

processo de negociação e quais as ferramentas e recursos podem ser

utilizados durante a negociação, o mesmo não tem a pretensão de reger casos

específicos ou corrigir vícios já existentes por parte dos negociadores, somente

trazer novas janelas de possibilidades e um melhor desempenho dos mesmos.

O estudo estará embasado em referências bibliográficas já

existentes principalmente focados nas pesquisas de Martinelli & Almeida

(1998), Luiz Junqueira (1985) e Roy J. Lewicki (2003).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

NEGOCIAÇÃO CONCEITOS BÁSICOS 10

CAPÍTULO II

ETAPAS DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO 16

CAPÍTULO III

TÁTICAS E ESTRATÉGIAS NA NEGOCIAÇÃO 22

CAPÍTULO IV

CONFLITO 34

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 46

ÍNDICE 48

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INTRODUÇÃO

Diariamente somos envolvidos em algum tipo de conflito e temos a

necessidade de entrarmos em algum tipo de negociação, seja para defender

interesse próprio, profissional, coletivo ou da empresa. Buscamos acordos

entre as partes na hora de decidir as férias familiares com os membros de

nossa casa, de argumentarmos com o chefe sobre a possibilidade de uma

promoção, nas decisões do sindicato por melhores condições de trabalho, nas

negociações com os fornecedores da empresa e em diversas outras

circunstâncias e situações.

Como podemos observar, inevitavelmente exercemos o papel de

negociadores, mas para algumas pessoas essa posição é bastante

desconfortante enquanto que outros assumem o posto com total confiança. O

que faz com que alguns, diante de uma situação consigam se sobressair como

negociador e outros não?

A resposta para esta questão pode estar nas técnicas e

conhecimentos adquiridos por meios de abordagens teóricas e experiências

vividas que nos fazem ter argumentos e atitudes capazes de convencer a outra

parte a comprar a nossa ideia acreditando que ela seja a melhor opção entre

todas as propostas apresentadas

Para alguns autores a negociação depende de uma multiplicidade de

teorias que podem e devem ser bem estudadas para então ser praticadas. No

entanto, há também estudiosos que defendem a tese de que a negociação é

essencialmente uma atividade derivada da experiência prática. Independente

da visão de negociação (teoria versus prática) é unanime a existência de um

conjunto de ferramentas e características que formam as estratégias de

negociação bem como o perfil do negociador. No entanto, é preciso entender

quais são estas características e quais as ferramentas que o negociador pode

utilizar para se sobressair durante a negociação. Manter a objetividade na

solução dos problemas, buscar alternativas, manter o diálogo aberto, ter

empatia, interpretar os comportamentos psicossociais, saber separar os

relacionamentos pessoais dos interesses, entre outras.

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Para isso, é fundamental que o negociador consiga articular suas

habilidades humanas, técnicas e conceituais com as ferramentas didáticas que

podem ser estudadas e utilizadas com o objetivo de aperfeiçoar o próprio

aprendizado e alcançar resultados satisfatórios.

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CAPÍTULO I

NEGOCIAÇÃO CONCEITOS BÁSICOS

1.1 Principais Definições

“Negociação é o uso da informação e do poder, com o fim de

influenciar o comportamento dentro de uma ‘rede de tensão’” (COHEN, 1980,

p. 13).

A definição de Cohen demonstra a importância da informação, da

comunicação e do poder dentro do processo de negociação. Saber negociar é

utilizar o poder da oratória eficaz combinado as informações que se detém e

em conjunto persuadir o ouvinte a concluir por si só aquilo que você deseja.

Quanto ao poder, Martinelli (1998) chama atenção de modo que o poder pode

ser dividido em dois tipos: poderes pessoais, ligados diretamente às pessoas e

os poderes circunstanciais, que estrão ligados a algum cargo ou função e que

eles podem ser utilizados sozinhos ou de forma conjugada dependendo do

processo de negociação e/ou das pessoas envolvidas. O uso do poder é uma

estratégia ainda muito utilizada, apesar de nem sempre ser vista com bons

olhos, pois demonstra certo nível de abuso sobre a parte menos favorecida.

“Negociação é um processo de comunicação bilateral, com o

objetivo de chegar a uma decisão conjunta” (FISHER & URY, 1985, p. 30).

Nesta definição, nota-se mais um fator fundamental em’’’ meio ao

processo da comunicação, ela tem que ser bilateral, de modo a permitir que

ambas as partes se manifestem e em momentos alternados assumam papéis

diferentes, ora de transmissor da mensagem e ora de receptor e vice-versa.

A comunicação bilateral também demonstra uma preocupação de

forma a atender a ambas as partes saindo de um modelo antigo do ganha-

perde de forma a buscar decisões conjuntas, voltadas para um novo modelo de

negociação do tipo ganha-ganha. Dentro da negociação os participantes

possuem alguns objetivos comuns e alguns diferentes, encontrar o meio termo

de forma a satisfazer ambos sem que um dos lados saia se sentindo lesado é o

objetivo principal da nova ideologia que permeia o ambiente das negociações,

11

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levando as partes a encontrarem saídas para seus conflitos de forma a

construir relações duradouras. O diálogo realizado com respeito, seriedade e

confiança mantem portas abertas e possibilidades de novas oportunidades de

parcerias futuras.

“Negociação é o processo de comunicação com o proposito de

atingir um acordo agradável sobre diferentes ideias e necessidades” (ACUFF,

1993, p. 21).

Mais uma vez a comunicação se destaca no processo de

negociação, desta vez pela persuasão. Enquanto alguns autores dão ênfase no

poder, como forma de barganha, Acuff demonstra preocupação no aspecto

comportamental de forma que o resultado final da negociação traga bem estar,

satisfação e condições de construir uma relação de confiança e duradoura.

Martinelli (1998) traz a definição de alguns outros autores como:

Nierenberg (1981, p.3) que define negociação como “um negócio que pode

afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefícios duradouros para todos os participantes”.

Considerando as definições apresentadas, percebemos que o

processo de negociação consiste no diálogo entre duas ou mais partes que por

meio da comunicação buscam acordos de senso comum, portanto é importante

que haja durante este processo uma flexibilidade por meio das partes

envolvidas.

Gibbons & Mc Govern (1994) trazem a luz de que o processo de

negociação apesar de seguir roteiros pré-estabelecidos não precisam obedecer

a regras engessadas e agendas previstas, e que é possível criar momentos

oportunos por meios dos quais os acordos poderão ocorrer ao invés de estar

bloqueados em moldes triviais de sequências lógicas. Mas, contudo isso não

abre precedentes para que o negociador não faça planejamentos para

situações adversas que possam vir a surgir.

O processo de negociação deve ser visto do ponto de vista

estratégico, independente de ele ser de âmbito pessoal ou profissional. Sendo

assim, deverá receber a devida importância, para tanto é imprescindível que se

identifique as quatro questões básicas da estratégia:

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- objetivos tangíveis – os objetivos devem ser calculados de forma

que possam ser alcançados e estar dentro da realidade, imaginar que somente

um dos lados seja beneficiado enquanto que o outro nada ganhe não é uma

competição saudável entre negociadores.

- objetivos emocionais simbólicos – além dos objetivos estratégicos,

os fatores emocionais precisam e deve ser respeitado, cada um que participa

de uma negociação possui uma carga emocional que deve ser levada em

consideração para que a negociação flua de forma favorável.

- resultados desejáveis – é de vital importância uma analise se o

objetivo traçado na fase inicial da negociação se equiparou ao resultado final

da negociação.

- impactos esperados nos relacionamentos – além do resultado da

negociação é preciso se observar e analisar os impactos que essa negociação

trouxe para as pessoas envolvidas. Negociações muito duras ou até mesmo

abusivas podem trazer repercussões ruins ou até mesmo o rompimento da

relação, enquanto que aquelas que procuraram construir uma parceria

tenderão a obter mais sucessos futuros.

Estudos apontam que os negociadores estratégicos se destacam

acima da média em relação aos chamados negociadores convencionais,

exatamente devido ao tempo que se dedicam para se preparar para cada

negociação que vão enfrentar. As análises realizadas ajudam a buscar as

melhoras estratégicas a ser empregada, descobrir meios de superar conflitos,

manter-se focado na solução e na mitigação de riscos. Com isso, tudo que

poderia levar ao desandamento do processo de negociação poderá ser

calculado e proposto soluções criativas a fim de sanar os conflitos que possam

a vir surgir.

1.2 Habilidades Básicas em Negociação

Robinson (1996, p. 11) informa que todos podem negociar e ressalta

que começamos a negociar a partir do momento em que nascemos, ao chorar,

e quando não somos atendidos choramos mais ainda para chamar atenção e

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ser atendido. Entretanto, nem todos se tornam negociadores efetivos e isso se

deve de regra geral a três razões segundo Martinelli (1998).

a) Muitas pessoas simplesmente não sabem como

negociar, já que ninguém ensina a negociar;

b) As pessoas não acreditam que seja possível

aprender como negociar, já que não é ensinado;

c) Por medo.

No entanto, ao estudarmos sobre negociação, descobrimos a

importância dos conceitos, das possibilidades de desenvolver habilidades, bem

como meios de quebrar as resistências e conflitos que venham a surgir durante

o processo de negociação.

Dentro das habilidades básicas da negociação três pontos são

levantados por Junqueira (1985).

a) Habilidade de relacionamento interpessoal – pode

ser entendido como a utilização de uma metodologia que permite ao

negociador durante o processo de negociação:

- conhecer e mostrar suas forças; administrar suas

fraquezas; solucionar conflitos; conhecer a outra parte e suas

necessidades; apresentar argumentos de forma diferenciada;

desenvolver comportamentos que gerem confiança; saber ouvir e se

comunicar; criar clima de cooperação; buscar aumento do grau de

flexibilidade.

b) Tecnologia de negociação – é a metodologia

sistemática que permite ao negociador:

- planejar, executar e controlar a negociação dentro de

uma sequencia lógica e pré-determinada; utilizar certas ideias que

possam tornar sua argumentação mais atraente a ponto de

sensibilizar a outra parte; desenvolver a habilidade de fazer

concessão e superar impasses.

c) Conhecimento do seu negócio – implica em

desenvolver e obter mais informações sobre o que será o objeto da

negociação.

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- conhecer seu próprio produto; saber quais são os pontos

fortes e fracos do produto em relação à concorrência; identificar quais

vantagens o produto tem a oferecer ao outro negociador; flexibilidade

para alinhar o objeto da negociação de forma a atender as

expectativas do outro negociador.

1.3 A negociação é um jogo

O Autor Lewicki (2003), mostra que diariamente enfrentamos

situações de negociação às vezes conosco mesmo, com parentes, amigos,

colegas de trabalho, e que muitas vezes se quer percebemos que estamos

negociando, que estamos abrindo concessões demasiadamente para situações

que não trará benefícios futuramente, que não nos preparamos de forma

adequada, perdemos tempo e energia com conflitos maus administrados e

negociações malfeitas.

Portanto, como num jogo, é importante termos estratégias prontas

para todos os passos que damos e a cada resposta do adversário, visando um

melhor aproveitamento das oportunidades. Observar e entender as regras do

jogo, pois não se trata de um processo aleatório, desta forma poderemos

prever e controlar os acontecimentos.

Outro passo importante está na sequência lógica de atividades que

regem o processo de negociação. Alguns negociadores não dão a devida

importância para isso e acabam se perdendo, perdendo seu foco e sua

estratégia durante o processo. Mesmo não sendo possível prever todos os

passos do adversário, é sempre possível estar preparados e com alternativas

disponíveis para diminuir ou neutralizar as jogadas do oponente.

Saber estudar o adversário, seu comportamento, as habilidades,

seus pontos fortes e fracos e seu poder de negociação, traz uma vantagem de

se definir as melhores estratégias e táticas a ser utilizada, com isso a

possibilidade de alcançar os melhores resultados.

Apesar de o foco principal ser o resultado que deverá ser alcançado

por meios estratégicos, não podemos esquecer que a negociação é um

processo realizado entre pessoas, portanto não se trata de um processo

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puramente racional. Nele estará envolvido boa parte das emoções dos

negociadores, seus objetivos, expectativas e sentimentos que muitas das

vezes tomarão uma importância maior até mesmo que o objeto a ser

negociado. As reações podem ser resultados de negociações anteriores que

não obtiveram resultados positivos para uma das partes e com isso virem

cercadas de mágoa, ressentimentos, desconfianças e má vontade de negociar.

A negociação envolve um conjunto de habilidades humanas e

técnicas, saber observar e encontrar a melhor habilidade para ser usada no

momento oportuno, fará a diferença entre os negociadores e o resultado que o

mesmo deseja alcançar. As técnicas e estratégias podem ser estudadas e

analisadas, mas é necessária a sensibilidade para fazer a diferença. Portanto,

é preciso que haja uma preparação para o grande momento, estudar o objeto

da negociação, estudar o adversário, estudar negociações passadas, estudar

os concorrentes, estudar o próprio emocional, enfim estudar, analisar e se

preparar, são as palavras de ordem para todo aquele que deseja ser um

negociador nato e eficaz.

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CAPÍTULO II

ETAPAS DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO

2.1 Pré Negociação

Planejamentos da Negociação

A preparação para o processo de negociação deve-se iniciar com a

definição de forma clara do objeto a ser negociado. Nesta fase ainda não há a

presença do outro negociador, mas já alguns passos devem ser seguidos. São

eles:

a) Separar as pessoas do problema – é provável que

tenhamos que negociar mais de uma vez com determinadas

pessoas, e nem sempre teremos a sensação de que fomos bem

sucedidos na última negociação, mas é de suma importância saber

separar e concentrar-se efetivamente no objeto da nova negociação.

Quando há uma mistura de sentimentos pessoais durante o processo

de negociação pode ocorrer uma dificuldade de avaliar os objetivos e

existe a possibilidade de que surjam tensões capazes de colocar em

risco todo o processo.

b) Concentrar-se nos interesses – o processo de

negociação surge a partir da necessidade ou interesse entre duas ou

mais partes por um objeto (ideias, serviço ou produto). Durante o

processo de negociação existem dois tipos de objetivos: os objetivos

ideais e os objetivos reais. Os objetivos ideais são aqueles que cada

negociador chega ao momento inicial da negociação, com o máximo

da sua proposta, Já os objetivos reais, são aqueles que cada

negociador terá após a realização da negociação, suas concessões e

flexibilidades.

c) Buscas alternativas de ganhos mútuos – a fase de

planejamento traz à possibilidade de se ter mais de uma alternativa

para as questões que poderão surgir e influenciar de forma negativa

para o êxito de uma negociação, de modo que, quando os

negociadores não estão preparados, com alternativas capazes de

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trazer satisfação para ambos os lados existe o risco de perdas e até

mesmo a não concretização do acordo.

d) Encontrar critérios objetivos – este ponto esta

relacionado com que o acordo final tenha um padrão justo para

ambas as partes. Para tanto, é importante que seja estabelecido

parâmetros razoáveis e com consenso entre os negociadores. Esses

parâmetros podem ser uma lei, a opinião de um especialista, os

critérios estabelecidos na última negociação, o valor de mercado.

Isso faz com que o negociador consiga criar sua “margem de

negociação” e até onde poderá fazer suas concessões.

Abertura da Negociação

Após passar pela fase de planejamento inicia-se a abertura da

negociação. Esta fase tem como objetivo a criação de um ambiente favorável

de modo a deixar os negociadores mais a vontade e receptivos.

Esta fase pode seguir os seguintes passos:

a) Redução de tensão – momento de quebra da

tensão, geralmente provocada pelo desconhecimento do outro e dos

seus objetivos, como sugestão Junqueira (1985) indica:

Mostrar interesse pelo outro, fazer perguntas sobre o

ambiente, mencionar sobre algo interessante que tenha lido ou visto

e que possa interessar o outro. Esta estratégia visa quebrar o “gelo”

inicial.

b) Defina seus objetivos – mostre à outra parte que

você tem o objetivo de ajudar, de resolver uma questão, de

solucionar um problema que ele esteja tendo.

“Ao definir o objetivo, é sempre importante destacar os

benefícios mútuos decorrentes do atingimento desse objetivo”

Junqueira (1985, p. 29).

c) Concordância para prosseguimento – o processo de

negociação não deve ser algo indefinido, portanto faz-se necessário

definir como as partes vão trabalhar: local, tempo de negociação e

principais pontos a serem abordados.

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2.2 Negociação

Exploração

Inicia-se aqui a negociação propriamente dita, tem como objetivo

básico encontrar os fatores motivacionais da outra parte a fim de apresentar o

modo como suas ideias, produtos ou serviços poderão atender e interessar ao

outro negociador.

Na busca de um melhor desenvolvimento do processo de

negociação, é aconselhável que quem esteja propondo algo se coloque

inicialmente na postura de ouvinte permitindo que a outra parte fale e exponha

seus objetivos, no intuito de captar as reais expectativas e necessidades do

outro. Quanto mais informações o negociador puder coletar nas fases iniciais

do processo melhor será suas chances de ofertar com mais precisão seu

produto ou serviço, diminuindo a necessidade de fazer concessões

desnecessárias e aumentando seu poder de barganha.

Na fase de exploração podemos observar alguns pontos

como:

a) Frase inicial – encontrar meios de modo que o outro

negociador se abra e fale das suas expectativas. No início pode

haver certa resistência, mas as pessoas quando estimuladas tendem

a falar, pois gostam de ser ouvidas.

Frases como: “Me fale dos seus projetos”, “Quais são as

sua demandas?” ou “O que você espera obter de retorno com a

implantação deste serviço?”, são alguns exemplos de frases de efeito

para descobrir quais as expectativas do negociador.

b) Teste da necessidade presumida – o planejamento

inicial foi todo baseado na ideia de que seu produto, ideia ou serviço

era necessário para a outra parte, agora é o momento de verificar o

quanto o que foi presumido estava correto ou não. Em uma rápida

avaliação é possível ao negociador rever a possibilidade de fazer

alterações no seu produto/serviço/ideia, se terá que aumentar ou

diminuir sua margem de negociação ou se deverá dar por encerrada

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a negociação neste momento para que não haja perda de tempo e

confiança.

c) Busca de identidade de interesses – as negociações

iniciam-se a partir do momento em que se descobrem a existência de

pontos de interesse e quais são os pontos em comum entre os

negociadores. Por mais que possa haver diferenças e objeções,

sempre existiram também os pontos comuns a serem negociados.

d) Resumo das descobertas e concordâncias – na fase

final da exploração é preciso confirmar se tudo o que foi dito pela

outra parte, realmente foi entendida com clareza pelo negociador

receptor, para tal, usa-se frases tais como: “Quero ver se entendi

direito o que você disse...” ou “Poderia me explicar com mais

detalhes sobre tal ponto?”.

Essas frases servem primeiro para esclarecer algo que

talvez não tenha ficado bem claro na narrativa do outro negociador,

segundo para demonstrar seu interesse na negociação e nas

necessidades do outro.

Apresentação

Já de pose das informações necessárias e quais são as expectativas

e necessidades do outro, sabendo quais são os interesses em comum entre as

partes e o quanto você acertou nas suas projeções na fase de planejamento, é

chegado o momento de apresentar sua proposta.

Esta apresentação pode ser dividida em;

a) Descrição dos seus produtos, serviços ou ideia.

(características)

b) Problemas resolvidos por sua proposta. (solução)

c) Benefícios decorrentes da sua proposta. (benefícios)

O momento da apresentação é aquele em que você terá para

“vender seu peixe”, e demonstrar o quanto seu produto é adequado para

atender a demanda e como é mais vantajoso em relação aos produtos

ofertados pelo concorrente. Também deverá demonstrar como trará

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soluções em tempo hábil e solucionará os problemas existentes e os

benefícios que ele obterá com a aquisição do seu produto/serviço/ideia.

Tudo isso deverá ser feito da forma mais objetiva possível.

Clarificação

Fase em que se abre espaço para esclarecimentos de dúvidas que

possam ter surgido após a apresentação. Quanto mais dúvida ou objeções o

ouvinte apresentar durante a fase de clarificação, a interpretação é de que

existe um interesse, portanto a postura a ser assumida é de ouvinte atencioso,

sem interrupções até que o outro conclua seus questionamentos.

Na clarificação é possível seguir esses passos:

a) Esteja preparado para responder as objeções – as

respostas devem ser as mais claras e objetivas possível.

b) Evite frases perigosas – “Você não entendeu nada”,

“Não é nada disso” etc. Esse tipo de frase faz com que a outra parte

se sinta inferiorizada e se feche, dificultando o diálogo.

c) Aceite as razões do outro – cada indivíduo reage de

forma diferente, alguns agem pela lógica, outros pelo impulso e

existem aqueles por sentimentalismo e emoção. O papel do

negociador é ajudar a encontrar respostas para suas objeções

através do ponto de vista dele.

d) Levante dúvidas potenciais – às vezes por não

querer parecer desinformado o outro negociador não levanta

questionamentos, isso pode gerar conflitos durante a fase final do

processo de negociação. Portanto, é prudente que dúvidas e

questionamentos sejam esclarecidos na fase inicial e a melhor

maneira seria adotando uma postura ética no início do processo.

2.3 Pós Negociação

Ações Finais

É o fechamento do acordo em si. Se as etapas anteriores foram bem

concluídas, é provável que não haja surpresas desagradáveis nesta fase.

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Eis alguns passos:

a) Atenção aos sinais de aceitação – perceba se ele

tem expectativa em usar seus produtos ou serviços;

b) Torne sua proposta reversível – ao propor algo deixe

claro que o outro poderá voltar atrás na decisão, assim que desejar;

c) Apresente opções de pagamento e prazos;

d) Recapitule vantagens e desvantagens;

e) Proponha um teste experimental;

f) Proponha o fechamento do acordo – se necessário

deixe nova reunião agendada caso não tenha obtido êxito na primeira

negociação.

Controle/Avaliação

Após o final das negociações entre as partes, ainda restam duas

etapas de suma importância a serem realizadas.

a) Controle do que foi acertado – verificação das

medidas necessárias para a implantação do que foi negociado,

informar as áreas responsáveis do acordo para que se preparem em

relação a demanda, acompanhar por meio de planilhas o

cumprimento de prazos, custos e condições.

b) Avaliação – comparar o nível de acerto entre o que

foi previsto na fase de planejamento e o realizado após a conclusão

do acordo, analisar as concessões e suas consequências e fazer

anotações para as operações futuras.

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CAPÍTULO III

TÁTICAS E ESTRATÉGIAS NA NEGOCIAÇÃO

Segundo Junqueira (1985, p. 35), “estratégias e táticas são meios

alternativos para alcançar os objetivos desejados”. Os participantes do

processo de negociação buscam atender suas necessidades a partir do seu

ponto de vista, baseados em suas realidades e projeções, mas independente

do que esteja sendo negociado, existem 3 variáveis básicas para que ocorra

uma negociação, são eles: poder, tempo e informação. Além das táticas outro

fator importante que podemos estudar e analisar são quanto à estratégia, ou

seja, qual será o foco principal do negociador: se voltado para o resultado, se

voltado para a construção de uma parceria ou a combinação desses dois focos.

E por fim analisaremos os prováveis perfis do negociador.

3.1 Variáveis Básicas de uma Negociação

Vejamos cada um deles separadamente e qual sua ligação com as

táticas que o negociador irá escolher na hora de participar da negociação.

a) Poder – Quando pensamos em poder, a percepção

que temos é de que o poder é algo negativo, visto que as definições

existentes estão ligadas a uma conotação pejorativa de exercer

autoridade, posse e até mesmo domínio sobre o outro, seja por meio

da influencia ou da força.

Mas o poder também pode ser analisado pelo seu lado

positivo de resistência como forma de alcançar seus objetivos dentro

do âmbito da ética, como meio de obter informações privilegiadas de

fontes seguras e confiáveis além de ser também um meio de

transmitir autoconfiança à equipe. Quando as negociações ocorrem

com pessoas que tem o poder de tomar decisões ou até mesmo de

influenciar aqueles que decidem, os acordos tendem a se manterem

em patamares mais elevados e confiáveis e são realizados de forma

mais rápida devido ao respeito pela outra parte.

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23

De acordo com Martinelli & Almeida (1998, p. 24-25) os

poderes são subdivididos em 2 grupos:

Poderes pessoais – são poderes natos que

influenciam as pessoas ou o meio, seja por meio do poder da

moralidade, do poder de persistência ou da capacidade de

persuasão e o poder de barganha.

Poderes circunstanciais – tem foco no

momento e no tipo de negociação, ou até mesmo com quem

se está negociando e dependendo das circunstâncias o fato

pode sofrer variação na sua analise.

Junqueira (1985) apresenta alguns exemplos de táticas

relativas ao poder:

Autoridade total – o que eu resolver será o

resolvido ...

Autoridade condicional ou limitada – meu

limite de alçada é ...

Eximir-se de autoridade – só posso decidir

com aval de ...

Exigência ou pressão chinesa – se você

melhorar tal aspecto ...

Confronto de opções ou leilão – discutam

entre vocês... e eu aceitarei a melhor proposta...

Conjugação de forças – aliar-se a alguém...

mudar a equipe ou parte dos negociadores

Pechincha ou barganha – se você der ... eu ...

Alteração das regras do jogo – o preço pode

ser mudado ... as especificações serão...

b) Tempo – A importância do tempo dentro do processo

de negociação se deve ao estabelecimento de prazos para a

realização do acordo. Os processos de negociação não devem ser

intermináveis, logo, quanto mais próximo do fim das negociações

mais um dos lados tendem a se ver pressionados para o fechamento

do mesmo. Isso faz com que aquele que está pressionado perca o

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poder de barganha e tenha que fazer mais concessões, portanto,

quanto mais pressionado pelo tempo o negociador se sentir menor

poder ele terá para negociar. Isso fará com que um dos lados seja

desfavorecido e a negociação tende a tomar ares de ganha-perde.

Vejamos os exemplos de táticas apresentados por Junqueira (1985)

relacionados com o tempo durante as negociações:

Estender o tempo – vencer pelo cansaço...

Ter paciência ...;

Precipitar o desfecho – é agora ou nunca ...

Adiar – vamos aguardar uma melhor

oportunidade ...

Fixar limites – vamos manter a reserva até...

Usar o elemento surpresa – aceito sua

condição ...

c) Informação – conhecimentos extraídos de dados a

respeito de algo ou alguém. A busca pelas informações devem ser

realizadas antes mesmas que as negociações cheguem a mesa e se

iniciem, geralmente é na fase de planejamento e na fase de

exploração que este tópico deve ganhar maior atenção dentro do

processo.

Na fase de planejamento a coleta de informação deve ser

o mais preciso possível isso envolve saber sobre o produto/serviço

que será negociado, as necessidades e posições do outro

negociador, sua postura e método de negociação além de se atentar

durante a durante a fase de exploração, conforme estudado

anteriormente, para entender suas expectativas e avaliar se é

possível atende-las. Um bom negociador não somente ouve o que

está sendo dito, mas também é capaz de avaliar as informações que

estão sendo passadas por meios de expressões, gestos e

comportamentos.

Um negociador que olha muito para o relógio pode indicar

que seu prazo está se esgotando, se insiste no fechamento da

negociação sem definir as principais cláusulas ou pontos obscuros,

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25

pode estar demonstrando sua imensa necessidade de fechar aquele

acordo, essas indicações podem trazer o benefício para a outra parte

que não está pressionada a conseguir mais concessões do que havia

planejado.

Vejamos alguma das táticas listadas por Junqueira (1995,

p. 35).

Fornecer informações parciais ou

tendenciosas – só os aspectos positivos ou só os negativos.

Usar informações privilegiadas – soube por tal

fonte que... sob o ponto de vista técnico ...

Simulação de cenários – que aconteceria se...

Mudança de perspectiva – coloque-se no meu

lugar...

Comparação de alternativas – a opção “A”

tem as seguintes vantagens...

Dissimulação – não vem ao caso dar ênfase a

esse aspecto.

Confusão – colocar todos os dados possíveis

sem obediência a critérios ou prioridades.

3.2 Estratégias em Negociação

Toda negociação gira em volta do contato entre pessoas, que juntas

irão construir uma relação de confiança. Fisher & Brown (1989, p. 25) chamam

a atenção para a importância de se ver a negociação do ponto de vista

estratégico, logo, acredita-se que as características que este relacionamento

tenha que apresentar, seja de ter objetivos claros, as partes devem agir com

racionalidade, baseados na confiança e na construção de uma relação madura

e duradoura.

Durante o processo de negociação, muitas das vezes o raciocínio

lógico dá lugar as emoções negativas, com isso corre-se o risco de que os

negociadores se desviem do seu planejamento inicial e da estratégia elaborada

em sua mente. Portanto, manter o foco no objetivo e na estratégia montada é

fundamental para o prosseguimento dos acordos. Mesmo sendo uma

26

26

negociação onde existam divergências o processo sempre deve estar voltado

para dois fatores primordiais: a busca pelo melhor resultado e a construção e

manutenção de um relacionamento entre as partes sempre que possível.

As estratégias podem ser classificadas em 5 tipos básicos, conforme

proposto e detalhado por Martinelli & Almeida (1998, p. 27).

a) Estratégia de Evitar – neste tipo de estratégia, não

há a preocupação em evitar os conflitos que surgirão

posteriormente o foco principal é a defesa pessoal do próprio ponto

de vista, não existe a preocupação com negociações futuras e o

imediatismo fala mais alto. A tendência neste caso é que a

negociação vá para o patamar perde-perde, ou seja, nem os

objetivos são conquistados e nem uma relação é criada ou mantida.

b) Estratégia de Acomodação – seu foco principal está

na preservação do relacionamento e não nos resultados. O risco é

que leva vantagem na negociação quem tem mais poder ou, seja

poder financeiro, poder de influencia, poder de informação e tempo.

O desfecho será o perde-ganha, pois um dos lados sairá em

desvantagem com relação ao resultado, mas as relações se

manterão (dominador/dominado).

c) Estratégia Competitiva – na competitiva o perfil do

negociador dita a estratégia da negociação. São negociadores

extremamente competitivos e buscam alcançar seus resultados de

qualquer modo, geralmente são negociações difíceis e estressantes

e que não permitem a construção de relacionamentos afetivos o

desfecho será o ganha-perde, onde o objetivo pode ser alcançado,

mas a relação será conturbada.

d) Estratégia Colaborativa – é aquela em que as partes

se sentem envolvidas para construir uma relação de

comprometimento e seu foco está no resultado positivo para ambas

as partes, com isso a negociação tende a caminhar para o patamar

mais elevado que é o ganha-ganha, onde os acordos e concessões

permitem que os dois lados obtenham vantagens na atual

negociação assim como em acordos futuros.

27

27

e) Estratégia de Compromisso – trata-se de uma

combinação entre as partes que mesmo sem atingir o nível máximo

de colaboração buscam alcançar algum resultado e conservar o

relacionamento. Quanto maiores forem às possibilidades de se

fecharem acordos neste nível, maiores serão as chances de que as

negociações futuras nesta estratégia alcance patamares mais

sólidos e confiáveis.

Outros autores como Casse (CASSE,1995, p. 60) traz uma

abordagem mais enxuta com somente três classificações: estratégia

cooperativa (ganha-ganha), estratégia competitiva (perde-perde) e a estratégia

analítica (perde-ganha).

Seja qual for a estratégia utilizada, é importante lembrar que sempre

existe a possibilidade de mudar de estratégia, pois a flexibilidade sempre deve

ser uma opção existente pra todos que se dispõem a dialogar e buscar

soluções para suas necessidades.

3.3 O Perfil do Negociador

Assim como é possível classificar o tipo de estratégia baseado em

seu enfoque, também é possível observar e classificar o perfil do negociador a

partir do seu comportamento.

A importância de se conhecer os diversos perfis de negociadores é

buscar ter uma vantagem de poder antever determinadas reações e a melhor

maneira de sobressair em uma negociação.

Em seu livro Comportamento do Consumidor, Solomon (2008, p. 27)

diz “as pessoas representam muitos papéis diferentes, elas às vezes modificam

suas decisões de consumo, dependendo da “peça” de que participam no

momento”.

Assim são os negociadores, durante a negociação, eles

representam diferentes papéis e seus perfis podem ser analisados à luz do seu

comportamento. Vejamos como Casse (CASSE, 1995, p. 60 aput MATINELLI &

ALMEIDA, 1998, p. 28-29) classifica os possíveis papéis que os negociadores

e as melhores táticas para serem usadas a partir do perfil do negociador

28

28

oponente, apresentadas por Francisco Matos (1982, p. 93-95) em seu livro

Negociação e sua dinâmica na empresa. Ele ressalta que se trata de uma

abordagem didática com fins de entendimento psicossociais e que não há

receita pronta para lhe dar com o comportamento humano.

a) Negociador Efetivo – altamente envolvido no

processo de negociação de forma extremamente racional. São

detalhistas com tudo que está ligado a negociação, muito precisos

nos pontos fundamentais da negociação, geralmente insensíveis a

emoções.

Melhor tática: estar atento à fixação de pontos

convergentes que deem objetividade à discussão e conduzem ao

acordo.

b) Negociador Analítico – busca a racionalidade

através questionamentos de forma a não permitir nenhum ponto

obscuro durante a negociação. Costumam seguir rigorosamente

roteiros pré-estabelecidos e são poucos flexíveis de forma a

envolver-se demasiadamente em argumentos e contra argumentos.

Melhor tática: reservar o tempo inicial, cronometrado, para

a discussão dos aspectos formais (estrutura da reunião, metodologia

da discussão, documentação básica etc.). A partir dai objetivar o

problema com propostas claras e incisivas.

c) Negociador Relativo – busca ser um agente

facilitador entre os negociadores, são sensíveis à reação dos

negociadores, visa a construção de uma relação de confiança.

Devido ao envolvimento emocional, as vezes esse tipo de negociador

acaba perdendo a direção dos objetivos e das estratégias; Martinelli

& Almeida (1998, p. 29).

Melhor tática: usar um estratagema válido de “soltar um

pouco o anzol”, para satisfazer as necessidades de socialização, mas

procurar fisgar o “peixe”, com a proposição objetiva das bases do

acordo.

d) Negociador Intuitivo – altamente criativo, seu

potencial está nas ideias, costuma ver a negociação com clareza e

29

29

quais seus pontos principais. A falta de disciplina é uma de suas

fraquezas, sua grande vontade de concluir o acordo o tira algumas

vezes da realidade e acaba concedendo mais concessões que o

necessário.

Melhor tática: recomenda-se já no inicio da conversação a

apresentação de um confiável quadro-diagnóstico da situação, com

várias alternativas solucionadoras. Com isto, atende-se a sua

motivação psicológica em discutir objetivamente os problemas, mas

dentro de uma analise ampla, com parâmetros efetivos que previnam

visões distorcidas e ênfases fragmentadas.

Junqueira (1985, p. 73), traz um esboço da sua compreensão quanto

ao perfil dos negociadores.

CATALIZADOR

APOIADOR

ATENÇÃO PARA O SEGUINTE ATENÇÃO PARA O SEGUINTE

Divide as informações relevantes (+) Aceita bem diferenças individuais (+)

Tende não cumprir o que promete (-) Nem sempre diz realmente o que pensa (-)

Impulsivo Lento

Necessita ser reconhecido como "ótimo” “bom” Necessita ser aceito

ASPECTO A EXPLORAR ASPECTO A EXPLORAR

Facilidade Bom relacionamento

Rapidez Ausência de conflitos

Exclusividade Assistência, apoio

Inovação Satisfação dos outros

Ordem de grandeza Interesse grupal

CHAVE PARA ARGUMENTAÇÃO CHAVE PARA ARGUMENTAÇÃO

"Desse modo poderemos fazer melhor que..." "Juntos poderemos..."

CONTROLADOR ANALÍTICO

ATENÇÃO PARA O SEGUINTE ATENÇÃO PARA O SEGUINTE

É muito franco: diz o que pensa e sente (+) Cumpre o que promete (+) Tem dificuldade de conviver com diferenças individuais (-) Esconde o jogo, não revela o que sabe (-)

Apressado Procrastinador, adia tudo

Necessita realizar, atingir metas, cumprir o dever Necessita segurança, certeza, minimizar riscos

ASPECTO A EXPLORAR ASPECTO A EXPLORAR

Ganhar: tempo, dinheiro Todos os dados disponíveis

Atingir resultados Pesquisa, certeza

Vencer os outros Decisão segura

Ação independente Alternativas para análise

Simplicidade Sistematização, ordenação

30

30

CHAVE PARA ARGUMENTAÇÃO CHAVE PARA ARGUMENTAÇÃO

"É uma vitória sua..." Tem uma lógica, dá uma maior ordenação Junqueira, L. A. C. Negociação: Tecnologia e Comportamento pag. 73.

3.4 As Características do Negociador Brasileiro

A partir das décadas de 80/90 com as grandes mudanças

enfrentadas pelo Brasil como o fim da ditadura, a abertura política, o

crescimento dos movimentos sindicais, as mudanças na forma de gestão

empresarial saindo do modelo de empresas familiares para modelos maiores,

mais sólidos e até mesmo globalizados, com isso as habilidades de negociação

também foram passando por mudanças devido ao enfrentamento desses

fatores. No entanto, os gestores brasileiros, que são mais resistentes a

mudanças ainda possuem características e utilizam técnicas ultrapassadas que

dificultam o progresso do processo de negociação, logo a obtenção de

resultados positivos.

Junqueira (1985) traz alguns desses comportamentos que ele

chama de “pecados capitais” do negociador brasileiro, vejamos sua lista

elaborada após entrevistar 6.000 executivos e gerentes brasileiros.

a) Segurança máxima – o negociador geralmente tem

medo de assumir riscos e por isso busca o máximo de garantias,

arrisca pouco em inovação e se apega aos mínimos detalhes.

b) Concentração nas fraquezas – busca explorar as

fraquezas do adversário como forma de se enaltecer. Esta

abordagem pode até trazer êxitos em algumas negociações, mas

será à custa de ressentimentos da outra parte e poderá afetar

negociações futuras.

c) Relacionamento não é tudo – a negociação é um

processo estratégico e por isso deverá ter como foco principal o

resultado positivo para ambas as partes. No entanto, como se trata

da relação entre pessoas é de bom tom que haja respeito, confiança

e cordialidade.

d) Sequência inexistente – conforme apresentado

anteriormente, pesquisas apontam que quando a sequência do

31

31

processo de negociação é seguida (preparação, abertura,

exploração, apresentação, clarificação, ação final, controle e

avaliação) a possibilidade de obter resultados positivos são maiores

do que quando não há uma sequência existente. No entanto, as

fases de preparação, exploração, controle e avaliação nem sempre

recebem a atenção devida.

e) Muita improvisação – a autoconfiança é um dos

maiores pecados cometidos pelos negociadores brasileiros, a arte de

improvisar pode ser muito perigosa, pois não permite que o

negociador esteja preparado para prever as possíveis reações,

objeções e informações que seu oponente venha a apresentar. O

improviso vindo pela falta de planejamento tende a colocar em risco

todo o processo assim como a relação entre as partes por

demonstrar descuido e desinteresse.

f) Promete e não cumpre – no momento da

negociação e no ímpeto de fechar o acordo a qualquer custo, muitas

das vezes o negociador aceita condições que mais tarde não poderá

cumprir. O risco quando isso acontece é a quebra da confiabilidade

que afeta toda estrutura da negociação, desde a continuidade do

acordo atual até mesmo a possibilidade de acordos posteriores.

g) Preocupação com um só lado – a negociação é uma

transação de interesses entre dois lados com expectativas e

necessidades em comum. Quando somente um lado busca obter

vantagens, surgem conflitos que podem levar a negociação ao

extremo do perde-perde. Ambas as partes precisam sair da mesa de

negociação com o sentimento de ter vencido a disputa mesmo que o

prêmio final seja diferente, pois para um a vantagem pode ser

financeira ou status enquanto que o outro busca reconhecimento,

respeito ou nova parceria. Cada um sabe da sua necessidade.

h) Desrespeito a lógica do outro – cada pessoa tem

seu jeito próprio de pensar e agir, e isso faz com que o ser humano

seja diferente um do outro, enquanto uns são mais racionais, outros

são mais guiados por sua emoções. O fundamental é que apesar das

32

32

diferenças os negociadores possam encontrar o ponto de equilíbrio

para discutir dentro limite do respeito e da ética em busca da solução

dos seus conflitos.

i) Margem estreita – os níveis de concessões que os

negociadores terão para debater durante a negociação devem estar

dentro de objetivos realistas. Não há como prosseguir com uma

negociação onde um lado faz poucas concessões além de

apresentar pouca flexibilidade na redução de sua margem e exige

que o outro ofereça grandes vantagens, esse comportamento dente a

criar impasses difícil de serem superados em negociações futuras.

j) Vai com muita sede ao pote – a falta de paciência

para negocial traz prejuízo para o processo de negociação. Devemos

ter a clareza para entender que a outra parte necessita de tempo

para examinar a(s) proposta(s), avaliar suas necessidades e seus

riscos e tomar decisão, por isso, o tempo é um fator primordial dentro

da negociação, pois dá a vantagem de negociar com mais calma

enquanto que o outro lado se sente mais pressionado e logo tende a

oferecer mais concessões na tentativa de fechar o acordo.

k) Defensivo – um dos comportamentos mais

corriqueiros do negociador é ficar na defensiva, buscando se

esquivar de todas as formas, isso faz com que a interação entre as

partes seja pequena bem como a qualidade do processo não traga

os resultados esperados.

l) Não ouve a outra parte – puxar sardinha para si,

esse é o comportamento mais comum dos negociadores brasileiros.

Na ânsia de se auto promover, de apresentar seus

produtos/serviços/ideias, os negociadores brasileiros mal permitem

que a outra parte fale e exponha suas necessidades. Eles acreditam

que conhecem tão bem as expectativas dos outros e que seu produto

seja tão perfeito que não permite que o outro exponha sua

necessidade a fim de entender a demanda da outra parte.

m) Baixa flexibilidade – na busca de atingir seus

próprios interesses, alcançar resultados extremamente vitoriosos,

33

33

oferecendo pouca concessão ou pelo perfil competitivo, alguns

negociadores mais parecem estar em um ringue de batalhas. Não

existe espaço para se colocar no lugar do outro e encontrar

alternativas que atendam a ambos.

n) Truques em demasias – excesso de estratagemas,

táticas, blefes, subterfúgios e outros meios para “enganar” o outro

somente dão certos se não existe a perspectiva de negociações

futuras, pois as consequências do uso desses métodos são a

desconfiança e a agressividade.

o) Linguagem inacessível – na tentativa de se enaltecer

ou denegrir o outro o negociador faz uso de terminologias técnicas ou

linguagem inacessível ao outro. Como consequência pode ocorrer

um completo desinteresse por parte do outro negociador, visto que

não está recebendo informação que o ajude na sua tomada de

decisão.

p) Falta de controle dos resultados – a negociação não

termina com a assinatura do contrato, existem etapas que precisam

ser acompanhadas tais como o cumprimento de prazos, condições

de pagamentos, entregas, avaliação final do cliente, avaliação da

estratégia utilizada, preparação para futuras negociações. Tudo isso

faz parte do processo de negociação e deverá receber a devida

atenção tanto ou até mais que a negociação em si, pois se algo der

errado pode prejudicar todo o contrato.

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34

Capítulo IV

Conflitos

4.1 Conceito Básico e Origem

O significado de conflito apresentado no dicionário da ABL 2008 p.

342 é : “1. embate de ideias, de interesses, de crenças etc; 2. Luta, briga”. Com

isso temos o embasamento para entender e interpretar o ponto de vista de

Follett (apud MARTINELLI & ALMEIDA, 1998, p. 46) que diz: “Nós não

devemos ter medo do conflito, porém devemos reconhecer que existe um modo

destrutivo e um modo construtivo de proceder em tais momentos.”.

O conflito pode ser interpretado de forma negativa como a maioria

das pessoas o interpretam, dando um tom de disputa e rivalidade que

geralmente geram consequências prejudiciais e de forma positiva como sendo

um embate de ideias e interesses que trazem benefícios na forma de

aprendizado e que levará a construção de um novo modo de pensar e agir.

Mas qual é a relação do conflito com o processo de negociação?

Quando definimos a negociação dissemos: “Negociação é o processo de

comunicação com o proposito de atingir um acordo agradável sobre diferentes

ideias e necessidades” (ACUFF, 1993, p. 21), logo, se existe uma necessidade

de buscar um acordo que atenda duas ou mais pessoas ou grupos, com

diferentes ideias e interesses, temos ai a origem de um conflito que tentará ser

solucionado através do processo de negociação onde cada parte irá expor seu

interesse, tentará alcançar seus objetivos, fará concessões de forma a tornar

possível o fechamento de um acordo entre as partes e ter suas necessidades

atendidas. Sempre que houver pessoas ou grupos com interesses divergentes,

existirá a presença de um conflito a ser solucionado.

De acordo com Hampton (HAMPTON, 1991 apud MATINELLI &

ALMEIDA, 1998 p. 46) o “conflito é o processo que começa quando uma parte

percebe que a outra parte frustrou ou vai frustrar seus interesses”. Em uma

negociação as partes se planejam e criam suas metas a serem atingidas,

quando uma das partes percebe que o almejado está muito além do que ele

conseguirá no processo de negociação, surge o sentimento de frustração

juntamente com o conflito propriamente dito.

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35

Para Handy (HANDY 1983, apud MATINELLI & ALMEIDA, 1998 p.

47) existem três tipos básicos de conflitos: discussão, competição e conflito.

Sua interpretação diz que as duas primeiras agem de forma positiva, pois

estimulam a busca por melhores soluções, trazendo benefícios enquanto que o

conflito seria algo nocivo e destrutivo para as relações.

Nas discussões, as diferentes visões trazem alternativas variadas

para soluções, podendo se escolher entre elas, aquela que melhor se

solucionará as expectativas. O autor informa a necessidade de dois pré-

requisitos:

a) Uma liderança que transmita confiança entre o grupo

de forma a permitir que todos tenham a oportunidade de se

expressar e defendam seu ponto de vista;

b) E o objetivo da discussão seja tratado de forma

clara, com fatos conhecidos, metas definidas e métodos a serem

utilizados.

Na Competição, seus benefícios estão na busca pelo

aperfeiçoamento que motivam as pessoas a melhorarem seus processos,

superar suas adversidades, aumentar sua produtividade e atingir padrões

superiores. O risco da competição está no perfil do competidor que se não for

monitorado e controlado pode utilizar estratagemas fraudulentos que levem a

conflitos destrutivos.

E existe o conflito nocivo, geralmente provocado pela falta de

confiança, disputas pessoais, falta de flexibilidade e comportamentos

inadequados. Esses aspectos quando não solucionados ocasionam desgastes

e rupturas nas relações, muitas vezes difíceis de resolverem.

4.2 Como Enfrentar o Conflito?

Como vimos, os conflitos existem e nem sempre é possível sair

deles, na maioria das vezes é necessário lidar com a situação e tirar delas o

aprendizado, a melhora do desempenho, a oportunidade para utilizar as

técnicas e ferramentas do processo de negociação a fim de desenvolver

confiança para solucionar problemas.

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36

Quando o conflito é enfrentado da forma mais tradicional onde as

partes priorizam somente os próprios interesses a todo custo, não existe

espaço para o diálogo e a busca de alternativas que gerem ganhos mútuos e o

que rege a relação é a competividade, é provável que o conflito atinja

patamares sem solução que prejudiquem todo o processo, para que isso não

venha acontecer podemos observar algumas regras básicas de comportamento

apresentado por Lewicki (2003):

a) Dominar as emoções – a falta de calma ou a perda

da razão dentro do processo de negociação tendem a perda do foco

e o aumento do sentimento de frustração entre as partes, com isso

outros aspectos do processo acabam se perdendo;

b) Manter a comunicação – negociar é dialogar de

forma bilateral na busca por soluções. Durante o conflito o canal da

comunicação pode ser fechado se uma das partes não se sentir

confortável, confiante ou até mesmo ofendida levando o conflito para

a área pessoal.

c) Avaliar as reações – se conhecer para prever suas

reações é fundamental para solucionar conflitos. O negociador que

não consegue dominar suas reações e manter o canal de

comunicação aberto, terá muita dificuldade para se sobressair em

uma situação de conflito. Como já dissemos negociar é um jogo e as

reações do adversário podem e deverão ser usadas contra ele

mesmo durante a “partida”.

Para Weeks (WEEKS, 1992, apud MATINELLI & ALMEIDA, 1998 p.

65), existem cinco modos populares de buscar solucionar os conflitos, mas na

sua visão são ineficazes, são eles:

a) Enfoque da conquista – a busca pela conquista é o

foco principal, observam-se as fraquezas do oponente e tenta tirar o

máximo de vantagem e dominar o relacionamento. As principais

desvantagens são: o poder sendo usado de forma destrutiva,

coercitiva e de dominação; leva sempre a que um dos lados saia

como perdedor e não busca a melhoria do relacionamento.

37

37

b) Enfoque de se esquivar – trata o conflito como se ele

não existisse esperando que o mesmo de resolva por si só. Essa

abordagem pode ser gerada pela falta de confiança de se sentir

preparado para lidar com a situação. Apresenta como desvantagens:

a perda de oportunidade para o crescimento pessoal, o não

enfrentamento do problema efetivamente, o sentimento de frustração

por não conseguir se expressar.

c) Enfoque da barganha – é o enfoque mais utilizado

dentro do processo de negociação, onde as parte concedem algo

em troca daquilo que desejam. As desvantagens estão ligadas a

percepção que as partes tem de atender suas necessidades

imediatas, o uso da coerção de que tem o poder para fazer a outra

parte desistir ou aceitar algo menor.

d) Enfoque band-aid ou solução rápida – é aceitação

de qualquer solução para o conflito de forma a finalizar o quanto

antes o conflito. Geralmente utilizado por pessoas que se sentem

inconfortáveis para negociar. As desvantagens estão na camuflagem

da solução do conflito, no crescimento da falta de confiança de um

dos negociadores e o não desenvolvimento de um processo que

possa trazer benefícios para negociações futuras.

e) Enfoque roler-player – é aquele em que o

negociador se utiliza somente da sua posição para se beneficiar em

um conflito. A vitória será conquista não por seus méritos das

técnicas utilizadas, mas pelo status que seu cargo lhe proporciona.

Como desvantagens podem citar: a perpetuação de um

relacionamento ou sistema insatisfatório, a perda do poder de

negociação caso perca o cargo, a criação de relacionamento de

inimizades que prejudicaria soluções positivas para ambas as partes

no futuro.

Assim como o processo de negociação possuem algumas etapas a

serem seguidos, na solução de conflito também podemos seguir alguns passos

na busca de encontrar a melhor forma, Weeks (1992, apud MATINELLI &

ALMEIDA, 1998 p. 68), apresentas oito passos, são eles:

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38

Criar uma atmosfera efetiva;

Esclarecer as percepções;

Focalizar-se em necessidades individuais e

compartilhadas;

Construir um poder positivo compartilhado;

Olhar para o futuro e em seguida aprender com o

passado;

Gerar opções;

Desenvolver “degraus”: as “pedras dos passos” para

a ação;

Estabelecer acordos de benefícios mútuos.

Lewicki, (LEWICKI, 2003 apud MATINELLI & ALMEIDA, 1998 p.

117), propõem uma série de pontos-chaves para uma boa solução de conflitos,

destacamos:

a) Concentrar-se nos problemas, focando a questão

dos relacionamentos pessoais;

b) Admitir e avaliar as diferenças individuais;

c) Ser flexível com relação aos pontos de vista e estilo

de trabalho da outra parte;

d) Aceitar diferença de opiniões e enfoques,

lembrando-se que há diferenças significativas nos estilos de

pensamentos;

e) Evitar rótulos negativos;

f) Focar nos resultados e não nas posições.

Ainda seguindo os pensamentos de Lewicki, (apud MATINELLI &

ALMEIDA, 1998 p. 117-118), os benefícios alcançados pela solução dos

conflitos de forma harmoniosa são:

a) O conflito que antes era visto como negativo, depois

de confrontado e resolvido ajuda os negociadores a mudarem suas

posições pessoais, deixando de lado estereótipos e características

negativas e percebendo oportunidades nas diferenças individuais.

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39

b) O aprendizado conquistado por meio do

entendimento a partir do ponto de vista alheio faz com que

consigamos entender melhor suas razões e comportamentos.

c) A busca por soluções criativas faz com que sejam

desenvolvidas novas habilidades gerando aperfeiçoamento e

aprendizagem, além de elevar a autoconfiança.

d) O benefício mútuo pode ser conquistado sem que

haja vencedores e perdedores, criando laços de cooperativismo que

reforçaram as relações e consequentemente as futuras negociações.

4.3 Estilo do Negociador diante do Conflito

Na busca para solucionar os conflitos podemos entender melhor

estudando os diferentes estilos que os negociadores se utilizam para enfrentar

os conflitos. No entanto cada negociador possui mais de um estilo e é provável

que durante a negociação esses estilos se alternem ou se fundam em função

das circunstâncias, da reação do oponente ou das pessoas envolvida. Essas

variações de estilos podem gerar aumento da tensão criando impasses que

antes não existiam caso os negociadores possuam estilos muito agressivos ou

podem também vir a resolver impasses, considerando que pontos de vistas

divergentes possibilitam argumentações diferentes e soluções diversificadas.

Tudo depende de qual o foco dos negociadores, interesses próprios ou mútuos,

opção de ganhos individuais ou compartilhados, negociação focada somente

no presente ou em formação de parcerias, essas definições levaram o

negociador a se comportar de forma diferente diante do conflito ou impasse.

Buscando uma interpretação didática para melhor entendimento dos estilos dos

negociadores perante um momento de conflito, apresentaremos os estilos

classificados por Thomas & Kilmann (apud MATINELLI & ALMEIDA, 1998 p.

115).

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40

CONFRONTADOR

CONTESTADOR COLABORATIVO

total envolvimento solução de problemas

(ganha-perde) (ganha-ganha)

NÃO COOPERATIVO-----------------------COMPROMISSO-----------------------COOPERATIVO

DA RETIRADA DA ACEITAÇÃO

Afastamento encontrar um

caminho

(não envolvimento) (ganha-perde)

NÃO CONFRONTADOR

Fonte: Matinelli & Almeida, 1998 p. 115

Estilo contestador é aquele em que o negociador é confrontador,

mas não é cooperativo. É indicado para situações que precisem de

intervenções decisivas e rápidas. Geralmente o negociador possui cargo que

lhe delegam poder e autoridade para intervir com ações e tomadas de decisão

sem a consulta de terceiros.

O estilo colaborativo também é confrontador, mas tem foco na

cooperação entre os negociadores, é um estilo apropriado quando o objeto de

interesse é de grande importância e trará brandes benefícios para ambas as

partes fazendo com que haja compromisso entre eles. É um estilo que

demanda tempo e esforços para se construir.

No estilo de retirada o negociador se esquiva do confronto e também

não procura ser colaborativo, é utilizado para ocasiões triviais e que não trará

benefício algum para uma das partes, além disso, busca evitar que os prejuízos

sejam maiores caso se permaneça nele.

Já o estilo de aceitação é aquele em que apesar de não ser

confrontador busca a cooperação, pois entende que a questão é importante

para a outra parte envolvida, ou quando existe interesse em se obter alguma

vantagem em negociações futuras.

Como média entre os quatro estilos apresentado surge o estilo do

compromisso, que possui características dos estilos anteriores. É indicado nas

situações em que o objeto da negociação possui relativa importância e os lados

41

41

envolvidos se sintam pressionado por algum motivo (tempo, resultado e etc),

exigindo que se chegue a soluções satisfatórias para ambos. É provável que

haja barganhas e concessões, mas o foco principal estará nos resultados.

O modo como selecionamos o estilo mais apropriado para cada

situação é a resposta do aprendizado do negociador para o desenvolvimento

de suas habilidades, isso significa poder lidar com o conflito de maneira mais

rápida e efetiva. Cada nova negociação traz uma bagagem de ensinamentos e

aprendizagem para aqueles que estão dispostos a aprender e aperfeiçoar suas

técnicas e estratégias.

42

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CONCLUSÃO

O processo de negociação permeia a vida dos indivíduos desde o

seu nascimento até o fim de sua vida. Em todos os momentos estaremos

envolvidos em alguma situação de negociação o que nos faz sermos

negociadores a todo instante, mas mesmo negociando em todo tempo, nem

sempre é fácil obter os resultados desejados e na maioria das vezes isso

ocorre pela falta de preparo, habilidade ou medo da pessoa que está

negociando. Portanto um estudo que ajude e desenvolva esses valores irá

trazer benefícios pessoais e profissionais para aqueles que desejam alcançar

resultados. Deve-se considerar que negociar é o modo como os negociadores

irão buscar seus resultados por meio de trocas e ajustes do que está sendo

ofertado e é necessário que haja uma flexibilidade entre eles para que os

objetivos sejam alcançados e os resultados apareçam

A negociação pode ser descrita como um jogo de estratégias entre

competidores que possuem certos objetivos comuns, mas que desejam obter

resultados e ganhos sobre a outra parte, mesmo considerando que cada lado

possui um objetivo principal e que, na maioria esses objetivos divergem quanto

ao grau de importância entre eles. Por exemplo, para um negociador o mais

importante é vender o seu produto de forma que seus custos sejam cobertos e

sua margem de lucro seja alcançada, já o outro negociador deseja que o

produto que ele esteja adquirindo atenda suas expectativas e ele tenha uma

boa assistência para casos de emergências. Um deseja vender seu produto e

alcançar margem o outro deseja ter sua demanda resolvida, o resultado desta

negociação será exatamente a média do que um deseja ofertar e quanto o

outro está disposto a pagar por isso.

Considerando que a negociação é um jogo, então os competidores

podem e devem se preparar para a “batalha”, alguns passos foram descrito

neste trabalho a fim de auxiliar todos aqueles que querem ou precisam

aperfeiçoar suas habilidades de negociador. Estudamos que é necessário: a)

planejamento onde deverá ser estudado o objeto da negociação, o perfil do

negociador, o mercado e os concorrentes, as possibilidades de adaptações do

43

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produto, os possíveis impasses que possam surgir e as possibilidades soluções

criativas para superar conflitos; b) o momento da negociação em si, que apesar

de ser um momento estratégico com foco principal no resultado, também

deverá ser levado em consideração tudo que envolve o lado emocional, pois as

pessoas são diferentes e negociam baseadas em seus princípios e

expectativas e isso deverá ser levado em conta e respeitado; c) O final da

negociação não se dá no momento da assinatura do contrato e sim quando

tudo o que foi negociado e ajustado entre as partes tenha sido realizado. É de

suma importância a avaliação de tudo que ocorreu no processo de negociação

para um melhor aperfeiçoamento de negociações futuras. Os questionamentos

devem ser realizados de forma que tragam aprendizado e gerem valor.

Existem alguns estilos com relação ao tipo de negociação (evitar,

acomodação, competitiva, colaborativa e compromisso) que demonstram qual

o foco principal, se baseado somente no resultado, na construção de uma

parceria ou se em ambos. Também foi apresentado as diferenças quanto ao

estilo do negociador (efetivo, analítico, relativo, intuitivo) que descrevem o

comportamento do negociador. Cada negociador possui um estilo próprio de

comportamento no momento da negociação, mas dependendo das

circunstancias e da posição com quem se está negociando o negociador

poderá se apresentar com um ou mais estilos, dependendo do objetivo que se

quer atingir. A importância de se conhecer os métodos e comportamentos do

negociador oponente se dá pelo fato de se encontrar meios que possam

bloquear os “ataques” do oponente, a fim de neutralizar suas investidas. Temos

que ter em mente que nem todo negociador está disposto a participar de uma

negociação ética e focada no ganho mútuo, portanto é preciso conhecer

algumas artimanhas e subterfúgios utilizados pelos negociadores que ainda

possuem pensamentos retrógrados e buscam a vitória a qualquer custo sem a

preocupação com a construção de um relacionamento duradouro ou de

oportunidades futuras.

Há algumas abordagens que hoje são vistas como ineficazes apesar

de ainda serem amplamente utilizadas, pois visam somente à vitória de um dos

lados. Essas estratégias podem e devem ser mudadas levando em

consideração que o conceito de estratégia apesar de ter seu foco no resultado

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também inclui na manutenção do relacionamento. O uso excessivo da falta de

compromisso, da barganha, do autoritarismo, da inflexibilidade e não

cumprimento do acordo, são exemplos de práticas que ainda hoje permeiam o

comportamento de alguns negociadores e devem ser banidas para fins de que

não haja prejuízo em futuras negociações. Deve-se levar em consideração, que

com o mundo globalizado uma prática mal vista pode destruir toda uma

imagem corporativa amargando graves prejuízos não somente para a

instituição como também ao negociador, que poderá ter sua reputação

abalada.

Durante o processo de negociação podem ocorrer os chamados

conflitos, causados pelo estilo do negociador, por falhas na comunicação,

impasses, falta de confiança, disputas pessoais, falta de flexibilidade e

comportamentos inadequados.

Os conflitos fazem parte do dia-a-dia e das relações entre as

pessoas ou grupos. Apesar disso é possível criar atmosferas saudáveis quando

focamos mais no objeto do conflito do que na pessoa com a qual estamos

enfrentando o conflito.

As relações pessoais tendem a trazer mais confusão do que

agregar valores positivos nas relações, isso se dá pela forma como vemos o

conflito. Se a percepção for de que o conflito é uma disputa entre as parte e

que é necessário que haja um vencedor e um perdedor o resultado será

negativo para as partes envolvidas, pois temos uma explosão de sentimentos e

reações negativas que tornarão o processo de negociação e a busca por

soluções mais complexas e difíceis. No entanto, quando o conflito é percebido

como oportunidade e traz visões diferentes que aumentam o aprendizado, o

conhecimento e um jeito novo de ver ou fazer algo, pode-se dizer que o conflito

é benéfico e produtivo e que além de trazer vantagens para os negociadores

também trará amadurecimento para o relacionamento no presente e em futuras

relações.

O desfecho positivo do conflito só será possível com a participação

efetiva dos interessados, de modo que eles sobreponham os interesses mútuos

acima dos objetivos individuais, dando mais foco no objeto da negociação e

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buscando por meio de soluções criativas a solução do impasse que se

estabeleceu.

Uma negociação eficaz consiste em administrar um jogo de

interesses entre os negociadores e encontrar o ponto de equilíbrio que atenda

as duas partes. Conhecer a metodologia, os estilos e aspectos que permeiam

os jogadores e tudo que envolve o processo de negociação permitem que as

barreiras e conflitos que possam a vir surgir sejam sanadas em tempos mais

satisfatórios, com menor risco de perda e com a construção de

relacionamentos futuros.

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BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05

METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

NEGOCIAÇÃO – CONCEITOS BÁSICOS 10

1.1. Principais Definições 10

1.2. Habilidades Básicas em Negociação 12

1.3. A Negociação é um Jogo 14

CAPÍTULO II

ETAPAS DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO 16

2.1. Pré Negociação 16

2.2. Negociação 18

2.3. Pós Negociação 20

CAPÍTULO III

TÁTICAS E ESTRATÉGIAS NA NEGOCIAÇÃO 22

3.1. Variáveis Básicas de uma Negociação 22

3.2. Estratégia em Negociação 25

3.3. O perfil do Negociador 27

3.4 As Características do Negociador Brasileiro 30

CAPÍTULO IV

CONFLITOS 34

4.1 Conceito Básico e Origem 34

4.2 Como Enfrentar o Conflito 35

4.3 Estilo do Negociador Diante do Conflito 39

CONCLUSÃO

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