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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA NA SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL Nelson da Silva Duarte ORIENTADOR: Prof. Luiz Cláudio Alves Lopes Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA NA

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

Nelson da Silva Duarte

ORIENTADOR: Prof. Luiz Cláudio Alves Lopes

Rio de Janeiro

2016

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2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Engenharia da Produção. Por: Nelson da Silva Duarte

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA NA

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

Rio de Janeiro

2016

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me conceder saúde e força

nos momentos difíceis, ajudando a superar as

adversidades passadas, aos meus pais pelo amor,

incentivo e apoio incondicional, a todos os meus

amigos, em especial Adilson, Daflon, Fabiane, Idila e

Monique, companheiros de trabalhos e irmãos que

juntos e espiritualmente fizeram parte de mais uma

etapa nessa formação e que irão continuar presentes

eternamente na minha vida.

4

DEDICATÓRIA

Dedico em especial aos meus pais Jorge de

Almeida Duarte e Odete da Silva em gratidão à

contribuição esse momento difícil da vida.

5

RESUMO

Com a globalização, os consumidores se tornaram mais exigentes e

com desejos por produtos descartáveis, por sua vez, as empresas viram a

necessidade de satisfazer os desejos desses consumidores de forma

competitiva e eficiente, porém toda essa mudança de hábito trouxe severas

agressões ao planeta e nesse contexto, a ferramenta gerencial logística tornou-

se importante, pois esta permite obter vantagens econômicas de maneira

sustentável.

Não é de hoje que a logística é utilizada, os estrategistas militares já

faziam uso dessa ferramenta, mas a logística se subdividiu com o passar dos

anos e as mudanças culturais, dando origem a logística reversa, esta foca no

pós-consumo ou pós-venda, propiciando vantagens competitivas as empresas

e atendendo a legislação ambiental Brasileira,

6

METODOLOGIA

O trabalho apresentado abordará a temática da logística reversa,

delimitando a pesquisa as leis ambientais Brasileiras e mostrando a

importância da logística para a sustentabilidade empresarial, onde a

metodologia de pesquisa aplicada foi realizada com análises de artigos

científicos, monografias e teses publicadas, além de matérias de revistas,

jornais, livros, notícias sobre a área e dados econômicos de instituições

públicas e privadas.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Logística 09

CAPÍTULO II

Sustentabilidade e Legislação Brasileira 18

CAPÍTULO III

Logística Reversa 25

CONCLUSÃO 31

BIBLIOGRAFIA 32

ÍNDICE DE FIGURAS 35

8

INTRODUÇÃO

Segundo Shibao et al. (2010), o ser humano com uso da sua

criatividade sempre buscou uma relação de domínio sobre a natureza, a fim de

facilitar sua sobrevivência em ambientes hostis, tal atitude resultou em grandes

descobertas, com isso, houve o aumento da concorrência com os avanços

tecnológicos. Com o crescimento da competitividade, a globalização e a

preocupação com o meio ambiente, as empresas viram a necessidade de

atender seus consumidores com uma produção mais eficiente e com

diferencial, para atingir esse objetivo, elas utilizaram ferramentas gerenciais

que as fizessem mais visíveis e ativas (SILVA e D’ANDREA, 2009).

A relação entre a grande produção e a ânsia de consumo em pouco

tempo gerou um perfil de consumidores que desejam serviços e produtos

instantaneamente e descartáveis, o que tem trazido severas agressões ao

planeta e é nesse contexto que a ferramenta gerencial logística mostrou sua

importância, pois permite a conseguir vantagens econômicas sem negligenciar

a preocupação como meio ambiente (SHIBAO et al., 2010).

A logística já era utilizada desde a antiguidade por estrategistas

como Alexandre O Grande em guerras militares, mas somente em 1901 ela se

tornou objeto de estudo no meio acadêmico através do artigo Report of the

Industrial Commission on the Distribution of Farm Products (Relatório da

Comissão Industrial para Distribuição de Produtos Agrícolas) de John Crowell,

com o passar dos anos a logística ganhou novas classificações, surgindo os

conceitos de logística, logística verde e a logística reversa, esse último conceito

de logística deixa claro a ideia de sustentabilidade por partes dos empresários

(PIMENTA, 2014; SILVA e D’ANDREA, 2009).

A logística reversa foca no pós-consumo, apresentando como

princípio a coleta dos produtos usados do ponto de consumo até o ponto de

origem, essa premissa além de propiciar vantagens competitivas à empresa

como, por exemplo, redução de custo, ela ainda atende a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (Lei 12.305, 2010) (CHEREGATI e DARÓS, 2012).

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CAPÍTULO I

LOGÍSTICA

A palavra logística pode possuir as mais variadas definições. Uma

delas, de Ballou (2006) é a seguinte: “A logística trata de todas as atividades

de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o

ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como

os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o

propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo

razoável.” (p.27). Outra, mais antiga, conforme o Council of Logistics

Management (1993), diz que:

A logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente, do fluxo efetivo e estocagem de bens, serviços e da informação relacionada desde o ponto de origem ao ponto de consumo para a satisfação da necessidade do consumidor.

1.1. História da Logística

De acordo com Oliveira e Farias (2010), a palavra logística é

originária do grego logísticos, que na matemática significa cálculo e raciocínio.

A evolução da logística está relacionada à área militar, inicialmente utilizada

pelos Persas e mais tarde por Alexandre O Grande, o qual planejou batalhas e

deslocamento de tropas.

O Rei Luiz XIV fazia uso da logística, havia o posto de Marechal –

General de Lógis, responsável pelo suprimento e transporte de material bélico

nas batalhas, esta atividade chegou a ser considerado a origem da logística

(DIAS, 2005; SOUZA, 2002). Posteriormente, os militares notando a eficiência

estratégica da logística deram uma maior atenção a essa área, sendo a

10

logística fortemente empregada pelos soldados Americanos durante a Segunda

Guerra Mundial (OLIVEIRA e FARIAS, 2010).

A logística foi divida em cinco Eras principais pelos professores John

L. Kent Jr. e Daniel J. Flint que estudaram a evolução desta ao longo das

décadas (OLIVEIRA e FARIAS, 2010; SILVA e D’ANDREA, 2009).

A primeira Era ficou conhecida como “Do Campo ao Mercado” e teve

seu início na virada do século XX, essa época tinha como economia a

produção agrícola e o principal uso da logística era o escoamento da produção.

A segunda Era foi identificada como “Funções segmentadas”, até a

década de 40 não existiam muitos estudos sobre a logística, mas a partir dos

anos 50 os empresários passaram a preocupar-se com a satisfação do cliente,

dando origem ao conceito de logística empresarial.

A terceira Era foi rotulada como “Funções integradas” e teve

começou no início da década de 70, nessa Era alguns aspectos passam a ser

importantes como o custo total e retirando o foco somente da distribuição física.

Nessa mesma década o planejamento era rígido, uma vez definido não podia

ser alterado, sendo utilizado por períodos longos e a interligação que liga as

diversas partes que compõem a cadeia de suprimentos poderiam ser

comparadas a um duto rígido de PVC, conforme figura 1. No Brasil, o termo

logística ainda era desconhecida e não havia o uso da informática.

Figura 1- Duto Rígido de PVC.

Fonte: NOVAES, 2001.

11

A quarta Era ocorreu depois dos anos 80 e ficou conhecida como

“Enfoque no cliente”, onde o uso dos computadores na administração e o

crescimento da demanda devido à globalização tiveram grande influencia no

avanço do setor de logística. Com o mundo globalizado, as empresas passam

a competir em nível mundial, mesmo estando em seus territórios e passam a

ter um planejamento mais flexível, conforme figura 2. Nessa mesma década no

Brasil, a logística tinha como foco transporte e estocagem e foram trazidos para

o país os sistemas integrados JIT (Just In Time) e Kanban.

Figura 2- Mangueira Flexível.

Fonte: NOVAES, 2001.

A quinta Era surgiu em meados da década de 80 e foi nomeada

como “Logística como um diferencial”, desenvolvendo o conceito de Supply

Chain Management, tornando o setor mais integrado e reduzindo custos,

desperdícios e estoques acumulados, conforme figura 3.

12

Figura 3- Integração Plena.

Fonte: NOVAES, 2001.

Além de novas visões, é nessa era que surgem os termos de

Logísticas Reversa e Ambiental, enquanto no Brasil, têm-se a evolução da área

de Tecnologia da Informação e a privatização dos sistemas de distribuição e

transporte.

Segundo Melo (2015) existe a sexta Era rotulada com “Expansão

dos limites” que ocorre a partir dos anos 2000, onde é dada importância ao

marketing e aspectos comportamentais. No Brasil, fica evidente a necessidade

de inovar, clientes tornam - se mais exigentes, há tendências a fusões de

companhias e incertezas econômicas.

1.2. Missão da Logística

Segundo Pires (2013), a logística tem a missão de dispor do produto

ou serviço certo, no lugar certo, no tempo certo, fornecendo as condições

desejadas, ao mesmo tempo em que cria valor para empresa. A logística existe

para atender às necessidades do consumidor ou cliente, a fim de facilitar as

operações importantes de produção e marketing (SILVA e D’ANDREA, 2009).

13

Figura 4- Missão.

Fonte: SANTOS, 2015.

1.3. Objetivo da Logística

A logística se torna essencial para satisfazer ao cliente e adquirir

vantagem competitiva, enquanto foca na real necessidade do cliente,

eliminando custo com serviços desnecessários e garantindo melhoria da

qualidade de serviço oferecido (SILVA e D’ANDREA, 2009).

Segundo a SOLE (Society of Logistcs Engineers), os objetivos da

logística estão compreendidos nos 8R’s listados abaixo (COELHO, 2010):

Right Material (materiais justos)

Right Quantity (na quantidade justa)

Right Quality (de justa qualidade)

Right Place (no lugar justo)

Right Time (no tempo justo)

Right Method (com o método justo)

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Right Cost (segundo o custo Justo)

Right Impression (com uma boa impressão)

1.4. Benefícios da Logística

A logística bem empregada pode maximizar a lucratividade, reduzir

custos, volume de estoques sem causar prejuízo à produção, aumentar a

capacidade de armazenagem de produtos acabados, penetrar rapidamente em

novos mercados, acesso rápido às inovações, melhoria da qualidade dos

serviços oferecidos e da malha logística (SILVA e D’ANDREA, 2009).

1.5. As funções da Logística

A logística possuí cinco áreas muito importantes que são

processamento de pedidos, inventário, transporte, armazenamento e manuseio

e rede de instalações, conforme figura 5 (SILVA e D’ANDREA, 2009).

Figura 5- As cinco áreas da Logística.

Fonte: RIBEIRO, 2013.

15

Processamento de Pedidos: Os pedidos podem ser

processados por diferentes meios como internet, vendedores e

fax, as informações do pedido são recebidas e analisadas, então

o fornecedor envia ao cliente a fim de aguardar a aprovação.

Após a aprovação do pedido pelo cliente, o processamento é

feito de maneira rápida e precisa para que se tenha um ciclo

eficiente de pedido –expedição – cobrança.

Inventário de Estoque: Um equilíbrio no nível de

estoque é muito importante para o custo da empresa, assim

como atendimento rápido e satisfação da necessidade do cliente,

pois uma grande quantidade de estoque implica em custos mais

elevados desnecessariamente e produtos obsoletos, porém uma

pequena quantidade de estoque implica em falta de produtos e

consequentemente, insatisfação do cliente.

Transporte: Este é o componente mais importante e

necessário da logística e é a área que responde pelo maior

porcentagem do custo total na logística. No Brasil, os principais

modais são ferroviário, hidroviário, aéreo e rodoviário.

Armazenamento e Manuseio: É necessário

armazenar de forma adequada os materiais para uma rápida

recuperação e a manutenção dos níveis de qualidade ao realizar

uma entrega rápida.

Para o manuseio é importante selecionar o recurso certo para tal

movimentação a fim de reduzir ou evitar custos por danos. Desta

forma o armazenamento e manuseio são áreas que representam

de um a dois terços dos custos logísticos.

Rede de Instalações: A rede de instalações ou canal

de distribuição engloba o trajeto desde o produto até o usuário

final, este deve ser elaborado com estratégias e planejamento

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estruturados para um controle efetivo no processo de distribuição

e eficiência na satisfação do usuário final.

1.6. Tipos de Logística

A logística engloba um processo integrado de ações, a logística

empregada depende do fluxo da empresa, os principais tipos de logística são

de suprimento, produção, distribuição e reversa, cada uma delas está definida

a seguir (Sistema de Armazenagem, 2014):

Logística de Suprimento: É o processo de implementar, planejar

e controlar a aquisição, a estocagem e movimentação de

suprimentos, de acordo com a necessidade de cada cliente em

uma indústria.

Os objetivos dessa modalidade são: reduzir custos, reduzir capital

investido em estoque e melhorar os serviços logísticos;

Logística de Produção: Teve origem na pré-história, quando o

homem polia pedras com a finalidade de transformá-las em

utensílios úteis para o seu cotidiano.

Abrange os ambientes internos da empresa. Nele é feita a

conversão de matérias em produtos acabados, sempre pensando em formas

de se otimizar o processo;

Logística de Distribuição: Dentre os tipos de logística, se

destaca também a distribuição física. Nada mais é do que o

processo de distribuir os produtos nas diferentes praças de

atuação da empresa. Estão envolvidos nessa logística os

componentes como depósito, estoques, equipamentos de carga

e descarga e os veículos propriamente ditos;

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Logística Reversa: Está diretamente ligada ao meio-ambiente e

à ecologia. Caracteriza ações e meios destinados a viabilizar a

coleta e a restituição dos resíduos sólidos no setor empresarial.

Ela é amparada pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que

institucionalizou a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

18

CAPÍTULO II

SUSTENTABILIDADE E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Sustentabilidade é uma palavra que tem ganhado espaço ao longo dos anos,

ela está presente em todos os setores, seja no meio ambiente, na economia,

educação e administração pública ou empresas privadas. O termo “sustentável”

tem origem do Latim “sustentare”, que significa sustentar, favorecer e

conservar.

No mundo, a palavra sustentabilidade começou a ser propagada a partir da

realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano

– United Nations Conference on the Human Environment (UNCHE), em junho

de 1972, em Estocolmo. Após este evento, o conceito de sustentabilidade

passou a ter uma maior importância. No Brasil, a expressão “sustentabilidade”,

tomou dimensões maiores em 1992, depois da realização da Conferência

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO - 92), no Rio de Janeiro

(BRASIL SUSTENTÁVEL).

O conceito de sustentabilidade está relacionado com “desenvolvimento

sustentável”, definido como aquele que atenda às necessidades das gerações

presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprirem

suas próprias necessidades. A ideia de sustentabilidade pressupõe uma

relação de equilíbrio com o ambiente, considerando que todos os elementos

afetam e são afetados reciprocamente pela ação humana. A sustentabilidade,

portanto, diz respeito às escolhas sobre as formas de produção, consumo,

habitação, comunicação, alimentação, transporte e também nos

relacionamentos entre as pessoas e delas com o ambiente, considerando os

valores éticos, solidários e democráticos (SESC, 2016).

19

2.1. Resíduos Sólidos

Segundo Marchese (2013), o resíduo sólido é tudo aquilo que é

resultado das atividades humanas na sociedade e que deixou de ter utilidade.

Entretanto, não se pode falar de resíduo sólido, sem falar da classificação

desses resíduos, esta classificação dependerá do processo ou atividade do

qual o resíduo é originário e dos constituintes do mesmo. Para isso são

elaborados laudos por pessoas capacitadas e estes laudos devem estar de

acordo com a Norma Brasileira de Resíduos Sólidos (ABNT, NBR n° 1004,

2004).

De acordo com a norma, os resíduos são classificados como:

Resíduos de classe I – Perigosos: São aqueles cujas

propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem

oferecer risco à saúde pública, causando mortalidade, incidência

de doenças ou aumento dos seus índices e/ou riscos ao

ambiente, caso o resíduo seja gerenciado de forma inadequada.

Resíduos de classe II – Não perigosos: São os que não

apresentam risco à saúde pública, podendo dividi-los em inertes

e não inertes. Os inertes podem apresentar propriedades como

biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água e

os inertes são aqueles que em contato dinâmico ou estático com

água destilada a temperatura ambiente, não apresentem nenhum

dos seus constituintes solubilizados a concentrações maiores

que as permitidas pelos padrões de potabilidade.

Sabendo a classificação do resíduo, pode-se dar a destinação

correta para o mesmo, pode ser incineração, compostagem, coleta seletiva,

digestão anaeróbia, separação pós recolha, aterros ou retornar as empresas

que lhe deram origem. Apesar de inúmeras opções para disposição adequada

dos resíduos, muitos ainda são dispostos em lixões como mostra a figura 6 do

IBGE de 2010, essa cultura deve ser abolida, pois lixões trazem vetores

causadores de doenças e contaminam os lençóis freáticos.

20

Figura 6- Destino final dos resíduos sólidos.

Fonte: IBGE, 2010.

2.2. Legislação Brasileira

A criação de novas leis foi necessária para a mudança da cultura

dos lixões. No Brasil existem várias leis que compõem a área ambiental e de

resíduos como, art. 225 da Constituição Federal do Brasil (1988) que diz que

todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras

gerações.

Diversas leis existentes para preservação ambiental, lei 11.445 de 5

de janeiro de 2007, estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e

para a política federal do saneamento básico. Lei 9.974 de 6 de junho de 2000,

dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagem/ rotulagem,

transporte, armazenamento, comercialização, propaganda comercial,

21

utilização, importação, exportação, o destino final dos resíduos e embalagens,

o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de

agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

A lei 12.305 de 12 de agosto de 2010 dispõe sobre as

responsabilidades dos atores que participam do processo de logística reversa

para defensivos agrícolas (MARCHESE, 2013).

2.3. Política Nacional de Resíduos Sólidos

Segundo Brasil (2010), a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS) engloba todas as leis e normas ambientais já descritas neste trabalho

e pode ser considerada um marco regulatório no que diz respeito aos resíduos

sólidos. Essa lei 12.305 veio com a intenção de atuar na gestão integrada, no

gerenciamento dos resíduos sólidos, responsabilizando não só os geradores,

mas também o poder público.

A obrigatoriedade da implementação da PNRS é um dos objetivos

estabelecidos, priorizando sempre que possível, a não geração de resíduos,

reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final

adequada aos rejeitos como mostra a figura 7. Além de diferenciar os termos

resíduos e rejeitos, resíduos podem ser reciclados e reutilizados, mas rejeitos

devem ser dispostos (MMA, 2012).

22

Figura 7- Etapas da PNRS.

Fonte: ZIANI, 2013.

Os princípios da lei 12.305 são a prevenção e a precaução; o

poluidor-pagador e o protetor-recebedor; a visão sistêmica; o desenvolvimento

sustentável; ecoeficiência; a cooperação entre diferentes esferas do poder

público; setor empresarial e outros segmentos da sociedade; responsabilidade

compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; o recolhimento do resíduo sólido

reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de

trabalho e renda, promovendo a cidadania; respeito às diversidades locais e

regionais; o direito da sociedade às informações; razoabilidade e

proporcionalidade (MARCHESE, 2013).

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O poluidor-pagador é aquele que polui e deve pagar pelo ato, já o

protetor-recebedor é aquele que protege e recebe isenções e

benefícios fiscais.

A visão sistêmica consiste em considerar todas as variáveis

como ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de

saúde pública.

O desenvolvimento sustentável consiste em pensar nas gerações

futuras, não só seres humanos, mas também em todos os seres.

Ecoeficiência é o conceito de satisfazer a necessidade humana e

paralelamente, trazer qualidade de vida, reduzir impacto

ambiental e consumir o mínimo de recursos naturais.

A cooperação é a ideia na qual o poder público, o setor

empresarial e os demais segmentos da sociedade cooperem

entre si.

A responsabilidade compartilhada considera um conjunto de

ações encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores,

comerciantes, consumidores, funcionários da limpeza urbana, a

fim de minimizar os resíduos sólidos.

O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como

um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho, renda

e promotor da cidadania.

O respeito às diversidades locais e regionais é conceito de

respeitar a cultura segmentada de determinado local ou região.

O direito da sociedade à informação, onde a sociedade deve ter

acesso a todas as informações da PNRS.

A razoabilidade e proporcionalidade é o conceito de utilizar a

razão para analisar as interações homem, natureza e proporção.

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O segundo objetivo da PNRS é a não geração, redução, reutilização,

reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final adequada. Outro

objetivo é o incentivo à produção e consumo sustentável, assim como

desenvolvimento de tecnologias limpas (BRASIL, 2010).

25

CAPÍTULO III

LOGÍSTICA REVERSA

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010) definiu a

logística reversa como:

XII - logística reversa: um instrumento de desenvolvimento

econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e

meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao

setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos

produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

A logística reversa inicialmente era associada ao conceito de

reciclagem, onde eram utilizadas definições como canal reverso ou fluxo

reverso. No Brasil, o conceito de logística reversa surgiu na década de 90,

quando os profissionais da área de logística reconheceram que o produto

deveria ser administrado corretamente, quando do seu retorno no pós-venda

ou pós-consumo, existem cinco tipos de retorno de produtos e serviços,

explicados a seguir (LAGARINHOS, 2011).

Retrabalho durante a fabricação de um produto ou serviço;

Retornos comerciais para novas vendas ou remanufatura, por

motivos como grande quantidade em estoque, produtos fora do

prazo da validade ou retorno do cliente;

Retorno em garantia para reparos, remanufatura, avaliação

técnica com a posterior troca do produto;

Retorno final de uso nos contratos de leasing, máquinas e

equipamentos alugados;

Retorno no final da vida útil para a remanufatura, reutilização,

reciclagem ou valorização energética.

26

A logística reversa do pós-venda é o conceito de produtos que

retornam a sua cadeia com pouco ou sem uso, por diferentes motivos como,

por exemplo, produtos defeituosos. Já a logística reversa do pós-consumo está

associada à embalagem/produto que retornam a sua cadeia após o uso, o fluxo

de atuação da logística reversa é apresentado na figura 8 (CHEREGATI e

DARÓS, 2012).

Figura 8- Fluxo de atuação da logística reversa.

Fonte: CHEREGATI e DÁROS, 2012.

A logística reversa pode ser vista como um processo complementar

à logística direta (tradicional), pois enquanto a direta tem o papel de levar

produtos dos fornecedores até os clientes intermediários ou finais, a logística

reversa deve completar o ciclo, trazendo de volta os produtos já utilizados dos

27

diferentes pontos de consumo a sua origem, como mostra a figura 9 (SHIBAO

et al., 2010).

Figura 9- Relação entre as logísticas direta e reversa.

Fonte: LAGARINHOS, 2011.

A figura 10 faz um comparativo entre a logística direta ( tradicional) e

a logística reversa.

28

Figura 10- Comparativo entre logísticas direta e reversa.

Fonte: CHEREGATI e DÁROS, 2012.

29

É possível observar que, muitos pontos ainda precisam melhorar na

logística reversa, como a qualidade dos produtos oferecidos, incentivos aos

consumidores por parte dos governantes, falta de regulamentação, ausência de

espaços para o retorno dos produtos e apesar de já existir a PNRS, ainda falta

uma legislação ambiental visando à logística reversa.

3.1. Motivos para uso da Logística Reversa

Com a criação de leis ambientais mais rígidas, concorrência

competitiva e a redução de custos, a logística reversa tem nesses fatores os

principais motivos para aplicação do seu uso (SHIBAO et al., 2010).

Questões ambientais: Existe uma tendência no Brasil de que a

legislação ambiental torne as empresas responsáveis por todo

ciclo de vida do seu produto;

Diferenciação por serviço: O mercado consumidor valoriza mais

as empresas que possuem políticas mais liberais de retorno de

produtos;

Redução de custos: O fluxo reverso tem trazido economias para

as empresas, a partir de reaproveitamento de materiais e

embalagens retornáveis.

3.2. Custos da Logística Reversa

Os profissionais da área de logística costumam dizer que: “O ciclo

de vida útil do produto começa da fase de pesquisa e desenvolvimento até o

cliente final”, porém na logística reversa esse ciclo de vida vai mais além,

cobrindo também o retorno ao ponto de origem (DAHER e SILVA, 2006).

Segundo Shibao et al. (2010), o sistema de custeio deve ter uma

abordagem ampla como o Custeio do Ciclo de Vida Total, tal sistema permite a

30

gestão dos custos “do berço ao túmulo”, ou seja, desde o início da pesquisa e

desenvolvimento até o suporte final ao cliente. O Custeio do Ciclo de Vida Total

engloba os demais custeios do tipo meta e ABC, podendo gerar receitas por

todo ciclo e ressarcindo os custos como mostra a figura 11.

Figura 11- Custeio do Ciclo de Vida Total.

Fonte: SHIBAO et al., 2010.

É necessário conhecer o papel da logística reversa na estratégia

empresarial para definir o tipo de sistema da informação a ser desenvolvido, já

que existe uma carência de sistemas prontos. Além disso, ao aplicar o conceito

de logística reversa para o Supply Chain Management, onde se tem o completo

conhecimento da cadeia, adquirem-se vantagens competitivas para toda a

cadeia, especialmente em relação à redução de custos logísticos.

Entretanto, com a carência de sistemas que se integrem ao sistema

de logística empresarial existente, existe a dificuldade em medir o impacto do

retorno dos produtos ou materiais, além do fluxo reverso gerar custos. Por

esses motivos, os gestores devem estar atentos para tomarem medidas

rápidas e competitivas, a fim de reduzir os custos.

31

CONCLUSÃO

A logística é uma ferramenta gerencial que trouxe diversos avanços

para o mundo dos negócios, além de vantagens econômicas para os

empresários e conforto para os consumidores.

A logística reversa é uma aliada da sustentabilidade empresarial,

pois possui como tópicos principais a questão ambiental, mostrando a

preocupação e preservação do ambiente; diferenciação do serviço, facilitando o

processo de torno de um produto ou serviço; e redução de custos, com o

reaproveitamento de embalagens e materiais.

A logística reversa é um tema ainda em crescimento, que necessita

de muitos incentivos governamentais e divulgação, tanto para os empresários,

quanto para a população. Além de incentivos governamentais, uma legislação

ambiental voltada para a logística reversa necessita ser criada, assim como

disponibilização de espaços para a prática dessa logística, a necessidade de

um órgão que ateste a qualidade dos produtos provenientes da logística

reversa, assim como existe para os produtos novos.

Na logística reversa, o ciclo de vida útil do produto não termina no

consumidor, ele é mais longo, retornando ao ponto de origem e gerando valor,

além disso, se a cadeia dos produtos for conhecida, o uso da logística reversa

trará redução dos custos logísticos e vantagens competitivas. Os custos do

ciclo de vida do produto na logística reversa englobam outros custos presentes

na logística tradicional, a diferença é que a logística reversa pode trazer o

ressarcimento de parte dos custos, pois considera o Custo de Vida do Produto

Total.

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BIBLIOGRAFIA

ABNT, NBR 10004- Resíduos Sólidos, ABNT, 2004.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Logística

Empresarial. 5ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

BRASIL. Lei 9.9974. 2000. Disponível em:

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Duto Rígido de PVC 10

Figura 2 – Mangueira Flexível 11

Figura 3 – Integração Plena 12

Figura 4 – Missão 13

Figura 5 – As cinco áreas da Logística 14

Figura 6 – Destino final dos resíduos sólidos 20

Figura 7 – Etapas da PNRS 22

Figura 8 – Fluxo de atuação da logística reversa 26

Figura 9 – Relação entre as logísticas discreta e reversa 27

Figura 10 – Comparativo entre as logísticas direta e reversas 28

Figura 11 – Custeio do Ciclo de Vida Total 30