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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EDUCAÇÃO PRÉ-NATAL: COMO ESTIMULAR O CÉREBRO
DO BEBÊ?
Bárbara Mattos de Souza
ORIENTADOR:
Prof. Marta Relvas
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica. Por: Nome do Aluno
EDUCAÇÃO PRÉ-NATAL: COMO ESTIMULAR O CÉREBRO
DO BEBÊ?
Rio de Janeiro 2016
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido e meu
pequeno Hagar, que mesmo tão indefeso parece
tão grandioso.
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RESUMO
Este trabalho tem como finalidade apresentar as etapas do
desenvolvimento cerebral na gestação até o primeiro ano de vida. Com isto,
mostrará as transformações pelas quais o cérebro passa e como as funções
cognitivas começam a aparecer durante seu crescimento. Desse forma, a
pesquisa envolve aspectos biológicos e cognitivos no processo de formação
humana, de forma que possa demonstrar como acontece a evolução cerebral
aliada ao sistema psíquico que se instaura aos poucos. Tendo isto posto, o viés
da pesquisa enveredará pelo caminho das ações educativas que podem
auxiliar no entendimento do estímulo cerebral e as primeiras sinapses, ainda na
vida intrauterina.
Palavras-chave: bebê, gestação, formação cerebral, educação pré-natal.
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METODOLOGIA
A pesquisa acontecerá no campo bibliográfico com o estudos
relacionados à gestação, embriologia, neurociência e educação. No campo
neurocientífico, alguns autores como Marta Relvas, Antonio Damásio e Vitor da
Fonseca, auxiliarão no entendimento relacionado à formação cerebral,
neurotransmissores e sinapses. Já no ponto de vista educativo, citarei
pesquisas de Henri Wallon, Paulo Fochi, Emmi Pikler e Daniela Guimarães,
que tem como alicerce a constituição do ser e a educação pensada para os
bebês. Também dentre os assuntos abordados, ideias de Janine Levy,
Stéphanie Sapin-Ligniéres e Regina Orth de Aragão serão apresentadas em
outros campos extremamente interligados à estímulos sensoriais, que sem
dúvida agregam à evolução cerebral e cognitiva do bebê. Também será
utilizada bibliografia pertinente à área biológica e patológica, com temas da
neuroanatomia e neuroembriologia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Desenvolvimento cerebral da gestação ao primeiro ano de vida 10
CAPÍTULO II
Atribuições psíquicas ao percurso cerebral 20
CAPÍTULO III
Educação: Do útero para a vida 27
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 39
ÍNDICE DE FIGURAS 40
8
INTRODUÇÃO
Desde a concepção, o cérebro começa a se constituir e desenvolver
pequenas habilidades até o nascimento. Todo esse processo de formação
cerebral tem início logo nas primeiras semanas de gravidez, ainda na fase
embriológica. É impressionante perceber as fases que todos os humanos
passam quando ainda são frágeis embriões. E deste ciclo culminará o órgão
que representa a “central de informações” do corpo humano.
A infância nunca exerceu tal fascinação sobre o mundo adulto como o faz atualmente. Aceita-se a ideia, toma-se nota dela, ratifica-se o fato, tira-se dele as consequências e chega-se até mesmo, em alguns setores, a explorá-lo. Tudo isso não procede de uma lenta e inevitável relação com a criança, mas da conjunção excepcional de um certo número de fatores favoráveis, dos quais os primeiros seriam progressos consideráveis da medicina. (THÉVENOT, 2004, p.11)
Algumas pesquisas apontam de forma concisa que o conhecimento
específico das etapas do desenvolvimento, pode auxiliar no estímulo cerebral
do bebê através de pequenas atitudes, fortalecendo algumas sinapses dentro
do útero materno. Tais atitudes, dependem de uma relação ambiental e social
que a mãe e o feto estão envolvidos emocionalmente. A idealização do bebê, a
conversa, o toque, podem influenciar positivamente as ligações sinápticas do
bebê e transformar a sua vinda ao mundo extrauterino.
Com isso, o bebê começa a ser inserido em um meio social efetivo
como sujeito mesmo antes de nascer, podendo se desenvolver de acordo com
as possibilidades biológicas e estímulos sensoriais adequados à etapa em que
se encontra. Quando existe a junção dos fatores biopsicossociais, a chegada
deste indivíduo ao contexto social pode mudar, estudos psicanalíticos
demonstram que a base psicológica pode ajudar na construção do social e
aprimorar aspectos do âmbito biológico.
Dessa forma, a possibilidade de intervenção junto ao feto, parece
única, não objetal e não verbal. A linguagem, o som, o toque e a sensibilidade
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podem fazer grande diferença na criação de um vínculo de segurança, instinto
de sobrevivência, comunicação e fortalecimento dos diversos aspectos
biológicos que ainda estão por vir.
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CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO CEREBRAL DA GESTAÇÃO AO
PRIMEIRO ANO DE VIDA
Este capítulo tem como objetivo central mostrar através de
explicações e imagens, o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso
central (SNC) durante a gestação. Serão abordados aspectos de formação
desde a fecundação até o nascimento do bebê, para que seja possível
esclarecer como esse desenvolvimento influencia no curso da vida de um
indivíduo.
Segundo Cernach (2011), ao primeiro processo de formação do
SNC, dá-se o nome de neurogênese, onde acontece a organização de um
conjunto de moléculas ativadas gradualmente. Neste momento, condolidam-se
vias de sinalização que tornam-se responsáveis pelo desenvolvimento integral
do organismo. A neurogênese tem diferentes fases que envolvem mecanismos
como:
·Indução: Ativação de uma célula pela célula vizinha;
·Proliferação: Multiplicação celular;
·Diferenciação: Formação de células especializadas;
·Migração celular: Movimentação de células;
·Estabelecimento de sinapses: Conexão Neural.
A autora reitera que, uma criança que nasce já tem a maior parte de
neurônios que utilizará pelo resto de sua vida, cerca de 100 bilhões, no entanto
ainda precisa desenvolver certas habilidades de organização e processamento
das informações. Mesmo que seja possível perceber funções cerebrais a partir
de um mês e meio de gestação, as células ainda são pequenas e esparsas
para que sejam tomadas como reações significativas. O desenvolvimento
cerebral depende dos estímulos, os quais as crianças serão submetidas, até os
três primeiros anos, principalmente.
Cernach (20
divisão mitótica, onde
idênticas. No quarto d
chamado de mórula. E
percorrido na tuba uter
transforma em blastocis
o interior da mórula. Ta
se transformar em qua
divide-se em duas pa
placenta e o embrioblas
O crozigdifforhucroO se"ema
Figura 1: MO
h (2011) diz que, logo na fertilização, o z
onde uma célula dará origem à outras duas,
arto dia de gestação, elas já são trinta e
rula. Este processo acontece simultaneamen
a uterina até chegar ao útero, neste momen
stocisto, este consiste em um líquido que surg
la. Tais células são tronco embrionárias e tem
qualquer tecido do corpo. Conforme este lí
s partes: o trofoblasto, formador da parte
rioblasto, responsável pela formação do embriã
O zigoto é geneticamente único porque mcromossomos vem da mãe e a outra metadzigoto contém uma nova combinação de crodiferente da contida nas células dos pais.forma a base da herança biparental e da varhumana. A meiose possibilita a distribuição icromossomos paternos e maternos entre céluO crossing-over dos cromossomos, por segmentos dos cromossomos paternos"embaralha" os genes, produzindo assim uma material genético. (MOORE, 2012, p.37)
MOORE, 2012, p.38.
11
, o zigoto entra em
duas, geneticamente
ta e duas, conjunto
eamente ao caminho
omento o mórulo se
e surge preenchendo
e tem capacidade de
este líquido aumenta,
parte embrionária da
embrião.
ue metade dos seus etade vem do pai. O
e cromossomos que é pais. Esse mecanismo a variação da espécie ição independente dos e células germinativas. por recolocação dos
ternos e maternos, uma recombinação do
12
Durante a terceira semana de gestação, começa um processo
chamado gastrulação que segundo Moore (2012), é o processo "pelo qual as
três camadas germinativas, que são precursoras de todos os tecidos
embrionários, e a orientação axial são estabelecidas no embriões." Cernich
(2011), completa dizendo que este é essencial na organização do plano básico
do corpo, desse modo surgem três tecidos primordiais no desenvolvimento,
sendo eles:
·Ectoderma: Revestimento externo do embrião e que dará origem ao SNC;
·Mesoderma: Origem do esqueleto, músculos e os sistemas circulatório,
excretor e reprodutor;
·Endoderma: Formará os órgãos do sistema digestivo e respiratório.
Assim, no início da terceira semana o embrião deixa de ser um disco
embrionário bilaminar para se transformar em um disco de três camadas, a
gastrulação dá início à morfogênese (formato corporal) e é o principal evento
na terceira semana.
Segundo Moore (2012), o sinal norteador da gastrulação é a
formação da linha primitiva na superfície do epiblasto (camada mais espessa
do disco embrionário, formada por células colunares altas ligadas a cavidade
amniótica). Esta aparece na parte caudal do disco embrionário, resultando da
proliferação das células do epiblasto para um plano mediano do disco. A linha
se alonga com o aumento de células, a sua extremidade cefálica prolifera para
formar um nó primitivo. Concomitantemente, um sulco estreito se desenvolve
na linha primitiva denominado sulco primitivo, formando uma pequena
depressão no nó primitivo, a esta depressão dá-se o nome de fosseta primitiva.
Logo após o aparecimento da linha primitiva, as células migram de sua superfície profunda e formam o mesênquima, um tecido conjuntivo embrionário que consiste em pequenas células fusiformes frouxamente organizadas em uma matriz extracelular de fibras colágenas espaçadas. (MOORE, 2012, p.54)
Moore (2012) aponta que, algumas células mesênquimas migram
cefalicamente do nó e da fosseta primitiva, com isso formam um cordão celular
mediano, chamado pro
canal notocordal. Tal p
destino à placa pré-cor
tem células que se prol
corda. Posteriormente e
Figura 2: MO
Por neurula
processo envolvido na
fechamento das pregas
até o final da quarta sem
A indução
gestacional, diz Cerna
estimula parte do ecto
o processo notocordal, este adquire uma lu
Tal processo cresce entre o ectoderma e o e
cordal, desse modo seu início na extremid
e proliferam e a placa notocordal invagina par
ente esta organizará toda a formação do tubo
MOORE, 2012, p.60.
eurulação entende-se, segundo Moore (2
o na formação da placa neural e das prega
regas para formar o tubo neural." Tal process
rta semana, quando ocorre o fechamento do ne
ção neural acontece entre a terceira e
Cernach (2011), processo onde a notocorda
ectoderma e este se desenvolve como pla
13
ma luz, chamada de
e o endoderma com
tremidade encefálica,
na para formar a noto
tubo neural.
re (2012) p.61, "o
pregas neurais e no
ocesso está completo
do neoporo caudal.
a e quarta semana
corda se expande e
o placa neural. Esta
aparece como um esp
embrião, pois ele que s
formação celular diferen
neurônios e às célu
particularidades para ca
A adapneesdelondoeleorieleE
Pode-se obs
através de ações co
permitindo que o ectode
células sensoriais espe
as Pregas neurais se fu
pelo futuro encéfalo e m
m espessamento do ectoderma, um dos tr
que se conecta com o meio externo. Por su
diferenciada onde algumas células darão orige
células glias, sendo distribuídas de ac
ara cada parte do corpo.
A placa neural cresce progressivamente, toradquire um sulco longitudinal denominado sulaprofunda para formar a goteira neural. Os neural se fundem para formar o tubo neural. Neste ectoderma encontra os lábios da desenvolvem-se células que formam de cadalongitudinal denominada crista nedorsolateralmente ao tubo neural. O tubo neelementos do sistema nervoso central, ao passorigem a elementos do sistema nervoso peelementos não pertencentes ao sistema nervoE HAERTEL, 2014, p.7)
e observar que, a placa neural se transforma
s conjuntas de proteínas sinalizadoras e
ectoderma se diferencie do neuroptélio (camad
especializadas na recepção dos estímulos e
s se fundem e dão origem ao tubo neural, qu
lo e medula espinhal.
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dos três folhetos do
or sua vez, tem uma
o origem a bilhões de
de acordo com as
te, torna-se espessa e do sulco neural, que se l. Os lábios da goteira ural. No ponto em que da goteira neural, cada lado uma lâmina
neural, situada bo neural dá origem a o passo que a crista dá so periférico, além de
rvoso. ( MACHADO
orma em tubo neural,
ras e bloqueadoras
camada superficial de
ulos externos) e que
al, que caracteriza-se
Figura 3: MACHADO E
O encéfalo é
diz Cernach (2011), o p
com isso a medida qu
Logo após esse proc
secundárias. O recé
desenvolvido, tendo c
posteriormente as fu
desenvolve durante o
experiências e está liga
estão bem desenvolvid
límbico.
No final da q
significativa, composta
através de saliências d
anterior), mesencéfalo (
Durante a q
subdividem e formam
diencéfalo, mesencéf
diferenciados no que co
cerebrais.
DO E HAERTEL, 2014, p. 8.
falo é composto pelo cérebro, tronco encefá
1), o primeiro destes a se desenvolver é o tro
da que se expande, o cérebro se projeta na
processo, formam-se as vesículas cerebra
recém nascido tem o tronco encefálic
ndo como função garantir a sobrevivênc
s funções sensório-motoras. Já o córte
nte os três primeiros anos de vida, é
tá ligado ao pensamento. Além dessas, outra
nvolvidas ao nascer, o córtex sensório mot
l da quarta semana, o tubo neural tem uma po
posta por vesículas cerebrais que se comu
cias das paredes do tubo, são elas: prosen
éfalo (cérebro médio) e rombencéfalo (cérebro
e a quinta semana, o prosencéfalo e o ro
mam cinco vesículas encefálicas secundári
encéfalo, metencéfalo e mielencéfalo.
que condiz a morfologia, e darão origem a tod
15
ncefálico e cerebelo,
é o tronco encefálico,
eta na área superior.
erebrais, primárias e
cefálico plenamente
ivência do bebê e
córtex cerebral se
, é moldado pelas
outras áreas também
motor e o sistema
ma porção encefálica
comunicam entre si,
rosencéfalo (cérebro
rebro posterior).
o rombencéfalo se
undárias: telencéfalo,
falo. Estes serão
a todas as estruturas
16
Figura 4: MOORE, 2012, p. 404.
A partir da sexta semana gestacional, surgem os primeiros
movimentos fetais involuntários como flexões de colo e da região torácica. Os
movimentos fetais mais complexos ocorrem apenas depois de alguns dias, pois
dependem da maturação do sistema nervoso e da formação do sistema
nervoso periférico, que é responsável por levar a informação do cérebro até o
sistema muscular fetal. Antes disso, não existem evidências de atividades
neurais.
Durante a sétima e a oitava semanas, acontece a proliferação
neuronal, esse processo perdura por aproximadamente dois meses após seu
início. Segundo Haertel (2014), essa etapa se intensifica após o aparecimento
do tubo neural, contudo ocorre de forma paralela às transformações
anatômicas do cérebro. Com isso, as vesículas aumentam de tamanho e
recobrem outras regiões do tubo neural, constitui-se assim, os hemisférios
cerebrais. Formando também as células pertencentes ao SNC.
Segundo Cernach (2011), durante esta evolução, também na sétima
semana, a camada mais profunda que reveste a cavidade das vesículas
telencefálicas, chamada matriz germinal, começa a se separar da camada mais
superficial com a formação de uma zona intermediária de baixa densidade de
células, que se tornará a substância branca, onde as informações neurais
serão processadas. Depois da diminuição da proliferação de neurônios, estes
desenvolverão características morfológicas típicas como diferentes
prolongamentos, que originarão os dendritos e axiônios. Desse modo, através
desses prolongamentos que os neurônios começarão a estabelecer sinapses e
ligações com outras células. Por sua vez, essas ligações possibilitam
comunicação entre as células e permitem a passagem de informação neural,
neste momento ocorrem os primeiros movimentos espontâneos do embrião.
Com oito semanas, o feto flexiona e estende a coluna vertebral; com
nove semanas movimenta os membros de forma independente e com treze
semanas já tem o ato de sucção.
A grande ma
em local diferente daq
Cernach (2011), sendo
processo de migração
do local da sua última
cerebral. Ao longo des
distintas, seguindo os
responsáveis pelos sin
com outras áreas cortic
do SNC como tronco e
dois eixos de acordo co
·Radial: Os neurônios
para se deslocar em dir
·Tangencial: Migração
permitindo a passagem
outro.
Figura
Inicialmente
proliferação celular inte
de maioria de neurônios enquanto se desenv
e daquele onde permanecerá em um cérebr
sendo obrigados a se deslocarem até o des
ração neuronal compreende o deslocamento
ltima divisão mitótica até a a sua localização
o dessa migração, o córtex se organizará em
o os tipos de neurônios, tais quais: camad
os sinais sensoriais; camadas 3 e 4 estabel
corticais e camadas 5 e 6 enviam sinais par
nco e medula. A migração também pode ser
rdo com o sentido e o movimento das células:
ônios nascidos na zona ventricular utilizam a
em direção ao córtex.
ração predominantemente paralela à sup
sagem de neurônios de um compartimento
5: HAERTEL, 2014, p.12.
ente a superfície dos hemisférios é lisa,
r intensa formam-se depressões e elevações
17
esenvolvem é gerada
érebro adulto, indica
o destino final. Esse
ento do neuroblasto
ização final no córtex
rá em seis camadas
camadas 1 e 2 são
stabelecem conexões
is para outras partes
e ser classificada em
lulas:
izam as células glias
superfície cortical,
ento cerebral para o
lisa, porém com a
ações, isto resulta em
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um crescimento do córtex. Os sulcos mais pronunciados dividirão o cérebro
em:
·Lobo frontal: Responsável por funções cognitivas mais elaboradas;
·Lobo parietal: Recebe e processa informações sensoriais e espaciais;
·Lobo temporal: Ligado às emoções, memória, audição e processamento de
informações sonoras e visuais;
·Lobo occipital: Centro das funções mais básicas, como percepção e
processamento visual.
Após a migração dos neurônios até o seu destino, estes passarão
por alguns processos que irão culminar no alinhamento e orientação neuronal,
assim encaminhamentos de dendritos e de axiônios serão feitos e os contatos
sinápticos serão estabelecidos. Na décima semana as sinapses ainda são
imaturas, só entre a décima nona e a vigésima quinta semana que começam a
ocorrer as ligações sinápticas no córtex. É importante salientar que durante
todo o desenvolvimento do encéfalo é primordial que as ligações sejam
precisas para sustentar as necessidades de um organismo em constante
transformação. Desse modo, estabelecem-se as ligações apropriadas e
descartam-se as errôneas.
Após a migração, os neurônios jovens irão adquirir as características morfológicas e bioquímicas próprias da função que irão exercer. Começam a emitir seu axônio que tem que alcançar seu alvo às vezes em locais distantes e aí estabelecer sinapses. A diferenciação em um ou outro tipo de neurônio depende da secreção de fatores por determinado grupo de neurônios que irão influenciar outros grupos a expressar determinados genes e desligar outros. Fatores indutores, ativando genes diferentes em diversos níveis, aos poucos vão tornando diferentes as células que inicialmente eram iguais. (HAERTEL, 2014, p.11)
A partir dos seis meses de vida no útero, os neurônios se organizam
e as membranas das células, começam a formar uma bainha de gordura e
proteína, mais conhecida como bainha de mielina. Este processo aumenta em
até 100 vezes a velocidade de transmissão de impulsos nervosos. Além disso,
ele acontece primeiro
córtex frontal.
O onépceregresossinco
Na vigésima
estímulos de luz, som e
por todo o corpo. E som
forma independente.
Figura 6: MO
É de suma
desenvolvimento do c
canalizador da apren
eiro na parte posterior do cérebro e segu
O processo de mielinização é considerado o fiontogenética do sistema nervoso.[...] Ele sépocas diferentes e em áreas diferentes do central. A última região a concluir este procesregião anterior do lobo frontal do cérebro (responsável pelas funções psiquicas superioreos 15,17 anos, quando inicia o processo dsinapses. O processo de mielinização no lobconcluído próximo aos 30 anos. (HAERTEL, 2
ésima quarta semana, o feto já é capaz d
som e dor. Assim como, na vigésima sexta é
E somente a partir do sétimo mês a respiraçã
MOORE, 2012, p. 415.
suma importância que se conheça esse
do cérebro como um todo, muitas vez
aprendizagem é menosprezado quanto à
19
segue no sentido do
do o final da maturação Ele se completa em s do sistema nervoso
processo é o córtex da bro (área pré-frontal), eriores. Ela cresce até sso de eliminação de no lobo frontal só está EL, 2014, p.11 e 12)
paz de responder à
xta é sensível ao tato
piração é mantida de
esse processo de
vezes este órgão
to às condições e
20
singularidades do ser humano. As situações ambientais e adversidades que
acontecem durante uma gestação e formação do indivíduo devem ser levadas
em conta no processo cognitivo em sua totalidade. Com essas informações,
existe a possibilidade de investigação e atuação sobre as potencialidades dos
seres humanos, para que estes possam ser trabalhados tanto no âmbito
terapêutico como no neurológico, culminando em aprendizagens significativas.
21
CAPÍTULO II
ATRIBUIÇÕES PSÍQUICAS AO PERCURSO CEREBRAL
Este capítulo tem como foco principal, demonstrar através de
estudos relativos ao desenvolvimento psíquico no estágio intra uterino e suas
possíveis atribuições relacionadas ao processo de desenvolvimento cerebral.
Segundo Coelho (2013), a teoria winnicottiana contribui de forma
significativa para o entendimento psíquico do feto e de sua mãe no processo de
gestação. Winnicott "introduz a ideia de uma relação objetal subjetiva que
caracteriza o desenvolvimento emocional inicial durante a gestação."
(COELHO, 2013. p. 109)
Quando começam a ocorrer coisas importantes? Por exemplo, teríamos que considerar aqui também a criança ainda não nascida? ... Minha opinião baseia-se na grande diferença que pode ser observada entre os nascidos de parto prematuro ou pós maduro. Sugiro que ao final de nove meses de gravidez o bebê torna-se maduro para o desenvolvimento emocional, e que, se o bebê é pós maduro, ele atingiu esse estágio ainda no útero, forçando-nos a considerar nossos sentimentos antes e durante o nascimento. Por outro lado, um bebê prematuro não vivencia muitas coisas importantíssimas até alcançar a época em que deveria nascer, isto é, algumas semanas após o parto. Seja como for, há aqui algo que merece ser discutido. (WINNICOTT APUD COELHO, 2013. p. 110).
Desse modo, Winnicott propõe certas reflexões sobre o
desenvolvimento do feto e sua vida no útero. Demonstrando sua perspectiva
sobre um possível desenvolvimento afetivo e emocional dentro do útero, e não
apenas fases biologicamente marcadas das quais estamos cientes, tais quais
foram pontuadas no capítulo anterior. A questão ativa dentro desta visão
consolida-se através da capacidade desta experiência ativa antes do
nascimento.
Não é necessário decidirmos em que momento preciso o feto se torna uma pessoa, a ser estudada psicologicamente... A única pergunta é: em que idade o ser humano começa a ter experiências? Devemos presumir que, antes do parto, o bebê já seja capaz de reter memórias corporais, pois existe uma certa quantidade de evidências de que a partir de uma data
22
anterior ao nascimento, nada daquilo que um ser humano vivencia é perdido. (WINICOTT APUD COELHO, 2013. p. 111).
Coelho (2013) aponta que Winnicott acredita que a relação da
psicologia do bebê é indissociável da mãe e do ambiente em que vive. O autor
diz que esta relação pode acontecer de duas formas, a primeira delas de forma
espontânea, caracterizada pela parte do processo vital, com as funções
pertinentes ao corpo, tais como a respiração e os batimentos cardíacos. A
segunda, parte de um processo reativo à intrusão ambiental, assim, o indivíduo
reage à um estímulo que não faz parte do processo corporal de que faz parte.
Desse modo, pode-se observar que os estímulos corporais e ambientais já
começam a fazer parte de uma gama de experiências do feto. Contudo,
Winnicott ressalta que tais experiências só ganham validade na vida psíquica,
se a integridade neurológica estiver preservada.
Com o desenvolvimento do cérebro enquanto órgão em
funcionamento inicia-se a estocagem de experiências; as memórias corporais,
que são pessoais, começam a juntar-se para formar um novo ser humano.
Existem boas evidências de que os movimentos do corpo na vida intrauterina
são significativos, e é plausível que, de um modo silencioso, a quietude
vivenciada naquele período também o seja. (WINNICOTT APUD COELHO,
2013. p. 113).
Assim, observa-se a importância dos momentos de movimentação e
quietude do feto, pois estes caracterizam-se pela compreensão da base
somática do bebê que constitui a base da psiqué do ser humano. Desse modo,
Coelho (2013) mostra os quatro estados comportamentais do feto, sendo eles:
sono tranquilo, sono ativo, vigília tranquila e vigília ativa. Contudo, a autora
postula que Winnicott em suas pesquisas, propõe um quinto estado, antes não
observado em ultrassonografias: o choro. Com tais abordagens, é possível
supor que o feto produz em sua vivência intrauterina respostas motoras para
estímulos ambientais externos e internos. Assim, tais respostas começam a ter
certa continuidade e consonância ao estímulo feito, tal processo consolida-se a
partir do momento em que o indivíduo começa a ter capacidades pertinentes à
retenção de memórias absorvidas do ambiente.
23
... o feto humano de 32 semanas é capaz de perceber, habituar-se e desabituar-se a um estímulo externo. A partir dessas observações, o pesquisador sustenta a premissa de que as áreas do sistema nervoso central do feto, cruciais para a percepção e discriminação de informação e para a aprendizagem da memória, foram desenvolvidas antes do terceiro trimestre da gestação. (COELHO, 2013. p. 116).
Neste âmbito, a discussão da contribuição da formação de um
cérebro saudável em conjunto com os estímulos adequados, não ajuda só na
formação intrauterina, mas também nos primeiros contatos e vivências sociais
no mundo ao seus redor.
Segundo Cunha (2013), se um bebê da faixa etária de 0 a 3 anos,
recebe de seus pais cuidados adequados às suas demandas, estes
possibilitarão a formação e memórias afetivas positivas, inundando seu cérebro
de neurotransmissores endorfínicos. Contudo, se, por acaso seu
desenvolvimento estiver ambientado em situações de stress, culminará em alta
de cortisol, diminuindo seu sistema límbico e desorganização do estado de
homeostase de seu corpo e sua mente.
A questão que aparece diante de tais afirmativas, é caracterizada
pela possível sequência de interações entre o genoma e o ambiente e sua
relação entre um cérebro imaturo e um maduro. Existem então, quatro
princípios demonstrados por Cunha (2013) que nortearão essa indagação, são
eles:
- Primeiro princípio: O crescimento cerebral acontece em períodos críticos e
tem influência do ambiente. Este princípio é ancorado em estudos de Jean
Piaget, baseado em observação clínica e apoiado na epistemologia genética.
Dessa forma, a comparação da mudança de peso cerebral de um
recém-nascido e um bebê de 12 meses é radical. Enquanto um recém-nascido
tem um cérebro que pesa 400g, o bebê de 12 meses tem mais do que o dobro
disso, 1000g. Esse crescimento drástico que acontece em um curto espaço de
tempo, ocorre em um período crítico e é o mais suscetível à estimulação social.
As áreas corticais que amadurecem mais tarde e que são sede da linguagem articulada, do raciocínio lógico e das demais habilidades cognitivas dependem do amadurecimento
24
adequado desta área do córtex límbico órbito frontal direito que é o que permite o bebê a comunicação pré-verbal através da linguagem. (CUNHA, 2013. p.282).
- Segundo princípio: O cérebro do bebê desenvolve-se em estágios e torna-se
organizado de forma hierárquica. As pesquisas ainda são raras e pouco
específicas no que dizem respeito à este princípio.
Contudo, estudos neurobiológicos apontam que o cérebro
desenvolve-se em estágios sutis e que a sequência não é contínua e linear,
mas que existe uma relação intrínseca entre este desenvolvimento e o tipo de
cuidados e relacionamentos que o bebê tem acesso. Cunha (2013), ressalta:
Há uma estreita simetria entre o desenvolvimento da estrutura neural e o comportamento vincular entre mãe e bebê. E a área cerebral que mais se desenvolve é a do córtex pré-frontal que corresponde à região pré-frontal direita tão estudada na tese de Damásio (1994), John Hughlings Jackson (1931) e Martin (1998), baseados na teoria da evolução e na investigação neuropatológica, desenvolveram trabalhos sobre a importância do crescimento do cérebro em estágios hierarquicamente organizados e a epigenética. (CUNHA, 2013, p. 283).
- Terceiro princípio: Os sistemas genéticos que programam o desenvolvimento
do cérebro são ativados e influenciados pelo ambiente pós natal. Segundo
Cunha (2013), o potencial genético do indivíduo tem expressão consolidada
através do DNA e tais efeitos genéticos aparecem aos poucos durante o
desenvolvimento do ser humano, tornando-se bem aparentes no segundo ano
de vida. Afirma-se que pesquisas do âmbito genético revelam que certas
estruturas inatas, geneticamente programadas e subjacentes a funções
psicológicas adaptativas, necessitam de ambiente especial no início da vida
para se manifestar.
- Quarto princípio: O ambiente social se modifica em cada estágio da infância e
induz à reorganização das estruturas cerebrais. Cunha (2013) cita que este
estudo demonstra que o ambiente social pode se modificar nos diferentes
estágios da infância , especialmente nos dois primeiros anos de vida. Desse
modo, a função da mãe se transforma de indivíduo cuidador para indivíduo
socializador. Esta transição delicada está relacionada às modificações
25
anatômicas do cérebro, ligadas ao processo de organização do cérebro e a
desorganização/reorganização das redes neurais adequadas para cada etapa
do desenvolvimento humano.
Cauduro (2013) afirma sobre o sistema psicológico humano que é
"compreendido como a epigênese de um sistema dinâmico que obtém a
estabilidade por meio de processos autorreguladores durante sua evolução ,
assenta-se no estado inato de receptividade dinâmica para interações
eu/outro." (p. 289).
Esta necessidade infantil tem sua origem no desenvolvimento e integração dos sistemas cerebrais, receptores e efetores corporais, que são formados antes do nascimento. Os bebês, ao nascerem, apresentam considerável individualidade, são sensíveis aos estados afetivos do outro e mobilizam respostas em seu meio ambiente. Tal capacidade requer m grau significativo de intercoordenação pré-funcional entre o cérebro e o corpo. Atualmente, existe grande evidência que a organização do cérebro do neonato é altamente dependente da estimulação dos cuidadores, e que estas interações, quando validadas por experiências adequadas , constituem um regulador da epigênese social da mente infantil. (CAUDURO, 2013. p.289).
Pode-se observar então, que de acordo com as perspectivas
expostas anteriormente, as experiências adequadas são de suma importância
tanto no processo de desenvolvimento cerebral, como na importância de uma
pessoa no papel de protagonista de cuidador primário (mãe) com habilidades
específicas no que condiz à decodificação e entendimento das pistas não
verbais concedidas pelo bebê. Assim como, este indivíduo deve conter
características de um ser responsivo que está atento às necessidades do bebê
e comprometido no estabelecimento de um vínculo seguro.
Essas experiências, segundo Cauduro (2013), as primeiras
interações do bebê com seu cuidador podem ajudar no desenvolvimento de
estruturas que se autorregulam e estão localizadas na região córtico- límbica,
que tem como função, a autorregulação emocional. Esta habilidade,
desenvolvida ao longo da vida, é responsável pelo controle de estados internos
e/ou respostas relacionadas aos pensamentos emoções, atenção e
desempenho.
26
Os mecanismos neurais que sustentam os processos regulatórios podem ser os mesmos que fundamentam os processos cognitivos superiores. Existem processos complexos pelos quais a emoção relaciona-se à cognição e ao comportamento, que, consequentemente, interferem no processo de desenvolvimento. A autorregulação emocional que desempenha um papel central na socialização e no desenvolvimento do comportamento moral, depende do desenvolvimento do córtex pré-frontal; está associada ao desenvolvimento de diferentes estratégias de adaptação durante as etapas subsequentes do ciclo vital. (CAUDURO, 2013. p.290).
Neste âmbito, é possível afirmar, segundo Cauduro (2013) que
bebês que passam por situações de risco e/ou negligência acabam
apresentando predisposição à violência na idade adulta. Assim como aqueles
que são abandonados e/ou separados do vínculo materno, correm riscos na
regulação psicobiológica e neuroquímica no que diz respeito ao
desenvolvimento cerebral. Isto acontece devido a falta de interações
adequadas à vida infantil, já que a mãe caracteriza-se por mediadora de
situações socioemocionais do ambiente, essas interações alteram os níveis da
atividade cerebral e exercem papel fundamental no fortalecimento de
processos do sistema límbico.
A experiência emocional positiva (formação do vínculo) ou negativa (negligência, maus tratos, separação ou perda do cuidador primário) pode esculpir um traço permanente no desenvolvimento da rede neural com conexões sinápticas ainda imaturas e, desta forma, promover ou limitar a capacidade funcional do cérebro em outras etapas da vida. (...) o período neonatal pode ser especialmente de alto risco devido à contínua proliferação das células neuronais, do desenvolvimento das vias neurais e maior dependência dos cuidadores. Seus achados mostram que, no início da vida pós-natal, os bebês apresentam mudanças comportamentais e neurobiológicas em resposta à depressão materna, e que os efeitos desta maternagem inadequada podem ter consequências duráveis, constituindo um risco para o desenvolvimento de psicopatologias. (CAUDURO, 2013. p.291).
Ainda segundo Cauduro (2013), a relação mãe- bebê não diz
respeito somente ao nível emocional, mas também à tendência biopsicossocial,
27
onde várias instâncias do desenvolvimento se entrelaçam de forma irrefutável.
Esta perspectiva permite estabelecer um eixo entre a teoria winnicottiana e a
neurociência, visando que Winnicott mostra que a mãe é o indivíduo capaz de
se envolver emocionalmente, escutando e acolhendo o bebê quando se faz
necessário. E, por outro lado a neurociência que define a mãe como cuidador
sensível que tem capacidade de estabelecer uma sincronia na relação com o
bebê. Sincronia esta, que é diretamente responsável pela primeira formação de
vínculo pós-natal entre o cuidador primário e o bebê. Definindo um fluxo de
interatividade postulado por repetições rítmicas, pelo compartilhamento de
estados afetivos, pela decodificação que são feitas pelos cuidadores, com o
intuito de comunicação através de diferentes canais sensoriais.
Quando o bebê nasce, está dotado de uma tendência inata para buscar proximidade frente a adaptação materna aos sinais infantis, estruturando a primeira situação infantil humana de interação temporalmente compartilhada, pois o comportamento materno pós-parto é a primeira experiência infantil de contingência social. Esta experiência promove as condições necessárias para a organização e desenvolvimento do sistema nervoso. (CAUDURO, 2013. p.295).
Dessa forma pode-se analisar, a relação intrínseca e profunda
contida nos diversos processos relacionados tanto ao desenvolvimento
cerebral, quanto ao psíquico. Como esses entrelaces estão altamente
correlacionados no que diz respeito aos fatores internos e externos do
ambiente. Os estímulos caracterizam-se como importantes fatores das diversas
áreas do desenvolvimento, já que como o mostrado anteriormente, o indivíduo
tem capacidades variáveis que seguem um caminho pertinente aos estímulos
que lhe são oferecidos e as demandas supridas.
28
CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO: DO ÚTERO PARA A VIDA
Este terceiro capítulo tem como principal objetivo demonstrar como
os processos de estimulação acontecem dentro do útero e logo após a
chegada no mundo. Algumas atividades rotineiras podem caracterizar-se como
essenciais para o desenvolvimento do cérebro e suas atividades cognitivas
como um todo.
Quando é mencionada a expressão "Educação pré-natal",
geralmente ela não está relacionada à aprendizagem do feto ainda no útero.
Esta é mais popularmente conhecida como a aprendizagem da mãe à saúde
gestacional e vinculada aos cuidados primários que serão desencadeados com
a chegada do bebê.
Contudo, neste capítulo, o termo "educação pré-natal" estará
intimamente relacionado às capacidades de aprendizagem do bebê ainda no
útero e suas habilidades em captar estímulos internos e externos para sua
própria formação como um novo ser humano no mundo.
Estudos indicam que os fetos, ainda que precocemente tem a
capacidade de perceber e memorizar alguns tipos de estímulos. Segundo
Rolnik (2011), a primeira capacidade a se desenvolver é a cutânea isto é,
nervos e músculos já apresentam algum tipo de estímuloXresposta entre 6 e
sete semanas de gestação. Assim, demonstram tendências de afastamento e
aproximação de objetos que tocam seu corpo, a percepção de frio e calor,
acontece logo após, em torno da décima semana.
No que concerne à audição, pesquisas citadas por Rolnik (2011),
apontam resposta à estímulos sonoros a partir da vigésima quarta semana de
gestação, assim começa o reconhecimento da voz materna e a movimentação
de acordo com o ritmo da fala da mãe. Atenta-se também para respostas de
repelir sons vigorosos com movimentos de sobressalto e aceleração do ritmo
cardíaco; assim como o acolhimento de efeitos sonoros leves e musicais com a
desaceleração cardíaca.
29
Quayle (2011) indica que a estimulação acústica é rica no ventre
materno, o feto recebe estímulos infindáveis de ruídos do corpo da mãe e
também de níveis externos. Entre a trigésima sexta e a trigésima nona semana
o feto é capaz de distinguir entre dois interlocutores a voz feminina da
masculina. Por isso, o indício de que a criança se acalma ao ouvir palavras
tranquilizantes ao som da voz de sua mãe ou até mesmo ao ser acalentado ao
ouvir os batimentos cardíacos dela.
Pesquisas em animais e em humanos com microfones no interior da cavidade uterina mostraram que o feto recebe grande quantidade de estímulos sonoros, provenientes da circulação da mãe e de seus batimentos cardíacos, além da passagem de ar no interior do intestino. Sons relativos à fala materna ou de outros indivíduos e ao ambiente também puderam ser captados. (ROLNIK, 2011, p.20.)
Rolnik (2011) também comenta sobre a capacidade de sentir gostos
e descriminar diferentes sensações gustativas, tais afirmativas foram
comprovadas diante de um estudo do pesquisador Albert Liley verificando por
ultrassonografia que a deglutição aumentava diante de injeções de sacarina no
líquido amniótico e diminuíam frente à substâncias de gosto amargo, essas
respostas sensoriais podem ser percebidas a partir do o quarto mês de
gestação.
Diante da possibilidade visual Rolnik (2011), diz que os fetos
apresentam sensibilidade diante deste estímulo desde a décima sexta semana.
A percepção da luz acontece através da parede abdominal materna e causa
atividades motoras como resposta. Foi relatada também, movimentação ocular
desde as fases iniciais da gestação e esta reflete um padrão específico que
trabalha em conjunto com a respiração, mostrando a integridade do sistema
nervoso central.
O aumento da frequência cardíaca e da movimentação fetal durante procedimentos invasivos, como transfusões e cirurgias intrauterinas sugere que esses estímulos são dolorosos para o feto e exigem doses de sedativos relativamente altas. Sabe-se, também que a densidade de suas terminações nervosas livres é maior que nos adultos, sugerindo que o recém nascido é mais suscetível à dor. (ROLNIK, 2011, p. 20)
30
Rolnik (2011) comenta que não existem evidências comprovadas
sobre a distinção de odores durante a gestação, contudo existem pesquisas
feitas com animais que apontam a presença de sensibilidade olfativa nesses
espécies, o que reforça a hipótese que o mesmo pode acontecer com fetos
humanos em sua vida intra-uterina.
As possibilidades motoras também são possíveis, considera Rosnik
(2011), podendo ser espontânea em padrão cíclico, já sete semanas após a
concepção. Apesar disso, as gestantes só começam à senti-la entre a décima
sexta e a vigésima primeira semana.
Ela pode estar relacionada ao padrão de ciclo vigília-sono do feto; nas últimas semanas de gestação, ele tende a dormir nos mesmos horários em que a gestante. O nível de atividade aumenta quando a mãe encontra-se sob stress ou após a ingestão de grande quantidade de carboidratos, e diminui quando ela ouve música relaxante ou depois de consumir álcool ou cigarro. A atividade motora fetal tende a aumentar até a 32ª semana e então diminui progressivamente até o dia do parto. (ROLNIK, 2011)
As afirmativas mostradas por Rolnik (2011) apresentadas confirmam
a possibilidade de que esses estímulos sensitivos promovem o
desenvolvimento cerebral do feto, indicando uma maturação neuronal,
aperfeiçoamento dos movimentos reflexos e aumentando o fluxo sanguíneos
para o sistema nervoso central. O grande estudo atual, relaciona-se com o
aprendizado observado através de memorização de estímulos, testados
através de habituação, o condicionamento clássico e o aprendizado pós-
exposição.
Mais recentemente, um estudo semelhante associou relaxamento materno (estímulo incondicionado) com música (estímulo condicionado) e observou que, após a estimulação pareada, os fetos que ouviam música começavam a se movimentar e, depois do nascimento, paravam de chorar quando eram submetidos ao mesmo estímulo musical. Fato interessante e curioso, entretanto , é que situação semelhante foi observada em fetos anencéfalos, portadores de mal-formação congênita que consiste na ausência de massa encefálica. Não se sabe ao certo por que isso ocorre. Em tese, é justamente o encéfalo - ausente nesses fetos - que controla a interação com o meio externo e as funções cognitivas superiores. A hipótese levantada é que, no caso desse
31
experimento, a resposta foi produzida por uma região cerebral mais primitiva, a "ponte" (responsável pelo controle do centro respiratório, por exemplo), neles presentes. (ROLNIK, 2011, p.22)
O autor também aponta que algumas pesquisas trabalham com a
relação de familiaridade dos estímulos ofertados ao feto antes e após o
nascimento. Tais como a voz da mãe e de mulheres desconhecidas, maior
atenção durante programas assistidos durante a gravidez, trazendo à tona
percepções antes não estudadas. Evidenciam também, a capacidade de
memorização de odores, contudo esta não foi gerada pelas vias olfativas, mas
por quimiorreceptores situados em outra parte do cérebro.
Apesar desses aprofundamentos serem de grande valia para os
estudiosos e as evidências serem significativas no âmbito científico, não se
sabe ainda em que momento da gestação essas capacidades aparecem.
Existem crenças de que a habituação já esteja presente na vigésima segunda
semana e o condicionamento com apenas dez semanas. Relatos apontados
por Rolnik (2011) revelam que esta habituação esteja intimamente relacionada
à memória de curto prazo, enquanto o condicionamento e o aprendizado pós-
exposição estejam associado à memória de longo prazo. No entanto, postular a
duração da memória desses eventos ainda é um desafio. Um questionamento
frequente no comunidade científica procura evidenciar as funções dessa
aprendizagem ainda dentro do útero, por um lado pode ser apenas um
processo de maturação do sistema nervoso central, ou pode caracterizar-se
como fator imprescindível com função prática para garantir a adequação do
recém nascido ao meio externo.
É bem provável que o correto funcionamento da memória fetal seja essencial ao desenvolvimento adequado das estruturas do sistema límbico (responsável pela emoção, pela memorização e pelo aprendizado) e de outras partes do sistema nervoso central. Pode ser importante também para que o recém nascido reconheça a mãe de forma adequada, sendo suscetível aos seus estímulos ( que percebe como familiares desde a vida intrauterina, embora o feto ainda não seja capaz de reconhecê-los como provenientes de "sua mãe"). (ROLNIK, 2011, p.23)
32
Quayle (2011), diz que de acordo com estudos em comportamentos
fetais transcritos desde 1971, pode-se considerar que fetos não são de
nenhuma forma passivos, já que interage com seu meio diante de atividades
internas que o preparam para a vida fora do útero materno. Assim, o
desenvolvimento do sistema nervoso central atua de forma incisiva na
associação entre esses dois ambientes, indicando que padrões de
comportamentos observados em recém nascidos não surgem apenas na vida
extrauterina.
A partir dessas afirmativas relativas às respostas aos estímulos,
surgem questionamentos sobre a formação da personalidade e da consciência
desse indivíduo. Existem sentimentos de medo e abandono nesta fase? Quayle
(2011) cita que segundo alguns estudiosos psicanalistas o feto consegue
experimentar sentimentos de caráter fisiológicos, como temor e ansiedade que
são liberados pela catecolamina no sangue materno. Considerando esses
aspectos, afirma-se que o feto pode expressar sentimentos de agrado e
desagrado através da movimentação que produz, sendo assim movimentos
bruscos e pontapés mostram desagrado.
A partir de tais afirmativas, propõe-se o pensamento de que existe
um meio social que insiste em corroborar a ideia de indivíduo sem experiências
ao chegar ao mundo. Ao tratar o feto como indivíduo desde a vida intrauterina,
é possível desencadear processos cognitivos, comportamentais e biológicos
que os ajudarão mais tarde a moldar o mundo a sua volta. Trata-se de uma
prévia do mundo externo que está por vir , os autores citados acima apontam
que a leitura, a música, a comunicação, a alimentação, dentre outros afetam
positivamente ou negativamente o bebê que ainda está no útero, contudo este
já carrega consigo representações maternas e experiências internas vindas
desde sua concepção.
Ao tratar deste assunto, é imprescindível apresentar alguns aspectos
da vida externa que este bebê passará e suas implicações advindas do período
pré-natal. O primeiro passo de ruptura, é o parto, momento decisivo em sua
vida e de sua mãe.
33
O parto é um ato violento, mesmo quando tudo se passa como o previsto. Violento para a mãe, física e psiquicamente. Seu corpo se esvazia, de um só golpe, de uma criança que ela carregava há nove meses e que a transformou consideravelmente. Violento para a criança que chega a um outro universo, diferente daquele que ela conhecia até então (um universo aquático, sonoro mas na surdina, com temperatura quente e constante, onde ela possuía , ao alcance da mão, tudo o que necessitava e, antes de tudo, a sua mãe!), violento para o pai quando ele o assiste. (THÉVENOT, 2004, p. 29)
Segundo Thévenot (2004), antes do bebê tocar os objetos, ele
experimenta o mundo com a boca, explora o mundo a sua volta com a boca.
Instrumento que dentro do útero já envolvia aspectos de experimentação de
gustação. Assim, questionamentos surgem sobre este ação vista como “inata”
por alguns, talvez não haja intencionalidade, contudo existe uma experiência
anterior que muitas vezes não é considerada.
Entre quarenta e cinco e sessenta dias de gestação, é apenas um embrião e já se exercita abrindo a boca e mostrando a língua. Com três meses, já um feto, a maturação de suas funções renais ajusta ainda seu mecanismo de sucção e de deglutição. Ele pode beber então até um terço do líquido amniótico no qual está imerso, que ele rejeita em seguida ao urinar, para bebê-lo novamente, cuspindo-o assim sucessivamente. Uma atividade de titã que o ocupa entre três e quatro horas por dia, e que ele compensa com um sono bem merecido durante o resto do tempo. (THÉVENOT, 2004, p. 56)
Outro aspecto a ser destacado é a alimentação, segundo Thévenot (2004),
“alimentar-se é colocar em ação seu desejo de viver, mas também criar uma
relação com o outro e entrar no universo da troca.” (p. 56). Pode-se destacar
ainda o vínculo de comunicação estabelecido entre a mãe e o bebê, a nutrição
neste caso é afeto, relação e comunicação, caracteriza-se como a
concretização do que muitas vezes a mãe idealizou e o feto ensaiou dentro do
útero, tendo intencionalidade ou não.
Outro ponto que merece destaque é o “carregar”, mostrado por
Thévenot (2004), a mãe que carregou aquele bebê durante vários meses, o
levará no colo até que este possa de forma efetiva, movimentar-se por si
mesmo. Desse modo, enquanto carregado, vincula-se aos demais e conforme
34
o tempo passa, afasta-se cada vez mais do colo seguro que o carrega. Assim,
“totalmente dependente de sua mãe que o alimenta, o troca, o lava, o faz
dormir,conversa com ele, é sempre de seu comportamento que vem a solução
para a criança. Ela é, durante meses, sua ‘passarela’ quase exclusiva com este
novo universo”. (p.90). Percebe-se que este vínculo que antes era intrauterino,
ainda perdura na instância extrauterina, no que condiz a satisfação das
necessidades básicas do bebê, a mãe ainda é para ele, a resolução das
angústias na vida externa.
A mãe continua, então, a carregar seu filho muito depois de tê-lo levado na barriga e colocado no mundo. Ainda que o parto constitua um instante de ruptura, para ambos, para que haja seu desenvolvimento pessoal físico e psíquico como homem (que pode ser medido por meio de todos os aprendizados da criança, do nascimento, até três anos de idade: o andar, a linguagem, o jogo, a limpeza, o sono), para a relação futura que se instala entre esses dois indivíduos e os outros, é fundamental que essa relação dual mãe/filho continue a funcionar através do que se pode chamar de um “diálogo” que não passa necessariamente pela palavra. (THÉVENOT, 2004, p.91)
Essa separação materna constitui fisicamente pelo ato de andar,
Thévenot (2004) aponta que este é um marco importante que muda as
relações da criança com o mundo, pois esta relaciona-se com os pares e
diferentes ambientes e objetos sem ser necessário o intermédio da mãe. Ponto
crucial para sua constituição como sujeito de suas ações.
Observa-se com atenção após o estágio de andar, a importância do
brincar para a constituição do eu. Thévenot (2004) compara o cérebro de uma
criança à um canteiro de obras, onde as fundações são edificadas para o
futuro.
Observemos o cérebro. No homem, ele contém em torno de cem bilhões de neurônios, ao passo que o cérebro do chimpanzé avizinha-se apenas dos seis bilhões... Antes do nascimento, os neurônios comportam somente algumas centenas de conexões (...) Mas a partir do momento em que o bebê nasce, ele se coloca em ação. Seu cérebro se transforma em uma incrível usina química. Ele organiza milhares e milhares de conexões entre neurônios. A mínima fibra se cobre de um isolante – a mielina – que permite que o influxo que a atravessa não seja difundido para as fibras vizinhas. (THÉVENOT, 2004, p.140)
35
Thévenot (2004) conduz a discussão, demonstrando que o brincar é
um terreno privilegiado para as experimentações, que darão início às conexões
cerebrais e as repetições que servirão de base para as funções cognitivas
superiores. A autora vai além, quando menciona que a brincadeira é o primeiro
balbucio da criança, olhar a criança brincando, revela pensamentos,
percepções, ideias e imaginário, pois neste momento demonstra tudo o que é e
o que aprendeu até aquele momento. A movimentação do seu corpo, a
expressão, a atividade muscular causam prazer, pois é um exercício que exige
equilíbrio, concentração, coordenação e precisão. Através dessas vivências a
criança toma consciência de suas próprias capacidades. Dessa forma, o
movimento é, “consequentemente, o fator essencial na construção da
inteligência que se nutre e vive dos conhecimentos obtidos no ambiente
exterior.”(p. 149)
Muito próxima da sensação, a brincadeira é a linguagem universal da infância. A prova disso é que, se a brincadeira não aparece, algo grave está acontecendo. A criança que não brinca, preocupa, com razão, aqueles que a cercam.(...) Do mesmo modo, os problemas afetivos de uma criança se revelam em seu comportamento lúdico, quer seja com relação ao próprio brinquedo, sobre o qual ela despeja por exemplo a sua agressividade em lugar de lançá-la sobre si mesma, quer seja com relação a seus camaradas de jogo, com os quais ela terá um comportamento agressivo, confiscador, colocando um fim então ao cerimonial do jogo organizado. O jogo não é um comportamento específico, mas cria uma situação na qual esse comportamento toma uma significação específica. (THÉVENOT, 2004, p.149)
Dentre autores destacados, evidencia-se Piaget citado por Thévenot (2004),
onde ele diz que Jean Piaget ajustou um método ativo que dá um lugar à
pesquisa espontânea da criança, demonstra então a riqueza de um meio
construído com estímulos adequados, tal ambiente incitará a curiosidade e a
criatividade. Um ambiente pensado integralmente para a criança e com o
objetivo de desenvolver habilidade constitui um ganho imenso para as
possíveis conexões que farão no futuro.
Pois a cada maturação de uma nova função, introduz-se uma ruptura na organização previamente existente. A
36
função que passa a preponderar começa um remanejamento geral das condutas anteriores. É o que chamamos de princípio de integração, que rege a passagem de cada estágio ao estágio seguinte. Acontecem então oscilações, conflitos, crises, sentimento de regressão que muitos pais descrevem, pois nem sempre as coisas acontecem facilmente, sem provocar situações de fracasso. (THÉVENOT, 2004, p. 161)
Acredita-se que com essas discussões fundadas em aspectos da
vida extrauterina, incite uma evolução nos estudos, não só no âmbito da
psicologia e da pscicanálise, mas também ao âmbito da pedagogia e da
neurociência pedagógica para que o feto seja visto como sujeito e como ser
com funções biopsicossociais, aquele que tem não somente desenvolvimento
biólogico, mas também, indivíduo reagente à estímulos sensoriais que
possivelmente determinarão aquilo que será após o parto em sua vida externa.
No futuro, pesquisas que revelem aspectos da fase pré-natal, poderão ajudar
no âmbito interno à prevenção de falhas e dificuldades do feto e da gravidez.
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CONCLUSÃO
O cérebro passa a impressão de um órgão poderoso, e realmente é,
contudo a passagem das informações, o trabalho em conjunto com os outros
órgãos, a seleção de estímulos e a adequação dos processos fazem dele ainda
mais grandioso do que possa parecer.
Tudo aquilo que o ser humano pensa e faz, passa por ele, através
do raciocínio ou de processos automatizados. Conhecer o processo de
desenvolvimento dele na vida intrauterina demonstra como seu estudo é
relevante para a atualidade. Questões que vêm à tona e dizem respeito à
aprendizagem, dificuldades, hábitos e atitudes estão diretamente ligadas às
funções que ele exerce.
Dessa forma, caracteriza-se como imprescindível conhecer o outro
lado da moeda: “a mente”, saber que o estado psíquico influência tanto
positivamente quanto negativamente na personalidade do indivíduo, mesmo
que este não tenha nenhum problema biológico demonstra a grandeza das
experiências da vida de cada um, mesmo que ainda esteja na vida intrauterina.
Esse processo de fortalecimento das sinapses e da passagem das informações
não dependem somente de um estado físico e biológico, mas também
perpassam pelos aspectos psíquicos, sociais e ambientais.
Sendo a experiência, o destaque deste projeto, tudo o que o
indivíduo se constitui advém de alguma experiência dentro deste leque de
agentes formadores. Desde o estado embrionário pode-se observar
comprovadamente, respostas motoras à atos praticados pelo ambiente externo,
como também elementos corporais externos.
Desse modo, pode-se observar que parece despreparo
desconsiderar a época intrauterina e concebê-la apenas como formação física
do indivíduo. Indivíduo este que desprende energia em sua formação e passa
cerca de nove meses preparando-se para o ambiente externo. Considera-se
então, a importância de ampliar os olhares e ver este crescimento como
multidimensional, onde a formação não depende somente do biológico, mas
39
BIBLIOGRAFIA
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___________________. A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I Desenvolvimento cerebral da gestação ao primeiro ano de vida 10 CAPÍTULO II Atribuições psíquicas ao percurso cerebral 20 CAPÍTULO III Educação: Do útero para a vida 27 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 38 ÍNDICE 39 ÍNDICE DE FIGURAS 40