documento protegido pela lei de direito autoral · renata e viviane, ao meu ex-marido ... pela...

47
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA INCLUSÃO DA PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA EDUCAÇÃO REGULAR NO MUNICÍPIO DE RIO NOVO DO SUL Por: Maria Preciosa Serpa Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro, 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: vobao

Post on 15-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

INCLUSÃO DA PESSOA COM

NECESSIDADES ESPECIAIS NA

EDUCAÇÃO REGULAR NO MUNICÍPIO DE

RIO NOVO DO SUL

Por: Maria Preciosa Serpa

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro,

2010

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Apresentação da monografia à

Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

licenciado em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de

Carvalho

INCLUSÃO DA PESSOA COM

NECESSIDADES ESPECIAIS NA

EDUCAÇÃO REGULAR NO MUNICÍPIO DE

RIO NOVO DO SUL

Rio de Janeiro,

2010

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho a minha família pela força que me deram até aqui. Para todos os meus professores e em especial ao professor e Mestre: Fernando Gouvêa pelo qual nutro uma profunda gratidão, pois deixou em mim uma marca inesquecível de amor ao processo educacional. Aos tutores e coordenadores do Instituto A Vez do Mestre, pelo profundo apreço aos alunos e a educação”.

Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus primeiramente, pois o meu existir enquanto ser é devido a sua permissão, aos meus pais, que como co-criadores me permitiu estar aqui encarnada (viva). Aos meus irmãos pela força e importância que tem na minha vida: Lucenira, Lucinéa, Luciléa, Lourdes, Oricema, Conceição, Alessandra e Odomário, aos meus amigos que acreditaram e continua a acreditarem em mim a toda equipe de trabalhadores do CEFA, instituição que respeite, a quatro amigas da faculdade, que mesmo sendo à distância estiveram sempre por perto: Eliana, Eliane, Renata e Viviane, ao meu ex-marido, que apesar de tudo também me incentivou, as minhas amigas da ONG SEMENTE DO AMANHÃ: Selmirami, Cícera e Zé Carlos. A todos os mestres que passaram pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o processo da educação, aos tutores que pacientes nos ouviam e tentavam solucionar nossas dificuldades, em especial a Marcela e a Claudinha, mulheres e educadoras determinadas sem sempre aperfeiçoar a arte de ensinar. Ao orientador e amigo, que tem um jeito todo seu de ensinar, inesquecível pra mim o seu mega-fone: professor e mestre Vilson, que torna qualquer ambiente de ensino um lugar super agradável. A uma professora que deixou sua marca em meu coração Edla Trocoli com quem um dia gostaria de sentar e conversar e abraçar. Agradecendo as suas palavras, que ao serem lidas por mim me levaram a acreditar ainda mais em mim mesma e na educação e perceber o quão grande é a tarefa de educar e ser humano com suas diversidades e necessidades únicas. Chegando ao fim desta etapa, vencemos a batalha, mas a luta continua na busca do auto-aperfeiçoamento para melhor servir a educação. Como nos diz Almir Sater e Renato Teixeira: “Ando devagar por que já tive pressa... cada dia de nós compõe a sua história e cada um carrega o dom de ser capaz e de ser feliz (...). Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe?” Acreditando nisso eu sigo em frente esperando encontrar em cada aluno esse ser, capaz de compor a sua história e ser feliz. Essa foi à lição que recebi no Instituto A Vez do Mestre durante o esse curso de Pedagogia.

Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

METODOLOGIA

Este estudo teve como objetivos fundamentais buscar conhecer de forma

básica a história da educação especial no Brasil, definir a inclusão a legislação

e suas possibilidades no cenário do Município de Rio Novo do Sul e Analisar na

prática no cotidiano da sala de aula a inclusão do portador de necessidades

especiais.

Para tal se efetivou uma ampla pesquisa bibliográfica baseada em três autores

centrais: Edla Trocoli, Marcos Mazzotta, Hercules Pereira, além de documentos

e Leis relacionadas com o tema. Além disso foi efetivada também uma

pesquisa de campo com distribuição de um questionário contendo quatro

perguntas, visando saber a opinião de profissionais, que atuam na área de

educação, no Município de Rio Novo sobre o tema. Foram ouvidos 25

professores e 5 profissionais de diversas áreas atuantes na Educação do

Município, onde a pesquisa foi realizada e que é o foco desta monografia.

Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL 01

1.1. Período de 1854 a 1956 Iniciativas oficiais e particulares isoladas 02

1.2. Período de 1957 a 1993 Iniciativas oficiais de âmbito Nacional 17

CAPÍTULO II

INCLUSÃO: DEFINIÇAO, LEGISLAÇÃO E POSSIBILIDADES NO

CENÁRIO DE RIO NOVO DO SUL 20

CAPÍTULO III

A VOZ DOS MESTRES: A INCLUSÃO NO COTIDIANO DA SALA DE AULA 34

CONCLUSÃO

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como objetivo identificar a realidade da educação

inclusiva de Rio Novo do Sul/ES, não com intuito de apresentar solução ou

fórmulas mágicas, nem para avaliar o trabalho dos profissionais que atuam

no Município, mas para refletir sobre a importância da inclusão escolar e para

a construção de uma sociedade mais justa e feliz.

De uma forma geral esta monografia foi divida em três capítulos: no

primeiro capitulo faremos um apanhado de informações da situação da

pessoa com deficiências, na história brasileira, para entendermos o processo

que se deu até o momento atual da busca da acessibilidade dos mesmos e na

sociedade. Verificando que o caráter de trabalho desenvolvimento com o

portador de necessidades especiais era mais assistencialista que

educacionais.

No segundo capítulo, por sua vez, definiu-se o que seja a inclusão, e

com a autora: Edla Trocole perceberemos o que e sua importância para a

construção de uma sociedade mais justa e igualitária, veremos que a

inclusão e acessibilidade esta presente na legislação e em tratados

internacionais, pois é uma preocupação mundial, também notaremos neste

capitulo a presença da políticas públicas no que tange a educação especial

conheceremos um pouco do cenário da inclusão no município de Rio Novo do

Sul/ES e suas possibilidades frente à proposta de uma escola inclusiva.

Finalmente no capítulo três teremos a oportunidade, através de entrevista

feita a alguns profissionais de Rio Novo do Sul, ligados à educação, saber o

que eles pensam sobre a inclusão dos alunos com necessidades especiais na

sala de aula e sua prática pedagógica na sua classe de ensino.

Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

É importante saber que o a inclusão não é um fato novo e nem

aconteceu por acaso, ao contrário, é resultado de uma trajetória de lutas e

movimentos social historicamente constituída. No Brasil a discussão sobre a

inclusão é relativamente nova e se articularam melhor nas duas ultimas

décadas. Entretanto, algumas ações antecederam a proposta inclusiva, como

o atendimento às pessoas com deficiências, marcadas por várias etapas,

buscando responder ao desafio posto em questão? Como atender as pessoas

“deficientes ou excepcionais?”

Neste processo de transição e evolução histórica no atendimento a

pessoa com deficiência no Brasil, alguns serviços foram surgindo com uma

característica de atendimento médico-assistencialista, que via a deficiência

como doença e, desta forma, precisava ser tratada, e em seguida vieram as

instituições públicas e privadas com perfil eminentemente assistencial e as de

caráter de educacional e assistencial.

“A inclusão da “educação de deficientes”, da educação dos “excepcionais” ou da educação especial, na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinqüenta e inicio da década de sessenta do século XX. Antes desde período às experiências concretizadas na Europa e Estados Unidos da América do Norte serviu de parâmetro para alguns brasileiros iniciarem serviços de atendimento aos portadores de deficiência tais como: cegos, surdos, doentes mentais, deficientes físicos.” (MAZZOTA, 1995, p. 27).

Percebe-se nessa citação que não havia um trabalho voltado

especificamente para os portadores de necessidades especiais de caráter

brasileiro, nota-se que diversos termos eram utilizados para referir-se ao

atendimento educacional dos portadores de deficiências, era preciso então

Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

uma análise com muito critério pra perceber o processo desenvolvido e

distinguir o que estava relacionado com o educacional, do assistencial e

hospitalar tão somente. Sobre o título de educação aos deficientes muitos

eram os registros, mas que uma boa análise levava a conclusão que não era

bem assim. Destacando dois períodos que marcaram a abrangência das

ações que desencadearam a educação dos portadores de deficiência: o

primeiro período de 1854 a 1956 e o segundo de 1957 a 1993 e faremos uma

reflexão sobre o estudo da professora: Edla Trocolo (2009) com uma análise

e resumo do legado da história até a busca da integração escolar da criança e

do jovem com deficiência no Brasil.

1.1. Período de 1854 a 1956-Iniciativas oficiais e particulares isoladas.

Atendimento escolar dos portadores de deficiência teve seu início: D.

Pedro II funda o “Imperial Instituto dos meninos Cegos” no Rio de Janeiro em

12 de Setembro de 1854 através do Decreto Imperial n°. 1.428. Graças em

parte a um brasileiro cego, José Álvares de Azevedo, que estudou no Instituto

de Jovens cegos de Paris e teve êxito na educação de Adélia Sigaud, filha do

Dr. José F. Xavier Sigaud, médico da família imperial. E que se tornou diretor

do Instituto em sua inauguração: 17 de setembro de 1854 cinco dias após sua

fundação.

Em 17 de maio de 1890, no governo republicano, Marechal Deodoro da

Fonseca, e o Ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, Benjamin

Constant Botelho de Magalhães, assinam o decreto 408, mudando o nome do

Instituto para Instituto Nacional dos Cegos e em 24 de janeiro de 1981, pelo

Decreto n° 1.320, passa a denominar-se Instituto Benjamin Constant (IBC).

Em 26 de setembro de 1857, graças ao esforço de Ernesto Huet e seu

irmão: Ernesto Huet, professor e diretor de Bourges, que chega ao Brasil em

1855, com a idéia de fundar uma escola de “surdos-mudos”. Acolhido pelo

Imperador D. Pedro II, depois de ter sido apresentado pelo Marquês Abrantes,

recebe a autorização do Imperador e começa a lecionar para dois alunos no

Então Colégio Vassimon, passando a ocupar todo o prédio em 1856, dando

Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

origem ao Imperial Instituto dos Surdos-mudos. Em 1957, 100 anos após a

fundação pela Lei n° 3.198, de seis de julho passa denominar-se Instituto

Nacional de Educação de Surdos – INES. Desde seu início a referida escola

caracterizou-se como um estabelecimento educacional voltado para a

“educação literária e o ensino profissionalizante” de meninos “surdos-

mudos”, com idade entre sete e 14 anos. Em ambos os Institutos, algum

tempos depois da inauguração instalaram-se oficinas de tipografia e

encadernação para os meninos e de tricô para as meninas, oficinas de

sapataria, encadernação, pautação e douração para os meninos surdos.

Apesar de ser uma medida ainda precária em termos nacionais, pois

em 1872, com uma população de 15.848 cegos e 11.595 surdos, atendiam 35

cegos e 17 surdos, a instalação do IBC (Instituto Benjamin Constant) e INES

(Instituto Nacional de Educação de Surdos) abriram a possibilidade de

discussão da educação dos portadores de deficiência, no 1° Congresso de

Instrução Pública, em 1883. Entre os temas preferidos no Congresso figurava

a sugestão de um currículo e formação de professores para cegos e surdos.

Essas instituições gozavam de prestígio com o Império, prova disso é a verba

a eles destinada em 1891 251.000$000 contos de réis, ultrapassando a

quantia de 221.000$000 contos de réis designada para a Escola de Ensino

Superior de Ouro Preto (idem 1995). Já que a educação superior era, na

época, o foco de atenção do poder público.

Em 1874 o Hospital Estadual de Salvador, na Bahia, hoje denominado

Hospital Juliano Moreira, iniciou a assistência aos doentes mentais. Isso

ocorreu ainda no Segundo Império. Para esse feito não há registro suficiente

para determinar a caracterização do estabelecimento de atendimento

educacional. Poderia tratar-se de um médico-pedagógico para crianças

doentes mentais.

No começo do século XX destacamos alguns feitos da área científica e

técnicas relacionados com a educação dos portadores de deficiência:

Destacando em 1990, durante o 4° Congresso Brasileiro de Medicina e

Cirurgia, no Rio de Janeiro, o Dr. Carlos Eiras apresentou a monografia

intitulada: Da Educação e Tratamento Médico-Pedagógico dos Idiotas. Por

volta de 1915 os três publicados foram: A Educação da Infância Anormal da

Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Inteligência no Brasil, autoria do Professor Clemetino Quaglio, São Paulo,

Tratamento e Educação das Crianças Anormais da Inteligência e A Educação

da Infância Anormal e das Mentalmente Atrasadas na América Latina, Obras

de Basílio de Magalhães, no Rio de Janeiro. Na década de vinte, o livro:

Infância Retardatária, do professor Norberto de Souza Pinto-Campinas/SP foi

importante publicação.

Além destes já citados estabelecimentos e ações voltadas para o

atendimento pedagógico ou médico-pedagógico dos portadores de

deficiência, outros estabelecimentos de ensino regular e especializados e

ações particulares ou de instituições também devem ser lembrados e

conhecidos por sua importância no momento de sua criação, pelo papel

desempenhado na evolução da educação especial no Brasil: Colégio dos

Santos Anjos (particular 1909) cuida de deficientes mentais (Santa Catarina),

Escola Rodrigues Alves (estadual, regular 1905), deficientes físicos e visuais

– Rio de Janeiro, Sociedade Pestalozzi (particular, 1948), especializada em

deficientes mentais – Rio de Janeiro, Escola Estadual Instituto Pestalozzi

(pública 1935) – especializada em deficientes auditivos e mentais – Minas

Gerais, Instituto de Cegos da Bahia ( particular 1936), Bahia, Grupo Escolar

Paula Soares (estadual regular 1927) especializado em DM (deficiências

Múltiplas)-Porto Alegre, Fundação Dona Paulina de Souza Queiroz (particular

1936) especializada em doentes mentais, Instituto Paranaense dos Cegos

(estadual 1941)-Paraná, especializada em deficientes mentais, as escolas

estaduais regulares Grupo Escolar Miss Browne e Grupo Escolar Visconde de

Itaúna, (Estaduais 1950) especializada em atendimento a doentes mentais.

Em 1942 o Instituto Benjamin Constant, edita a primeira revista para

cegos no Brasil e em 1943 a primeira impressa braile, para inicialmente servir

aos alunos do Instituto depois, através da Portaria Ministerial 504 de 17

setembro de 1949, passa a distribuir gratuitamente livros em braile às

pessoas cegas, outra portaria a de n° 385, em 08 de junho de 1946 determina

que o curso ginasial mantido pelo Instituto (IBC) seja equipado ao ginásio de

ensino comum, dando inicio assim ao estudo integrado para cegos, levando

três alunos cegos que concluíram seus estudos a ingressarem em colégio

comum, apresentando assim uns movimentos tímidos, iniciais da inclusão do

Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

deficiente no ensino regular, em 1950 e também neste mesmo ano houve um

aumento na impressão de livros em braile, em 11 de março de 1946, é

fundada em São Paulo a FLCB (Fundação parra o Livro do Cego no Brasil)

hoje chamada Fundação Dorina Nowill para Cegos que inicialmente produziria

livros em braile, porém teve suas atividades ampliadas posteriormente no

campo da educação “tendo como finalidade à” “Integração do Deficiente

visual na comunidade como pessoa auto-suficiente e produtiva”. Isso

possibilitou melhores condições de estudos para os cegos. Porém vale

ressaltar que apenas a Fundação Dorina em São Paulo e o IBC no Rio de

Janeiro produzem livros em braile no país.

Também neste período após a 2° Guerra Mundial devido ao grande

número de mutilado, cegos e acometidos de outras deficiências intensificou o

atendimento na reabilitação das pessoas dom deficiências. A década de 50

tornou-se um marco do inicio da emancipação das pessoas cegas. Neste

período o Conselho Nacional de Educação autorizou estudantes cegos a

ingressarem nas faculdades de Filosofia, dando-lhes oportunidade

profissional a nível superior. O IBC e a Fundação Getúlio Vargas do Rio de

Janeiro realizaram o primeiro Curso de Especialização de Professores na

Didática de Cegos e no período 1951 a 1973, passou a realizar esse curso

em convênio com o INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos). Nas

ações e instituições acima citadas fica destacado um trabalho voltado para os

portadores de deficiência visual e outras deficiências, citaremos a partir deste

ponto especificamente instituições e ações ocorridas no atendimento a

deficientes auditivos e deficientes físicos, são eles: Instituto Santa Terezinha

(particular – Convênios com órgãos públicos Estaduais, Municipais e federais

1929) especializada em atendimento a deficientes auditivos – Campinas São

Paulo, em 18 de março de 1933 é transferido para São Paulo – funciona em

regime de internato para meninas até 1970 deixando neste ano o regime de

internato e passando a externato para meninos e meninas e iniciando na

mesma e´poca a integração dos alunos ao ensino regular de 1° grau e

atendimento especializado, Escola Municipal de Educação Infantil e de 1°

Grau para Deficientes Auditivos Helen Keller (pública 1951) - Santana São

Paulo, as atividades desenvolvidas por essa escola levaram a criação de mais

Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

quatro escolas em 1988 de educação infantil e de 1° grau para deficientes

auditivos na rede municipal de São Paulo, Fundação do Instituto Educacional

São Paulo (particular 1954) – Higienópolis São Paulo transferida para

Indianópolis, escola especializada em ensino de surdos-mudos, no inicio

atendendo criança entre cinco e sete anos e em 1962 instala também o curso

“Ginasial” e o regime de semi-internato. Passou a integrar em 12 de junho de

1969 a PUCSP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), tornando-se

subordinado ao DERDIC – Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios

da Comunicação, passando além do atendimento educacional a realizar

atendimento clínico a pessoas com distúrbios de comunicação, Santa Casa

de Misericórdia de São Paulo (filantrópica 1931) – São Paulo, especializada

em atendimento de deficientes físicos (não-sensoriais) com os propósitos

educacionais.

Em 1932 foi criada outra classe especial estadual a Escola Mista do

Pavilhão Fernandinho, em 1950 e 1969, respectivamente, foram criadas

classes especiais que tecnicamente funcionaram como classes hospitalares

(modalidade de ensino hospitalar – atende a pacientes hospitalares) até 1982

funcionaram dez classes especiais no hospital. Fundação do Lar-Escola São

Francisco (particular 1943) – especializada em atendimento ao deficiente

físico – Em 1950 tornou-se membro da Internacional Society for Rehabilition

of Disabled e mantém convênio desde 1964 com a Escola Paulista de

Medicina. Fundação da Associação de Assistência à Criança Defeituosa

(AACD) (particular 1950) Um dos mais importantes Centros de Reabilitação

do Brasil, especializada no atendimento de deficientes físicos não sensoriais,

especialmente os portadores de paralisia cerebral e com problemas

ortopédicos. Convênios com os órgãos públicos e particulares, mantendo

atendimento com a Secretaria de Educação do Estado e do Município de São

Paulo desde 1966 para prestação de serviços terapêuticos especializados e

transporte para alunos com deficiências físicas, em 1962 a AACD passou a

manter intercambio cientifico com Word Rehabilitation Fund (WRF) de Nova

York, realizando cursos internacionais para formação de técnicos em

aparelhos ortopédicos e membros artificiais atualmente. Quanto ao convênio

com o Município e o estado em 1970, o Serviço de Educação Especial da

Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP – da Secretaria

da Educação, propôs alteração do referido convênio que atualmente tem um

caráter de suporte e suplementação da educação escolar. Além de possuir

em setor escolar que complementa o atendimento de pacientes com idade

escolar. Atua em regime de internato, semi-internato e externato. Sociedade

Pestalozzi de Minas Gerais (pública – 1935), Belo Horizonte (MG), Decreto de

5 de abril de 1935, criada como um órgão oficial da Secretaria da Educação

do Estado de Minas Gerais, especializada em atendimento de deficientes

mental e com problemas de conduta e depois funda a Granja-Escola na

Fazenda do Rosário com atividades artesanais, rurais, oficinas e cursos de

preparo de pessoal especializado. Incentivada por Helena Antipoff funda-se a

Sociedade Pestalozzi do Brasil/SPERJ, (particular filantrópica -1948) com a

mesma filosofia, psico-pedagógica, intensificando no então Distrito Federal, a

organização de serviços para deficientes mentais. Nasce a Sociedade

Pestalozzi de São Paulo(particular-filantrópica 1952), de utilidade pública

Federal, Estadual e Municipal, por iniciativa do Dr. José Maria de Freitas,

Diretor do Serviço Social de Menores da Secretaria de Justiço do Estado de

São Paulo, um grupo de vários profissionais (médico, psscólogo, assistentes

sociais, educadores) entrando em funcionamento a escola em 1953 depois de

convênio assinado com a FEBEM em 03 de janeiro de 1953, atendendo 30

alunos “excepcionais” ou “menos dotados”, do sexo masculino com idade

entre 07 e 14 anos, que indicavam possibilidades de aprendizado.

Essa entidade realizou curso de preparação de professores, por não

haver professores qualificados, e ao lado de duas especiais instalou-se as

oficinas pedagógicas nas áreas de marcenaria, cerâmica e trabalhos

manuais. Hoje sediada à Avenida Morvan Dias Figueiredo. Fundação da 1°

APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Rio de Janeiro

(particular sem fins lucrativos – 1954), “(...) o desenrolar e a manifestação do

movimento apaeano induziram autoridades do Executivo e do Legislativo a

tratarem do problema do excepcional. Algumas leis foram votadas. Alguns

governos passaram a conceder ajuda e com a criação da APAE/Rio foi

surgindo outras APAEs em várias partes: Volta Redonda (1956), São

Lourenço, Goiânia, Niterói, Jundiaí, João Pessoa e Caxias do Sul (1957),

Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

contando hoje com mais de mil entidades associadas. São 230 APAEs no

Estado São Paulo e 1058 no pais, filiadas a Federação Nacional das APAEs,

cujo presidente era Dr. Antônio Clemente Filho, que tinha atuação importante

na área da educação de deficientes mentais de aprendizagem e Atividades

Profissionais-NAAPS – começaram a ser implantados (particular-filantrópico

1972) – destinados à preparação de adolescentes deficientes mentais

treináveis e educáveis de ambos os sexos.

1.2. Período de 1957 a 1993, iniciativas oficiais de âmbito nacional:

Embora iniciativas isoladas e precursoras possam ser constatadas em

nosso país, na área de educação especial, a partir do século XIX, apenas na

década de 70 se constata uma resposta mais abrangente da nossa sociedade

a essa questão. Desta forma pensamos que neste período apresentado até

aqui as tentativas foram importantes para se ter uma idéia maior sobre as

deficiências, suas características, formando assim um parâmetro para as

ações presentes e futuras não que diz respeito à inclusão e integração da

pessoa com deficiência na escola regular.

Como destaca Mazzota (1995): O atendimento educacional aos

excepcionais foi explicitamente assumido, a nível nacional, pelo Governo

Federal com a criação de Campanhas especificamente voltadas para esse fim

(p. 49).

A primeira a ser instituída foi a campanha para a Educação do Surdo

em 1960 institui-se a campanha liderada pela Sociedade Pestalozzi tendo por

finalidade promover, em todo território nacional, a educação, treinamento,

reabilitação e assistência educacional das crianças “retardadas” e outro de

deficientes mentais de qualquer idade ou sexo. Foi criada uma conta no

Banco do Brasil S.A, para o Fundo Especial da instituição. Esse fundo seria

Constituído por dotações e contribuições previstas nos orçamentos da União,

Estados, Município e de entidade particulares e públicas brasileiras e

estrangeiras através de donativos; vendo de patrimônio. Uma vez instituída a

CADEME, o Ministro da Educação e Cultura designou a primeira comissão

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

composta por: Fernando Luiz Duque Estrada (diretor Executivo, Denis Malta

Ferraz e Helena Antípoff).

Após a aprovação da lei 5.692/71, artigo 9° previa “tratamento”.

Quanto à posição do órgão específico de educação especial na

estrutura administrativa do MEC, fica patenteada uma oscilação. Por termos

como foco em nosso trabalho monográfico a inclusão no município de Rio

Novo do Sul no estado do Espírito Santo, não poderia deixar de informar que

de acordo com informações fornecidas em pesquisa de campo e anotações

de documentos da época, o atendimento a Pessoas com Necessidades

Especiais (PNE), no município teve inicio aos 22 de setembro de 1995, com a

fundação da Escola Especial Pestalozzi, surgindo esforço em conjunto de

várias pessoas, dentre elas: Maria natividade Vick André que conseguiu

contato com as Pestalozzi de Vila Velha e promoveu então uma reunião com

vários representantes da sociedade Rio-novense e os país de pessoas com

necessidades especiais. Uniram-se criaram a primeira Diretoria provisória,

que ficou assim constituída: Presidente: Maria Natividade Vicky André, vice-

presidente: Isabel Pertele Fiori, segundo vice-presidente: Maria Júlia de M.

Mangaravite, quarta vice-presidente: Shirlete Louzada Martins,

Tesoureiro:Margareth Hemerly Martins, primeiro tesoureiro: Edna Maria

oliveira Silva, primeira Secretária: Regina Fregonazzi Ladeia, segunda

secretária: Jane Maria Oliveira Silva. Iniciou-se então um levantamento

(censo) para se fazer um levantamento real do número de portadores de

necessidades especiais no município, visitando casa por casa, tanto na zona

urbana como na rural.

O resultado surpreendeu os voluntários, pois o número era maior do

que se imaginava de crianças, adolescentes e adultos portadores de

necessidades especiais. Desta forma inicia-se o acolhimento de o

atendimento destas pessoas com profissionais específicos na área

psicopedagógica, fonaudiologia, psicologia, fisioterapia e pedagógica com

duas educadoras voluntárias: Patrícia de Cássia Admiral, Izante Marchiori. Em

um espaço cedido pela Primeira Igreja Batista de Rio Novo do Sul. Atendendo

também as famílias dos PNE (Portadores de Necessidades Especiais). A

Legalização da escola se deu no mesmo ano na comarca de Rio Novo do

Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Sul/es. Em abril de 2004, E.E. Pestalozzi, era legalizada como sociedade

Pestalozzi passa à condição de Associação Pestalozzi de Rio Novo do Sul.

Estando concluindo desta forma uma descrição histórica, de forma

sintetizada, ressaltando ações e instituições que se formaram a partir de

homens e mulheres com idéias e ideais em prol da educação e do

atendimento as pessoas com deficiências, muitas dessas ações, sabemos

partiram do povo ou da sociedade e aproveitada por aqueles que

politicamente detinham o “poder”, e de alguma forma movimentaram o setor

da educação e propiciaram melhorias.

De uma fase de exclusão absoluta, até mesmo não tendo o direito de

existir, pois a sua existência é marcada pelo genocídio e posteriormente ao

exorcismo, por acreditarem que a deficiência era decorrente de um castigo

divino ou de uma possessão demoníaca, sendo rejeitado por familiares e

também pela sociedade, até instituição que propiciam atendimentos

específicos e educação, foi necessário muito trabalho e um grupo de pessoas

com idéias de melhorar a vida do deficientes e das pessoas com diversas

necessidades especiais. Neste processo de transição e evolução histórica,

alguns serviços foram surgindo e com elas as mudanças, a fase ainda é de

exclusão, mas já tem leis e diretrizes que protegem e propiciam uma vida

mais digna.

Na próxima etapa de nosso trabalho irá conhecer um pouco das

políticas públicas e das leis que estão vigentes no mundo, no país e no

município de Rio Novo do Sul em relação aos direitos de acessibilidade e a

inclusão da pessoas com deficiência e com outras necessidades especifica no

que tange a educação e cidadania. Nas últimas décadas, mudanças vêm

ocorrendo no ensino e assim o primeiro período das ações e iniciativas

particulares que ocorreram na história e constituíram os primeiros passos

para a integração e a acessibilidade dos ditos “diferentes”, “anormais” a seus

direitos a participação útil na sociedade, Sassaki (1997) retrata: A fase da

integração pode ser entendida como o processo onde as pessoas com

deficiência buscava formas de se adaptar à sociedade como esta se

Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

encontrava. Nas ultimas décadas, mudanças vêm ocorrendo no ensino de

pessoas com deficiências e conseqüentemente, provocando a busca da

acessibilidade dos PNEs (portadores de necessidades especiais) fazendo

valer o que reza na Constituição Federal, que todos os cidadãos tem direitos

iguais.

Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

CAPÍTULO II

INCLUSÃO: DEFINIÇÃO, LEGISLAÇÃO E POSSIBILIDADES NO CENÁRIO

EDUCACIONAL DO MUNICIPIO DE RIO NOVO DO SUL

Inclusão: encerramento de uma coisa dentro da outra, ou dentro de seus

limites; inserir, introduzir; abranger, compreender. Conter uma coisa em outra

ou torná-la implícita: ato ou efeito de incluir-se ou incluir, incluído,

compreendido. (Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda – 1993, 656). Inclusão:

Abrangimento, envolvimento, soma, acrescer. (Bueno francisco da Silveira

1965) A educação quando se propõe a ser inclusiva e propiciar a inclusão,

precisa ter como ponto de partida, a compreensão das necessidades

específicas de cada educando, partindo do principio que cada pessoa é única

em suas necessidades e partindo do pressuposto de que todos são capazes de

aprender. Envolvendo o outro no processo de forma que ele se sinta acolhido,

especial, único. “Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e

ao gozo e exercício dos direitos humanos”.

No campo da educação, tal se refere no desenvolvimento de

estratégicas que procuram proporcionar uma equalização genuína de

oportunidades” (Declaração de Salamanca, 1994). A inclusão desta forma é um

processo, ou melhor, um desafio de cosntrução de uma sociedade mais justa e

igualitária, na qual se respeitam as diferenças e as considere. Pois a inclusão

deve reduzir os obstáculos que impedem o individuo de desempenhar

atividades e participar plenamente da sociedade, proporcionando-lhes uma

troca social, ampliando-lhes visão de mundo, tornando-a mais nítida, conforme

nos demonstra a declaração de Salamanca.

A Inclusão Educacional trata assim do direito à educação comum a

todo as pessoas, sendo esse direito sempre que possível, exercido junto ás

demais pessoas nas escolas regulares. Em todo mundo, durante muito tempo,

o diferente foi colocado à margem da educação: o aluno com deficiência,

particularmente, era atendido apenas em separado ou então simplesmente

Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

excluído do processo educativo. Distanciando e muito do que reza no texto da

Constituição do Brasil: Ë imprescindível, outrossim, conceituar educação

especial para se entender a respeito da inclusão dos portadores de

necessidades especiais no contexto educacional dos ditos normais e vencer

esse paradigma atual da Inclusão para ela deixar de ser vista como uma

utopia, e sim como algo passível de realização.

“Por educação especial entende-se o atendimento educacional de pessoas com deficiências, isto é, daqueles que apresentam deficiências mentais, físicas sensoriais, múltiplas deficiências, distúrbios de conduta e os superdotados. O desenvolvimento harmonioso do educando sob os aspectos individual, individual-social e predominante social é o que se pretende atingir no processo educativo.” (TROCOLI, 2009,p. 10)

A partir deste conceito ela também nos leva a perceber que: “a possível

diferença entre educação especial e educação “regular”não se encontra nos

aspectos filosóficos mas sim nas estratégias de ação que lhe são próprias e

múltiplas, porque numerosas e variada é a sua clientela”. (Idem 2009,).

educação inclusiva então, baseando no pensamento da educadora Edla Trocoli

significa que os alunos com deficiências sejam elas de âmbito físicos

(orgânico): deficiência, lesões cerebrais, síndromes, fatores psicológicos,

emocionais, social, étnicos, religiosos, lingüístico, sendo temporárias ou

permanentes recebam os mesmos ensinos, do plano curricular e instrucional

com os demais colegas de sala. Mudando ou adaptando os recursos, as

técnicas de acordo com as necessidades apresentadas, pelos educando, sem

exagero, buscando satisfazer, as necessidades de cada aluno em sala de aula.

Sem abolir esse ou aquele sistema de ensino, porém unificando-os de forma a

fazer valer o direito de todos à educação.

Precisaremos ter a visão de que não é o aluno que deve moldar-se ou

adaptar-se à escola ou ao projeto pedagógico são estes que devem ser

construídos a partir da necessidade especifica de cada aluno e da turma,

individualizando, na medida do possível, e “flexibilizando”, para melhor atender

a clientela em foco. O principio democrático da educação para todos só

Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

evidencia nos sistemas educacionais que se especializem em todos os alunos

e não apenas em alguns deles. Lembramos que a inclusão não é um conceito

novo. A escola rural integra a todos: meninos, meninas e “deficientes”, as

idades são diversificadas e as séries também. Lembrando o que retrata a

Declaração de Salamanca 1994: toda criança possui características,

interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas.

É importante lembrar que a aceitar a diversidade já não é mais uma

opção é uma necessidade, pois os avanços da legislação levam os estados e

municípios brasileiros a se adaptarem a nova realidade. Com a Declaração de

Salamanca foi retomada a busca para formulação de reforma de políticas e

sistemas educacionais como afirma:

”Esta estrutura de ação em educação especial adotada pela conferência Mundial (...) seu objetivo é informar sobre políticas e guias ações governamentais de organizações internacionais ou agências nacionais de auxílio, Organizações não governamentais e outras instituições na implementação da Declaração de Salamanca sobre princípios, políticas e práticas em educação especial”. (Declaração de Salamanca, 1994, introdução)

Surgindo a partir de uma Conferência Mundial de Educação Especial,

organizada pelo governo da Espanha em cooperação com a UNESCO, com

representações de 88 governos e 25 organizações internacionais em

assembléia em Salamanca na Espanha, entre 07 e 10 de junho de 1994. Onde

foi firmado um compromisso com a Educação para Todos, onde ficaram

proclamados alguns pontos importantes dando origem a um documento das

Nações Unidas “Regras Padrões sobre Equalização de Oportunidades para

Pessoas com deficiências”, o qual demanda que os Estados assegurem que a

educação de pessoas com deficiência seja parte integrante do Sistema

Educacional. Conforme declarado no próprio documento:

Esta estrutura de ação em educação especial foi adotada pela

Conferência Mundial em educação especial onde tem como objetivo informar

Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

sobre políticas e guias ações governamentais de organizações internacionais

ou agências nacionais de auxilio, organizações não-governamentais e outras

instituições na implementação da Declaração de Salamanca sobre princípios,

políticas e práticas em Educação Especial. Tal estrutura de Ação também leva

em consideração as propostas, direções e recomendações originadas dos

cinco Seminários regionais preparatórios da Conferência Mundial. Essa

estrutura de ação compõe-se das seguintes sessões: Novo pensar em

educação especial, orientações para a ação em nível nacional, políticas e

Organização, fatores relativos à escola recrutamento e Treinamento de

educadores. Serviços externos e apoio áreas prioritárias, Perspectivas

Comunitárias, requerimentos Relativos e Recursos Orientações para ações em

níveis regionais e internacionais.

Declaração de Salamanca torna-se um dos mais importantes

documentos de compromisso de garantia de direitos educacionais.

Proclamando as escolas regulares inclusivas como as mais eficientes no

combate a discriminação.

Essa estrutura orienta que todas as escolas deveriam acomodar tais

crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais,

emocionais, lingüísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças

deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalhem crianças de

origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes à minoria

lingüísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados

ou marginalizadas.“

Com esta afirmativa também podemos perceber a ampliação da clientela

potencialmente nomeada com portadora de necessidades especiais e a

proposta de diretrizes na reforma dos sistemas educacionais com criações e

renovações das leis e Diretrizes dos países envolvidos no trado. Como

observamos nesta citação:

Desta forma, a prática de desmarginalização de crianças portadoras de

deficiências deveria ser parte integrante de planos nacionais que objetivem

Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

atingir educação para todos. Mesmo naqueles casos excepcionais em que

crianças sejam colocadas em escolas especiais, à educação dela não precisa

ser inteiramente segregada. Freqüência em regime não-integral nas escolas

regulares deveria ser encorajada.

A Declaração de Salamanca fez surgir em 1996 o Pano Nacional de

Educação Especial, no governo de Fernando Henrique Cardoso, na época o

Ministro da educação e do Desporto Paulo Renato Souza. Onde descore sobre

o acesso à formação escolar que propicia o pleno desenvolvimento das

potencialidades físicas, afetivas e intelectuais dos portadores de necessidades

especiais. Apresenta um censo das matriculas da educação especial no Brasil:

Pré-escola (educação infantil) ensino fundamental e ensino médio. E retrata o

determina a legislação brasileira em relação a política da educação especial: “A

legislação brasileira determina que a educação Especial deve ser oferecida

preferencialmente na rede de ensino, indicando claramente a concretização de

uma política de integração”. (P.N. Educação Especial – 55) neste trecho do

PNE, percebe-se o reconhecimento da lei em relação à lei de integração e de

inclusão determinada na Declaração de Salamanca e presente na legislação

Brasileira de Ensino. Também neste documento são declaradas as dificuldades

encontradas até aquele período pelas escolas brasileiras em geral no que

concerne a estrutura e ao despreparo dos profissionais de ensino. “Entretanto

as escolas estão, em geral, desaparelhadas e para esse tipo de atendimento, e

os professores não estão habilitados para lidar com essas crianças, uma vez

que, até recentemente, não reconheciam como sua a responsabilidade de

educar crianças com necessidades especiais. Desta forma, milhares de

crianças e jovens foram e são colocados à margem do sistema escolar e

privados do acesso à cidadania e ao desenvolvimento pessoal a que têm

direito”. (PNE Especial, p. 55)

Após essa constatação propõe a implantação da Educação Especial nas

escolas regulares de ensino e estabelece metas a serem cumpridas,

reforçando a possibilidade de implementação da Educação dos portadores de

necessidades especiais nas classes comuns:

Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

É importante ressaltar que a integração dos alunos com necessidades

especiais nas classes comuns, recomendadas na Legislação Brasileira são

perfeitamente possível na grande maioria dos casos, desde que haja uma

adequada formação de professores para o ensino fundamental. Fica claro

nesta citação a necessidade de um maior preparo do professor para o

desempenho de sua tarefa de educador inclusivo, para adquirir as habilidades

necessárias e a competência para desempenhar bem o seu papel. Proposta feita

de acordo com o texto da declaração de Salamanca: Preparação apropriada de

todos os educadores constitui-se um fator chave na promoção de progresso no

sentido do estabelecimento de escolas inclusivas.

Verificamos no texto do P N Educação Especial, a definição de algumas

metas a serem atingidas para atender o educando com necessidades

educativas especiais. São 26 metas das quais destacamos algumas referentes

ao municípios e que servem de diretrizes para o procedimento do Município de

Rio Novo do Sul/ES, concernente à Educação Especial:

1- Organizar em todos os municípios e em parceria com a área de saúde,

programas destinados a ampliar a oferta de procedimento de estimulação

precoce.

2- Generalizar, em cinco anos, como parte dos programas de formação em

serviço, a oferta de cursos sobre o atendimento básico a educando com

necessidades educativas especiais para professores em exercício na educação

infantil e no fundamental, utilizando inclusive a TV Escola e outros programas

de Educação a Distância (EAD).

3- Garantir a generalização em cinco anos, da aplicação de testes de acuidade

visual e auditiva em todas as instituições de Educação Infantil e do Ensino

Fundamental, em parceria com a área de saúde, de forma de detectar

problemas e oferecer apoio adequado às crianças com necessidades especiais

nessas áreas.

4- Redimensionar, em cinco anos, as classes especiais e criar salas de

recursos, conforme as necessidades da demanda escolar, de forma a favorecer

e apoiar a integração dos educandos com necessidades especiais em classes

comuns, sempre que possível, fornecendo-lhes o apoio adicional necessário.

Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Destacamos esse trecho para refletir sobre essa questão tão importante

essa colocação pode dar margem ao poder público de adiar as resoluções

utilizando como argumento à falta de possibilidade, não priorizando o

atendimento e esta meta, pois a própria lei lhe da respaldo para assim

proceder.

Adaptar em cinco anos, os prédios escolares existentes para o

recebimento de alunos com necessidades especiais e estabelecer, nos

padrões mínimos de infraestrutura das escolas, exigências nesse sentido.

(PNEe, 1996). Citamos aqui algumas das metas gerais do PNE Educação

Especial, vale lembrar que dos anos de criação deste documento até os dias

atuais já se passaram treze anos e alguns prazos se expiram o que dever ser

visto por todos os profissionais comprometidos com a educação, se foram ou

não cumpridos para serem devidamente cobrados do poder público. No PNEE

encontramos, além das metas já citadas outras que podem ser realizadas em

parcerias com os poderes: federal, Estadual e Municipal.

A base do direito da inclusão dos portadores de necessidades especiais

nas escolas regulares de ensino na lei máxima do país a Constituição Federal

do Brasil, o que lhe dá um caráter de lei em todo território nacional.

“O dever do Estado com a educação será efetivado obrigação dos poderes Públicos em garantir educação especial, até os 18 anos de idade, para os que necessitarem de classes especiais. Unidades escolares com aparelhos e equipamentos para integração na rede regular de ensino; criação de programas de educação especial em hospitais e congêneres de internação por prazo igual ou superior a um ano, para portadores de doenças ou deficiência. Modelo de pressupostos básicos, que determinado grupo tem inventado, descoberto ou desenvolvido” (Mazzola, 1995, p. 136).

O capítulo dispõe que é dever do Estado “atendimento educacional

especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular

de ensino”. E no Capitulo VII, artigo 227 define que “destaca a importância e o

dever da família e da sociedade e do Estado em assegurar a criança e ao

Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

adolescente, com absoluta prioridade, dentre outros o direito à educação”. Em

1989 foi à vez dos estados reescreverem suas Constituições. E vamos dar

ênfase a Constituição do Estado do Espírito Santo, já que é onde se localiza o

Município de Rio Novo do Sul, ele instituiu o no artigo 171 conforme descrito

por Mazzola (1995):

“Obrigação dos poderes Públicos em garantir educação especial, até os 18 anos de idade, para os que necessitarem de classes especiais. Unidades escolares com aparelhos e equipamentos para integração na rede regular de ensino; criação de programas de educação especial em hospitais e congêneres de internação, por prazo igual ou superior a um ano, para portadores de doenças ou deficiência. Modelo de pressupostos básicos, que determinado grupo tem inventado, descoberto ou desenvolvido” (Mazzola, 1995, p. 136).

A partir desta citação poderemos fazer um destaque para o cenário

Municipal de Rio Novo do Sul/ES em relação a educação especial a escola

inclusiva, aludindo que a partir de sua lei orgânica instituída em 1990.

“Ao Município incumbe participar: da garantia de educação especial até a idade de dezoito anos em classes especiais, para pessoa portadora de deficiência que efetivamente não possa acompanhar as classes regulares, da garantia de unidades escolares equipadas e aparelhadas para integração do aluno portador de doenças ou deficiência , por prazo igual ou superior a um ano. Obrigação dos poderes Públicos em garantir educação especial, até os 18 anos de idade, para os que necessitarem de classes especiais. Unidades escolares com aparelhos e equipamentos para integração na rede regular de ensino; criação de programas de educação especial em hospitais e congêneres de internação, por prazo igual ou superior a um ano, para portadores de doenças ou deficiência”. (Li Orgânica do Mun. De R.N. Sul, 1990, capítulo II, seção I art. 178)

Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Percebe-se a presença da repetição da Constituição Estadual em seu

artigo acima citado, conforme destaque nosso. Visando colocar em prática o

que determina a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional em artigos 58

a 60 capítulos: I, II, III do titulo V da lei 9.394 / 1996 e do PNNE, algumas ações

foram efetivadas pelo poder público Municipal de Rio Novo do Sul, como a

determinação através de portarias, de mudanças nas estruturas físicas das

Escolas Municipais “Adaptar em cinco anos, os prédios escolares existentes

para o recebimento de alunos com necessidades especiais e estabelecer, nos

padrões mínimos de infraestrutura das escolas, exigências nesse sentido”

(PNEE meta 12) e em outra portaria a de número 026/2005 em que toma a

resolução de criar as salas de atendimento especializado, conforme solicita a

LDBEN artigo: 80 –V, para atender aos portadores de necessidades especiais

tais como: (DA) Deficientes Auditivos, (DM) Deficientes Mentais, (DV)

Deficientes Visuais e os portadores de distúrbios de aprendizagem e

Superdotados, com professores atendendo três vezes por semana, duas horas,

sendo este itinerante, atendendo a o aluno individualmente ou em grupo em

horário oposto ao da classe de ensino. Essas salas precisariam de autorização

da Secretaria de Educação e Cultura para ser instalada, e os alunos seriam

listados a partir de uma avaliação diagnóstica feita por um professor capacitado

em cursos específicos. Essas salas já se encontram em funcionamento.

Também atendendo ao disposto nas leis já citadas e em especial a

Declaração de Salamanca, “Coordenação entre autoridades educacionais e as

responsáveis pela saúde, trabalho e assistência social deveria ser fortalecida

em todos os níveis no sentido de promover convergência e

complementaridade, Planejamento e coordenação também deveriam levar em

conta o papel real e o potencial que agencias semi-públicas e organizações

não Governamentais podem ter.(...) (Declaração de Salamanca 1994:idem; II it:

49) foi feita um parceria com a Escola Especial Pestalozzi de Rio Novo do Sul,

onde os alunos da rede pública recebe o tratamento complementar e

especifico, além de atender aos alunos que, conforme reza nas Leis,

apresentam dificuldades que os impedem de receber aulas em escolas

regulares: “(...) Quando a integração total não for possível, há de se prover à

integração parcial efetivada por meio das classes especiais, onde os alunos

Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

com necessidades educativas especiais recebam atendimento Especializado”

(PNEE – 55, 57 itens 6 e 15).

A Pestalozzi em Rio Novo do Sul atende hoje a cerca de 42 alunos

matriculados na área de educação e faz atendimento especializado para os

alunos matriculados na rede pública Municipal, nas áreas de estimulação,

reabilitação, fonaudiologia, psicologia. Contando com cinco professores, um

professor de educação física, um psicólogo, um fonoaudiólogo. A diretora

Patrícia de Cássia Admiral, que coordena todo o trabalho nos relata que

através de convênios com os Governos Municipal, Estadual e Federal é

mantida as diversas atividades na Instituição, e reforça dizendo que

anualmente é renovado o convênio com a Prefeitura de Rio Novo do Sul. A

instituição possui um ambiente educativo agradável, profissionais

especializados e comprometidos, que lutam como podem para atender sua

clientela, equipamentos de reabilitação e materiais pedagógicos, ainda não é o

ideal, mas acreditamos que vai melhorar. Relata a diretora emocionada que

esta organizando um evento para a Instituição. O transporte é proveniente da

parceria com a Prefeitura onde as crianças são transportadas para a sede

(cidade) e a Zona rural. Em entrevista com a Professora Denise, responsável

pela Educação Especial na Secretaria de Educação e Cultura de Rio Novo do

Sul ela nos informou da parceria com o MEC e com o Governo Federal e

estadual, para a aquisição de materiais didáticos, livros, aparelhos (Próteses e

órteses):

“Para população de baixa renda, há ainda necessidade de ampliar, com a colaboração dos Ministério da Saúde e da Previdência, órgãos oficiais e entidades não governamentais de Assistência Social, os atuais programas para oferecimento de órteses e próteses de diferentes tipos . E dentro deste quadro que se há de se estabelecer um conjunto de metas para atender aos educandos com necessidades educativas especiais”. (PNE Especial, p 56)

Ainda em conversa com a responsável pela Educação Especial da

Secretaria de Educação e Cultura ela relata a dificuldade que é o trabalho a ser

desenvolvido, por questões burocráticas, pela falta de comprometimento do

Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

familiar (responsável) pelo aluno. Sabemos que para promover a inclusão será

preciso um esforço imenso, pois requer transformações radicais em todos os

sentidos e setores da sociedade. Não se pode realizar a Inclusão sozinha nem

com um trabalho solitário, é necessário solidariedade e renúncia, e um

planejamento estratégico, pois muitos familiares pensam como a maioria da

sociedade que o deficiente é um incapaz. Mudar essa mentalidade é um

trabalho árduo, requer estratégia para sensibilizar, levar a auto-estima até

mesmo do familiar, por isso é importante políticas publicas que incluam a todos

nesta empreitada.

Como diz Mazzotta (1995):

“São poucos os municípios brasileiros que contam, em sua rede de ensino, com recursos educacionais apropriados para a educação dos alunos portadores de deficiência. De um modo ou de outro a concretização de uma educação de melhor qualidade para tais alunos depende, em grande parte de seu equacionamento nas políticas educacionais.”(Mazzola, 1995, p 184)

Em se tratando do Município de Rio Novo percebe-se um cenário ainda

em construção, com a proposta de um novo PPPM (Plano Político Pedagógico

Municipal) em andamento, onde busca a adaptação das propostas

pedagógicas e da linha de atuação da Secretaria Municipal de Educação e

Cultura para o desenvolvimento nas escolas Municipais de Educação tanto na

sede, como na zona rural. Onde todos os que se encontram envolvidos no

processo educacional da cidade foram convidados a participar, construindo-se

assim democraticamente um documento que dará um novo rumo a educação

em Rio Novo do Sul, pelo menos essa é a perspectiva de todos o que estão

desenvolvendo o trabalho. A previsão é que este ano o PPPM esteja pronto e

seja apresentado para os educadores. Como nos foi relatado por Marlene

Decote Telles Secretaria de Educação e Cultura do Município de Rio novo e

pela Pedagoga responsável pela coordenação geral do projeto, na reunião com

os professores da rede municipal de ensino na Escola Bodart Junior, onde foi

Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

apresentada a projeto desenvolvido pelos representantes de cada escola do

Município, da Sede e da Zona Rural.

Podemos dizer então que o cenário de Rio Novo do Sul em relação à

construção de uma escola inclusiva é de esperança para todos. Com a

construção do PPP do município surge a possibilidade de cada escola adaptar-

se e construir o seu planejamento visando determinar as suas próprias

necessidades de acordo com a realidade dos alunos e dos profissionais que a

compõe. Montando uma equipe de educadores e outros profissionais

motivados.

“Atualmente, o pensamento educacional tem apontado para a direção de elaboração de um currículo “especial” para cada escola, no sentido de que cada uma configura uma realidade específica, determinada pela combinação dos fatores internos e externos que atuam na sua organização e funcionamento. Tal currículo deve ser “especial”, no sentido de que deve atende às necessidades únicas de cada escola (...) em função das reais necessidades de seus alunos, não determinadas categorias ou tipos idealizados de alunos” (Trocolli, 2009, p.155)

Sabemos que construir uma escola inclusiva não é tarefa fácil e vencer

os paradigmas construídos após décadas de preconceito demanda tempo e

esforço. Desmistificar todo a idéia equivocada ou que fazia parte da história

dos deficientes até aqui é tarefa longa. Transformar uma sociedade

preconceituosa e egoísta em uma equipe voltada para a solidariedade esse é o

desafio. Ainda há muito por fazer, a escola inclusiva pretende dizimar os rótulos

de que as pessoas deficientes são coitadinhos, incapazes, deixarem de lado as

atitudes paternalistas e assistencialistas. Finalizando esse capitulo podemos

dizer o processo de inclusão requer maior investimento por parte do poder

público e com isso aparentemente têm-se perdas, isso é um ledo engano, já

que, Os recursos financeiros despendidos no processo de inclusão têm retorno

econômico que pode ser considerado significativo, pois a pessoa portadora de

Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

deficiência, se ativa, custa menos a comunidade, para família e para si

própria. E devemos lembrar que as leis e declarações não são tudo, elas

proporcionam a base, propiciam o direcionamento, mas é preciso mais que

isso, é necessário comprometimento e tomarmos cuidado para colocarmos a

criança na escola dita inclusiva e praticar com ela uma exclusão vedada,

humilhando e provocando mais desconforto e revolta. Eles não podem ser

apenas figurantes nesse espaço pedagógico.

Se aceitarmos as crianças deficientes na escola e se a tratarmos de

forma excludente ou co-dependente, terão um tratamento diferenciado dos

demais alunos, ocasionando a exclusão da inclusão ou a inclusão perversa.

Devemos lembrar que tudo que queremos é oferecer um ensino de qualidade a

todos os alunos, fazendo valer a nossa Constituição Federal que de forma justa

determina que a educação seja direito de os cidadãos brasileiro,

independentemente de ser portador de deficiência de ordem física, mental,

múltipla, desta ou daquela etnia, raça, religião. Percebemos na Carta Magna a

igualdade de todos, e o reconhecimento de que a educação é um direito,

reconhecendo-se responsável por incluir a todos no processo educacional.

Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

CAPÍTULO III

A VOZ DOS MESTRES: A INCLUSÃO NO COTIDIANO DA SALA DE

AULA

A partir de uma pesquisa realizada nas escolas de Rio Novo do Sul,

Espírito Santo, foram ouvidos 30 profissionais na área de educação a respeito

inclusão, onde foram lançados alguns questionamentos, sobre o tema e as

dificuldades encontradas em sala de aula na prática pedagógica. Baseados

nesta pesquisa conheceremos um pouco do pensamento dos profissionais

Rio Novo a respeito da inclusão do aluno portadores de necessidades

especiais no cotidiano escolar. Dos professores entrevistados selecionamos

dez pensamentos para traçarmos um paralelo com pensadores e estudiosos do

tema, conforme segue e faremos um quadro com as respostas dadas pelos

mesmos em relação a inclusão social e sua importância.

A inclusão dos alunos com necessidades especiais em colégios

regulares de ensino, só deveria ocorrer quando houvesse profissionais

tecnicamente preparados para isso e a escola também”. Nos aspectos físicos,

profissionais e de recursos pedagógicos, pois é muito difícil a prática

pedagógica sem essas condições. Só dessa forma o aluno portador de

necessidades especiais conseguirá ser realmente incluída na sociedade.

“A escola para todos requer uma dinamicidade

curricular que permita ajustar o fazer pedagógico às

necessidades dos alunos. Ver as necessidades dos

alunos atendidas no âmbito da escola regular determina

que os sistemas educacionais modifiquem, não apenas

as suas atitudes e expectativas em relação a esses

alunos, mas também, que se organizem para constituir

uma real escola para todos, que dê conta dessas

especificidades”. (TROCOLI, 2009, p.155).

A preparação de profissionais capacitados para atender a demanda dos

alunos com necessidades especiais em sala de aula já deveria estar bem

avançada, a partir da uma Conferência Mundial de Educação Especial,

Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

organizada pelo governo da Espanha em cooperação com a UNESCO, com

representações de 88 governos e 25 organizações internacionais em

assembléia em Salamanca na Espanha, entre 07 e 10 de junho de 1994. Onde

foi firmado um compromisso com a Educação para Todos, Neste documento

denominado Declaração de Salamanca fica claro a necessidade de equipar a

escola e treinar os profissionais:

“O desenvolvimento de escolas inclusivas que ofereçam serviços a uma grande variedade de alunos em ambas as áreas rurais e urbanas requer articulação de uma política clara e forte de inclusão junto com provisão financeira adequada – um esforço eficaz de informação pública para combater o preconceito e criar atitudes informadas e positivas – um programa extensivo de orientação e treinamento profissional – e a provisão de serviços de apoio necessários. Mudanças em todos os seguintes aspectos da escolarização, assim como em muitos outros, são necessárias para a contribuição de escolas inclusivas bem sucedidas: currículos, prédios, organização escolar, pedagogia, avaliação, pessoal, filosofia da escola e atividades extracurriculares.” (Declaração de Salamanca II, B24)

Percebe-se na afirmativa abaixo a preocupação dos profissionais quanto

a sua preparação no desenvolvimento de sua tarefa com as devidas condições

para serem exercidas.

“Julgo importante à inclusão, pois assim percebemos que não somos todos iguais, aprendemos a respeitar o outro”. Porém a grande maioria dos profissionais e escolas não estão preparadas, ainda, adequadamente, todos os profissionais da educação deveriam ser capacitados com cursos, etc. (Edmar Napoleão Roza Professor E.M.E.F.”Bodart Júnior”).

Com esta afirmativa também podemos perceber a ampliação da

clientela potencialmente nomeada como portadora de necessidades especiais

e a proposta de diretrizes na reforma dos sistemas educacionais com criações

e renovações das leis e Diretrizes dos países envolvidos no tratado. Como

observamos nesta citação:

“A prática de desmarginalização de crianças portadores de

deficiências deveria ser parte integrante de planos nacionais que

objetivem atingir educação para todos. Mesmo naqueles casos

Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

excepcionais em que crianças sejam colocadas em escolas

especiais, a educação dela na precisa ser inteiramente

segregada. Freqüência em regime não-integral nas escolas

regulares deveria ser encorajada.” (Declaração de

Salamanca,1994, 17)

A Declaração de Salamanca fez surgir em 1996 o Plano Nacional

de Educação especial, no governo de Fernando Henrique Cardoso, na época o

Ministro da educação e do Desporto Paulo Renato Souza. Que sobre a

preparação dos profissionais ficou determinada como meta que em um prazo

de cinco os professores seriam qualificados para o exercício de sua profissão,

conforme citação a seguir;

“Generalizar, em cinco anos, como parte do programa de

formação em serviço, a oferta de cursos sobre atendimento

básico a educandos professores em exercícios na Educação

Infantil e no Ensino Fundamental, utilizando inclusive a TV

Escola e outros programas de Educação a Distância.”

(PNE Especial, metas 7.2, 1996. p. 3)

Após essa constatação é preciso que os profissionais da área procurem

fazer valer esse direito e buscar realizar os cursos, para que através desta

atitude ele venha a melhorar a sua prática, já que a inclusão é uma realidade a

qual não podemos fugir. Como afirma a professora Josiane em seu

depoimento a seguir:

“A inclusão já uma realidade nas salas de aula do nosso

município, porém, falta maior apoio pedagógico e capacitação

para os professores. Concordo que a educação para todos é um

direito da sociedade e cabe ao poder público cumprir esse direito

e a sociedade tem um dever de cobrar a execução desse direito.

Na realidade é preciso unir esforços: Família, professores e

poder público na execução dessa lei. Sabemos que não é fácil

isso na prática, mas temos que tentar. (JOSIANE FERNANDES,

Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

PROFESSORA DA E.M.P.E.I.E.F DE QUARTEIRAO DE

SANTANA, ESCOLA RURAL).”

Verificamos no texto a seguir o pensamento de Trocoli a respeito do

apoio pedagógico e da adaptação curricular e do trabalho em equipe de forma

a melhorar o desempenho em sala de aula do professor e também o da escola

como um todo. Lembrando que é preciso um comprometimento com o aluno e

não apenas com a assimilação do conteúdo a ser ministrado.

“A respeito da organização dos apoios decorre, de fato, de que

há uma série de decisões que são competências da equipe

docente em seu conjunto, como são designações da diferentes

funções de apoio, o número de alunos a atender, o tipo de

atenção que precisa (direta ou indireta) e os critérios gerais para

decidir a modalidade de apoio.” (TROCOLI, 2009, p. 177).

É, preciso ter sempre em mente no momento do planejamento as

diferenças existentes sem sala de aula, Um projeto inclusive precisa ser bem

elaborado, precisa ter a flexibilidade necessária, pensar de uma atenção

específica em determinado momento e o professor precisa estar atento a essas

questões no momento de planejar com a equipe pedagógica.

No próximo depoimento falaremos melhor sobre isso.

“De acordo com esse questionamento, sou

favorável à inclusão de pessoas com necessidades

especiais na escola regular, mas vejo a preparação

acontecer de forma lenta: é lei, mas não esta

acontecendo como deveria”. Talvez, os alunos com

necessidades especiais, estejam recebendo cobranças

além dos seus limites físicos e mentais, por motivo de

despreparo dos profissionais e até mesmo dos próprios

pais. Essa inclusão é bem social do que intelectual, ou

pela menos deveria ser. Veja bem a questão da

avaliação, por exemplo, como cobrar do aluno com

dificuldades as mesmas questões exigidas pelo aluno

Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

com condições diferentes de aprendizado? Como

devemos agir, aprovação direta, mas isso é justo e

correto? Como avaliar um aluno nestas condições e não

ser injusta? (ANA CLAUDIA WETLER, PROFESSORA

E.E.E.F.M “Waldemiro Hemerly)”.

Com relação ao pensamento visto acima podemos afirmar que por não

ter um projeto especifico para incluir o aluno com necessidades especiais, o

aluno é simplesmente colocado em uma sala de aula de um curso regular, sem

ter havido uma avaliação prévia de suas reais necessidades e possibilidades, e

isso infelizmente não acontece só com os portadores de necessidades

especiais comprovada, mas com todos os que integram a escola. Eles

participam de todo o processo planejado para a turma, levando em

consideração apenas a série em que ele estará inserido. Como os afirma

Trocoli, a seguir:

“Por não ter um projeto especifico para incluir, falta à escola e sua equipe informações relevantes sobre as necessidades educacionais do aluno”. Desta forma, não existem adaptações ou ajustes dentro da escola significativos para favorecer o aluno. Ele realiza as atividades propostas a todos da classe, quando as tarefas esbarram em seus limites, simplesmente ele deixa de executá-los, ou reduz as tarefas para lhe facilitar. O conselho de classe, formado para decidir os resumos da vida escolar dos alunos com dificuldades de aprendizagem, não demonstra eficiência no caso do aluno portador de deficiência. Em geral, para a maior parte dos alunos, uma boa avaliação da competência curricular proporciona informação indispensável para planejar o processo de ensino e aprendizagem. Contudo, para alguns alunos com deficiência, a avaliação aprimorada no currículo não nos leva aos dados necessários para ajustar a resposta educativa.”(TROCOLI, 2009, P..177)”.

Na construção de uma escola inclusiva é necessário mais do que criar

classes mistas, colocar alunos com necessidades especiais especifica junto

com os outros alunos ditos normais, sem levar em consideração as suas

Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

necessidades reais, apenas para dizer que se formou, uma instituição inclusiva,

é preciso um compromisso com aluno como um todo, visando à formação bio-

psico-social de mesmo.

“A inclusão chegou para nós com muitas duvidas, muita ansiedade e despreparo, tanto ao espaço físico, como no setor pessoal, mas como Brasil, é a terra do ”jeitinho”, e realmente aos poucos tudo foi se acertando precariamente. Na verdade, ainda há muito que aperfeiçoar, para melhorar ainda mais o atendimento, o crescimento e acompanhamento dos portadores de necessidades especiais. Ë preciso uma integração maior entre os setores da saúde, assistência social e a educação, para esse atendimento seja feita de forma satisfatória, para desenvolver um acompanhamento global e não parcial do aluno. Porém um ponto positivo foi detectado e foi marcante: O acolhimento dos alunos ditos “normais”, aos portadores de necessidades especiais, pois a cultura do preconceito, entre eles, não existe, percebemos então que o preconceito é um paradigma cultural de nós adultos, que sem percebemos transmitimos as crianças, com nossas atitudes. Isso é tão verdade que até pouco tempo em nossa pequena especiais que eram escondidas pela família da sociedade.” ( ROSILUCY FERNANDES LOUZADA, coordenadora, E.M.E.F”Bodart Junior” e professora de Biologia da EEEFEM. “WALDEMIRO HEMERLY”).

Sabemos que para promover a inclusão será preciso um esforço imenso,

pois requer transformações radicais em todos os sentido e setores da

sociedade. Não se pode realizar a Inclusão sozinha nem com um trabalho

solitário, é necessário solidariedade e renúncia, e um planejamento estratégico,

pois muitos familiares pensam como a maioria da sociedade que o deficiente é

um incapaz. Mudar essa mentalidade é um trabalho árduo, pois a

conscientização dos envolvidos no processo esta longe de ser totalmente

compreendida e assumida. Como podemos ajudar os familiares nesta

trajetória? Segue um texto para reflexão de todos nós:

“Se a escola e a família fossem orquestrada, seria impossível ouvir a sinfonia da compreensão humana”. Como pode haver sinfonia se cada músico está com seu instrumento em um tom? Onde está o autor da sinfonia? Ou será que a orquestra é que não quer tocá-la? A orquestra por que não gritam? Estão surdos? E os ouvintes por que não gritam? Estão surdos?

Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Não! Não sabem gritar. E você? Também é musico nessa orquestra? A escola e a família serão uma orquestra se cada músico se afinar. Os músicos devem interpretar a partitura da compreensão sua individualidade. Não basta entre os músicos e os ouvintes é o amor, a compreensão, o atendimento. Reaja diante da música. Se um tom lhe soar desafinado, pare! O ponto de espera é calmo e longo, com sua música, virá outra música. Com certeza será o início da verdadeira orquestra”. (TROCOLI, 2009, pág.93).

Em se tratando do Município de Rio Novo, haverá agora uma nova

adaptação das escolas do município, para atender a meta do PNEE e da

Declaração de Salamanca, todas as escolas estarão recebendo os alunos com

necessidades especiais, em 2010.

“A inclusão para mim é processo de mão dupla que precisa estar muito bem direcionado”. Tudo se encaminha para o avanço e a modernidade, mas às vezes me sinto desencorajada, achando que não sou capaz de fazer uma criança tão “diferente”, aprender. Sei que preciso acreditar, mas não fui preparada para isso. Sei que não podemos aceitar no século XXI crianças com necessidades especiais excluída da escola e presa em casa, mas me pergunto será as salas estão preparadas para recebê-las, e nós profissionais estamos. Eu tenho muita dificuldade em me adaptar confesso. (RENATA DE CASSIA, PROFESSORA EMEF “Bodart Junior)

Sabemos que construir uma escola inclusiva não é tarefa fácil e

vencer os paradigmas construídos após décadas de preconceito demanda

tempo e esforço. Desmistificar todo a idéia equivocada ou que fazia parte da

história dos deficientes até aqui é tarefa longa. É preciso acreditar em si

mesmo e no outro, para fazer uma boa tarefa;

“Para que o processo se torne viável e verdadeiro, é preciso que o educador acredite na possibilidade que o aluno tem de aprender com interações realizadas, orientadas pelo principio do respeito mútuo, e na idéia de que todas podem aprender desde suas “portas de entrada para o conhecimento sejam encontradas”, valorizadas e desenvolvidas num projeto político pedagógico democrático que atenda as necessidades individuais

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

de cada um na coletividade educacional. “Abrir” é incorporar, no currículo visível e naquele que é oculto, a diversidade como um aspectos presente e que deve ser valorizado e não excluído. É entender que não é o aluno que precisa se adaptar a tudo, mas que a escola deve mudar para adaptar-se aos diversos alunos que freqüentam a instituição.” (TROCOLI, 2009, p. 165).

Daí surge o que TROCOLI (2009) chama de verdadeira inclusão:

“A verdadeira inclusão ocorre quando se consegue remover todas as barreiras existentes: preconceitos, pré-conceitos, medo, comodismo, (...) Percebe-se que não é tarefa fácil construir e colocar uma escolha inclusiva. Muitas unidades escolares apenas integram os alunos com defici6encia, mas isso não é ser uma escola inclusiva, a inclusão requer muito mais (...) Ë importante que o professor e toda comunidade escolar (diretor, funcionários, alunos) se lembrem de que todo aluno pode, a seu jeito respeitando seu tempo, favorecer-se de programas educacionais, desde que tenha chances ajustadas para ampliar sua potencialidade.” (TROCOLI, 2009, p. 169)

Um ponto destacado pela professora Carina, me fez refletir muito,

sobre a dedicação do professor na tarefa que se propõe a realizar e ai,

pensamos na importância da afetividade e do profissional se sentir

comprometido com a tarefa de verdade e não se preocupar em deter o saber,

mas em movimentá-lo, ser generoso e acompanhar o processo de aprendizado

individual de seu aluno.

“A inclusão é muito importante, porém é necessário que o professor esteja disposto a se dedicar à tarefa”. Na sala de aula no cotidiano nos deparamos sempre com novo desafios, pois cada aluno é único e possui necessidades individuais . O que precisamos é não discriminar, mesmo sem querer, o aluno que se apresenta com dificuldades no aprendizado, preferindo o “BOM” aluno. A tarefa não é simples, encontramos obstáculos às vezes que parece instransponível, mas quando nos propomos a realizar com amor e dedicação tudo se desenvolve muito bem e a gratificação é grande, pois a mínima vitória do nosso aluno, significa a nossa vitória também.” (Carina, EMEF “Bodart Jr.)

Remete-nos esse pensamento de Carina a um desconstrutor de

verdades, o grande Guimarães Rosa: “Mestre não é quem ensina, mas aquele

que, de repente, aprende”.

Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

“(...) Em geral pensa-se que o professor é aquele que “fala”, que preenche com seu encachoeirado discurso uma sala de cinqüenta minutos ou um seminário de três horas. Este é um conceito de ensino como a atividade “oracular” da parte do mestre, que se complementa numa passividade auricular da parte do aluno. “Contudo, assim como o espaço em branco é importante no poema, assim como a pausa organiza a música, o saber pode brotar do silêncio.” (PEREIRA, 1989 p. 03)

A posição da professora Andressa nos remete a reflexão de como

devem ser realizadas a transferência de alunos com necessidades especiais de

outras instituições especializadas para uma escola regular de ensino e a

importância de uma estrutura para recebê-la bem montada. Acompanhe o

depoimento dela a seguir na integra:

“A inclusão é muito importante, deve ser realizada sempre que possível, porém precisamos perceber se a instituição está devidamente preparada para receber esse aluno. Muitas vezes crianças ou jovens e adultos, que estão acostumados com um estabelecimento de ensino próprio, chegam a um lugar diferente, ele poderá sofrer e ao invés de praticar estaremos realizando o oposto do queremos para nossos alunos. A escola precisa ter o mínimo de condições, tanto na questão de espaço físico, como os profissionais que irão lidar com o aluno no dia a dia da escola, ou seja, todos os funcionários envolvidos diretamente no processo cognitivo do aluno. Lembrando que neste momento um dos fatores mais contagiante é a afetividade, é preciso preparam-se para ser mais sensível as necessidades reais daquele Aluno.” (Andressa Freitas, Professora da Escola Especial Pestalozzi).

Percebemos então que paralelo ao movimento da inclusão, deve

caminhar a observância das leis que garante algumas condições para que os

alunos com necessidades especiais possam ser atendidos com dignidade e

obter um desenvolvimento cognitivo satisfatório. A ausência de políticas

públicas eficazes, despreparo dos funcionários de uma maneira geral

(administrativo, professores, pedagógico, direção), arquiteturas de prédios em

condições inadequadas e de equipamentos específicos demonstra o descaso

Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

em relação à inclusão dos portadores de necessidades especiais nas escolas

regulares de ensino. Como nos aponta Mazzota:

“(...) Alguns itens indispensáveis a uma Política Municipal de Educação do “Portador de Deficiência”''. Com o propósito de exemplificar a aplicação dos fundamentos teóricos (...): 勦 Desenvolver parceria e cooperação com o Estado e com Instituições especializadas Particulares já exixtentes, evitando duplicidade desnecessária de recursos educacionais. 勦 Prever serviços e auxílios especiais de educação para portadores de deficiências que deles necessitem na Educação Escolar, em Programas de Habilitação ou de Reabilitação. 勦 Abranger pré-escola e ensino fundamental, procurando cobrir ensino comum e supletivo, se necessário. 勦 Considerar as interfaces necessárias com serviços de saúde e bem-estar social, particularmente em apoio à Habilitação e Reabilitação. 勦 Cuidar para que a infra-estrutura física dos prédios escolares não apresente barreiras ao portador de deficiência. 勦 Cuidar para não estabelecer relação direta entre portador de deficiência e a educação especial, nem tampouco, ignorar os casos em que o portador de deficiência apresenta necessidades educacionais especiais. 勦 Zelar para que o atendimento educacional caracterizado com especial seja, de fato, especial, incluindo como elemento central do professor especializado, além de currículos adaptados ou especiais e materiais, aparelhos e equipamentos específicos. 勦 Garantir a possibilidade de freqüência aos cursos regulares das escolas comuns, desde a pré-escola, mediante, dentre outras coisas orientações aos diretores e professores do ensino comum. 勦 Contemplar como diretriz básica a não-segregação, mas incluir igualmente alternativas para que o processo se torne a integração na escola comum e até da segregação nos casos em esta for necessária, definindo os atendimentos diretos e indiretos a serem assumidos pelo Município. (Mazzota, 1995, p. 187).

3.2. CONCLUSÃO DA PESQUISA DE CAMPO:

Concluímos assim essa primeira parte do nosso capitulo e

apresentaremos a seguir alguns números a respeito dos questionamentos

específicos feitos na pesquisa de campo, visando conhecer um pouco mais as

opiniões dos mestres:

Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Pergunta 1-A inclusão de pessoas com necessidades especiais a escola

regular de ensino é lei você concorda com essa lei?

Descrição do

entrevistado

Quant Sim Não S.O

Professores 25 15 10 ****

Outros 05 05 ***** ****

Pergunta 2- Quais as maiores dificuldades encontrada em sala de aula

inclusiva em sua escola e de uma maneira geral?

1 – Falta de estrutura física (arquitetônica)

2 – Falta de profissionais capacitados para execução da tarefa

3 – Dificuldade de adaptação dos alunos

4 – Todas as alternativas

Entrevistado

Quant. A 1 A 2 A 3 A 4

Professores 25 10 07

Outros 05 02 02 1 *****

Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

Pergunta 3-A escola que você trabalha esta adequada para desenvolver a

inclusão?

1- Sim, pedagogicamente, espaço físico e capacitação do pessoal.

2- Não, ainda trabalhamos de forma tradicional.

3- Espaço físico e aperfeiçoando os outros pontos.

4- Não pedagogicamente e estrutura física.

Entrevistado Quant A 1 A2 A3 A4

Professores 25 09 12 04

Outros 05 03 01 01

Page 44: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

CONCLUSÃO

Partindo do princípio que todos somos iguais conforme reza na

Constituição Nacional:- e perante as leis especificas da educação, nacional e

internacional, que foram tratadas nesta pesquisa e de tudo que tange ao que

estudamos, concluímos que embora a garantia por lei, existe uma dicotomia no

processo de inclusão apontando para uma dissonância entre a teoria e a

prática, já que professores e outros profissionais não se sentem preparados

para executar em sala de aula. A falta de preparo, de motivação por parte de

alguns profissionais, da mesma forma detectamos pessoas acreditando na

possibilidade e que estão fazendo um imenso esforço no sentido de se adequar

à realidade e a lei. Também notamos a busca da Secretaria Municipal de

Educação e Cultura, no sentido de estruturar as escolas para receberem a

criança com necessidades especiais de ordem física e psicológica, pelo menos

50% das escolas do município estão, fisicamente, estruturadas para receber,

por exemplo: um cadeirante e há escola Estadual que funciona no município

que conta inclusive com um elevador adaptado para cadeirantes, mas o

número de profissionais capacitado, ainda é reduzido na rede municipal,

estadual e federal. Outro fato observado em nossa pesquisa que a escola que

atende as crianças na área urbana da cidade está mais bem equipada que a

Rural. Reconhecendo na escola um espaço privilegiado à construção de uma

sociedade democrática que aponta para a qualidade de ensino e para a

possibilidade de contribuir com as modificações de atitudes discriminatórias,

têm se buscado as metas de ajuste para um sistema de ensino de forma que

atenda os direitos de todos no que diz respeito à educação.

Diante dos questionamentos levantados fazer o constante entre o que se

prega teoricamente sobre a inclusão e o que de fato acontece na pratica para

que a escola deixe a condição de instituição burocrática e se transforme num

espaço inclusivo, onde todos são visto de forma individual, suas necessidades

percebidas e atendidas por todos que estão envolvidos no processo de ensino

e aprendizado e comprometido com a construção de uma sociedade mais

Page 45: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

justa, fraterna e feliz. Enfim, com a conclusão de nossa monografia

percebemos que a inclusão é um processo, ou melhor, um desafio para todos

nós: futuros professores, professores, profissionais diversos que estão

envolvidos neste processo, familiares, poder público e sociedade em geral que

visam um trabalho com possibilidades de construir uma sociedade mais

igualitária, na qual as diferenças sejam consideradas e respeitadas, pois a

inclusão na verdade implica em estabelecer e manter comunidades escolares

que dêem as boas vindas à diversidade e que honrem as diferenças. Como

descreve a Constituição Federal, capitulo II, seção I, artigo 205: “A educação,

direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada

com a colaboração da sociedade (...)”.

Page 46: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

BIBLIOGRAFIA

MAZZOTA, J.S. Marcos, EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL, HISTORIA E POLITICAS PÚBLICAS, São Paulo, Brasil – Editora Cortes – 5º ed., 195. TROCOLI, Edla, APOSTILA DA DISCIPLINA EDUCAÇÃO INCLUSIVA – AVM – INSTITUT O A Vez do Mestre, Rio de Janeiro, 2009. Pereira Hércules – TEORIA E PRÁTICA PSICOPEDAGOGICA, Rio de Janeiro, Simonsen faculdade Integrada, 1989. SILVEIRA, Bueno Francisco – DICINIONÁRIO ESCOLA DA LINGUA PORTUGUESA – Ministério da Educação e Cultura, 1965. CEGALLA, Paschoal Domingues, DICIONÁRIO PRÁTICO DA LINGUA PORTUGUESA COLEÇÃO O DIA, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2002.

Page 47: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Renata e Viviane, ao meu ex-marido ... pela minha vida nestes últimos anos e me ensinaram algo sobre o ... educar e ser humano

WEBGRAFIA

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, Conferência Mundial de Educação Especial, Espanha, Salamanca, 1994. www.avm.webensino.com.br. Data de acesso: 22 de outubro de 2009. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, 1996 www.avm.webensino.com.br, Data de acesso: 19 de setembro de 2009. DIRETRIZES CURRICULARES PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL – 2011 www.avm.webensino.com.br. Data de acesso: 19 de setembro de 2009.