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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA CRECHE É LUGAR DE ACOLHIMENTO E APRENDIZAGEM ROSANE GUIMARÃES CLAUDIO RIO DE JANEIRO 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

CRECHE É LUGAR DE ACOLHIMENTO E APRENDIZAGEM

ROSANE GUIMARÃES CLAUDIO

RIO DE JANEIRO 2009

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1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Apresentação da monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de licenciado em Pedagogia.

Orientadora: Profa Ms. Andressa Ma F. da Rocha

RIO DE JANEIRO 2009

CRECHE É LUGAR DE ACOLHIMENTO E APRENDIZAGEM

ROSANE GUIMARÃES CLAUDIO

2

TERMO DE APROVAÇÃO

CRECHE É LUGAR DE ACOLHIMENTO E

APRENDIZAGEM

Monografia defendida por Rosane Guimarães

Claudio, apresentada ao curso de Licenciatura em

Pedagogia da Universidade Candido Mendes /

Instituto a Vez do Mestre e aprovado em 24 de maio

de 2009 pela banca examinadora constituída pelos

professores:

_____________________________________________

Profa. Orientadora Andressa Maria Freire da Rocha

_____________________________________________

Prof. XXXXXXXXX

_____________________________________________

Prof. XXXXXXXXX

3

Dedico a Deus, pela força e perseverança

que teve a bondade de depositar em mim.

4

Agradeço ao querido Luiz Carlos de Almeida, pelo apoio que me ofereceu em todo

esse tempo de estudo.

5

RESUMO

O trabalho aqui exposto procura apontar algumas características da atividade

realizada nas creches, assim como também destacar os objetivos centrais dessa

atividade. Ele foi pautado em pesquisas realizadas em livros e artigos especializados

em educação e acolhimento nas creches. Colaborou também a própria vivência de

quem lida com uma creche todos os dias, coordenando e moldando o trabalho

construído nela. O texto aborda as principais relações que permeiam a atividades na

creche, nas quais se encontram envolvidos funcionários, família, criança e

comunidade. Através da análise dessas relações, discute-se a importância da

colaboração de todos no processo de acolhimento e aprendizagem das crianças

matriculadas na creche. Discute-se ainda a importância da formulação do espaço e

das brincadeiras, tanto nos processos de adaptação, quanto nos processos que

constroem os saberes infantis.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 11

CAPÍTULO I

1. A CRECHE, A FAMÍLIA E A CRIANÇA 13

1.1. A criança e seus primeiros passos 18

1.2. Mamãe chegou a hora! 23

CAPÍTULO II

2. QUANDO A CRECHE É UM PEDACINHO DE CASA 27

2.1. Construindo o nosso “canto” 32

CAPÍTULO III

3. BRINCADEIRA E APRENDIZAGEM: A PARCERIA QUE DÁ CERTO 39

3.1. Brincando com a leitura e a escrita 45

CONSIDERAÇÕES FINAIS 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50

ANEXOS 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

7

INTRODUÇÃO

Pensar em infância hoje em dia não é tarefa fácil. A modernidade vem

impondo à sociedade novos hábitos e novas maneiras de ver e viver a vida. A

constituição familiar de hoje em dia é das mais diversas. O modelo de família

amplamente divulgado há algumas décadas atrás – mãe, pai e filhos morando juntos

e em harmonia – já não é tão comum nos dias atuais. Famílias constituídas por pai,

mãe e filhos são pouco usuais no novo século. Atualmente, é comum vermos

famílias em que o pai cria os filhos sozinho ou famílias em que a mãe fica

completamente responsável pela criação das crianças. Também não são raros os

casos em que parentes como tios ou avós assumem as crianças e passam a cria-

las, muitas vezes, sem qualquer ajuda do pai ou da mãe dessas crianças. Há ainda,

por força de necessidade, famílias que moram com outros parentes ou com outras

famílias, dividindo o mesmo espaço e, consequentemente, a responsabilidade pelas

crianças.

Além dessas mudanças na estrutura familiar, não se pode ignorar que,

mesmo quando os filhos são criados pelos pais, muitos desses pais trabalham fora.

A verdade é que, na maioria das casas, pai e mãe passam o dia fora, delegando a

terceiros a tarefa de cuidar de seus filhos. Essa nova dinâmica familiar tem afetado

de maneira contundente a formação das crianças, especialmente as que se

encontram nos primeiros anos de vida.

Com tudo isso, é perceptível o aumento da necessidade e da importância do

trabalho das creches. As famílias nas quais os adultos passam o dia fora, ocupados

com o trabalho, com a formação profissional ou com atividades escolares, precisam

das creches para cuidar de seus filhos. As creches passaram a ser, para uma

8

grande parte da população, a única maneira de conciliar trabalho e família, sem

deixar de lado os cuidados e o carinho que toda criança merece.

Diante da necessidade de um número cada vez maior de creches, surgem

várias idéias e questionamentos. Dessa maneira, tornam-se inevitáveis discussões e

trocas sobre o assunto. Não é difícil perceber que a sociedade atual tem nas creches

a solução para um dos grandes problemas da modernidade: “como criar e educar

seus filhos tendo que passar muitas horas fora de casa?”

O trabalho que aqui se apresenta nasce da preocupação com o acolhimento e

a educação que vem sendo desenvolvida nas creches, ressaltando que, hoje em dia,

as creches têm sido, para muitas crianças, a principal fonte de cuidados e

transmissão de valores.

Pensar na nova dinâmica social, na qual nos encontramos inseridos, colabora

para entender o porquê o crescimento das creches e também ajuda a considerar o

quanto elas têm sido fundamentais na formação das nossas crianças. Melhorar o

ambiente e o trabalho das creches é aumentar a qualidade do que é oferecido às

crianças em seus primeiros anos de vida.

Recepcionar a criança que acaba de ingressar na creche, assim como passar

tranquilidade aos pais que deixam seus filhos longe de casa pela primeira vez, são

atividades essenciais ao trabalho a ser desenvolvido na creche e, assim sendo, é

também parte fundamental do estudo aqui apresentado. Desse primeiro contato

depende muito a interação e o desenvolvimento das crianças em vários aspectos,

dentre eles o social e o cognitivo.

Aprimorar a fase de acolhimento visando uma melhor adaptação das

crianças e, consequentemente, alcançar um bom relacionamento entre família e

creche, é um dos objetivos centrais do trabalho de pesquisa em torno das creches.

9

O trabalho pedagógico que é realizado nas creches precisa estar envolvido pela

preocupação com o acolhimento infantil para melhor funcionar e acontecer de

maneira natural e prazerosa para a criança.

Pensar em um trabalho que atinja a boa adaptação da criança à creche é

fundamental para a vida escolar dela. Um bom acolhimento é capaz de despertar na

criança o interesse e a paixão pela escola, colaborando para seus anos futuros de

estudo e para um bom desempenho escolar.

A relação família/escola também tem muito a ganhar quando os profissionais

da creche percebem a importância dessa relação para o desenvolvimento infantil. A

presença dos pais na vida da criança é fundamental, especialmente nos primeiros

anos da vida. Se a família está presente e é parte atuante do trabalho que se

desenvolve junto à criança, as chances de sucesso são bem maiores.

É importante que a creche se preocupe em mostrar aos pais a importância

que a participação deles tem na vida escolar dos filhos e como eles podem estar

presentes mesmo com todas as dificuldades de tempo e disponibilidade. Por mais

que as creches desenvolvam um trabalho de qualidade, a criança de 0 a 4 anos tem,

em sua família, referências valiosas que não devem ser substituídas, mas sim

complementadas pelo trabalho escolar.

É claro que gerar essa aproximação entre família e creche nem sempre é

fácil, por isso é essencial pensar nesse processo e em tudo que ele envolve.

Considerar o perfil da área que a creche atende, assim também como as diferenças

de cada criança e de cada família, além das necessidades dos que ali estão sendo

atendidos, é importante para aumentar as chances de gerar essa aproximação da

família com a creche.

10

Acolher as crianças e educá-las nas creches é tarefa árdua, que envolve

fatores diversos que precisam estar constantemente sendo pensados e revisados.

Além de conquistar a colaboração familiar, os profissionais da creche devem se

preocupar em causar a interação social das crianças com eles mesmos e com as

outras crianças, sabendo lidar com as possíveis adversidades dessas interações.

E toda essa preocupação com o acolhimento da criança e com a participação

familiar deve estar aliada ao desenvolvimento cognitivo. Despertar o interesse da

criança pela escola e trabalhar os conteúdos sistemáticos no intento de desenvolver

as habilidades iniciais – e primordiais às crianças – são mais algumas das funções

das creches. Como conciliar tudo isso é um dos desafios do trabalho dos

profissionais que atuam em creches.

Acolher, cuidar, aproximar, educar. Todas essas palavras representam

desafios diários dentro das creches. Refletir e discutir sobre todas essas atividades é

acreditar que o trabalho possa ser realizado da melhor maneira, é acreditar no amor

que ronda tudo que é feito e na educação que se realiza dentro dos espaços das

creches.

11

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa foi desenvolvida a partir de caráter exploratório, pois, apesar de

tratar de assunto atual e bastante discutido, foi construída partindo de uma visão

que mescla a teoria à prática, tendo o intuito de alargar o tema e ressaltar a

importância de aspectos essenciais relacionados a ele.

O trabalho apresentado construiu-se a partir da leitura de diversos autores e

também de livros que regem a educação voltada para crianças de 0 a 4 anos de

idade. a leitura de fascículos e revistas especializadas na área de educação também

fez parte e se mostrou útil à confecção do trabalho.

A observação e o contato com o ambiente e as situações diárias de uma

creche também serviram de parâmetros para a pesquisa e as considerações aqui

expostas. Colaboraram também a discussão e a troca de idéias com funcionários,

pais e também com as crianças.

Atuar em uma creche municipal possibilitou maior contato com as situações

diárias e as ações vividas pelas creches, seus funcionários e as comunidades

atendidas. A vivência e o contato com quem está diretamente ligado ao trabalho

realizado nas creches foram fundamentais. Nasceram, da própria convivência com

profissionais das creches e com pais que mantém seus filhos matriculados nas

creches públicas, as maiores reflexões e conclusões sobre o tema proposto.

A combinação entre a pesquisa e a leitura de textos teóricos com a vivência e

a observação da prática proporcionou ao trabalho uma abordagem quantitativa e

qualificativa. Quantitativa por ser abundante o contato com o tema, tanto em sua

esfera teórica quanto em sua colaboração prática, e qualitativa, pois esse intenso

contato proporcionou uma melhor reflexão sobre as questões destacadas.

12

Meios eficazes de intensificar o contato e de tomar conhecimento sobre o que

pensam os funcionários e os pais sobre a creche e seus serviços foram os

questionamentos surgidos naturalmente, durante reuniões e atividades diárias. O

contato matinal ao recepcionar os pais que deixam seus filhos na creche e a troca

com funcionários durante o dia-a-dia e, especialmente, durante as reuniões, foram

fontes importantes para a coleta de dados explorados no trabalho.

Dos livros e fascículos teóricos surgiram as reflexões, as informações

pedagógicas, os dados estatísticos e também parte das sugestões. A maioria dos

livros e revistas utilizados como material de pesquisa também foi útil por trazer

imagens e fotos expressivas e naturais do cotidiano vivenciado nas creches. A

observação dessas imagens foi importante para a aproximação com o conteúdo

pesquisado.

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CAPÍTULO I

1. A CRECHE, A FAMÍLIA E A CRIANÇA

“A lógica predominante na organização das relações dos homens com seus semelhantes, sejam eles adultos ou crianças, terá a sua determinação constituída nas relações sociais, construídas através das relações de produção de uma sociedade. Assim, é possível sustentar que a criança será percebida pela sociedade de forma diversificada ao longo dos tempos, conforme as determinações das relações de produção vigentes em cada época”. (FARIA, 1997, p.9)

O trecho acima foi retirado de um artigo do livro Educação Infantil em curso.

Ele exprime a importância que o trabalho da creche assumiu, ao longo do tempo,

enquanto fonte construtora da criança para a sociedade. A história de criação das

creches acompanha a estruturação da sociedade e seus progressos, reafirmando a

necessidade da atuação das instituições de ensino desde a primeira infância.

As creches surgiram na década de 40 do século anterior. Nasceram, a

princípio, em espaços improvisados de áreas carentes e eram resultantes da falta de

política públicas. Elas vinham para atender as mulheres que começavam a povoar o

mercado de trabalho e ainda não contavam com o apoio do governo. Somente a

partir de 1980 que o governo do município do Rio de Janeiro começou a apoiar,

através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, o movimento das

creches e das escolas improvisadas. Nesse período, o atendimento às crianças da

primeira idade ainda era muito assistencialista, a preocupação era mais voltada para

o aspecto social.

No decorrer de década de 80 ocorreu a política de expansão e apoio às

creches e às pré-escolas comunitárias. Em 1985 foi criada a Casa da Criança, um

espaço para atender as crianças de 3 a 6 anos em horário integral, instalado sempre

próximo às áreas de baixa renda. Na Casa da Criança o atendimento ainda não se

mostrava muito voltado para a educação, o teor assistencialista ainda era a base

14

nessas instituições. Em 1988, a Constituição estabelece que seja dever do Estado,

por meio dos municípios, cuidarem da Educação Infantil, ou seja, oferecer

atendimento em creches e pré-escolas a todas as crianças de 0 a 6 anos. Foi uma

década marcada por avanços e mudanças já que essa foi a primeira Constituição a

garantir os direitos de criança brasileira em seus primeiros anos (Fonte:

Multieducação temas em debate – Educação Infantil – Revendo percursos no

diálogo com os educadores, 2006).

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, as creches

e pré-escolas passam a constituir o Sistema Municipal de Educação, deixando de

ser orientadas e organizadas pro órgãos envolvidos com a assistência social. Em

2001, o prefeito César Maia transfere oficialmente a responsabilidade pelas creches

e pelo ensino de educação infantil da Secretaria Municipal de Desenvolvimento

Social para Secretaria Municipal de Educação (SME). A transferência ocorreu

gradualmente e, com 244 creches sob sua responsabilidade em 2003, a SME

começou a promover as mudanças e investir nos profissionais e no ensino oferecido

pelas creches. Com as creches passando a ser responsabilidade da SME, o

assistencialismo tão latente na história delas vai dando lugar ao trabalho pedagógico

e à preocupação com um ensino de qualidade para as crianças de 0 a 4 anos. As

creches passam a contar com coordenadores envolvidos com a área da educação.

Nas últimas décadas, a história das creches sofreu várias mudanças e

muitas dessas mudanças vêm acalmar a demanda por vagas na educação infantil e

expressam a tentativa de oferecer um melhor atendimento para esta faixa etária de 0

a 4 anos.

O número de creches tem aumentado a cada dia. A rede particular se

multiplica e varia os serviços que oferece aos pais, enquanto a rede municipal é

15

cada vez mais procurada e o número de matrícula aumenta ano após ano. Não é

difícil perceber os vários fatores que levam a este aumento. Observando algumas

novas vertentes sociais é possível perceber que as creches têm sido fundamentais

para as mudanças que vêm se aplicando nas ultimas décadas.

Segundo artigo lançado no jornal Educar (Appai):

(...) por excesso de compromisso, (os pais) passaram a delegar a terceiros a responsabilidade de cuidar dos filhos. ‘Este é um fenômeno presente em uma sociedade na qual a busca desenfreada por Ter vem impedindo o ser humano de Ser. Tenho trabalhado em várias comunidades e tenho assistido ao abandono das famílias em relação aos seus filhos. Alguns por motivos reais, pois precisam trabalhar o dia inteiro. Mas o fato é que muitos pais vêm delegando à Educação Infantil toda e qualquer tarefa que seria de sua responsabilidade’. (Rosa Prista, psicóloga, 2002, p. 7)

Como pai e mãe passando muitas horas fora da casa, a criação dos filhos

vem sendo delegada a parentes, vizinhos ou às instituições de ensino. Com a nova

dinâmica da vida feminina, é comum vermos creches recebendo bebês cada vez

mais novos, das mãos de mães que precisam retomar o trabalho ou os estudos

pouco tempo depois da criança ter nascido. Há também as famílias que, mesmo

podendo cuidar de seus filhos durante a primeira infância, optam por colocá-los já

numa instituição de ensino para que tenha inicio logo a vida escolar.

As creches municipais adotavam, até algum tempo atrás, alguns pré-

requisitos para que a família matriculasse seu filho. Era preciso morar próximo à

creche para qual estava sendo solicitada a matrícula e os pais precisavam declarar

ter emprego fixo, que os impedisse de estar com o filho em tempo integral. Hoje em

dia não é mais assim. O município do Rio de Janeiro aboliu esses pré-requisitos

estendendo o atendimento das creches municipais a todas as famílias, consideradas

de áreas pobres ou de classes média baixa, que, além da necessidade de ter quem

cuide de seus filhos, percebem a importância da educação na vida da criança,

16

mesmo quando ela tem ainda poucos anos de vida. Nas palavras de Carmem Lúcia

Guedes, atuante na divisão de Educação Infantil da Secretaria Municipal de

Educação em 2002, em entrevista ao jornal Educar (Appai), “ter vaga na escola é

um direito da mãe e também da criança. A Constituição assegura o direito à

educação desde a mais tenra idade. Por isso estamos investindo na política pública

de ampliação de vagas”.

Desde o começo da década atual é perceptível o interesse – e a

necessidade – pela ampliação do sistema de educação oferecido às crianças de 0 a

4 anos. Esse crescimento na procura por vagas nas creches tem sido assimilado

pelo sistema, mesmo que ainda de forma vagarosa. Ele já é notável e, por isso

mesmo, está constantemente sendo discutido e vem sendo trabalhado na

expectativa de ocasionar o alargamento da rede.

As creches da rede municipal do Rio de Janeiro vêm passando por

constantes mudanças nos últimos anos. Passaram de simples ambientes destinados

aos cuidados dos pequenos a instituições de ensino, foram assumidas pela

Secretaria de Educação e agora passam a ter um direcionamento pedagógico muito

mais acentuado. Com essa mudança de direção muita coisa ficou diferente para as

creches. Os profissionais que atuam nelas passaram a desempenhar funções onde

a preocupação com o cognitivo está sempre presente, planejamentos e atividades

pedagógicas passaram a fazer parte do dia-a-dia das creches cariocas, professores

passaram a atuar nelas e a coordenar o que era produzido, gestão e direção escolar

passaram a constituir a realidade das creches.

Atualmente, mais algumas mudanças vêm acontecendo. A princípio, as

creches trabalhavam com funcionários moradores da própria comunidade onde elas

estavam situadas e todos eram terceirizados, respondendo a contratos de empresas

17

que trabalhavam junto da prefeitura. Recentemente foi realizado concurso público e

ou aprovados já começaram a assumir a função de agente auxiliar de creche para

atuar nas instituições. O que muda com isso? A qualidade do serviço prestado, já

que agora os funcionários são selecionados e supervisionados por órgãos da própria

prefeitura. Torna-se notável a preocupação e o investimento nessa primeira fase de

educação.

É preciso ressaltar que, mesmo com as mudanças e com o aumento do

interesse dos órgãos responsáveis, o número de vagas ainda não aumentou o

suficiente a ponto de atender a demanda, pois, apesar das creches particulares

estarem se multiplicando, grande parte da população depende da rede pública para

iniciar seus filhos na vida escolar. Segundo o Censo escolar de 2002, a maioria das

crianças entre 0 a 5 anos que freqüenta os grupamentos de educação infantil

encontra-se matriculada na rede pública de ensino.

Apesar da maioria das famílias recorrerem ao ensino público e gratuito – por

conta das possibilidades financeiras – não está somente no custo a maior

preocupação dos pais aos escolherem onde matricular seus filhos. É possível notar

que há uma grande preocupação com o ensino e com o que a criança possa vir a

desenvolver freqüentando uma creche, e isso tem sido um fator de peso durante a

escolha.

Há alguns anos os pais viam os professores de pré-escolar como ‘babás especificadas’. Era como se aquela fase da vida escolar não tivesse qualquer conteúdo. Mas, de uns 10 anos para cá, essa visão começou a mudar e eles acabaram percebendo a importância da escola na vida dos filhos. E isso se deve muito a especialização dos profissionais. O professor precisa ser muito competente para trabalhar com educação infantil. (Claudia Monteiro Curis, coordenadora do setor infantil de colégio em Niterói em entrevista ao jornal Educar (Appai), em 2002, p. 7)

18

Essa nova visão sobre as creches e seus profissionais, e também as

modificações e as ampliações da rede, devem ser feitas com muito cuidado para que

o ensino só tenha a ganhar. “Enquanto responsáveis pelo desenvolvimento da

criança, as escolas devem ser coerentes com os valores desejados com a família”,

diz a psicóloga e psicomotricista Rosa Prista. Os perigos das creches se tornarem,

como se costuma dizer, ‘depósito de criança’ não estão extintos e esse é um

caminho que deve ser seguramente afastado do conceito e da atividade das

creches.

A aprendizagem acontece por meio do contato direto ou indireto com atividades que ocorrem nas situações de convívio social das quais as crianças participam no âmbito familiar e cotidiano. Porém, outras aprendizagens dependem de situações educativas. (MEYER, 2003, 47-48)

O ensino que atende as crianças de 0 a 6 anos envolve recreação e

cuidados, mas não somente isso, há aprendizado, só que de forma prazerosa,

através do lúdico e, principalmente, da coletividade. Essa noção é muito importante

quando os pais pretendem matricular seus filhos na creche, pois, por mais que haja

a necessidade de ter a criança matriculada e freqüentando uma creche, é preciso

pensar na qualidade do trato e da educação que está sendo fornecida àquela

criança. É do primeiro contato com a escola que surge grande parte do interesse da

criança pela mesma e esse interesse vai ser essencial ao desenvolvimento da

criança.

1.1 – A criança e seus primeiros passos

Quando a criança nasce, ela tem seu primeiro contato com o mundo

externo. O primeiro grupo com o qual ela tem efetiva convivência, normalmente, é a

família. Pai, mãe, irmãos, tios, primos, avós, entre outros, costumam ser as primeiras

19

pessoas com as quais o bebê se relaciona, em meio a um tumulto de novidades que

o mundo representa para ele, nos primeiros meses de vida. Segundo Vygotsky

(1989), esses contatos iniciais do bebê com adultos é determinante para sua

formação, pois “no começo da vida de uma criança os fatores biológicos superam os

sociais. Só depois, aos poucos, a integração social será o fator decisivo para o

desenvolvimento do seu pensamento”. (MARANHÃO, 2004, p. 29-30).

Esses primeiros contatos do bebê variam muito de acordo com a

diversidade que a sociedade brasileira apresenta. Famílias inteiras, muitas vezes,

dividem um mesmo espaço, uma única casa abriga pais, irmãos, avós, cunhadas,

primos, tios, enfim, um número muito grande de parentes com os quais o bebê logo

se acostuma. Há casos também – e não são raros – em que o bebê tem um único

parente que lhe serve como referência, normalmente o pai ou a mãe.

Ao começar a freqüentar uma creche, o bebê se encontra em um ambiente

onde tudo é novidade. É normal a criança apresentar a dificuldade em se adaptar ao

espaço e, principalmente, em se acostumar a ser cuidada e observada por pessoas

que não são as que ela está habituada. Os rostos que ela costumava ver

diariamente são trocados pro rostos estranhos ao seu olhar.

As creches abrigam crianças com diferentes vivências e diversidades culturais e lingüísticas. Nessa pluralidade cultural cada criança tem seu jeito de falar, seu modo de ser, suas histórias, para contar seus medos a compartilhar (ABRAMOWICZ, 1999, p. 65)

As diferenças encontradas pela criança e o contato com os outros se tornam

desafios diários em seu tenro cotidiano e aumentam a dificuldade em sentir-se

segura e acolhida dentro do ambiente escolar. Acostumar-se as diferenças que

encontra é essencial para a criança.

Um dos desafios fundamentais da creche é acolher a criança e a sua

família. Viabilizar a adaptação da criança ao dia-a-dia da creche e a todas as

20

novidades nas quais ela esbarra ao iniciar sua vida escolar é um ponto essencial

para o seu desenvolvimento.

De acordo com Piaget, o desenvolvimento da inteligência está voltado para o equilíbrio, a inteligência é adaptação ao ambiente. O homem estaria sempre buscando uma melhor adaptação ao ambiente. (...) Nesse momento o sujeito é obrigado a buscar novas formas de se relacionar com o meio para melhor adaptar-se a ele. Podemos ver aí os processos de equilibração. A criança passa de um estado para outro. (MARANHÃO, 2004, p. 18)

Percebendo a importância da adaptação infantil ao ambiente escolar, as

discussões sobre o assunto não têm sido poucas. Muitas reflexões têm sido

traçadas sobre os desafios enfrentados pelos profissionais e pelas instituições de

educação infantil no esforço de acolher as crianças que ingressam nas creches e

nas pré-escolas.

Adaptar-se é ajustar-se a um determinado ambiente ou a hábitos

específicos, ou seja, é ter que acostumar-se a uma nova rotina e a novos espaços. A

criança que entra para uma creche precisa acostumar-se a um ambiente que não é

o da sua casa e a seguir regras e horários que antes não existiam em sua vida.

Tarefa difícil para muitos adultos, para os pequenos também. Começar uma nova

rotina e, no caso da criança, entrar para um novo grupo, deixando de lado o único

grupo que lhe servia de referência, a família, é um desafio e tanto. Tornar esse

processo o mais suave e agradável possível, tanto para a criança quanto para a

família, é uma das tarefas da creche e de seus profissionais.

Há autores que defendem a idéia de que crianças muito pequenas não

devem ser afastadas do convívio da mãe e do seu lar, mas a verdade é que,

atualmente, não é possível se prender tanto a essa idéia já que o ingresso na

creche, muitas vezes, não é facultativo, mas sim uma necessidade da família. O

ideal então é tentar fazer com que esse afastamento seja menos doloroso, tanto

para a família quanto para a criança.

21

A preocupação com uma possível ruptura na relação mãe/filho é

absolutamente compreensível, mas como nem sempre é viável impedir a

possibilidade dessa ruptura, o melhor é aprender a trabalhar com a iminência dela e

com a diversidade das atuais relações sociais e culturais.

Primeiro é preciso considerar as diversas relações que a criança traz de

casa e as novas relações que ela terá que absorver. Equilibrar essas relações torna

o trabalho mais maleável. Em seguida, é preciso buscar o apoio da família e

daqueles com os quais a criança estava acostumada a conviver. O trabalho conjunto

entre escola e família será sempre ponto fundamental no decorrer da vida escolar da

criança e, portanto, deve ser sempre estimulado e vivenciado.

Dialogar com a família e estar sempre procurando observar as impressões

da criança diante da nova experiência são passos fundamentais para estruturar a

adaptação que se inicia. A criança, além de ser o motivo do processo de adaptação,

é também a maior fonte de estruturação do mesmo. Ter o cuidado de observar as

reações da criança diante de cada novo desafio e de cada nova situação que vai

surgindo é um modo de avaliar com ela está se sentindo e reagindo ao mundo que

está a sua volta, ao mundo novo que ela inaugurou ao entrar para a creche.

O estreitamento dos laços com a família é um capítulo delicado no período

de adaptação da criança. Saber coordenar esse contato entre família e creche é

essencial. No livro Educação de 0 a 3 anos – O Atendimento em Creche, as autoras

Elinor Goldschmied e Sonia Jackson (2006) levantam aspectos importantes desse

contato:

Quando a criança entra na creche pela primeira vez, a educadora-referência tomará para si a responsabilidade específica pelo período de ajustamento e se esforçará para estar presente quando a mãe e a criança chegarem pela manhã. É importante que ela pense com cuidado sobre o que representa para a mãe observar outra pessoa segurar seu filho ou filha. Para a criança, é muito importante ter a experiência de ver sua mãe (ou pai) e sua cuidadora em uma relação amigável e de confiança. (p. 63)

22

Considerar que a adaptação não é um processo que se encerra, que ela

permanece em continua transformação, é também muito importante. A partir do

momento que se compreende que a adaptação é uma atividade constante no dia-a-

dia das crianças que ingressam na creche fica mais fácil aceitá-la e tratá-la como

parte natural do processo. Na verdade, as adaptações vão estar sempre presentes,

pois elas fazem parte de qualquer processo de desenvolvimento – e as pessoas

estão constantemente expostas a situações as quais precisam se adaptar e a novos

desafios, pois o desenvolvimento do ser humano perdura por toda a sua vida.

Na verdade, não existe um meio mágico de fazer com que a criança se sinta

bem e se mostre integrada ao novo ambiente ao qual começa a pertencer, o que há

são meios de tornar esse processo menos enfastioso e doloroso para ela e para a

família. Pensar em estratégias e atividades que amenizem os percalços dos

primeiros momentos da criança na vida escolar consiste numa preocupação de

todos os envolvidos com o processo.

É interessante perceber que a adaptação é extensiva, que, quando ela

ocorre para a criança, ela está, na verdade, se estendendo a todos os envolvidos no

processo. Enquanto a criança se adapta ao ambiente e às pessoas que começam a

fazer parte da sua vida, é fato que esse ambiente e essas pessoas começam a se

adaptar também à criança e uns com os outros. A adaptação é um processo

baseado na reciprocidade, logo é essencial que se compreenda que ele não é algo

pronto e fechado, ao contrário, é um processo resultante do acúmulo da impressão e

das ações de todos os envolvidos. Lidar com a adaptação significa então estar

aberto às múltiplas perspectivas com que situações são entendidas e vivenciadas

pelos diversos participantes do processo, no caso da creche, funcionários,

profissionais da educação, comunidade, família e, claro, a criança.

23

Quando creche e família atuam juntas, a adaptação da criança ocorre de

maneira mais tranquila e natural, evitando futuros desgastes no interesse e na

atuação dela na vida escolar. Colaborar para a adaptação dos pequenos é acolher e

possibilitar, tanto para eles quanto para as famílias, a segurança de estar iniciando

um caminho prazeroso que deverá ter continuidade por toda vida.

1.2 – Mamãe, chegou a hora!

A chegada de um novo bebê é sempre um situação povoada de sonhos,

esperanças e desafios, mesmo para quem não é mãe de primeira viagem. Nem

sempre o bebê foi planejado e é preciso ter “jogo de cintura” para lidar com os

imprevistos e os obstáculos. Para a mamãe que precisa retomar o trabalho, a creche

se torna peça essencial. Chorar não adianta, é preciso deixar o bebê bem cedinho

entregue aos cuidados das profissionais da creche.

Para algumas mulheres a creche acaba sendo muito útil nos cuidados com o

bebê. Um exemplo dessa afirmação pode ser visto no depoimento da auxiliar de

cozinha Rafaela da Silva, de 17 anos, que em entrevista a revista Escola e Família

(2007, p. 13) diz ter sofrido com a insegurança de não saber lidar com as situações

que surgem no trato diário com o primeiro filho: “Eu tinha medo de dar banho no

Hugo e de fazer a higiene em seu umbiguinho. Sempre achava que podia machucá-

lo ou que ia cair do meu colo. Não sabia o que fazer quando ele chorava (...) achava

que ele estava me rejeitando”. Dúvidas são normais e o medo de não saber o que

fazer apavora muitas mães. Como o contato entre a creche e as mamães,

especialmente as dos bebês, costuma ser intenso, ele acaba se transformando em

um aprendizado para essas mães, além de tranqüilizá-las em relação a várias

situações com as quais não estão acostumadas.

24

As mães das crianças ainda em fase de amamentação têm abertura para

visitar e manter contato com o bebê durante a permanência dele na creche e isso é

muito saudável para a mamãe e para o bebê, além de gerar um ambiente de

acolhimento e segurança. É interessante que a creche e seus profissionais estejam

sempre abertos a esse contato e, mais do que isso, que procurem estimular essa

troca entre as mães, as crianças e o ambiente da creche.

É claro que a presença da mãe e da família não deve se restringir apenas

aos bebês, mas sim se estender a todas as crianças que freqüentam a creche.

Estimular essa participação nem sempre é fácil. Com a vida atribulada e horários

ocupados, nem sempre os pais conseguem estar presentes e atuantes na vida de

seus filhos, torna-se então função da creche procurar despertar na família a

consciência do quanto é importante ela acompanhar a criança e do quanto isso

alarga as possibilidades de trabalho, colaborando para o desenvolvimento do aluno.

O trabalho da creche deve começar com o objetivo de estabelecer, entre a

instituição e a família, uma relação de confiança, sabendo despertar a segurança

necessária para que os pais deixem seus filhos entregues aos cuidados dela.

Acolher os pais e manter um constante diálogo ajuda a desenvolver a confiança que

servirá de base ao bom relacionamento entre creche e familiares.

Conquistar a confiança dos familiares e abrir as portas da instituição nem

sempre é tudo que se precisa fazer para se ter a família dentro da creche. É preciso

mostrar o quão essencial é a presença dela e o valor que essa participação tem para

o trabalho que ali se realiza. Algumas famílias apresentam muita resistência em

participar das atividades escolares, mesmos as mais esporádicas, como reuniões de

pais e eventos, e isso dificulta o trabalho pretendido além de tornar-se um obstáculo

muito grande ao desenvolvimento da criança.

25

É comum educadoras reclamarem da falta de participação dos familiares

responsáveis pela criança. Normalmente as reclamações giram em torno de figura

da mãe, responsável pela “unha não cortada, pelo piolho não catado, pelo uniforme

que não está asseado”. No caso das creches, a ausência da família e,

principalmente da mãe, causa uma grande falha nos progressos da criança, além de

atingir diretamente o desenvolvimento afetivo/emocional. Mas como fazer com que a

família perceba o valor da sua presença? Essa é uma questão difícil e resolvê-la

caberá a cada instituição – já que é preciso pensar em soluções que funcionem

dentro da comunidade atendida pela creche.

Colocar os pais em contato com o trabalho pedagógico oferecido pela

creche, ajuda, mas como fazer isso se nem sempre os pais de disponibilizam a

participar dos eventos e dos encontros oficiais organizados pela instituição de

ensino? Um caminho interessante de realizar essa aproximação é criar o hábito da

troca de idéias e dos repasses diários, de maneira informal, no momentode entrada

ou saída, momentos em que a criança sempre está representada por um adulto com

o qual têm ligação. Essa informalidade é capaz de aproximar e embasar a troca

entre o auxilio de creche e os responsáveis, facilitando o conhecimento sobre a

criança para ambas as partes.

Um outro meio de aproximar a família da creche é convidar os familiares a

participarem do que é desenvolvido diariamente dentro das salas. Não deixar para

convidar e incentivar a participação apenas em festas e eventos, mas nas atividades

simples que fazem parte do planejamento diário. Inserir a comunidade e as famílias

no cotidiano da creche costuma ser bastante positivo. Organizar brincadeiras e

realizar contação de histórias é algumas das atividades que os parentes podem

exercer no dia-a-dia das creches.

26

Quando as creches conseguem alcançar a participação familiar, as chances

de sucesso no trabalho com as crianças são bem maiores. É muito importante

também que a instituição tenha o cuidado de destacar e valorizar essa participação,

fazendo com que os pais que se encontram presentes sintam-se sempre parte

essencial do processo de educação de seus filhos. É preciso não rejeitar o fato de

que a aprendizagem das crianças resulta da integração entre a atuação da família e

a atuação dos educadores, e que, portanto, é importante criar a abertura para que a

família participe, assim como é igualmente importante valorizar quando essa

participação ocorre.

Mesmo com todas as mudanças vivenciadas pelo ensino destinado às

crianças de 0 a 4 anos, não se pode perder de vista que ainda há muito por vir e

contar com a colaboração dos pais e parentes faz toda a diferença, assim como

saber aproveitar, da melhor maneira possível, essas colaborações. A presença da

família é peça fundamental à vida escolar das crianças, e é no período do ensino

pré-escolar que os responsáveis precisam desenvolver o hábito de acompanhar e

participar do desenvolvimento educacional de seus filhos.

27

CAPÍTULO II

2. QUANDO A CRECHE É UM PEDACINHO DE CASA

Crianças passam boa parte do dia no espaço da creche. A maioria vai pra lá

bem cedo e sai só no final da tarde, e a creche acaba sendo o espaço onde elas

passam a maior parte do tempo. Pensando nisso, tem-se a certeza de que a creche

tem que ser mais do que um prédio escolar, ela deve ser aconchegante e com um

“jeitinho” de lar.

Pensando nas creches públicas, é inevitável lembrar que boa parte das

famílias que tem seus filhos matriculados nelas são de classes baixas, ou seja,

vivem em condições precárias e com poucos recursos. É importante pensar nesse

fator pois, se a pretensão da creche é ser uma extensão da casa da criança, é

preciso que se conheça bem a moradia e as condições de vida dessas famílias.

Para conhecer bem o ambiente da criança e tornar-se o mais próximo possível dela

é preciso estar em constante contato com a clientela atendida pela creche e

aumentar o contato com as famílias.

(...) fato que muitas pessoas que levam seus filhos a creches da prefeitura ou a outros centros enfrentam em casa situações sérias que causam ansiedade, e dificuldades variadas em suas vidas; por exemplo; viver em habilitações abaixo do padrão e dependendo de um auxílio-desemprego inadequado. (GOLDSCHMIED & JACKSON, 2004, p. 72)

O trecho acima carrega algumas das preocupações que devem permear o

trabalho da creche: “o que a criança vivencia em casa? Em qual ambiente e em

quais condições ela está sendo criada?”. Entender o porquê da necessidade dessa

preocupação pode ser o ponto de partida para um trabalho bem realizado.

Quem se mostra envolvido com o campo educacional sabe que é muito difícil

criar um ambiente educativo sem conhecer e envolver-se com seus alunos e as

28

vivências que esses carregam. Nas creches, esse fator se estende um pouco mais,

afinal de contas, além do fator pedagógico existe uma aproximação muito grande

com a afeição e o compromisso com os cuidados com a criança.

Conhecer a criança, a sua família e suas condições de vida não é tarefa fácil,

é preciso explorar o entorno onde se localiza a creche e intensificar o contato com a

família, além de criar uma relação de troca que seja capaz de gerar a confiança e a

segurança necessária ao trabalho e ao contato entre creche e família. Mas como

fazer isso? Interações com a família como reuniões e atividades festivas podem ser

o início de um vínculo bastante proveitoso, além disso, demonstrar abertura para

que pais participem das atividades escolares e mesmo das decisões da instituição é

uma forma eficiente de estreitar os laços com a família.

Não são poucas as situações em que o comportamento da criança e também

seu rendimento no ambiente escolar são ditados pelas experiências vividas em

casa. São vários os casos de crianças com notável nível de agressividade e que,

quando a família é procurada e questionada sobre o fato, descobre-se facilmente

que o ambiente em que a criança vive é de hostilidade ou mesmo de extrema

agressividade. É claro que isso não é uma regra geral, não é toda criança com

comportamento exageradamente agressivo que construiu esse perfil a partir de sua

família ou de sua casa, mas é bom que se dê atenção ao fato de que esse

comportamento, muitas vezes, pode ter sito estimulado pelas cenas que a criança

presencia em casa.

Desde que nasce, a criança está em contato com os adultos e estes irão mediar a relação dela com o mundo. Os adultos abrirão as portas da cultura para a criança. O comportamento da criança certamente será influenciado pelos costumes da cultura daqueles que a cercam. (MARANHÃO, 2004, p. 30)

Além da agressividade, a apatia em sala de aula, mesmo para as crianças

mais pequenas, muitas vezes nasce da convivência com a família. Restrições em

29

demasia e relações de medo acabam por acarretar a inibição dos desejos da

criança, assim como a perda da auto-estima. A criança quase não dialoga e se

expõe pouco, o que diminui as chances de troca e prejudica os seus progressos. A

apatia também pode surgir na forma de pouca concentração e em uma grande

dificuldade em se envolver no que é construído em grupo. Famílias pouco

estruturadas e que realizam poucas trocas com a criança podem ser as causadoras

de comportamentos assim.

O fato é que os primeiros anos de vida da criança se configuram em uma

constante busca por modelos e referencias e, como até o momento de ingressar no

espaço escolar a família é a referência principal, as crianças acabam tomando para

si os exemplos que assistem em casa. Isso constitui um processo natural do

amadurecimento infantil.

Entender esse processo vivenciado pela criança não é julgar o que acontece

dentro da casa de cada uma, mas sim procurar perceber a relação que os

acontecimentos em família têm com a atitude e a aprendizagem da criança. Saber

estender as boas referências ao período de permanência da criança na creche e

amenizar as ruins devem ser um dos objetivos do trabalho realizado, a fim de

oferecer à criança um ambiente favorável ao seu desenvolvimento e uma melhor

educação.

Além da família, há também outros fatores externos à creche como moradia,

higiene e alimentação, que devem fazer parte das preocupações da instituição que

pretende cuidar e acolher a criança com qualidade. A moradia e as condições em

que a criança vive e é assistida influenciam drasticamente em sua adaptação ao

novo grupo e ao ambiente escolar.

30

Dado como exemplo o acesso às condições básicas de cuidados com o

próprio corpo e a prática de uma higiene regular, podemos extrair vários pontos

divergentes. Vai ser difícil para uma criança que não tem banheiro em casa fazer

uso desse ambiente enquanto estiver na creche, ou mesmo criar autonomia para

comunicar que precisa fazer uso dele. É bem provável também que a criança tenha

dificuldades em se habituar às etapas simples como lavar as mãos antes de comer e

escovar os dentes após as refeições, já que são tarefas que ela só desempenha

enquanto está na creche e para as quais não existe o estímulo da família.

Lembrando ainda que as crianças de 0 a 4 anos são essencialmente dependentes

dos pais, especialmente no que diz respeito aos cuidados com saúde e higiene, ou

seja, se a parentes se mostram despreocupados ou mesmo sem condições de

cuidar da higiene da criança, ela acabará tendo, nos cuidados oferecidos pela

creche, seu único modo de praticar a higiene pessoal.

Se a casa é de poucos cômodos e a criança dorme com pais, irmãos e, às

vezes, até outros parentes, é bem provável que ela presencie, mais freqüentemente,

as brigas e os desentendimentos familiares, além disso, a falta de espaço pode

acarretar a ausência de conforto, gerando situações familiares desgastantes,

desestruturando a convivência em família e a qualidade de vida.

A comunidade que a criança vive também é fator essencial para sua formação

e, por isso, também deve representar objetivo de estudo da creche. Vizinhança,

ambiente barulhento e cenas de agressividade gratuita perturbam e “deseducam” as

crianças. Um bebê pode se tornar mais agitado e apresentar problemas para dormir

e se relacionar com os outros por conta do ambiente que se encontra a sua volta;

para os maiores, a agitação e o linguajar ouvido na rua podem ser facilmente

31

absorvida e se tornarem futuros motivos de desgastes no ambiente escolar e razão

de desinteresse.

A creche precisa ser um ambiente que desperte a segurança na relação com

a criança para que esta seja capaz de se sentir bem ali e possa se desenvolver da

melhor maneira possível. Conhecer o ambiente familiar dentro do qual a criança é

criada é um passo importante para oferecer a ela algo capaz de gerar uma relação

de segurança e a sensação de bem estar necessária para que o trabalho

pedagógico seja realizado. Como afirma Diva Maranhão, na introdução de seu livro

Ensinar Brincando: a aprendizagem pode ser uma grande brincadeira (p. 16), “o

sujeito de desenvolve através da aprendizagem junto ao seu meio familiar, ao grupo

social a que pertence ou de forma sistemática na escola. (...) Trabalhando o ser de

formal total, podemos favorecer o seu desenvolvimento integral”. A partir desse

comentário, torna-se fácil perceber a influência da família e do meio na formação da

criança, deixando claro que esses fatores devem ser objetos de interesses da

instituição de ensino.

O envolvimento com a família e a preocupação com as condições de vida da

criança deve partir da creche como um todo, ou seja, funcionários de apoio,

merendeiras, educadores, auxiliares, direção, todos devem estar preocupados em

observar e se aproximar das crianças e das famílias que atendem, pois esse não é

um trabalho somente dos regentes ou dos auxiliares. Essa aproximação com a

família é muito mais bem trabalhada e tem mais chances de dar certo quando parte

de toda a creche. As atividades coletivas e o atendimento às famílias devem ser

planejados e executados por todos os funcionários.

Esse trabalho com a família e com a comunidade assistida é fundamental,

tanto para a sociabilização da criança quanto para o desenvolvimento pedagógico

32

dela, além disso, é através desse trabalho que a creche se torna capacitada a

oferecer os cuidados mais adequados as suas crianças, suprindo necessidades e

ampliando o atendimento básico.

Silvia Helena Vieira Cruz, em tese à Universidade Federal do Ceará (UFC),

cita Mantovani (1998) para fazer compreender a importância de se conhecer bem a

criança e a sua realidade.

(...) sabendo mais sobre a criança, conhecendo-a melhor, a proposta de atividades pouco a pouco mais estimulantes e complexas prosseguirão de maneira natural e pertinente (s/data, p. 1)

2.1 – Construindo o nosso “canto”

Apesar de a preocupação com os fatores externos à creche ser fundamental,

ela não é suficiente para realizar um trabalho pleno. É preciso também preocupar-se

com o espaço que se cria dentro da creche.

O ambiente físico exerce uma grande influência sobre a maneira como as pessoas que trabalham em creches percebem o seu trabalho, e também sobre a qualidade das experiências que elas são capazes de oferecer às crianças (...) o uso do espaço relaciona-se com os papéis do adulto na creche. (GOLDSCHMIED & JACKSON, 2004, p. 33)

O espaço físico da creche deve ser pensado e planejado para se tornar um

facilitador do processo educativo, além de um ambiente agradável no qual crianças e

adultos sintam-se bem e sejam capazes de trabalhar com mais disposição e

interesse.

Por mais que a criança seja o foco do trabalho na creche e que seja ela o

motivo de tudo que se realiza ali, quando se pensa na construção do espaço físico

da creche a preocupação com o adulto passa a fazer parte da lista de prioridades.

Tanto as crianças quanto os funcionários passam muitas horas dentro da

creche, na verdade, a maioria passa mais tempo na creche do que em suas próprias

33

casas, logo parece óbvio que a creche deva ser um ambiente acolhedor para esse

adultos também.

Um espaço que acolha o funcionário, oferecendo-lhe qualidade e o mínimo

de conforto, é essencial. Espaços reservados a cada funcionário para que guardem

seus materiais, uma sala de reuniões, um ambiente para lanches e almoço

confortável e agradável, um banheiro que ofereça a possibilidade de um banho no

meio do dia, ou antes, de ir embora, são alguns dos itens fundamentais a essa

construção do bem estar do funcionário da creche.

Quem acredita que essa preocupação com o acolhimento do próprio

funcionário é dispensável deve lembrar que, quanto maior for o bem estar do

mesmo, melhor será sua atuação e seu rendimento no trabalho. Pessoas trabalham

com mais dedicação e mais disposição quando se sentem bem e se encontram em

um ambiente que as acolhem, trazendo a sensação de bem estar.

O trabalho desenvolvido nas creches, como na maioria das instituições de

ensino, é um trabalho pautado sobre a “aproximação”, sobre o contato e a troca

entre os que participam dele. Partindo dessa idéia, é bom lembrar que o contato

direto entre os funcionários e as crianças possibilita uma troca intensa de

experiências e sensações, e que essa troca vai influenciar de maneira enfática o

desenvolvimento da criança. Se os adultos que trabalham de maneira enfática o

sentem bem e acolhidos pelo ambiente onde se encontram, essa sensação

influenciará positivamente seu trabalho e as relações com a criança e o espaço.

Em artigo do livro Educação Infantil em Curso, Denise Gusmão ressalta a

relação de cuidado e proximidade que o funcionário da creche tem com a criança,

fazendo lembrar o quanto é importante o bem estar do funcionário para que este

exerça uma boa aproximação com o bebê/a criança:

34

Constatamos que as funções desempenhadas pelas auxiliares de creches e berçaristas envolvem o educar e o cuidar, (...) quanto menor a criança, maiores são os cuidados que ela necessita. (GUSMÃO, 1997, p.76)

Sabemos que nem sempre o espaço físico é adequado ou oferece a

qualidade e o conforto necessário à ampliação do bem estar de quem atua na

creche. As limitações físicas e a falta de recursos são empecilhos para a construção

de um ambiente adequado, mas com um pouco de criatividade e adaptações é

possível se aproximar de um modelo que supra as necessidades de quem passa a

maior parte de seu dia dentro da creche.

Além da preocupação com os funcionários, a creche também deve se

preocupar em ser um espaço agradável para as famílias. Pais, avós, tios, vizinhos,

enfim, há uma vasta lista de adultos que participam da vida da criança e acabam

participando também da vida escolar dela. Esses adultos, responsáveis pelas

crianças, devem estar em constante contato com a creche e o ideal é que se sintam

bem enquanto estão nela. Quanto melhor eles se sentirem, maior será a vontade de

participar e colaborar com o trabalho desenvolvido pela creche, além de se tornarem

mais seguros e confiantes em deixar as crianças na creche escolhida.

Causar o bem estar e o acolhimento das famílias envolvem uma série de

atividades e cuidados com o espaço físico da instituição. Reservar um espaço para a

recepção e o atendimento aos pais é interessante para que eles se sintam parte da

instituição, assim como desenvolver o hábito de convidá-los a participar de tudo que

é realizado.

A parte visual também pode se tornar um atrativo para os adultos que

freqüentam a creche, colaborando para que estes se sintam confortáveis, além de

ser também um meio de despertar o interesse deles. Porém, cuidar do visual da

creche nem sempre é uma tarefa fácil. Segundo Goldschmied e Jackson, em livro de

35

2004, construir e adaptar o espaço físico da creche, delineando um ambiente

agradável e dando-lhe um aspecto aconchegante, exige trabalhando e manutenção

constante:

Criar um ambiente visual satisfatório não é uma tarefa que se faz uma só vez para sempre, mas algo que precisa acontecer de maneira contínua. Da mesma forma que, em nossos lares, fazemos constantemente pequenos ajustes e melhorias (...) uma creche parecerá convidativa e bem cuidada somente se o mesmo tipo de processo acontecer. (p. 35)

Não é difícil pensar no quanto pode ser complicado estabelecer a construção

de um ambiente confortável com o reduzido orçamento das creches. Podemos

lembrar que há creches particulares que dispõem de recursos suficientes para cuidar

e incrementar seu espaço físico, mas que estas não constituem a maioria das

instituições de educação infantil. Muitas creches particulares e a maioria das creches

públicas não têm fartos recursos financeiros à disposição.

Com a oferta de cuidado para as crianças teve baixa prioridade em termos de orçamento no passado, muitas vezes as creches os centros familiares tiveram que se contentar e fazer o possível com equipamentos e mobília que foram sendo acumulados, tendo como preocupação o baixo custo. O resultado é que muitas salas têm móveis inadequados (...). (GOLDSCHMIED & JACKSON, 2004, p. 34)

Mesmo com a falta de recursos e as habituais dificuldades enfrentadas pelas

instituições de ensino, é possível criar um espaço agradável. A busca por doações e

colaborações costuma render bons resultados e é uma tática que ajuda na

composição do espaço, além do mais, é possível aproveitar a ajuda das próprias

famílias na organização desse espaço: quando a comunidade é estimulada a

participar, ela pode ajudar na construção e manutenção do espaço. Essa é uma

maneira de organizar e manter o prédio escolar com baixo custo, sendo também um

meio de estender a participação familiar, fazendo com que a família esteja mais

presente, afinal de contas, “quaisquer que sejam as limitações de um prédio, sempre

36

há algo que possa ser feito para torná-lo mais confortável e atrativo para adultos e

crianças que nele passam longas horas do dia”. (GOLDSCHMIED & JACKSON,

2004, p. 33)

Mesmo com poucos recursos, é claro que a creche tem que estar preparada

para receber as crianças, afinal de contas, são elas o motivo do trabalho e de todos

os esforços. Lembrando que a creche atende crianças de 0 a 4 anos, a preocupação

com o ambiente vai além dos motivos estéticos e da busca pelo conforto e pela

qualidade, ela deve abrigar algumas necessidades da criança em seus primeiros

anos de vida.

Bebês de colo, crianças na fase do engatinhar e dos primeiros passos e as

que começam a conquistar a autonomia no dia-a-dia são os integrantes que

compõem a clientela atendida pelas creches. Essas crianças apresentam

necessidades específicas quando estão em um ambiente, por questões de

segurança e cuidados.

Normalmente, as crianças são agrupadas por idade, o que facilita o trabalho

e os cuidados especiais com cada faixa etária, além de viabilizar a organização do

espaço de acordo a atender cada etapa da vida criança adequadamente. Os bebês,

por exemplo, exigem uma sala com berços reguláveis e luminosidade adequada,

assim como o espaço para alimentação, que também deve ser de acordo com a

pouca idade deles. A “merenda” deles é preparada por papeiras e em espaço

reservado e deve também ser armazenada de maneira adequada. Isso exige que a

creche tenha equipamentos e espaços apropriados para o desenvolvimento dessas

tarefas diárias.

Com as crianças que começam a engatinhar todo o cuidado com a segurança

e a higiene é essencial. É a fase em que as crianças demonstram a intensa

37

necessidade de explorar o ambiente em volta, de tocar, mexer e experimentar tudo

que encontram pela frente. É assim uma das fases mais perigosas da infância, em

que os acidentes são bastante comuns e, por isso, os cuidados devem ser

redobrados e o espaço físico projetado para dar mais segurança para as crianças e

para quem cuida delas.

Há uma série de cuidados que devem ser pensados para uma sala de aula,

como móveis, com limites e quinas delicadas, tomadas sempre tampadas, objetos

pontiagudos fora do alcance das crianças, modelos de cadeiras seguros, armários e

gavetas com travas, portas que possam ser trancadas enquanto se mantém a

metade de cima aberta etc. Normalmente, esse mobiliário e esses detalhes têm um

custo elevado, mas o mínimo precisa ser adequado para que a criança passe seu

dia em um espaço em que possa brincar e aprender sem correr riscos.

Para as crianças entre 2 e 4 anos a sala deve oferecer, além dos cuidados

básicos, um ambiente pedagógico estimulante e saudável. Cantinhos para os

brinquedos, outros para o material pedagógico, um espaço para os livros e o

estímulo à leitura, espaço para as brincadeiras livres e para as atividades dirigidas

devem ser pensados e projetados dentro do espaço disponível. Como é uma fase

em que a criança começa a ter a consciência da convivência e a aprender a dividir e

cuidar dos materiais e dos seus pertencer é interessante também que se reserve um

espaço para que ela tenha seu material de uso pessoal e de higiene.

Estruturar salas, normalmente pequenas e entulhadas de móveis

inadequados, não é nada fácil, mas é preciso ter em mente que essa estruturação

interfere – e muito – o trabalho a ser realizado. Crianças aprendem e socializam

melhor quando se sentem parte do ambiente onde vivem, além disso, o ambiente,

quando bem estruturado, torna-se um facilitador do trabalho pedagógico.

38

Sendo a creche, normalmente, o primeiro lugar que a criança passa horas

do seu dia, depois de sua própria casa, é importante que esse ambiente represente

para ela um pedacinho da sua casa, que ela se sinta amada, protegida e cuidada –

mesmo quando nem em casa ela tem acesso a esses cuidados e à proteção que

necessita. Sendo também a creche um espaço destinado à educação, é essencial

que haja a conciliação entre o ambiente aconchegante e o pedagógico. A creche

precisa ser um espaço acolhedor e educador.

39

CAPÍTULO III

3 – BRINCADEIRA E APRENDIZAGEM: A PARCERIA QUE DÁ CERTO

“Brincar fornece à criança a possibilidade de construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa. A criança que brinca adentra o mundo do trabalho, da cultura e da experimentação. A brincadeira é um espaço educativo fundamental da infância”. (ABRAMOWICZ & WAJSKOP, 1995, p. 56)

Que criança gosta de brincar, isso não é novidade para ninguém, mas o que

se tem observado nos últimos anos é a imensa valorização da brincadeira no

processo de ensino-aprendizagem. Essa valorização é mais do que bem-vinda! Os

resultados do uso do lúdico em prol da aprendizagem são, no geral, positivos, e

facilitam o trabalho de professores e educadores, aumentando as chances de

sucesso.

A criança, desde bem pequena, demonstra o interesse pelas brincadeiras e

pelos jogos, e esse interesse surge aliado ao desenvolvimento das sensações e dos

sentidos, como afirma a psicologia e pedagoga Aidyl Pérez-Ramos em artigo do livro

O brincar e a criança do nascimento aos seis anos (2001, p. 67)

“(A criança) Ao nascer ela consta já com seus órgãos sensoriais basicamente em funcionamento, possui portanto capacidades de reagir a determinados estímulos de seu ambiente bem próximo. Tais reações são geralmente reflexas, além de outras primárias, em geral resultantes do contato com os demais, especialmente com a mãe, e inclusive da presença próxima de brinquedinhos e de seus efeitos de movimentos e/ou sons”.

Assim que o bebê nasce, ele tem seus sentidos em funcionamento e a

percepção aguçada pela curiosidade de explorar o mundo novo que está diante de

seus olhos. Sons, luzes e movimentos constituem uma atração a mais, assim como

a presença de adultos. A presença da mãe é uma referência para o bebê, mas

outros adultos também lhe servem de estímulo. Ao freqüentar a creche, o bebê terá

40

contato com um grupo mais variado de adultos o que pode – e deve – colaborar para

o desenvolvimento dos seus reflexos.

Ao trabalhar com bebês, a creche tem o objetivo de estimular o

desenvolvimento do campo sensorial e incentivar a exploração do ambiente ao

redor. É interessante que os adultos estejam dispostos a brincar com os bebês

fazendo uso de objetos coloridos e com sons, além do uso do próprio corpo para

emitir sons e realizar movimentos que despertem o interesse dos mais pequenos.

Uma boa opção de brinquedos para essa fase são os chocalhos e os móbiles –

aquelas hastes em que ficam pendurados pequenos objetos ou desenhos,

normalmente coloridos e, em alguns casos, com som.

O crescimento cognitivo durante este estágio se baseia principalmente, em experiências sensoriais e ações motoras. As ações sensoriais e motoras são utilizadas para atingir uma meta. Piaget diz que os bebês adquirem conhecimentos sobre os objetos através de suas interações com eles. Durante esse período a inteligência se manifesta em ações. (MARANHÃO, 2004, p. 19)

Outra forma de brincar com o bebê e estimulá-lo através do lúdico é o

próprio diálogo. Os gestos e a movimentação labial despertam a atenção dos bebês

e são tão úteis quanto os brinquedos na conquista do desenvolvimento infantil.

Conforme a criança vai ganhando autonomia e vai explorando o ambiente no

qual se encontra, seja esse o de casa ou o da creche, ela começa a querer expandir

sus atividades, pois apenas assistir aos adultos fazendo sons e movimentos já não é

o bastante. A criança começa então a querer, ela mesma, fazer os movimentos e

emitir sons. Essa fase – dos dois primeiros anos de vida – envolve também o intenso

desejo de tocar e levar à boca tudo que lhe parece interessante.

O desenvolvimento do engatinhar leva a criança a conquistar uma liberdade

que antes lhe era ausente. Ela agora pode escolher qual parte do ambiente quer

41

estar e o que quer explorar, ela pode ir até os brinquedos que lhe chamam a

atenção sem necessitar do intermédio de um adulto, assim como trocar de objetos e

de local assim que aquele não lhe interessar mais. Essa é uma fase em que a

criança desenvolve um maior interesse pelos objetos. Se antes os adultos e suas

ações correspondiam a maior parte do que a criança tinha acesso, agora ela pode

tocar e usar os objetos, e assim esses passam a ser fundamentais na sua rotina

diária.

Brougére fala do “ambiente indutor”, onde o educador pode construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados. É necessário analisar seus objetivos e tentar propor tudo aquilo (não apenas material) que possa propiciar “ponto de apoio” para a atividade lúdica, otimizando as chances de preencher tais objetivos. (MEYER, 2003, p. 41) .

Essa fase em que as crianças se interessam intensamente pelos objetos

deve ser bem aproveitada pelo trabalho desenvolvido na creche. É interessante que,

durante a fase do engatinhar e dos primeiros passos, a criança tenha um espaço

apropriado para movimentar-se e brinquedos a sua disposição. Por mais que o

trabalho dirigido seja essencial, esse é um período em que a criança precisa

explorar a sua autonomia e logo se torna importante que ela possa fazer escolhas e

brincar livremente.

Com sentidos e percepção já em desenvolvimento e sendo estimulados

desde bem cedo, a criança começa a despertar o interesse pelos brinquedos mais

complexos. Próximo aos 2 anos de idade, a criança já demonstra o interesse pelos

brinquedos de encaixe e por peças de tamanhos variados, objetos com tampa e cim

partes diferenciadas. Somente peças coloridas e/ou que façam sons já não são

suficientes para deter a atenção da criança.

Nessa primeira fase da vida a exploração, o controle e as conquistas dos

movimentos corporais são fundamentais.

42

No intervalo entre zero e três anos, as crianças aprendem os movimentos de preensão das mãos, a engatinhar e a andar, assim como o controle dos esfíncteres. Também aprendem a falar, a expressar seus sentimentos e suas vontades e a comunicar-se com os outros. (ABRAMOWICZ & WAJSKOP, 1995, p. 27)

Desse trabalho com a movimentação corporal e as descobertas do próprio

corpo, nasce a curiosidade de testar os limites do corpo e dos movimentos que é

capaz de realizar.

Com os bebês, é o contato com o adulto que vai trabalhar a movimentação

corporal. Segurar, carregar e levantar o bebê são gestos que colaboram no

desenvolvimento corporal dele. Uma boa opção também é fazer massagem no bebê,

pois o toque das mãos é estimulante para ele.

Depois dos seis meses de vida, quando o bebê começa a ingressar na fase

do engatinhar, essa movimentação pode ser estimulada criando um espaço

adequado para que a criança exercite o seu engatinhar. Nesse período, são bem-

vindas brincadeiras entre o adulto e a criança como quando o adulto motiva a

criança a engatinhar até o ponto onde ele se encontra.

Ao começar a andar o interesse pelos movimentos corporais se ampliam e,

com o desenvolvimento da autonomia que ocorre nesse período, esse interesse

pode ser bastante trabalhado. Quando a criança freqüenta a creche, esse é um

período acompanhado da intensificação da socialização. Contanto, trocas e

movimentos em conjunto com o outro geram novas sensações e estendem a

percepção que a criança tem do próprio corpo.

Brincadeiras que estimulem o contato com o outro são interessantes para

esse período em que a criança começa a andar sozinha e a fazer suas próprias

escolhas. Ela precisa estar em contato com o seu próprio corpo e perceber o que ele

é capaz de fazer, mas é também um momento de contato com o outro, até porque,

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através da observação e do contato com as outras crianças é possível conhecer

suas próprias limitações e fazer descobertas novas.

Os jogos de exercícios, que à primeira vista parecem ser apenas a repetição mecânica de gestos automáticos, caracterizam para os bebês os efeitos esperados, isto é, a criança age para ver o que sua ação vai produzir, sem que por isso se trate de uma ação exploratória. O efeito é buscado pelo efeito naquilo que ele tem justamente de comum; a criança toca, empurra, descola e amontoa, justapõe e superpõe “para ver no que vai dar”. Portanto, desde o início introduz na atividade lúdica da criança uma dimensão de riscos e de gratuidade em que o prazer da surpresa opõe-se à curiosidade satisfeita (Almeida – apud MARANHÃO, 2004, p. 20-21).

O trabalho da creche nesse período é estimular a observação do próprio

corpo e viabilizar a exploração dele através de atividades livres e dirigidas, além de

estimular o contato entre as crianças e promover a troca das descobertas entre elas.

Há várias atividades que podem ser realizadas com o intuito de cumprir os objetivos

citados. Brincadeiras em frente ao espelho, música e dança, atividades de rosa,

jogos com bola, são alguns dos exemplos úteis ao desenvolvimento infantil.

Quando a criança percebe o que pode fazer com uma bola, por exemplo, é

provável que ela vá querer estimular as mais diversas possibilidades. Esse é o

momento em que o educador pode interferir, apontando essas possibilidades e

incentivando a criança a realizar as atividades. Colocar as crianças em pares e

deixar que brinquem com uma bola ou, com os maiores, criar uma rede com todos

sentados e pedir que eles passem algum objeto até algum tipo de sinal sonoro, soar

– a brincadeira conhecida como “batata quente” – trabalhar, não só o corpo e os

movimentos, mas também a percepção e a atenção.

A brincadeira é uma atividade social. Dependendo de regras de convivência e de regras imaginárias que são discutidas e negociadas incessantemente pelas crianças que brincam. É uma atividade imaginativa e interpretativa. (ABRAMOWICZ & WAJSKOP. 1995, p. 57)

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A partir dos 2 anos de idade e do contato e da troca entre as crianças, surge

uma nova fase a ser alimentada pelo lado lúdico: a convivência com as regras. Pe

claro que desde os primeiros meses de vida, a criança já tem contato com regras e

limitações, como exemplo disso podemos lembrar que não é difícil ver bebês que

aprendem a falar e repetem o “não” que tantas vezes lhe é pronunciado quando

querem mexer em algo que não devem. A própria criança começa a ter a noção do

“pode” e do “não pode” ainda bem pequena.

Mesmo que essa noção de certo e errado, do que pode ou não ser realizado,

seja trabalhado naturalmente desde o nascimento, somente quando intensifica o

contato com as outras crianças é que começa surgir à necessidade de aprender e

manusear as regras de convivência. Enquanto o contato se restringe aos adultos, as

regras se compõem do que pode ou não pode ser feito. Na verdade, o que já nesse

primeiro instante é uma lista de limitações, já quando começa a haver troca e a

convivência com outras crianças, passa a haver a necessidade de regras que

coordenem esses momentos de troca, viabilizando a boa convivência e não apenas

determinando as limitações.

Através das brincadeiras é bem mais fácil instituir as regras e fazer com que

as crianças percebam a importância delas existirem e serem vivenciadas. A partir

dos dois anos, quando as crianças começam a exercer mais as atividades coletivas,

é interessante explorar as brincadeiras que priorizem o trabalho em grupo. Jogos e

brincadeiras coletivas costumam ser pautados por regras e ajudam a trabalhar essa

fase infantil em que a criança precisa começar a compreender e vivenciar as regras.

Brincadeiras que envolvem a realização de percursos ou a movimentação

em grupo são fáceis de serem aplicadas e permitem o envolvimento do grupo e o

trabalho em equipe. Atividades que dividam as crianças em grupos estimulam a

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competitividade e, conseqüentemente, o cumprimento das regras. Jogos são

interessantes para trabalhar com grupos menores e explorar regras específicas,

além de possibilitar a ampliação da atenção e da percepção da criança.

3.1 – Brincando com a leitura e a escrita

Uma das melhores maneiras de incentivar o interesse pela leitura e pela

escrita é associá-la às brincadeiras. Esse é um momento em que o trabalho

desenvolvido pela creche pode ser muito útil. Desde bem cedo, a criança, se

estimulada, começa a desenvolver o seu interesse pelos rabiscos e pelo desenho. A

criança que freqüenta a creche e encontra-se inserida em um ambiente

alfabetizador, cercada de educadores e pessoas envolvidas com o trabalho

pedagógico, terá mais acesso às experimentações e aos materiais que envolvem os

processos de leitura e escrita.

As creches devem dar continuidade à aprendizagem em que se criam leitores e escritores, ampliando o universo cultural das crianças. Aprendizagem que tem início a partir do momento em que as crianças entram em contato com o mundo letrado, que passa pelas creches e pelas escolas e continua num processo dinâmico e contínuo. (ABRAMOWICZ & WAJSKOP, 1995, p. 66)

O gosto pela leitura pode começar já nos primeiros anos de vida, através do

contato com livros e da contação de histórias. Uma boa maneira de educadores e

agentes da creche incentivar o despertar desse interesse é começar por atividades

que estimulem a oralidade infantil. Propor atividades em que as crianças devam

contar histórias, sejam essas reais ou não, é uma tarefa fundamental ao trabalho

pedagógico construído na creche. É verdade que nos primeiros anos de vida a

criança pode não apresentar facilidades em criar e expor suas criações, mas ela

pode – e deve – ser estimulada a relatar suas próprias vivencias. Através da

exposição de suas próprias histórias a criança começa a se interessar pela narração

e por ouvir histórias diferentes das suas.

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Reunir as crianças para realizar a contação de histórias é uma atividade que

não pode faltar no cotidiano da creche. A partir dessa atividade muitas outras podem

ser desenvolvidas, como brincadeiras de faz de conta, dramatizações dirigidas, o

trabalho com músicas e gestos etc. Quanto maior e mais prazeroso for o contato da

criança com a leitura mais será o interesse dela pela mesma e isso é muito positivo

para a sua alfabetização.

A literatura para crianças abre portas de um mundo imaginário, repleto de surpresas e gostosuras! O livro de literatura infantil nos guarda esta possibilidade de “mergulho” em novos universos (...). Trazer a literatura infantil para a sala de aula, de forma viva e envolvendo é fundamental para a formação do jovem leitor. (OGÊDA, artigo Caminhando com a literatura, s/data, p. 1)

Montar painéis e murais com material escrito é sempre interessante para

incentivar o desenvolvimento do processo de aquisição da leitura e da escrita, mas

somente olhar, às vezes nas basta. Criar cartões com letras, sílabas e palavras e

desenvolver jogos junto das crianças é também muito interessante. Trabalhar o

reconhecimento de letras, relacionar cartões de palavras com os de imagens,

relacionar palavras às cores, desenvolver jogos em equipe que trabalham o

reconhecimento de palavras, são alguns exemplos usuais nas turmas de crianças de

3 e 4 anos.

Ao trabalho com palavras é muito válido começar o trabalho a partir de uma

palavra que seja importante na vida da criança: o seu próprio nome. Brincadeiras

podem ser facilmente associadas ao reconhecimento do nome. A brincadeira

comando ditado em voz alta por uma outra pessoa, pode ser tomada como exemplo

quando esse “mestre”, no caso o educador responsável pelo grupo, pede que as

crianças busquem pelo cartão que traz o nome de cada um, ou ainda quando pede

que encontre o nome de algum colega e leve até ele ou até o “dono” do nome.

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As crianças experimentam a escrita, por si, observado i mundo a sua volta, através das crianças maiores, das brincadeiras que realizam e porque a educadora propõe. (...) As creches devem contemplar esse momentos, propiciando às crianças um rico ambiente cultural. Organizando locais onde possam falar, ler, escrever, cantar e ouvir música, desenhar, brincar (...). (ABRAMOWICZ & WAJSKOP, 1995, p. 67-68)

É preciso fundamental da creche e de quem trabalha nela organizar o

espaço e as atividades a favor de desenvolvimento infantil e do trabalho pedagógico.

A iniciação do processo de aquisição da leitura e escrita deve ser um dos objetivos

do trabalho desenvolvido e deve ser alcançada através do prazer e da brincadeira, o

que só se torna possível quando a criança é compreendida e o trabalho é o

planejado e desenvolvido pensando nela.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criança precisa ser acolhida e sentir que a creche é uma extensão e sua

casa, ela precisa se sentir feliz e satisfeita no ambiente onde passa a maior parte do

seu dia, além de se sentir a vontade com as pessoas que agora fazem parte da sua

vida. Perceber e facilitar esse bem estar da criança é função primordial da creche e

somente através dele é possível gerar uma aprendizagem real.

A organização do espaço é fundamental para facilitar a adaptação da criança,

assim como o seu desenvolvimento. Preocupar-se com a criação de um espaço

agradável e rico em estímulos ao desenvolvimento infantil é tarefa de quem se

encontra envolvida com o trabalho nas creches.

É difícil pensar em creche e em educação de 0 a 6 anos sem pensar no lúdico

e nas brincadeiras. Vivenciar diariamente a construção da aprendizagem dessa faixa

etária envolve compreender que os jogos e as brincadeiras devem fazer parte do

dia-a-dia das crianças, tanto como meio pedagógico, quanto meio de proporcionar

satisfação e desenvolvimento das habilidades infantis. “O brincar faz parte inerente

do processo de desenvolvimento infantil, cognitivo e afetivo-emocional, não podendo

ser visto como uma atividade complementar, supérflua ou até mesmo dispensável”.

(OLIVEIRA, 2001, contracapa).

Através das pesquisas e reflexões expostas no trabalho, tornou-se possível

compreender a importância dos cuidados com a criança, das brincadeiras e da

construção de saberes significativos para os pequenos. É possível que o trabalho

aqui exposto não tenha sido capaz de traçar todo um plano de pensamentos e

ações, mas a colaboração dele em despertar o interesse pelo trabalho desenvolvido

nas creches já é de grande valor.

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A criança, especialmente nos seus primeiros anos de vida, precisa de carinho,

cuidados, proteção e exercitar suas habilidades e capacidades e a creche deve ser,

através da sua direção, de seus educadores e funcionários, o espaço onde a criança

tem a certeza de encontrar um pouquinho disso tudo. E é assim que a creche se

torna um pedaço da história de cada um que passa por ela.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOWICK, Anete & WAJSKOP, Gisela. Educação Infantil / Creches –

atividades para crianças de zero a seis anos. São Paulo: Moderna, 1999.

CRUZ, Silvia Helena Vieira. Ouvindo Crianças. [s. I.]: UFC, s/d.

FAZOLO, Eliane & CARVALHO, Maria Cristina & LEITE, Maria Isabel & KRAMER,

Sonia (orgs). Educação Infantil em Curso. Rio de Janeiro: Ravil, 1997.

FEBRER, Mercê. “O Papel das Famílias nos Projetos de Trabalho”. Pátio. Porto

Alegre: Artmed Editora, S. A., ano II, número 5, agosto/novembro, 2004.

GOLDSCHMIED, Elinor & Jackson, Sonia. Educação de 0 a 3 anos – o Atendimento

em Creche. Porto Alegre: Artmed, 2006.

GUEDES, Adrianne Ogêda. Caminhando com a Literatura. Rio de Janeiro: [s. n.],

2008.

MACHADO, Maria Lucia de A. “Por uma Pedagogia da Educação Infantil”. Pátio.

Porto Alegre: Artmed Editora S. A. ano II, número 5, agosto/novembro, 2004.

MARANHÃO, Diva. Ensinar Brincando: a aprendizagem pode ser uma grande

brincadeira. Rio de Janeiro: WAK, 2004.

MEYER, Ivanise Corrêa Rezende. Brincar e Viver – Projetos em Educação Infantil.

Rio de Janeiro: WAK, 2003.

MOREIRA, Jacira, “Educação Infantil: Uma Necessidade das Crianças ou dos

Pais?”. Educar. Rio de Janeiro: Appai, ano 5, n 32, outubro/novembro de 2002.

OLIVEIRA, Vera Barros. O Brincar e a Criança do Nascimento aos Seis Anos.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

ROCHA, Martha. “O bebê nasceu. E agora?”. Escola e Família. Rio de Janeiro:

Secretaria Municipal de Educação, 2007.

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Multieducação temas em debate –

Educação Infantil – Revendo percursos no diálogo com os educadores. Rio de

Janeiro, 2006.

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ANEXOS

Na creche, a criança precisa se sentir acolhida, precisa se sentir “em casa”!

52

Mamães e funcionários dedicados ajudam nessa tarefa!

53

Criança aprende mais quando aprende brincando!

54

Humm, que soninho gostoso!

Todos juntos! Assim trabalha-se a convivência na creche!

55

E assim, as crianças vão aprendendo e crescendo!