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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA DESIGN, COMPORTAMENTO E TRANSMÍDIA: O DESIGN ESTRATÉGICO COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO DO COMPORTAMENTO Por: Luiz Sergio da Costa Viana Orientador Prof. Nelsom Magalhães Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DESIGN, COMPORTAMENTO E TRANSMÍDIA:

O DESIGN ESTRATÉGICO COMO INSTRUMENTO DE

FORMAÇÃO DO COMPORTAMENTO

Por: Luiz Sergio da Costa Viana

Orientador

Prof. Nelsom Magalhães

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DESIGN, COMPORTAMENTO E TRANSMÍDIA:

O DESIGN ESTRATÉGICO COMO INSTRUMENTO DE

FORMAÇÃO DO COMPORTAMENTO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Transmídia – Gestão de

Mídias Digitais.

Por: Luiz Sergio da Costa Viana

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha amada esposa

Fernanda Viana por apoiar minhas

decisões e me trazer clareza, mesmo

quando tudo parece escurecer; e

também ao amigo Fernando de Moraes

pelas importantes contribuições no

decorrer deste caminho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este estudo ao meu saudoso pai

(in memoriam) e minha mãe por

despertarem em mim a vontade de saber

e nunca desistir do conhecimento.

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EPÍGRAFE

”Apenas uma ideia tem a força para se

espalhar tanto”

(Ludwig Mies van der Rohe)

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo abordar questões relacionadas à

evolução da comunicação humana desde os seus primeiros registros até os

dias atuais. Passando por questões históricas e culturais pretende-se

esclarecer que a necessidade de comunicação e o senso de conexão entre os

semelhantes sempre existiram. Propõe-se ainda um debate sobre design,

storytelling, transmídia e como a conectividade e a fragmentação das mídias

provocam mudanças na forma de geração, transmissão e recebimento de

mensagens por pessoas e empresas. Por fim, são analisados casos de

empresas que adotaram o design como peça primordial no seu

posicionamento institucional e, desta forma, conseguiram obter sucesso

mesmo em tempos de turbulência ou mudanças de posicionamento.

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METODOLOGIA

Este estudo pretende apurar a importância do design estratégico na

construção de canais eficientes de comunicação e na consolidação da imagem

institucional, criando empatia e engajamento no público. Busca-se o

entendimento de aspectos relacionados à história humana no âmbito da

comunicação, linguagem e cultura e são propostos questionamentos sobre a

evolução destes aspectos até os dias atuais.

Por meio de pesquisa bibliográfica e referências webgráficas, os pensamentos

de autores como Roque de Barros Laraia, Adilson Xavier, Henry Jenkins e

Zygmunt Bauman ajudarão a iluminar as intrincadas questões da comunicação

moderna.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - Comunicação: uma necessidade humana 11

CAPÍTULO II - Storytelling e transmídia: a importância do design 20

CAPÍTULO III - Design e transmídia nas empresas 30

CONCLUSÃO 41

REFERÊNCIAS 43

BIBLIOGRAFIA 48

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS 49

ÍNDICE 55

ÍNDICE DE FIGURAS 56

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INTRODUÇÃO

A necessidade e o desejo de comunicação sempre foram latentes nos

seres humanos que, mesmo depois de milhares de anos de evolução, ainda

permanecem aglutinados culturalmente por meio de costumes e linguagens.

Seja por gestos, fala, escrita ou imagens, a humanidade busca

incessantemente formas de passar informações, propagar ideias ou

simplesmente contar histórias.

Instrumento de poder e controle ou forma de ser lembrado e aceito, o

cerne da comunicação pode permanecer o mesmo, mas suas formas evoluem

junto com a sociedade e a tecnologia, obrigando pessoas, empresas,

entidades e governos a se adaptarem para serem e permanecerem relevantes,

obtendo êxitos em seus propósitos.

No primeiro capítulo serão abordadas questões históricas e sociológicas

da comunicação, seus aspectos culturais e como ela é parte inseparável da

história humana. Desde a sua origem há milhares de anos até os dias atuais

(momento no qual a tecnologia avança em uma velocidade sem precedentes),

as formas de propagação de mensagens poderão ser vistas principalmente em

seus aspectos comportamentais. Questionamentos sobre a modernidade

caótica e conectada do século XXI serão confrontados com as origens da

comunicação, no qual o ato de contar histórias volta a sobressair como

ferramenta eficiente para se destacar em meio ao excesso de informações que

ocorre atualmente.

No segundo capítulo serão discutidas as formas de comunicação

conhecidas como storytelling e transmídia, e como o design se mostra

fundamental neste cenário. Estruturas narrativas aplicadas de maneira

multiplataforma e complementar são cada vez mais utilizadas pelas empresas

a fim de promover seus serviços e produtos, pois são capazes de envolver e

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criar laços de empatia com os consumidores. No entanto, a aplicação destes

conceitos de comunicação precisa estar ancorada em algo que lhes forneça

um trilho seguro, uma base sobre a qual as histórias e os meios utilizados

possam se apoiar: o design. Caso contrário podem ocorrer desvios e excessos

neste multifacetado (ou intrincado) caminho narrativo, acarretando prejuízo à

imagem das empresas.

O terceiro e último capítulo apresentará a importância do design no processo

de formatação de uma imagem icônica que possa atravessar os ruídos de

comunicação, tão abundantes em tempos de hiperconectividade. Sua

relevância estratégica será demonstrada por meio de dois estudos de caso:

Mercedes-Benz e Apple. Estes casos ilustrarão como empresas de sucesso

global fundamentaram toda a sua comunicação e transmídia sobre o design

estratégico e assim construíram uma imagem relevante para seus clientes.

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CAPÍTULO I

COMUNICAÇÃO: UMA NECESSIDADE HUMANA

Cultura é o que diferencia os seres humanos dos outros animais. É a

habilidade de passar informações por meio da comunicação que faz com que

uma criança de dois anos tenha mais conhecimento que um cachorro da

mesma idade. A capacidade de passar o conhecimento acumulado por

milhares de anos fornece fundamento sólido para que se encontrem modos de

aplicá-lo de uma nova forma. Sendo assim, cada criança que nasce não fica

refém de seus próprios instintos de sobrevivência, mas recebe uma carga

cultural adquirida por gerações anteriores. Esta transmissão de saber só é

possível pela extraordinária capacidade de comunicação que os seres

humanos desenvolveram ao longo do tempo.

Muito mais que um desejo, o compartilhamento de histórias,

experiências, aventuras e hábitos é uma necessidade vital e a razão dos seres

humanos serem a espécie dominante no planeta Terra. A capacidade de

transmitir conhecimento acumulado para as gerações futuras é a pedra

fundamental da sobrevivência humana e sua evolução como sociedade.

Contar histórias em volta do fogo dentro de cavernas já era parte da vida dos

povos ancestrais mesmo antes de terem aprendido a registrar informações,

fatos ou acontecimentos.

É difícil afirmar com precisão quando e por que razões a linguagem se

desenvolveu na espécie humana, mas pode-se observar claramente que,

segundo Renato M. E. Sabbatini, PhD:

"A linguagem está na base de tudo o que somos hoje, incluindo

as artes, ferramentas e armas, a organização e a estrutura

social, o sedentarismo e a urbanização, a agricultura, a

indústria e o comércio, a escrita, a matemática, e assim por

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diante." (SABBATINI, 2016, site:

http://www.cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/evolution0

5_p.html, em 10 de janeiro de 2016)

É parte da natureza humana, talvez o que os torne humanos ou

mantenha sua humanidade, o fato de encontrarem satisfação, conforto e

segurança em saber que não estão sozinhos. Esta vocação para a associação

só é possível por meio da comunicação e, no caso da espécie humana, muito

mais que um uivo por socorro que a todos chama para defender a alcateia, há

uma necessidade interior de aproximação com o outro. É preciso sentir-se

amparado seja no convívio social, seja nas opiniões mais íntimas.

Ideias aproximam para o bem ou para o mal. Pensamentos radicais

podem causar grandes genocídios e infelizmente a história das civilizações

está recheada de exemplos, mas por outro lado, é claro, também são

incontáveis os exemplos dos sucessos humanos. Existe em todos uma

vontade latente de saber o que se passou, contar o que aconteceu ou divagar

sobre verdades imaginárias. Sempre foi assim e, ao que tudo indica, sempre

será, pois faz parte da natureza das pessoas.

Quem procura propagar uma mensagem pode ter diversas intenções,

tais como motivar, influenciar, controlar ou engajar. Entretanto, apesar de

tantas derivações, seja qual for o meio utilizado ou a proposta da mensagem

parece que o objetivo final é sempre o mesmo: aproximar. Mesmo quando o

Ministério da Propaganda nazista usava sua influência para separar os

“alemães puros” dos demais povos “sub-humanos”, a mensagem central era

de união do povo alemão em torno de uma causa maior. A aproximação e o

engajamento conseguidos com esta mensagem foram tão bem sucedidos que

um país inteiro se uniu em torno da ideia nazista, por mais absurda que fosse.

Histórias podem ecoar por muito tempo e os meio para propagação são

diversos, por exemplo, fala, música, escrita e desenhos, sendo que este último

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pode ser considerado a forma mais antiga de registro humano. A arte rupestre

encontrada na Caverna de Chauvet no sul da França tem mais de 30 mil anos.

São milhares de registros impressionantes da vontade e capacidade humana

de se expressar para deixar sua marca e história gravadas no mundo.

Fig. 1 - Caverna decorada de Chauvet-Pont d’Arc - Acervo digital da Unesco.

Autor: SRA DRAC RA. Fonte: http://whc.unesco.org/en/list/1426

Mesmo após milhares de anos de evolução, humanos ainda

permanecem seres visuais e comunicativos. Toda tecnologia e refinamento

linguístico adquirido neste longo percurso não anestesiou esta característica no

que diz respeito aos aspectos gráficos da comunicação. A máxima atribuída a

Confúcio “uma imagem vale por mil palavras”, de certa forma, ainda é válida.

Imagens são captadas pelos olhos, interpretadas pelo cérebro e podem

causar atração ou repulsa de forma quase instantânea. Preconceitos e paixões

à primeira vista são formados sem pudores nem receios e, por mais que a

consciência moderna diga que é preciso agir de forma ponderada, o impulso

imagético possui elementos de controle inconsciente que por vezes passam à

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frente e dominam a situação. Obviamente não é só a imagem captada pela

visão que causa tal efeito: os outros sentidos, olfato, paladar, tato e audição

também são capazes de ativar fortemente as emoções e provocar reações

inconscientes e poderosas.

O poder do cérebro inconsciente é enorme, governa as emoções e,

consequentemente, a maior parte das decisões. A formação cultural poliu o

comportamento social e forneceu ferramentas para que se viva de forma mais

organizada e, até certo ponto, civilizada, mas os instintos ainda são a causa de

reações inesperadas e muitas vezes ilógicas por parte dos indivíduos. A

sociedade humana é formada por seres ambíguos, multifacetados. Os desejos

mais profundos constantemente não correspondem ao que cada ente acredita

que racionalmente seja o melhor, cada um é traído por si mesmo. Isto ocorre,

em parte, porque o processo de formação da cultura não se deu com um salto

e sim de forma incrivelmente lenta, tal qual a evolução biológica da espécie

humana (LARAIA, 2006, p. 56). Esta longa jornada evolutiva tornou a espécie

humana biologicamente preparada para viver mil vidas (LARAIA, 2006, p. 66) e

isto faz com que carreguemos o peso desta longa caminhada. Se por um lado,

atualmente, qualquer criança usa equipamentos tecnológicos com enorme

facilidade, por outro, do nascimento à morte, permanecem irracionais e

emocionais tais como seus ancestrais.

A cultura é o que promove a união em blocos de similaridades e acelera

o aprendizado sobre o mundo no qual cada indivíduo está inserido. Cada povo

se aglutina em torno de suas peculiaridades culturais e por elas pode ser

facilmente identificado, desde seu modo de andar, vestir e comer, mas

principalmente pelas suas diferenças linguísticas, esta última sem dúvida, a

mais forte e notória de todas (LARAIA, 2006, p. 68).

A linguagem humana se tornou extremamente rica e complexa. Formas

gestuais e comportamentais de comunicação expressam muito sobre a

personalidade e a vontade das pessoas, como afirmam Pierre Weil e Roland

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Tompakow, "o corpo fala" (WEIL; TOMPAKOW, 2003). A linguagem falada,

talvez a segunda mais antiga (desconsiderando as expressões musicais),

evoluiu e foi multiplicada de tal forma que os ancestrais uivos monossilábicos

se tornaram poesias capazes de emocionar. Na Bíblia (Edição Pastoral, 2000),

no livro de Gênesis, capítulo 11, versículo 1, lê-se “O mundo inteiro falava a

mesma língua, com as mesmas palavras” e logo em seguida, no verso 6, “E

Javé disse: 'Eles são um só povo e falam uma só língua. Isso é apenas o

começo de seus empreendimentos. Agora, nenhum projeto será irrealizável

para eles' ”. Independente de credo ou fé é possível notar que, na narrativa

religiosa, até mesmo Deus admitiu o poder unificador da comunicação na

famosa história da Torre de Babel.

O próximo passo natural foi o registro da linguagem, o que representou

um grande salto na evolução da comunicação humana. Como citado

anteriormente, a arte rupestre conta até hoje, 30 mil anos depois, a história de

como viviam aqueles povos. Por mais rudimentares que possam ser as

representações gravadas nas paredes das cavernas é possível tecer

interpretações sobre hábitos e motivações que levaram estes povos ancestrais

a registrar aquelas figuras de determinada forma e não de outra. Por meio de

imagens a raça humana aprende a gravar mensagens para as futuras

gerações. Uma história que ao ser contada só tinha a fala e a memória como

substratos, passa a dispor de imagens que poderiam servir de guia e

enriquecer seu entendimento. Seguindo este pensamento, dois indivíduos

diferentes poderiam contar a mesma história de forma similar o que traria

maior credibilidade e uniformidade ao relato. A estratégia funcionou tão bem

que até hoje ainda se observam aquelas imagens na tentativa de entender o

que se passou.

Muito tempo depois surge a escrita e com ela se abrem novas

possibilidades de disseminação de conhecimento. O mais antigo vestígio que

se tem notícia remete à antiga Mesopotâmia, onde os sumérios desenvolveram

a escrita cuneiforme para registrar seu modo de vida cerca de 40 séculos

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antes de Cristo. Praticamente na mesma época, os egípcios também

desenvolviam sua escrita baseada em hieróglifos que era usada principalmente

para contar fatos da vida dos faraós e disseminar princípios religiosos. Há

muitos estudos em andamento que remetem ao aparecimento e evolução da

linguagem escrita em diversos lugares (Mesopotâmia, China, Egito e América

Central) de forma anacrônica. Independente das polêmicas arqueológicas,

nota-se que a vontade humana de se comunicar e propagar mensagens com a

maior qualidade possível é ancestral e permanece viva na sociedade

contemporânea.

O salto seguinte se deu com o inventor alemão Johannes Gutenberg

(1398 - 1468), chamado de pai da imprensa. Graças à sua prensa de tipos

móveis, a produção de livros e impressos em geral se tornou possível e sua

famosa bíblia de 42 linhas em duas colunas mudou os paradigmas existentes.

Este padrão de impressão trouxe nova dimensão à propagação da informação.

A combinação de tinta, papel e maquinário apropriados proporcionou qualidade

e velocidade de impressão sem precedentes. Os escritos manuais foram

rapidamente sobrepujados pelos impressos e a Europa testemunhou enorme

expansão de conhecimento e informação.

Fig. 2 - A Bíblia de Gutenberg - acervo digital da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

da América. Fonte: http://www.loc.gov/exhibits/bibles/the-gutenberg-bible.html

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A linguagem em todas as suas formas sempre foi reconhecida como

uma ferramenta de controle e poder. Nos povos que não dominam a escrita, os

contadores de histórias são figuras socialmente importantes, pois é por sua

habilidade que aquela cultura se mantém, trazendo estabilidade e suprindo a

necessidade individual e íntima de aceitação no grupo. Quem domina a

comunicação detém o controle das esferas mais sutis da sociedade. Este fato

foi percebido rapidamente e, ao se observar a história humana com cuidado,

percebe-se que o interesse pelo controle da comunicação e dos meios de

produção e propagação da informação sempre foi alvo de disputas

econômicas, sociais, religiosas e bélicas. Quem controla o fluxo da

comunicação detém grande poder de influência seja sobre a massa popular,

seja sobre o próximo.

Tomemos como exemplo o cinema americano onde os antigos westerns

ou, como eram mais conhecidos no Brasil, faroestes ou filmes de cowboys

mostravam regularmente índios "peles-vermelhas" como vilões e os "homens

brancos" como heróis. Esta construção remete a arquétipos que não

correspondem à verdade dos fatos, pois se sabe que o que ocorria

normalmente era exatamente o inverso, índios tinham suas terras invadidas

por conquistadores em busca de ouro e posses no oeste americano. Não

obstante, o gênero cinematográfico se popularizou e cristalizou em toda uma

geração a ideia de que o herói branco não foi responsável pelo genocídio

ocorrido no caminho para o oeste americano e sim agiu em defesa própria

contra povos bárbaros e selvagens. Com este discurso foi fortalecida a posição

armamentista norte-americana tão questionada ultimamente.

Seria possível elencar muitos outros casos onde a comunicação foi

usada para defender determinados interesses, tais como a igreja medieval ao

justificar as sangrentas cruzadas ou nazistas os campos de concentração. Sob

esta ótica, é possível inferir que o maior privilégio de quem vence uma guerra é

ter o direito de contar a história a sua maneira.

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Contar histórias por necessidade, prazer ou desejo de poder, como

observado anteriormente, é parte da natureza humana. É preciso algo que

conecte o indivíduo aos seus semelhantes e à vida que o rodeia, algo que o

ajude a melhor compreender o mundo no qual vive. Esta antiga habilidade

humana, ao contrário de outras, se torna a cada dia mais importante no tempo

atual que parece cada vez mais fragmentado e confuso. Se hoje não é mais

preciso registrar a vida por rudimentares desenhos em cavernas, nem usar

tipos móveis para imprimir 300 exemplares da Bíblia (número da primeira

tiragem de Gutenberg) se as tecnologias evoluem em um ritmo alucinante que

mal se pode acompanhar, uma coisa permanece firme e forte desde o início: a

necessidade de comunicação, de se contar e ouvir histórias. Segundo Adilson

Xavier:

"Histórias dão sentido à vida. Sustentam nossos valores

básicos, as religiões, a ética, os costumes, as leis, os múltiplos

aspectos que nos cercam. Histórias nos dão segurança,

estabilidade grupal, erguem celebridades, empresas e nações."

(XAVIER, 2015, p. 21)

Revolução após revolução, inovação após inovação a sociedade

humana chega ao século XXI tendo acesso sem precedentes à informação e

às formas de comunicação. A evolução tecnológica contribui para o vertiginoso

aumento nas conexões entre pessoas, empresas, governos e organizações.

Dos gestos aos smartphones, das palavras às mídias sociais, tudo nos

conecta, tudo comunica. A humanidade está imersa em informações, notícias e

opiniões que, confiáveis ou não, continuam a chegar em um ritmo para o qual

talvez ainda não esteja pronta – e, quem sabe, nunca estará.

“No século XXI, todos são heróis, todos têm opiniões sobre os

mais diversos temas, todos podem ter seguidores, todos são

mídia e conteúdo. É um fenômeno do nosso tempo, que se

evidencia na linha do tempo on-line de cada um de nós. De um

modo geral, independentemente da qualidade narrativa, somos

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todos storytellers e, como participantes de uma história em

construção, também storybuilders e storydoers.” (XAVIER,

2015, p. 107)

Neste novo cenário conectado e caótico, onde cada mensagem disputa

seu espaço mental, a atenção se tornou uma valiosa moeda. Como captar o

foco para determinada notícia ou produto em meio à esta nova babel que a

todos envolve? Ainda é possível ser relevante? As velhas táticas de mídia não

são mais suficientes nem eficazes junto a este novo consumidor que pesquisa,

compartilha, opina, ama e odeia rápido demais, ao toque de um dedo.

Um caminho tem se mostrado eficiente para resolver estas questões:

contar histórias. Por mais surpreendente que isto possa parecer o velho

instinto humano, a necessidade de comunicação genuína ainda fala mais alto.

"Criar e contar histórias, mais do que entretenimento, é uma questão de

sobrevivência" (XAVIER, 2015, p. 52). Grandes empresas já perceberam que,

para atrair e fidelizar clientes, é preciso envolvê-los e para isso procuram as

melhores formas de lhes contar suas histórias. É uma questão de

sobrevivência mas também uma diversão.

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CAPÍTULO II

STORYTELLING E TRANSMÍDIA:

A IMPORTÂNCIA DO DESIGN

Histórias são capazes de atrair a atenção de pessoas das mais diversas

gerações e engana-se quem pensa que se trata apenas de um artifício para

distrair os mais jovens. A comunicação interpessoal se fundamenta

naturalmente no ato de enviar e receber mensagens, grande parte delas na

forma de narrativa. Muito antes dos objetivos financeiros com a venda de livros

ou filmes com suas tramas estruturadas, o ato de contar acontecimentos

rotineiros ou situações imaginárias é costume na coletividade humana.

O marido que ao chegar em casa é recebido pela esposa que quer

saber como foi o seu dia, a neta que pede para a avó lhe contar uma história

antes de dormir ou o chefe que deseja saber a situação de determinado projeto

são casos que exemplificam que mesmo nas atitudes mais simples é possível

perceber como a processo narrativo está enraizado no cotidiano. Seja para

saciar a curiosidade alheia, entreter de forma fantasiosa ou elaborar um

relatório profissional, sempre há o envio e a recepção de mensagens, as

pessoas se alternam entre os papéis de emissores e receptores.

Narrativas ocorrem constantemente e de forma espontânea, todavia

também podem ser estruturadas de maneira pragmática de forma a atrair a

atenção de determinado público. Esta é, dentre muitas outras definições

possíveis, o que se pode chamar de storytelling. A palavra importada do idioma

inglês, que designa o ato de contar uma história (to tell a story), vem sendo

adotada frequentemente e já se incorporou ao vocabulário empresarial no

âmbito da comunicação e do marketing.

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A explosão tecnológica, ocorrida a partir do final do século XX, ampliou

em quantidade e modo os hábitos de comunicação. Telefonia móvel, SMS,

internet, conectividade mobile e redes sociais fazem parte desta mudança

contínua que segue transformando princípios considerados inabaláveis. Neste

cenário cada vez mais complexo e mutante, tanto indivíduos quanto empresas

se veem desorientados em meio ao caos de informações gerado pelo excesso

de conteúdo. A Web 2.0 - colaborativa, participativa e interativa - somada

principalmente à tecnologia mobile e aos smartphones, trouxe a possibilidade

de conexão a todo momento em qualquer lugar.

Não existe mais território vazio, a informação ganhou ramificações que

alcançam lugares pouco explorados há pouco tempo. Um fato ocorrido no

outro lado do mundo é capaz de provocar uma grande comoção, com alto fluxo

de comentários e opiniões sobre o assunto. Pessoas dos mais diversos

estratos geográficos e sócio-culturais emitem suas opiniões abertamente, com

ou sem conhecimento de causa - não importa. Segundo o sociólogo polonês

Zygmunt Bauman:

"[...] num planeta atravessado por 'autoestradas da

informação', nada que acontece em alguma parte dele pode de

fato, ou ao menos potencialmente, permanecer do 'lado de

fora' intelectual. Não há terra nulla, não há espaço em branco

no mapa mental, não há terra nem povo desconhecidos, muito

menos incognocíveis." (BAUMAN, 2007, p. 11)

Se por um lado estes avanços possibilitaram às empresas interagirem

com seus clientes de forma direta, por outro as mensagens nem sempre são

claras, pois os ruídos de comunicação se multiplicaram na mesma proporção

da tecnologia. Todos podem curtir, comentar, compartilhar, gerar conteúdo ou

criticar. Cada pessoa, entidade ou empresa pode ter seu blog, sua página e

marcar presença em incontáveis redes sociais.

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“A fartura de recursos, opções e informações parece acelerar uma

crescente sensação de tédio e aumenta a certeza de que nosso problema está

longe de ser quantitativo” (XAVIER, 2015, p. 17). Em contraponto aparece o

storytelling, que é uma alternativa importante para trazer relevância ao

conteúdo e gerar empatia no público e um retorno ao velho hábito de contar e

ouvir histórias. Empresas e marcas voltam-se para suas origens, buscando

seus significados para prosperar no árido terreno da atenção.

Produtos que permanecerem apegados aos antigos dogmas da

publicidade e do marketing terão sua sobrevivência abreviada, pois seu valor

não está mais apenas no preço cobrado ou nas suas funcionalidades, e sim no

envolvimento que têm com seu público. Grandes corporações, como Nike e

Coca-Cola, perceberam o poder do engajamento com seus consumidores e

contam suas histórias de forma primorosa. Elas envolvem, cativam seus

clientes e sutilmente despertam a admiração do público. Mesmo as pessoas

mais avessas ao consumo de bebidas industrializadas se encantam perante os

simpáticos ursos polares da marca de refrigerantes. Na mesma medida, até os

sedentários se sentem desafiados a começar a correr após um comercial da

Nike. Com suas narrativas, estas empresas conseguem impregnar ideias que

vão além do racional, histórias avançam sobre o campo das emoções e

deixam suas marcas gravadas de forma muito mais profunda e duradoura.

Storytelling, porém, não é um fim em si mesmo. Uma boa história

precisa ser contada e transmitida da melhor forma possível. Por isso, além de

uma narrativa consistente e convincente, as plataformas de disseminação de

mensagens precisam ser cuidadosamente escolhidas. Aspectos socioculturais,

tecnológicos e comportamentais precisam ser levados em consideração para

que a escolha da linguagem e dos meios seja capaz de transpor barreiras

mentais e rápidas mudanças de cenário. A conectividade traz novidades

interessantes, mas também inúmeros desafios. As notícias em tempo real e a

profusão dos mais diversos conteúdos permitem que o conhecimento se

propague como nunca antes, mas este excesso de informação vem causando

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saturação mental e apatia nas pessoas, tornando a tarefa de ser relevante

ainda mais complexa.

O avanço tecnológico alterou hábitos de consumo e modificou

profundamente a relação dos usuários com a informação e a mídia. Um hábito

que se tornou comum e ilustra esta mudança de comportamento é a

experiência em múltiplas telas, onde os espectadores assistem e interagem

com dois ou mais dispositivos simultaneamente. Assistir um seriado na TV com

um tablet nas mãos para comentar as reviravoltas da trama nas redes sociais é

um costume que vem sendo aproveitado com frequência para monitorar o

comportamento e os interesses do público.

“[...] quando os websites corporativos surgiram, em meados

dos anos 1990, ninguém percebeu por inteiro como eles iriam

mudar substancialmente a relação da empresa com seu

público. Poucas empresas, que nessa época criaram websites

parecendo brochuras, consideravam completamente que as

marcas tinham ali a oportunidade de contar sua história

diretamente para um público que ia além dos nichos

demarcados pelos horários publicitários na televisão e no rádio,

e sem precisar recorrer à voz intermediadora dos jornalistas.

Ocorreria então uma mudança fundamental na maneira como

todos ‘consomem’ [...]. Assim, as empresas devem escutar o

público e aprender com ele, se quiserem desfrutar de um

sucesso de longo prazo.” (JENKINS, 2014, p. 49 e 50)

O pensamento de Henry Jenkins destacado acima demonstra como a

internet modificou a relação entre empresas e clientes reforçando a

importância de uma relação bilateral. A compra de um espaço publicitário em

horário nobre, antes considerada garantia de sucesso, se torna insuficiente

como canal de comunicação com o público. Mesmo a história sendo ótima, é

preciso fazer mais, fazer diferente.

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A tecnologia trouxe novos modos de se lidar com as mídias disponíveis

e assim abriu caminho para a realização de uma vontade que parecia

adormecida: a possibilidade de sair do lugar de mero espectador passivo para

a posição ativa, capaz de interferir nos processos de comunicação.

Atualmente, um cliente pode iniciar sozinho uma onda de elogios ou críticas

em relação a determinado produto, basta que sua reclamação ou elogio

viralize.

Engajar, mensurar, curtir, compartilhar, viralizar. Estes são termos cada

vez mais comuns nos planejamentos de marketing e campanhas de

comunicação. Modismos à parte, as empresas buscam ferozmente seu espaço

na linha do tempo mental do seu público. Tal como um vírus, buscam que suas

ideias se tornem uma epidemia contaminando seus clientes de forma

irreversível, mas para que isto aconteça precisam vencer os fortes anticorpos

de uma geração habituada às novas tecnologias.

Fundamentar as táticas de comunicação e marketing sobre uma história

convincente traz a possibilidade de manter a narrativa presa a um trilho seguro

que suporte os mais diferentes meios escolhidos. A simples replicação do

mesmo conteúdo em diversas mídias, como um filme que pode ser exibido na

TV, smartphone, tablet ou notebook é chamada de crossmídia. Já a integração

complementar das mídias é o que caracteriza a transmídia, de forma que os

conteúdos são pensados para cada formato e desta maneira potencializam o

alcance da mensagem para o público-alvo.

Quando se trata de uma narrativa transmídia, a história (storytelling) tem

feito o papel de fio condutor, conectando as peças e dando unidade à

mensagem. O cinema tem se apropriado de forma muito eficaz desta técnica

como é possível perceber no caso das franquias Os Vingadores, da Marvel e

Star Wars, agora da Disney. O pensamento transmidiático permeia a

estruturação destes projetos desde sua concepção e os resultados são

evidentes. Filmes se desdobram em produtos, jogos, histórias paralelas

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escritas conjuntamente com fãs e assim por diante, em um universo interativo

de infinitas possibilidades.

A indústria do entretenimento se apropria das histórias como é caso do

cinema, de alguns canais de TV, como HBO, ou do serviço de streaming

Netflix. Muitos destes gigantes usam com maestria os recursos de storytelling,

pois um filme naturalmente deriva de uma história que servirá de trilho para um

projeto transmídia.

Já as grandes empresas costumam ancorar-se na publicidade ou nos

patrocínios para ganhar projeção. O problema surge quando falta uma linha

mestra, uma coluna vertebral que conduza este pensamento nos diversos

formatos que hoje são inúmeros, e só tendem a aumentar. Nem todas as

empresas começam com histórias, mas todas querem construir marcas fortes

e, neste ponto, o design estratégico se torna a ferramenta primordial de todo

este processo, pois uma imagem bem construída trará a relevância necessária

para permear qualquer mídia de maneira inteligente, eficiente e complementar.

Tal qual uma chave mestra capaz de abrir as portas para um posicionamento

consistente no mercado, o design conduz a marca pela esfera da transmídia

mesmo que a empresa não possua um canal de TV ou precise fugir dos altos

investimentos demandados pela publicidade convencional.

A incorporação do design à filosofia estratégica da marca fortalece o

discurso e faz com que a imagem percebida seja a mais próxima possível da

realidade desejada. Se contar histórias é um hábito cultural tão ancestral

quanto a fala, passar mensagens por meio de imagens é a sua forma mais

antiga de registro.

"Percebe-se contudo que, longe de ser um flagelo ameaçador

e contemporâneo, a imagem é um meio de expressão e de

comunicação que nos vincula às tradições mais antigas e ricas

de nossa cultura." (JOLY, 2006, p. 135)

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Olhando para as origens da sociedade humana vê-se que imagens e

histórias são irmãs quase inseparáveis que povoam o imaginário coletivo.

Pensar em design estratégico é trazer a ideia de uma imagem tão abrangente

que ocupe de forma criativa e natural corações e mentes das pessoas de

modo que seja impossível permanecer indiferente.

Criar ou transformar uma marca em protagonista de uma história de

sucesso não é tarefa simples e requer visão holística não só da empresa e do

mercado, mas do mundo. Conhecer profundamente o negócio nas suas

origens e motivações subsidia a formulação de boas histórias. Traduzir um

conceito de marca para o mundo, entretanto, requer mais do que um

storytelling bem construído, especialmente se os investimentos forem

limitados.

Pensar em design vai além do tratamento superficial da imagem de

produtos ou serviços. Nas palavras de Steve Jobs, co-fundador da Apple:

"A maioria das pessoas pensam que design é uma capa, uma

simples decoração. Para mim, nada será mais importante no

futuro que o design. O design é a alma de tudo aquilo que foi

criado pelo homem. Design não é apenas o que parece e o que

se sente. Design é como funciona." (JOBS, 2016, site:

http://www.adnews.com.br/publicidade/6-frases-que-desnudam-

a-cabeca-marqueteira-de-steve-jobs, em 16 de janeiro de

2016)

O pensamento acima reflete a simplicidade e a beleza por trás do

design, ou seja, aplicar o binômio forma-função a tudo. Na prática, isto significa

ter no DNA da empresa preceitos que vão nortear seu comportamento de

forma generalizada e não apenas nas histórias que serão externadas para

vender produtos e serviços. O design estratégico é a coluna vertebral que

sustenta todas as verdades e histórias da marca, possibilitando ao consumidor

receber uma mensagem clara e uníssona.

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Fantasias são aceitas, mentiras não. Exageros na dose certa podem

servir de amparo à narrativa, e serão perdoados desde que haja conexão

plausível com a filosofia da marca, mas se este excesso ultrapassar certo limite

será encarado como mentira e não será absolvido. Quando a Coca-Cola

apresenta sua campanha de Natal, onde se apropria da figura do Papai Noel,

não há realidade alguma, tudo é fantasia, mas ao mesmo tempo há uma

profunda conexão com a filosofia da marca. É o storytelling apoiado sobre a

sólida base do design estratégico, forma e função se complementam e

cumprem o objetivo maior, isto é, ser relevante para os consumidores.

Percebe-se que vender refrigerantes é muito importante, mas não é o principal.

Conforme escreve Marcos Hiller, autor do livro Branding - A arte de construir

marcas, para o site da Endeavor Brasil:

"Posicionamento não é necessariamente o que a minha marca

está gritando para o mercado, mas sim aquele conjunto de

esforços estratégicos que uma marca adota para construir

relevância na mente dos seus consumidores." (HILLER, site:

http://endeavor.org.br/branding-crise-posicionamento/, em 16

de janeiro de 2016)

Na busca pela atenção dos clientes, algumas vezes são cometidos

equívocos que, em tempos de hiperconectividade, nem sempre são

perdoados. Ao invés dos investimentos de recursos financeiros e intelectuais

em caminhos de crescimento consistente, empresas procuram atalhos que

lhes tragam reconhecimento rápido. Isto não se restringe às pequenas

empresas, grandes corporações também seguem por estas rotas cheias de

modismos.

A recente "descoberta" do que o storytelling poderia fazer por empresas,

marcas e produtos, provocou uma espécie de "corrida do ouro" no mercado.

Diante de mídias cada vez mais fragmentadas e confusas, esta parecia a

solução para se destacar diante da concorrência. De uma hora para a outra,

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todos precisavam contar suas histórias, fossem elas boas ou não, verdadeiras

ou não. Os problemas não tardaram a aparecer.

2.1 - Até onde pode ir uma história?

O sorvete paulistano Diletto e o suco carioca Do Bem entraram na mira

dos órgãos de defesa do consumidor por propagandas enganosas. A polêmica

gira em torno do storytelling criado para as marcas. Uma envolvente história

relatava como o avô do sócio fundador da empresa de sorvetes fabricava

artesanalmente a iguaria na Itália, sua terra natal, quando foi obrigado a vir

para o Brasil fugindo da Segunda Guerra Mundial. As embalagens ilustravam a

foto de "Nonno Vittorio" acima de um texto afirmando que a receita original

ainda era seguida e fora formulada por ele em 1922, quando no pequeno

vilarejo que vivia usava neve e frutas frescas para fabricar seus picolés. O avô

de Leandro Scabin, fundador da Diletto, realmente veio da Itália, mas esta é a

única parte verdadeira da história. Ele nunca fabricou sorvetes, se chamava

Antônio, e veio para o Brasil duas décadas antes da Segunda Grande Guerra.

Já no caso do suco Do Bem, as embalagens continham informações

inspiradoras sobre a forma especial com que as frutas eram colhidas e

transportadas diariamente por pequenos agricultores locais. Estas histórias

despertavam interesse especial em pessoas envolvidas em causas

socioambientais e por isso pagavam mais pelos produtos. O problema é que o

fornecimento de frutas para o suco Do Bem é feito pela mesma empresa que

faz o abastecimento para as marcas próprias dos supermercados, uma gigante

do setor.

Nos dois casos resumidamente relatados, percebe-se que a vontade de

sobressair em um mercado saturado ou o desejo de crescer rápido demais

trouxeram duras consequências à imagem das empresas. Tanto a fabricante

de sorvetes quanto a de sucos tentaram responder minimamente às

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acusações com notas explicativas à imprensa e publicação de comprovantes

de fornecedores nas redes sociais para demonstrar que nem tudo era mentira.

Falsas narrativas, exagero fantasioso ou fraude? Episódios desta natureza

demonstram ser cada vez mais difícil disfarçar a realidade perante um

consumidor muito bem informado e conectado. Rapidamente as inverdades

são descobertas e expostas por meio de fotos, vídeos e relatos textuais,

expondo a realidade e ocasionam sentimentos de revolta e traição no público.

Não importa se eles foram de fato mentirosos ou simplesmente mal

interpretados. No âmbito deste estudo, a conclusão dos processos junto aos

órgãos de defesa do consumidor não é significativa. Os clientes atuais julgam

e condenam instantaneamente, não há apelação nem recurso. Destes casos

resta a pergunta: até onde pode ir uma história? Independente da resposta,

pode-se inferir que não houve o cuidado necessário e certamente o design

estratégico ficou fora do planejamento. Este tipo de problema não é

exclusividade destas duas empresas brasileiras, ao redor do mundo várias

marcas incorrem no mesmo erro, arriscando a própria reputação em nome de

um vínculo emocional que as façam ficar mais próximas de seus clientes.

A imagem projetada de uma marca vai muito além dos produtos que são

vendidos ou da publicidade veiculada no horário nobre, ela precisa ter

personalidade e vida própria dentro do imaginário dos seus clientes e

potenciais consumidores. Mais do que refletir uma imagem adequada, torna-se

imperativo às marcas participarem da vida das pessoas e serem reconhecidas

como entidades capazes de transformar positivamente o ambiente ao seu

redor.

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CAPÍTULO III

DESIGN E TRANSMÍDIA NAS EMPRESAS

Excesso de informação e consequente dispersão da atenção são

fenômenos comuns em tempos de hiperconectividade. O aumento crescente

dos ruídos de comunicação entre emissor e receptor, bem como a constante

sobreposição de funções destes dois atores, tornam o processo comunicativo

bastante complexo. A fragmentação dos meios de informação deu a cada

pessoa, empresa ou entidade a possibilidade de, publicamente, opinar, criar

conteúdo, propagar ideias de terceiros ou realizar qualquer interação que

julgue conveniente. Somam-se a isto as novas formas de publicidade e mídia

nos quais links patrocinados, rastreamento online e até mesmo os “velhos”

banners perseguem os usuários e tentam, a todo custo, fisgar seus olhares e

conquistar alguns cliques de audiência.

Neste cenário saturado e em constante mudança, empresas costumam

se perder no labirinto da diversificação. Na ânsia de alcançar clientes que

parecem sempre mais distantes e indiferentes, são criadas múltiplas linhas de

produtos com discursos próprios, nem sempre bem construídos, para tentar

atingir públicos distintos. No curto prazo, este tipo de estratégia pode alcançar

algum resultado, todavia com o passar do tempo torna-se difícil manter a

fidelidade dos clientes por falta de coesão na mensagem. A perda da unidade

essencial do discurso causa ruptura e consequente distanciamento entre

consumidor e empresa.

Mesmo que haja produtos e discursos secundários para atingir

determinados nichos de mercado, o público precisa ter a percepção de uma

mensagem central, uma marca que lhe traga segurança e desta forma

construa uma imagem mental coerente. Esta marca, no sentido amplo da

palavra, deve envolver e estar sempre presente tanto no pensamento

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consciente quanto no inconsciente dos consumidores. A despeito de todas as

possibilidades existentes na publicidade e no marketing, precisa haver uma

mensagem central, simples, icônica o suficiente para transpassar os

obstáculos criados pelos ruídos de comunicação e se fixar no imaginário

coletivo. A força penetrante da mensagem está na sua simplicidade e não na

complexidade, seja nas formas, estratégias ou meios usados. Um ícone é

facilmente reconhecido e lembrado pois toda sua força imagética está

concentrada em poucos traços.

Grandes marcas apropriam-se de sua simplicidade e, a partir deste

ponto central concentrado e poderoso, usam o design para construir bastiões

simbólicos que as permitem manterem-se estáveis mesmo em meio a

mudanças de posicionamento ou turbulências de mercado.

A seguir, serão analisados alguns casos que ilustram como o design

estratégico aplicado de forma ampla, permeando todos os níveis de empresas

e projetos, é capaz de fornecer todos os elementos simbólicos e conceituais

para o sucesso.

3.1 - Caso Mercedes-Benz: todos querem a estrela

A famosa estrela prateada é um ícone mundial de qualidade e também

objeto de desejo quase unânime, não necessariamente entre os aficionados

por automobilismo, afinal sua presença vai muito além dos carros de corrida. A

força da marca Mercedes-Benz é capaz de conferir status instantâneo aos

seus portadores. Mas de onde vem tamanha potência simbólica?

Inovadora desde sua origem, a história da Mercedes-Benz se

fundamenta sobre quatro notáveis: Karl Benz, Gottlieb Daimler, Wilhelm

Maybach e Emil Jellinek. Cada qual com aptidões e talentos próprios,

pensaram em soluções inovadoras que levaram não somente a empresa, mas

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toda forma de locomoção a um novo patamar. Criações como motor a

explosão, motocicleta, carro, ônibus e caminhão são atribuídas aos fundadores

da empresa. Os gênios inventivos de Benz, Daimler e Maybach, bem como a

iniciativa do riquíssimo Jellinek, fizeram com que os veículos da Mercedes-

Benz se destacassem em todos os campos de atuação, conquistando respeito

e admiração.

A inspiradora história dos criadores da empresa alemã renderia, por si

só, uma excelente base para o storytelling da marca, mas era preciso mais, ou

seja, a criação de um símbolo forte o suficiente para se tornar um ícone

inconfundível de qualidade e vanguarda. No início do século XX, a estrela de

três pontas usada por Daimler, simbolizando terra, mar e ar, ganhou o

contorno circular e depois a coroa de louros usada por Benz e, após algumas

alterações, ganhou sua forma definitiva em 1933, permanecendo inalterada até

os dias atuais.

Fig. 3 - Estrela de três pontas, símbolo da Mercedes-Benz.

Fonte: http://news.mercedes-benz.co.uk/company-news/mercedes-benz-emerges-as-most-

successful-premium-brand-in-russia.html

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Após a Segunda Guerra Mundial, a Mercedes-Benz lutava para se

recuperar com os modelos 170S, 220 e 300, mas um marco desta retomada foi

o modelo 300 SL, lançado comercialmente em 1954, que tornou-se um ícone

por ter inovações técnicas que transformaram a forma de se pensar

automobilismo. Vencedor de várias corridas esportivas, possuía formas fluidas

e elegantes, além de chassi tubular, injeção direta de combustível e portas que

se abriam para cima fazendo o formato de asas de gaivota, característica esta

que lhe garantiu a alcunha "Mercedes Asas de Gaivota" (em inglês "Gullwing").

Nos anos de 1954 e 1955, os carros prateados da marca ganharam os dois

campeonatos de Fórmula 1, pelas mãos do lendário piloto Juan Manuel

Fangio.

As sucessivas vitórias nas pistas e o respeito conquistado ao longo dos

muitos anos de história não privaram a Mercedes-Benz das intempéries do

mercado. A marca se tornou sinônimo de confiabilidade, mas ao longo do

tempo perdeu o apelo junto aos consumidores mais jovens. O desenho dos

carros se tornou tradicional e conservador, afastando este público que passou

a preferir modelos com formas mais arrojadas. As antigas tradições de seus

fundadores precisavam ser revisitadas.

A partir dos anos 1990, em busca de suas raízes criativas, a Mercedes-

Benz passa a investir de forma consistente em design. Para isso, inicia uma

importante expansão, criando os "Estúdios Avançados de Design" (Advanced

Design Studios) ao redor do mundo, cujo objetivo é somente um: inovação. Em

1990, inaugura a primeira unidade avançada em Carlsbad, seguida por

Sunnyvale em 1995 (tornando-se a primeira fabricante de veículos a

estabelecer um centro de pesquisa no Vale do Silício), ambas nos Estados

Unidos. Na sequência, surgem os estúdios em Como (Itália) e Beijing (China),

em 1998 e 2011, respectivamente.

Diversidade, conectividade e globalização passaram a fazer parte do

vocabulário da centenária empresa. Com o suporte dos Estúdios Avançados, a

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sede de pesquisas de design em Sindelfingen (Alemanha) passou a absorver

riquezas culturais e aspirações de cada povo e incorporá-los ao design de seus

produtos. Cada uma destas unidades realiza pesquisas de assuntos

relacionados a sua realidade, ou seja, no Vale do Silício, tecnologia, na Itália,

moda, e assim por diante. É o conhecimento local aplicado em escala global.

Outra decisão importante tomada pela Mercedes-Benz foi o retorno às

pistas de corrida da Fórmula 1 em 2010. A empresa já fornecia motores para

diversas equipes desde o início dos anos 1990, mas a estrela de três pontas

não figurava à frente de um carro da categoria máxima do automobilismo

desde 1955. Dois anos após seu retorno, venceu o primeiro Grand Prix na

China e sagrou-se campeã em 2014 e 2015 com o piloto Lewis Hamilton.

Em meados dos anos 2000, as mudanças estratégicas ocorridas na

maneira como a empresa pensa sua marca e seu design apresenta seus

primeiros resultados. Em 2007, nos Estados Unidos, é lançada a nova geração

do modelo Classe C com linhas mais modernas e esportivas, que apelavam

diretamente para um novo público. Esta mudança de posicionamento da

Mercedes-Benz se traduz em números: segundo a R. L. Polk (empresa de

informação e soluções de marketing para a indústria automotiva e companhias

de seguro), em 2008, a fidelidade dos clientes em relação à Mercedes-Benz

subiu de 52% para 56%, enquanto a da BMW, sua concorrente direta, caiu um

ponto percentual. (site: http://autoweek.com/article/car-news/younger-sportier-

look-mercedes-benz-pays-us-customers, em 23 de janeiro de 2016).

O design cria algo extraordinário e faz uma grande contribuição na

formação imagética da marca nos olhos do público. Hoje, os designers da

Mercedes-Benz reconciliam tradição e modernidade, desenhando os carros do

futuro. Isto expressa claramente um aspecto fundamental da marca: a

bipolaridade da inteligência e emoção. (site: https://www.mercedes-

benz.com/en/mercedes-benz/design/design-overview/, em 23 de janeiro de

2016).

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A visão holística que a Mercedes-Benz tem sobre o design se traduz em

todos os seus projetos e viabiliza um posicionamento transmidiático centrado

na imagem da sua marca. A atuação da empresa se expande em várias

direções, tais como um incrível museu de arquitetura arrojada, uma equipe de

Fórmula 1, um Centro de Mídia próprio, uma linha de roupas e acessórios e

diversos aplicativos para smartphones e tablets. Além disso, promove o MB

Fashion Week em várias cidades do mundo e o projeto NextGen, que ocorre

dentro do Fashion Week e visa descobrir novos talentos do design.

A longevidade impressionante da marca vai muito além dos apelos à

tradição. O amor pelo design e pela inovação mantém a chama da Mercedes-

Benz acesa e sustenta a admiração mundial do público. Seu símbolo contém

forte relevância e ao mesmo tempo refinada simplicidade estética que permite

rápida leitura e fácil aplicação nos mais diversos meios e substratos. Seja na

grade frontal de um automóvel, no boné de um piloto de corridas ou no letreiro

de uma loja de produtos licenciados, a estrela de três pontas não pode

simbolizar outra coisa senão a presença da Mercedes-Benz. Percebe-se,

portanto, que a gigante alemã vai muito além dos automóveis, ela quer

desenhar o futuro não só da locomoção, mas do estilo de vida das pessoas.

3.2 - Caso Apple: do ícone da maçã ao ícone de sucesso

Eventos que paralisam o mundo à espera da nova tendência

tecnológica; longas filas aguardando a abertura da loja para o início das

vendas do novo smartphone; nem é preciso mencionar a marca, pois só uma

empresa provoca tamanha euforia: Apple.

A empresa criada por três jovens, Steve jobs, Steve Wozniak e Ronald

Wayne (que saiu da sociedade meses depois), dentro de uma garagem na

Califórnia em 1976, pretendia popularizar os computadores pessoais e, no ano

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A maçã também remetia, especialmente para os norte-americanos, à

questão da saúde. Um ditado popular na época era: "uma maçã por dia

mantém os médicos afastados" ("an apple a day keeps the doctor away").

Rapidamente a confusa imagem de Newton sob a árvore foi substituída e, em

1977, o icônico desenho da maçã mordida já era a marca oficial da empresa.

Outros significados podem ser extraídos da identidade visual da Apple: o fruto

proibido do jardim do Éden, que traria o conhecimento do bem e do mal, faz

alusão à religião (ou espiritualidade) bem como ao desejo pelo novo e

desconhecido; e é impossível não pensar também na Big Apple, a cosmopolita

Nova Iorque, cidade que nunca dorme, ponto de encontro da pluralidade,

símbolo da globalização e cidade do mundo.

A presença desta simples fruta no imaginário popular, passando por

culturas e nichos tão variados, permitiu que a marca se fixasse de forma ímpar

nas mentes dos consumidores tornando-a inconfundível. Ao longo de sua

história, tudo que a Apple cria, seja produtos, serviços, conceitos ou

comportamento, está ancorado nos valores intrínsecos que sua marca carrega:

simplicidade, beleza e inovação.

Independente de polêmicas relacionadas à sua saída da Apple (1985), e

posterior retorno (1996), assim como sua personalidade difícil e seu prematuro

falecimento em 2011, é impossível desvincular a genialidade e a criatividade

de Steve Jobs da posição de vanguarda comum à Apple. No período em que

esteve ausente da empresa, esta passou por momentos difíceis e se tornou

sem brilho, seus produtos não eram mais tão inovadores e sempre faltava algo

que encantasse as pessoas. Com o retorno de Jobs, retorna também a

relevância do design estratégico, muitas vezes desconsiderado em detrimento

de investimentos em produtos mais conservadores e mais pautados em

pesquisas de marketing.

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Dois anos após a volta de Jobs ao comando da empresa é lançado o

iMac, um computador pessoal com visual tão atraente a ponto de destacar-se

mais que o seu ótimo desempenho. As formas arredondadas, o acabamento

translúcido e colorido faziam do iMac um objeto de desejo sem precedentes na

indústria dos computadores. A partir deste ponto foram inúmeros produtos de

estrondoso sucesso, tais como iPod (2001), iPhone (2007), iPad (2010) e

Apple Watch (2014), bem como os serviços iTunes (2003), iCloud (2011) e,

mais recentemente, Apple Music (2015), dentre muitos outros.

A empresa que surgiu em uma garagem aspirando à popularização dos

computadores pessoais tornou-se líder na criação de produtos e serviços que,

além do excelente desempenho, trazem um conceito único. O pensamento

estratégico voltado para o design permeia absolutamente tudo que é

desenvolvido pela Apple. Ele nasce na idealização do produto, sua interface,

os rumores e expectativas no mercado e na mídia, passando pelo evento de

lançamento, até a venda, pelas suas arrojadas lojas conceito (Apple Stores), e

chega ao contato do cliente com o produto (da abertura da embalagem até a

interação com este) em um ciclo que se retroalimenta. Desta forma, a

experiência do cliente com a marca torna-se completa e coesa.

Ao ingressar em um ambiente Apple, tanto físico quanto virtual, todos os

elementos se relacionam de modo a compor um atmosfera harmônica e a

marca se faz presente, mesmo quando não exposta.

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Fig. 5 - Loja conceito da Apple em Nova Iorque, Estados Unidos.

Fonte: http://www.apple.com/pr/products/apple-retail-stores/apple-retail-stores.html

As lojas conceito da Apple, espalhadas ao redor do mundo, já seriam

uma demonstração da força da sua comunicação transmídia. Elas englobam

atendimento, suporte técnico, experiência do usuário com todos os produtos,

serviços e acessórios, workshops sobre as ferramentas Apple e até vendem

produtos. Não obstante, seu posicionamento transmidiático pautado no design

vai além e permeia inúmeras áreas tais como: o incentivo ao ensino;

aplicativos, com sua própria loja de apps; e música, seja via streaming ou por

meio do Apple Music Festival, um festival transmitido para o mundo inteiro. Os

investimentos mais recentes da empresa apontam para o mercado

automobilístico com o recém lançado CarPlay, que permite a integração do

iPhone com alguns carros, e os rumores sobre o AppleCar, um automóvel

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totalmente desenvolvido pela Apple. Existe também um forte direcionamento

para a chamada "internet das coisas", como por exemplo o Apple Watch, um

"relógio" de pulso que se integra com outros aparelhos e faz leituras dos sinais

vitais do seu usuário, entre muitas outras funções.

A lista de inovações e pesquisas da Apple é extensa, mas seja qual for a

próxima novidade da empresa da Califórnia, uma coisa é certa: será inovador e

terá um design sedutor. Poucas empresas conseguem integrar de modo tão

completo suas ideologias e realizações em torno do design e assim refletir uma

imagem simples e icônica para o público. Provavelmente esta é a razão do seu

êxito, a clareza trazida pelo design estratégico permeia todas as suas ações e

valores, permitindo a replicação de sua imagem em qualquer meio escolhido.

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CONCLUSÃO

A fragmentação dos meios de comunicação ocasionou importantes

mudanças nas formas de interação entre emissores e receptores, sobrepondo

seus papéis e amplificando ruídos. Todos podem criar e replicar conteúdos,

não necessariamente relevantes, o que acarreta um aumento constante no

volume de informações circulantes principalmente nos meios digitais. Mídias

sociais, streaming de músicas e vídeos, conectividade móvel em múltiplas telas

simultâneas e toda a fartura de recursos tecnológicos disponíveis tipificam

como os consumidores são ininterruptamente impactados. Se por um lado o

acesso à informação se expande e ajuda na propagação do conhecimento, por

outro sobrecarrega e provoca uma crescente dispersão em indivíduos cada vez

mais saturados.

A atenção do público tornou-se a mais valiosa moeda e conquistá-la é o

desafio a ser transposto. Empresas querem que suas marcas sejam vistas,

lembradas e admiradas, mas para isso têm de atravessar o ambiente caótico

que se impõe. Neste cenário, adaptar-se às mudanças tornou-se uma

urgência; entretanto, para uma mensagem ser atraente e relevante é

necessário que esta possua uma linha mestra capaz de conduzir o interesse

dos consumidores. As estratégias de comunicação precisam estar sobre um

trilho seguro, independente das plataformas ou meios escolhidos como

veículos de propagação da mensagem.

A elaboração de estruturas narrativas (storytelling), apesar de ser uma

importante ferramenta para atração de clientes, quando utilizada isoladamente

pode gerar um resultado disperso, o que nos tempos atuais é um grave erro. A

volátil atenção do público é o insumo mais precioso e carece de substrato

sólido para amparar um projeto amplo de comunicação transmidiática. Apenas

por meio de uma visão holística que englobe elementos como mercado,

empresa, cultura, linguagem, imagem e comportamento é possível alcançar

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coesão entre as melhores estratégias e o discurso narrativo. Esta visão

multidisciplinar é alcançada com a incorporação do design estratégico à

filosofia da empresa e, consequentemente, a tudo que possa refletir sua

imagem para o público interno ou externo. A essência da empresa deve ser

traduzida por meio do design para se tornar icônica na mente dos

consumidores. A simplicidade é a forma mais segura de evitar extravios e

exageros narrativos, tornando a mensagem mais atrativa e segura. A partir

deste núcleo e atrelado a ele, o storytelling se desenvolve e pode permear

múltiplos meios de forma complementar e inteligível.

Toda imagem deve ser construída na mente do público, no seu íntimo

inconsciente e emocional e é neste ponto que reside o fundamento do design

estratégico como cerne dos projetos de storytelling transmídia: a relação entre

o contato inicial do consumidor e a subsequente narrativa. A relação com a

marca, ou seja, a identidade visual e sensorial de uma empresa, evento,

produto ou serviço se inicia de forma quase invariável no efeito causado pelo

design. Dado este primeiro passo, toda a caminhada deverá ser orientada pelo

design estratégico e assim, da capa ao fim, da abertura aos créditos, o projeto

ganhará vida dentro do público, como um filme que teima em tornar-se clássico

ou uma música que nunca sai de moda.

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REFERÊNCIAS

Advanced Design Studios - Expressão inglesa que significa: Estúdios

Avançados de Design. No caso da Mercedes-Benz, são estúdios de design

espalhados em várias partes do mundo.

Apple - Empresa multinacional norte-americana que projeta e comercializa

produtos eletrônicos de consumo.

Apple II - Computador pessoal desenvolvido pela Apple no final da década de

1970.

AppleCar - Projeto de automóvel que vem sendo desenvolvido pela Apple.

Apple Music - Serviço de streaming de música da Apple.

Apple Music Festival - Festival de música anual (anteriormente conhecido

como iTunes Festival) que acontece ao decorrer de um mês em Londres. As

apresentações são transmitidas ao vivo e de graça.

Apple Stores – Nomenclatura dada às lojas da Apple.

Apple Watch - Relógio inteligente projetado e comercializado pela Apple.

Banner - Forma de publicidade comum na da Internet, muito utilizada para

atrair a atenção do usuário.

Big Apple - Um dos apelidos da cidade de Nova Iorque.

BMW - Marca alemã de automóveis.

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CarPlay - Sistema que conecta o painel multimídia de alguns carros com o

iPhone.

Coca-Cola - Corporação multinacional estadunidense, fabricante e

comerciante de bebidas não-alcoólicas.

Cowboys - Herói dos filmes do gênero western. Homem que galopa a cavalo

combatendo os índios.

Diletto - Marca de sorvetes brasileira.

Disney - Empresa multinacional estadunidense de mídia de massa.

DNA - Composto orgânico que contém as instruções genéticas dos seres

vivos.

Do Bem - Marca de sucos brasileira.

Fashion Week - Semana de Moda. Evento que ocorre em várias partes do

mundo.

Filme de cowboys - vide Western.

Ford - Marca norte-americana de automóveis.

Formula 1 - Principal categoria do automobilismo mundial.

Grand Prix - Expressão francesa que significa: Grande Prêmio. Denota uma

corrida da principal categoria do automobilismo mundial (Formula 1).

Gullwing - Palavra inglesa que significa: asa de gaivota.

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HBO - Canal de TV por assinatura.

HP - Sigla que significa: Hewlett-Packard. Empresa norte-americana que atua

no campo de computação, impressão, tratamento de imagem e também vende

software e serviços.

IBM - Sigla que significa: International Business Machines. É uma empresa dos

Estados Unidos voltada para a área de informática.

iCloud - Serviço de armazenamento em em servidores externos (nuvem) da

Apple.

iMac - Computador pessoal lançado pela Apple no final dos anos 1990.

Internet das coisas - Tecnologia que tem como objetivo conectar os itens

usados do dia a dia à rede mundial de computadores.

iPad - Tablet desenvolvido e comercializado pela Apple.

iPhone - Linha de smartphones desenvolvidos e comercializados pela Apple.

iPod - Tocadores de áudio digital projetados e vendidos pela Apple.

iTunes - Central multimídia virtual desenvolvida pela Apple, na qual é possível

organizar músicas, vídeos e comprar de arquivos de mídia digital.

Marvel - Companhia estadunidense de entretenimento responsável por “Os

Vingadores”.

MB Fashion Week - Semana de moda realizada pela Mercedes-Benz.

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Mercedes-Benz - Marca alemã de automóveis.

Mobile - que é móvel, permitindo seu uso durante a movimentação do usuário.

Modelos 170S, 220 e 300 e 300SL e Classe C - Modelos de automóveis

fabricados pela Mercedes-Benz.

Netflix - Empresa americana criada em 1997que oferece serviço de TV (filmes,

séries e produções originais) por Internet.

NextGen - Concurso que ocorre dentro da Semana de Moda da Mercedes-

Benz e visa encontrar novos talentos do design.

Nike - Empresa norte-americana de calçados, equipamentos desportivos,

roupas, e acessórios.

Notebook - Computador portátil.

Os Vingadores - Franquia de filmes que conta a saga de um grupo de super-

heróis de histórias em quadrinhos da editora Marvel Comics.

R. L. Polk - Empresa de informação e soluções de marketing para a indústria

automotiva e companhias de seguro.

Smartphone - telefone celular inteligente com tecnologias que incluem

programas executados e sistema operacional, equivalente aos computadores.

Star Wars - Star Wars (no Brasil, Guerra nas Estrelas) é o título de uma

franquia de filmes criada pelo cineasta George Lucas com sete filmes. O

primeiro filme da série foi o episódio IV, lançado em maio de 1977, e se tornou

um sucesso inesperado e fenômeno mundial.

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Storytelling - palavra de origem inglesa que está relacionada com uma

narrativa e significa a capacidade de contar histórias de forma estruturada.

Streaming - Forma de distribuição de dados uma rede na qual as informações

não são armazenadas pelo usuário em seu próprio computador. É

frequentemente utilizada para distribuir conteúdo multimídia (áudio e vídeo)

através da Internet.

Tablet - Tipo de computador portátil de tamanho pequeno, fina espessura e

com tela sensível ao toque.

Viralizar - vide Viral

Viral - Peças midiáticas, tais como fotos ou vídeos, que adquirem um alto

poder de circulação na internet, alcançando grande popularidade,

configurando-se como um fenômeno de Internet.

Western - Género clássico do cinema norte-americano. O termo inglês western

significa "ocidental" e refere-se à conquista do Oeste norte-americano durante

a colonização.

Web 2.0 - Termo utilizado para descrever a segunda geração de comunidades

e serviços na Internet, mais participativa e interativa.

Workshops - Seminário ou curso intensivo, de curta duração, em que

técnicas, habilidades e conhecimentos são demonstrados e aplicados.

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BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

EPÍGRAFE 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

COMUNICAÇÃO: UMA NECESSIDADE HUMANA 11

CAPÍTULO II

STORYTELLING E TRANSMÍDIA: A IMPORTÂNCIA DO DESIGN 20

2.1 – Até onde pode ir uma história? 28

CAPÍTULO III

DESIGN E TRANSMÍDIA NAS EMPRESAS 30

3.1 – Caso Mercedes-Benz: todos querem a estrela 31

3.2 – Caso Apple: do ícone da maçã ao ícone de sucesso 35

CONCLUSÃO 41

REFERÊNCIAS 43

BIBLIOGRAFIA 48

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS 49

ÍNDICE 55

ÍNDICE DE FIGURAS 56

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Caverna decorada de Chauvet-Pont d’Arc 13

Figura 2 - A Bíblia de Gutenberg 16

Figura 3 - Estrela de três pontas, símbolo da Mercedes-Benz 32

Figura 4 - Primeira marca da Apple Computer Co. 36

Figura 5 - Loja conceito da Apple em Nova Iorque, Estados Unidos 39