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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL: UMA DAS FORMAS DE SE ADQUIRIR MELHOR QUALIDADE DE VIDA Por: ELIEZER VIANA DE OLIVEIRA Orientador Prof.ª ANA CLAUDIA MORRISSY Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL:

UMA DAS FORMAS DE SE ADQUIRIR MELHOR QUALIDADE DE

VIDA

Por: ELIEZER VIANA DE OLIVEIRA

Orientador

Prof.ª ANA CLAUDIA MORRISSY

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL:

UMA DAS FORMAS DE SE ADQUIRIR MELHOR QUALIDADE DE

VIDA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Finanças e Gestão

Corporativa

Por: Eliezer Viana de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

“Amor não é só alguma ideia ou sentimento grande e abstrato. Há algumas pessoas com uma concepção do amor tão pomposa, que nunca conseguem expressá-lo na simples amabilidade da vida comum. Elas sonham com a devoção heroica e serviço auto sacrificial. Mas, esperando pela oportunidade, que nunca chega, elas se fazem bem indesejáveis para aqueles que estão perto delas, e nunca percebem a necessidade de seu próximo.

Amar é desejar o bem de outrem. Amar pode significar escrever com cuidado suficiente, de modo que nosso correspondente possa ler sem gastar tempo em decifrar; isto é, pode significar gastar tempo para não tomar o tempo dele. Amar é pagar nossa conta; é conservar as coisas em ordem, para que o trabalho da esposa seja mais fácil. Significa chegar na hora, significa dar toda atenção a quem estiver falando com você.”

(Paul Tournier)

Ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por me conceder,

sustentar e incentivar esta tão rica oportunidade. Minha eterna gratidão por

acreditar e investir em mim.

À Universidade Candido Mendes pós-graduação “lato sensu” AVM

Faculdade Integrada, por seu aparato, exercício da função social e por ser uma

instituição de reputação ilibada.

A meus diretores Fernando Roriz e Raimundo, que me possibilitaram

essa missão através de seus incentivos. Meu muito obrigado.

Aos colegas da DGPCF em especial à equipe da DIPEC, Henrique,

Betinha e Rodrigo, pelo apoio, pela competência e pela força que me deram.

A meus pais, irmãos, sobrinhos e demais familiares.

À minha amada esposa.

A Deus, meu porto seguro, a quem devo glória, honra e louvor.

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Dedico a todos o seguinte pensamento:

“A minha inspiração são os homens e as mulheres que surgiram em todo o globo e escolheram o mundo como o teatro das suas operações, e que lutam contra as condições socioeconômicas que não promovem o avanço da Humanidade, onde quer que este ocorra. Homens e mulheres que lutam contra a supressão da voz humana, que combatem a doença, a iliteracia, a ignorância, a pobreza e a fome. Alguns são conhecidos, outros não. Essas são as pessoas que me inspiraram.” (Nelson Mandela, in 'Conferência na London School of Economics’, Londres, 6 Abril 2000).

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DEDICATÓRIA

“Caminhando os homens quase sempre pelos caminhos já por outros percorridos, e tendendo, nas suas ações, a proceder por imitação, não podem, contudo, seguir inteiramente a mesma via nem alcançar a virtude daqueles que pretendem imitar. Por tal motivo, um homem avisado deve procurar seguir as vias percorridas por grandes homens e imitar aqueles que atingiram o mais elevado patamar de excelência, de modo que, se não pudermos igualar a sua virtude, deles vos fique, ao menos, o perfume do seu valor. É o que fazem os arqueiros habilidosos, os quais, parecendo-lhes muito distante o alvo que desejam atingir, e, conhecendo bem as limitações de alcance do seu arco, fazem pontaria para um ponto muito mais alto do que o alvo, não para aí acertar com as suas flechas, mas, sim, para, com a ajuda de tão elevada mira, poderem bater o alvo pretendido.” (Nicolau Maquiavel, in 'O Príncipe').

A Deus, por ser minha fortaleza.

A meus pais, pela minha vida.

A minha esposa, por iluminar os meus dias.

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RESUMO

O Estudo sobre Planejamento financeiro Pessoal tem por objetivo

analisar e esclarecer a melhor forma de planejar-se financeiramente e ser um

instrumento de organização vital, assim como cuidamos de nossa saúde, para

melhor desfrutarmos da vida, de igual modo é com a vida financeira. Precisa

ser planejada, organizada, cuidada e seguir algumas prescrições para gozar de

plena saúde, desfrutando do melhor que a vida tem para oferecer. Se assim

não for, poderá vir a falecer. No contexto em que vivemos, observa-se que não

é costume do brasileiro economizar; a Pesquisa da Confederação Nacional de

Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) –

novembro de 2012 mostrou essa realidade. Há mais assunção de dívidas que

realização de investimento, apesar da mesma pesquisa demonstrar o interesse

das famílias em preservar valores para o futuro. A população brasileira tem o

hábito de consumir intensamente. Os bens que demonstram status a cada dia

ganha uma nova forma de acesso, gerando uma cadeia infinita de compra e

venda. Por isso, fazer um diagnóstico financeiro é necessário e mais

importante do que muitos creem. Ter a certeza da quantia de recursos que

entra e de que forma eles saem é de suma importância, pois é o início do

cuidado com a saúde financeira. Daí surgirão as condições necessárias para

um planejamento financeiro que resultará no aumento do bem-estar, da

qualidade de vida,

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para desenvolver o presente trabalho envolveu

pesquisa bibliográfica, pesquisa webgráfrica e referências bibliográficas.

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LISTA DE QUADROS

Quadro I – O uso do crédito no Brasil 18

Quadro II – Pretende aplicar periodicamente na poupança nos

próximos seis meses (por classe) 19

Quadro III – Pretende aplicar periodicamente em outros

Investimentos nos próximos seis meses (por classe) 19

Quadro IV– Síntese dos resultados 22

Quadro V – Valor aplicado x Tempo necessário para acumular

R$100.000,00 (Quadro A) 41

Quadro VI – Valor aplicado x Tempo necessário para acumular

R$100.000,00 (Quadro B) 43

Quadro VII – Valor aplicado x Tempo necessário para acumular

R$100.000,00 (Quadro C) 43

Quadro VIII – Taxa de juros aplicada x Valor acumulado

no período 44

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico I – Percentual de famílias endividadas 23

Gráfico II – Percentual de famílias com contas ou dívidas

em atraso 24

Gráfico III – Percentual de famílias que não terão condições

de pagar suas contas 25

Gráfico IV – Tipo de dívida 26

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LISTA DE SIGLAS

CDB – Certificado de Depósitos Bancário

LCI – Letra de Crédito Imobiliário

LCA – Letra de Crédito Agrícola

TR – Taxa Referencial

COPOM – Comitê de Política Monetária

IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo

IGPM – Índice Geral de Preço do Mercado

CDI – Certificado de depósito Interbancário

CNC – Confederação Nacional do Comércio

PIB – Produto Interno Bruto

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LISTA DE SÍTIOS RELACIONADOS AO ASSUNTO

Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio

www.abac.org.br

Banco Central do Brasil

www.bc.gov.br

www.bacen.gov.br BM&F Bovespa www.bmfbovespa.com.br Cálculo Exato www.calculoexato.com.br Cetip www.cetip.com.br Comissão de Valores Mobiliários www.cvm.gov.br Instituto Nacional de Investidores www.ini.org.br Planilhas e Calculadoras úteis www.calilecalil.com.br/calil/calculadoras Tesouro Nacional www.tesouro.fazenda.gov.br PROCON www.procon.sp.gov.br

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 13

CAPÍTULO I - Planejamento financeiro e qualidade de vida 16

CAPÍTULO II - Planejamento financeiro começa com

organização 28

CAPÍTULO III – Definindo os objetivos 31

Capítulo IV – A Hora de investir 35

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 49

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INTRODUÇÃO

O ato de planejar requer de seu executor a utilização do lado racional,

sendo, portanto, um ato exclusivo do ser humano.

Em nosso dia-dia agimos com base naquilo que de alguma forma já foi

planejado. O simples fato de à noite colocarmos o nosso relógio para despertar

em determinado horário da manhã do dia seguinte, horário esse que nos

permita realizar todas as tarefas programadas para o novo dia, demonstra a

necessidade de prévio pensamento a respeito das ações que iremos realizar

visando executá-las de maneira eficiente e tempestiva.

O planejamento é o processo de administrar, é pensar antes de agir ou

preparar as maneiras mais adequadas para ação.

Segundo afirma Idalberto Chiavenato (2000, p.195):

“O planejamento figura como a primeira função administrativa, por ser aquela que serve de base para as demais funções. O planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente os objetivos que devem ser atingidos e como se deve fazer para alcança-los.”

O presente trabalho tem como tema central o planejamento financeiro

pessoal e visa esclarecer como ele pode ser um instrumento eficiente na

administração da vida financeira, contribuindo assim para uma melhor

qualidade de vida das pessoas.

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1.1 - Formulação do Problema

Durante muitos anos no Brasil foi uma prática comum gastar todo o

dinheiro de que se dispunha o mais rápido possível. O gasto imediato do

dinheiro era priorizado em decorrência das altas taxas de inflação que

diminuíam o poder de compra dos brasileiros tornando ilógica a ideia de poupar

para gasto futuro. Dessa forma o planejamento financeiro não parecia viável.

Com a implantação em julho de 1994 do plano real, alcançamos a

estabilização da economia e índices de inflação abaixo de 1% ao mês, porém

essa estabilização não se mostrou suficiente para a mudança na forma de lidar

com o dinheiro.

Pesquisas recentes da confederação Nacional do Comércio (CNC)

demonstram que o percentual de famílias endividadas vem crescendo e com

ele a inadimplência que em 2012 atingiu o maior nível da história.

O aumento das dívidas e a incapacidade de pagá-las decorrem da falta

de um bom planejamento financeiro. Tais situações deixam muita gente infeliz

e causam tristeza, angustia e até depressão.

John Kenneth Galbraith afirma que nada estabelece limites tão rígidos à

liberdade de uma pessoa quanto a falta de dinheiro. Sentir-se privado de

coisas, impossibilitado de aproveitar experiências e de realizar desejos é uma

verdadeira prisão que limita, tortura e frustra o ser humano.

Tendo essas questões como pano de fundo, o presente trabalho

demonstrará a importância do planejamento financeiro pessoal, discriminando

suas principais etapas, a fim de proporcionar ao seu executante o alcance de

metas (sonhos) previamente estabelecidas às quais gerarão bem estar,

qualidade de vida.

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1.2 - Objetivos

1.2.1 - Objetivo Geral

ü Esclarecer como o planejamento financeiro pessoal pode ser um

instrumento de organização da vida financeira, contribuindo assim para uma

melhora na qualidade de vida do indivíduo.

1.2.2 - Objetivos específicos

ü Compreender melhor a importância do planejamento financeiro

pessoal;

ü Demonstrar de que forma ele pode ser executado e o beneficio

que ele gera ao executante.

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Capítulo I

Planejamento financeiro e qualidade de vida

1.1 - Por que planejar-se financeiramente?

Planejamento é um conceito essencial quando o assunto é

administração financeira, pessoal ou empresarial. Em relação ao

gerenciamento do próprio dinheiro, alguns dizem preferir viver um dia após o

outro, sem se preocupar em fazer planos.

O autor Mauro Calil em seu livro “Separe uma verba para ser feliz”

chama essas pessoas de “presentistas”. São aqueles que pensam no presente,

nas satisfações mais imediatas, em satisfazer prazeres e desejos agora. Não

se preocupam tanto com o futuro, pois não sabem nem se estarão vivos para

isso e não acham que vale a pena deixar de fazer alguma coisa hoje.

Essas pessoas agem dessa forma com o argumento de que a vida toma

rumos, muitas vezes, inesperados e que o futuro nunca estará sobre seu

controle.

De fato o futuro é repleto de incertezas e é exatamente essa

característica que faz do planejamento algo tão importante, pois possibilita que

estejamos minimamente preparados para lidar com o inesperado.

Independentemente do tipo de imprevisto que surgir, estará melhor

preparada a pessoa ou família que possuir reservas financeiras. O problema

pode exigir a utilização dessas reservas e para quem as possui será uma

tranquilidade em meio à tempestade, pois a preocupação se centrará no

problema, não na falta de dinheiro para custeá-lo.

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O futuro, porém, não somente pode reservar eventos ruins, mas também

nos reservará oportunidades. A compra de um imóvel a preço convidativo, a

possibilidade de morar no exterior para estudar, a viagem dos sonhos com a

família. Somente as aproveitarão aqueles que se prepararam para tanto.

Dessa forma, o planejamento financeiro permite uma maior abertura nas

possibilidades de escolhas a serem feitas durante a nossa vida. Segundo

afirma o autor Elisson de Andrade em seu livro “As cinco etapas do

planejamento financeiro” (2012, p. 8):

“Planejar é, simplesmente, aceitar as incertezas, de forma a lidar com elas da melhor maneira possível. Também significa inviabilizar sonhos, à medida que os objetivos se concretizem. Planejar é assumir, com total lucidez, nossa ignorância quanto ao futuro. Porém, mesmo com toda a incerteza existente, o planejamento aumenta as chances de que cada história seja escrita pelo próprio autor, e não pelo acaso. Enfim, planejar as finanças pessoais é um exercício de autoconhecimento, pois ao estabelecer metas, estaremos elegendo nossas verdadeiras prioridades e, com isso, revelando a pessoa que somos para nós mesmos.”

A possibilidade de estarmos preparados para o financiamento dos

imprevistos orçamentários, combinada com a realização de sonhos e objetivos,

ambas decorrentes de uma vida financeira saudável, proporcionará o aumento

da qualidade de vida das pessoas.

1.2 - O brasileiro e o planejamento financeiro

1.2.1- Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) – novembro de 2012.

A maioria dos brasileiros não possui o hábito de poupar regularmente.

Essa é a conclusão que podemos tirar de recente pesquisa divulgada pela

CNDL e pelo SPC Brasil.

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Essa pesquisa revelou que apenas 4 em cada 10 brasileiros (39%) têm o

hábito de fazer aplicações periódicas para o futuro. Destes, 27% optam pela

caderneta de poupança, 5% por outros tipos de investimentos (títulos de

capitalização, CDBs,...) e 7% por ambos, conforme podemos notar no quadro

abaixo.

Quadro I

Fonte: Pesquisa “O uso do crédito no Brasil” da CNDL e do SPC Brasil

O estudo ouviu consumidores das 26 capitais brasileiras e do Distrito

Federal e concluiu que, entre os que fazem aplicações periódicas, a

preferência pela caderneta de poupança deve-se principalmente à segurança

que este tipo de investimento oferece ao aplicador.

Quanto à análise por classe social, a pesquisa revelou que nas classes

A e B 48% das pessoas não fazem aplicações periódicas, 31% aplicam na

caderneta de poupança, 9% em outros investimentos e 13% aplicam tanto na

poupança quanto em outros investimentos.

No que tange às classes C e D, 71% das pessoas não realizam

aplicações financeiras, 25% aplicam na caderneta de poupança, 2% em outros

investimentos e 2% aplicam tanto na poupança quanto em outros

investimentos.

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Apesar de grande parte da renda hoje estar sendo direcionada para o

consumo, a pesquisa sondou a intenção das famílias em preservar valores

para o futuro, cujos resultados seguem abaixo.

Quadro II

Fonte: Pesquisa “O uso do crédito no Brasil” da CNDL e do SPC Brasil Quadro III

Fonte: Pesquisa “O uso do crédito no Brasil” da CNDL e do SPC Brasil

A cultura de aplicação em caderneta de poupança permanece presente

na vida dos brasileiros e segundo as respostas dadas à pesquisa ela continua

pelo menos para os próximos 6 meses.

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A menor intenção de investir nos próximos 6 meses por parte das

pessoas pertencentes às classes C e D justifica-se, em grande parte, pelo

acúmulo de compromissos (dívidas) assumidos nos últimos anos em

decorrência de uma demanda reprimida por bens e serviços aos quais essas

pessoas passaram a ter acesso.

1.3 - A evolução do consumo no Brasil

A população brasileira de maneira agregada tem propensão natural para

o consumo. Como vimos anteriormente, isso vem desde a época das altas

taxas de inflação experimentadas pela economia brasileira.

Veio a estabilização da economia e nos últimos anos a renda e os

instrumentos de crédito tornaram-se mais acessíveis. Some-se a isso a taxa de

desemprego no Brasil que em novembro de 2012 foi de 4,9% da população

economicamente ativa, índice mais baixo para um mês de novembro desde

2002. Essas são situações que permitiram que um número significativo de

famílias entrasse no mercado de consumo.

Há de ser considerada também a atual política adotada pelo governo

brasileiro onde o estímulo ao consumo vem sendo o carro chefe no combate ao

baixo crescimento do Produto Interno Bruto – PIB - do país. Essas medidas de

estímulo não vêm se revelando suficientes para o aumento do crescimento do

PIB, porém provocaram um aumento do consumo sem lastro na produção e

distribuição de riqueza e renda, ocasionando assim o endividamento das

famílias, e um consequente aumento do nível de inadimplência, conforme

veremos no tópico a seguir.

Será que o brasileiro não está consumindo demais?

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Em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, o economista e filósofo

Eduardo Giannetti afirmou o seguinte:

“Estamos vivendo uma corrida armamentista do consumo, pois o bem posicional (bem que confere status) sempre se renova. Isto é, no momento em que se democratiza o acesso a um bem de consumo, outros novos são inventados. É como uma corrida armamentista: sempre teremos novos e diferenciados objetos de desejo. Primeiro é um tênis de marca, depois um carro importado, um iate, um jatinho, uma viagem a Marte. A corrida armamentista sempre se renova. Não dá para desmontar totalmente as armadilhas dessa corrida, mas podemos almejar uma sociedade mais madura e marcada por uma pluralidade de valores. Assim nem todos estariam competindo na raia estreita, por um carro x ou y. Deveríamos conquistar um lugar de honra na sociedade mais pelo que somos e menos pelo que possuímos”.

Quando perguntado se há diferenças entre a sociedade de consumo de

outros países e a do Brasil atual, Eduardo Giannetti respondeu:

“O que complica o Brasil é a desigualdade. Isso acirra e exarceba o poder do dinheiro, da posse, da propriedade. Quem não tem superestima o que o dinheiro pode comprar, ficando muito vulnerável a fantasias e fascínios sobre o status. Na outra ponta, o rico tem o poder superdimensionado por poder comprar o trabalho dos outros a um preço aviltado, adquirindo uma preeminência desmesurada na sociedade. Mas a novidade brasileira é a mobilidade social dos últimos dez anos. Cerca de 30 milhões de brasileiros, antes praticamente excluídos, passaram a ter acesso ao mercado de consumo. Há um momento de deslumbramento diante dessas novas possibilidades, o que é natural, pois essas pessoas tiveram uma demanda reprimida durante diversas gerações. Por isso elas vão com muita sede ao pote, que lhes foi negado por muito tempo. Mas esse deslumbramento não pode durar para sempre. Em certo momento, a sociedade precisará amadurecer. E as pessoas, principalmente dessa nova classe média, vão precisar pensar no futuro”

Eliminar o consumo tolo, desnecessário, é uma das etapas do

planejamento financeiro que serão demonstradas mais à frente.

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1.3.1 - Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens,

Serviços e Turismo (CNC) - janeiro de 2013.

O percentual de famílias com dívidas recuou ligeiramente entre

dezembro de 2012 e janeiro de 2013. Em relação ao mesmo mês do ano

anterior, o número de endividados registrou alta. O percentual de famílias com

dívidas ou contas em atraso também apresentou a mesma tendência, recuando

comparativamente a dezembro, mas aumentando em relação ao mesmo mês

do ano anterior.

Já o percentual de famílias que não terão condições de pagar suas

contas em atraso recuou tanto na comparação mensal quanto na anual.

Essas foram as conclusões tiradas de recente pesquisa da CNC sobre

endividamento e inadimplência do consumidor, conforme quadro abaixo.

Quadro IV

Fonte: Pesquisa Nacional sobre Endividamento e Inadimplência do Consumidor – 21-01-2013.

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O percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré-

datado, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de

carro e seguros iniciou o ano com leve queda, alcançando 60,2% do total. Em

dezembro de 2012, 60,7% haviam declarado ter tais dívidas. Houve alta em

relação a janeiro de 2012, quando os endividados representaram 58,8% das

famílias, conforme gráfico abaixo.

Gráfico I

Fonte: Pesquisa Nacional sobre Endividamento e Inadimplência do Consumidor – 21-01-2013.

Nota-se a partir de junho de 2012 o crescimento desse percentual

chegando ao seu ápice em dezembro de 2012 (60,7%), maior patamar do ano

de 2012.

No que diz respeito ao percentual de famílias com contas ou dívidas em

atraso, vemos que no mês de maio de 2012 o número aproximou-se de 1/4 dos

entrevistados. Isso quer dizer que uma em cada quatro famílias possuíam

contas ou dívidas em atraso, o que representa um número significativo.

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Esse percentual veio diminuindo a partir de então chegando a 21,2% em

janeiro de 2013, ante os 21,7% de dezembro de 2012 e 19,9% em janeiro de

2012.

Gráfico II

Fonte: Pesquisa Nacional sobre Endividamento e Inadimplência do Consumidor – 21-01-2013.

A pesquisa também trouxe a evolução mensal do percentual de famílias

que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso.

Esse percentual reduziu em janeiro de 2013 na comparação com dezembro de

2012, passando de 7,0% para 6,6%. Em janeiro de 2012, 6,9% haviam

declarado que continuariam inadimplentes.

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Gráfico III

Fonte: Pesquisa Nacional sobre Endividamento e Inadimplência do Consumidor – 21-01-2013.

Outro levantamento interessante realizado pela pesquisa da CNC foi a

discriminação por tipo de dívida e seu comparativo com o mês de janeiro de

2012.

O cartão de crédito continua sendo disparado o principal tipo de dívida

apontado pelas famílias. 74,0% das famílias, ante os 73% de janeiro de 2012.

Na segunda posição vem os carnês com 19,7%, seguidos pelo financiamento

de carro (11,9%), o crédito pessoal (8,9%), o cheque especial (7,2%), entre

outros.

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Gráfico IV

Fonte: Pesquisa Nacional sobre Endividamento e Inadimplência do Consumidor – 21-01-2013.

Cabe lembrar que a despeito da significativa redução de juros praticada

pela economia brasileira via taxa Selic, que resultou na diminuição das taxas

de juros cobrados nos diversos tipos de financiamentos e cartões de crédito, as

taxas ainda são muito altas. Estudos apontam que uma dívida não paga no

cartão de crédito pode dobrar em poucos meses, justamente o maior tipo de

dívida apontado recorrentemente pelas famílias nas sucessivas pesquisas

realizadas pela CNC.

Visando solucionar tal questão, as famílias que possuem dívidas no

cartão de crédito ou outro tipo de dívida cujas taxas de juros praticadas sejam

muito altas precisarão negociar com as instituições financeiras o parcelamento

das dívidas e caso a negociação não seja bem sucedida trocar essas dívidas

por outras que cobrem juros menores. Como exemplo, temos a aquisição de

um empréstimo pessoal que cobre juros menores a fim de quitar dívidas que

cobrem juros maiores.

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O que ocorre muitas vezes é que essa opção deixa de existir quando o

nível de endividamento resulta em negativação do nome nos órgãos de

proteção ao crédito.

São situações como essas que justificam a necessidade de um

planejamento financeiro. Se a pessoa for disciplinada no cumprimento de todas

as etapas, dificilmente voltará a experimentar novamente situações como as

descritas nos parágrafos precedentes.

Nos próximos capítulos, descreveremos as principais etapas do

planejamento financeiro o qual é a chave para o sucesso na vida financeira.

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Capítulo II

Planejamento financeiro começa com organização

2.1 - O diagnóstico financeiro

Atualmente devido à grande relevância do assunto e ao interesse que

ele vem despertando nas pessoas, o planejamento financeiro pessoal tem sido

objeto de diversas publicações de livros, criação de sítios na rede mundial de

computadores, colunas em jornais e revistas etc.

Apesar de a abordagem diferir, hasta vista a pluralidade de meios nos

quais o assunto é tratado, em um ponto há uma unanimidade: um

planejamento financeiro pessoal eficiente começa com o registro fidedigno de

todos os gastos e ganhos por um determinado período de tempo, até que o

trabalho tenha se transformado em um hábito.

É preciso ter a consciência exata das entradas e saídas de recursos

financeiros, pois daí sairá o diagnóstico a partir do qual o tratamento será

ministrado. Esses registros servirão, depois que as contas tiverem entrado nos

eixos, como um histórico importante para comparações e avaliações das

mudanças necessárias.

As pesquisas mostram e o senso comum comprova: não são poucos os

brasileiros que têm dificuldade para controlar as despesas e equilibrá-las com

as receitas.

Tudo começa com orçamento, individual ou familiar, dependendo de

cada caso. Ele pode ser feito por meio de anotações em caderno ou em uma

planilha eletrônica, embora para efeito de análise a melhor opção seja a

segunda. É certo que a escolha da ferramenta a ser utilizada estará ligada à

familiaridade que as pessoas terão com a tecnologia.

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Quem não sabe operar uma planilha eletrônica usará o bloco de

anotações e a calculadora, o que dará mais trabalho, porém o importante é que

o registro e acompanhamento sejam efetuados.

Essa tarefa de registrar entradas e saídas precisa ser feita com esmero.

Existem muitas pessoas que anotam somente os grandes gastos e deixam

passar despercebidas as pequenas despesas diárias ou aquelas esporádicas.

É aí que está o perigo, pois é justamente nas pequenas despesas que

poderemos fazer uma maior economia, resultando em reserva de recursos.

Muitas vezes os grandes gastos são exatamente os que não poderão

ser cortados inicialmente por se tratarem de compromissos já assumidos, como

o financiamento de um imóvel, automóvel, etc.

2.2 - A discriminação de receitas e despesas

Para a estruturação do planejamento financeiro as anotações deverão

conter os seguintes campos, cujas definições e exemplos foram retirados do

sítio www.aescolhacerta.com.br.

1) Receitas: São todos os recursos financeiros recebidos em

determinado período de tempo. Exemplo: salário, comissão, pensão,

férias, benefícios, 13º salário, ganhos extras, etc.

2) Despesas fixas: São aquelas que ocorrem todos os meses, podendo

ser previstas no orçamento e que, a princípio, não podem ser

reduzidos. Exemplo: financiamentos, educação, impostos, plano de

saúde, etc.

3) Despesas variáveis: Aquelas que acontecem todos os meses, mas

podem ser reduzidas. Exemplo: luz, água, telefone, transporte,

alimentação.

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4) Despesas extras: São as despesas extraordinárias para as quais é

necessário estar preparado. Se planejadas, resultam num menor

impacto no planejamento. Exemplo: medicamentos, manutenção de

automóveis, material escolar, dentista, etc.

5) Despesas adicionais: Aquelas que não precisam acontecer todos os

meses, mas é justamente onde deverá manter o foco de economia.

Exemplo: roupas, presentes, salão de beleza, restaurantes, etc.

Falta de informação ou orientação já não pode ser desculpa para se

deixar o orçamento descontrolado. As empresas que trabalham com educação

financeira e até as instituições financeiras e entidades do mercado financeiro

possuem sítios completos, e com ferramentas gratuitas, para ajudar as

pessoas a organizar a sua vida financeira.

É a partir do registro histórico das entradas e não dos que são tomadas

as medidas necessárias para que se exista de fato um planejamento financeiro

no qual os gastos futuros poderão ser previstos, bem como as entradas de

recursos dando origem às etapas seguintes do planejamento.

No presente trabalho foram expostos alguns sítios da rede mundial de

computadores que poderão nos ajudar nessa importante missão visando ao

alcance de uma vida financeira equilibrada e saudável.

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Capítulo III

Definindo os objetivos

Após a organização da vida financeira com o detalhamento de receitas e

despesas, passamos para a etapa da definição dos objetivos, metas, sonhos a

serem alcançados.

Definir claramente qual é o objetivo, ou objetivos, é condição

indispensável para um planejamento financeiro bem sucedido. Afinal, as

pessoas somente aceitarão abrir mão de satisfazer um desenho hoje, se

houver uma recompensa ainda maior no futuro.

A mudança de hábitos de consumo será mais facilmente alcançada após

a definição de objetivos claros para o seu dinheiro. Com uma meta estipulada,

começa-se a dar valor a cada centavo. Economizar torna-se uma palavra mais

simpática quando sabemos claramente o motivo que nos move à sua prática.

3.1- Evitando desperdícios

O autor e consultor financeiro Mauro Calil costuma utilizar a expressão

salvar dinheiro em lugar de economizar. Segundo ele, a palavra economizar

remete a lidar com restrições, porém salvar é o ato de poupar para um bem

maior, é uma filosofia, um estilo de vida.

Salvar dinheiro nada mais é do que eliminar o consumo desnecessário,

por impulso, aquele que nos proporciona prazeres efêmeros, passageiros. É

resistir à propaganda comercial que torna imprescindível o supérfluo.

O que se propõe não é o deixar de consumir, mas sim estimular o

consumo consciente, onde se avalia a real necessidade de comprar e toma-se

a decisão correta.

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É preciso ter em mente que nossas decisões de consumo terão grande

impacto em nosso orçamento, por isso elas precisam ser muito bem avaliadas.

A intenção é que a educação financeira seja a mola propulsora para

uma mudança de comportamento financeiro, que culmine em uma melhora do

bem-estar, da qualidade de vida.

3.2- Viabilizando sonhos

Quando nos propomos a organizar e controlar com mais zelo nossa vida

financeira, o objetivo principal certamente é viabilizar a conquista de sonhos. A

consequência natural será o alcance de um objetivo secundário, porém não

menos importante: o de não mais passarmos por dificuldades financeiras.

O ser humano em sua essência é um ser sonhador. Todos nós temos

metas, objetivos, porém a maior parte das pessoas raramente efetua qualquer

tipo de planejamento para realizá-los. Para qualquer sonho que tenha

associado a ele a questão financeira será necessário um planejamento prévio,

a menos que ganhemos na loteria ou coisa parecida.

Nesse sentido algumas perguntas se fazem necessárias:

1) Qual é o sonho a ser alcançado?

Para essa pergunta existirão várias respostas, dependendo de cada

pessoa que se vê diante de tal questionamento. Pode ser a aquisição de uma

casa própria, de um carro novo, de uma casa de campo ou de praia, a

realização de um curso no exterior, uma viagem com a família. Pode ser

também o alcance da tão almejada independência financeira ou mesmo a

aquisição das condições para a aposentadoria que nada mais é do que viver

dos juros sobre as aplicações financeiras existentes, mantendo o mesmo

padrão de vida de quando trabalhava. Nesse caso, trabalhar passará a ser uma

opção e não mais uma necessidade.

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Enfim, muitas são as possibilidades de sonhos existentes.

Passada a fase da definição do sonho ou objetivo a ser alcançado,

chegamos à segunda pergunta:

2) Quanto custa esse sonho?

É imprescindível que ele seja mensurável e que fatores como inflação

sejam considerados nessa análise.

A terceira pergunta é:

3) Qual é a minha disponibilidade de poupança mensal e qual opção de

investimento fazer?

E por último:

4) Quanto tempo levarei para acumular o montante necessário?

Após respondermos a essas perguntas algumas conclusões já poderão

ser tiradas. Pode ser que cheguemos à conclusão de que esse sonho é

inviável. Pode ser que haja a necessidade de aumentar a quantia mensal a ser

poupada, o que representará ajustes no orçamento. Pode ser que o tipo de

investimento escolhido não seja o adequado. Quanto a esse último ponto, a

escolha levará em conta o perfil do investidor (maior ou menor disposição de

correr riscos).

Essa avaliação da viabilidade daquilo que almejamos é fundamental

para o sucesso do plano. A partir de então serão estipuladas as estratégias que

objetivam transformar o sonho em realidade.

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É importante dizer que será necessária uma avaliação periódica do

plano com o objetivo de apurarmos se os resultados parciais alcançados

figuram dentro daquilo que foi planejado. Caso contrário, ajustes serão

necessários para que se evitem surpresas ao final do prazo estipulado para o

plano.

Resumindo, um adequado planejamento financeiro exige alguns

pressupostos básicos:

a) Jamais estabelecer metas irrealistas;

b) Acompanhar permanentemente a contabilidade pessoal para verificar

se as metas de poupança estão sendo alcançadas;

c) Se a poupança mensal não estiver sendo suficiente para alcançar as

metas, reestruturar as despesas de consumo;

d) Acompanhar o rendimento de sua carteira e, se conveniente, alterar

a composição da mesma; e

e) Disciplina é fundamental.

Finalmente, sonhos todos nós temos, o desafio é viabilizá-los. É preciso

ter em mente que o melhor a fazer é acumular primeiro e gastar depois.

Sonhos financiados por bancos ou instituições financeiras terão um custo muito

maior.

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Capítulo IV

A Hora de investir

Quando decidimos fazer um planejamento financeiro com vistas ao

atingimento de objetivos e sonhos, teremos ao nosso lado um aliado que

funcionará como um motor que como um motor que irá turbinar nossas

aplicações mensais. Esse aliado é o juro.

Os Juros serão os responsáveis pela multiplicação daquilo que

poupamos mensalmente e serão fundamentais na diminuição do prazo

necessário para o alcance dos objetivos e sonhos traçados.

Cabe ressaltar, porém, que a economia brasileira vive um momento

distinto: a taxa básica de juros -Taxa Selic- encontra-se em seu menor valor

histórico (7,25%). Esse fato decorre de uma política adotada pelo governo de

quedas sucessivas dessa taxa visando minimizar os efeitos recessivos da crise

internacional sobre a economia do país.

Essa queda expressiva da taxa Selic foi iniciada em agosto de 2011

quando, após a taxa subir para 12,5% na reunião de julho de 2011 do Comitê

de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, a taxa reduziu em 0,5 ponto

percentual passando a 12% e mensalmente foi sendo reduzida até chegarmos

a 7,25% em janeiro de 2013. A ideia do comitê é mantê-la nesse nível no

decurso do ano de 2013.

Falamos da taxa Selic porque várias das alternativas de investimentos

existentes no mercado remuneraram com base nessa taxa e sua queda fez

com que a rentabilidade das aplicações cujos investimentos são atrelados à

Selic baixasse consideravelmente.

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Sem falar na caderneta de poupança – alternativa preferida dos

brasileiros – que em maio de 2012, teve suas regras de remuneração alteradas

pelo Governo com o objetivo de evitar uma fuga em massa dos investidores

para essa alternativa de investimento que, com a Taxa Selic em franco

declínio, passaria a ser uma das melhores opções de investimento com baixo

risco e boa remuneração, pois remuneraria a taxa referencial (TR) mais meio

ponto percentual de juros ao mês, algo em torno de 7% ao ano.

Impôs-se assim um verdadeiro desafio àqueles que buscam a realização

de sonhos via ganhos de rentabilidade sobre o capital aplicado, não restando

outra alternativa senão a de estudar criteriosamente as alternativas de

investimento e diversificá-las visando a diminuição do risco.

Nos tópicos a seguir destacaremos algumas das principais alternativas

de investimentos, que se dividem, basicamente, em dois grandes grupos: os de

renda fixa e os de renda variável.

4.1 - Investimentos de renda fixa

Consiste numa aplicação na qual o investidor compra títulos de bancos,

empresas ou do governo e recebe uma rentabilidade que pode ser determinada

já no momento da aplicação.

A rentabilidade será o valor da aplicação mais os juros pelo período em

que o dinheiro ficar investido.

O exemplo clássico desse tipo de investimento é a caderneta de

poupança, porém existem muitas outras opções a serem consideradas:

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• Tesouro direto;

• Debêntures;

• Certificados de Depósito Bancário (CDB);

• Letras de Câmbio;

• Letras de Crédito Imobiliário (LCI);

• Letras de Crédito Agrícola (LCA);

... Entre outros.

Na renda fixa os títulos podem ser pré-fixados ou pós-fixados. Os títulos

pré-fixados são aqueles em que o valor do resgate é definido no momento da

aplicação. É a soma do valor investido mais a taxa de juros pré-determinada,

taxa nominal como 10% ao ano, 25% em 4 anos, etc.

Já nos títulos pós-fixados, o investidor só saberá o valor de sua

rentabilidade no momento do resgate.

O investimento em renda fixa pós-fixada é calculado unindo-se a

rentabilidade a um parâmetro do mercado financeiro que pode ser o IPCA,

IGPM, CDI, Taxa Selic, entre outros. Por exemplo, um investimento de renda

fixa pós-fixada tem sua rentabilidade composta por IGPM + 3% ao ano, isso

significa que o ganho será de 3 pontos percentuais além da variação do IGPM.

Como não se sabe com precisão qual será o valor do IGPM daqui a um ou dois

anos, a remuneração final só será conhecida no futuro, e é por isso que é

chamada de pós-fixada.

4.1.1 - O caso da caderneta de poupança

Como dito anteriormente, em maio de 2012 houve uma alteração nas

regras de remuneração da caderneta de poupança criando-se duas situações

distintas para os rendimentos.

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A data precisa é 04 de maio de 2012 e a medida adotada pelo Governo

respeitou a regra antiga de remuneração a todos os depósitos feitos até 03 de

maio de 2012. Ou seja, todo o dinheiro depositado antes de 4 de maio de 2012

é remunerado a uma taxa de 0,5% ao mês + TR (taxa referencial) sobre o valor

aplicado. Isso perfaz um rendimento de 6,17% ao ano mais TR.

Já para o dinheiro depositado a partir de 04 de maio de 2012 a

remuneração será a mesma desde que a taxa básica de juros - Taxa Selic -

seja superior a 8,5% ao ano. Se for igual ou menor que 8,5%, a remuneração

das aplicações será de 70% da Taxa Selic mais a TR.

Nota-se que existe uma garantia de rentabilidade em ambos os casos,

porém na hipótese de a Selic ser igual ou inferior a 8,5% ao ano a caderneta de

poupança ofertará ganhos inferiores aos seus investidores. Como exemplo

disso temos a atual situação onde a Selic a 7,25% ao ano faz com que a

remuneração dos depósitos feitos a partir de 04 de maio de 2012 seja de 70%

da Taxa Selic + TR.

Não obstante o fato de a caderneta de poupança ser isenta de imposto

de renda o que aliada ao baixo risco de aplicação a tornou a aplicação

preferida dos brasileiros, as remunerações mensais atualmente praticadas na

vigência da nova regra têm feito o brasileiro repensar suas opções de

investimentos.

Desde o momento em que a taxa Selic atingiu a marca de 8,5% e

sucessivas quedas após, a caderneta de poupança passou a remunerar na

casa dos 0,4 pontos percentuais ao mês. Se considerarmos o índice do IPCA

(inflação oficial), a caderneta de poupança sequer consegue se aproximar da

inflação, fazendo com que os investidores que optam por essa alternativa de

investimento acumulem perdas do poder aquisitivo da moeda decorrente da

combinação de inflação alta com remuneração baixa.

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Definitivamente, a caderneta de poupança, atualmente, não é uma

alternativa para ganhar dinheiro, principalmente no médio/longo prazo. Ela é

opção para o curto prazo e serve para recuperar em parte a desvalorização da

moeda.

Para aqueles que pensam em construir um futuro mais próspero, será

preciso avançar sobre outras alternativas de investimentos que mesmo

cobrando Imposto de Renda e Taxa de Administração possam proporcionar

maior rentabilidade.

4.2 - Investimentos de Renda variável

São os produtos financeiros cuja remuneração ou retorno de capital não

podem ser previstos, dimensionados no momento da aplicação, podendo

variar, positiva ou negativamente, de acordo com as expectativas do mercado.

Todos os produtos financeiros que não possuem fixação alguma de taxa ou

compromisso de retorno são classificados como renda variável.

Nessa categoria encontram-se a maioria dos investimentos e os

principais grupos de investimento dentro da renda variável são:

• Ações de empresas (negociadas em bolsa de valores);

• Cotas de Fundos Imobiliários (FIIs) (negociadas em bolsa de

valores);

• Cotas de Fundos de Ações ou Exchanged Traded Funds (ETFs)

(negociadas em bolsa de valores)

• Commodities Agrícolas, pecuárias, minerais ou financeiras

(negociadas em bolsa de mercadorias e futuros);

• Imóveis;

• Derivativos com operações estruturadas ou não;

• Empreendedorismo;

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4.3 – Investimentos: a busca da melhor opção.

Quando nos vemos diante da escolha entre um investimento de renda

fixa ou um de renda variável, algumas questões precisarão ser consideradas.

Primeiramente, a pergunta a ser feita é a seguinte: a que nível de risco

estou disposto a me expor?

A renda fixa tem como principal vantagem o baixo risco decorrente da

garantia da rentabilidade contratada. Por outro lado a baixa rentabilidade desse

tipo de investimento representa sua maior desvantagem.

No caso da renda variável o raciocínio é o inverso. Como não existe

garantia de rentabilidade o risco desse tipo de investimento é alto, porém ele

vem acompanhado da possibilidade de ganhos enormes de rentabilidade

àqueles que conhecem as minúcias do mercado de renda variável com seus

diversos tipos de investimento.

Não restam dúvidas de que investir é o melhor caminho quando

objetivamos alcançar um padrão de vida no futuro bastante superior ao que

vivenciamos hoje. Para isso alguns ingredientes elencados pelo autor Gustavo

Cerbasi em seu livro “Casais inteligentes enriquecem juntos” merecem

destaque. São eles: tempo, dinheiro, decisões inteligentes e juros compostos.

Segundo o autor, tempo e dinheiro são os elementos básicos da receita.

Quanto mais temos um deles, menos precisaremos do outro.

Se decidirmos investir o dinheiro poupado em uma aplicação que renda

0,50% ao mês - rendimento parecido com o proporcionado pela caderneta de

poupança - e tivermos como objetivo a realização de um montante de R$

100.000,00, vejamos quanto tempo levaremos para alcançar tal objetivo,

considerando o valor da aplicação realizada:

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Quadro V

Valor aplicado

Tempo necessário para

acumular R$ 100.000,00

(Quadro A)

R$ 1.000,00 77 anos

R$ 10.000,00 38 anos e 6 meses

R$ 20.000,00 26 anos e 11 meses

R$ 50.000,00 11 anos e 7 meses

O quadro acima demonstra que a quantia em dinheiro aplicada a uma

determinada taxa faz toda a diferença no que diz respeito ao tempo necessário

para atingirmos um determinado objetivo. A uma mesma taxa, o tempo

necessário cai consideravelmente à medida que aplicamos uma maior quantia

em dinheiro. Daí a procedência da afirmação acima transcrita de que à medida

que dispomos de mais dinheiro, de menos tempo precisaremos para

alcançarmos nossos objetivos e vice versa. Trata-se de uma relação

inversamente proporcional.

Cabe ressaltar que a mudança na regra de remuneração da caderneta

de poupança, combinada com a redução da Taxa Básica de Juros – Taxa Selic

– a níveis inferiores a 8,5% ao ano, fez com que as aplicações realizadas a

partir de 04 de maio de 2012 experimentassem remunerações inferiores aos

0,50% ao mês simulados no quadro anterior.

Isso demonstra a necessidade de reflexão por parte dos poupadores

que investem suas economias buscando acumular riquezas via caderneta de

poupança, haja vista que até mesmo a inflação tem sido superior aos

rendimentos mensais da caderneta de poupança conforme citado em tópico

anterior.

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O que precisamos ter em mente é que, mesmo se não dispusermos de

uma maior quantia em dinheiro, a taxa de remuneração mensal pode ser um

aliado na diminuição do tempo necessário para a realização de nossos sonhos.

Para isso será necessário estudar as alternativas de investimentos existentes

no mercado, comparando suas remunerações, seus riscos, as taxas e impostos

cobrados, etc.

Estamos falando de conhecimento do assunto. Somente dessa forma

poderemos inserir o terceiro ingrediente da receita para um investidor de

sucesso: decisões inteligentes.

Decisões inteligentes são tomadas quando o investidor sabe em que

está aplicando, que riscos o investimento oferece, que situações geram perdas

e, principalmente, quais são as alternativas mais rentáveis do mercado para o

tipo de investimento escolhido. E não será por falta de informação que essas

decisões inteligentes deixarão de ser tomadas, pois existe uma profusão de

sítios da rede mundial de computadores, cadernos de finanças de grandes

jornais, livros publicados, entre outros meios que tratam de assuntos ligados às

finanças pessoais que dão dicas e orientações a respeito das diversas opções

de investimentos existentes no mercado.

O que veremos no quadro a seguir é que investindo as mesmas

quantias em dinheiro discriminadas no quadro anterior a uma taxa prefixada de

1,0% ao mês o tempo necessário para juntarmos os mesmos R$ 100.000,00

reduz consideravelmente:

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Quadro VI

Valor aplicado

Tempo necessário para

acumular R$ 100.000,00

(Quadro B)

R$ 1.000,00 38 anos e 7 meses

R$ 10.000,00 19 anos e 4 meses

R$ 20.000,00 13 anos e 6 meses

R$ 50.000,00 5 anos e 10 meses

Se com um pouco mais de pesquisa e dispostos a uma exposição maior

ao risco conseguirmos um investimento que nos proporcione 1,3% ao mês os

resultados serão:

Quadro VII

Valor aplicado Tempo necessário para

acumular R$ 100.000,00

(Quadro C)

R$ 1.000,00 29 anos e 9 meses

R$ 10.000,00 14 anos e 11 meses

R$ 20.000,00 10 anos e 5 meses

R$ 50.000,00 4 anos e 5 meses

Percebe-se que qualquer percentual ou fração de percentual a mais

incidentes sobre uma aplicação pode representar uma diminuição importante

no tempo necessário para a concretização de sonhos e consequente melhora

no bem estar, na qualidade de vida das pessoas.

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A combinação de maior quantia em dinheiro e melhor taxa de

remuneração representa o ápice no que tange à redução de prazos para o

alcance de objetivos.

Finalmente, tratando do quarto e último ingrediente que podemos

chamar de “cereja do bolo” temos os juros compostos. Juro é a remuneração

cobrada pelo empréstimo do dinheiro. Ele é expresso como um percentual

sobre o valor cobrado (taxa de juro) e pode ser calculado de duas formas: juros

simples e juros compostos.

No regime de juros simples a taxa de juros é aplicada sobre o capital de

forma linear, ou seja, não considera que o saldo da dívida (aplicação) aumenta

ou diminui com o passar do tempo. Já no regime de juros compostos, os juros

de cada período são somados para o cálculo de novos juros nos períodos

seguintes. Nesse caso o valor da dívida (aplicação) é sempre corrigido e a taxa

de juros é calculada sobre esse valor.

O efeito decorrente de um investimento que é remunerado a juros

compostos se mostra mais impressionante à medida que aumentamos a taxa

de juros mensais para uma aplicação de R$ 100,00 por um período de 20 anos:

Quadro VIII

Taxa de juros aplicada Valor acumulado no

período

0,50% ao mês R$ 331,02

1,00% ao mês R$ 1.089,26

1,25% ao mês R$ 1.971,55

2,00% ao mês R$ 11.588,87

4,00% ao mês R$ 1.224.620,24

6,00% ao mês R$ 118.415.257,45

10,00% ao mês R$ 859.497.144.106,93

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Percebe-se que à medida que a taxa de juros da aplicação vai

aumentando o valor acumulado aumenta numa proporção inúmeras vezes

maior e isso decorre do efeito exponencial dos juros compostos.

O estudo minucioso das alternativas de investimentos existentes, a

definição do nível de propensão ao risco a que estamos dispostos a nos expor,

combinados com a definição clara do objetivo que desejamos alcançar em

determinado espaço de tempo, são os componentes necessários para a

definição da melhor opção de investimento que pavimentará o caminho que

nos levará à conquista de nossos sonhos e consequente melhora da qualidade

de vida.

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CONCLUSÃO

Considerando o que foi exposto no presente trabalho e a relevância do

assunto tratado percebemos que a cultura do Planejamento Financeiro, da

poupança de recursos para o futuro, ainda precisa ser melhor cultivada na

sociedade brasileira.

O crescimento da população economicamente ativa registrado nos

últimos 10 anos demonstra o potencial da economia brasileira – 6ª economia

do mundo – de gerar crescimento e renda, apesar de o país passar por um

momento de baixo crescimento de seu Produto Interno Bruto e estar

experimentando um período de inflação alta.

O problema é que o Brasil demonstra ter um grande potencial para o

crescimento, porém não possui vocação para a poupança e o resultado dessa

equação é o desequilíbrio macroeconômico.

Cerca de 30 milhões de brasileiros, antes excluídos do mercado de

consumo, passaram a ter acesso ao mesmo em função do crescimento do

número de empregos, do aumento da renda, da inclusão proporcionada pelos

programas sociais do governo, entre outros motivos. As famílias estão

passando a ter acesso a bens e serviços que antes nem sonhavam obtê-los.

Ocorre que as pesquisas demonstram que o percentual de famílias que

reserva recursos para o futuro ainda é baixo e altos têm sido o endividamento e

inadimplência que vêm registrando recordes históricos.

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Daí a importância do assunto Planejamento Financeiro Pessoal que

proporciona a quem o realiza a consciência plena de sua situação financeira,

cria um quadro visual de gastos, permite estimativas futuras de entrada e saída

de dinheiro. O registro periódico permite descobrir onde se encontram os

gastos que podem ser reduzidos o que possibilita a criação de um plano de

poupança e investimento.

O planejamento financeiro pessoal posto em prática, fruto de uma

consciência sobre a importância de gerir com eficiência a vida financeira, nos

deixa preparado para os momentos onde precisaremos realizar gastos

emergenciais. E não somente isso, permite-nos um aumento da qualidade de

vida no presente e a realização de sonhos e objetivos, ideais e metas

projetados para o futuro.

As questões aqui apresentadas não esgotam o assunto e carecem de

maiores discussões e aprofundamento. O objetivo central desse trabalho foi

tentar demonstrar a importância do tema tratado por entender que uma vida

financeira saudável permite que dediquemos mais tempo à família, ao lazer,

viagens, projetos pessoais, estudos e tudo o mais que nos proporciona

felicidade. Sem esquecer que existem coisas que o dinheiro não compra como

o ar que respiramos, a companhia das pessoas que amamos, o nascer e o pôr

do sol, a natureza, a vida que Deus nos dá. Por tudo isso devemos aproveitar

cada minuto de nossa existência e, se houver planejamento, a possibilidade de

sermos bem sucedidos em nossa trajetória aumenta consideravelmente.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Chiavenato, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6ª edição,

Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2000.

Calil, Mauro. Separe uma Verba para ser Feliz. 1ª edição, São Paulo: Ed.

Gente, 2012.

Cerbasi, Gustavo. Casais Inteligentes Enriquecem Juntos. 101ª edição, São

Paulo: Ed. Gente. 2004.

De Andrade, Elisson Augusto Pires. As 5 Etapas do Planejamento Financeiro.

Disponível no e-book http://profelisson.com.br/5etapas. 2012.

Lanzana, Antônio. Elementos para um planejamento financeiro. Disponível

online em

http://www.apogeo.com.br/blog-apogeo/financas-pessoais/elementos-para-um-

planejamento-financeiro. 12 de Setembro de 2011.

Certa, A Escolha. Planejamento Pessoal Financeiro. Disponível online em

http://www.aescolhacerta.com.br/anexos/apostila_planejabc719ed1650f144231

2a984e139842dd.pdf. 31 de Maio de 2012.

Serviços e Turismos, Confederação Nacional do Comércio de Bens. Pesquisa

CNC Endividamento e Inadimplência do Consumidor. Disponível online em

http://www.cnc.org.br/sites/default/files/arquivos/release_peic_janeiro_2012.pdf

Janeiro de 2012

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Giannetti, Eduardo. Nem sei se posso, mas quero. Entrevista ao Estadão,

disponível online em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,nem-sei-se-

posso-mas-quero,918670,0.htm 19 de agosto de 2012.

SPC Brasil, Pesquisa Uso do Crédito, Disponível online em

http://www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas/46-

pesquisausodocreditocorteinvestimentos Novembro de 2012.

Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, disponível online em

http://www.cndl.org.br

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

LISTA DE QUADROS 8

LISTA DE GRÁFICOS 9

LISTA DE SIGLAS 10

LISTA DE SITIOS RELACIONADOS AO ASSUNTO 11

SUMÁRIO 12

INTRODUÇÃO 13

CAPÍTULO I

Planejamento financeiro e qualidade de vida

1.1 – Por que planejar-se financeiramente 16

1.2 – O brasileiro e o planejamento financeiro 17

1.3 – A evolução de consumo no Brasil 20

1.3.1 – Pesquisa da confederação Nacional do

Comércio de Bens, serviços e turismo (CNC)

– Janeiro de 2013 22

CAPÍTULO II

Planejamento Financeiro começa com organização

2.1 – O diagnóstico financeiro 28

2.2 - A discriminação de receita e despesas 29

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CAPÍTULO III

Definindo os objetivos

3.1. Evitando desperdícios 31

3.2. Viabilizando sonhos 32

Capítulo IV

A Hora de investir

4.1-Investimentos de Renda Fixa 35

4.1.1- O Caso da Caderneta de Poupança 37

4.2 - Investimentos de Renda Variável 39

4.3 – Investimentos: A busca da melhor opção 40

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 49