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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
Zucleia dos Santos Braz
MANHÊÊ !!!QUERO SER INTELIGENTE!!!!!
Reflexões com base nas teorias psicogenéticas
Rio de Janeiro
2008
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2
Zucleia dos Santos Braz
Manhêê!!! Quero ser inteligente!!!
Apresentação da monografia à
Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
licenciado em Pedagogia.
Orientadora: Profª Ms. Andressa Maria
Freire da Rocha
Rio de Janeiro
2008
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TERMO DE APROVAÇÃO
Manhêê!!! Quero ser inteligente!!!
Monografia defendida por Zucleia dos
Santos Braz, apresentada ao curso de
Licenciatura em Pedagogia no Instituto a
Vez do Mestre e aprovado em 14 de
dezembro de 2008 pela banca
examinadora constituída pelos
professores:
_________________________________________________
Profª. orientadora Andressa Maria Freire da Rocha
_________________________________________________
Profº. Fabio Maia de Souza
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado
a Braz, meu amigo, meu amor, e a todas as
crianças que passaram pela minha vida.
5
AGRADECIMENTO
A Deus, pela força e fé;
A minha família, por entenderem minha
ausência;
Aos amigos e professores do curso;
Em especial a professora Andressa Maria
Freire da Rocha pela orientação e pelo
carinho que me dedicou.
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RESUMO
A finalidade deste trabalho é auxiliar o professor da Educação Infantil
no planejamento de suas aulas. No convívio diário com professores,
percebemos o quanto é difícil estabelecer uma ponte entre a teoria e a prática
pedagógica. Nosso maior desafio é transpor para sala de aula, as idéias de
Piaget, Wallon e Vygotsky. É analisar as idéias desses estudiosos. É refletir
com base nas teorias psicogenéticas para, a partir delas, propor aos alunos
situações que os levem a desenvolver suas estruturas de pensamento.
Esse trabalho aborda a necessidade de reflexão do professor quanto a sua
prática pedagógica e como essas práticas, se bem aplicadas, levarão a criança
até seis anos a desenvolver sua inteligência.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 9
CAPÍTULO I 10
1. 1. Inteligência
1.1. O que é inteligência
1.2 Como a Inteligência se desenvolve
CAPÍTULO II 14
2. . Teoria Psicogenética de Jean Piaget
CAPÍTULO III 25
3. Teoria Psicogenética de Wallon
CAPÍTULO IV 29
4. .Teoria Psicogenética de Vygotsky
CONSIDERAÇÕES FINAIS 33
BIBLIOGRAFIA 36
8
INTRODUÇÃO A presente pesquisa, instigada pela questão de como se dá o
desenvolvimento de inteligência em crianças de 1 a 6 anos de idade, dentro da
sala de aula, tem como objetivo a reflexão sobre uma prática pedagógica a ser
utilizada pelo professor, que promova um desenvolvimento cognitivo
significativo e eficaz, levando seu aluno a pensar, treinar o cérebro.
A intenção é oferecer ao professor, teorias que o faça refletir, para que
leve para sua sala de aula, para seus alunos, propostas de atividades que
obrigam a aguçar o talento para resolvê-las, portanto desenvolver inteligência.
Trabalhamos com três posições teóricas. A teoria de Piaget, que buscou
compreender como o conhecimento humano se constrói ao longo da vida,
destacando a importância da atividade do sujeito no meio em que vive,
considerando a interação entre o indivíduo e o ambiente essencial na
construção do psiquismo. A teoria de Vygotsky, que buscou compreender como
o funcionamento psicológico do ser humano é fundamentado nas relações
sociais, destacando a importância da função simbólica,da linguagem para a
psicologia humana. A teoria de Wallon que buscou compreender as funções
psíquicas e a infra estrutura orgânica das funções. Destacou articular os fatores
biológicos, atos motores com os subjetivos(ato mental).
Cada uma das teorias apoiando-se em um conjunto de diferentes
suposições. Cada uma sugere um modo diferente de desenvolvimento, mas
apesar disso também apresentam pontos comuns. E será com foco neste
ponto comum que desenvolveremos nosso trabalho.
A partir deste ponto comum na teoria do desenvolvimento de cada um
deles, iremos refletir, para nortear a conduta do professor frente ao aluno. Essa
reflexão fará do professor um facilitador da aprendizagem.
O importante neste trabalho é que através das reflexões realizada pelo
professor, e pelas questões elaborada por ele, o aluno passe a tomar
consciência de sua ação e do mundo em que vive, construindo seu
conhecimento de forma interativa.
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PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS
Este trabalho de conclusão do curso foi desenvolvido através de
pesquisas bibliográficas. Ele investiga como o professor pode desenvolver a
inteligência de seus alunos dentro da sala de aula. O ponto central é a de que
a inteligência - desenvolvimento intelectual ou cognitivo, moral e social é um
objeto válido de educação.
Partimos da questão: Como transformar as teorias em práticas
pedagógicas, isto é, como desenvolver inteligência na sala de aula tendo como
base o pensamento de pesquisadores. Como converter em exercícios as
teorias amplamente estudadas. O que o educador-professor precisa saber
para fazer suas escolhas. Para tal, pesquisamos em diversas fontes
bibliográficas, reunimos as idéias de diversos autores, para a partir delas,
explicar o desenvolvimento infantil com base nestes três teóricos: Piaget,
Vygotsky e Wallon.
Nossa pesquisa não visa comparar esses diferentes pontos de vista, mas
sim buscar pontos em comum que propicie práticas pedagógicas para
desenvolver inteligência .
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CAPÍTULO I INTELIGÊNCIA
"A inteligência não é senão, segundo Jean Piaget, o mecanismo operacional de explorar as possibilidades de combinações das ações ou comportamentos dos organismos, de modo que uma estrutura ou um organismo é tanto mais inteligente quanto mais combinações realiza em suas relações com os demais indivíduos da mesma espécie.Lima ( 1980, p. 7).
1.1-O que é inteligência? De acordo com o Minidicionário da Língua Portuguesa de
Ferreira(2000, p.395) inteligência é a faculdade que tem o espírito de pensar,
conceber, compreender; capacidade de resolução de novos problemas e de
adaptação a novas situações; discernimento; juízo; raciocínio; talento;
compreensão fácil, nítida, perfeita, profunda de qualquer coisa; apreensão,
percepção; pessoa de grande capacidade intelectual; a faculdade de
compreender. Inteligência é uma palavra formada pela junção de duas palavras
latinas: inter = entre e eligere = escolher. De forma geral quer dizer a
capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão das
coisas escolhendo o melhor caminho.
Segundo Antunes(1998, p.5) a formação de idéias, o juízo e o raciocínio
são freqüentemente apontados como atos essenciais à inteligência.
O desenvolvimento da inteligência na criança obedece padrões
muito mais rígidos do que se imagina. Até o primeiro ano de vida, as
janelas escancaradas são as dos sentidos. "A criança está aberta
para receber", contar histórias, por música na vitrola, agarrar e beijar,
brincar com a fala, tudo isso são estímulos que ajudam o
aperfeiçoamento das ligações neurais das regiões sensoriais do
cérebro. É um processo que dura até os dois anos, quando se ligam
os circuitos da compreensão, chamada de "intelectual" das frases.
Até os cinco anos, as crianças desenvolvem a percepção de formas.
E os circuitos neurais da linguagem, que já vinham amadurecendo,
entram em rede com habilidade motora. A partir dos cinco ou seis
anos é o momento do desenvolvimento, em que o cérebro da criança
começa a se especializar. Os hemisférios direito e esquerdo passam
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a ocupar-se de funções diferentes e bem definidas, hoje conhecidas
respectivamente como lobos da emotividade e cognição, para citar
uma entre outras funções. Estão abertas as janelas do sentido de
lateralidade e direcionalidade. É o momento de orientar o corpo no
espaço (Pimentel-Souza,1995). Revista da Psicofisiologia, 2(1) 1998.
De acordo com Piaget (1978, p.29) a inteligência irá se desenvolver ao
longo da vida. Ela é o resultado de uma evolução biológica, desde os primatas
até o ser humano, a evolução histórico-cultural, que resultou na progressiva
transformação do homem primitivo ao ser contemporâneo, e do
desenvolvimento individual de uma personalidade específica, pela qual
atravessa inúmeros estágios.
Foi só na década passada que os neurocientistas descobriram que a muito de extraordinário no que se passa no cérebro do bebê quando ele recebe um carinho tão simples quanto um carinho de mãe. Como resposta ao gesto, em segundos, milhares de neurônios se conectam. Essas conexões, as sinapses, podem durar para sempre ou desaparecer. Se muitas forem criadas e fortalecidas no início da vida, a criança terá mais chance de ser um adulto saudável, com bom desempenho na escola, no trabalho e na vida afetiva.” (Góis.Folha on line, 27jan. 2004, Sinapse, p.8))
Antunes(2001, p.19) nos diz que ao nascer, o cérebro de um bebê tem
cerca de 100 bilhões de neurônios (células nervosas). À medida que a criança
se desenvolve, são criadas conexões entre os neurônios (as "sinapses") que
funcionam como "pontes" pelas quais o aprendizado vai se fazendo e
permanecendo na memória,até à vida adulta.
“A Neurociência é e será um poderoso auxiliar na compreensão do que é comum a todos os cérebros e poderá nos próximos anos dar respostas confiáveis a importantes questões sobre a aprendizagem humana, pode-se através do conhecimento de novas descobertas da Neurociência, utilizá-la na nossa prática educativa. A imaginação, os sentidos, o humor, a emoção, o medo, o sono, a memória são alguns dos temas abordados e relacionados com o aprendizado e a motivação. A aproximação entre as neurociências e a pedagogia é uma contribuição valiosa para o professor”. Noronha (2000, p.34)
Ainda segundo Antunes(2008, p.22) a ciência com as novas tecnologias
como MRI(dispositivo de imagens de ressonância magnética) que trabalham
com as áreas neurais quando o cérebro capta sinais exteriores, avançaram no
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estudo da inteligência humana, mas apesar disso pouco sabemos sobre o
assunto. Nos últimos tempos uma série de investigações da neurociências
revelou dados surpreendentes sobre o funcionamento do cérebro. Esses
estudos mostram que o crescimento de novos neurônios acontece na região
ligada à memória e à aprendizagem. Também concluíram que a inteligência
não é única, nem fixa, nem reside em um local determinado no cérebro como
se pensava no passado. Hoje a inteligência é concebida como uma função do
cérebro e que muda com o tempo e os estímulos disponíveis no meio
ambiente.
Nas afirmações de Antunes(2001,p.22) o ser humano possui um cérebro
único, não existe outro igual, que funciona mediante a interação entre a
natureza (genética) e o ambiente (estimulação).
Segundo Seber (1989, p.15-18) a palavra interação é composta por dois
afixos, “inter “ e “ação” – ação da criança sobre o mundo e ação do mundo
sobre a criança . As informações são gradativamente organizadas a medida
que o sujeito as incorpora. É uma organização cognitiva que se modifica a
medida que o sujeito interage com meio, são construções e reconstruções
realizadas a medida que esse sujeito faz ultrapassagens nos limites de suas
aquisições. Essas interações ocorrem e vão se organizando numa construção
progressiva de relações entre o sujeito e o objeto, o que nos mostra como se
desenvolve a inteligência.
1.2.A inteligência e a aprendizagem:
“É preciso insistir no fato de os processos de aprendizagem serem
baseados no sistema de comunicação entre o cérebro e o meio, por
intermédio do corpo."Daniel Dubois (1994, p.38).
O tema inteligência possibilita uma abordagem sob diversas
perspectivas, mas queremos discutí-la como encaminhamento medodológico
para a construção do conhecimento, buscando na psicologia do
desenvolvimento humano, sob a ótica construtivista de Piaget, Wallon e
Vygostsky, o referencial teórico que embasou todo o processo de investigação.
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Cool, Martin, Mauri, Sole e Zaballa (1998, p.19) afirmam que na perspectiva
construtivista de educação, a aprendizagem ocorre como um processo de
construção, pela interação constante que o sujeito estabelece com o objeto
(realidade) e com o contexto sócio-cultural no qual está inserido. A
aprendizagem se dá por meio de ações que a criança exerce sobre os objetos,
levando a construção de esquemas e conceitos.
Segundo Lima (1986, p.28) sabendo como a inteligência se desenvolve e
como a criança aprende, o educador – mediador pode introduzir na situação
escolar, práticas que permitam propiciar um ambiente ativo de educação,
voltado para as necessidades da própria criança. Mas para que a criança se
desenvolva é preciso que ela seja ativa. A criança precisa achar interessante
os materiais e as atividades propostas pelo educador.
Diz Piaget (1978, p.13) que a função desse educador é encontrar
dispositivos que permitam a criança progredir. Esses dispositivos devem ser de
ação construtiva e a proposta feita pelo educador deve estar de acordo com a
evolução da criança, isto é as atividades devem respeitar o tempo de
construção da criança.
“A aprendizagem é possível pela ação de um mediatizador que se interpõe entre os estímulos e o indivíduo para captar da mente do mediatizado as significações interiorizadas que advém da própria experiência de aprendizagem, para provocar nele estados de alerta, de processamento, de planificação e de transcendência, mudanças e arranjos de informação autônomos, modulando o tempo, o espaço e a intensidade dos estímulos, humanizando-os e conferindo-lhes significação, como instrumentos psicológicos mais aptos e flexíveis para produzirem soluções( respostas adaptativas) às situações-problemas ”provocadas” pela Natureza e pela Cultura”. (Fonseca, 1998, p.09)
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Capítulo 2
TEORIA PSICOGENÉTICA DE JEAN PIAGET
“O desenvolvimento do ser humano está subordinado a dois grupos de fatores: os fatores da hereditariedade e adaptação biológica, dos quais depende a evolução do sistema nervoso e dos mecanismos psíquicos elementares ,e os fatores de transmissão ou de interação sociais que intervêm desde o berço e desempenham um papel de progressiva importância, durante todo o crescimento, na constituição dos comportamentos e da vida” Piaget(1978.p. 29)
A teoria de Piaget é principalmente uma teoria da inteligência ou do
desenvolvimento cognitivo- especificamente de como se adquire e se
desenvolve o conhecimento.
Goulart, Barbosa, Isis(1983, p.19 )dizem que o trabalho de Piaget é
importante para a educação e para os educadores. É importante principalmente
porque Piaget, mais do que qualquer outro psicólogo, nos ofereceu uma
descrição útil de como se desenvolvem as mentes das crianças. O que Piaget
fala a respeito desses pontos não é totalmente novo. Piaget tem muito em
comum com Comenius, Rosseau, Pestalozzi, Montessori e Dewey. Também
dizem que mais do que ninguém Piaget, pesquisou cuidadosamente as suas
idéias. Desde essa época, ele estudou o modo pelo qual a inteligência se
desenvolve nas crianças.
Quatro fatores explicam o desenvolvimento de inteligência. Maturação,
Experiências com objetos (ambos de natureza física e lógico
matemática),Transmissão Social e Equilibração.
Em seus estudos, Piaget (1978, p.62-65) observou que o conhecimento
se dá quando acontece um desequilíbrio quanto à conceituação de algo já
conhecido.
Piaget desvendou os processos de construção de pensamento. Assim o
indivíduo, em seu processo de desenvolvimento passa ´por diferentes estágios
de desenvolvimento mental. O eixo de sua teoria é equilibração. Baseado na
biologia, Piaget diz que o desenvolvimento é um caminhar rumo ao equilíbrio,
independente de qualquer condição social, cultural.
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Diz Cória Sabini, (2003, p.32) “Para Piaget, a inteligência é uma estrutura
biológica,.e tem a função de adaptar o organismo às exigências do meio”. A
inteligência é entendida como um sistema, que se alimenta, pela ação e
percepção do sujeito, de informações retiradas do meio social e físico desse
sujeito. As informações que alimentam o sistema, são constantemente
organizadas, e reorganizadas, em movimentos de reequilibrações, que passam
por etapas, os estágios de desenvolvimento.
Segundo Cunha (1976, p. 27) “Piaget distingue diversos períodos( estágios) no desenvolvimento, cada um caracterizado por uma estrutura de conjunto, que determina a conduta passível neste período”.
Segundo Kami e Devries (1992,p.19-44), Seber (1989,p.13-35) e Wadsworth(1987,p.13-24) os estágios de Piaget são:
Estágios de desenvolvimento: Período sensório motor
Subestágio 1: Comportamentos reflexos (0 a 1 mês)
Os comportamentos reflexos são inatos e garantem a sobrevivência do
sujeito. Um exemplo deste dipo de comportamento é o de sucção: quando o
mamilo toca a boca do nenê de poucas horas de vida, ele começa os
movimentos de sucção que garantem sua possibilidade de alimentação. As
impressões que recebe do mundo são vagas e carecem de significado.
Algumas situações provocam tensão ou desconforto físico e a criança chora,
outras trazem conforto e prazer.
Subestágio 2: Comportamentos reflexos (± 1 a 4 meses)
É o início das primeiras ações coordenadas da vida do nenê. Nesta
etapa ela integra, a um comportamento reflexo, uma parte do seu corpo, ou
outro objeto. O exemplo mais claro disto é o fato da criança sugar o dedo. A
sucção era um comportamento reflexo que garantia a alimentação, mas sugar
o dedo já não é uma manobra para sobrevivência e sim uma ação que causa
prazer e é repetida por isto. A criança começa a apresentar sustentação da
cabeça e movimentos oculares, fixa o olhar em coisas interessantes para ela,
por exemplo: o rosto de mãe, objetos brilhantes e coloridos.
Subestágio 3: Comportamentos reflexos (± 4 a 8 meses)
Neste período, iniciam-se as ações intencionais da criança. Esta passa a
repetir algumas ações que tiveram sucesso. Por exemplo: ao estender o braço,
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esbarra num chocalho pendurado no berço e este faz um barulho que chama
sua atenção. Da primeira vez este movimento ocorreu ao acaso, mas depois
ela observa seus movimentos e refaz a ação. Este é o início da ação
intencional.
Há um grande desenvolvimento motor nessa fase e uma maior
sustentação e mobilidade da cabeça e do tronco. Deitada, realiza intensa
movimentação de pernas e braços, e é com esta movimentação que a criança
bate em objetos próximos a ela. Passa parte do tempo sentada com apoio, que
aumenta seu campo de ação. Sua visão se aperfeiçoa, fixa e segue objetos
nas suas trajetórias. Pode iniciar-se a etapa de deslocamento, arrastar e
engatinhar, o que é importante para maior conhecimento do seu meio.
Inicia-se o desenvolvimento da coordenação óculo-manual. A criança, ao
ver um objeto que atrai, estende os braços em sua direção. Tentando alcançá-
lo. A princípio, sua coordenação, que está longe de estar perfeita, às vezes não
alcança o que quer, e em outros momentos seu braço ultrapassa o objeto. Por
isto, para esta idade, os enfeites sobre o berço com os mais variados objetos
de cores e sons diferentes são muito interessantes.
Muitos objetos são levados à boca como forma de experimentá-los. É
fundamental oferecer às crianças, nesta etapa, objetos com textura diferentes,
que favoreçam a exploração e que possam ser apertados.
Anteriormente a criança se desinteressava do objeto quando este saía do
seu campo de visão; é como se a existência dele terminasse aí. Neste período,
inicia-se a procura do objeto que momentaneamente tenha saído de sua linha
de visão. É necessário, no entanto, que ela veja parte dele, pois, se não vir,
desinteressar-se-á. Um exemplo típico é a brincadeira em que se esconde um
objeto de interesse para a criança debaixo de uma toalha, só com uma
pontinha visível. A criança levanta a toalha e fica muito feliz com a descoberta
do objeto. As brincadeiras do aparece/desaparece e “ah/achou” são típicas
desta época.
A criança brinca com sons, emitindo os mais variados, imita sons e
gestos de outra pessoa.
A criança passa a reagir, diferencialmente, a estranhos e a pessoas
familiares. Sorri especialmente diante do rosto materno e de pessoas
familiares, estendendo os braços para ser apanhada no colo. Estranha pessoas
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não conhecidas. Chora quando a mãe se afasta. Passa também a reconhecer
e a reagir diferentemente a expressões de riso, tristeza e zanga.
Subestágio 4: Comportamentos reflexos (± 8 a 12 meses)
Em todo o decorrer do desenvolvimento há períodos de grandes
aquisições e outros em que há um acomodamento das novas estruturas
adquiridas em estágios anteriores. Há uma intensa experimentação, repetindo
esquemas bem-sucedidos, com a inclusão de uma gama cada vez maior de
novos objetos. A criança tenta resolver os pequenos problemas que lhe
afiguram; por exemplo: alcançar um determinado objeto que está a certa
distância, ou tentar tirar o que está dentro de um recipiente com tampa. Seu
comportamento passa de aleatório para ações que se coordenam para atingir
uma meta.
Os comportamentos de deslocamento se aperfeiçoam, tanto o arrastar
quanto o engatinhar. A criança permanece mais tempo sentada e sem apoio,
liberando as mãos. Tenta ficar em pé e troca os primeiros passos.
Manipula os objetos com interesse de descobrir situações novas: chacoalha,
sacode, bate, empilha, derruba. Nesta época, a coordenação “olho-mão”
aumenta e a mão passa a ter predominância, mexendo em tudo que está à
sua frente.
Imita gestos simples como “tchau”, beijos e continuas brincadeiras vocais
aumentando a complexidade das consoantes. A criança reproduz todos os
sons da língua. Pede as coisas através de gestos, gritos e com alguns sons
que representam objetos determinados. Podem surgir as primeiras palavras. A
permanência do objeto também vai se aperfeiçoando, a criança segue os
objetos com o olhar e fica procurando-o mesmo que tenha saído de sua linha
de visão. A criança busca um objeto que viu escondido atrás de um anteparo.
Ela começa a procurar o objeto no primeiro lugar aonde o viu desaparecer. Isto
parece ser o início das primeiras memórias, embora por um tempo muito curto,
e a criança logo se interessa por outro objeto que entre no seu campo visual. O
objeto é uma mera extensão de seu corpo e existe por sua causa: com a
aquisição da permanência, o objeto passa a ter existência própria. Neste
momento a criança levanta tampas, toalhas, para procurar um objeto que viu
sendo escondido, mesmo que não veja nenhuma parte dele.
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Subestágio 5: Comportamentos reflexos (± 12 a 18 meses)
A criança nesta época experimenta situações e objetos novos, tenta
atingir suas metas, variando suas formas de ação. Por exemplo: rolar uma
bolinha por vários planos e superfícies. A criança é capaz de perceber
deslocamentos sucessivos de um objeto. Nesta sua experimentação ativa, a
criança chega a novos resultados que são integrados em suas experiências já
existentes. Começa a observar o efeito de sua conduta no meio à sua volta.
Seu deslocamento, que anteriormente era de gatinhar, agora é andar. Com
aquisição de maior fortalecimento das pernas e maior equilíbrio, a criança se
desloca pelo seu ambiente com maior presteza. Com as mãos mais livres,
interessa-se por transportar objetos enquanto anda, puxando por um cordão ou
empurrando.
Faz atividades como encaixar e empilhar.
O período sensório motor é caracterizado pela experimentação motora; a
criança manipula o objeto e desta forma descobre suas propriedades. A sua
ação é por tentativas sucessivas até conseguir o resultado que deseja; é a
chamada “tentativa e erro”. Não é raro encontrá-la tentando encaixar com força
uma peça num tabuleiro até que a peça se encaixa por uma rotação feita ao
acaso. Em idades posteriores, a criança planeja sua ação mentalmente antes
de executá-la fisicamente. Por isto, um mesmo brinquedo pode ser oferecido
em várias faixas de idade, o que variará é a forma de relação da criança com o
objeto.
A sua comunicação vai se aperfeiçoando, pede as coisas apontando para
os objetos, pode levar a mão da pessoa até o que quer. Em algumas
circunstâncias, pega o que quer sozinha tentando alcançar, usando
instrumentos que a auxiliam. Seu vocabulário aumenta e uma palavra pode
representar várias coisas do seu ambiente.
ESTÁGIO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS
Este estágio é muito longo, indo aproximadamente da idade de dois anos
até doze. Está subdividido em dois subestágios:
a. Subestágio pré-operacional (± 2 a 6 anos).
b. Subestágio das operações concretas (± 6 a 12 anos).
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SUBESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL
Segundo Goulart(2007, p.25).. “o início deste período é marcado pela
instalação da função simbólica, .... daí a denominação utilizada por Piaget,
durante algum tempo, para designá-lo :simbólico....”
Neste período a criança desenvolve o pensamento, e o planejamento
mental ocorre antes da ação. A função representativa reveste-se de grande
importância. Um objeto representa a outro, e com isto a imaginação da criança
sofre um grande impulso. (Por exemplo: uma simples caixa de sapatos pode
ora se tornar um carro, ora um potente cavalo que viu na televisão.) Inicia-se e
atinge pleno desenvolvimento o chamado jogo simbólico ou faz-de-conta.
Neste tipo de atividade, a criança dá significados pessoais a objetos e a
brincadeiras o que viu, apresentando, inclusive, sentimentos e emoções frente
ao fato (Por exemplo: a criança brinca com a boneca, suas emoções,
sentimentos e compreensão da realidade são expressos neste momento).Na
brincadeira do faz-de-conta, a explorar o que imagina que vai acontecer depois.
O pensamento neste estágio tem algumas características básicas como:
a. Egocentrismo: É a tendência da criança de ligar tudo que lhe acontece
com seus sentimentos e ações. Ela pensa que tudo tem a ver com suas
vontades e ocorre por causa de alguma coisa que tenha feito. É incapaz
de ver o ponto de vista do outro.
b. Centração: A criança, para dar resposta a um problema, considera só
um aspecto de cada vez.
c. Irreversibilidade do pensamento: A criança não consegue reverter as
operações que realizou ao começo para comprovar o seu raciocínio.
d. Raciocínio: A criança liga dos fatos que não mantêm relação entre si.
“Eu bati no meu irmãozinho, Papai do Céu vai dar um castigo, é o
trovão.” O raciocínio está ligado ao egocentrismo, onde a criança sente
que os fatos da natureza estão ligados, ou são influenciados, pela sua
vontade.
e. Animismo: A criança atribui sentimentos humanos a objetos à sua volta.
Ao observar a chuva, comenta: “Está chovendo, porque as nuvens estão
tristes.” Portanto, o seu pensamento não tem um caráter lógico e é
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baseado em vivências pessoais, desejos e temores, adquirindo
características muito peculiares.
Há um grande desenvolvimento da fala, as palavras se organizam em
frases e a linguagem passa, juntamente com a ação, a ser uma possibilidade
da criança expressar suas idéias e emoções. Ela se torna um ser falante e
participante do mundo adulto em virtude deste fato. As estruturas gramaticais
vão se sucedendo, algumas seguindo uma certa lógica, e que resultam em
construções próprias como: “eu sabe ou eu fazi”. Estas não são meras
repetições do que ouve à sua volta e sim estruturas verbais próprias.
A sociabilização apresenta um grande impulso. É o período em que a
criança começa a freqüentar a pré-escola e entrar em contato com um grupo
de sua faixa etária. No início deste subestágio, ela ainda brinca só, iniciando-se
a chamada brincadeira paralela, ou seja, duas ou três crianças sentadas
próximas, mas cada uma entretida com sua atividade particular. As
aproximações ocorrem como interesse pelo brinquedo do outro; compartilhar é
difícil, mas, com o adulto próximo, começam as primeiras atividades em grupo.
A criança aprende a esperar a vez de dividir o brinquedo, obedecer as regras
que, a princípio, são colocadas pelo adulto. Ao fim deste período, ela brinca em
grupo, em atividades cooperativas, com regras estabelecidas pelas próprias
crianças.
Há uma grande necessidade de se desenvolver a autonomia para a
formação do próprio eu. Pode surgir, no início, a chamada “fase de oposição”
ou negativismo, onde a criança quer fazer prevalecer suas vontades e pode
falar “não” só pelo gostinho de ser do contra. São comuns as crises de birra,
choro, bater os pés quando quer algo, sendo, dificilmente, convencida do
contrário.
A moral e a responsabilidade que eram totalmente externas passam a ser
internas e a própria criança julga seus atos e os dos outros. Esta moral é a
princípio muito rígida, mais presa à quantidade do que à intenção de quem
cometeu o ato. (Por exemplo: A criança tropeçou sem querer e derrubou quatro
copos. Outra criança propositalmente quebra 1 copo) No início do
desenvolvimento moral, a criança mais culpada é a que quebrou mais copos,
pois ela entende a gravidade por causa do estrago ter sido maior, mesmo que
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não tenha havido uma intenção maldosa por trás. Com o desenvolvimento
moral, a criança compreende que, para julgar os próprios atos e os de outra
pessoa, é necessário levar em conta a intenção com que estes foram
cometidos.
O subestágio pré-operacional esta divido em dois períodos:
a. Período pré-conceitual (± 2 a 4 anos).
b. Período intuitivo (± 4 a 6 anos).
PERÍODO PRÉ-CONCEITUAL
De acordo com Barry(1987,p.18)”entre dois e quatro anos ocorre o
desenvolvimento extremamente rápido da linguagem
falada,....segundo Piaget , o desenvolvimento da linguagem só se
dá após a criança se tornar capaz de representação interna...”
Ocorre um grande progresso no desenvolvimento motor da criança. Os
movimentos adquirem maior graça e harmonia; salta, corre, usa os aparelhos
do parquinho (balanço, escorregador, gangorra), sobe e desce escadas. É o
início do uso de triciclos e outros tipos de veículos similares.
Os movimentos finos se tornam mais preciosos, com o uso das mãos,
coordenado ou dissociado: a criança enfia contas, rosqueia, empilha e encaixa.
Neste período, ocorre um planejamento da ação, há uma substituição da ação
ao acaso por uma ação coordenada, preestabelecida mentalmente. As peças
dos quebra-cabeças são encaixadas num determinado lugar e não ao acaso,
como no estágio anterior.
Os hábitos da vida diária sofrem um grande progresso neste período,
tornando-se a criança cada vez mais independente quanto aos hábitos
higiênicos ( uso do banheiro, o tomar banho), o tirar e por a roupa.
Este período recebe o nome de pré-conceitual, porque ainda não existem
conceitos verdadeiros, ou seja, a atribuição de uma palavra a uma classe de
objetos. Os conceitos carecem de generalização; quando a criança pensa num
cachorro, é somente aquele que conhece e não há uma generalização para
toda a classe de cachorros.
As percepções da criança tem um significado baseado na experiência.
Esta começa a separar e agrupar objetos segundo alguns atributos, como:
cores, formas e tamanhos. Começa a nomear atributos, porém se confunde
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ainda. Sua linguagem verbal se amplia. Compreende ordens e as executa
quando quer. Nomeia objetos de sua vida cotidiana, da casa, escola,
comunidade. Quer saber o nome de tudo.
Inicia-se a definição das coisas à sua volta pela sua função, isto é, para
que servem as coisas. Às vezes, os objetos recebem um nome pela sua
função. Começa a se interessar por livros com figuras que identifica a partir da
sua experiência: por isto, as figuras devem ser o mais próximo do real.
O jogo simbólico inicia-se neste período a partir da imitação do cotidiano.
Depois, a criança simboliza, atribuindo características pessoais envolvendo sua
percepção de mundo, fazendo representação interna do objeto.
Bonecos, objetos que representam coisas de casa, como panelinhas, mobília,
vassoura, etc... já são fonte de grande prazer para a criança e ela brinca com
eles de forma semelhante ao que vê a sua volta.
PERíODO INTUITIVO
Neste período, a criança começa a apresentar argumentos e razões para
aquilo que afirma. Estas razões ainda são baseadas na lógica como os adultos
a concebem. A lógica deste período é baseada não em fatos comprovados e
sim no desejo, vontade ou temor da criança. É a idade dos “porquês”, porque a
criança necessita descobrir a causa das coisas.
A sua independência nos hábitos de vida diária é praticamente total.
Consegue lidar inclusive com botões, laços e outros acessórios que demandam
habilidade motora fina. Torna-se responsável por pequenas tarefas em casa,
como dar comida ao cachorro, regar plantas. Ao fim deste período, é capaz de
preparar um lanche simples e escolher a própria roupa de acordo com o clima.
Seus movimentos adquirem maior coordenação e aprimora destreza e força.
Pela compreensão de regras, é a época em que se pode começar a
desenvolver esportes como futebol e queimado. Usa bicicleta com maior
equilíbrio, podendo já ser de duas rodas.
A motricidade fina se aprimora, aparecendo mais claramente a mão
dominante. Inicia-se o uso da tesoura, a principio só para picotar, envolvendo
posteriormente recorte de retas, curvas e figuras simples. Segue traçados com
lápis e faz alinhavos. Gosta de montar e desmontar brinquedos para ver como
funcionam; usa movimentos de parafusar e desparafusar, podendo se valer de
23
ferramentas de brinquedo como chaves, martelos, etc. Faz montagens usando
a imaginação ou copiando modelos simples.
A capacidade de representação gráfica, através de desenho, vai do
rabisco até às primeiras figuras representando pessoas e objetos da vida da
criança. Esta tende a representar não o que vê, mais sim o que conhece.
Então, uma figura de perfil poder ter dois olhos.
Separa objetos por forma, cor e tamanho com maior certeza que no
período anterior, e os nomeia. É capaz de classificar objetos segundo um
destes atributos. Porém, a criança ainda apresenta dificuldade em considerar
dois atributos de cada vez. Esta dificuldade está ligada à contração
característica do pensamento pré-operacional.
Começa a fazer ordenações por tamanho, embora possa ainda se
confundir. Apresenta dificuldades com conceitos relativos como “menor ou
maior que”.
Os conceitos espaciais ( em cima, embaixo, atrás, na frente, esquerda,
direita) passam a ter significados para a criança a partir de sua própria
experiência, inicialmente com seu próprio corpo, extrapolando para os objetos
próximos. Localiza-se em lugares familiares a partir de pontos de referência
concretos, como a padaria, o parquinho. Os conceitos temporais apresentam
maior dificuldade para serem compreendidos. A criança sente a passagem do
tempo inicialmente pelos seus próprios ritmos biológicos. A criança
compreende que algumas coisas acontecem antes e outras depois. No fim
deste período, a criança inicia a compreensão de horas, dias, meses, anos, as
estações, associando-os com eventos concretos que ocorrem no seu dia-a-dia.
Relógios com ponteiros móveis que a criança manipula e calendários em que
os dias e seu aniversário permitem que a criança associe a passagem do
tempo com seu cotidiano.
A princípio, o desenvolvimento do conceito de quantidade está ligado à
via perceptiva. Estabelece seqüências numéricas. Joga dados e avança ou
recua a partir de pontos obtidos nos dados. Começa a compreender o uso do
dinheiro e o seu valor a partir da relação de quantidade e o poder de compra do
dinheiro em relação às coisas de que gosta.
Gosta que lhe contem histórias e as dramatiza. É capaz de imaginar o
desenlace de uma situação a partir do que aconteceu inicialmente. Seu
24
pensamento começa a se estruturar de uma forma mais lógica, em termos do
que vem antes e do que acontece depois. Fica mais atento e é capaz de
perceber detalhes. Prevê situações . É capaz de perceber absurdos.
A linguagem facilita a expressão de idéias e sentimentos, sendo um
veículo para a expressão do pensamento.
A construção gramatical vai se aperfeiçoando, os erros iniciais vão sendo
eliminados e a criança fala da mesma forma que as pessoas da comunidade
em que vive. Tem os seus livrinhos de histórias com figuras.
Começa a se interessar por letras e números, quer saber o som das
letras, gosta de copiar no papel . É capaz de escrever seu nome.
Jogos que desenvolvem este conhecimento de forma lúcidas são
interessantes, bem como jogos que envolvam relação de palavras com figuras,
de letras inicias e de números com quantidades.
Em termos sociais, o grupo de amigos passa a ser importante para a
criança. As suas atividades são basicamente em grupo. As regras ao fim do
período passam a ser estabelecidas pelas crianças que reclamam quando um
companheiro transgride. Interessa-se pelas coisas de fatos que acontecem na
comunidade em que vive.
Anda pela vizinhança mais próxima, pode levar recados ou fazer compras
simples. Torna-se mais crítica com suas produções, querendo receber elogios
pelo que faz. Começa a separar o real da fantasia. Estas já são características
de passagem para o próximo subestágio.
Segundo Oliveira(2002,p.72) no conceito piagetiano, o sujeito se adapta
ao meio, social e físico, desde o nascimento, isto é qualquer que seja o nível
de desenvolvimento cognitivo do sujeito, ele é sempre um produto do meio no
qual viveu.
O desenvolvimento ocorre a partir de soluções lógicas para os problemas
concretos,para as soluções lógicas de todas as classes de problemas.
Cada sujeito constrói as suas estruturas mentais, de acordo com o seu
ritmo e o seu tempo.
25
Capítulo 3
TEORIA PSICOGENÉTICA DE HENRI WALLON De acordo com Dantas(1990,p.32) Wallon é médico francês, que
desenvolveu vários estudos na área da neurologia, enfatizando a plasticidade
do cérebro. Propôs o estudo integrado do desenvolvimento infantil,
contemplando os aspectos da afetividade, motricidade e inteligência. Diz que
ara Wallon o desenvolvimento da inteligência depende das experiências
oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito faz delas.
Em teoria, Wallon buscou fatores biológicos, atos motores, atos mentais.
Seus trabalhos são baseados na motricidade.
É a motricidade expressiva da mímica, inteiramente ineficaz do ponto de vista instrumental: não tem efeito transformadores sobre o ambiente físico. Mas o mesmo não acontece em relação ao ambiente social: pela expressividade o indivíduo humano atua sobre o outro, e é isto que lhe permite sobreviver, durante o seu prolongado período de dependência. A motricidade humana, descobre Wallon em sua análise genética, começa pela atuação sobre o meio social, antes de poder modificar o meio físico. O contato com este, na espécie humana, nunca é direto: é sempre intermediado pelo social, tanto na sua dimensão interpessoal quanto cultural.(Dantas,1992 p. 38)
Conforme afirma Galvão(1995,p.12) para Wallon, o ato mental se
desenvolve a partir do ato motor, isto é a partir de habilidades motoras básica,
a criança desenvolve a interação e promove seu desenvolvimento. Para ele o
ser humano é organicamente social.
Suas idéias são de que o amadurecimento do sistema nervoso sozinho,
não daria garantia do desenvolvimento intelectual mais complexo. Isto só se
daria se aliado a esse amadurecimento, houvesse a influência do meio social,
aí sim a aquisição da inteligência simbólica aconteceria, sendo a cultura e a
linguagem elementos importantes que forneceriam ao pensamento do sujeito
instrumentos para sua evolução.
O ser humano precisa da cultura para viver atualizado e o
desenvolvimento de determinadas capacidades intelectuais dependem das
interações que o sujeito estabelece com essa cultura. Antes que a motricidade
possa alcançar o meio físico, ela atua e modifica o meio social.
26
Dantas(1992,p.45) diz que na concepção walloniana o ato motor precede
o ato mental, isto é existe uma descontinuidade entre eles. O meio social é
modificado, transformado pela expressividade humana antes que esta faça
efeito sobre o meio físico.
Para Wallon a emoção permeia todo o processo de desenvolvimento, tem
raízes bem profundas na vida orgânica do sujeito, além da emoção enfatiza
também a função tônica. Para ele o psiquismo é uma síntese entre o que é
orgânico e o que é social.
Cita Dantas(1992, p.40) que na concepção Walloniana, a criança não é
uma combinação de sensações ou um conjunto de movimentos apenas. A
experiência do dia-a-dia , interação com o outro e isso constrói um sujeito
autônomo. Wallon conceitua o desenvolvimento como um processo
descontínuo, suas etapas são marcadas por rupturas, reviravoltas, crescimento
se dá através de reformulação, uma etapa reformula a outra e o momento de
passagem das etapas acontecem através das crises que modificam
comportamentos. Essas crises-conflitos surgem em conseqüência da
maturação do sujeito e do meio em que vive.
"Cada novo momento terá incorporado as aquisições feitas no nível anterior, ou seja, na outra dimensão. Isto significa que a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no plano da inteligência, e vice-versa." Dantas( 1992, p.90)
Nesse ir e vir as etapas do desenvolvimento são reformadas,
reconstruídas conforme os avanços que o sujeito alcança na fase anterior.
Esses conflitos podem ser ocasionados por estas dificuldades entre essas
ações e o ambiente externo-estruturados por adultos e pela cultura – ou por
maturação do sistema nervoso. Esse esquema se torna cada vez mais
complexo e vai se desenvolvendo até a abstração (inteligência).
Conforme Galvão(1993, p.15) Wallon vivenciou crises sociais,
instabilidades políticas, as duas grandes guerras mundiais foi bastante
influenciado por suas conseqüências o que serviu de estímulo para que ele
organizasse suas idéias. Desta forma fortaleceu o tripé : psicomotor, afetivo e
cognitivo. Esse tripé é utilizado em todo pensamento de inclusão, em toda vida.
Na teoria psicogenética de Wallon, o eixo principal é esse tripé integrado ao
organismo-meio.
27
Dantas(1992,p.90) “A afetividade não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela é também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que saiu da vida orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira."
De acordo com o que disse Dantas(1992, p.90) a afetividade envolve
emoção, sentimento e paixão. A emoção é a exteriorização da afetividade, é a
expressão corporal, motora. São atitudes reveladas pelo tônus(nível de tensão
muscular).Sentimento é a expressão da afetividade. São expressos pela
mímica, pela linguagem. Wallon também fala em paixão, essa paixão é o auto
controle para dominar uma situação.
O desenvolvimento que vai do nascimento até a morte está distribuído em
estágios que expressam características da espécie humana e cujo conteúdo
será determinado histórica e culturalmente. Conforme Mahoney e
Almeida,(2000, p.12) cada um desses estágios citados abaixo, é considerado
como um sistema completo em si, isto é, sua configuração e o seu
funcionamento revelam a presença de todos os componentes que constituem a
pessoa ou sujeito. E a afetividade permeia esses estágios.
“Os estágios só adquirem sentido dentro dessa sucessão temporal, uma vez que cada um deles é gestado, preparado pelas atividades do estágio anterior e desenvolve atividades que prepararão a emergência do próximo. Então, será possível perceber quais os comportamentos predominantes em cada um deles. As situações às quais a criança reage são exatamente as que correspondem aos recursos de que dispõe” Mahoney& Almeida,(2000,p.12).
No primeiro estágio – impulsivo-emocional (0 a 1 ano) a criança
expressa sua afetividade através de movimentos descoordenados,
respondendo a sensibilidades corporais. São os movimentos reflexos,
impulsivos. Podemos verificar esse comportamento nos bebês às pessoas.
O desenvolvimento exige respostas corporais, daí a importância de se
ligar ao outro, que o segura, carrega, embala. Através dessa fusão, ela
participa intensamente do ambiente e apesar de sensações nebulosas, pouco
claras, vai se familiarizando e apreendendo esse mundo, portanto, iniciando um
processo de diferenciação.
28
No segundo estágio –sensório –motor -projetivo (1a 3 anos) quando
já dispõe da fala e da marcha, a criança se volta para o mundo externo, para
um intenso contato com os objetos e a indagação insistente do que são, como
se chamam, como funcionam.
O desenvolvimento no lado afetivo se revela pela disposição de oferecer
diversidade de situações, espaços, para que o sujeito possa participar das
constantes e insistentes indagações na busca de conhecer o mundo exterior.
Assim facilita sua diferenciação em relação aos objetos.
No terceiro estágio -personalismo (3 a 6 anos) aparece outro tipo de
diferenciação – entre a criança e o outro. E a fase de se descobrir diferente de
outras crianças e do adulto.O adulto será o recipiente de muitas respostas:
não, não quero, não gosto, eu vou, é meu. O importante do ponto de vista
afetivo é reconhecer e despertar as diferenças que despontam.Como nesse
estágio – personalismo- a direção é para si mesma, o sujeito aprende
principalmente pela oposição ao outro, pela descoberta do que a distingue de
outras pessoas. Agora está se descobrindo diferente dos outros.
Estágio categorial (6 anos): a criança dirige seu interesse para o
conhecimento e conquista do mundo exterior, em função do progresso
intelectual que conseguiu conquistar até então. Desta forma, ela imprime às
suas relações com o meio uma maior visibilidade do aspecto cognitivo.
Os estágios acima reforçam a cronologia Walloniana, que começa e
termina com a construção da pessoa, a fase pré-escolar é uma etapa
intensamente subjetiva, onde as atividades expressivas são essenciais. A
etapa escolar, categorial na terminologia Walloniana estaria marcada pela
prevalência da objetividade, que podemos traduzir como curiosidade ou pela
necessidade de conhecimento.
Enfim Wallon considera o sujeito um ser completo, que deve ser visto de
forma global. Dentro deste olhar o sujeito não é fragmentado em partes
descontextualizadas, mas sim do ponto de vista biológico e social.
29
CAPÍTULO 4
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE LEV S. VYGOTSKY
“O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas”. Vygotsky (1984, p.107)
Vygotsky (1989) enfatizava o processo histórico-social e o papel da
linguagem no desenvolvimento do sujeito. Sua questão principal é a aquisição
de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para ele, o sujeito é
interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais
e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação.
Segundo Oliveira (1997, p.43), “a linguagem fornece o conceitos e as
formas de organização do real que constituem a mediação entre sujeito e o
objeto de conhecimento. O desenvolvimento acontece a partir das relações
sociais entre o indivíduo e o mundo exterior. Tais relações ocorrem dentro de
um contexto histórico e social, onde a cultura é peça fundamental, fornecendo
ao sujeito os sistemas simbólicos de representação da realidade. Desta
forma, o desenvolvimento não pode ser visto como algo abstrato,
descontextualizado.
Vygotsky não acreditava que o desenvolvimento se desse a partir da
maturação. Ele dizia que o processo de desenvolvimento acontece a partir do
social.
Para ele, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é
nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem, depois a
cognição. O centro de tudo é a palavra, é pela palavra que o sujeito se apropria
de um sistema de significações historicamente elaborado.
Oliveira (1997,p.42) afirma que para Vygotsky a linguagem constrói a
mente, ele diz que todos os processos mentais superiores como percepção,
memória, atenção iniciam-se com a linguagem. Não existe uma evolução
espontânea dos processos mentais, e sim a evolução de um sujeito interativo
que elabora seus conhecimentos sobre os objetos, em um processo mediado
30
pelo outro. O conhecimento é construído com base nas relações sociais, pelas
condições culturais, sociais e históricas.
Sendo assim, o homem se produz na e pela linguagem, isto é, é na
interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas de acordo
com o meio no qual este sujeito está inserido.
Para ele a fala acompanha as ações e reflete uma forma de raciocínio
disperso. A fala se desloca na direção do início do processo da ação, até
conseguir preceder essa ação. As palavras modelam a atividade dentro de uma
determinada estrutura, a criança internaliza tornando-se independente em
relação ao ambiente .
Segundo Cória Sabini (2003, p.150) a internalização ocorre pois o
processo interpessoal vai se transformar num intrapessoal o que é uma
mudança de nível. Este é um ponto fundamental na teoria, a mediação. Por
intermédio da mediação da sociedade, o sujeito pode se apropriar de
conhecimentos e das produções culturais da sociedade em que vive. Isto
significa que o sujeito aprende por estar envolvido em constantes
transformações, e que se modifica após cada interação.
Onrubia (1998, p.127-128) também diz que a chamada perspectiva sócio-
interacionista, sócio-cultural ou sócio-histórica, abordada por L. Vygotsky, a
relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está amarrada ao fato de o
ser humano viver em meio social, sendo este a alavanca para estes dois
processos. Isso quer dizer que os processos caminham juntos, ainda que não
em paralelo. Essa relação se chama Zona de Desenvolvimento proximal.
“A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que o indivíduo vai percorrer para o desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico em constante transformação; aquilo que uma criança é capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. É como se o processo de desenvolvimento progredisse mais lentamente que o processo de aprendizado; o aprendizado desperta processos de desenvolvimento que, aos poucos, vão tornar-se parte das funções psicológicas consolidadas do indivíduo”. (Oliveira, 1998, p.60)
31
Os conceitos sócio-interacionistas sobre desenvolvimento e
aprendizagem se fazem sempre presentes, levando-nos à reflexão sobre tais
processos. Vygotsky diz que pensamento e linguagem associam-se, porém,
antes dessa associação, a criança tem a capacidade de resolver problemas
práticos (inteligência prática), de fazer uso de determinados instrumentos para
alcançar determinados objetivos. Vygotsky chama isto de fase pré-verbal do
desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no
desenvolvimento da linguagem.
Um dos princípios básicos da teoria de Vygotsky é o conceito de "zona de
desenvolvimento próximal".
Zona de desenvolvimento próximal representa a diferença entre a
capacidade da criança de resolver problemas por si própria e a capacidade de
resolvê-los com ajuda de alguém. Em outras palavras, teríamos uma "zona de
desenvolvimento auto-suficiente" que abrange todas as funções e atividades
que a criança consegue desempenhar por seus próprios meios, sem ajuda
externa. Zona de desenvolvimento próximal, por sua vez, abrange todas as
funções e atividades que a criança ou o aluno consegue desempenhar apenas
se houver ajuda de alguém. Esta pessoa que intervém para orientar a criança
pode ser tanto um adulto como pais, professor, avós, quanto um colega que já
tenha desenvolvido a habilidade requerida.
A idéia de zona de desenvolvimento proximal é de grande relevância em
todas as áreas educacionais.
“A autonomia do sujeito e a regulação de suas ações constroem-se sobre interações. Há, mais e mais, um domínio dos meios de ação que antes eram partilhados de alguma forma, em algum grau. A linha do desenvolvimento é, em conseqüência, uma linha de diferenciação e formação do indivíduo, de individuação do seu funcionamento. A criança é um ser social que se faz indivíduo ao mesmo tempo que incorpora formas maduras de atividade de sua cultura. Individualiza-se e se socializa. A relação social/individual implica, portanto, vinculação genética e constituição recíproca”. (Góes, 1991, p.21)
Uma implicação importante é a de que o aprendizado humano é de
natureza social e é parte de um processo em que a criança desenvolve seu
intelecto dentro da intelectualidade daqueles que a cercam. Uma característica
essencial do aprendizado é que ele desperta vários processos de
desenvolvimento internamente, os quais funcionam apenas quando a criança
interage em seu meio ambiente.
32
Segundo Cória-Sabini(2003,P.152) para Vygotsky, uma função psicológica superior ou comportamento complexo difere da elementar mediante a existência de um processo de internalização, que é a reconstrução mental de uma ação realizada externamente.
Conforme diz Campos(1997, p.66-67) Vygotsky estabelece diferentes
estágios que são:
O primeiro é o dos Conceitos Sincréticos, ainda psicológicos evolui em
fases e a escrita acompanha. Uma criança de,aproximadamente, três anos de
idade escreve o nome da mãe ou do pai, praticando a Escrita Indecifrável, ou
seja, se o pai é alto, ela faz um risco grande, se a mãe é baixa, ela risca algo
pequeno.
Aproximadamente aos 4 anos de idade, a criança entra numa nova fase,
a Escrita Pré-silábica, que pode ser Unigráfica: semelhante ao desenho
anterior, mas mais bem elaborado; Letras Inventadas: não é possível ser
entendido, porque não pertence a nenhum sistema de signo; Letras
Convencionais: jogadas aleatoriamente sem obedecer a nenhuma seqüência
lógica de escrita.
No desenvolvimento, aos 4 ou 5 anos, a criança entra na fase da Escrita
Silábica, quando as letras convencionais representam sílabas, não separa
vogais e consoantes, faz uma mistura e às vezes só maiúsculas ou só
minúsculas.
Com aproximadamente 5 anos, a criança entra em outra fase, a Escrita
Silábica Alfabética. Neste momento a escrita é caótica, faltam letras, mas
apresenta evolução em relação à fase anterior.
Com mais ou menos 6 anos de idade, a criança entra na fase da Escrita
Alfabética: já conhece o valor sonoro das letras, mas ainda erra. Somente com
o hábito de ler e escrever que esses erros vão sendo corrigidos.
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho aqui apresentado sugere que o professor compreenda as
teorias do desenvolvimento humano e ter atitudes de investigador do aluno e
da sua prática por meio de pesquisas.
A postura de um educador-professor que trabalha com a Educação
Infantil é de um ser facilitador no processo ensino-aprendizagem. É alguém que
observa, ajuda, participa e junto com seus alunos constrói conhecimento.
O mundo de hoje a todo momento nos coloca novas possibilidades de
nos comunicarmos com nossos alunos. O modo mais atraente é aquele que o
professor oferece aos alunos, a vivencia de conteúdos através de experiências
no concreto proporcionando a cada aluno a construção do seu conhecimento.
A finalidade deste estudo foi pesquisar como o professor pode a desenvolver a
inteligência de crianças da Educação Infantil, não estamos oferecendo aos
professores uma cartilha pedagógica, mas sim uma reflexão, para que a partir
dela possa-se derrubar o mito que a transmissão de informações pode tornar
pessoas mais inteligentes. A inteligência deve ser entendida como a
capacidade de adaptação a situações novas. Mas as ações novas, como a
atividade escolar só será gratificante e construtora quando a criança de acordo
com sua capacidade, faz sua própria descoberta através de suas hipóteses
cognitivas.
Quando as atividades propostas pelo professor são adequadas ao
desenvolvimento da criança, elas se envolvem nas tarefas favorecendo essas
novas descobertas.
É inegável que a compreensão que o professor forma a respeito da
inteligência da criança afeta a formulação de seus objetivos educacionais, por
isso o presente trabalho busca maneiras de orientar esse professor.
De um modo geral Piaget, Vygotsky e Wallon destacam o meio como
fator primordial para que qualquer construção aconteça. E não existe melhor
34
meio para que a aprendizagem aconteça do que a sala de aula. Portanto o
educador –professor tem em suas mãos as condições necessárias para
desenvolver inteligência dentro da sala de aula.
Baseado no que nos aponta Cória Sabini(2003, p.32) para Piaget, o
conhecimento da criança é construído, isto é a inteligência é construída num
processo de interação ativa com o mundo externo (meio).
Nessa perspectiva, o começo do conhecimento é a ação do sujeito sobre
o objeto, ou seja, a criança constrói na interação criança-meio, sujeito-objeto.
Conhecer consiste em operar sobre o real e transformá-lo a fim de
compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de
conhecimento.
Baseado no que nos aponta Moreira(1999, p.13) Vygotsky afirma que na
relação do indivíduo com o meio, o meio não é constante para um mesmo
indivíduo e nem é o mesmo para vários indivíduos que nele estejam inseridos
em um dado momento. A forma como o indivíduo experimenta emocionalmente
o meio está ligado, por um lado, o seu período de desenvolvimento, por outro,
ao fluxo das experiências vividas anteriormente. Desta forma, o meio se
submete à historicidade do indivíduo, ao mesmo tempo em que a constitui.
Baseado no que nos aponta Dantas (1992, p.46) Wallon afirma que na
experiência com o meio, o ser humano se tornou cultural, emergindo de um
estado de pré-fala para a construção progressiva de linguagens, as quais, por
sua vez, modificaram as linhas de pensamento humano.
“A idéia de que a mente humana é função da cultura encontra respaldo hoje nos estudos sobre o cérebro que já revelaram com consistência que o cérebro se desenvolve e se modifica de acordo com as experiências que o sujeito tem em seu meio, ou seja o meio é participante do processo biológico do desenvolvimento cerebral “( Lima,2000).
Apoiados nas bases teóricas pesquisadas concluímos que todo trabalho
executado dentro de uma sala de aula, deve acontecer com base numa
metodologia participativa, entre os educadores-professores, os alunos, com
trabalhos em grupo, com pesquisas e questionamentos, numa ação dialógica,
deixando aparecer suas diferentes falas, sem perder de vista a individualidade
da criança, suas iniciativas particulares, suas preferências. A afetividade não
pode ser esquecida, fazendo acontecer um dia-a-dia construtor de relações
afetivas, que passa pelo toque da pele, de nosso corpo, da fala, do ouvir, da
35
atitude do professor em se abaixar para falar com as crianças, olho no olho, se
preocupando em não ter uma relação autoritária com elas.
Em síntese, procuramos dar subsídeos ao educador-professor para que
possa fazer um planejamento de aula, baseado na teoria do desenvolvimento
humano, que desenvolva a inteligência de seus alunos respeitando o ritmo e o
tempo de cada um, pois isso garantirá que a criança progrida dando sempre
um novo olhar para o mundo que vive e preparados para raciocinar em
qualquer situação, com espírito crítico e móvel, sempre dispostos a conhecer o
novo de forma alegre e participativa.
36
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37
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