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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA O APAGÃO DA MÃO DE OBRA NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL Por: Isabel Aparecida Carvalho Bastos Orientador Prof. Mario Luiz Trindade Brasília 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

O APAGÃO DA MÃO DE OBRA NO SETOR DA CONSTRUÇÃO

CIVIL

Por: Isabel Aparecida Carvalho Bastos

Orientador

Prof. Mario Luiz Trindade

Brasília

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

O APAGÃO DA MÃO DE OBRA NO SETOR DA CONSTRUÇÃO

CIVIL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Pública

Por: Isabel Aparecida Carvalho Bastos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Pedro e

Maria, ao meu esposo Herculano, à

minha irmã Sandra e à minha filha

Virgínia que sempre me incentivaram.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu marido e à

minha filha, que são a razão do meu viver

e de todo meu empenho.

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RESUMO

A razão para a escolha do tema é devido ao fato de observar que há

defasagem em treinamentos, capacitação profissional e motivação dos

colaboradores no setor da construção civil. Com isso, acredita-se que esta

análise possa contribuir para a empresa no sentido de ressaltar a importância

em ter uma equipe treinada, focada em trazer resultados e acima de tudo

motivada a realizar o seu trabalho. Abordará o crescimento do Brasil nos

últimos anos, com elevação dos índices de emprego formal mostra a situação

educacional do país, sendo que os trabalhadores brasileiros, mesmo aqueles

privilegiados com diploma universitário, não conseguem responder

prontamente às exigências do mercado de trabalho. Bem como apresentar as

áreas que mais carecem de mão de obra qualificada, como o setor da

construção civil, sendo este setor afetado em relação à disponibilidade de

engenheiros e, também com a falta de profissionais de nível básico. Sendo que

um dos maiores problemas que ocasionou o apagão da mão de obra no Brasil

é a qualidade da educação. Também demonstrar que vale a pena o governo

investir em educação de qualidade e cursos profissionalizantes visando o fim

do apagão da mão de obra e com isso o crescimento do país. Entretanto,

existem soluções não tão eficazes e definitivas quanto a educação de

qualidade, mas que podem auxiliar no desenvolvimento do Brasil.

Palavras chave: Construção Civil, gestão de pessoas, estudo e capacitação.

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METODOLOGIA

A metodologia a ser utilizada será, basicamente, a coleta de

dados/informações acerca da falta de mão de obra qualificada no Brasil,

principalmente, através de páginas na Internet.

Além disso, serão realizadas pesquisas bibliográficas, que permitem

que se tome conhecimento de material relevante, tomando-se por base o que

já foi publicado em relação ao tema, de modo que se possa delinear uma nova

abordagem sobre o mesmo, chegando a conclusões que possam servir de

embasamento para pesquisas futuras.

Para se alcançar a realização dos objetivos propostos foi preciso

adotar alguns procedimentos metodológicos, que sustentaram a realização da

pesquisa.

De acordo com Bogdan (apud GODOY, 1995), a pesquisa qualitativa

apresenta como características básicas:

a) pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados

e o pesquisador como instrumento fundamental;

b) a pesquisa qualitativa é descritiva;

c) o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida é a

preocupação essencial do investigador;

d) pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na análise de seus dados e;

e) os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não

simplesmente com os resultados e o produto.

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De acordo com Cervo e Bervian (2006, p.63), “a pesquisa é uma

atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o

emprego de processos científicos”.

Para Marconi e Lakatos (2002, p.43), “a pesquisa pode ser

considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo

que requer um tratamento cientifico e se constitui no caminho para se

conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.

Para classificar o tipo de pesquisa a ser utilizada, usa-se o estudo da

classificação proposta por Vergara (2005): quanto à natureza (abordagem),

quanto aos fins (objetivos) e quanto as meios (coleta de dados).

Quanto à natureza, a pesquisa se classifica como bibliográfica e

exploratória. O método de abordagem da pesquisa se centrará na indução,

buscando-se estabelecer as relações entre um estudo particular para

compreender o universo geral.

Sendo que as principais obras utilizadas foram “O apagão da mão de

obra no Brasil”, de Noêmia Lazzareschi, artigos publicados para a empresa

Ricardo Viveiros & Associados - Oficina de Comunicação (RV&A), de autoria

de Dieter Brandt, Soluções imediatas contra o apagão da mão de obra e

Fernando Augusto Trevisan, Apagão de mão de obra.

No desenvolvimento do estudo foram realizadas consultas a

periódicos, como a Revista Exame e Revista Melhor – Gestão de Pessoas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I CONSTRUÇÃO CIVIL: HISTÓRICO ........................................... 11

1.1 A Questão da Qualificação ........................................................................ 16

CAPÍTULO II ÁREAS MAIS AFETADAS ........................................................ 20

CAPÍTULO III IMPACTOS NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL E

POSSÍVEIS SOLUÇÕES ................................................................................. 36

3.1 Treinamento e Desenvolvimento ............................................................... 36

3.2 Avaliação de Desempenho ....................................................................... 45

3.3 Remuneração ........................................................................................... 48

3.4 Motivação .................................................................................................. 50

3.5 Algumas Alternativas do Mercado ............................................................ 53

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 59

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 63

WEBGRAFIA ................................................................................................................ 66

ÍNDICE ............................................................................................................. 68

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INTRODUÇÃO

A razão para a escolha do tema é devido ao fato de observar que há

defasagem em treinamentos, capacitação profissional e motivação dos

colaboradores na área operacional da construção civil. Com isso, acredita-se

que esta análise possa contribuir para a empresa no sentido de ressaltar a

importância em ter uma equipe treinada, focada em trazer resultados e acima

de tudo motivada a realizar o seu trabalho.

Segundo Noêmia Lazzareschi, o crescimento do Brasil nos últimos

anos, com elevação dos índices de emprego formal mostra a situação

educacional do país e, parece, estão permitindo chamar a atenção das

autoridades e da população em geral para um dos problemas mais sérios e de

difícil solução no curto prazo: o “apagão de mão de obra”, que poderá reduzir e

mesmo retardar o desenvolvimento socioeconômico de nosso país.

Na opinião de Noêmia, o apagão de mão de obra não advém da falta

de trabalhadores disponíveis no mercado de trabalho, mas da falta de

empregabilidade de sua grande maioria. Apesar da significativa elevação dos

índices de emprego formal, o desemprego ainda atinge 5,5% da população

economicamente ativa, segundo dados do IBGE de dezembro 2012, ou seja,

milhões de trabalhadores brasileiros continuam desempregados, sem contar o

número expressivo daqueles cujas atividades remuneradas se realizam na

economia informal.

O conceito de empregabilidade – capacidade profissional para

candidatar-se a um emprego ou para se manter no emprego - tem sido muito

criticado pela maioria dos estudiosos do mundo do trabalho por desconsiderar

a reestruturação produtiva como um dos principais fatores da redução dos

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postos de trabalho e, portanto, pela elevação dos índices de desemprego nas

últimas décadas do século XX e, assim, sugerir a responsabilização dos

trabalhadores desempregados por sua própria situação, mesmo em contextos

desfavoráveis para o crescimento econômico e, portanto, para a geração de

empregos.

Com o crescimento da economia no Brasil, houve aumento dos postos

de trabalho e diminuição do desemprego, entretanto há muita oferta de vagas

no mercado e carência de profissionais qualificados, principalmente em alguns

setores específicos, como o setor da construção civil.

No capítulo I será apresentado um breve histórico da construção civil

no Brasil e no mundo, a origem da falta de qualificação profissional neste setor

e o crescimento da falta mão de obra ao longo dos anos, já o segundo capítulo

abordará as áreas mais afetadas pela falta de profissionais qualificados.

O terceiro capítulo tratará dos impactos no setor da construção civil e

apresentará possíveis soluções para o problema, pois a solução encontrada é

o investimento, pela gestão pública, em ensino de qualidade, não bastando a

quantidade de estudo, mas até lá, o mercado terá que lidar com a questão,

portanto, este capítulo abordará, também, soluções alternativas.

O trabalho abordará a falta de mão de obra qualificada no setor da

construção civil, no âmbito nacional.

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CAPÍTULO I

CONSTRUÇÃO CIVIL: HISTÓRICO

A Indústria da Construção Civil é uma atividade econômica que

envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. Enquanto atividade

humana coincide com as demandas que o homem vem apresentando desde

os primórdios da civilização, a partir da necessidade do homem de utilizar um

lugar para garantir abrigo e proteção, aos ataques de animais, tempestades,

ou qualquer evento nocivo a sua segurança.

As primeiras habitações (há aproximadamente 10.000 anos) foram

construídas com materiais brutos extraídos da natureza, e posteriormente

blocos semelhantes a tijolos feitos de argila e palha. Estes materiais foram

utilizados pelo homem para produzir suas residências, bem como grandes

obras imponentes de engenharia na antiguidade, como as pirâmides do Egito e

o Pantheon em Roma (MELO JÚNIOR, 2009).

Ao longo da história, as tecnologias para desenvolvimento de materiais

foram evoluindo e aprimorando-se, fazendo com que a atividade de construção

fosse considerada como uma das mais antigas e importantes realizadas pelo

Homem. De acordo com Cunha (apud VALLADADES et al., 1981), foram nas

fazendas de açúcar, nos colégios jesuítas, mineração e no artesanato urbano

que iniciaram as primeiras atividades assalariadas ligadas à Construção Civil.

Nos últimos anos, diversas mudanças no mundo do trabalho ocorreram.

A Construção Civil vem sendo atingida intensamente por estas mudanças,

devido à atualização e modernização do setor. Incluem-se os novos

conhecimentos técnicos e de maquinários, e devido a estas inovações,

aconteceram muitas modificações nos procedimentos de trabalho.

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Segundo Motoyama (2004), esse desenvolvimento ascendente do

especificado setor da construção se civil se fez possível devido às grandes

construções bem-sucedidas e realizadas, que teve início na década de 20, com

o foco voltado para a construção pesada de altos edifícios, viadutos e pontes,

teve seu aparecimento no final da Primeira Guerra Mundial, pois foi nesse

período de guerra que o país teve a introdução do concreto armado no país.

Essa técnica já era muito utilizada nos países estrangeiros, no entanto

que as grandes obras existentes no país naquela época, foram construídas por

técnicos e engenheiros estrangeiros.

Anterior a essa técnica, a construção civil no Brasil era rudimentar, sem

muita tecnologia, sem muita sofisticação, por isso a grande maioria os prédios

eram baixos, os projetos eram simples e sem muita necessidade de cálculos

exuberantes.

Após o conhecimento e a introdução desta técnica de concreto armado,

o setor da construção civil se firmava com a construção de arranha-céus nas

cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mas foi na década de 60 que surgiram

as grandes construtoras, como Camargo Correa, a Odebrecht, a Andrade

Gutierrez, entre outras tantas no mercado até a atualidade.

Essas grandes construtoras incluíram em seu histórico construções de

grande porte, como rodovias, viadutos, ferrovias, aeroportos, usinas

hidrelétricas e nucleares, sem esquecermos, dos complexos industriais.

Todos esses acontecimentos foram durante o regime militar, inclusive a

construção de uma das maiores e mais bem reconhecidas mundialmente, que

foi a construção da ponte Rio-Niterói, com uma extensão de 14,32 quilômetros

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de extensão, considerada uma façanha da engenharia nacional, façanha essa

registrada no Livro dos Recordes, com o maior vão do mundo em liga metálica.

Esta obra teve inicio em 1968 com término em 1971. Quando esse

regime teve seu término, 1985 o Brasil já obtinha uma enorme malha

rodoviária com a maioria dela pavimentada.

Toda essa história já escrita e desenvolvida em nosso pais, por

colaboração de todos, Governo Federal, especialistas estrangeiros dispostos a

ampliar o desenvolvimento do setor da construção civil no Brasil e nada menos

importante o setor operário, a mão de obra não qualificada, que por ventura dá

toda a base, sendo combustível essencial para que essa máquina chamada

desenvolvimento, seja movida e levada para todo território nacional.

É incrível a capacidade de força e de luta dessa classe, pois na época

em que se iniciou o progresso e desenvolvimento do setor da construção civil

no Brasil, essa classe desfavorecida socialmente não tinha nenhum subsídio,

nenhum auxilio.

Segundo Flohic (1987), a implantação das inovações tecnológicas na

indústria da construção civil substitui o trabalho de caráter artesanal da

profissão por um trabalho em escala. Ou seja, o “artesão” aquele que tinha o

domínio de todas as etapas de produção permitindo a ele determinar o ritmo e

conduzir a construção do começo ao fim e, deste modo, seu trabalho era

qualificado passou a fazer parte da classe de “operário” o qual não tem o

domínio de todas as etapas.

Sendo assim, anteriormente, pelo caráter artesanal deste “saber-fazer,”

cada construção era uma obra única e exclusiva. Com toda modernização,

tecnologias, e o desenvolvimento deste setor da construção civil, passou-se a

produzir em escalas (GOMES,2003 apud GÓMEZ, 1987).

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Apesar das modificações do processo de trabalho da construção civil

em que o trabalhador passou de artesão a operário, ainda hoje esta indústria,

se mantém de certa forma artesanal, pois quase todas as etapas construtivas

são feitas artesanalmente e com ferramentas manuais (VARGAS, 1981).

As atividades desenvolvidas na indústria da construção civil envolvem

desde simples reformas de casas até grandes projetos de engenharia,

dividindo-se basicamente em dois tipos de construções: 1) residenciais,

comerciais, industriais, de serviços; e em 2) projetos de rodovias, pontes,

usinas hidrelétrica, linhas de transmissão, entre outros (VÉRAS et al, 2006). Os

primeiros tipos de construção classificam-se em risco do tipo 4 (quatro), de

acordo com a NR 4.

Há singularidades na caracterização da indústria da construção civil.

Cada produto é construído ou edificado em lugar determinado, onde será

utilizado através da elaboração de projetos específicos, resultando na

mudança constante do ambiente de trabalho. Dentre estas peculiaridades,

Araújo (1998) cita as relativas ao tamanho das empresas, à curta duração das

obras, à sua diversidade e à rotatividade da mão de obra.

De acordo com Smallwood (apud KRUGER 2003), é de grande

importância ressaltar que em cada etapa de uma construção há uma incidência

de atividades manuais, que levam o estabelecimento de trabalho com alto grau

de esforço físico dos trabalhadores.

As tarefas necessárias para a execução dos serviços são realizadas

em várias alturas e posições, gerando posturas agressivas e ações que

envolvem, flexões, agachamentos, alcance de posições distantes do corpo e

acima da cabeça, movimentos repetitivos, carregamento de materiais e

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equipamentos pesados, exposição a ruídos e vibrações além de subidas e

descidas constantes.

Conforme os autores Silva (2008) e Dull (2004), tendo em vista as

atividades realizadas, a indústria da construção civil é um setor que se

caracteriza com um elevado índice de trabalhadores com baixo nível de

escolaridade. Para iniciar as atividades, em geral, não é necessário ter nenhum

curso de qualificação específico e normalmente os trabalhadores iniciam a

profissão como serventes e vão, paulatinamente, mudando de função

conforme adquirem experiência.

Conforme Mawardiye (1997), no aspecto econômico, a indústria da

construção, ocupa papel de destaque no cenário nacional por gerar um grande

número de empregos diretos e indiretos, absorvendo um terço dos

trabalhadores envolvidos em atividades industriais. Werneck (apud Valadares

et al., 1981) afirma que o setor, que possuía 263.000 trabalhadores em 1940,

saltou para 1.934.000 trabalhadores em 1973.

Outro dado de expressiva relevância, com relação à absorção de mão

de obra na indústria da construção civil é que este setor se mantém um tanto

significativo, pois empregou mais de 5,8 milhões de pessoas, número que

representa 6,53% da mão de obra do país e, 18,5% em relação ao total de

trabalhadores da indústria em geral. Sendo que analisados trabalhadores

contribuintes e não contribuintes. (IBGE, 2007).

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM, 2005) a indústria

da construção civil emprega diretamente 3.771.400 trabalhadores em todo o

país, “o que representa 5,6% da População Ocupada Total”.

Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

(2003), a indústria da construção civil possui extraordinária capacidade de

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realização de investimento, contribui para o equilíbrio da balança comercial e

gera quantidade significativa de empregos indiretos. Vale destacar que estes

dados são referentes somente aos trabalhadores formais, os trabalhadores

informais não entram nesta estatística.

Segundo a OIT (2003), 94% das empresas no Brasil são micro e

pequenas, que empregam até 29 trabalhadores e a informalidade da mão de

obra na construção é da ordem de 61%. A indústria da Construção Civil

respondeu por 10,3% do PIB Nacional, nos anos 1997/98 e 6,6% das

ocupações no mercado de trabalho; No ano 2000 foi responsável por 15,6% do

PIB nacional e empregou 3,6 milhões de pessoas.

1.1 - A Questão da Qualificação

Conforme Noêmia, a falta de capacidade profissional para se candidatar

a um emprego ou para se manter nele não se deve apenas à reestruturação do

processo de trabalho com suas exigências de aquisição de novas e complexas

competências profissionais no Brasil de hoje.

É verdade que alguns setores da economia nacional modernizaram-se

tecnológica e organizacionalmente e passaram a exigir trabalhadores com um

perfil completamente diferente daquele que predominou ao longo do século

passado.

No entanto, a grande demanda por trabalhadores no Brasil de hoje

advém de setores tradicionais, com pouca ou nenhuma tecnologia moderna

sofisticada e que exigem apenas alfabetização completa, no máximo ensino

médio, como os postos de trabalho subalternos do setor de serviços ou da

construção civil e do setor ceramista, por exemplo.

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E os trabalhadores brasileiros, mesmo aqueles privilegiados com

diploma universitário, não conseguem responder prontamente às exigências do

mercado de trabalho. Apenas um quarto dos diplomados em engenharia, por

exemplo, é considerado apto para o trabalho; a grande maioria obriga-se a se

submeter a cursos de especialização oferecidos pelas próprias empresas

contratantes que se ressentem da formação deficiente nesta área.

E muitas empresas, como a Vale do Rio Doce, têm contratado

trabalhadores estrangeiros, engenheiros e geólogos, vindos dos países

europeus em crise e mesmo dos Estados Unidos. E, no entanto, era de se

prever a necessária e competente formação no setor da mineração de nossos

estudantes de engenharia e de geologia dada a riqueza de nosso solo. E não

só em mineração, é claro.

Hoje faltam engenheiros competentes em todas as áreas, até mesmo na

construção civil e, sobretudo, na construção civil pesada, isto é, na construção

da infraestrutura do país: portos, aeroportos, ferrovias. E os programas de

exploração de petróleo, em especial a exploração do pré-sal, deverão enfrentar

o problema do “apagão de mão de obra.”

No trabalho que se realiza em um canteiro de obras, setor da construção

civil, existe um contraste significativo entre as áreas internas, pois fazem parte

da empreitada, engenheiros, projetistas, administradores, pessoas com

formação acadêmica superior, já na área operacional e totalmente diferente,

pois os ajudantes que na maioria são migrantes vindos da região nordeste do

Brasil, não possuem estudo algum, quando no máximo até a 4ª série do ensino

fundamental.

Como disse Oliveira (1998), esses trabalhadores que vieram de longe,

sem nenhum estudo, sem nenhuma qualificação profissional, com uma imensa

vontade de pegar no pesado, pensavam somente em poder enviar os salários

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para as respectivas famílias que ainda estão longe, conseguindo assim a

inserção no mercado de trabalho, garantindo a sua sobrevivência e a da sua

família.

É comum esses operários estarem hoje em uma obra, no mês que vem

em outra, pois o processo dessas obras em sua grande maioria é rápido e a

rotatividade também. Esses colaboradores da classe operária não recebiam

nenhuma ajuda governamental e nem empresarial para que se mudasse essa

cultura.

Essa mentalidade, pensamento do trabalhador da classe operária, ainda

continua, porém algumas empresas estão pensando em evoluir, propondo

cursos profissionalizantes, alfabetização com supletivos, assim as empresas

podem desta forma podem fidelizar o trabalhador operário, lhe dando

possibilidades de crescimento, de aprendizagem.

Segundo Cimino (1987), a empresa de construção civil para a sua

realização rápida e eficiente, ainda absorve a maioria da mão de obra semi

qualificada, provocando assim a alta rotatividade dessa mão de obra.

Cimino ainda relata que se as obras forem realizadas nas proximidades

de grandes cidades metropolitanas, como São Paulo, não haverá a

necessidade de deslocamento de profissionais, como engenheiros, técnicos,

administradores, porém haverá uma dificuldade em se contratar pessoal de

mão de obra desqualificada, sendo neste caso os ajudantes.

Isso se dá a pouca infraestrutura proporcionada para esses

colaboradores do setor operacional.

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Por isso a melhoria da qualificação da mão de obra operária no setor da

construção civil, é essencial. Proporciona oportunidades de crescimento,

desenvolvimento e evolução tanto como profissional como pessoal, para que

de certa forma, esses colaboradores do setor operacional da construção civil

consigam se estabilizar e se profissionalizar, saindo dos altos índices de

rotatividade do setor da construção civil.

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CAPÍTULO II

ÁREAS MAIS AFETADAS

As principais áreas que sentem os efeitos do apagão da mão de obra

são aquelas que necessitam de técnicos e engenheiros, mas a falta de

profissionais qualificados não atinge somente estas áreas, conforme

reportagem publicada pelo sítio

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/12/conheca-10-areas-em-que-faltam-

profissionais-no-brasil.html.

Aquelas mais afetadas incluem, além destas que estão no topo do

ranking, trabalhadores de ofício manual, motoristas, operadores de produção,

profissionais de finanças, representantes de vendas, profissionais de TI,

operários e mecânicos.

Todos os anos no Brasil, mais de 20 mil postos de trabalho no setor de

engenharia ficam em aberto porque não se formaram profissionais suficientes

para preenchê-los.

Para lidar com esse déficit, faculdades vêm criando cursos mais

voltados para áreas específicas, como petróleo, e institutos fazem parcerias

como a fechada entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)

e o Massachusetts Institute of Technology (MIT) para operar centros de

inovação no Brasil.

Mas não é apenas neste setor que há falta de profissionais. Segundo

um estudo feito pela consultoria ManpowerGroup, 71% dos empregadores

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entrevistados no país dizem ter dificuldade para preencher postos nas mais

diversas áreas - de motoristas a profissionais de tecnologia.

O dado fez com que o país ocupasse o segundo lugar entre os 41

países analisados - atrás apenas do Japão, onde 81% dos patrões sofrem

mais para contratar, enquanto a média global é de 34%.

“De acordo com nossa pesquisa, a dificuldade de se preencher vagas

no Brasil vem crescendo a cada ano. Do ano passado para cá, houve um

crescimento de 15% na dificuldade relatada pelos empregadores em

contratar”, afirma Riccardo Barberis, diretor da Manpower Group no Brasil.

Barberis (2012) ressalta que a escassez se dá tanto na quantidade de

profissionais como na qualidade deles, no caso de vagas que exigem

conhecimentos específicos, e atinge cargos de nível superior e técnico.

Conforme a pesquisa “Escassez de Talentos”, da ManpowerGroup

(2012), as áreas que são mais afetadas pela falta de mão de obra qualificada

são aquelas que necessitam de técnicos, em primeiro lugar na classificação,

sendo no campo técnico que os empregadores mais enfrentam dificuldade

para encontrar profissionais e, a escassez permeia todas as áreas técnicas, de

automação a edificações, de eletrônica a alimentos e bebidas.

Segundo Barberis, no passado o curso técnico no Brasil era

considerado uma segunda opção e, por isso o investimento na área foi

prejudicado, sendo incapaz de suprir a demanda atual. Já se sabe hoje que os

cursos técnicos oferecem uma oportunidade profissional mais rápida e, por

isso, eles vem sendo valorizados e ganhando investimentos. Os especialistas

concordam que o Brasil está caminhando na direção certa nesse setor.

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“Mas diante da carência estrutural do mercado brasileiro, é preciso

investir mais nessas políticas”, afirma Barberis, citando o exemplo da

Alemanha, que investe pesado em escola técnicas e é hoje um dos países na

zona do euro com menor taxa de desemprego.

Em segundo lugar, aparecem os trabalhadores de ofício manual e,

entram nessa categoria trabalhadores com uma habilidade específica ou

autônomos especializados em um ofício, como costureiras, passadeiras,

sapateiros, eletricistas, pintores, encanadores e pedreiros.

A escassez no Brasil segue uma tendência global, já que na média

mundial a falta de profissionais nessa área é a primeira do ranking. Como para

muitas dessas profissões não são necessários cursos mais longos, de dois

anos, basta um treinamento, trata-se, portanto, de um desafio menos

complexo.

Segundo Barberis, uma das saídas é conectar melhor jovens sem

experiência, mas que querem trabalhar, por meio, por exemplo, de parcerias

entre a iniciativa privada e o setor público.

Já em terceiro lugar estão os engenheiros, uma pesquisa da

consultoria PageGroup (2012) ilustra bem essa escassez. De mil

oportunidades de emprego analisadas, 38% eram na área de engenharia. A

descoberta do pré-sal e megaeventos esportivos vêm alavancando o setor.

Para Marcelo De Lucca (2012), diretor da PageGroup, faltou

planejamento por parte do governo e das instituições de ensino. Ele cita ainda

algumas das áreas da engenharia em que as faculdades voltaram a investir,

como geologia, um setor que estava estagnado e que agora voltou a crescer.

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De Lucca diz acreditar que as faculdades agora estão correndo para se

atualizar e reverter esse cenário de falta de profissionais.

“As universidade começaram a se reposicionar em relação à demanda

do mercado de trabalho”, afirma. “Mas isso leva tempo para dar resultado, já

que esses jovens vão se formar apenas em quatro ou cinco anos”.

Os motoristas ocupam o quarto lugar da referida pesquisa, faltam

profissionais voltados para o setor de transporte de cargas, ou seja, motoristas

de caminhão.

De acordo com a ManpowerGroup, isso se deve a mudanças no setor,

como o fato de as transportadoras exigirem experiência e capacidade de

conduzir caminhões cada vez mais modernos, com tecnologia avançada.

Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmam que o

número de veículos de carga registrados junto ao órgão é 2,5 vezes maior que

o de profissionais inscritos.

No caso de caminhões mais modernos as empresas precisam fornecer

mais treinamento para qualificar os profissionais.

Já o quinto lugar é ocupado pelos operadores de produção, o

problema é semelhante ao caso dos profissionais de ofício manual, mas esses

funcionários têm atuação mais técnica e trabalham na indústria. De acordo

com especialistas, o crescimento da demanda não acompanhou o ritmo de

formação e treinamento desses trabalhadores.

Segundo especialistas, são necessários cursos mais conectados com

a necessidade das empresas. Outra sugestão citada é facilitar o modo como

se recruta funcionários, divulgando a vaga em ambientes - reais ou online -

frenquentados por jovens.

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O sexto e sétimo lugares são ocupados por profissionais de finanças e

representantes de vendas, respectivamente, sendo que consultores da área de

recursos humanos afirmam que empregadores têm sofrido uma dificuldade

crescente para encontrar profissionais que atendam ao novo perfil da

profissão.

De acordo com os especialistas, quem vende hoje precisa ter um

conhecimento mais aprofundado, com mais habilidades na área de finanças e

sistemas de comunicação em outros países, além de capacidade de pensar

em soluções e gerir equipes.

Como a atividade está agora muito mais sofisticada, é preciso atualizar

os cursos e focar nas áreas citadas acima.

Para reter talentos, Gilberto Cavicchioli, professor do Núcleo de

Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da Escola Superior de

Marketing e Propaganda (ESPM), afirma que são necessários benefícios

diferentes do que se oferecia no passado.

Os profissionais de TI ocupam o oitavo lugar, a escassez diz respeito à

área de tecnologia em geral, seja dentro de empresas do setor ou em

companhias que nada têm a ver com tecnologia especificamente.

A demanda em TI explodiu tanto em empresas de desenvolvimento de

software como em bancos e companhias de telefonia celular, por exemplo,

onde se cuida de gestão dos computadores e áreas de sistemas internos. “As

faculdades, como as de TI, precisam de mudanças mais radicais”, afirma

Barberis. “O programa Ciência sem Fronteiras é positivo porque têm uma visão

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mais global, olhando de forma mais ampla. Mas as iniciativas ainda são

restritas”.

Já o nono lugar está com os operários, os especialistas avaliam que

faltam profissionais em diversos setores da indústria brasileira e dizem que a

escassez foi gerada pelo aumento da demanda, que tem sido enorme nos

últimos anos.

São inúmeras obras por todas grandes capitais e, como os prazos são

escassos, não há tempo hábil para se dar oportunidade a quem não tem

experiência, de acordo com a ManpowerGroup.

Há também carreiras mais atraentes, e a possibilidade de cursos

técnicos acaba afetando a quantidade necessária de trabalhadores no setor.

Novamente, a chave é sintonizar melhor as necessidades das indústrias e

trabalhadores que buscam emprego.

O décimo lugar é ocupado pelos mecânicos, a profissão vive um

cenário que mescla a situação do setor de ofícios manuais e a de motoristas,

com profissionais com uma habilidade específica, mas que precisa se

atualizar.

A resolução desse problema passa por mais treinamentos específicos

e cursos de atualização, especialmente os ligados a novas tecnologias.

A procura das empresas por profissionais se dá por pedreiros,

padeiros, costureiras, vendedores, garçons, operadores de máquinas. Mas, a

necessidade é tanto de profissionais de nível médio quanto superior, pois

também faltam engenheiros e médicos.

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Só no SINE, em Uberlândia, há duas mil vagas de emprego

disponíveis, sendo a maioria para o setor de serviços, que envolve as áreas de

telemarketing, logística, supermercado e outras. Alguns postos estão sendo

oferecidos há quase dois meses, sendo que, em 2009, o prazo para uma

colocação era de, no máximo, 15 dias.

A realidade atual do mercado de trabalho é que existem empregos e

pessoas interessadas mas, o que falta são trabalhadores qualificados que se

encaixem nas exigências das empresas.

Em fevereiro de 2011, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu

que a falta de mão de obra qualificada no Brasil é um dos grandes problemas

que o país terá que enfrentar se quiser continuar crescendo.

Para ele, a tarefa de preparar os trabalhadores para entrar no mercado

de trabalho é tão importante quanto a de melhorar as contas do país com o

exterior e resolver os problemas causados à indústria brasileira pelo dólar

barato. “Um dos gargalos que podemos ter para a continuação do crescimento

do país é a escassez de mão de obra com a qualificação adequada.

Então, temos que juntar esforços e implantar no país um grande

programa de qualificação de mão de obra”, falou.

Em outra declaração, Mantega informou que o governo federal já

estaria preparando um programa de qualificação de trabalhadores. Ele também

voltou a admitir que a falta de mão de obra qualificada é uma das barreiras da

economia do país e que o governo federal espera minimizar o problema

investindo em formação universitária e em ensino profissionalizante.

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O ministro afirmou ainda que esse tipo de investimento aumentou

muito nos últimos anos, mas ele ainda não surtiu o resultado esperado, pois

partiu de um patamar muito baixo.

E, após afirmar que a falta de mão de obra qualificada é um efeito

colateral do crescimento econômico do país, Mantega procurou amenizar a

situação ao dizer que esse problema é menor do que o do desemprego,

enfrentado pelo Brasil anos atrás.

O certo é que vários setores da economia brasileira, entre eles a

indústria, o comércio e a construção civil, reclamam da falta de profissionais

qualificados. O desemprego nos menores níveis da história mostra que o

cenário futuro é positivo, mas a qualificação do mercado de trabalho em geral

ainda deixa a desejar.

Dentre as áreas mais afetadas, merece destaque o setor da

construção civil, “Temos uma grande oferta de emprego, mas falta mão de

obra, e muitas vezes ela não está à altura do que precisamos, o que pode

acarretar problemas de qualidade na obra”, diz Luiz Alberto de Araújo Costa,

presidente da Associação de Pequenas e Médias Empresas de Construção

Civil do Estado de São Paulo (APEMEC).

O problema maior, segundo ele, é a escassez de engenheiros. “Com

isso, falta gerenciamento da mão de obra, pois muitas vezes esse profissional

tem de se desdobrar em mais de uma construção. Com isso, corre-se o risco

de haver atraso na entrega e queda na qualidade, que, neste caso, reflete na

estrutura e confiabilidade da obra”, diz Araújo Costa. Segundo ele, as micro e

pequenas empresas são responsáveis por 80% dos postos de trabalho na

construção civil.

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A construção civil sempre foi encarada como o termômetro da saúde

financeira do Brasil, se o país estava bem, este setor demonstrava isso com as

construções em todas as regiões. Atualmente, o setor também é utilizado para

medir outro indicador, a falta de mão de obra qualificada.

Conforme reportagem publicada no sítio

http://ecivilufes.wordpress.com, à medida que o setor da construção civil

cresce, aumentam os problemas com a contratação de profissionais no País.

Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI),

89% das empresas da construção civil sofrem com a falta de mão de obra

qualificada.

Segundo reportagem publicada no Jornal O Globo/RJ, País em

construção: sobram vagas, mas faltam profissionais (24/04/2011), a oferta de

vagas na construção civil continua a crescer, foi realizado um levantamento

pela consultoria de RH Manpower que mostra haver expansão no número de

empregos no setor de 54% no primeiro trimestre de 2011.

Empresas como SH Fôrmas, RJZ/Cyrela e Marko Sistemas Metálicos

necessitam de analista financeiro, engenheiro calculista, técnico de

manutenção elétrica e operador de máquina. E, para se candidatar a uma

dessas oportunidades, o processo é simples, bastando cadastrar o currículo

nos sites das empresas.

O aquecimento do mercado, porém, passou a exigir cada vez mais

especialização dos profissionais da área, pois o setor é desvalorizado devido à

baixa remuneração. Um estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas em

parceria com o Instituto Votorantim, mostra que o problema de mão de obra

qualificada no Brasil vai continuar nos próximos anos.

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Isso porque a renda média do trabalhador da construção civil é 14,7%

menor do que a renda dos empregados em outros setores. A pesquisa deixa

claro que os jovens tem optado por outras profissões, com melhores

perspectivas de remuneração.

O diretor comercial da empresa SH Fôrmas, que atua na área de

escoramentos metálicos, Wolney Amaral, diz que falta mão de obra qualificada

está presente em todos os níveis da construção civil.

Segundo Amaral, a escassez é fruto da dormência do setor durante

muitos anos. “Havia um nível de demanda baixo e estabilizado e, com a

entrada do capital estrangeiro nos últimos anos, além do crédito facilitado, o

mercado cresceu consideravelmente, abrindo vagas em diversas áreas.

Basicamente, porém o setor não estava preparado.”

Amaral, que investe um milhão de reais todos os anos com

treinamento de seus funcionários, é cético sobre o futuro da área. Para ele, a

única maneira de as empresas vencerem o obstáculo da falta de mão de obra

qualificada, em curto prazo, é o investimento em tecnologia de ponta. “A

qualificação da mão de obra é muito necessária, mas precisa vir paralela ao

investimento”, conclui o empresário.

O diretor de incorporação da RJZ/Cyrela, Marcus Heraldo, diz que o

gargalo de profissionais está em todos os setores da economia. A maior

necessidade da empresa é por engenheiro civil. “Essa profissão estava

desvalorizada. Não existiam vagas. Com a expansão do mercado, porém,

descobriu-se que não há profissionais suficientes. Bons, ainda por cima, são

bem raros”.

Segundo estudo realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da

Construção (CBIC), a construção civil movimentará em 2013 mais de R$ 100

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bilhões, valor bastante superior ao registrado em 2003, quando movimentava

R$ 2,3 bilhões ao ano.

Mais maduro, o setor irá demandar mais inovação para aumentar sua

produtividade. "Mesmo em crescimento, a construção civil ainda sofre com a

escassez de mão de obra qualificada, o que tem impacto na qualidade e

agilidade para entrega das obras", explica David Pinto, fundador do Instituto da

Construção.

Dados do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São

Paulo mostram que existem 27 mil vagas abertas e que não são preenchidas

justamente por falta de capacitação. Ainda de acordo com a Confederação

Nacional das Indústrias (CNI), cerca de 70% das empresas do setor sofrem

com a falta de profissionais qualificados.

"Atualmente 77% dos profissionais nunca fizeram um curso

profissionalizante. Cada vez mais as empresas procuram soluções para a falta

de mão de obra especializada, sendo que 65% delas buscam parceiros para

qualificar seus funcionários. Os cursos profissionalizantes aumentam em 48%

as chances de um trabalhador conseguir emprego", informa David Pinto.

Segundo dados da Catho o ano de 2010 foi o mais rentável em

oportunidades com um índice de 107% de crescimento, já em 2011 este índice

chegou ao negativo com uma taxa de -10% e 2012 ocorreu uma retomada com

28% de crescimento.

A indústria da construção civil foi uma das áreas que mais cresceu nos

últimos anos. Os programas voltados especificamente para a habitação e a

realização de grandes obras em prol do desenvolvimento do país aqueceram o

mercado, gerando vagas de empregos em diversas áreas como produção,

vendas e comércio de materiais.

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Desde 2009, o setor tem experimentado um forte avanço. “2012 foi um

ano de estabilidade e de adequação do mercado. A continuidade de

Programas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o ‘Minha

Casa, Minha Vida’, e a oferta de crédito mais barato são os pilares que

garantem o desenvolvimento econômico”, afirma Murilo Celso Pinheiro,

presidente da Federação Nacional dos Engenheiros.

Ainda segundo o presidente da Federação, a previsão é de que o

crescimento do setor no Brasil deve manter em 2013 o mesmo ritmo registrado

no ano passado e crescer 4%. “Como o governo sinaliza que quer manter os

grandes investimentos, se espera que o setor se recupere este ano”, aponta.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e

Agronomia de São Paulo (CREA- SP), o engenheiro civil Francisco Kurimori, o

Brasil está em processo de crescimento, e para que haja o desenvolvimento

tem que haver a participação dos profissionais da área tecnológica. “Por isso,

nós podemos dizer que o país se transformou em um sinônimo de futuro

promissor para os engenheiros.

Segundo a UNESCO, o Brasil tem seis engenheiros para cada mil

habitantes”, enfatiza Kurimori.

A volta da prosperidade no setor da construção civil depois de décadas

de estagnação é fruto da emergência da nova classe média brasileira na

presença de um alto déficit habitacional. Eventos internacionais como a Copa

do Mundo e as Olimpíadas, programas governamentais como o Minha Casa,

Minha Vida e as obras de infraestrutura do PAC têm aumentado a demanda no

setor que enfrenta restrições do lado da oferta.

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A disponibilidade da oferta de mão de obra na quantidade e na

qualidade desejadas é um obstáculo para a expansão do setor, segundo

Marcelo Neri.

O setor da construção civil no Brasil, na atualidade, está aquecido e ao

que tudo indica, continuará a crescer. O problema é que a mão de obra não

está crescendo na mesma proporção. A escassez de profissionais neste

mercado é uma realidade e mais do que nunca as empresas estão buscando

iniciativas para suprir esta dificuldade.

O Diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do

Paraná (SINDUSCON-PR), Finatti (2011), analisa que alguns anos atrás, o

cenário que se via eram de empresas que lutavam para se manter no

mercado, o que levou muitos profissionais a saírem do setor, devido a

demissões em massa. As empresas que permaneceram atuam com baixa mão

de obra.

Mas atualmente o cenário é outro, pois nos últimos três anos, com

programas como Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, o grande

número de financiamentos de empreendimentos imobiliários, possibilidade de

certa estabilidade econômica, proporcionou que as pessoas comprassem

mais, porém o mercado do setor da construção civil não está preparado para

atender esta demanda.

Na visão de Lopes (2011), presidente do SINDUSCON-AM, a falta de

oportunidade, muitos profissionais formados, estudados saíram da área da

construção civil para trabalhar em outro setor e após alguns anos esses

profissionais que saíram do setor não pensam em voltar, pois estão ocupando

cargos considerados estáveis, temendo que o retorno pode ser precipitado.

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E para o mercado atual isto também é uma dificuldade, pois está mais

difícil encontrar profissionais qualificados para o setor da construção civil.

Segundo o Presidente Eduardo, o Estado do Amazonas precisará para 2013

de 11 mil funcionários, quantidade impossível de se conseguir.

A escassez de mão de obra na construção civil preocupa não apenas

pela quantidade necessária, mas também pela qualidade oferecida pelos

profissionais do setor.

Segundo Finatti (2011), as parcerias para qualificar a mão de obra do

setor são indispensáveis, além disso, é necessário mostrar ao jovem que não

tem condições de estudar, que o primeiro passo não é necessariamente uma

universidade para ele conseguir uma estabilidade.

As empresas buscam motivar e qualificar seus colaboradores, mas

essas empresas podem oferecer cursos, carreiras e se o colaborador tiver um

pouco de dedicação, pode se tornar um profissional sem uma formação

superior em seu currículo, e em pouco mais de dois anos pode inclusive dobrar

o seu salário.

Alguns desses colaboradores ficariam no setor da construção civil se

bem qualificados tecnicamente, outros iriam além e poderiam tentar buscar

uma formação acadêmica de nível superior, uma universidade.

Segundo Ferraz e Vieira (2008), a migração das pessoas da região

nordeste pra a região sudeste está mais do que claro o interesse pelo qual isso

se faz, é a busca de um emprego, de uma moradia e do sustento para a

família.

Infelizmente a região sudeste não comportou e nem comporta esse tipo

de êxodo, pois assim foram criadas as favelas, o aumento do desemprego,

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porém foi assim que o setor da construção civil pode crescer em larga escala,

pois foram esses migrantes que deram a mão de obra para o crescimento da

estrutura das grades cidades, trabalhando para se colocar em pé os grandes

edifícios e isso se faz até os dias de hoje.

Os números mostram explicitamente isso em nosso dia-a-dia. Os

migrantes nordestinos representam 20% da população da região do Grande

ABCDM, que engloba as cidades de Santo André, São Bernardo do Campo,

São Caetano do Sul, Diadema e Mauá, que segundo dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são aproximadamente 500 mil

migrantes, cuja origem seja a região Nordeste do país.

As maiores concentrações de migrantes ficam localizadas em Diadema

e Mauá, essa grande concentração nos dois municípios está na periferia, em

bairros afastados, onde não há infraestrutura para se residir tantas pessoas.

O movimento de migração teve como maior motivo, a busca por

emprego e melhores condições de vida. Em uma matéria do Jornal Diário do

Grande ABC, a Professora de Sociologia na Universidade Metodista de São

Paulo, Luci Praun explica como foi feita a divisão dos migrantes na região.

Segundo Praun, uma parte desses trabalhadores que vieram da região

Nordeste do país, vão para as fábricas, as montadoras de veículos, a outra

parcela importante desses migrantes vão trabalhar como operário na

construção civil. Mas independentemente da oportunidade, a saudade é

comum a toda população nordestina.

O município de Diadema com a maior concentração de nordestinos dos

municípios do Grande ABCDM inaugurou em dezembro do ano 2007, em uma

das entradas da cidade, próximo à Prefeitura, o Monumento em Homenagem

aos Migrantes. Forjada em concreto e alvenaria, a obra reproduz a imagem de

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uma família, com pai, mãe e filho, que se unem para construir uma moradia.

Ainda em 2007, foi inaugurado o Museu de Arte Popular de Diadema.

O sonho de conseguir um emprego e cuidar da família na cidade grande

é que fez com que esses migrantes, verdadeiros lutadores sobreviventes do

progresso, deixaram a vida miserável da cidade natal nordestina e vir para os

grandes centros industriais, metrópoles que poderiam proporcionar o sonho

tornar realidade.

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CAPÍTULO III

IMPACTOS NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL E

POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Um dos maiores problemas que ocasionou o apagão da mão de obra

no Brasil é a qualidade da educação. Não somente a quantidade, uma vez que

muitos profissionais, com ensino médio concluído, são incapazes de

compreender de imediato uma simples informação por escrito, de redigir uma

só frase corretamente e, de fazer operações aritméticas muito simples, tudo

isso decorrente do analfabetismo funcional.

A falta de empregabilidade nesses casos é de responsabilidade da

educação oficial e não tem a ver com a reestruturação produtiva ou a

modernização tecnológica e organizacional de determinados setores da

economia. E não se pode exigir das empresas que alfabetizem os seus

trabalhadores, embora muitas delas o façam.

Obrigação das empresas é oferecer a formação específica necessária,

sobretudo quando se trata de formação para trabalhar com tecnologias

modernas e sofisticadas. Obrigação governamental é oferecer educação

fundamental de qualidade – direito do cidadão que garante ao trabalhador o

exercício de seu direito ao trabalho e dos demais direitos, como, por exemplo,

o de expressão para o exercício de seus direitos políticos.

3.1 - Treinamento e Desenvolvimento

O treinamento e o aperfeiçoamento de pessoal surgiram a partir das

teorias a Escola Clássica de Administração, no início do século XX, tendo

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como principal influência o pensamento de Taylor, que acreditava que o

homem trabalhava somente em troca de dinheiro. O treinamento consistia em

preparar os funcionários para desempenhar suas tarefas da maneira mais

produtiva possível, pois só considerava os aspectos mecânicos.

Logo depois surgiu a Escola das Relações Humanas que promoveu a

preocupação com aspectos psicossociais dos funcionários. Nessa época o

treinamento, além de capacitar o funcionário para o trabalho, procurava

integrá-lo à organização, preocupando-se, ainda, com o relacionamento

interpessoal, através do surgimento de programas formadores de chefes e

supervisores, além de começar o desenvolvimento de lideranças.

O próximo passo no processo evolutivo do treinamento dos

trabalhadores veio coma Administração de Recursos Humanos por meio de

uma visão sistêmica. (GIL, 2001).

Assim essa visão sistêmica proporcionou diversas contribuições

científicas aos programas de treinamento, tanto é que os programas de

treinamento cada vez mais passam a considerar, entre outros objetos, as

necessidades e aspirações do individuo, suas motivações, dificuldades de

aprendizagem etc.

E a tendência observada em muitas empresas é a de designar as

atividades de capacitação de pessoal e mesmo o órgão que as desenvolve sob

a rubrica de desenvolvimento de recursos humanos (GIL, 2001).

A gestão de pessoas aparece com um conceito mais moderno onde o

treinamento como era tratado até então é considerado obsoleto, pois ele por si

só é pouco perante o desempenho que o potencial humano pode atingir.

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O desenvolvimento de pessoas pode ser considerado a ferramenta

mais eficaz, porque além de proporcionar conhecimentos e habilidades para o

desempenho das atividades, promove a formação básica para hábitos antigos

serem modificados, surgindo novas atitudes, capacitando-se para aprimorar

seus conhecimentos, com vista em tornarem-se melhores naquilo que fazem e

até preparando os indivíduos para novos cargos e novos desafios. (GIL, 2001).

Chiavenato (1999) estabelece uma diferença entre treinamento e

desenvolvimento de pessoas, no que concerne a perspectiva de tempo,

embora, ambos tenham o mesmo objetivo. Enquanto o primeiro visa à

preparação para um cargo ocupado atualmente, o desenvolvimento promove o

foco num cargo futuro que poderá vir a ser ocupado.

De acordo com Gil (2001) as necessidades de treinamento e

desenvolvimento são vislumbradas através de um diagnóstico formado a partir

de uma análise geral da organização.

Essa análise se divide em três partes, sendo a primeira a análise

organizacional, a qual consiste na empresa como um todo, sem deixar nem

uma área de fora e tem como principal objetivo conhecer os setores e

departamentos onde há necessidade de treinamento.

Ele por si só já pode indicar alguns fatores que necessitam de

treinamento como, por exemplo, planos de expansão da empresa ou de

serviços, mudança de tecnologia ou processos de trabalho, relações humanas

deficientes, entre outras.

A segunda parte consiste na análise das tarefas, que tem como

objetivo determinar através de estudos o tipo de comportamento que os

colaboradores devem exercer para o eficaz desempenho das respectivas

atividades, assim como conhecimentos, habilidades e atividades requeridas.

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A última perna do tripé analítico proposto pelo autor compreende a

uma análise das pessoas, que pretende conhecer a que nível os colaboradores

portam conhecimentos, habilidades e atividades requeridas para o

desempenho das tarefas pertinentes a cada cargo.

Após a confecção do diagnóstico das necessidades de treinamento, Gil

(2001) propõe o planejamento de estratégias, capazes de sanar os reais

problemas da organização apresentados no diagnostico. A definição dessas

estratégias é apresentada através de planos e projetos.

Chiavenato (1999) acredita ser um processo educacional, onde o

individuo, ou colaborador, aprende ou desenvolve qualidades técnicas,

conhecimentos e habilidades não só para atender as exigências de ocupação

de um cargo específico, mas também para proporcionar uma alavancagem de

produtividade e eficácia do próprio cargo, contribuindo substancialmente para a

consecução dos objetivos organizacionais.

Carvalho (1999) afirma que o treinamento e desenvolvimento (T&D)

“pode até estar a serviço de alguma estratégia; entretanto, o fato mais

importante é que ele é a própria estratégia de competitividade da empresa”.

A gestão de pessoas deve ser parte integrante do planejamento

estratégico da organização e da própria estratégia, sendo a função de

treinamento e desenvolvimento o agente preparador e o motivador de

mudança dentro da organização.

Sendo capaz de promover a capacitação técnica dos colaboradores e,

ainda, proporcionar uma cultura comportamental motivando as pessoas a

alcançar os objetivos organizacionais. Deve ensinar a organização aprender, a

aprender. (CARNEIRO, 1999).

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As palavras de ordem no mundo organizacional contemporâneo são

inovações e competitividade. Expressões capazes de permitir às organizações

atuarem no mundo dos negócios ou determinarem o declínio e até a extinção

delas.

A má qualidade da educação fundamental no Brasil sangra os cofres

públicos em milhões e milhões de reais para a qualificação de trabalhadores

que, se devidamente alfabetizados, poderiam estar aptos para o trabalho com

um simples e rápido treinamento nas próprias empresas contratantes.

Segundo Dieter Brandt (2011), evidencia-se a deficiência da educação,

um antigo gargalo do Brasil. Portanto, a grande solução para o problema está

na melhoria da qualidade das escolas públicas.

No entanto, é necessário encontrar soluções rápidas, pois a demanda

do mercado é premente. Não há tempo para aguardar a formação de toda uma

nova geração de trabalhadores. Considerando-se que a partir de 2011 o País

já tivesse excelência na educação, os frutos seriam colhidos somente ao cabo

de quase duas décadas.

A criança ingressa no primeiro grau aos seis anos. No total, permanece

12 anos no Ensino Fundamental e no Médio. Entretanto, ao completá-los, com

17 ou 18 anos de idade, ainda não tem uma profissão. Faz mais quatro, cinco

ou seis anos de curso superior, dependendo da carreira escolhida, para, então,

ingressar no mercado de trabalho.

Seria muito interessante a possibilidade de o estudante formado no

segundo grau já ter uma profissão técnica, que lhe permitisse ingressar no

mercado de trabalho, continuar estudando e desenvolvendo sua carreira.

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Alternativa que mostra resultados efetivos é a que foi adotada no

âmbito do Sistema FIESP, em São Paulo: os alunos do Ensino Médio do

Serviço Social da Indústria (SESI) de São Paulo podem matricular-se, de modo

simultâneo, nos cursos técnicos do SENAI-SP, aprendendo uma profissão.

Outra solução bem-sucedida é a formação profissional propiciada

pelas empresas. Um exemplo é a Print Media Academy da Heidelberg (PMA).

Criada há 10 anos para difundir tecnologia, promover o adequado treinamento

dos profissionais das gráficas na América Latina e contribuir para a formação

profissional dos estudantes do SENAI-SP, a PMA São Paulo, é uma das

poucas do gênero em todo o mundo.

Com equipamentos de última geração, possibilita que os alunos da

Escola SENAI Theobaldo De Nigris e profissionais gráficos de todo o Brasil e

numerosos países latino-americanos tenham treinamento de alto nível, em

máquinas com tecnologia de ponta.

A reportagem publicada na Revista Melhor – Gestão de Pessoas,

Edição 283 (06/2011), também apresenta algumas estratégias adotadas pelas

empresas da construção civil, em que estão avançando na forma de atrair e

reter os empregados, como por exemplo, a Viapol, que atua no mercado de

impermeabilizantes e no desenvolvimento de soluções para o setor da

construção civil e diversos segmentos industriais.

Para isso, a empresa mantém diversificadas opções de cursos,

direcionados aos profissionais da construção civil, bem como, a varejistas,

representantes, distribuidores e consumidores finais. São palestras,

treinamentos, curso de formação de mão de obra e demonstrações de

produtos que visam levar informações sobre os itens fabricados pela empresa,

suas aplicações e benefícios.

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Os cursos são frequentados por engenheiros, aplicadores, balconistas

e vendedores, estudantes e profissionais de órgãos públicos e privados. Os

treinamentos, palestras e demonstrações de produtos ocorrem em revendas

de material de construção e de produtos especializados, em escolas e

universidades, entidades, construtoras e na unidade fabril da Viapol, em

Caçapava/SP, onde são realizados os cursos de Formação de Mão de Obra.

As próprias construtoras também têm avançado na adoção de

estratégias de formação, atração e retenção de mão de obra. A exemplo da

Rossi, que criou, no ano passado, um programa de incentivo aos

colaboradores para indicação de profissionais para as vagas em aberto,

denominado Profissional Amigo.

Qualquer funcionário pode indicar um amigo ou até parente para

trabalhar na empresa e ganha um vale-prêmio no valor de 150 reais caso a

pessoa apresentada seja contratada.

Há também oferta de desenvolvimento de carreira, que é uma das

estratégias utilizadas pelas empresas do segmento para reter seus talentos.

Como exemplo, podemos citar a Academia Rossi, que tem um programa

chamado Escola da Engenharia com uma série de treinamentos para

engenheiros, mestres de obras e pessoal administrativo, mas também oferece

oportunidades para serventes e pedreiros.

"Em nossa pesquisa de clima, que chamamos ''Opinião que

Transforma'', feita em novembro de 2010, de 950 respondentes, 60% disseram

que o motivo que os faz permanecer na Rossi foram as oportunidades de

crescimento e desenvolvimento profissional", destaca Renata Rossi, diretora

administrativa da construtora.

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Outro exemplo, que merece destaque é a construtora gaúcha Rotta

Ely, que também aposta no treinamento como ferramenta de retenção de

profissionais.

Segundo Thiago Rotta Ely, diretor de novos negócios, a empresa tem

se baseado em dois pilares de sua política de gestão de pessoas:

desenvolvimento profissional, oferecendo treinamento e capacitação; e gestão

do conhecimento, por meio de estímulo e geração de feedback constante por

parte da gerência.

"Os gerentes estão sempre próximos do pessoal operacional", ressalta.

Ely comenta que uma prática comum na construtora é a capacitação técnica,

feita nos próprios canteiros de obras por meio de procedimentos, instruções

técnicas e execução operacional, bem como orientação sobre segurança e

medicina do trabalho.

"Custa menos investir em segurança do que tratar o funcionário

acidentado, além do fato de que a produtividade do profissional está

diretamente ligada à qualidade do ambiente em que ele trabalha", atesta.

O trabalhador médio brasileiro, de acordo com a Confederação

Nacional da Indústria (CNI), tem seis anos de escolaridade, contra 12 dos

norte-americanos e europeus. Uma das alternativas para reduzir tal

disparidade é a educação continuada, pois possibilita que o profissional

capacite-se rapidamente e atenda às condições atuais impostas pelo mercado.

O Ministério da Educação criou, em julho de 2004, um organismo

específico para cuidar da questão: a Secretaria de Educação Continuada,

Alfabetização e Diversidade (SECAD).

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Os especialistas verificaram ser esta uma grande estratégia - e

também uma saída - para que o profissional possa manter-se empregado e a

empresa ganhe com o permanente aperfeiçoamento de mão de obra. A

acelerada competitividade exige que se faça isso nos quadros de recursos

humanos. Porém, a SECAD, que já funciona há quatro anos, precisa agilizar o

desenvolvimento das políticas públicas de incentivo à prática.

Segundo Fernando Augusto Trevisan, no meio corporativo, a educação

continuada pode ser provida de diversas maneiras, como em reuniões,

encontros e, trocas de experiências entre colaboradores, dentre outros. Para o

desenvolvimento de habilidades e competências, as empresas têm buscado,

cada vez mais, escolas de negócios que oferecem programas como cursos

intensivos e MBAs, em sintonia com as necessidades do mercado.

Em um artigo intitulado "A Educação continuada e as políticas públicas

no Brasil", Sérgio Haddad, economista e doutor em educação, comenta que,

anteriormente, sob a influência da UNESCO, este conceito remetia,

principalmente, à idéia da formação e aprimoramento profissional, além de

visar à adaptação do cidadão frente a um mundo em mudanças.

Nesse sentido, a educação continuada, na América Latina, para

Haddad, utiliza como referências, idéias produzidas pelo movimento de

educação popular, além das teorias ligadas aos direitos humanos. A educação

continuada, no entanto, não abre mão de uma boa base de escolarização,

principalmente aquela voltada à alfabetização e pós-alfabetização.

Hoje, um profissional que pretende alcançar seus objetivos, não pode

abrir mão de obter conhecimento de modo constante, além dos anos de estudo

que já possui.

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Participar de palestras, eventos e cursos e ler artigos relacionados à

sua atividade podem sim ajudar a evoluir em um mercado que, cada vez mais,

necessita de mais e mais pessoas sintonizadas com a realidade. Como disse

certa vez o educador Cristovam Buarque, "o diploma, assim como a carteira de

motorista, deveria ter prazo de validade".

3.2 - Avaliação de Desempenho

As empresas, independentemente de ofertarem produtos ou serviços,

agrupam atividades afins e consequência, as quais são necessárias para

atingir o objetivo fim do negócio e também as atividades de apoio, formando

assim os cargos.

Ao se fazer uma descrição desses cargos, Gil (2001) comenta que

“entre o desempenho real e o desempenho esperado costuma ocorrer um

hiato, que pode ser designado como discrepância de desempenho”.

Segundo Stoffel (2000) “antes, havia controle sobre as pessoas, agora

o controle é feito sobre as causas que impedem as pessoas de serem

produtivas”.

Chiavenato (1999) define dizendo que:

“...a avaliação do desempenho é uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa em função das atividades que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. A avaliação de desempenho é um processo que serve para julgar ou estimar o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa, e, sobretudo, a sua contribuição para o negócio da organização.” (CHIAVENATO, 1999, p. 188)

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Stoffel (2000) complementa dizendo que. a administração do

desempenho é uma metodologia gerencial que visa promover a consecução

das metas organizacionais e o desenvolvimento dos recursos humanos,

através de um processo participativo, dinâmico, contínuo e sistematizado de

planejamento, acompanhamento, avaliação e melhoria do desempenho.

Para Gil (2001) a avaliação de desempenho deve ser formulada

através de um sistema tecnicamente elaborado, para evitar que a mesma seja

feita de forma unilateral ou até superficialmente, auxiliando na identificação de

desempenhos indesejáveis, tornando-se, assim, possível:

f) Definir o grau de contribuição de cada empregado para a organização;

g) Identificar os empregados que possuem qualificação superior à

requerida pelo cargo;

h) Identificar em que medida os programas de treinamento têm contribuído

para a melhoria do desempenho dos empregados;

i) Promover o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos

empregados;

j) Obter subsídios para definir o perfil requerido dos ocupantes dos cargos;

k) Obter subsídios para remuneração e promoção;

l) Obter subsídios para elaboração de planos de ação para desempenhos

insatisfatórios.

Segundo Stoffel (2000) a avaliação integra a administração de

desempenho e ocorre após serem estabelecidas as metas e seus indicadores.

Tem como grande objetivo comparar o desempenho efetivamente realizado

com o desempenho esperado.

Para Martins (2002) as pessoas não desempenham os papéis que se

esperam delas ou até não superam as metas estipuladas, em sua maioria, em

função de que muitas vezes:

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a) Desconhecem as expectativas;

b) Não tem autoridade para fazê-lo;

c) A organização dificulta o trabalho;

d) O ambiente de trabalho cria obstáculos;

e) As fontes de informação são inacessíveis, mal desenhadas ou

inexistentes;

f) Elas são ignoradas por fazer o correto;

g) São recompensadas por fazer o errado;

h) Falta feedback;

i) Não sabem fazer o trabalho;

j) Não estão motivadas.

De acordo com Stoffel (2000) a avaliação de desempenho prevê

também outras consequências ao associar-se aos de mais subsistemas de

administração de recursos humanos. Seus resultados subsidiam o

recrutamento interno, a avaliação de potencial, o plano de carreira, o

treinamento (necessidade e avaliação), a segurança do trabalho, a

participação nos lucros ou nos resultados e, também, as promoções salariais.

Segundo Martins (2002) o resultado da avaliação deve estar disponível

ao avaliado e a seu superior imediato para que ambos possam propor um

plano de desenvolvimento. Deve estar disponível também para a área de

recursos humanos para que esta possa montar e organizar um plano de

desenvolvimento corporativo.

Chiavenato (1999) diz que tanto o colaborador quanto a organização

possuem a necessidade de saber como estão desempenhando suas

atividades para que possam conhecer suas potencialidades, seus pontos

fracos e pontos fortes e para que não corram o risco de caminhar às escuras.

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3.3 Remuneração

“A remuneração é atualmente o elemento mais importante nas

empresas, pois compensa, direciona, motiva e remunera o trabalho e a

contribuição das pessoas”. (WESTIN, 2002).

Para Chiavenato (1999) remuneração “é o processo que envolve todas

as formas de pagamento ou de recompensas dadas aos funcionários e

decorrentes do seu emprego”.

Conforme Chiavenato (1999):

“os processos de recompensar as pessoas constituem os elementos fundamentais para o incentivo e a motivação dos funcionários da organização, tendo em vista, de um lado, os objetivos organizacionais a serem alcançados e, de outro lado, os objetivos individuais a serem satisfeitos.” (CHIAVENATO, 1999, p. 219)

De acordo com Chiavenato (1999) “cada parceiro está disposto a

investir com seus recursos individuais na medida em que obtém retornos e

resultados dos seus investimentos”.

Chiavenato (1999) lembra que um programa de recompensas,

incentiva a contribuição das pessoas, mas eleva os custos laborais, por isso

deve ter seus aspectos básicos bem compreendidos e analisados para que

não seja mais um custo e sim uma ferramenta capaz de contribuir para a

estratégia organizacional.

Hipólito (2002) coloca que, tradicionalmente, o cargo é o instrumento

de referência que a empresa utiliza para remunerar os profissionais.

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Entretanto, esse modelo funcionava quando não se esperava de um

colaborador mais do que o bom desempenho no cumprimento de uma série de

tarefas competentes ao cargo.

Contudo, é uma metodologia frágil para se utilizar, pois ela não

recompensa deforma justa os colaboradores de acordo com o grau de

contribuição dada para a consecução dos objetivos organizacionais.

Para Westin (2002) a forma mais correta e coerente de remunerar e

recompensar os colaboradores na organização é através de uma política

variável, onde a remuneração está atrelada a estratégia e aos resultados

organizacionais.

Chiavenato (1999) divide a recompensa em financeiras e não

financeiras conforme figura a seguir:

Figura 1 – Divisão das recompensas financeiras, diretas e indiretas, e das recompensas não financeiras.

Fonte: (CHIAVENATO, 1999, p. 220).

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Westin (2002) define como componentes da compensação as

seguintes partes:

a) Salário Base

b) Incentivo de Curto prazo

c) Incentivo de Longo Prazo

d) Pagamentos especiais

e) Benefícios

Existem vários programas de recompensas como, por exemplo, os

incentivos de curto e de longo prazo. Todavia, nenhum programa isoladamente

– sem suporte de pesquisa, sem conteúdo, sem planejamento estratégico, sem

avaliação de mercado – é capaz de aumentar a produtividade ou a motivação.

Programas de incentivo, mais que aumentar resultados, tem a

obrigação de criar valor, trazer soluções produtivas, dilatar o comprometimento

dos funcionários com a organização (WAISMAN E ALMEIDA, 2002).

Para Xavier (2002) “remuneração variável é um programa variável com

base em resultados alcançados/superados de metas previamente

definidas/negociadas/contratadas com colaboradores e equipes.”

3.4 - Motivação

Para Bergamini (1997) antes da Revolução Industrial, a principal

maneira de motivar consistia no uso de punições, criando, dessa forma, um

ambiente generalizado de medo. Tais punições não eram unicamente de

natureza psicológica, podendo aparecer sob forma de restrições financeiras,

chegando a se tornar reais sob a forma de prejuízos de ordem física.

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As operações de trabalho foram se tornando cada vez mais simples e

roteirizadas, começando, em especial, pelo fracionamento dos cargos nas

linhas de montagem. Em lugar do clima de punição, adotou-se a crença de que

o dinheiro seria a principal fonte de incentivo à motivação. (BERGAMINI,

1997).

Para Chiavenato (2004) dentre os fatores internos que influenciam o

comportamento das pessoas, deve-se dar especial atenção à motivação. Para

se compreender o comportamento das pessoas, torna-se necessário um

mínimo conhecimento da motivação humana.

É difícil entender exatamente o conhecimento de motivação, uma vez

que tem sido utilizado com diferentes sentidos. De um modo geral, motivo é

tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo

menos, que dá origem a uma propensão a um comportamento específico.

Esse impulso à ação pode ser provocado por um estímulo externo (provindo do

ambiente) e pode também ser gerado nos processos mentais do indivíduo.

Nesse aspecto, a motivação está relacionada com o sistema de

cognição da pessoa. Ballachey; Crutchfield e Krech (1996) explicam que os

atos do ser humano são guiados por sua cognição – pelo que ele pensa,

acredita e prevê. Mas ao perguntar-se o motivo por que ele age daquela forma

está se entrando na questão da motivação.

A motivação funciona em termos de forças ativas e impulsionadoras,

traduzidas por palavras como desejo e receio. A pessoa deseja poder e deseja

status, receia o ostracismo social e as ameaças à sua autoestima. Além disso,

a motivação busca alcançar determinada meta, para cujo alcance o ser

humano gasta energia.

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Uma segunda proposta surge com Elton Mayo (apud BERGAMINI,

1997) que defende nova filosofia administrativa. Com ele percebeu-se a

importância de considerar a pessoa na sua totalidade. Pressupunha-se que a

melhor maneira de se motivar os empregados deveria caracterizar-se por forte

ênfase do comportamento dos mesmos.

Os administradores e supervisores passaram, então, a procurar fazer

com que os empregados sentissem a sua utilidade e importância pessoal no

trabalho. A estratégia administrativa deveria promover o reconhecimento do

valor de cada pessoa, além de buscar, de forma muito especial, a satisfação

das suas necessidades sociais (BERGAMINI, 1997).

Motivação é a força que estimula as pessoas a agir. No passado,

acreditava-se que essa força era determinada principalmente pela ação de

outras pessoas, como pais, professores ou chefes. Hoje, sabe-se que a

motivação tem sempre origem numa necessidade. Assim, cada um dispõe de

motivações próprias geradas por necessidades distintas e não se pode, a rigor,

afirmar que uma pessoa seja capaz de motivar outra (GIL, 2001).

Para os adeptos da Escola de Relações Humanas, os objetivos

motivacionais a serem perseguidos em situação de trabalho orientavam as

pessoas para se sentirem úteis e importantes.

Além disso, era necessário satisfazer ao desejo natural dos

trabalhadores de se considerarem parte integrante de um grupo social, sem

que fosse esquecido o reconhecimento individual a cada um deles. Estas

necessidades eram, por assim dizer, considerada como as mais importantes e

substituíam com vantagens o efeito das recompensas pecuniárias.

(BERGAMINI, 1997).

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Para Casado et al. (2002) a motivação tem sido um dos temas mais

estudados em gestão de pessoas e, mesmo assim, permanece um dos

aspectos mais preocupantes do cotidiano das organizações. Muito se fala

muito se tenta, e, na realidade, pouco se avança.

São inúmeras as opções para motivar os empregados, há muitos

investimentos em novos e retumbantes programas motivacionais e, passado

pouco tempo, volta-se à estaca zero. [...]. Ao que tudo indica, existe

disparidade entre o que se entende por motivação e o que se espera dela na

prática, ou seja, o que se pratica sobre motivação nas organizações está muito

distante da discussão e do entendimento conceitual dos estudiosos do

assunto.

3.5 - Algumas alternativas do mercado

A reportagem da Revista Exame (16/11/2011), apresenta algumas

alternativas para solução do apagão da mão de obra, como mudar o modo de

produzir, onde as empresas do setor da construção civil, por exemplo a MRV,

encontram maneiras de produzir mais com menos funcionários, conforme

exemplo citado pelo presidente da empresa:“Em 2008, a MRV precisava de 12

operários para erguer uma unidade de 44 metros quadrados em um mês. De lá

para cá, sua produção dobrou e a necessidade de mão de obra caiu 40%. ‘Isso

não é mágica’, diz Menin.

Nos 294 canteiros da MRV, o gasto com equipamentos, que não

constava sequer entre os dez maiores custos das obras em 2007, agora

representa o segundo item, atrás do cimento. Uma única máquina, uma

espécie de guindaste, substitui 20 homens na tarefa de transportar tijolos

dentro da obra

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Neste sentido, existem outros exemplos como aqueles adotados pelas

incorporadoras Brookfield e Rossi, que passaram a usar tecnologias como

paredes pré-moldadas, bastante utilizadas em economias onde há falta de

mão de obra e seu valor é muito elevado. O presidente da MRV reforça este

entendimento: “Estamos nos espelhando na China, onde as construtoras

erguem um prédio de 125 andares no prazo em que fazemos um de 20”, diz

Menin.

Outras soluções apontadas pela reportagem acima citada é “abrir a

torneira dos talentos e fechar o ralo”, que consiste em contratar pessoas

qualificadas, onde executivos das empresas ficam com a responsabilidade de

manterem uma lista de profissionais com perfil adequado e que possam ser

contratados com rapidez, cumprindo uma agenda mensal de encontros com

alvos no mercado, ainda que não exista a vaga disponível.

Bem como, “pagar pela fidelidade”, onde as empresas custeiam cursos

de formação profissional aos seus empregados e em troca estes assinam uma

espécie de contrato de fidelidade, em que se comprometem ficarem por um

período determinado na empresa e em caso de saída, há a restituição dos

valores gastos pelas empresas.

Uma das opções apresentadas é a inclusão das mulheres, pois no

mundo e no Brasil, as mulheres têm um tempo de escolaridade superior ao dos

homens. Elas estão mais nas universidades e nos cursos de doutorado. Mas

não é só nos postos com maior exigência de escolaridade que as empresas

incluem o trabalho feminino.

A progressiva inclusão das mulheres no mercado de trabalho é um

fenômeno mundial, são, portanto, mais aptas para encarar a economia

baseada no conhecimento. A massa salarial feminina, no mundo, cresce 8%

ao ano desde 2003.

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Segundo a Associação de Dirigentes de Empresa do Mercado

Imobiliário – DF (ADEMI-DF), a cada dia, as mulheres conquistam mais espaço

no mercado de trabalho e, atualmente, a força feminina tem aumentado sua

participação na construção civil. Em 2012, o número de mulheres no setor

cresceu 40%.

Segundo pesquisa divulgada pela Agência Estadual de Planejamento e

Pesquisas de Pernambuco - CONDEPE/FIDEM. Nem o barulho das máquinas

nem o espaço predominado por homens inibem a ascensão feminina e, hoje,

além de cargos de chefia, as mulheres também ocupam atividades

desempenhadas por pedreiros, armadores, serralheiros, carpinteiros, entre

outros.

Qualidades femininas, como perfeccionismo, organização, persistência

e dedicação, têm sido valorizadas na hora da contratação, aumentando o

interesse do setor por esse tipo de mão de obra. Considerando essas

características, os serviços mais minuciosos, como o rejunte, limpeza e

vistoria, são destinados às mulheres. Detalhes eu fazem toda a diferença na

finalização de um empreendimento.

Mas não do ao o acabamento final que ganhou um olhar mais

atencioso. As mulheres também são mais disciplinadas em relação ao sistema

de proteção e às regras de segurança no trabalho. Elas cuidam não só do que

estão fazendo, influenciando positivamente os demais profissionais. A

Além disso, elas são mais criteriosas e estão sempre em busca de

aperfeiçoamento profissional, por meio de processos de capacitação e

reciclagem de conhecimento.

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A ascensão do número de mulheres na construção civil começou em

2011 e, há três anos, vem conquistando cada vez mais profissionais,

ampliando os cargos exercidos. Até mesmo os salários, que, há pouco, eram

diferenciados, hoje, se equiparam.

Um estudo realizado pelo Instituto Votorantim, em parceria com o

Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getulio Vargas no Rio de

Janeiro, traçou um panorama dos desafios do setor da construção civil,

relacionando-os ao perfil dos trabalhadores e apontando caminhos para os

jovens quanto às oportunidades de inserção qualificada no mercado de

trabalho.

O estudo traz à tona uma questão fundamental para o Brasil, qual seja,

o aumento da demanda e a prosperidade na construção civil, relacionados aos

eventos esportivos e às obras de programas governamentais frente à

dificuldade do setor para atrair e reter profissionais.

E, o referido estudo parte da valorização da educação como elemento

fundamental e agrega análises e ferramentas de simulação, que apontam

caminhos de melhoria para o setor e para os jovens trabalhadores que buscam

uma inserção nesse mercado.

Sem conseguir suprir a demanda interna por mão de obra qualificada,

o governo publicou, em 16/05/2013, no Diário Oficial da União, duas

resoluções. A primeira facilita a emissão de visto de trabalho para estrangeiros.

A outra permite a concessão de visto temporário a estudantes de pós-

graduação que queiram trabalhar no país nas férias.

Com a nova regra, o tempo médio para emissão do documento cai de

30 para 20 dias. Também foram abolidas algumas exigências, como a

especificação do valor do salário. A medida do Conselho Nacional de

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Imigração faz parte do pacote de ações que o Executivo começa a adotar para

amenizar um apagão de profissionais especializados.

O gerente de Projetos da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE),

Marcelo Cerri, explica que a pasta, em conjunto com os ministérios das

Relações Exteriores, da Justiça e do Trabalho e Emprego, tenta modernizar o

marco legal que trata da situação dos estrangeiros no país. "A situação da

imigração, hoje, está crítica e exige mudanças urgentes. É isso que o conselho

está fazendo", diz.

Entre as alterações propostas está a regularização da situação do

estrangeiro que vem atrás de trabalho no Brasil. Hoje, ele desembarca com

visto de turista e, quando consegue emprego, é obrigado a retornar ao país de

origem para que a empresa dê entrada na documentação. "Queremos eliminar

essa necessidade de ir e vir, dar uma condição para que ele venha, procure

emprego e consiga o visto", explica.

Segundo reportagem publicada no Jornal Correio Braziliense

(18/05/2013), além de facilitar a vida do profissional, o governo também avalia

a melhor maneira para diminuir a burocracia para o empregador. Cerri explica

que a demanda por especialistas tem aumentado muito, mas as barreiras

travam as contratações imediatas.

O setor que mais se destaca é o de óleo e gás que, segundo ele,

requer uma mão de obra que não existe no país. "Essas empresas sofrem

prejuízos milionários sem esses profissionais. Eles saem das melhores

universidades, chegam ao Brasil e demoram pelo menos um ano para

conseguir validar o diploma", relata.

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Dados do Ministério do Trabalho mostram que, nos últimos três anos,

mais que quadruplicou a concessão de visto de trabalho para pós-graduados,

mestres e doutores. De 736 em 2010 passou para 3.186 em 2012.

Embora critique a proposta de facilitar a entrada de estrangeiros no

mercado de trabalho brasileiro, o professor do Departamento de Administração

da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Fernando Pinho reconhece que não

há outra solução de curto prazo para o país resolver o problema da falta de

mão de obra qualificada. "É uma vergonha porque, em vez de investir na

educação, o Brasil vai servir de válvula de escape para países em crise.

O país optou pela saída mais simples. Infelizmente, educação é um

problema estrutural, demora cerca de 18 anos para formar bem um

profissional. Se começarmos a fazer isso hoje, vamos levar quase duas

décadas para ter o profissional que precisamos atualmente".

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CONCLUSÃO

O Brasil cresceu economicamente nos últimos anos e isso acarretou

um fenômeno chamado de “apagão da mão de obra”, que quer dizer a falta de

mão de obra qualificada no mercado, esse crescimento poderia ter sido muito

maior, bem como o índice de desemprego caso houvesse um maior

investimento pela gestão pública na qualidade de ensino do país.

O apagão da mão de obra é um fenômeno complexo. Suas causas e

manifestações são múltiplas e específicas, impondo desafios grandiosos a

governos, empresas, instituições educacionais e sociedade civil em geral.

Atualmente existem algumas soluções alternativas para o problema,

mas nenhuma delas resolve definitivamente a questão e, sim, somente a

educação de qualidade é capaz de acabar com o problema da falta de mão de

obra qualificada no país.

É preciso ampliar o contingente de pessoas com cursos médios e

superiores, bem como oferecer educação de boa qualidade "se coloca como

mais crucial que a extensão de escolaridade para se buscarem ganhos de

produtividade".

Dispor de força de trabalho mais qualificada permite que as empresas

reduzam custos de produção, incorporem e desenvolvam tecnologias mais

modernas, adotem práticas ambientalmente responsáveis e implementem

padrões para reduzir as desigualdades e a pobreza.

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O fenômeno do apagão da mão-de-obra tem diversas implicações às

empresas e à sociedade. Em resumo, precisamos pensar em estratégias para

minimizá-lo, ou ainda, torná-lo uma oportunidade. Tal como a natureza do

problema, estas estratégias são múltiplas e multifacetadas, e passam por

enfatizarmos uma virada na qualidade da educação no Brasil.

Precisamos fomentar relacionamentos entre os agentes econômicos e

as instituições de educação e formação profissional. Temos que investir em

ciência e tecnologia, e avançarmos na universalização do acesso à educação

de qualidade, da pré-escola à pós-graduação.

Neste processo, as empresas devem reconhecer não somente a

necessidade de implantar estratégias de curto, médio e longo prazo para

minimizar os impactos do apagão, mas também, assumir sua responsabilidade

à transformação da sociedade.

Uma das soluções para suprir essa lacuna é o investimento em

profissionalização por meio de cursos técnicos específicos para o setor,

alternativa eficaz e com resultados em curto e médio prazo.

No processo de formação, há necessidade de focar os estudantes do

ensino médio, com as seguintes providências: questionar os jovens,

especialmente as mulheres, para entender por que poucos optam pelas

carreiras técnicas e criar programas para motivá-los a reverem essa postura;

aumentar o teor tecnológico no ensino médio com muita prática laboratorial.

Bem como, estimular a dignidade das profissões técnicas; criar centros

de excelência em ciências exatas onde os talentos sejam aproveitados e

incentivados, ofertar bolsas de incentivo a formandos selecionados para que

tenham acesso facilitado a cursos de nível elevado em universidades públicas;

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desenvolver um programa intensivo de melhoria do ensino de matemática e

ciências; reorganizar o currículo por áreas, não disciplinas.

Além de adotar novas estratégias de abordagem do aluno, incentivando

que aprendam fazendo; permitir que alunos de engenharia e engenheiros

formados lecionem cursos de física, química e matemática; instituir reforço

escolar no contra período das escolas públicas para ciências, matemática e

comunicação, ministrados por alunos bolsistas do ensino superior.

Com relação ao papel das universidades, os especialistas sugerem:

incluir temas ligados à ciência de serviços - ou seja, a dinâmica do

relacionamento com clientes e fornecedores - e à sustentabilidade nos

currículos das áreas técnicas; reduzir a quantidade de denominações de

diferentes modalidades de engenharia; recuperar cursos que não têm

qualidade adequada.

É preciso também, implementar progressivamente campus avançados

dos melhores cursos em cidades de porte médio."Se adotarmos programas

para melhorar os cursos de engenharia de modo a permitir que seu rendimento

passe dos 20% (de ingressantes que conseguem se formar) para 40%,

dobraremos a oferta de engenheiros", afirmou José Roberto Cardoso, diretor

da Escola Politécnica da USP.

Quanto ao papel das empresas foi sugerido: formar pessoas que

possam preparar outras; estabelecer parcerias com outras empresas e

instituições de ensino; aumentar o conceito de inclusão, contratando pessoas

sem todos os requisitos desejados, mas com disposição para aprender;

oferecer boas oportunidades de treinamento; abrir espaço para experiências

internacionais; acelerar o desenvolvimento dos profissionais.

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Podem, também, investir na formação de pós-graduados e PhDs; ofertar

bolsas de estudo para alunos de carreiras tecnológicas em larga escala;

financiar escolas de engenharia para melhorarem sua base laboratorial e de

tecnologia da informação e comunicações; apoiar programas voltados a

aumentar o rendimento de estudantes.Governo

A entrada de estrangeiros no país, anunciada recentemente, vai não só

atrair mão de obra qualificada, mas também incentivar o brasileiro a buscar

mais formação dentro e fora do Brasil com o objetivo de garantir seu espaço no

mercado.

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civil-esta-otimista-com-o-fim-do-periodo-chuvoso-no-acre/2499917/ Acesso em:

13 abr 2013.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................... 2

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 3

DEDICATÓRIA................................................................................................... 4

RESUMO ........................................................................................................... 5

METODOLOGIA ................................................................................................ 6

SUMÁRIO .......................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I CONSTRUÇÃO CIVIL: HISTÓRICO ........................................... 11

1.1 A Questão da Qualificação ........................................................................ 16

CAPÍTULO II ÁREAS MAIS AFETADAS ......................................................... 20

CAPÍTULO III IMPACTOS NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL E

POSSÍVEIS SOLUÇÕES ................................................................................. 36

3.1 Treinamento e Desenvolvimento ............................................................... 36

3.2 Avaliação de Desempenho ........................................................................ 45

3.3 Remuneração ............................................................................................ 48

3.4 Motivação ................................................................................................... 50

3.5 Algumas Alternativas do Mercado ............................................................ 53

CONCLUSÃO .................................................................................................. 59

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 63

WEBGRAFIA ................................................................................................... 66

ÍNDICE ............................................................................................................. 68