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AVM – FACULDADE INTEGRADA FACULDADE DE PEDAGOGIA CINEMA, UMA FERRAMENTA A SERVIÇO DA PEDAGOGIA. LILIA DE ANDRADE LEVY Orientador Prof. Ms. Fabiane Muniz da Silva RIO DE JANEIRO 2011 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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AVM – FACULDADE INTEGRADA

FACULDADE DE PEDAGOGIA

CINEMA, UMA FERRAMENTA A SERVIÇO DA PEDAGOGIA.

LILIA DE ANDRADE LEVY

Orientador

Prof. Ms. Fabiane Muniz da Silva

RIO DE JANEIRO

2011

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AVM FACULDADE INTEGRADA

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

CINEMA, UMA FERRAMENTA A SERVIÇO DA PEDAGOGIA.

Trabalho de conclusão de Curso

apresentado ao AVM - Instituto A Vez

do Mestre como requisito parcial para a

obtenção do título de graduado em

Pedagogia por Lília de Andrade Levy

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AGRADECIMENTOS

Às minhas duas Carlas, por trazerem a Educação de

volta na minha vida e me ensinarem a gostar tanto

de cinema.

Ao João Jardim, por usar a força do cinema para

neutralizar as fraquezas da educação brasileira.

À Vera Lúcia de Andrade Kameyama, que por ser

meu modelo e minha guia, me fez ser professora,

pela orientação cuidadosa na realização deste

trabalho. Obrigada irmã, pela verdadeira luz!

À D. Vera Werneck e toda a equipe do Colégio

Padre Antônio Vieira, pelo carinho com que

acolheram uma estagiária tão atípica.

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DEDICATÓRIA

Sabendo que minha vida é um filme,

dedico este trabalho a todo o elenco.

Agradeço à Academia, por ter me

agraciado com o Oscar em 80, 82 e 94,

pelas coproduções Miriam, Liliane e

Daniel.

Ao Claude, por me ajudar a escrever o

roteiro e desenvolver o enredo. Pena que

nosso filme saiu de cartaz, mas sempre

posso assisti-lo no DVD da memória.

À grande diretora, produtora e

patrocinadora de todas as minhas

realizações, Celima Andrade, por me

ensinar a viver e gostar tanto da vida.

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“Num filme, o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.”

Charles Chaplin

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RESUMO

No momento em que a escola repensa seu papel, diante do desafio das novas

tecnologias, surge a necessidade de buscar estratégias inovadoras, que tragam

abordagens pedagógicas inéditas e provoquem uma revitalização da dinâmica do ensino.

Um filme pode influenciar e ser lembrado por toda a vida. Esse é o ideal de todo o

educador - fazer com que a vivência escolar seja marcante e de tal forma significativa,

que permaneça e contribua positivamente na trajetória do indivíduo em seus caminhos

futuros.

Assim, consideramos pertinente apresentar o caso específico do projeto A Tela na Sala

de Aula, bem como analisar os resultados obtidos nas unidades escolares onde esta

experiência pedagógica ocorreu.

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METODOLOGIA

Para a elaboração do presente trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica embasada

em diversas fontes como documentos oficiais do Ministério da Educação e dos

Governos do Estado do Rio de Janeiro e São Paulo, além de autores como: Paulo Freire,

Morin, Belarmino Guimarães, Rosália Duarte, entre outros. Foi utilizada a pesquisa

webgráfica em sites e revistas virtuais de Educação, comunicação e mídias, além de

consulta a jornais e revistas especializadas.

O tema cinema e educação possui uma bibliografia bastante extensa. Assim, foi

necessário fazer um recorte que privilegiasse as estratégias educacionais recorrentes da

ida ao cinema com a turma, como é o caso da Tela na Sala de Aula, o estudo de caso

aqui realizado. Também buscamos encontrar um suporte no trabalho pedagógico por

competências, acreditando que o trabalho a partir de filmes pode ser um caminho seguro

para a realização desta vertente educacional. Finalmente procuramos respostas ao nosso

questionamento na literatura voltada para mídia-educação já que o cinema, entre as

todas as mídias, é a mais antiga, abrangente e resistente.

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Luz, Câmera, Ação! 14

1.1 Cinema e a educação, quando o sonho encontra o conhecimento 14

1.2 Uma câmera na mão, mil idéias na cabeça 16

1.3 A Magia do Cinema – Qual é o truque? 20

CAPÍTULO II – Num cinema perto de você! 25

2.1 A Tela na Sala de Aula – Estudo de caso 25

2.2 Antes de Assistir – Integração Curricular 34

2.3 O Caderno de Idéias – Cada filme, um projeto 41

CAPÍTULO III – Cinema é a melhor diversão! 45

3.1 A crítica - Avaliação do Projeto 46

3.2 O retorno – Desdobramentos de um filme de sucesso 48

3.3 O Happy-End – Cinema e Escola juntos no final. 52

CONCLUSÃO 57

ANEXOS 62

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 78

BIBLIOGRAFIA CITADA 83

FOLHA DE AVALIAÇÃO 87

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INTRODUÇÃO:

“Longe de qualquer problema, perto de um lugar-comum”.

Rita Lee e Roberto de Carvalho

É abrir um parêntese na vida. E penetrar surdamente, não no reino das palavras,

como sugere Drummond1, mas na escuridão de uma sala, no reino do som e da imagem

em movimento.

Despir-se do peso da existência para viver outras vidas, em outros tempos e

lugares. Acompanhar a trajetória do protagonista e com ele sofrer ou ser feliz,

superando dificuldades e saindo transformado. Quem gosta de cinema, sabe exatamente

o que está sendo descrito aqui. A sensação temporária de esvaziamento, de se deixar

levar com a projeção e esperar pelo inesperado, é uma experiência que transcende o

simples entretenimento, pois permite uma viagem pelos sonhos alheios e uma pausa na

luta diária. Identificação, estranhamento, descoberta, decepção, alívio e muitos outros

sentimentos que fazem esta experiência tornar-se marcante ou não, dependendo do

impacto provocado pelo filme.

Um parêntese na vida, também é o ingresso na escola. Deixar para trás todas as

referências anteriores, a família e a proteção da casa para penetrar num mundo ruidoso

de relacionamentos, fatos e descobertas. Aconteça o que acontecer, assim como nos

filmes, o aluno-protagonista sairá sempre transformado.

Quando uma criança está entregue aos seus pensamentos, constrói incríveis

suposições e assim como os cineastas, ela imagina coisas.

1 Poema Procura da Poesia - 1945

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Para BELLONI (1998, p.143), as crianças se apropriam e reelaboram “a partir de

suas experiências e integram-se ao mundo vivido no decorrer de novas experiências”. O

audiovisual é destacado ainda como “a mídia mais freqüentada e que transformou a vida

cotidiana de muitos povos e certamente o imaginário infanto-juvenil em escala

planetária” (p. 162).

Professores reunidos, no Seminário que antecedia o Projeto A Tela na Sala de

Aula, no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, refletiam e apontavam

semelhanças e diferenças entre o cinema e a escola. Algumas bastante visíveis e óbvias

– o retângulo do quadro de giz e o da tela, a disposição das carteiras, etc. No meio do

debate, aparecem outras descobertas, como o fato de no cinema a platéia permanecer

silenciosa e atenta e de por outro lado, não poder participar e interferir. Outra colega

lembra que na escola, ao contrário do cinema não se pode escolher a aula que se quer

assistir é impossível sair, como se faz quando o filme não agrada. E há, ainda, a

constatação assustada de uma professora - precisamos criar um filme por dia, para os

nossos alunos!

Seria a passividade dos espectadores uma vantagem? Quantas vezes desejamos

mudar o final de um filme? No caso da escola, podemos, através do diálogo, modificar

o roteiro e transformar o enredo em algo mais interessante e envolvente. Por outro lado,

como criar um filme por dia, sem cair na mesmice e ao mesmo tempo manter uma

saudável rotina e um controle sobre os resultados pretendidos? Até que ponto os

professores estão preparados para isso e interessados nesta missão?

Naquele mesmo seminário, era pedido aos participantes que relatassem suas

primeiras idas ao cinema e que lembrassem os filmes mais marcantes vistos na infância.

Era um momento muito especial em que as pessoas tinham muito prazer em descrever

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suas experiências. Elas lembravam a frequência em que iam ao cinema, quem as

acompanhava, quais e como eram as salas de exibição e até detalhes como as roupas que

vestiam e os lanches feitos na saída. A seguir, descreviam os filmes que viam e o

impacto que causavam. Ficava clara, a importância de alguns filmes na formação destas

pessoas e então aparecia a maior de todas as semelhanças. Alguns filmes, assim como

algumas aulas, são inesquecíveis e podem nos influenciar por toda a vida. A partir desta

e de muitas outras experiências vivenciadas durante o Projeto A Tela na Sala de Aula,

surgiu o desejo de analisar as diversas possibilidades de utilização do cinema como

recurso pedagógico.

Neste projeto, existente desde 2004 e que até a presente data levou centenas de

milhares de crianças de diferentes cidades brasileiras ao cinema, os filmes são o ponto

de partida para as atividades pedagógicas. O interesse despertado pelo filme e as

possibilidades que ele oferece se transformam em objeto de reflexão e estudo. O que se

pretende, ao canalizar as emoções despertadas em momentos de entretenimento, é

abordar assuntos do currículo escolar de uma forma descontraída e inovadora. Mais que

isso, enfocar temas que permitam a reflexão, incentivem a livre expressão, despertem a

consciência crítica, reforcem a noção de cidadania e a participação coletiva. O cinema

funciona como o elemento provocador de idéias que, aprofundadas pela mediação do

professor, leva à construção coletiva do saber. Aqui, há um encontro com a teoria

educacional, pois como propõe FREIRE (1997), pretendemos a utilização de temas que

tocam a emoção e “levam da reflexão à ação”.

Bons filmes, assim como bons professores, despertam a curiosidade através da

emoção e da imaginação e provocam o desejo de saber mais.

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A Revista Profissão Mestre realizou entrevista com o professor João Luís de

Almeida Machado, editor e articulista do website Planeta Educação, especialista em

Tecnologias de Informação e Comunicação em Educação e no uso do Cinema na

Escola, autor do livro “Na Sala de Aula com a Sétima Arte” sobre o trabalho com filmes

em sala de aula. Na entrevista, ele declara que:

Quanto mais utilizamos, dentro de projetos, recursos provenientes da produção artística e cultural, mais reforçamos as possibilidades de aprendizagem. O cinema, especificamente, transmite idéias através de diálogos, interpretação dos atores, figurinos, cenários, locações, músicas, efeitos sonoros, efeitos visuais... É muita riqueza, merece a nossa atenção, concede argumentos, abre espaço para debates, mexe com os sentimentos dos espectadores... Não dá para desprezar esse enorme potencial...

Em outra entrevista, concedida no mês de março de 2010, ao Jornal Tribuna do

Planalto, o mesmo professor, afirma:

O filme deve, desde o princípio do trabalho, ser apresentado como uma ferramenta educacional, que lega aprendizagem, sem que isso tire deste recurso perante os alunos, sua condição de instrumento de diversão, lazer e ludicidade. Com isso quero dizer que a meta é aprender sem descartar o encantamento e prazer relacionados à apreciação dos filmes. Nesse sentido, o filme entra na ação pedagógica como recurso que aumenta a possibilidade de aprendizagem por, literalmente, ser agradável e sedutor aos olhos dos estudantes. E, ao longo da ação educacional, o educador vai propor que, ao lado do filme, como contraponto ou ponto de apoio ao mesmo, se realizem paralelos, comparações, argumentações... Para tanto, dará aulas expositivas, pedirá leituras, proporá trabalhos e tarefas individuais ou em grupo, abrirá debates, fomentará reflexões... Dessa forma, creio, estará aumentando o interesse tanto pelos filmes quanto pelos saberes que traz a tona com auxílio dos mesmos!

No caminho inverso do que se costuma fazer ao utilizar o cinema como recurso

audiovisual, Inês Assunção de Castro Fernandes e José de Sousa Miguel Fernandes

organizaram uma coletânea de textos, com comentários sobre treze filmes, intitulada A

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Escola vai ao Cinema onde fazem algumas considerações bastante pertinentes e que

acrescentam pontos interessante ao debate sobre o assunto:

Também não se trata de “escolarizar” o cinema ou de “didátizá-lo”. Não estamos, e não queremos, concebê-lo e restringi-lo a um instrumento ou recurso didático-escolar, tornando-o como uma estratégia de inovação tecnológica na educação e no ensino. Ao contrário, por si só, porque permite a experiência estética, porque fecunda e expressa dimensões de sensibilidade, das múltiplas linguagens e inventividade humanas, o cinema é importante para a educação e para os educadores, por ele mesmo, independentemente de ser uma fonte de conhecimento e de servir como recurso didático-pedagógico como introdução à inovações na escola. Com isso não estamos dizendo que o cinema não ensina ou que não possa ser utilizado para tal.

É interessante também observar em outro contexto, o encontro de cinema e

educação no livro do crítico de cinema e escritor premiado David Gilmour, O Clube do

Filme. Ali, há um relato emocionado da experiência do autor com seu desinteressado

filho de 15 anos, que colecionava reprovações em todas as disciplinas. Destaco o trecho:

- A verdade - ele sussurrou - é que eu não quero nunca mais por os pés numa escola de novo. Meu estômago se revolveu. - Tudo bem, então. Jesse olhou para mim, atônito. Ele estava esperando que eu criasse um caso. Eu disse: - Só tem uma coisa. Você não precisa trabalhar, não precisa pagar aluguel. Você pode dormir até as cinco da tarde todos os dias se quiser. Mas nada de drogas. Se aparecer com alguma droga, nosso acordo está desfeito. - Tudo bem - ele disse. - É serio. Vou realmente castigar você, se começar a mexer com isso. - Certo. - Tem mais uma coisa - falei (estava me sentindo como o detetive do seriado Columbo). - O que é? - ele perguntou. - Quero que você assista a três filmes por semana, comigo. Eu escolho os títulos. Essa e a única educação que você vai receber. - Você está brincando - ele disse, após um momento. Não perdi tempo. Na tarde seguinte, sentei-o no sofá azul da

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sala eu à direita, ele à esquerda, puxei as cortinas e mostrei a ele Os Incompreendidos (1959), de François Truffaut. Pensei que seria uma boa maneira de apresentar os filmes de arte europeus, embora soubesse que ele provavelmente os acharia tediosos até que aprendesse como assistir a eles. É como aprender as variações da gramática.

Acompanhar os três anos em que o pai apresenta o que considera ser o melhor

do cinema ao seu filho e observar as reações do jovem, é aprender muito sobre o que se

levar em conta ao trabalhar com cinema em educação.

As referências teóricas deste assunto são muitas, estão nas palavras de

educadores, nos documentos oficiais que norteiam o currículo e sempre presentes em

trabalhos publicados a respeito de globalização, educação midiática e arte-educação.

Este estudo pretende enfocar algumas delas e relacioná-las às possibilidades de

trabalhar com projetos interdisciplinares e no ensino por competências, no primeiro

capítulo.

No segundo capítulo faremos a apresentação do projeto “A Tela na Sala de

Aula”, sua dinâmica e peculiaridades.

No terceiro serão enfocados os desdobramentos, as avaliações e as

possibilidades de cada educador adaptar filmes para o trabalho em sala de aula.

Estudar as variáveis, aprofundar as razões e conhecer os resultados desta

experiência é o que se pretende aqui, acreditando serem estas observações pertinentes e

oportunas, no momento em que a escola procura novos caminhos e soluções para seus

impasses e desafios.

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1. Luz, Câmera, Ação!

E, para tanto, deixamos que em nosso pensamento interajam e brinquem uns com os outros todos os recursos que dispomos: razão, intelecto, experiência, emoção, sensibilidade, sensualidade, intuição, senso de humor, cultura, crítica etc.

Antônio Cícero

O presente capítulo pretende oferecer uma visão da relação entre a escola e o cinema

através de fatos, idéias e pensamentos. A análise desta relação aborda referencias

teóricas que se cruzam com a prática de levar a tela para sala de aula, passa por

tendências educacionais, documentos oficiais norteadores, possibilidades de trabalho

pedagógico e finalmente, enfoca os aspectos subjetivos e a linguagem cinematográfica

que parecem ser ideais para atender às atuais demandas e conflitos da educação.

1.1 A luz, quando o sonho encontra o conhecimento.

LUCKESY (1986, p. 29) acredita que a expressão “o conhecimento é a elucidação

da realidade” é esclarecedora, já que a palavra elucidar provém de dois termos latinos: o

prefixo e, reforço e lucere, que significa “trazer a luz”. Por isso, a expressão “luz,

câmera, ação!”, que assinala o início da ação cinematográfica, foi escolhida para iniciar

este capítulo, que pretende elucidar a presença direta ou indireta do cinema em diversas

iniciativas e tendências pedagógicas. O cinema, este admirável centenário, com um

fôlego excepcional, resistiu bravamente aos tropeços da humanidade e parece estar

desde o início escondido na sombra por trás das teorias e tendências da educação. Ele,

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que mesmo antes de nascer parecia espreitá-la, agora volta rejuvenescido entre as novas

mídias que tanto a apavoram e a deixam insegura, como uma solução tranqüilizadora.

A luz está presente tanto na história do Cinema quanto na da Educação. As

primeiras experiências de imagem e movimento envolviam luz e sombra, assim como

eram sombrios os caminhos percorridos na Grécia Antiga, percorridos pelos pedagogos

que guiavam as crianças sem luz, os alunos. Nesta época, muito antes de ser inventado,

o cinema parecia já estar no pensamento dos filósofos. Quando PLATÃO (427 a.C. )

afirma, no livro Timeu, que “as sensações incitam o pensamento a transcender as

contradições”, parece estar se referindo a uma aula, com debates a partir de um filme.

SÓCRATES (Séc V a.C.) pretendia ajudar seus discípulos a dar luz às suas idéias, de

forma que pudessem, após analisar todo o contexto e passar por um forte rompimento

dos conceitos anteriores, progredir na aprendizagem e formular suas próprias respostas.

Exatamente como acontece quando acabamos de assistir a um filme instigante e

inusitado.

Os iluministas do século XVII, cuja denominação já diz tudo, trouxeram novas

luzes para o panorama educacional com suas noções libertárias e questionadoras. Para

RENÉ DESCARTES (1596-1650), é a partir da dúvida racional que se alcança a

compreensão do mundo. Mais tarde, HERBART (1776-1841) desenvolve a teoria do

interesse e conceito de “apercepção”, gerado a partir da noção de função assimiladora e

FROEBEL (1782-1852) diz que o papel do educador é não somente o de um guia

experiente, mas o de um sujeito ativo da educação.

No século seguinte, todos os refletores educacionais se voltam para JOHN

DEWEY (1859-1952) que rejeita a idéia de escola enquanto transmissora do saber

pronto e acabado e afirma que se deve ensinar a partir do pensamento reflexivo.

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Com Dewey chegamos ao Brasil, através de seu aluno, ANÍSIO TEIXEIRA (1897-

1970), de quem falaremos mais tarde, após uma viagem no tempo, pela relação do

cinema com a educação brasileira e pelo pensamento pedagógico brasileiro.

1.2 Uma câmera na mão, mil idéias na cabeça.

O cinema chegou ao Brasil, logo que foi criado, graças ao interesse tecnológico do

nosso Imperador Pedro II. Nas escolas, a novidade demorou um pouco mais, e quando

chegou, foi apresentada como um recurso a mais, para ilustração das noções ensinadas.

Ainda não se percebia a sua maior qualidade, a de ensinar, trazendo informação e

conhecimento.

Os mais velhos nos contam como começou essa aproximação da escola, então uma

velha dama, com aquele novo sedutor estrangeiro. Há o depoimento de uma pessoa de

96 anos, estudante na década de 20, que recebia ingressos para ir ao cinema,

semanalmente, por ser a melhor aluna da classe. Ficamos sabendo então que nesta

época, o cinema era considerado um prêmio para poucos merecedores. Ainda não havia

a ida ao cinema com a turma ou a exibição de filmes na escola, o que só passou a

acontecer durante o governo de Getúlio Vargas.

Em 1944 foi criado o Instituto Nacional do Cinema Educativo, uma parceria do

cineasta Humberto Mauro e de Roquete Pinto, grande incentivador da radiodifusão. O

objetivo da instituição era produzir filmes sobre fatos históricos nacionais. Também

eram feitos filmetes educativos como ilustrações das aulas, que ajudavam o professor no

lançamento de conteúdos curriculares. A iniciativa prolongou-se na década de 50, onde

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um manual, elaborado por LUIZ ALVES DE MATTOS2, relacionava os seguintes

objetivos do uso do material:

1. Reduzir o ensino puramente teórico, característico das aulas tipo conferência;

2. Promover uma melhor afinação entre o teórico e o prático na sala de aula;

3. Possibilitar ao professor se apropriar de uma nova ferramenta que se tornaria

indispensável para demonstração didática.

Nota-se que no Manual, há uma preocupação com o uso estritamente didático do

cinema, através desta recomendação: “o emprego dos recursos audiovisuais não deve

consistir motivo de aulas especiais, visa à concentração da exposição dos conteúdos”.

Na década de 1960, o governo norteamericano instituiu um programa educativo para

a América Latina. A iniciativa, que envolvia nomes como Nelson Rockfeller e Walt

Disney, tinha objetivos educacionais e pretendia uma aproximação entre os países. Na

época, foi considerada de caráter duvidoso, pois além de impor a cultura

norteamericana, apresentava produções estrangeiras, em detrimento da nossa indústria

cinematográfica. Ainda nesta década e no início da seguinte, iniciativas esparsas e

importantes ocorreram. Elas partiram dos próprios educadores, dos governos e

principalmente dos alunos, com a proliferação das cinematecas e cineclubes.

Influenciados pelo Cinema Novo e pelo cinema autoral europeu, os jovens buscavam o

aspecto reflexivo, na eterna busca pela “mensagem” em acalorados debates após a

exibição dos filmes. A ditadura militar coibiu essa saudável iniciativa e a partir daí as

idas ao cinema se limitaram a esforços de alguns dedicados educadores entusiastas da

sétima arte.

2 MATTOS, Luiz Alves de. Curso de técnica de ensino para docentes de escolas. Rio de Janeiro: CPDOC Fundação Getúlio Vargas, 1958.

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De volta de nossa histórica viagem, lembramos o olhar e as idéias dos pensadores

brasileiros, que também parecem estar falando de cinema quando projetam suas idéias.

Ainda em tempos imperiais, encontramos BENJAMIM CONSTANT (1836-1891) que

pregava o ensino laico e a liberdade no ensino, através da experimentação. RUI

BARBOSA (1849-1823), um homem à frente de seu tempo, pregou não só a liberdade

como a educação do corpo e do espírito. Rui tinha como lema: “Educação é a

preparação para a vida completa e a vida completa exige educação integral”.

Mas foi com Anísio Teixeira e LOURENÇO FILHO (1897-1970), através do

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova que a escola procurou se reformular e

rejuvenescer. É bem verdade que ela teve que esperar uns trinta anos até poder gritar: -

Ação!

A proposta da Escola Nova - trabalhar a partir do indivíduo considerando seus

interesses e potencialidades, através de atividades variadas e sempre respeitando as

diferenças individuais - só veio à tona com a Lei 5692/71de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional.

Enquanto isso, com Paulo Freire (1921-1997) e FLORESTAN FERNANDES

(1920-1995) a educação ganhou um novo estilo de pensar a realidade social e com

LUIZ PEREIRA (1933- 1985) a noção de ser dependente de problemas externos e a

idéia de ser um processo permanente de aperfeiçoamento humano.

E assim, de tendência em tendência, um pouco progressista e ainda bastante

cognitivista, a escola chega aos dias atuais com uma abordagem psico-social, que,

refletida em seus documentos oficiais, parece ter sido feita sobre medida para um

trabalho a partir do cinema. O maior de todos os documentos norteadores atuais, o

onipresente referencial “Parâmetros Curriculares Nacionais”, do Ministério da

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Educação (1997, p.10) que regulamentou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN) de 1996, estabelece como possibilidade para sua utilização no

Ensino Fundamental, entre outros, o seguinte objetivo geral:

“Identificar, produzir ou solicitar novos materiais que possibilitem contextos

mais significativos de aprendizagem”. Ainda em seus Princípios e Fundamentos,

preconiza: “O exercício da cidadania exige o acesso de todos à totalidade dos recursos

culturais relevantes para a intervenção e a participação responsável na vida social.”

Mas é no Vol.6, referente à Arte, ao abordar o tema fruição, que o documento parece ser

mais esclarecedor:

A emoção é movimento, a imaginação dá forma e densidade à experiência de perceber, sentir e pensar, criando imagens internas que se combinam para representar essa experiência. A faculdade imaginativa está na raiz de qualquer processo de conhecimento, seja científico, artístico ou técnico.

Ao estabelecer os temas transversais, se aproxima ainda mais das

potencialidades do cinema. Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e

Orientação Sexual, foram destacados por envolver problemáticas sociais atuais e

urgentes, considerados de abrangência nacional e até mesmo de caráter universal:

Não constituem novas áreas, mas antes um conjunto de temas que aparecem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória. A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os valores experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos e o contato intelectual com tais valores.

A ênfase no ensino por competências e a proposta de estratégias educacionais a

partir de Projetos interdisciplinares parece reforçar ainda mais a aplicabilidade do

cinema. Se antes se desejava transmitir conhecimentos disciplinares padronizados, na

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forma de informações e procedimentos estanques; agora se deseja promover

competências gerais, que articulem conhecimentos, sejam estes disciplinares ou não.

Nos PCN do Ensino Médio, quando se discute o ensino por competências,

notamos claramente a possibilidade de utilizar as competências gerais de diversas

disciplinas, tomando um filme como ponto de partida. Quando se espera que um aluno

seja capaz de: “Informar e informar-se, comunicar-se, expressar-se, argumentar

logicamente, aceitar ou rejeitar argumentos, manifestar preferências, apontar

contradições, fazer uso adequado de diferentes nomenclaturas, códigos e meios de

comunicação” temos um ponto comum que é, ao mesmo tempo, um ponto de partida

para projetos interdisciplinares.

Um filme é capaz de trazer os pontos de contato reais entre as disciplinas da área

e a partir desses pontos, podemos estabelecer as pontes e o trânsito entre as disciplinas,

que nem sempre se interligarão da mesma forma. Finalmente, é preciso identificar,

analisar e aproveitar as oportunidades de trabalho.

1.3 A Magia do Cinema – Qual é o truque?

Para BUCKINGHAM (2005) a mídia não é uma janela por onde podemos ver os

acontecimentos do mundo, mas um espaço que fornece canais por meio dos quais

representações e imagens do mundo são comunicadas indiretamente. O autor considera

como “mídia” todos os modernos meios de comunicação – televisão, cinema, vídeo,

fotografia, rádio, publicidade, jornal e revistas, CDs, jogos de computador e Internet,

incluindo também o livro, por tratar-se de uma “mídia” que nos dá uma versão ou

representação do mundo.

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Sendo a mais antiga das mídias, o cinema, por seus múltiplos aspectos e

recursos, parece ser a mais atual. Ele parece ter se perpetuado enquanto manifestação

cultural e sai inteiramente resgatado quando se percebe a pertinência de sua utilização

em documentos recentes que abordam a educação midiática.

Um destes documentos, o artigo de GURGEL (2009) é a comprovação deste

fato. Quando diz que “a cultura midiática não separa o sensível do inteligível; a

atividade reflexiva do entretenimento. A produção audiovisual nos espaços escolares

nos remete à dimensão emotiva, ao imaginário e às mitologias da nossa época,

introduzindo elementos perturbadores às disciplinas clássicas.” A autora fala de todas

as mídias mas parece estar especificamente abordando o cinema e sua capacidade de

desarrumar velhos conceitos e oferecer novas alternativas. Mas adiante a autora fala do

vídeo, que por ser algo feito com uma câmera e posteriormente assistido, nada mais é

que o cinema chegando e dominando a revolucionária Internet.

O vídeo constitui uma ferramenta e um dispositivo pedagógico importante para os adolescentes por sua capacidade de visualizar os próprios conflitos e o dos outros, por sua ludicidade e tecnicidade e por permitir a participação de todos, ainda que alguns se situem atrás da câmera, protegidos da emoção ou do choque de um confronto direto com o outro e/ ou com a sua cultura. Por mais paradoxal que isto possa parecer, uma negociação permanente de produção de linguagem torna-se possível com a mediação da câmera.

Ainda que presente, no ideário educacional, o cinema ainda não foi naturalmente

assimilado pela educação. Existente há várias décadas, seu uso pedagógico ainda é

considerado uma inovação, nem sempre aceita pelo professorado que em muitos casos,

não consegue aproveitar as inúmeras chances de utilização como meio facilitador de seu

trabalho.

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Para MARTIN-BARBERO (2000, pp.94-96) “a difusão de conhecimento é uma

das questões mais importantes que a Comunicação propõe hoje para a Educação.”

Ainda acrescentam:

No nosso sistema escolar, constata-se que não só existe o preconceito com relação à oralidade cultural, como também com relação à cultura audiovisual: uma atitude defensiva diante do desafio de reconhecer um novo ecossistema comunicativo, no qual emerge outra cultura, com novos modos de ler, ver, pensar e aprender.

MENEZES3, em artigo para a Revista Brasileira de Ciências Sociais tece

considerações entre o real e o inventado e no compromisso dos filmes documentários. A

seguir, faz uma interessante observação a respeito dos filmes, quando afirma que “todo

o filme é uma ficção não por ser uma criação da imaginação, não por ser uma invenção,

mas por ser um ficcio, que, além de significar invenção, significa também ato de

modelar, formar, criar.” Esta observação nos leva a uma análise da linguagem

cinematográfica e suas especificidades. As considerações mais interessantes vêm, como

observado anteriormente dos textos referentes ao tema midiático. COUTINHO e

QUARTIERO4 afirmam que a mídia encena uma “nova moralidade objetiva”,

prescritiva, que cria identidades culturais e negocia com o instituído ao reiterar o

familiar e tradicional, mas também ao propor mudanças. Ainda destacam o pensamento

de SODRÉ (2006), que em uma linha de pensamento crítico quanto ao lugar e poder dos

meios de comunicação de massa na sociedade atual, defende que vivemos um cenário

de midiatização das relações sociais, em que as pessoas, cada vez mais, se realizam

sendo audiência. Paralelo a isso diminui a mediação de instituições formadoras

3 Revista Brasileira de Ciências Sociais Print version ISSN 0102-6909 Rev. bras. Ci. Soc. vol.18 no.51 São Paulo: Fevereiro, 2003. 4 COUTINHO & QUARTIERO, Lídia Miranda e Elisa Maria. Cultura, mídias e identidades na Pós-modernidade Florianópolis: v. 27, n. 1, 47-68, jan./jun. 2009

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tradicionais como a família, a escola e os grupos de pertença, substituídas pelas

“tecnomediações”.

Para SODRÉ, In COUTINHO e QUARTIERO, (1973, p. 60),

O que os audiovisuais favorecem, mais do que os meios escritos ou sonoros são os processos de projeção (o receptor desloca suas pulsões para os personagens do vídeo), identificação(o receptor torna-se inconscientemente idêntico a um personagem no qual vê qualidades que gostaria ou julga que lhe pertençam) e empatia (conhecimento que o receptor tem do comunicador, colocando-se mentalmente em seu lugar).

Outra interessante observação das autoras é a respeito da Teoria dos modos de

endereçamento, proveniente dos estudos de cinema: “segundo ELLSWORTH (2001),

que analisa o processo de feitura e de recepção de audiovisuais sob uma ótica ampla que

envolve as dinâmicas sociais e as relações de poder. Essa definição aproxima-se muito

do viés analítico dos estudos latino-americanos, segundo os quais a recepção é

influenciada pela sociabilidade e identidades culturais dos indivíduos.”

MARTÍN-BARBERO (2006) destaca as mediações, estruturantes e múltiplas,

que incidem nos processos comunicativos e os compõem, orientando as produções de

sentido. A teoria dos modos de endereçamento tem em comum com a teoria latino-

americana da recepção o fato de considerar que a recepção opera sob influência de uma

rede de experiências, textos e contextos, provenientes de âmbitos diversos, das

vivências individuais e coletivas.

Voltamos à MENEZES, pois o fechamento de seu artigo é brilhante e oportuno,

quando cita FOUCAULT , “afinal, é esta a tarefa de uma história do pensamento por

oposição à história dos comportamentos ou das representações: definir as condições nas

quais o ser humano 'problematiza' o que ele é, e o mundo no qual ele vive”

(FOUCAULT, 1985, p. 14).

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Muitos outros pensamentos e idéias estão à nossa disposição e ao nos defrontarmos com

algumas, fica bastante claro, qual é o truque para aproveitar a magia do cinema,

incorporando-a em nossa prática educacional. O segredo é não esconder e sim exibir,

não calar e sim falar e antes de tudo não reproduzir, mas imaginar.

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2. Num cinema perto de você!

“O cinema, como o samba, “não se aprende no colégio”, como dizia Noel Rosa. Mas o uso escolar do cinema pode trazer para a escola a experiência de ver um filme, analisá-lo, comentá-lo, trocar idéias em torno das questões por ele suscitadas. Não se trata de “aprender cinema no colégio”, mas de aprender a pensar o mundo por uma das experiências culturais mais fascinantes e encantadoras dentro de uma instituição que tem muito a oferecer.”

Marcos Napolitano

Neste segundo capítulo, faremos um relato das experiências do projeto A Tela na

Sala de Aula, uma programação especial paralela ao Festival Internacional de Cinema

Infantil que é oferecida aos professores interessados na utilização do cinema como

instrumento de apoio à educação. Eles selecionam o filme mais adequado, agendam a

visita e assistem ao filme com seus alunos. Na volta à sala de aula, realizam as

atividades que forem julgadas convenientes e adequadas às necessidades da turma.

Através desta análise, teremos uma visão do que foi realizado nos últimos sete

anos, num projeto nascido a partir de um simples texto e que chegou à marca de

700.000 participantes. São alunos e professores da Educação Infantil ao Ensino Médio,

provenientes das mais diversas partes do país, muitas vezes em cidades que a maioria

das pessoas nunca ouviu falar, mas que foram juntos ao cinema e a partir das

possibilidades oferecidas pelos filmes, vivenciaram o processo de ensino-aprendizagem

de uma forma alternativa.

2.1 A Tela na Sala de Aula – Estudo de caso

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Não há como falar da Tela na Sala de Aula sem antes abordar o Festival

Internacional de Cinema Infantil, o FICI. Lançado em 2003, por iniciativa da produtora

Copacabana Filmes, o FICI foi o primeiro evento nacional de cinema dedicado ao

público infantil. A iniciativa tem como objetivo estimular o hábito de ir ao cinema,

visando a formação de platéias futuras e o gosto por um cinema com elementos estéticos

e artísticos, diferenciados da filmografia oferecida freqüentemente pelos meios de

comunicação de massa, ao público infantil.

A programação oficial da primeira edição apresentava, às crianças brasileiras,

dez filmes dublados oriundos de países distantes como Dinamarca, Noruega, Bélgica,

Holanda, Alemanha, Espanha, Finlândia e Argentina.

O cinema brasileiro estava representado por Renato Aragão, grande

homenageado do Festival com a reprise do filme Saltimbancos Trapalhões, na pré-

estréia do filme Ilha Ra-Tim-bum em O Martelo de Vulcano e nos curtas nacionais da

sessão 5x Animação.

A escola e o FICI caminharam juntos desde o início, pois já havia um convite

especial pra os educadores, que entrassem no site e agendassem suas idas ao cinema.

A autora deste trabalho foi então convidada para fazer uma consultoria

pedagógica. A organização do FICI solicitou a criação de um texto sobre cinema e

Educação com uma abordagem pedagógica dos filmes que seriam exibidos. O texto, que

parecia representar um desejo coletivo, teve grande aceitação, inclusive por parte dos

participantes internacionais e está anexado5, porque reflete o espírito da Tela na Sala de

Aula, antes mesmo de ser assim denominada.

5 Anexo1

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Para a segunda edição, em 2004, não bastavam apenas os breves comentários

sobre as possibilidades de aproveitamento pedagógico dos filmes, já que a Prefeitura da

Cidade do Rio de Janeiro, numa iniciativa bastante louvável, adquiriu antecipadamente,

cinco mil ingressos para os alunos de sua rede escolar. Foi necessário então, criar um

modelo para as exibições e um material de apoio pedagógico para cada filme exibido.6

E foi deste modo que as organizadoras do 2º FICI, anunciaram orgulhosamente o

nascimento da Tela na Sala de Aula, em seu catálogo oficial:

Nesta edição do Festival Internacional de Cinema Infantil , em uma afinada parceira com a Secretaria Municipal das Culturas/ Riofilme , levaremos às salas do Cinemark crianças das escolas da Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro, numa programação especial, de 23 de Agosto a 19 de Novembro. Preparamos com muito carinho o projeto A Tela na Sala de Aula , com o firme objetivo de formar os pequenos espectadores a partir de seus próprios aprendizados e suas emoções quando em contato com a grande tela.

No site oficial do Festival7, ainda hoje em exibição da Internet, A Tela na Sala

de Aula possuía um link próprio, onde era assim apresentada, nas palavras desta autora:

Em 2004, o Festival Internacional de Cinema Infantil visitará 8 cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, preparamos uma Programação Especial para Escolas para inserir a grande tela na sala de aula, com sugestões de atividades que integram a magia do cinema a conteúdos pedagógicos. Serão exibidos nas salas do Cinemark oito filmes de qualidade adequados a alunos de 4 a 12 anos da Rede Pública Municipal. Mundos, países, sonhos, paisagens, histórias tão diversas como nossa imaginação pode produzir, estão nos filmes Floresta Mágica, Músicas no Mundo da Criança, Micaela - Um Filme Mágico, Rolli - na Terra dos Elfos, Ficção Científica, Bicicletas de Bellevile e Espelho D´Água - Uma viagem no Rio São Francisco Um passeio com a turma é sempre um instrumento renovador das relações na sala de aula. Por isso, é o que as crianças mais gostam de fazer. Se esse passeio for em um shopping e para ir ao cinema, melhor ainda. Mas como selecionar o filme, saber se há qualidade e adequação? Como aproveitar a vivência de

6 Anexo 2 7 Anexo 3

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uma criança frente a uma tela de cinema? O que no filme ficará efetivamente na memória e na formação das nossas crianças? Em nossa Programação Especial para Escolas, você tem a certeza de estar assistindo a um filme selecionado, entre outros bons motivos, pela possibilidade de oferecer integração aos conteúdos curriculares. As crianças que participarem terão a oportunidade de assistir a filmes que permitem a realização de atividades escolares enriquecedoras e originais. A conversa de quem sai de uma sessão de cinema é sempre instigante e por isto nos dedicamos a tarefa de convidá-los a uma reflexão sobre estes 7 filmes, relacionando-os com sugestões de atividades pedagógicas. Partindo do prazer em compartilhar impressões e opiniões sobre os filmes, essas atividades têm o intuito de aproveitar o interesse sobre os diversos aspectos observados e oferecer uma abordagem diferente da habitual. Foram elaboradas de acordo com o documento Parâmetros Curriculares Nacionais, produzido pela Secretaria de Ensino Fundamental do Ministério da Educação em 1998 e baseadas, principalmente, na minha experiência de muitos anos como professora do ensino fundamental. Como o próprio nome diz, são apenas sugestões, devendo ser selecionadas e adaptadas à sua realidade. Uma mesma atividade pode integrar-se a várias disciplinas, desenvolvendo diferentes habilidades. Do mesmo modo, podem existir atividades sugeridas para os demais segmentos que serão igualmente apreciadas e convenientes. Analise, selecione e utilize o que mais lhe agradar. Dentre as atividades do Festival, a mais gratificante, é a de podermos oferecer, à algumas crianças, a primeira ida ao cinema. Mesmo que esse não seja o caso de seus alunos, eles poderão ter também uma oportunidade única: a de compartilhar a opinião sobre o filme com todos os seus colegas e o professor. Espero ter colaborado para o desenvolvimento do seu trabalho. Um abraço da colega, Lília Levy.

A seguir, estava a orientação para obter o material: “Clique aqui para baixar as

Sugestões de Atividades relacionadas aos filmes em formato PDF ou com o botão da

direita para salvar em seu computador (1.3 MB)...”

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Os filmes foram e ainda hoje são traduzidos para o português e dublados, uma

contra-partida oferecida aos produtores internacionais pela autorização para exibição

dos filmes no Festival e na Tela na Sala de Aula e que significa o acesso ao enorme

mercado brasileiro.

A parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro se repetiu em 2005, quando foram

disponibilizados mais de dez mil ingressos para as crianças da rede municipal no

período de realização do Festival e nos meses de outubro a dezembro. A duração do

projeto, em suas primeiras edições foi bastante extensa e mais tarde passou a ter outro

formato. Durante o Festival Internacional de Cinema Infantil, os filmes inéditos são

apresentados em dois fins de semana consecutivos e nos dias de semana entre eles, a

programação A Tela na Sala de Aula acontece, com a exibição de filmes apresentados

nos anos anteriores.

Em 2006, a Tela saiu pelo Brasil e seu Catálogo recebeu o nome de Caderno de

Idéias. Este caderno apresentava sugestões de atividades para 15 filmes e tinha uma

nova e belíssima diagramação, que permanece até hoje. A programação foi mantida no

Rio de Janeiro e ampliada, chegando às cidades de São Paulo, Belo Horizonte e

Brasília. Além disso, 600 kits educativos contendo dez filmes em fitas de videocassete e

o material de apoio pedagógico da Tela na Sala de Aula foram distribuídos em cidades

do interior do Brasil onde não havia salas de projeção. Assim, chegamos à lugares como

Trindade (PE), Caaporã (PB), Pirajú, Angatuba e Conchal em São Paulo. Este projeto,

patrocinado por uma grande empresa brasileira, era uma forma de prestigiar as cidades

onde estavam as suas empresas coligadas e se chamava Ensino em Cena. Além dos kits,

as cidades ganhavam exibições de filmes em locais públicos, recebiam os diretores de

cinema, autores dos filmes exibidos e seminários sobre cinema e Educação,

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programados e realizados pela autora deste trabalho. A experiência foi muito especial e

surpreendente e a iniciativa, muito bem recebida pelos educadores locais.

A Tela na Sala de Aula chegou a 2007 com números impressionantes. A

previsão era alcançar um total de 45 mil alunos durante o Festival, o que faria com que

ao o final do ano o projeto totalizasse 200 mil participantes. O acervo de filmes era

composto por 17 produções com mais de 500 sugestões de atividades e além dos

franceses T’choupi, Loulou e Outros Lobos, As Aventuras de Azur e Asmar , O rei e o

pássaro, A profecia dos Sapos, do dinamarquês/ francês O menino que queria ser urso,

dos alemães Bibi a Bruxinha e O Ladrão de Hozenplotz, do finlandês/ sueco Homem

Pelicano e o holandês Um presente para Winky. A tiragem do Caderno de Idéias, 5000

exemplares, dava uma noção aproximada da quantidade de educadores participantes. O

projeto atendia também às ONGs e projetos sociais, além de escolas da rede pública e

particular.

Durante o mesmo ano, o Centro Cultural do Banco do Brasil de Brasília realizou

um projeto com escolas de Brasília e da periferia onde, após assistirem a um seminário

com esta autora, professores compareciam com suas turmas e assistiam a um dos filmes

da Tela na Sala de Aula que consideravam adequados para seu trabalho pedagógico. O

projeto permitiu o acesso gratuito de 32.400 alunos em seis meses de atividades. Eram

apresentados dois filmes por mês: um para crianças menores e outro para jovens até o

ensino médio. Alguns filmes do acervo foram adaptados e outros, como as produções

nacionais Janela da Alma, Memórias Póstumas e Carlota Joaquina, Princesa do Brazil,

tiveram sugestões criadas especialmente para o projeto, fazendo com que a Tela na Sala

de Aula chegasse ao público do Ensino Fundamental 3º e 4º graus e Ensino Médio. Os

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professores recebiam o Caderno de Idéias sobre o filme e os alunos, um jornalzinho

com informações e diversões ligadas ao filme que iriam assistir.8

Em 2008, novos filmes foram adaptados para a tela. Os nacionais Minha Vida de

Menina e O ano em que Meus Pais saíram de Férias, atendiam à demanda de público

do Ensino Médio, enquanto os documentários Bambi Africano, holandês e o francês A

Marcha dos Pingüins traziam o mundo animal, com suas incríveis oportunidades de

trabalho pedagógico, para a sala de aula. As animações Desmond e a Armadilha do

Monstro do Brejo (Suécia), Putz, a Coisa está Feia (Dinamarca, França, Alemanha) e

Garoto Cósmico (Brasil) eram destinados ao público dos primeiros anos do ensino

fundamental e o belga Jogada Decisiva parecia ter sido feito especialmente para os

meninos brasileiros, pois além de contar a história de um pequeno jogador de futebol,

citava e exibia cenas com Garrincha, nosso craque imortal. Filmes de todas as

procedências e gêneros estavam sempre chegando e enriquecendo o acervo.

Ainda neste ano, novamente uma grande empresa se interessou pelo nosso

material e desta vez foram confeccionados 500 kits com dez filmes em DVD que

chegaram aos alunos de Minaçú (GO), Cachoeira (BA), Cabaceiras do Paraguassú

(BA), Bom Jesus da Lapa (BA), Imperatriz (MA), Samambaia (DF), Assu (RN) e

Goiana (PE) e foram entregues durante um seminário onde havia troca de idéias,

exibição de filmes e levantamento das possibilidades de trabalho a partir de cinema e

análise do material pedagógico que acompanhava os kits. Também foi feito um filme,

parte integrante dos DVDs, para capacitação à distância de professores de outras

cidades menores e mais distantes, que apesar de receberam os kits, não podiam se

deslocar até os pólos de reunião. Os seminários foram muitos bem aceitos tanto pelos

8 Anexo 4

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educadores como pelas autoridades locais que fizeram questão de se superar na

organização dos eventos.

Estes projetos, que nos levaram até locais muito remotos nos proporcionaram a

seguinte constatação: um bom professor é bom, em qualquer lugar. Independente do

modo como falam e vivem e do local onde atuam, os bons profissionais, ainda que em

escolas carentes de recursos, realizam seu trabalho da melhor forma possível e estão

sempre dispostos a investir em propostas enriquecedoras.

Em 2009 foram 59.126 alunos presentes nas sessões da Tela na Sala de Aula,

nosso recorde absoluto. O projeto esteve no Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo,

Campinas, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Aracajú e Recife.9 Em algumas cidades

foi aquele gostoso reencontro anual, aguardado por educadores já acostumados a levar

os seus alunos e a trabalhar com nosso material pedagógico. Outras, como Salvador,

Recife e Aracajú recebiam A Tela na Sala de Aula pela primeira vez, com muita

curiosidade e entusiasmo.

Estes emails recebidos refletem esta boa receptividade:

“É com muita alegria que parabenizo a equipe de produção do Festival Internacional

de Cinema Infantil. Os alunos das escolas municipais de Salvador tiveram, na sua

grande maioria, a primeira oportunidade de ir ao cinema e assistir filme de qualidade.

Parabéns!”

MBH, de Salvador, através do nosso fale conosco.

“Pode parecer pouco para vocês, mas se tivessem a oportunidade que tive hoje, de

ouvi-los relatando a experiência com euforia, felicidade, alegria e entusiasmo, veriam o

quão foi grande este fato que, com certeza, deixará marcas para o resto de suas vidas.

9 Anexo 5

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Recebam os meus sinceros agradecimentos, em nome de toda a equipe do Centro

Municipal de Educação Infantil Hosannah de Oliveira.”

CS, Gestora do Centro Municipal de Educação Infantil Hosannah de Oliveira, de

Salvador.

Em 2009, para nossa grande satisfação, o filme O Segredo de Kells, indicado

para o Oscar de melhor filme de animação, foi lançado no Festival e ao mesmo tempo

na Tela na Sala de Aula. O filme, coprodução irlandesa, belga e francesa, foi uma obra

aberta, típica destes tempos de globalização e trabalho colaborativo na internet e contou

com a participação de animadores de todo o mundo, inclusive do Brasil. O Segredo de

Kells explora os segredos da cultura celta que interessam tanto aos adolescentes em

videojogos músicas e tatuagens, quanto costumam ficar excluídos das atividades

pedagógicas. Outra riqueza, trazida de bem longe, é Histórias Preciosas, que apresenta

contos e lendas do folclore russo, através de desenhos animados criativos e divertidos.

Nos últimos dois anos A Tela na Sala de Aula continuou crescendo e

acompanhando o FICI. Enquanto na edição de 2010 o Festival Internacional de Cinema

Infantil, exibiu mais de 100 títulos de 22 países diferentes para 83.725 espectadores, a

Tela na Sala de Aula, convidou 43.087 alunos de escolas públicas do Rio de Janeiro,

Niterói, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte e 7000 alunos de Aracajú,10 que assistiram

gratuitamente a um dos 19 filmes disponíveis.11

A expectativa, para o 9º FICI em 2011, é alcançar a marca dos 700 000 alunos e

educadores participantes.

Outras informações do relatório 2010:

O projeto conta com a parceria das secretarias estaduais e municipais de educação das cidades envolvidas, além da

10 Anexo 7 11 Anexo 6

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participação de instituições e projetos sociais, como Viva Rio, Associação de Assistência ao Adolescente, Associação Beneficente Sagrada Família, Obra Social da Paróquia de Santa Cruz de Copacabana, Afroreggae, Associação Pela Família, Casa Hope, Projeto Missionário Vila Capriotti, Ação Social Paula Frassinette, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e Grupo Comunidade Assumindo Suas Crianças (GCASC), dentre outros. O acordo entre o 8° FICI e Centre National du Cinema et de l’Image Animée (CNC) possibilitou que a exibição de cinco filmes do programa do CNC: Collège au Cinéma e École et Cinéma, cedidos pela Cinemateca da Embaixada da França no Brasil. Os filmes foram exibidos em nossa programação especial.

O acervo de filmes da Tela na Sala de Aula continua sendo renovado, para que

as turmas que retornam em anos subsequentes possam encontrar outras opções. Alguns

filmes foram retirados da programação em virtude da não renovação do contrato de

direitos. Os novos filmes não param de chegar e com eles muitas outras possibilidades

de trabalho pedagógico.

Esta é a trajetória da Tela na Sala de Aula, que certamente ainda tem outros

caminhos a percorrer em muitas viagens de exploração da riqueza inesgotável do

cinema, sempre refletindo sobre os desafios da educação e tentando superá-los.

2.2 Antes de Assistir – Integração Curricular

Em Brasília, as crianças, além de fazerem atividades relacionadas aos filmes,

queriam saber mais sobre o Cinema, O professor fez um levantamento das questões e

enviou o seguinte email para o Fale Conosco da Tela na Sala de Aula:

“PROJETO CINEMA - O QUE QUEREMOS DESCOBRIR?

1. Como são feitos os filmes?

2. Quantos cinemas têm no Brasil?

3. Quantos filmes brasileiros já foram feitos?

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4. Quantos cinemas têm no mundo? Qual é o mais famoso?

5. Qual a melhor atriz e o melhor ator de cinema?

6. Qual o filme mais assistido no mundo?

7. Qual o diretor fez mais filmes até hoje? E quantos filmes ele fez?

8. Quando surgiu e quem inventou o cinema?”

Turma 2º ano E – Brasília

Participar, enviando fontes de pesquisa para obter as respostas, foi muito

gratificante e também um sinal de que a história do cinema e a linguagem

cinematográfica precisavam ser mais trabalhadas nas sugestões.

Se antes montar um projeto como este, o professor fizer uma consulta ao seu

planejamento curricular, verá que a curiosidade de seus alunos está oferecendo

muitas oportunidades de aprofundamento totalmente integradas aos objetivos

curriculares e que possibilitarão o desenvolvimento das competências desejadas

pelos documentos oficiais. Além do interesse pela linguagem cinematográfica,

presente em qualquer filme, portanto sempre a disposição para ser explorada, eles

pedem claramente noções comparativas da Matemática quando perguntam: “qual a

maior bilheteria, quantos cinemas existem no país, qual o diretor fez mais filmes,

quantos filmes ele fez”. Quantos cálculos e estimativas estão por trás destes tantos

quantos? E com eles, a possibilidade de escapar dos exercícios cansativos e

repetitivos que fazem desta matéria o terror dos estudantes. Recentemente, encontrei

em uma reunião de professores, uma professora de matemática que participou

ativamente das discussões e atividades propostas e que surpreendeu desde o começo

do encontro na apresentação, quando declarou que levava seus alunos ao cinema

para que eles não a odiassem, como sempre acontece com os professores desta

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matéria. “Qual a melhor atriz e melhor ator”, leva a uma análise das culturas e seus

valores, além do aspecto geográfico e histórico e filosófico. “Quando surgiu e quem

inventou o cinema”, é uma belíssima chance para Ciências, História e é claro, Artes,

já que o cinema tem a extraordinária característica de ser agregador de todas as

outras manifestações artísticas.

Achar possibilidades de trabalho a partir de um filme no currículo escolar,

parece então ser algo facilmente realizável. Mas para saber se esta alternativa está

correta, precisamos pensar a respeito de currículo e dar uma olhada no que dizem

alguns pensadores da Educação a respeito. O próprio Ministério da Educação,

através da Secretaria de Educação Básica e do Departamento de Políticas de

Educação Infantil e Ensino Fundamental, propõe uma ampla discussão com

Professores do Ensino Fundamental, professores da Educação Infantil e gestores,

através da coleção de Cadernos Indagações sobre o Currículo. São cinco cadernos,

com textos para discussão priorizando os seguintes eixos organizadores: Currículo e

Desenvolvimento Humano; Educandos e Educadores: seus Direitos e o Currículo;

Currículo, Conhecimento e Cultura; Diversidade e Currículo; Currículo e Avaliação.

Na apresentação da série de documentos a iniciativa é justificada da seguinte forma:

No momento, o que está em discussão é a elaboração de um documento que, mais do que a distribuição de materiais, promova, por meio de uma estratégia dinâmica, a reflexão, o questionamento e um processo de discussão em cada uma das escolas e Secretarias de Educação sobre a concepção de currículo e seus desdobramentos. Para tanto, sugerimos inicialmente alguns eixos que, do nosso do ponto de vista, são fundamentais para o debate sobre currículo com a finalidade de que professores, gestores e demais profissionais da área educacional façam reflexões sobre concepção de currículo, relacionando-as a sua prática. Nessa perspectiva, pretendemos subsidiar a análise das propostas pedagógicas dos sistemas de ensino e dos projetos pedagógicos das unidades escolares, porque entendemos que esta é uma discussão que precede a elaboração dos projetos políticos pedagógicos das escolas e dos sistemas.

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Está claro que não se pode realizar nenhum projeto ou proposta pedagógica sem

antes consultar o currículo do segmento escolar e das disciplinas envolvidas. Mas o

professor está preparado para isso? O Plano Político Pedagógico parece ter sido feito

como cumprimento de uma exigência legal e permanece cristalizado ao longo do tempo,

cheio de belas palavras e intenções, mas cada vez mais distante da prática escolar. O

que continua valendo, no dia a dia da sala de aula é o livro didático. E já que os autores

e editoras se preocuparam com isso, por que o professor sentiria necessidade de se

envolver pessoalmente? Durante muito tempo isso realmente ocorreu, mas recentemente

o cenário vem se modificando porque o professor sabe o quanto seu desempenho

profissional pode ser ineficaz nos moldes tradicionais e não só precisa como deseja

mudanças em sua sala de aula. Por isso, a reflexão sobre currículo é tão oportuna. No

Caderno nº 1, Currículo e Desenvolvimento Humano, o texto de Elvira Souza Lima

ressalta importância de o currículo ser democrático e oferecer oportunidades de

desenvolvimento humano promovendo a compensação a partir do que os alunos não

têm acesso:

Um currículo que se pretende democrático deve visar à humanização de todos e ser desenhado a partir do que não está acessível às pessoas. Por exemplo, no caso brasileiro, é clara a exclusão do acesso a bens culturais mais básicos como a literatura, os livros, os livros técnicos, atualização científica, os conhecimentos teóricos, a produção artística.

Mais adiante, ela ressalta a necessidade de transformar a experiência sensorial e

perceptiva, em algo mais profundo e sistematizado.

Este é um ponto central para uma concepção de currículo que promova o desenvolvimento humano: o currículo deve atender a esta interdisciplinaridade interna, na qual a cultura e as artes se “conectam” ao conhecimento formal no nível de desenvolvimento de categorias de pensamento e formação de conceitos. Isto não significa que trabalhar com a cultura e as

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artes deva “substituir” o trabalho sistemático com cada disciplina.

Em meio a tantas discussões e indagações o professor permanece atônito, muito

inseguro e carente de uma base que lhe traga algum apoio, repete os modelos

tradicionais de educação e tem medo de ousar e errar. Nem bem estava se firmando na

compreensão dos objetivos curriculares e já lhe propõem uma mudança no enfoque das

construções curriculares. Agora é dito a todo o momento que escola deve dar prioridade

ao desenvolvimento de competências e não ao alcance de objetivos. Essa perspectiva

que enfatiza um currículo voltado para a construção de competências parece promover

uma limitação da quantidade de conhecimentos ensinados e exigidos. Os conteúdos

válidos serão apenas os que possam ser exercitados, no âmbito escolar, pela mobilização

em situações complexas. Não é de admirar que o educador fique perplexo entre a

responsabilidade de fazer com que seus alunos aprendam e as novas propostas e

tendências educacionais. Na dúvida, ele nem tenta. Mas deveria, porque esta alternativa

proposta é, além de tudo, facilitadora de sua prática educativa. Quando o professor

define as competências a serem desenvolvidas pelo aluno através da seleção dos

conteúdos que devem estar subordinados a elas, está também facilitando a realização do

processo educativo e determinando claramente o que será cobrado na avaliação.

O ponto de partida é e sempre será o filme e suas peculiaridades e a descoberta

do caminho a ser percorrido para explorar suas possibilidades dentro do seu

planejamento curricular. No Caderno de Idéias da Tela na Sala de Aula as sugestões de

atividades são montadas desta forma. Uma grande atenção sempre foi dada à preparação

da ida ao Cinema. Passamos a incluir, em todo o material, uma espécie de selo chamado

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“Antes de assistir”12 que lembrava ao professor: Converse com seus alunos a respeito

do filme. “Faça um resumo da historia, comente as curiosidades e chame atenção para

os aspectos a serem observados.”

Um dos problemas mais graves, e sempre observado, era o desconhecimento a

respeito do filme, tanto do por parte do professor como dos alunos. Enquanto o primeiro

parecia estar indo apenas para assistir e perdia a chance de planejar a atividade com seus

alunos, estes, além da excitação natural por estarem com os colegas em um cinema de

shopping, se frustravam ao encontrar um tipo de filme totalmente diferente dos que se

acostumaram a assistir na TV. Os programas e filmes televisivos apresentados ao

público infantil têm um ritmo frenético onde uma aventura sucede a outra e neste ritmo

alucinante de acontecimentos não há espaço para sentimentos e reflexões. A preciosa

oportunidade de vivenciar um filme bem elaborado era às vezes desperdiçada por

desatenção, desinteresse e infindáveis saídas da sala de projeção para ir ao banheiro. O

mais desolador é que, em caso de turmas de crianças pequenas, o professor

acompanhava os grupos, organizando as filas e passava o tempo todo da projeção indo e

vindo, simplesmente deixando de assistir ao filme.

O “Antes de assistir” começa com a ficha técnica, depois apresenta uma

abordagem pedagógica do filme, algumas curiosidades sobre a produção - como o modo

como foi feita, onde, quanto tempo e por quê.

A seguir está a sinopse do filme e algumas questões que especificam o que deve ser

observado. Estas questões são:

Quem aparece no filme.

Como são os personagens.

12 Anexo 8

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Onde ele é passado.

Por que tudo aconteceu.

Se isso poderia acontecer na vida real.

Como o filme foi feito.

A primeira sugestão apresentada no Caderno de Idéias para todos os filmes é sempre

a mesma e tem com objetivo, uma avaliação a partir da visão geral do filme.

Faça perguntas para medir a compreensão:

– O que acharam do filme?

– O que mais gostaram?

– E o que não gostaram?

– Quem aparece no filme?

– Qual o personagem favorito? Por quê?

– Como acha que o filme foi feito?

Caso o professor se limite a realizar apenas esta atividade, estará fazendo com

que seus alunos reflitam sobre aquilo que foi visto no cinema, o que já é muito e pode

provocar o desejo de aprofundar os outros assuntos abordados no filme.

Recentemente, a autora deste trabalho se viu engajada em outro projeto de

cinema e educação. Desta vez, os promotores buscavam um meio de fazer com que

realmente o professor utilizasse os filmes assistidos em sessões fechadas em seu

trabalho pedagógico. Não se tratava de apresentar sugestões para determinados filmes,

mas discutir a possibilidade concreta de qualquer filme ser incorporado ao planejamento

curricular. Foi montada então uma ficha a ser preenchida pelo professor em que o ponto

de partida era o aspecto do filme que ele julgava ser o mais interessante. Esse aspecto

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seria destacado não apenas pela percepção do professor, mas principalmente pelas

respostas obtidas aos questionamentos a respeito da obra, os mesmos que acabam de ser

citados e analisados.

A ficha, nada mais é que uma tabela em que os itens estão em colunas,

obedecendo à seguinte ordem: Aspecto destacado >> Perguntas/ Questões

>>Abordagem >> Área de Ensino Relacionada >> Componentes Curriculares >>

Atividades relacionadas.

Os três primeiros itens já estão preenchidos, pois são aspectos da linguagem

cinematográfica, os questionamentos e a abordagem são comuns a qualquer filme

assistido. Os demais devem ser preenchidos assim que o professor tiver conhecimento

do conteúdo do filme. O levantamento das áreas de ensino relacionadas proporciona a

integração curricular, os componentes são as competências desejáveis e as atividades

são o fechamento do planejamento. A ficha proporciona um meio bastante simples e

completo para montar um projeto interdisciplinar, um dos grandes desafios

metodológicos atuais.

No momento em que as equipes pedagógicas encontrarem seus próprios

caminhos e valorizarem esta iniciativa, o cinema terá conseguido finalmente chegar à

escola e ser aceito como parte integrante do currículo escolar.

2.3 O Caderno de Idéias – Cada filme, um projeto

Em 2004, quando a programação A Tela na Sala de Aula teve início, além do

Catálogo Oficial do Festival, foi criada outra publicação, o Catálogo Pedagógico, que

continha sugestões de Atividades ligadas aos filmes e foi distribuído aos professores

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que participaram do projeto. Havia filmes indicados para Educação Infantil e Ensino

Fundamental 1º e 2º ciclo (nomenclatura da época). Nesta época, a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de

1996, estava ainda em fase de implementação e algumas escolas do país ainda

preparavam seu Plano Político Pedagógico, com base nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (1997) e no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998).

Por esta razão, o levantamento dos objetivos pedagógicos foi feito a partir destes

documentos13. O catálogo oferecia a ficha técnica, a sinopse, uma abordagem

pedagógica com os principais aspectos e possibilidades de aproveitamento pedagógico

do filme e as sugestões de atividades, apresentadas em uma tabela com duas colunas,

uma com os Objetivos dos PCN do MEC e outra com a descrição da atividade sugerida,

sempre contextualizada na cena do filme vista anteriormente. Havia também muitas

sugestões de aprofundamento e pesquisa a partir de sites da Internet14. A rede também

era um importante meio de acesso e comunicação com o Projeto já que o material

pedagógico ficava à disposição dos professores no site do Festival.

O modelo de Sugestões foi sendo modificado a partir das avaliações feitas e das

observações dos profissionais envolvidos na atividade.

Assim, o ato de ir ao cinema foi sendo integrado às atividades curriculares, com uma

preparação direcionada aos aspectos relevantes e muitos desdobramentos posteriores,

que prolongam a atividade, provocando a reflexão e canalizando o interesse em função

dos objetivos desejados.

A estratégia é partir de cada narrativa, dos personagens e dos cenários,

analisando semelhanças e diferenças, explorando tópicos relacionados e a visão pessoal

13 Anexo 9 14 Anexo 10

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do autor em relação ao tema. Assim, as atividades propostas, com base nos filmes,

visam enriquecer o trabalho em sala de aula, fazendo da experiência um ponto de

partida para importantes descobertas. Cada filme é um projeto pronto que aguarda a

participação da equipe pedagógica na seleção do que considera relevante e no

estabelecimento das estratégias. Através dos projetos, os alunos têm a oportunidade de

conhecer uma série de enfoques, totalmente diferentes dos habituais. Dos comentários

surgem discussões, onde são questionados opiniões e conceitos. Ao confrontar idéias há

uma reflexão, que contribui para o crescimento individual.

Quando um filme é exibido proporciona lazer e emoção, acrescenta informações,

conhecimento e impressões ao cidadão. E isso não é pouca coisa. Mas se o filme é

apenas exibido, sem que haja uma análise, uma reflexão, a respeito do que foi visto,

perde-se a chance de mostrar a riqueza da linguagem cinematográfica e priva-se o

direito de aprofundar esta experiência. Sem atividades decorrentes e ligadas ao evento, o

espectador não perceberá diferença alguma entre o cinema e a televisão, a não ser pelo

tamanho da tela. Ao extrairmos de cada filme, os conteúdos relacionados ao currículo

escolar e ao proporcionar o acesso através dos kits, estamos tornando constante e

permanente a ida ao cinema.

As sugestões de atividades estão divididas por segmento escolar (Educação

Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e áreas de ensino, o que favorece a

interdisciplinaridade.

O conteúdo dos Cadernos de Idéias está disponibilizado na internet, o que faz

com que filmes, como A Marcha dos Pingüins já lançados em DVD, tenham um

aproveitamento pedagógico accessível a qualquer professor interessado. Desta forma, a

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Tela na Sala de Aula ultrapassa seus limites habituais e se torna um instrumento de

domínio público e alcance imprevisível.

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3. Cinema é a melhor diversão!

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade

Os desdobramentos da ida ao cinema são o tema deste capítulo, seja em relação

ao trabalho pedagógico ou à avaliação da Tela na Sala e de Aula e outros projetos

semelhantes.

A aplicabilidade do cinema, como meio de revitalização da metodologia, foi

amplamente comprovada através da experiência com a Tela na Sala de Aula e de muitos

outros projetos existentes que integram filmes ao trabalho pedagógico. Mas será que

estas propostas foram integradas efetivamente no trabalho escolar? O cinema realmente

foi utilizado como ferramenta educacional? O debate sobre mídiaeducação sinaliza uma

série de desafios para a utilização do cinema. Alguns trechos deste debate refletem as

preocupações relacionadas ao uso pedagógico do cinema. Afinal, se após tantas

iniciativas e esforços a integração escola o cinema ainda não ocorreu inteiramente, o

que podemos esperar dos demais recursos da mídiaeducação?

Os diretores e produtores de cinema constantemente fazem movimentos que

buscam a integração cinema-escola, procurando apresentar as possibilidades de

utilização de seus filmes através de sessões especiais para escolas e de material

impresso com sugestões pedagógicas. Uma destas propostas será descrita como

exemplo e analisada a partir de sua aplicabilidade.

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Diversas iniciativas semelhantes à Tela na Sala de Aula são realizadas pelos

governos, serviços sociais, ONGs e iniciativa privada. Faremos uma rápida

apresentação de alguns destes projetos e suas peculiaridades.

Como qualquer atividade ligada à Educação , os resultados destes projetos

dependem primeiramente do engajamento dos profissionais e de sua atuação. Assim,

analisaremos o papel do professor, a partir do pensamento de alguns autores ligados ao

tema e ofereceremos considerações a respeito do que foi observado nestes sete anos em

que nos dedicamos ao projeto.

Finalmente, mostraremos o que é o cinema na opinião das crianças, nosso

público alvo e principal interesse nesta busca por um ensino dinâmico e apropriado ao

momento educacional em que vivemos.

3.1 A crítica - Avaliação do Projeto

Ao traçar o Plano de Pesquisa do presente trabalho, pretendíamos ocupar este

espaço com muitos gráficos e informações quanto à utilização do Projeto A Tela na Sala

de Aula. No entanto, o que existe de concreto sobre a avaliação é insuficiente para

traçar um painel seguro em relação à efetiva inserção das escolas neste projeto

pedagógico. Foram solicitadas avaliações aos representantes regionais e infelizmente

não houve nenhuma resposta além dos relatórios institucionais que subsidiaram o

capítulo anterior. O que nos falta é o retorno do professor, e isso é um fator

preocupante. Ainda que estejamos sempre recebendo muitos elogios e “trabalhinhos” de

crianças das escolas onde A Tela na Sala de Aula chegou, sentimos falta de dados

concretos, levantamentos estatísticos, planilhas a partir de questionários avaliativos.

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Ficou claro, a partir deste estudo que temos uma grande preocupação em apresentar bem

o projeto, torná-lo bastante completo, mas ficou faltando uma avaliação sistemática. Os

professores apreciam a proposta, comparecem ao cinema, mas a maioria não apresenta o

sempre solicitado “retorno” por email. Numa autocrítica, reconheço a dificuldade de

criar um instrumento de avaliação, talvez por um grande receio que isto possa parecer

uma imposição, o que desvirtuaria a real intenção de realizar um trabalho que fosse

inteiramente colaborador e absolutamente corporativo, já que é uma proposta de colega

para colega, sem grandes cobranças porque delas o professor está farto.

No entanto, sempre parece estar faltando um fechamento, uma conclusão que

inclusive possibilitaria a reformulação do trabalho. A primeira vez que este problema se

evidenciou foi quando um dos patrocinadores, seguindo a política interna da empresa,

nos solicitou um material concreto que evidenciasse “o retorno da iniciativa” ou seja, os

benefícios proporcionados diretamente aos alunos pelo projeto. Isso se revelou uma

tarefa complicadíssima. Além do caráter subjetivo da ação - propor uma reflexão a

partir de debates e questionamentos, visando muitas conscientizações, impossíveis de se

quantificar, a maioria das atividades realizadas são atividades realizadas em grupo ou

coletivas.

Desde o início, através de seu formato inovador, a Tela na Sala de Aula é

oferecida como uma alternativa aos métodos tradicionais de ensino. Desta forma,

desenhos a respeito do filme e redações do tipo “Minha ida ao Cinema” não se

encaixam nesta proposta. Tanto o material quanto os e-mails recebidos são respostas

insignificantes em relação ao enorme alcance do projeto e não refletem um uso efetivo

do material pedagógico. No entanto, nos seminários para os professores que são o ponto

de partida do trabalho, o que se evidencia por parte dos educadores, é uma receptividade

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carinhosa e um reconhecimento, demonstrado através de abraços e agradecimentos que,

neste momento de reflexão, esta autora confessa nunca ter visto, em toda a sua vivência

como regente de turma, em seminários e encontros pedagógicos. Nos encontros, o

professor tem demonstrado todo o seu alívio por saber que está sendo respeitado

enquanto profissional, já que o que está sendo apresentado ali é uma proposta e não uma

exigência e sua gratidão por reconhecer que A Tela na Sala de Aula é um projeto que se

preocupa em acrescentar alternativas facilitadoras do trabalho pedagógico. Nestes

momentos procuramos deixar claro que o que desejamos sinceramente com a iniciativa

é, além de dinamizar a metodologia do ensino, tornar o professor consciente e capaz de

realizar ele próprio seus projetos pedagógicos a partir de qualquer filme que ele e sua

turma considerem oportuno.

3.2 O retorno – Desdobramentos de um filme de sucesso

Sempre que um sucesso cinematográfico ocorre, os produtores apresentam a sua

continuação insistindo em versões, com o subtítulo “o retorno”, até que a fórmula se

desgaste e nem os próprios fãs agüentem mais tanta repetição. Essa defasagem entre

quantidade e qualidade é um alerta em relação à continuidade dos inúmeros projetos

criados na tentativa de inserir o cinema no ambiente escolar. As videotecas doadas pelos

governos parecem estar neste caso. De uma iniciativa bem intencionada das autoridades

ou de empresas, ocorre uma seleção de “filmes educativos” que estão fadados a

subutilização porque não chegaram acompanhados de um material dinâmico, de uma

correta divulgação e de uma supervisão do processo. O cinema assim, não chega a

entrar em sala de aula e fica trancado em um armário a espera de ser descoberto.

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Quando isso ocorre, ele é apresentado em uma pequena tela de TV para alunos que, por

não conseguirem assistir de forma adequada, rapidamente se desinteressam.

Para trabalhar com cinema, é preciso ir ao cinema, pois ali está o seu encanto. É

na tela enorme, no som poderoso e na escuridão da sala que a magia se processa e a

emoção flui.

Este capítulo fala de retorno em vários sentidos. A avaliação da Tela na Sala de

Aula e a falta de um retorno foi nosso tema anterior. Agora passamos a analisar outro

tipo de retorno: a volta à sala de aula e o aproveitamento pedagógico da experiência de

ir ao cinema, a partir do material oferecido pelos realizadores das produções. A

presença de um material pedagógico que acompanha os projetos que envolvem a escola,

é uma constante e são muitas as opções disponíveis. Poderíamos ter escolhido qualquer

uma delas, como as que acompanham a série Tainá ou o material pedagógico de

Memórias Póstumas filme de André Klotzel lançado em 2001, aqui citados por se

destacarem pela qualidade e por terem realizado projetos-escola bastante

representativos. Tainá 1 atingiu a impressionante meta de um milhão de espectadores

alunos e beneficiários de ONGs. Já Memórias Póstumas, uma bela adaptação do famoso

romance de Machado de Assis, fez uma longa carreira de sucesso junto às escolas de

Ensino Médio, com seu material pedagógico que possuía muitos conteúdos abordados

nos exames de vestibular.

A escolha recaiu sobre o material do filme Garoto Cósmico por ser uma

brilhante e bem acabada produção, uma das raras iniciativas de sucesso do cinema

brasileiro voltado para crianças e por ser este, um filme que integra A Tela na Sala de

Aula e, portanto, de conteúdo suficiente analisado pela autora. Ao buscar o material no

site, para a nossa surpresa, encontramos lado a lado as duas opções, o nosso material e a

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ficha preparada pela produção do filme e distribuída aos professores nas sessões

exclusivas para escolas.15 Este fato permite que possamos, além da análise, estabelecer

uma comparação, dando prosseguimento de uma forma ainda mais completa ao nosso

estudo de caso.

O filme Garoto Cósmico, de Alê Abreu, foi concluído em 2007 e desde então

circula pelas telonas do mundo. Foi exibido em festivais e mostras para as mais

diferentes platéias em diversos países, processo que levou mais de 100 mil espectadores

estrangeiros a assistirem ao filme.

No circuito comercial, ficou em cartaz nos cinemas do Brasil em 2008 sendo

assistido por cerca de 140 mil pessoas, e também entrou em cartaz na Índia e na

Venezuela. Em 2008 o filme foi lançado em DVD e a história foi transformada em

livro. No site não há dados a respeito do público escolar que certamente supera em

muito o número de espectadores das sessões convencionais.

O material preparado pelos realizadores16 é conciso, em uma única ficha, o que

além de reduzir os custos, facilita a distribuição e a utilização por parte dos professores.

Houve a preocupação em sistematizar o trabalho de uma forma bastante simples e de

fácil compreensão. As sugestões obedecem à seguinte divisão: Antes da Exibição,

Durante a exibição e Depois da Exibição. O Título que antecede aos itens é bastante

claro e objetivo: “Como trabalhar o filme em sala de Aula”. Para o “Antes...” são

sugeridas duas atividades com um único tema: o Futuro, já que o filme é a primeira

ficção científica infantil. Desta forma, os alunos já começam a trabalhar em função do

filme ao mesmo tempo em que ficam sabendo de sua temática. O “Durante...” nos

causou um certo estranhamento, já que quando se assiste um filme, o que normalmente

15 Anexo 13 – Imagem captada do site do Filme Garoto Cósmico. 16 Anexo 14 – Ficha pedagógica

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se faz é apenas apreciá-lo, propõe uma atividade que é anotar as diferenças entre dois

ambientes principais onde o filme é passado. Imagino que esta opção decorra da

necessidade de fazer a relação enquanto os cenários estão sendo visualizados, pois mais

tarde alguns detalhes podem ser esquecidos. O “Depois...” abrange seis atividades

bastante adequadas à Educação Infantil. Um detalhe interessante é que os produtores

parecem conhecer e concordar com a já comentada prática habitual dos professores,

pois apresentam ao final alguns temas para desenho e redação. Não há indicação de

segmento escolar nem são relacionados objetivos ou parâmetros que integrem os

currículos oficiais. As atividades atendem então às diversas séries, podendo ou não estar

relacionadas ao planejamento curricular o que, mais uma vez, facilita o uso do material

impresso por seu caráter polivalente.

Em relação ao material desenvolvido a respeito do filme para A Tela na sala de

Aula, ficam evidenciados na comparação, os seguintes aspectos: o material da tela tem

um total de 21 páginas e apresenta uma abordagem pedagógica, ficha técnica e seis

curiosidades a respeito da produção, além de 49 sugestões contextualizadas, 22 para a

Educação Infantil e 27 para as primeiras séries do Ensino Fundamental. Essa diferença é

resultante dos diferentes objetivos pretendidos. Enquanto a ficha pedagógica pretende

registrar e inserir a ida ao cinema na dinâmica escolar, o material da Tela na Sala de

Aula propõe a criação de um projeto com a duração mínima de uma semana e que

envolve diferentes componentes curriculares das séries abordando as suas múltiplas

possibilidades.

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3.3 O Happy-End – O Cinema e escola juntos no final

O exibidor também já percebeu o quanto é proveitoso trazer alunos para as suas

salas. Ele sabe que além de estar criando platéias futuras pode ocupar espaços e tempos

ociosos e por isso oferece muitas facilidades às escolas interessadas.

Em uma rápida pesquisa na internet, descobrimos inúmeros exemplos de iniciativas de

levar a escola ao cinema e vice-versa.

A primeira delas vem de muito longe e de um local muito antigo. O Olympia de

Belém17 é considerado o cinema mais antigo em funcionamento no país. A Prefeitura

Municipal de Belém, afirma a intenção de “utilizar a sétima arte na educação levando

aos participantes novos valores, proporcionando entretenimento, cultura e

desenvolvimento social”.

O projeto CINEMA NA ESCOLA18 que começou no Rio de Janeiro, mais tarde

migrou para São Paulo e chegou até Gurupi no Estado de Tocantins, através do SESC, é

uma parceria com a rede exibidora Artplex. São oferecidas três alternativas: reservas

para as sessões da programação diária dos cinemas em que o projeto atua, indicação de

filmes fora do circuito de exibição com sessões em horário alternativo em que o

professor escolhe o filme conforme o interesse de seu grupo e ainda eventos onde são

apresentados filmes acompanhados de atividades complementares, integrando várias

linguagens artísticas às diversas áreas do conhecimento. As propostas são desenvolvidas

através de oficinas, exposições, palestras, instalações ou performances. Além disso,

acontecem sessões especiais para professores para conhecimento prévio dos filmes. A

17 http://www.cinemaolympia.com.br/escolavai.html 18 http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1557772

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iniciativa, entretanto, não é gratuita. Os participantes pagam meia-entrada, o que se

torna lucrativo para os cinemas que conseguem um bom público para horários ociosos.

A rede UCI19 também possui uma iniciativa semelhante, chamada SESSÃO ESCOLA

que pretende “oferecer aos estudantes a oportunidade de vivenciar, numa sessão fechada

para a escola, uma atividade educativa única, com a exibição de um filme como fator

desencadeante de discussões, debates e trabalhos pedagógicos”. A Sessão Escola é

igualmente paga.

Já o grupo Cine, ao anunciar seu PROJETO ESCOLA20 afirma: “Considerando

esse projeto, um grande salto para o desenvolvimento cultural/ pedagógico entre os

alunos, professores e o mundo do cinema”.

Em Paulínea (SP), há um projeto escola que aparenta ser absolutamente correto,

ainda que cobrando “preços reduzidos”. O Topcine Paulínia oferece o PROJETO CINE

ESCOLA21 e declara que “Levar para as salas de aula temas emergentes e atuais como

as questões culturais, sócio-econômicas e ecológicas, torna essa experiência bastante

significativa na vida destas crianças e adolescentes”. O projeto ainda afirma que: “... os

filmes podem representar uma fonte geradora de projetos a serem desenvolvidos no

âmbito escolar”.

Em Itanhaém (MG)22 o Projeto Escola Vai ao Cinema leva crianças pela

primeira vez à sala de filmes e não apenas estudantes. Além de levar mais de mil alunos

às salas do cinema as crianças das ONGs Flores da Mata, Cambucá, Casa da Criança,

Lugar ao Sol e Núcleo Conviver e Aprender também estão inseridos na programação. A

reportagem inclui depoimentos valiosos: da mãe que afirma “Muitas vezes não temos

19 http://www.ucicinemas.com.br/escola/home.htm 20 http://www.grupocine.com.br/fotos.htm

21 http://wwnepaulw.topciinia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13&itemid=13 22 http://mogiano.com/noticias-de-itanhaem/17745-itanhaem-projeto-escola-vai-ao-cinema-leva-criancas-pela-primeira-vez-a-sala-de-filmes.html

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como levá-los ao cinema, e essa iniciativa faz com que eles conheçam novos lugares e

novas culturas. Se a escola pode fazer isso, ajuda e muito no desenvolvimento dos

alunos. Fico contente.” e da professora: “Depois que participam do projeto, eles ficam

diferentes, mais participativos. Comentam com pais e amigos de escola o que

assistiram. É muito legal essa empolgação”.

Por todo o Brasil, principalmente em Municípios onde não há salas exibidoras,

encontramos iniciativas de prefeituras para oferecer cinema aos estudantes. Após

atender a 50 000 estudantes nas quatro edições anteriores em Sobral, o projeto A

ESCOLA VAI AO CINEMA chega em maio deste ano à Limoeiro do Norte para

oferecer sessões gratuitas direcionadas aos alunos do ensino médio e fundamental da

rede pública. Já o Projeto ESCOLA NO CINEMA, da Secretaria de Educação e Cultura

da Prefeitura de Coronel Fabriciano, parece preocupado apenas em exibir, embora

afirme que “o objetivo da iniciativa é contribuir para o processo de construção do

conhecimento, funcionando como um instrumento de enriquecimento das disciplinas e

das práticas pedagógicas”.

Além das iniciativas institucionais há participações individuais, como o blog

CINEMA NA ESCOLA que apresenta filmes infantis, na maioria desenhos animados

famosos com sinopses, imagens e comentários e, de acordo com o autor, pretende ser

“um grito que desperte professores e alunos para uma nova visão educativa, na qual os

tradicionais e os modernos métodos de ensinar e aprender possam fundir-se em novas

possibilidades expressivas”. No entanto este grito parece ter se calado em 2008, quando

o blog recebeu sua última postagem.

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O CINEMA VAI À ESCOLA23 anda na contra-mão, mas demonstra uma séria

intenção de transformar o ambiente escolar em um ambiente exibidor da sétima arte,

onde ela é estudada e valorizada. Esta iniciativa da Secretaria da Educação do Estado de

São Paulo visa subsidiar a rede pública de ensino com materiais, equipamentos e

acervos didáticos, fornece às escolas de Ensino Médio um conjunto de filmes de

diferentes categorias e gêneros, em DVD, acompanhado de materiais de apoio à prática

pedagógica. No site, há a afirmação de que “pretende-se facilitar o acesso dos alunos a

produções cinematográficas que contribuam para a formação crítico-reflexiva do jovem

e do adulto, a ampliação do seu repertório cultural, o desenvolvimento da sua

competência leitora e o diálogo entre o currículo escolar e as questões socioculturais

mais amplas”.

Em Recife o projeto o CINECABEÇA – SUA AULA NO CINEMA SÃO LUIZ

(tradicional sala de exibição com 500 lugares), está na terceira edição e apresenta curtas

e numa iniciativa louvável, divulga o cinema nacional e os cineastas da região durante

três meses e com três sessões semanais. O projeto, que já beneficiou mais de dez mil

estudantes da rede pública e privada, declara sua pretensão de “utilizar um novo

instrumento pedagógico nas salas de aula: a linguagem audiovisual”. Incrível a

constatação que em 2011 a linguagem audiovisual ainda é apresentada como novidade.

O CINECABEÇA, projeto que integra o programa Células Culturais nas Escolas/ Pacto

pela Vida, é realizado pela Fundarpe, em parceria com o Programa CinEscola, o Centro

de Atitudes e a Federação Pernambucana de Cineclubes – FEPEC.

23 http://culturaecurriculo.fde.sp.gov.br/cinema/cinema.aspx

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Para a nossa grande satisfação alguns destes projetos se realizam em locais onde

A Tela na Sala de Aula esteve e ainda está presente com seus seminários e material

pedagógico, o que nos dá um outro tipo de retorno, muito gratificante.

Não poderia encerrar este tópico sem citar e mesmo reverenciar aquele que é o

mais antigo e produtivo projeto de cinema e educação. Existente há 41 anos o

CINEDUC24 passou por diversas fases com diferentes abordagens sem se afastar de sua

missão: “Promover a reflexão sobre as linguagens audiovisuais com o público infanto-

juvenil e educadores, formais e informais, a fim de contribuir no processo educativo

transformador, através do desenvolvimento da consciência crítica e da expressão

criativa”.

24 http://www.cineduc.org.br/

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CONCLUSÃO

Onde quer que alguém esteja, mesmo nos lugares mais distantes, o cinema

chega. Ele chega pela TV ou pela internet, em filmes às vezes breves e superficiais, mas

sempre chega. Aqui no Brasil, de acordo com dados da Unesco, crianças vêem TV por

aproximadamente quatro horas por dia. E a TV está repleta de filmes. A cada minuto,

dez mil horas de vídeos são postados no You Tube – e sendo dados presentes, até a

conclusão deste trabalho é provável que já estejam superados. O site é a segunda

atividade favorita da internet e por que vamos tanto lá? Para ver filmes, é claro. Não é o

formato tradicional, aquele fascinante e insubstituível, mas é a linguagem

cinematográfica transitando em outras mídias, com sua eterna e fascinante força. Ainda

assim, o cinema parece estar ainda longe de ser inserido na prática educativa. O que o

impede de chegar? Como se processa esta experiência em termos práticos?

O fator mais preocupante em relação à utilização do cinema como ferramenta

educacional é a má compreensão da proposta de utilização, o que seria, a nosso ver, uma

distorção altamente perigosa.

Transpondo para o cinema os três conceitos amplamente divulgados de

midiaeducação, temos a realização da educação para o cinema - uma “alfabetização” da

linguagem cinematográfica que resulta na capacidade de avaliar o aspecto técnico das

produções; a educação com o cinema – onde se encaixa o projeto A Tela na Sala de

Aula, quando propõe o uso de qualquer filme para a realização de atividades reflexivas

que funcionem como ponto de partida para a realização de uma educação sócio-cultural

e ainda a educação pelo cinema, onde a escolha de determinados filmes é motivada pelo

fato dos mesmos terem uma temática relacionada aos conteúdos tradicionais de ensino

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como, por exemplo, fatos históricos e fenômenos científicos e o conteúdo é trabalhado

através da exibição.

Esta última alternativa nos desperta uma grande preocupação. Em determinados

casos, uma vez convencido das vantagens que o cinema oferece enquanto ferramenta

educacional, o professor o utiliza como mero recurso audiovisual e obriga os seus

alunos verem filmes, escolhidos à sua revelia e que nem sempre oferecem atrativos

necessários para mobilizá-los. O perigo desta atitude é acontecer com o cinema o

mesmo triste fato ocorrido com a literatura. Gerações avessas ao fantástico hábito de ler

resultaram da bem intencionada idéia do livro do mês ou dos clubes do livro, onde o

professor propunha um tipo de leitura obrigatória, arbitrária e contraproducente. Tanto a

leitura como o cinema são instrumentos de prazer e lazer que devem cumprir, antes de

tudo, sua função primordial. Constato, com pesar o depoimento do professor João Luís

de Almeida Machado (2009), Doutor em Educação pela PUC-SP, Mestre em Educação,

Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor

Universitário e Pesquisador e Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte –

Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva ):

Um dos comentários que mais escuto quando faço palestras sobre o uso pedagógico do cinema na escola é que há alunos que não gostam ou não têm paciência para assistir a filmes. Isso é um dado real. Nem todas as crianças ou adolescentes foram educados ou preparados para lidar com filmes, assim como existem inúmeros estudantes que rejeitam os livros, as aulas expositivas, os trabalhos em grupo, as tarefas escolares...

O professor generaliza ao comentar o assunto e aponta como causas o

despreparo dos jovens, os filmes inadequados à faixa etária e a falta desta vivência, em

função de condições econômicas desfavoráveis. Considerando tudo isso, acrescento

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mais um fator: a obrigatoriedade de assistir um filme maçante para lançar um conteúdo

mais maçante ainda.

Nossa proposta é fazer o aproveitamento do filme em um momento posterior

quando ele já tiver cumprido sua principal função: a de entreter. Queremos canalizar o

desejo natural que sentimos de comentar o que foi visto no cinema para realizar debates

envolventes e aí sim, relacioná-los aos nossos objetivos pedagógicos.

A revista virtual Pontocom25 realizou cinco debates sobre midiaeducação,

convidando especialistas na área. As colocações dos convidados são bastante

pertinentes. Rosália Duarte (2011) da PUC - RJ afirma: “Os profissionais de educação

têm a importante tarefa de atuar como mediadores na relação entre usuários e meios de

comunicação, oferecendo oportunidades e instrumentos para que o conteúdo das mídias

seja objeto de debates e reflexões nos ambientes educacionais. As instituições de

ensino, a meu ver, precisam dispor de infra-estrutura física e tecnológica e estímulo à

formação continuada de seus professores para que diferentes mídias estejam presentes

no cotidiano escolar, como fonte de conhecimento, como objeto de estudo e, sobretudo,

como forma de expressão”. Já Anna Helena Altenfelder (2011), superintendente

do Centro de Estudos em Pesquisa Educação e Ação Comunitária (Cenpec) analisa o

lado contraditório da escola:

Na verdade, o processo educativo tem em seu âmago a contradição de ser conservador e, ao mesmo tempo, trazer a possibilidade da transformação. Assim é preciso pensar em uma visão crítica, ou seja, um processo educacional que se identifica com os interesses da maioria da população e que, portanto, tem sua legitimidade ao caminhar para a construção da cidadania. Nesta direção, entendemos que a escola, em uma sociedade democrática, é a responsável por garantir que as gerações mais jovens tenham a oportunidade de se apropriarem dos instrumentos culturais básicos (as diferentes

25 http://www.revistapontocom.org.br

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60

mídias entre eles) que permitem compreender a realidade social e promover o seu desenvolvimento. A educação tem como objetivo último a transmissão de conhecimentos, com sentidos e significados para os alunos, de modo que possam se apropriar dos mesmos e, então, compreender e intervir em sua realidade social.

O professor Eduardo Monteiro (2011), doutorando em comunicação pela USP

afirma de forma categórica, a sua opinião a respeito do papel dos educadores na

utilização de uma mídia. A seu ver, o professor deve:

Se engajar na construção de um futuro melhor para as pessoas e comunidades em que estão presentes. Para isso, abdicar do poderzinho de dar aula, prova e nota e passar a pensar junto com os que estão na escola ou em outros espaços educativos sobre como seguir adiante como pessoas e sociedades viáveis neste planeta. Usar a criatividade e a comunicação para isso, para formar gente com ideias, autoestima, coragem e, sobretudo, com competência para saber o que fazer com isso.

Muito se discute a respeito do papel do professor. Sabemos que ele deve abrir

mão de seu papel centralizador e agir como mediador, mas ele parece ainda não estar

pronto, ou disposto a colocar esta mudança em prática. Talvez por isso, o trabalho

proposto na Tela na Sala de Aula seja aceito como adequado, embora o professor,

muitas vezes, prefira fazer da ida ao cinema uma atividade-fim e se dê por satisfeito

com comentários gerais, um desenho ou uma redação feita pelos alunos que na maioria

das vezes, contam detalhadamente a viagem de ônibus até o cinema e comentam o

conforto dos banheiros do shopping.

O reingresso na vida estudantil, através deste curso de graduação, me

proporcionou inúmeros momentos de prazer e descoberta. Um dos mais significativos

foi o meu estágio, em um tradicional colégio particular, que me possibilitou

testemunhar e participar de toda a efervescente dinâmica das salas de aula. Numa destas

ocasiões, uma turma de 5º ano tinha como tarefa a interpretação de um ótimo texto de

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Rubem Alves a respeito do cinema. Uma das questões era: “O cinema é uma coisa de

faz de conta? Por quê?” Tive então, a idéia de copiar as respostas das crianças. E é com

as suas palavras, propondo uma reflexão sobre o que dizem, que encerro este trabalho,

que é apenas um pequeno passo no grande caminho da pesquisa sobre a utilização das

mídias audiovisuais na educação.

“O que acontece no cinema não existe.” – GG

“Porque quando a gente vê um filme pensa que tudo é de verdade.” – GC

“Porque no cinema parece que a gente vê coisas reais.” – RT

“Porque a gente chora, ri, torce e faz com que os sentimentos fiquem ali.” – II

“Porque a gente pensa que está dentro do filme, mas nada disso é real.” – GS

“Cinema é um modo de fazer com a imaginação.” – PHQ

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Texto inicial da Tela na Sala de Aula;

Anexo 2 >> Orientação Pedagógica da Primeira edição da Tela na Sala de Aula;

Anexo 3 >> Telas do site do 2º Festival Internacional de Cinema Infantil em 2004;

Anexo 4 >> Anexo 04– Jornalzinho para alunos do Projeto CCBB Brasília

Anexo 5 >> Relatório de público em 2009

Anexo 6 >> Relatório de presença da Tela na Sala de Aula – 2010

Anexo 7 >> Fotos do Relatório 2010

Anexo 8 >> Página inicial do Caderno de Idéias

Anexo 9 >> PCNS e Atividades no Caderno de Idéias

Anexo 10 >> Página do Caderno de Idéias com Sugestões de Atividades

Anexo 11 >> Kits da Tela na Sala de Aula

Anexo 12 >> Imagem do Site do Filme Garoto Cósmico

Anexo 13 >> Ficha pedagógica Garoto Cósmico

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ANEXO 1

TEXTO INICIAL DA TELA NA SALA DE AULA

Orientação Pedagógica

A imaginação é o melhor da infância. A capacidade de inventar situações, fazer suposições e

tirar conclusões inusitadas é inesgotável em uma mente infantil. Quando uma criança está

entregue aos seus pensamentos, constrói incríveis suposições: "E se eu virasse um peixe? E se

o gato virasse gente? E se todas as cores desaparecessem? E se eu fosse um alien? E se eu

assaltasse um banco?".

O fascínio que o cinema exerce sobre a criança é justamente o de oferecer a materialização de

uma situação imaginada. Ali, diante de seus olhos, está uma seqüência de imagens onde tudo é

possível e imprevisível. Além da identificação com os personagens, há nos filmes, graças aos

efeitos especiais, a possibilidade de fazer acontecer. Assim, há uma sensação de que tudo é real

e plausível. Por isso, quando o filme acaba e as luzes acendem, as crianças passam por uma

sensação de desorientação e demoram alguns instantes para assimilar a volta à realidade.

De todas as mídias a que uma criança tem acesso, o cinema é, sem dúvida, o veículo mais

eficaz. O computador, por exemplo, estará sempre dependendo de um comando e apresentando

respostas programadas. A TV está em sua sala, ela escuta os outros sons da casa e pode ver ou

não o que aparece na telinha, enquanto come ou fala ao telefone. No cinema a imagem é

enorme, o som potente e só temos que assistir e reagir ao desenrolar do enredo. Se um filme é

adequado, conta uma boa história e tem uma abordagem envolvente, a criança fica de olhos

grudados e mergulha totalmente na aventura, tornando-a inesquecível.

É necessário, então, aproveitar esse recurso ao máximo e levar as crianças ao cinema. Convidá-

las a uma reflexão, relacionando o que foi visto com o que queremos ensinar. São infindas as

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possibilidades de integrar conteúdos programáticos e enriquecer a aprendizagem. Um festival de

filmes infantis é a oportunidade ideal de fazer isso.

Neste Festival, onde há filmes de todo mundo, fica claro que independente de onde vivem e da

língua que falam, as crianças estão sujeitas aos mesmos riscos, reagindo de modo semelhante.

Essa identificação, a idéia de universalização, pode vir a ser explorada de formas interessantes.

Filmes como Ainda Pego esta Alpinista, Ficção Científica e Ilha Rá Tim Bum em O Martelo de

Vulcano mostram situações inusitadas que provocam sentimentos comuns a qualquer criança.

Seria interessante questionar e comentar a solução encontrada pelos personagens para saber

se nossos alunos tentariam sair daqueles conflitos de outra forma.

Já em Micaela, Mamãe, Virei um Peixe! e Minoes - a Mulher Gato, o elemento fantástico é o fio

condutor. Assim, poderíamos examinar as possibilidades de adaptação a condições

extraordinárias onde a criança teria poderes e seria capaz de realizar ações acima de suas

habilidades reais.

Os curtas animados de 5x Animação são a oportunidade ideal de mostrar o que um espírito

sonhador é capaz de criar. O sol nasce no horizonte revelando algumas manchas em sua

superfície e, um pequeno garoto, com muita persistência, tenta limpar essas manchas usando

todos os métodos concebíveis à sua disposição. Assim começa esta sessão com o filme O

Trabalho do Pequeno Príncipe. Em O Urso o que se vê é um verdadeiro ballet de imagens

delicadas e de um lirismo comovente. Já Lasanha Assassina é indicado para os alunos mais

velhos, pois traz humor e crítica em situações inusitadas. Disfarce Explosivo é o Brasil na forma

e conteúdo, pois a animação das figuras de barro e a esperteza do caboclo são uma síntese do

nosso povo do interior.

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Dependendo do objetivo desejado, a ambientação e os temas favorecem ao uso dos filmes como

instrumento para a abordagem de conteúdos específicos em todas as áreas do Currículo. O

encantador A Floresta Mágica, por exemplo, é uma divertida aula de Ciências. Podemos

comentar e o quanto o homem dispõe dos animais e vegetais de uma forma indiscriminada e

deixar que as crianças busquem soluções para garantir a manutenção das espécies em nosso

planeta.

Em meio há tantas novidades a presença de Os Saltimbancos Trapalhões é um presente

especial. O humor dos quatro trapalhões, embalado pela maravilhosa trilha sonora, proporciona

momentos de puro lazer e diversão. Será muito agradável assistir à reação das crianças ao filme

e depois observar os seus comentários e conclusões. A análise das letras das músicas e do

desenrolar do enredo é um ótimo ponto de partida para atividades em sala de aula.

A melhor aula talvez esteja na Sessão Canal Futura em Rolli - na Terra dos Elfos, um filme

belíssimo, num ambiente de sonho e fantasia, onde elfos e trolls, criaturas com características

totalmente diferentes, se tornam absolutamente reais quando entram numa situação de conflito e

saem dela de uma forma que nos deixa encantados, acreditando que o ideal de paz é possível

também do lado de fora do cinema.

Ao lembrar de nossos primeiros anos, todos temos histórias pra contar. Essas histórias sempre

partem de alguma invenção que resultou numa travessura ou em uma situação excepcional.

Com o tempo, a maioria deixa os sonhos de lado e vive estritamente dentro da realidade.

Apenas uns poucos permanecem imaginando. Esses são os gênios, os poetas, os artistas, enfim

os que realmente impulsionam a humanidade e acrescentam contribuições importantes,

decorrentes de seus sonhos e da luta para concretizá-los.

Lília Levy

Especialista em Educação

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ANEXO 2

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA DA PRIMEIRA EDIÇÃO DA TELA NA SALA

DE AULA

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ANEXO 3

SITE DO 2º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA INFANTIL EM 2004

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ANEXO 4

JORNALZINHO PARA ALUNOS DO PROJETO CCBB BRASÍLIA

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ANEXO 5

RELATÓRIO DE PÚBLICO EM 2009

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ANEXO 6

RELATÓRIO DE PRESENÇA DA TELA NA SALA DE AULA – 2010

RELATÓRIO DEPRESENÇA DE ALUNOS

ARACAJU

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ANEXO 7

FOTOS DO RELATÓRIO 2010

Aracajú: Niterói:

Rio de Janeiro Brasília

São Paulo Campinas

Belo Horizonte

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ANEXO 8

PÁGINA INICIAL DO CADERNO DE IDÉIAS

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ANEXO 9

PCNS E ATIVIDADES NO CADERNO DE IDÉIAS

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ANEXO 10

PÁGINA DO CADERNO DE IDÉIAS COM SUGESTÕES DE ATIVIDADES

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ANEXO 11

KITS DA TELA NA SALA DE AULA

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ANEXO 12

IMAGEM DO SITE DO FILME GAROTO CÓSMICO

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ANEXO 13

FICHA PEDAGÓGICA GAROTO CÓSMICO

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NAPOLITANO, Marcos. “Cinema: experiência cultural e escolar”. In: Caderno de

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INDICE

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Luz, Câmera, Ação! 14

1.1 Cinema e a educação, quando o sonho encontra o conhecimento 14

1.2 Uma câmera na mão, mil idéias na cabeça 16

1.3 A Magia do Cinema – Qual é o truque? 20

CAPÍTULO II – Num cinema perto de você! 25

2.1 A Tela na Sala de Aula – Estudo de caso 25

2.2 Antes de Assistir – Integração Curricular 34

2.3 O Caderno de Idéias – Cada filme, um projeto 41

CAPÍTULO III – Cinema é a melhor diversão! 45

3.1 A crítica - Avaliação do Projeto 49

3.2 O retorno – Desdobramentos do Projeto 51

3.3 O Happy-End – Cinema e Escola juntos no final. 55

CONCLUSÃO 60

ANEXOS 65

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 81

BIBLIOGRAFIA CITADA 86

FOLHA DE AVALIAÇÃO 87

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: AVM FACULDADE INTEGRADA

Título da Monografia: CINEMA, UMA FERRAMENTA A SERVIÇO DA

EDUCAÇÃO

Autor: LÍLIA DE ANDRADE LEVY

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: