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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA MARSELHA RODOLFO PEREIRA FERREIRA ORIENTADORA: PROFESSORA MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA RIO DE JANEIRO ABRIL / 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

MARSELHA RODOLFO PEREIRA FERREIRA

ORIENTADORA:

PROFESSORA MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA

RIO DE JANEIRO

ABRIL / 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

MARSELHA RODOLFO PEREIRA FERREIRA

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Especialista em Psicopedagogia Institucional

RIO DE JANEIRO

ABRIL / 2009

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, aos professores, a escola que permitiu a sua realização e a todos aqueles que contribuíram para esta conquista.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a meus familiares

e colegas que sempre me incentivaram.

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RESUMO

As vivências na docência e a reflexão sobre a prática pedagógica,

juntamente com momentos de maior intercâmbio com a família, vinculados à

Constituinte Escolar, estão na base do objetivo deste estudo de investigar as

relações entre o envolvimento da família com a vida escolar e a aprendizagem

no ensino fundamental. A família reflete os problemas da sociedade bem como

a presença ou ausência de valores nos diversos contextos humanos (escola,

grupo de pares, associações) e desse modo é importante pesquisar sua

relação com o desempenho escolar.

Esses foram os pressupostos, oriundos da experiência prática e da

teoria, que nortearam os objetivos da pesquisa: Investigar qual é o papel da

família no desempenho escolar das crianças; Observar e descrever o

comportamento de crianças com bom e fraco desempenho escolar. Tendo

como objetivos específicos, investigar: a influência dos valores familiares no

desempenho escolar; os sentimentos dos pais e mães em relação à escola; o

relacionamento que as famílias das crianças com bom e fraco desempenho

mantêm com a escola; a interação social em sala de aula dos alunos e alunas

com bom e fraco desempenho, as atitudes em relação ao trabalho em sala de

aula dos alunos e alunas com bom e fraco desempenho.

A pesquisa-ação foi realizada por meio de estudo de caso de método

qualitativo [grupo focal] e quantitativo. A pesquisa qualitativa é ideal para tratar

o tema porque permite a compreensão do fenômeno em seus aspectos

subjetivos e particulares, a quantitativa nos oferece subsídio para possamos

medir e avaliar a participação efetiva no processo, esses modos, contemplam a

complexidade desta relação da criança com seus cuidadores e demais

participantes da sua educação. Os dados foram coletados em turmas de 1ª a 4ª

série do ensino fundamental em escola Rede Pública de Ensino de Minas

Gerias, mediante observações dos participantes em sala de aula, entrevistas e

questionários. Foram entrevistos dez profissionais: professores, pedagogos,

psicólogos e especialistas. Além de quarenta questionários aplicados aos pais

e alunos, selecionados segundo os parâmetros de amostragem.

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Palavras-chaves: Escola – Família – Aprendizagem.

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METODOLOGIA DA PESQUISA Local: Escola Pública.

Sujeitos: professores, corpo técnico da escola, pais de alunos do nível

fundamental.

Instrumento/ técnica: serão realizadas entrevistas com questionários semi-

fechados, tanto com os professores e corpo técnico da escola, quanto com os

pais de alunos.

3.1 Procedimento:

1º Passo: Verificar a possibilidade da concessão do direito de realizar a

entrevista na escola;

2º Passo: Estabelecer em contato com técnicos, os pais e professores das

escolas para pedir autorização escrita para a realização da pesquisa;

3º Passo: Realização de entrevista com professores, técnicos e com os pais,

separadamente;

4º Passo: A partir da realização das entrevistas, serão iniciadas as transcrições

das mesmas e, posteriormente, analisar-se-á se a percepção de cada um dos

entrevistados gerando assim um relatório e análise final.

Para extrair dados sobre o tema relacionado: A Relação Família e

Escola; foi realizada uma pesquisa-ação, onde se lançou mão do grupo focal,

entrevistas e questionários em um universo de quarenta pais, dez profissionais

entre professores e especialistas do ensino fundamental, em uma escola da

rede pública de ensino.

Através dos métodos aplicados observou-se diretamente como se dá

a participação dos pais na vida escolar dos seus filhos, a relação escola/família

e principalmente as causas ou motivos que dificultam a maior integração entre

família e escola. Diante de tais questionamentos, foi realizado juntamente com

todos os interessados pelo processo, diversos trabalhos, onde a participação e

a discussão do tema proposto foi de fundamental importância para a

consolidação desta pesquisa.

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Após a análise dos gráficos, os dados demonstram que a maior parte

dos pais e alunos entrevistados se encontram ativos na escola mesmo tendo

demonstrado nos seus relatos a falta de comunicação ainda existente na

escola. O que comprova a importância da integração Família/Escola no

processo ensino-aprendizagem dos alunos em todo contexto escolar.

Nota-se que o grau de compreensão e participação, apresenta

variáveis de elevação de acordo com a situação socioeconômica, cultura e

conhecimento dos pais, embora um percentual respondendo que o bom

relacionamento entre escola e família é essencial para aquisição de uma

aprendizagem positiva. Há pais que apresentam indecisões nas respostas

apresentadas.

Os gráficos possibilitam elucidar alguns dos objetivos da

pesquisa, demonstrando que a relação família escola está ligada à situação

econômica, de conhecimento e de cultura de cada um.

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................5

INTRODUÇÃO...................................................................................................10

CAPÍTULO I: A relação família- escola ............................................................15

1.1 Aspectos históricos.............................................................15

1.2 Aspectos culturais...............................................................19

CAPÍTULO II: A participação dos pais na Educação Escolar..........................24

CAPÍTULO III: O papel da escola.....................................................................27

CAPÍTULO IV: Discussão e Resultados............................................................32

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES..............................................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................43

ANEXOS............................................................................................................45

Anexo 1...................................................................................................45

Anexo 2...................................................................................................54

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INTRODUÇÃO

Historicamente, a escola e a família, tal qual as conhecemos hoje, são

instituições que surgem, com o advento da modernidade, ambas destinadas ao

cuidado e educação das crianças e jovens. Na verdade, à escola coube a

função de educar a juventude na medida em que o tempo e a competência da

família eram considerados escassos para o cumprimento de tal tarefa. Os

saberes diversos e especializados, necessários, à formação das novas

gerações, demandavam cada vez mais ao longo do tempo um espaço próprio

dedicado ao trabalho de apresentação e sistematização de conhecimentos

dessa natureza, diferente, portanto, daquele organizado pela família.

No Brasil, a escola, como instituição distinta da família, construiu-se aos

poucos, à custa das pressões científicas e dos costumes característicos de

uma vida mais urbana.

Aproximadamente dois séculos sinalizaram para a necessidade de uma

organização voltada à formação física, moral e mental dos indivíduos; missão

essa impossível para o âmbito doméstico.

Esse modelo esteve a serviço, sobretudo durante o século XIX, da

moldagem das elites intelectuais nacionais. A escola era profundamente

diferente da família e oferecia à formação das crianças e dos jovens uma

educação da qual nenhuma outra instituição poderia se ocupar. Os primórdios

da República, na onda dos movimentos sociais, políticos e culturais que

marcaram a época, impuseram a necessidade de modernizar a sociedade e

colocar a Nação nos trilhos do crescimento, exigindo então um outro modelo e

uma maior abrangência da ação educacional. Assim, como podemos observar,

a discussão sobre a participação da família na vida escolar de seus filhos não é

recente. Há décadas que se vêm refletindo sobre como envolver a família,

promover a co-responsabilidade e torná-la parte do processo educativo. Sem

dúvida, tal aproximação trata-se de uma difícil tarefa, isto, em função de

inseguranças, incertezas e da falta de esclarecimento sobre o processo

educacional, suas limitações, bem como sua abrangência.

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Compor uma parceria entre escola e família pressupõe, de ambas as

partes, a compreensão de que a relação família-escola deve se manifestar de

forma que os pais não responsabilizem somente à escola a educação de seus

filhos e, por outro lado, a escola não pode eximir-se de ser co-responsável no

processo formativo do aluno.

A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de contribuir no

processo ensino aprendizagem da criança de sete a dez anos do Ensino

Fundamental, e por entender-se que a parceria entre a família e a escola é de

suma importância para o sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na

formação do indivíduo nessa faixa etária.

Os paradigmas de interpretação e de gestão das realidades sociais

defendem modelos sistêmicos numa perspectiva de integração funcional em

que a flexibilidade, a mudança e o conflito são elementos que devem ser

coagidos.

Neste sentido, além do estudo das estruturas e das funções da família e

da escola, há de se considerar, também, as transformações que estão

ocorrendo na sociedade moderna, nas suas instituições e conforme os quadros

sociais que estão instáveis, daí decorrente que exigem uma compreensão

dinâmica e respostas mais articuladas.

Tradicionalmente a família tem estado por trás do sucesso escolar e tem

sido culpada pelo fracasso escolar. Quem não conhece o caso, comum no

âmbito das famílias de classe média e das escolas particulares, da mãe que

acompanha assiduamente o aprendizado e o rendimento escolar do filho, filha

ou filhos, que organiza seus horários de estudo, verifica o dever de casa

diariamente, conhece a professora e freqüenta as reuniões escolares? E quem

não conhece o discurso, freqüente no âmbito da escola pública que atende às

famílias de baixa renda, da professora frustrada com as dificuldades de

aprendizagem de seus alunos e que reclama da falta de cooperação dos pais?

Conforme esclarece Campos (1983):

A palavra família, na sociedade ocidental contemporânea tem ainda para a maioria das pessoas, conotação altamente impregnada de carga afetiva. Os apologistas do ambiente da família como ideal

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para a educação dos filhos, geralmente evidenciam o calor materno e o amor como contribuição para o estabelecimento do elo afetivo mãe-filho, inexistente no caso de crianças institucionalizadas. Um dos representantes deste ponto de vista foi Bowlby. (p.19).

A complexidade do processo de socialização é evidente e torna-se

bastante expressiva dentro do processo ensino-aprendizagem através de

aspectos do tipo: imitação, identificação e mais um conjunto de características

determinadas pelo contexto familiar, que irão interagir no desenvolvimento da

criança dentro da instituição escolar.

Há consenso entre educadores sobre a importância da integração entre

a escola e a comunidade à qual pertencem seus alunos. Entretanto a análise

de processos cotidianos relacionados a esta questão evidencia dificuldades e

resistência por parte de todos os protagonistas dessa relação.

Devido à democratização do acesso à escolarização, trazendo para

dentro da escola não só uma grande pluralização de grupos socioculturais

como também alunos pertencentes à família que vive em situação econômica

precária, os professores têm manifestado grande perplexidade ao trabalhar

com grupos cada vez mais diversificados de alunos; surgindo assim, a

necessidade de uma relação família e escola mais consolidada, possibilitando

criar alternativas de participação e integração que favoreça a prática educativa.

Não se pode pensar em escola sem aluno e aluno sem família. É um

laço – uma relação, à qual não se pode fechar os olhos, pensando que não

existe. E infelizmente à distância entre família e escola está presente

visivelmente no nosso dia-a-dia.

A problematização aborda as seguintes questões:

Quanto ao sentimento de acolhimento no interior da escola.

ü Os alunos, pais e outras pessoas da comunidade gostam de estar na

escola?

ü Qual a motivação mais freqüente para convocação da presença dos pais

na escola? São chamados apenas para comunicação de conflitos e

dificuldades de aprendizagem dos filhos ou também para obter retorno

sobre seus progressos e avanços?

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Quanto às condições para o atendimento aos pais dos alunos.

ü Pais e alunos que chegam para fazer matrícula, pedir informações,

saber sobre o desenvolvimento dos seus filhos, são atendidos com

atenção e respeito?

ü Os pais e mães participam ativamente das reuniões sobre a vida escolar

dos alunos? São representados nos Conselhos de Classe ou de Ciclo?

Quanto à abertura da escola aos pais e à comunidade.

ü A escola se relaciona de forma democrática com os membros da

comunidade, isentando-se de discriminações em relação a diferenças

econômicas, culturais, ético-racionais aos portadores de deficiências?

ü A escola desenvolve atividades pedagógicas (projetos, oficinas,

excursões, exposições), promove eventos de confraternização,

comemoração ou celebração, contando com a participação ativa da

comunidade escolar?

A presente pesquisa tem como objetivos:

Objetivo geral

• Proporcionar estratégias na busca da integração família escola na

perspectiva de melhoria no processo ensino aprendizagem, o

desenvolvimento do aluno com um todo e principalmente buscar uma

parceria entre família e escola que procure superar as dificuldades

encontradas hoje por estas duas instituições em seu projeto de educar.

Objetivos específicos. • Apresentar sugestões de ações que permitam maior integração da família

na vida escolar;

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• Investigar estratégias que viabilizem ao aluno, a construção de sua

identidade, autonomia com responsabilidade, conhecimento e exercício de

sua cidadania, a partir da estrutura da família moderna e de suas relações

com a instituição escolar;

• Levar os pais a se conscientizarem da sua responsabilidade com a vida

escolar de seus filhos;

• Construir juntamente com a família, o fortalecimento do processo

educacional que se efetiva num trabalho integrado entre família e escola.

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I. RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA

O tema escolhido Relação Família/Escola pretende contribuir com o

trabalho psicopedagógico nas escolas.

A temática das relações entre essas duas instituições é, sobretudo nos

dias de hoje, uma das mais palpitantes questões discutidas por pesquisadores

que têm continuamente chamado a atenção para a implicação instituição

familiar com a escola.

Como dizem Montandon e Perrenoud (in Almeida,1987:7), de uma

maneira ou de outra, agradável ou ameaçadora, onipresente ou discreta, a

escola faz parte da vida cotidiana de cada família.

Freire (2000) evidencia que ensinar exige compreender que a educação

é uma forma de intervenção no mundo, uma tomada de posição, uma decisão,

por vezes, até uma ruptura com o passado e o presente.

Segundo Paro (2000), pesquisador que realizou um estudo sobre o

papel da família no desenvolvimento escolar de alunos, o distanciamento entre

escola e família não deveria ser tão grande, pois - para ele - “parece haver, por

um lado, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais, daquilo que é

transmitido na escola, por outro lado, uma falta de habilidade dos professores

para promoverem essa comunicação”.

1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

Ao longo da história brasileira a família veio passando por

transformações importantes que se relaciona diretamente com o contexto

sócio-econômico-político do país. O Brasil-Colônia, marcado pelo trabalho

escravo e pela produção rural para a exportação, identifica-se um modelo de

família tradicional extensa e patriarcal, no qual os casamentos baseavam-se

em interesses econômicos; que à mulher, era destinada a castidade, a

fidelidade e a subserviência. Aos filhos, considerados extensão do patrimônio

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do patriarca, ao nascer dificilmente experimentavam o sabor do aconchego e

da proteção materna, pois eram amamentados e cuidados pelas amas de leite.

Ao falar sobre a origem e as condições da relação família-escola,

Almeida afirma que até o início do século passado as autoridades não estavam

muito preocupadas com as opiniões das famílias, não existindo relações mais

estreitas entre estas e a escola (1987, p.24).

Mais até do que isso, para Castro, em sua análise sobre a situação

brasileira, existia um verdadeiro discurso contra as famílias (2000). De acordo

com o ideal dos princípios normativos da ciência médica do séc. XIX, a família

era “caracterizada em permanente estado de mal-funcionamento, e era dada

como incompetente, incapaz, sem qualidades para educar as crianças” (ibid,

p.452). Por volta da década de 30, o discurso se modifica e considera-se

necessária a aproximação da família. Contudo, esta aproximação deverá ser

feita de forma que os profissionais instruam as famílias em como proceder com

seus filhos.

Almeida (1987) periodizou o discurso científico sobre a aproximação

entre família e escola no decorrer das últimas décadas da seguinte forma: nos

anos 60, preconizava-se um encorajamento dos pais aos aprendizados

escolares de seus filhos; já nos anos 70 falava-se vagamente em uma

complementaridade recíproca entre a família e a escola, e nos anos 80

recomendava-se aos professores estabelecerem uma forte colaboração com as

famílias, a fim de compreenderem melhor o contexto onde estas estão

inseridas, estimulando o envolvimento dos pais na escola e nas atividades

escolares de seus filhos.

Essas mudanças no discurso fazem parte da busca em compreender o

desempenho escolar a partir da observação da influência do background

familiar sobre as trajetórias escolares das crianças.

A partir das últimas décadas do século XIX, identifica-se um novo

modelo de família. A Proclamação da República, o fim do trabalho escravo, as

novas práticas de sociabilidade com o início do processo de industrialização,

urbanização e modernização do país constituem terreno fértil para proliferação

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do modelo de família nuclear burguesa, originário da Europa. Trata-se de uma

família constituída por pai, mães e poucos filhos. O homem continua detentor

da autoridade e "rei" do espaço público; enquanto a mulher assume uma nova

posição: "rainha do lar", "rainha do espaço privado da casa". Desde cedo, a

menina é educada para desempenhar seu papel de mãe e esposa, zelar pela

educação dos filhos e pelos cuidados com o lar.

No âmbito legal, a Constituição Brasileira de 1988, aborda a questão da

família nos artigos 5º, 7º, 201º, 208º e 226º a 230º, trazendo algumas

inovações (artigo 226) como um novo conceito de família: união estável entre o

homem e a mulher (§ 3º) e a comunidade formada por qualquer dos pais e

seus descendentes (§ 4º). E ainda reconhece que: ''os direitos e deveres

referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela

mulher'' (§ 5º).

Nos últimos vinte anos, várias mudanças ocorridas no plano sócio-

político-econômico relacionadas ao processo de globalização da economia

capitalista vêm interferindo na dinâmica e estrutura familiar e possibilitando

mudanças em seu padrão tradicional de organização.

Conforme Pereira (1995), as mais evidentes são:

- Queda da taxa de fecundidade, devido ao acesso aos métodos

contraceptivos e de esterilização;

- Tendência de envelhecimento populacional;

- Declínio do número de casamentos e aumento da dissolução dos

vínculos matrimoniais constituídos, com crescimento das taxas de pessoas

vivendo sozinhas;

- Aumento da taxa de coabitações, o que permite que as crianças

recebam outros valores, menos tradicionais;

- Aumento do número de famílias chefiadas por uma só pessoa,

principalmente por mulheres, que trabalham fora e têm menos tempo para

cuidar da casa e dos filhos.

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Entretanto, evidencia-se que essas mudanças não devem ser encaradas

como tendências negativas ou sintomas de crise. A aparente desorganização

da família é um dos aspectos da reestruturação que ela vem sofrendo. Por um

lado, pode causar problemas, por outro, apresentar soluções. Trata-se de um

processo contraditório que ao mesmo tempo em que abala o sentimento de

segurança das pessoas com a falta ou diminuição da solidariedade familiar,

proporciona também a possibilidade de emancipação de segmentos

tradicionalmente aprisionados no espaço restritivo de muitas sociedades

conjugais opressoras.

Com ele, também, os papéis sociais atribuídos diferenciadamente ao

homem e à mulher tendem a desaparecer não só no lar, mas também no

trabalho, na rua, no lazer e em outras esferas da atividade humana.

Embora, a cada momento histórico corresponda um modelo de família

preponderante, ele não é único, ou seja, concomitante aos modelos

dominantes de cada época - existiam outros com menor expressão social,

como é o caso das famílias africanas escravizadas. Além disso, o surgimento

desta tendência não impedia imediatamente a outra, prova disto é que neste

início de século podemos identificar a presença do homem patriarca, da mulher

"rainha do lar" e da mulher trabalhadora. Assim, não se pode falar de família,

mas de famílias, para que se possa tentar contemplar a diversidade de

relações que convivem em nossa sociedade. Outro aspecto a ser ressaltado,

diz respeito ao significado social da família e qual a sua razão de existência.

O tipo de escola e conhecimento que se funda com o capitalismo, legitima-se em um modelo de arquitetura social voltada à satisfação dos direitos intelectuais de uma elite econômica, amparada em sólida composição familiar que, a princípio, pode fornecer o lastro moral, ético e civilizacional, necessários ao bom desempenho de todos aqueles que a freqüentam. Hoje, contudo, a situação é outra. A sociedade pós-industrial alterou, significativamente, sua maneira de operar e produzir mercadorias, conhecimentos e valores, afetando diretamente a escola, afetando seus eixos paradigmáticos, tanto no que se refere à sua organização funcional, curricular e metodológica, quanto aos princípios éticos e participativos que sustentam sua prática cotidiana. Este panorama dificulta a definição de rumos, a fim de que se possa determinar as metas a serem atingidas pela escola no campo dos saberes, mas, também, no campo da participação dos diversos segmentos que a compõem, principalmente dos pais. ( CASTRO, 2000. p.01).

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Medeiros (2004) alega que as práticas curriculares ainda não assumiram

o compromisso de considerar e interpretar a participação das famílias como

enriquecedoras do trabalho pedagógico, limitando-se por vezes, a uma pseudo-

participação, ou ainda pior, a participação presencial sendo a única levada em

consideração. É preciso abarcar a realidade e a diversidade de todas as

famílias, sem transformar a participação na vida escolar em um processo de

exclusão.

Assim, é fundamental conhecer os alunos e as famílias com as quais

lidamos.

Sobretudo conhecer quais são suas dificuldades, seus planos, seus

medos e anseios. Enfim, que características e particularidades marcam a

trajetória de cada família e conseqüentemente, do educando a quem se

atende. Estas informações são dados preciosos para que se possa avaliar o

êxito das ações enquanto educadores, identificar demandas e construir

propostas educacionais compatíveis com a realidade.

Uma atitude de desinteresse e de preconceitos pode danificar

profundamente a relação família/escola e trazer sérios prejuízos para o

sucesso escolar e pessoal dos educandos.

Enfim, muitos podem ser os significados da palavra participar. É preciso

identificar as razões pelas quais as famílias não têm correspondido ao que os

educadores esperam enquanto sua participação na escola. Para tal, é

necessário despir-se da postura de juízes que condenam sem conhecer as

razões e incorporar o espírito investigador que busca as causas para o

desconhecido.

1.2 ASPECTOS CULTURAIS

Quando os valores da escola coincidem com os valores da família,

quando não há rupturas culturais, a aprendizagem ocorre com mais facilidade.

Nas comunidades homogêneas, em que os professores partilham os mesmos

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valores, linguagem e padrões culturais dos pais dos alunos, está garantida a

continuidade entre a escola e a família. Contudo, são cada vez mais as escolas

com populações estudantis heterogêneas, nas quais os professores e os pais

têm raízes culturais diferentes, provocando, nos alunos, dificuldades de

adaptação.

Levando-se em conta a maneira como os alunos aprendem, torna-se

evidente a importância da continuidade cultural entre a escola e as famílias. O

aluno aprende assimilando a informação pela experiência direta com pessoas e

objetos, ou seja, professores, pais, colegas, livros, programas de televisão,

Internet, etc. Essa informação é incorporada nas suas estruturas mentais,

modificando-as, tornando-as mais complexas e abrangentes. É o desejo de

adquirir sentido, de tentar compreender, que leva o aluno a aprender.

Logo, quanto mais rico e variado for o seu mundo familiar, mais

oportunidades o aluno terá de adquirir informação relevante. Os alunos

movem-se para o estágio cognitivo que lhes está mais próximo, quando

reconhecem que há uma discrepância entre o que experivivenciam e o sentido

que estão a dar às novas informações. Mas o grau de discrepância não deve

ser nem muito elevado nem muito reduzido.

Em sua palestra proferida em 26/10/2004 na Escola Lourenço Castanho,

José Ernesto Bologna salienta que à família cabe a tarefa de construir visões

coletivas, desenvolvendo valores e relações culturais, tendo os pais como

exemplo deste equilíbrio, na conquista da plenitude de maturidade.

As relações entre família e escola devem consistir em uma preocupação de todos os profissionais da educação, sobretudo dos que trabalham com a educação infantil. A relação entre a escola e o lar deve ser um dos eixos centrais desse segmento da educação. (MEDEIROS, 2004)

Segundo o autor supracitado, o conceito de família deve ser entendido

em um âmbito diversificado e em constante movimento, sendo produto do

processo de reestruturação devido à globalização da economia capitalista.

Sendo assim, a escola passou a ter o papel de ensinar não só o conhecimento

sistematizado, mas também assumiu a responsabilidade de desenvolver as

habilidades que antes eram consideradas encargos da família.

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Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da

cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A

educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua

criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. A família tem

sido, é, e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da

personalidade e do caráter das pessoas.

De uma maneira geral, sobre a relação família e educação, afirma Nérici

(1972):

A educação deve orientar a formação do homem para ele poder ser o que é, da melhor forma possível, sem mistificações, sem deformações, em sentido de aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em função das autênticas necessidades das pessoas e da sociedade (...) A influência da Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la. (...) A educação para ser autêntica, tem de descer à individualização, à apreensão da essência humana de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas fortalezas e aspirações. (...) O processo educativo deve conduzir à responsabilidade, liberdade, crítica e participação. Educar, não como sinônimo de instruir, mas de formar, de ter consciência de seus próprios atos. De modo geral, instruir é dizer o que uma coisa é, e educar é dar o sentido moral e social do uso desta coisa. (p.12).

Por outro lado, Connel (1995) faz uma abordagem em que visualiza a

família dentro deste parâmetro sugerindo que a relação entre professores e

pais deve ser entendida como uma relação de classes. Assim, os pais da

classe dominante vêem os professores como seus agentes pagos: capazes e

especialistas.

A política neoliberal faz com que a família seja entendida como cliente

da instituição escolar, e não como agente de transformação e melhoria das

crianças, criando uma esfera de venda e subordinação bidirecional que

descaracteriza o processo de formação cognitiva e pessoal das mesmas. O

foco hoje é desenvolver uma atividade conjunta com a família que seja

significativa, participativa, e que promova efetivamente a educação e

crescimento dos alunos/filhos.

Atravessa-se uma autêntica socialização divergente. Vive-se numa

sociedade pluralista, em que grupos sociais distintos defendem modelos de

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educação opostos, em que se dá prioridade a valores diferentes e até

contraditórios. Ou seja, a unidade racionalista representada por um modelo

unitário de escola está em crise, em função da ascensão de um paradigma

educacional que não pode mais colocar para debaixo do tapete, a diversidade

sócio-cultural como elemento central dos conflitos que marcam a escola nos

dias de hoje.

Toda esta movimentação no plano social produz rupturas na forma

como, historicamente, algumas instituições se organizam para gerar

conhecimento, condicionar hábitos e impor comportamento. Destas, as mais

afetadas foram, com certeza, a família e a escola. Não é por outra razão que

hoje essas duas instituições se vêem compelidas a uma aproximação que, até

a alguns anos atrás, não seria possível ou mesmo desejável.

Tradicionalmente a escola olhou para a família com certa desconfiança

e, quando não teve alternativa, apenas suportou a participação dos pais na

condição de ouvintes comportados dos relatos por eles produzidos, acerca da

trajetória disciplinar e pedagógica dos alunos. Raramente essa participação

superou os limites de ação beneficente, envolvendo-se com a parte

organizacional do projeto curricular da escola. Para a escola, a família foi e é, o

locus de construção de moralidade, base indispensável para a garantia do

projeto moralizador e civilizacional representado pela escola.

A família fez da escola, sobretudo na etapa que antecedeu a

massificação do processo institucional, uma instituição a serviço da

monopolização do capital cultural nas mãos de uma elite econômica,

reproduzindo, no plano educativo, as desigualdades do campo social. Assistiu-

se a uma reviravolta neste cenário decorrente da crise dos modelos forjados

pela modernidade. O modelo de família nuclear predominante até meados da

década de 50 deu lugar a novas formas de representação e organização

parental com reflexos diretos no que concerne às relações entre pais e filhos.

Cresceu, vertiginosamente, o número de separações entre casais, o que tem

provocado a perda de referências ético-morais para uma parte significativa de

jovens e crianças.

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Além disso, a crescente presença da mulher no mercado de trabalho e

sua maior independência da representação de mulher voltada à vida doméstica

e à educação da prole, resultaram em certa lacuna com relação ao

desenvolvimento afetivo, social e educacional das novas gerações. Para

completar este cenário, as mudanças tecnológicas que prometiam uma maior

disponibilidade de tempo para que os indivíduos se dedicassem a si mesmos e

aos outros, revelaram-se falsas; o trabalho e a velocidade cotidiana só fizeram

afastar as pessoas do convívio comunitário, isolando-as, cada vez mais e,

conseqüentemente, descompromissando-as das responsabilidades públicas,

dentre as quais, destaca-se a formação da juventude.

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II. A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSO

ESCOLAR

Estudos realizados em vários países, nas últimas três décadas,

mostraram que, quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles

obtêm melhor aproveitamento escolar. De todas as variáveis estudadas, o

envolvimento dos pais no processo educativo foi a que obteve maior impacto,

estando esse impacto presente em todos os grupos sociais e culturais.

Quando se fala em colaboração da escola com os pais, estamos a falar

de muitas coisas. Desde logo, a comunicação entre o professor e os pais dos

alunos aparece à cabeça, constituindo a forma mais vulgar e mais antiga de

colaboração.

Muitos professores não vão além dessa prática e, muitas vezes, limitam-

se a ser os mensageiros das más notícias. Talvez, por isso muitos pais olhem

para a escola com um misto de receio e de preocupação, porque só são

chamados pelo professor quando os filhos revelam problemas de

aprendizagem ou de indisciplina. Mas há outras formas de colaboração. Por

exemplo, o apoio social e psicológico que a escola pode dar aos alunos e

respectivas famílias através dos serviços de apoio social escolar e dos serviços

de psicologia e orientação vocacional. Para muitas famílias no limiar da

pobreza, esta é a única forma de colaboração conhecida.

Castro (2002) em artigo: O Caos Institucional e a Crise da Modernidade

se refere à falta de parâmetros quanto ao papel que a escola deve assumir em

uma sociedade em permanente mudança e, em conformidade a isto, que

sentido deve assumir a prática docente, quando a própria produção e

veiculação do conhecimento, assumem formas cada vez mais fragmentáveis e,

muitas vezes, dissociadas de qualquer significação ética, social e cultural?.

As famílias da classe média sempre praticaram uma outra forma de

colaboração: o apoio ao estudo, em casa. Essas famílias apóiam os filhos na

realização dos trabalhos de casa e no estudo, recorrendo, muitas vezes, a

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professores particulares. Nos jardins de infância e nas escolas do ensino

básico, começa a ser comum a participação dos pais em atividades escolares:

festas, comemorações e visitas de estudo. Algumas destas formas de

colaboração têm efeitos expressivos na melhoria do aproveitamento escolar

dos alunos, aumenta a motivação dos mesmos no estudo, ajuda que os pais

compreendam melhor o esforço dos professores. Melhora a imagem social da

escola, reforça o prestígio profissional dos professores, ajuda os pais a serem

melhores pais. Da mesma forma, estimula os professores a serem melhores

professores.

Não há uma única maneira correta de envolver os pais. As escolas

devem procurar oferecer um menu que se adapte ás características e

necessidades de uma comunidade educativa cada vez mais heterogênea. A

intensidade do contato é importante e deve incluir reuniões gerais e o recurso à

comunicação escrita, mas, sobretudo os encontros desses agentes (escola e

família). Intensidade e diversidade parecem ser as características mais

marcantes dos programas eficazes.

A sociedade procura ter na escola uma instituição normativa que trate de transmitir a cultura, incluindo além dos conteúdos acadêmicos, os elementos éticos e estruturais. É a partir daí que se constrói o currículo manifesto (escrito em seus estatutos) e o currículo latente (o dia-a-dia). (Outeiral apud Siqueira, 2002, p.01).

Nada é pior para o bem estar e desenvolvimento das crianças e dos

jovens do que a ausência de referências seguras e a privação do contato

continuado e duradouro com adultos significativos. Quando os pais, por

motivos relacionados com o mercado de trabalho e o afastamento do local de

trabalho da sua área de habitação, não dispõem de tempo para estar com os

filhos, deixando, por isso, de tomar as refeições em comum, as crianças e os

jovens são obrigados a crescerem com a ausência de referências culturais

seguras. Essa ausência de referências faz aumentar a necessidade de os

professores criarem programas que aproximem as escolas das famílias,

contribuindo para a recriação de pequenas comunidades de apoio aos alunos

que sejam uma presença forte na vida deles.

Gostaria uma vez mais de deixar bem expresso o quanto aposto na liberdade, o quanto me parece fundamental que ela

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exercite assumindo decisões. (...). A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade dos pais, do professor e do Estado. FREIRE, 2000, p.119).

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III. O PAPEL DA ESCOLA

A escola pode ser pensada como o meio do caminho entre a família e a

sociedade. Neste delicado lugar, tanto a família quanto a sociedade lançam

olhares e exigências à escola. No que se refere à família, é necessário dizer

que a historiografia brasileira permite concluir que não existe um “modelo de

família” e sim uma infinidade de modelos familiares, com traços em comum,

mas também guardando singularidade. É possível dizer que cada família

possui uma identidade própria. Trata-se, na verdade, como afirmam vários

autores, de um agrupamento humano em constante evolução, constituído com

o intuito básico de prover a subsistência de seus integrantes e protegê-los.

Estão presentes, dessa maneira, sentimentos pertinentes ao cotidiano

de qualquer agrupamento, como amor, ódio, ciúme, inveja, entre outros. Em

relação às expectativas da família com relação à escola com seus filhos

encontram-se várias fantasias familiares, como o desejo de que a instituição

escolar “eduque” o filho naquilo que a família não se julga capaz, como, por

exemplo, limite e sexualidade; e que ele seja preparado para obter êxito

profissional e financeiro, via de regra ingressando em uma boa universidade.

Embora bem delimitadas as diferenças entre casa e escola, passou-se a

buscar mais o apoio desta, entendendo-se a eficácia da ação normalizadora da

escola sobre crianças e jovens quando respaldadas pelo conhecimento e

aquiescência da família. A despeito disso, reservava-se à escola os direitos

sobre o conhecimento científico acerca das áreas disciplinares, como também

sobre aqueles que diziam respeito aos processos de aprendizagem das

crianças e adolescentes, conhecimentos estes informados pela biologia,

psicologia e ciências sociais preservando á escola, desta forma, seu lugar de

autoridade no gerenciamento das questões pedagógico - educacionais.

Hoje, vive-se um outro tempo, bem mais complexo, diverso e inquietante

do que há algumas décadas. A escola enfrenta, além do desafio frente ao

domínio do conhecimento, em permanente mudança, também o desafio da

relação com seus alunos, sejam eles crianças pequenas ou jovens.

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Sem dúvida esse contexto é perpassado por questões de diferentes

naturezas, entre as quais dilemas do desempenho curricular a ser proposto na

contemporaneidade, os impasses da escolha dos encaminhamentos

metodológicos mais adequados às relações de ensino, os limites e

possibilidades da manutenção de uma relação professor/aluno com qualidade -

e a família é considerada peça chave nesse momento de crise.

Ao lado da família, a escola permanece sendo um espaço de formação

que deve, para tanto, repensar a sua ação formadora, preocupando-se em

formar seus educadores para que os mesmos reúnam recursos que os

permitam lidar com os conflitos inerentes ao cotidiano escolar. É, portanto, na

escola, refletindo sobre o que há para ser ensinado às crianças, sobre a

metodologia que pode tornar mais coesa a ação do conjunto docente, que a

escola poderá encontrar saídas legítimas à superação dos problemas morais e

éticos que assolam o seu dia-a-dia. Nesse sentido, sem abdicar do lugar

reservado ao ensino formal, é preciso que os espaços destinados à formação

dos educadores no interior da escola dêem, também, prioridade à reflexão

político-filosófica sobre os sentidos e possibilidades da ação educacional para

que se possa, desta feita, recuperar ou constituir um novo ideário para a

escola.

A escola não é a única instância de formação de cidadania. Mas, o

desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade dependem cada vez mais da

qualidade e da igualdade de oportunidades educativas. Formar cidadãos na

perspectiva aqui delineada supõe instituições onde se possa resgatar a

subjetividade inter-relacionada com a dimensão social do ser humano, em que

a produção e comunicação do conhecimento ocorram através de práticas

participativas e criativas.

Trata-se de uma instituição da sociedade na qual a criança atua

efetivamente como sujeito individual e social. É um espaço concreto e

fundamental para a formação de significados e para o exercício da cidadania:

na medida em que possibilita a aprendizagem de participação crítica e criativa,

contribui para formar cidadãos que atuem na articulação entre o Estado e a

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sociedade civil. Para a família, o ensino quanto mais individualizado, melhor

para seu filho, pois nessa conjetura vai haver a peculiaridade de melhor ajudá-

los e a destacá-lo. As preocupações transitam, portanto, no âmbito do privado.

Este enfoque mais social do que individual carrega objetivos éticos, pois a

escola deve ser um espaço de valorização tanto da informação, como da

formação de seus alunos, dentro de uma estrutura coletiva.

A escola como instituição busca através de seu ensino, que seus alunos

possam assumir a responsabilidade por este mundo, como diz Arendt (apud

Castro, 2002):

Ultrapassa os desejos individuais e esta responsabilidade só poderá advir, através do enlaçamento entre conhecimento, e ação, entre o saber e as atitudes, entre os interesses individuais e sociais. A escola, como um novo modelo, irá ampliar o mundo dos alunos, convidando-os a olhar suas experiências com uma outra lente, que não a familiar, o que alterará os significados já conhecidos. A escola pública tem mais fortemente, então, a responsabilidade da apresentação de conceitos e conteúdos herdados de nossa cultura, pois muitas crianças só terão acesso a esta herança, através de sua passagem pela escola, que deve então, abrir caminhos de acesso à cultura de maneira igualitária para todos e neste sentido, lutar contra os privilégios de uma classe social. Todo educador enquanto mediador do vínculo entre aluno e a cultura, entre a escola e a família, está mergulhados e comprometidos nesta rede de interesses dos dominantes e dos dominados. (p.01).

Existem escolas que trabalham visivelmente no objetivo de reprodução

dos valores e ideologias dominantes, outras têm uma posição mais crítica, mas

todas assumem posições políticas, pois a escolha dos conteúdos a serem

ensinados, o estilo e o método deste ensino, suas regras, sua maneira de

avaliar, de receber a família etc., traduzem os objetivos das instituições,

deixando claras as opções e desvelando seus interesses mais específicos.

Quando um aluno que chega a uma escola que lhe oferece um currículo

sem continuidades com a sua cultura familiar - diferenças de linguagem, de

proximidade e de distância entre pessoas, de formas de tratamento e de regras

de comportamento - tornam mais difícil que o aluno seja capaz de aplicar as

suas experiências e conhecimentos passados às novas aprendizagens

escolares.

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Confrontados com grandes descontinuidades entre a casa e a escola,

incapazes de compreenderem a cultura escolar e de aplicarem as suas

experiências passadas aos novos contextos, esses alunos podem rejeitar ou

ignorar a nova informação. Quando isso acontece, estão criadas as condições

para que o aluno rejeite a cultura escolar. Essa rejeição pode assumir várias

formas: indisciplina, violência, abandono, passividade e resignação. Seja qual

for a forma assumida pela rejeição, os sinais dessa rejeição devem ser

interpretados pelo professor, cabendo-lhe traçar um plano de ação que inclua a

comunicação com os pais.

O envolvimento dos pais nas escolas produz efeitos positivos tanto nos

pais como nos professores, nas escolas e nas comunidades locais. Os pais

que colaboram habitualmente com a escola ficam mais motivados para se

envolverem em processos de atualização e reconversão profissional e

melhoram a sua auto-estima como pais.

O envolvimento familiar traz, também, benefícios aos professores que,

regra geral, sentem que o seu trabalho é apreciado pelos pais e se esforçam

para que o grau de satisfação dos pais seja grande. A escola também ganha,

porque passa a dispor de mais recursos comunitários para desempenhar as

suas funções, nomeadamente com a contribuição dos pais na realização de

atividades de complemento curricular.

Quando a escola se aproxima das famílias, registra-se uma pressão

positiva no sentido de os programas educativos responderem às necessidades

dos vários públicos escolares. As comunidades locais também ganham porque

o envolvimento familiar faz parte do movimento cívico mais geral de

participação na vida das comunidades, sendo, por vezes, uma oportunidade

para os pais intervirem nos destinos das suas comunidades e desenvolverem

competências de cidadania.

Restou para a escola a responsabilidade de estabelecer a ordem neste

caos e, como não lhe é possível reorganizar o quadro familiar, resta-lhe abrir

mais portas para tentar uma parceria educativa com os pais, de modo que

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possa instituir uma nova estabilidade, que traga de volta, à escola, a

legitimidade que a crise da modernidade lhe retirou.

Partindo de um levantamento da história da participação da família na

educação percebe-se que os interesses das famílias foram acolhidos mais

fortemente na escola brasileira, a partir das décadas de 60/70, através do

movimento de Renovação Pedagógica, que abriu uma grande lacuna para a

entrada de um olhar mais psicológico no âmbito escolar, ampliando a atenção

com cada criança, suas escolhas e desejos, seu tempo de aprender entre

tantos.

Contudo, conflitos decorrentes da situação vivida ainda são

enfrentados, pois passou-se de um valor centrado no conteúdo e no educador,

para um valor centrado na criança e em seu processo de aprender. O desafio

das escolas hoje é sair dos extremos, buscando valorizar tanto a informação,

como a formação, tanto no educador como no educando, tanto o método como

os conhecimentos acumulados, resgatando a importância do grupo na

construção de conceitos e valores.

Com base nos autores, pretende-se aprofundar a pesquisa para

formulação do trabalho monográfico, acreditando que a escola e a família

devem construir pontes para derrubar muros de individualismo e indiferença.

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IV. DISCUSSÃO E RESULTADOS

SIM NÃO ÀS VEZES1 10 0 02 9 0 13 9 0 14 3 2 55 5 4 16 9 0 17 10 0 08 9 0 19 8 1 110 8 2 0

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

PERGUNTAS

NÚMERO DE PAIS

SIM NÃO ÀS VEZES

RESULTADO DA PESQUISA REALIZADA COM OS PAIS DOS ALUNOS DA 1ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA E. M. JOSÉ MARIA ALKMIM DE

ACORDO COM O QUESTIONÁRIO EM ANEXO

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SIM NÃO ÀS VEZES1 10 0 02 5 3 23 10 0 04 5 3 25 5 3 26 5 1 47 9 0 18 9 1 09 6 1 310 8 1 1

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

PERGUNTAS

NÚMERO DE PAIS

SIM NÃO ÀS VEZES

RESULTADO DA PESQUISA REALIZADA COM OS PAIS DOS ALUNOS DA 2ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA E. M. JOSÉ MARIA ALKMIM DE

ACORDO COM O QUESTIONÁRIO EM ANEXO

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SIM NÃO ÀS VEZES1 9 0 12 6 1 33 9 0 14 4 1 55 4 3 36 6 1 37 10 0 08 8 0 29 6 0 410 8 0 2

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

PERGUNTAS

NÚMERO DE PAIS

SIM NÃO ÀS VEZES

RESULTADO DA PESQUISA REALIZADA COM OS PAIS DOS ALUNOS DA 3ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA E. M. JOSÉ MARIA ALKMIM DE

ACORDO COM O QUESTIONÁRIO EM ANEXO

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SIM NÃO ÀS VEZES1 9 0 12 10 0 03 8 2 04 5 1 45 7 1 26 8 0 27 10 0 08 10 0 09 7 0 310 10 0 0

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

PERGUNTAS

NÚMERO DE PAIS

SIM NÃO ÀS VEZES

RESULTADO DA PESQUISA REALIZADA COM OS PAIS DOS ALUNOS DA 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA E. M. JOSÉ MARIA ALKMIM DE

ACORDO COM O QUESTIONÁRIO EM ANEXO

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É inócuo afirmar que a relação família/escola insere num contexto

social, onde o educando necessita de sua influência para afirmar-se enquanto

sujeito no processo ensino aprendizagem.

De acordo com os entrevistados e os questionários, a relação entre

família e escola e a credibilidade pessoal de cada um é o que nos proporciona

SIM NÃO ÀS VEZES1 38 0 22 30 4 63 36 2 24 17 7 165 21 11 76 28 2 107 39 0 18 36 1 39 27 2 1110 34 3 3

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

PERGUNTAS

NÚMERO DE PAIS

SIM NÃO ÀS VEZES

RESULTADO FINAL DA PESQUISA REALIZADA COM OS PAIS, ALUNOS, PROFESSORES E ESPECIALISTAS DA 1ª, 2ª, 3ª E 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, DA E. M. JOSÉ MARIA ALKMIM DE ACORDO COM O

QUESTIONÁRIO EM ANEXO

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viver nossa capacidade de pensar e enfrentar os desafios básicos da vida da

educação, a confiança em nosso direito de ser feliz e expressar nossas

necessidades e desejos.

Observando os dados quantitativos, onde o percentual percebido nos

gráficos demonstra ter um índice positivo frente à participação da família na

escola, permaneceram alguns aspectos negativos e indecisos por parte da

postura da escola e do corpo discente.

No aspecto geral, os gráficos explicitam que a relação família escola

tem melhorado em diversos aspectos. Entretanto, muitos questionamentos

ainda se fazem a respeito do papel da escola e da família, onde os pais ainda

não sabem qual é verdadeiramente o seu papel, desconhecendo também o

papel da instituição e suas atribuições. Neste contexto, afirmam que são

chamados à escola somente para resolverem questões relacionadas à

indisciplina ou para reuniões que muitas das vezes não correspondem ao que

eles gostariam de saber. Quanto ao ensino, muitos desconhecem ou não

sabem o andamento, até mesmo porque não dispõe de conhecimento o

bastante para intervir diretamente no processo de formação dos seus filhos, o

que prejudica a participação e atuação na escola.

De acordo com as respostas dos pais, alunos e especialistas na

pesquisa, percebe-se que a escola precisa fornecer um alicerce entre pais,

escola e filhos, favorecendo e conscientizando os pais e a comunidade sobre a

sua importância no processo de ensino-aprendizagem.

Observa-se ainda que uma parte dos pais entrevistados se

declinaram negativamente quanto à relação com seus filhos, demonstrando

uma baixa auto-estima neste sentido. Em algumas perguntas, se manifestaram

indecisos e ansiosos nas respostas como está comprovado nos gráficos.

“A participação é constante. Eu estou sempre verificando cadernos,

procuro falar com os professores, saber como eles estão. A minha

preocupação é muito grande. Como é que está a escola? Está sendo bem

administrada? Todos estes aspectos” (depoimento de uma mãe de aluna).

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Conforme foi possível observar nos resultados da pesquisa de campo,

a ausência dos pais se dá principalmente por falta de tempo ou/em função dos

compromissos de trabalho. Entretanto, mesmo os pais ausentes são concordes

na opinião de que a interação entre a família e a escola só tem a contribuir para

o processo educacional.

Há ainda, uma pequena parcela de pais que responderam não achar

importante a interação família – escola, e ainda, que as reuniões não resolvem

o problema. Um outro aspecto apontado, trata-se da tendência que a escola

tem de reduzir a família à figura materna, não propondo atividades que

envolvam a totalidade da constituição familiar, como pais, irmãos e demais

familiares.

Com isso pode-se afirmar o quanto é significativo o trabalho de

interação Família e Escola, pois os desafios que uma e outra tarefa

apresentam podem se transformar em veículos para o crescimento pessoal

desses alunos.

Então fortes aspectos positivos “provenientes da família” são

observados.

“Os alunos indicados e observados como tendo fraco desempenho

escolar são todos do sexo masculino, geralmente são agitados, conversam

muito, tentam chamar a atenção com atitudes negativas, não conseguem

avançar, já repetiram o ano no mínimo duas vezes, estão com idade acima da

média da turma, apresentam problemas com os pais. Além disso, dificilmente

alguém da família comparece à escola para saber seu desempenho ou

comportamento”. (professor 1)

“E o aluno fraco, esse aluno que seria o mau aluno é um aluno que

tem dificuldade na base, no aprendizado e não consegue avançar. Seria isso.

São alunos que destoam assim da turma, que eles agitam, eles não param

quietos, estão sempre conversando, chamando a atenção, quando você

consegue manter a turma assim sobre um certo patamar, eles vêm e puxam

para algum outro assunto, são alunos que são pivôs.” (professor 2)

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“São de famílias que têm consciência da importância do estudo, porém

não têm uma base também de experiências de sociedade, assim, digamos da

importância real da escola. Então elas incentivam bastante os filhos, mas ao

mesmo tempo não conseguem contribuir com conhecimentos básicos, que

possam motivar mais os alunos e despertar mais interesse neles, então fica só

por parte dos professores essa missão.”

É possível compreender, diante da proximidade da família e da escola

que, as características e particularidades marcam a trajetória de cada família e

conseqüentemente, do educando a quem se atende. Tais informações são

dados preciosos para que se possa avaliar o êxito das ações enquanto

educadores, identificar demandas e construir propostas educacionais

compatíveis com a realidade.

Tentar comprovar o quanto é importante a participação da família na

vida escolar dos seus filhos e o quanto ela - a família - influência no processo

ensino-aprendizagem, infere na assimilação e compreensão dos conteúdos,

nos objetivos do professor ao preparar suas aulas, nos recursos didáticos

aplicados, no relacionamento professor/aluno, nos critérios de avaliação mais

justos, etc... O que faz da família, peça fundamental na construção da

educação. Entretanto, percebe-se que as instituições também têm que

reconhecer e fortalecer esta relação. As instituições devem utilizar todas as

oportunidades de contato com os pais para passar informações relevantes

sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões

pedagógicas. Só assim eles vão se sentir comprometidos com a melhoria da

qualidade escolar.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados da pesquisa realizada com professores,

especialistas, pais e alunos de 1a a 4a série da Rede Pública de Ensino,

comprova-se a importância da participação da família na vida estudantil.

Dentro do contexto da pesquisa apresentada, com o intuito de

responder à questão norteadora colocada no primeiro capítulo, a qual

questiona de que forma a relação família-escola pode contribuir para a

construção da identidade, da autonomia e cidadania do aluno, é possível

compreender, diante da proximidade da família e da escola que, as

características e particularidades marcam a trajetória de cada família e

conseqüentemente, do educando a quem atende. Tais informações são dados

preciosos para que se possa avaliar o êxito das ações dos educadores,

identificar demandas e construir propostas educacionais compatíveis com a

realidade.

A partir dessa vivência de pesquisa, pode-se perceber que no

ambiente escolar existem dois tipos de famílias: aquelas que demonstram

interesse pela vida escolar de seus filhos e filhas, integrando-se ao processo

educacional e participando ativamente das atividades da escola, sempre que

possível, e aquelas que consideram que sua participação é dispensável ou

inadequada e preferem simplesmente omitir-se do processo escolar.

Essas comunicações entre família e escola deveriam ser mais

estudadas porque essas duas instituições precisam uma da outra. A interação

entre família e escola não deveria ser reduzida apenas a reuniões formais e

contatos rápidos, mas ocorrer regularmente em momentos de maior

intercâmbio nos quais a família pudesse efetivamente participar do cotidiano da

escola. É importante salientar que o fracasso ou o sucesso escolar de cada um

é influenciado por diversos fatores, sendo o envolvimento da família com a

escola apenas um deles, pois também contam a cultura familiar e as

oportunidades vividas por estes alunos. As expectativas de pais e mães em

relação ao futuro são fatores que podem cooperar ou não para que estas

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crianças e adolescentes estejam motivadas para um bom desempenho escolar.

É provável que uma investigação da história de vida escolar dos pais e mães

destes alunos e alunas aponte os fatores relacionados com o tipo de relação

que esta família desenvolve com a escola e a origem dessas expectativas.

Ao que tudo indica, a única forma de superação da situação

inquietante na qual se encontra a educação pública brasileira atualmente seria

aproximar a escola não só das necessidades das famílias, quanto de sua

cultura e dos processos construtivos presentes no desenvolvimento da criança.

Nas escolas públicas, atualmente, os alunos se vêem obrigados a conviver

com situações de violência, desespero e desesperança, ante as quais a

maioria dos professores simplesmente desistiu, assistindo a tudo como meros

espectadores, sem perspectivas de um futuro humanizado e harmonioso.

Desse modo, as relações entre as pessoas passaram para segundo

plano, pois atualmente o que menos importa é o outro. Conseqüentemente, é

imprescindível que pais e mães estejam em sintonia com a vivência escolar e

social de seus filhos e filhas, pois essa integração tende a enriquecer e facilitar

o desempenho escolar da criança. Portanto, é necessário que se habituem a

participar da vida escolar dos filhos e filhas. Para isso, uma alternativa viável

seria a divisão de responsabilidades entre os sujeitos envolvidos no processo

ensino-aprendizagem.

Esta é a união que é proposta no presente estudo. Esta parceria

consiste em família e escola caminharem juntas, sendo que cada uma das

partes deve ser preservada em suas características próprias. Em suma, os

resultados da presente pesquisa mostram que alunos que não dispõem do

envolvimento da família na sua vida escolar estão constantemente sem

motivação e na maioria das vezes possuem um baixo rendimento escolar ou

um comportamento fora dos padrões da turma, indicando que provavelmente

exista uma associação direta entre o envolvimento da família e seu arranjo

enquanto organização social e o desempenho da criança ou adolescente na

escola.

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Esses resultados sugerem que, no âmbito escolar, é preciso buscar o

envolvimento da família na aprendizagem dos seus filhos e filhas, valorizar e

orientar os pais e mães no sentido de incentivar as boas relações com a escola

e todos que fazem parte deste ambiente. Essa certeza se evidencia no

cotidiano escolar onde são visíveis, por exemplo, os resultados positivos do

trabalho com famílias de alunos e alunas com dificuldades de aprendizagem

e/ou comportamento inadequado. Após a família ter mantido entrevista e

acompanhamento psicológico - ou, na ausência dele, da própria direção da

escola – é possível observar uma melhora notável dessas dificuldades.

Desse modo, os resultados deste estudo indicam a necessidade de

fomentar a interação escola e família para o benefício do desempenho escolar

das suas crianças. É interessante observar que esta pesquisa realmente

abrange todo o contexto escolar, não se resumindo somente à turma

pesquisada, o que é colaborado pelo fato de que o presente trabalho está

sendo divulgado em toda a instituição, visando assim a melhor conscientização

de todos os pais a respeito da necessidade que se faz da sua presença na

escola, aproximando efetivamente a família e a escola nesta Comunidade.

Finalmente, para concluir, é sempre bom lembrar que a família é a

base de tudo. Se a família muda, muda a escola, muda a comunidade, muda o

município, muda o estado, muda o país.

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ANEXOS

COLETA DE DADOS PARA CONSTRUÇÃO DO TCC.

ENTREVISTA - 1

TEMA: “A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA”.

EMBA – Há vinte e oito anos ingressou na educação, como professora de 5ª à 8ª série e secretária. Há dois anos trabalha na Educação Básica, Educação Infantil e Ensino Fundamental. Entrevistador - A relação escola/família é importante para a formação da cidadania? Por quê? EMBA – Sim. Porque é através do convívio e do conhecimento que se trabalha o social. A integração família / escola dá à criança a segurança e a garantia do aprendizado. A socialização acontece quando esta relação é forte e continuada. Entrevistador - Como as famílias e escolas podem estar mais integradas na formação das crianças da nossa comunidade? EMBA – A educação e sociabilidade andam juntas e nossa sociedade depende do sucesso do sistema educacional, onde junto com a família assume a função moral, espiritual e educativa. Para isto deve promover dentro da escola movimentos, festas e desenvolver projetos com a participação dos pais, irmãos dos seus alunos para integrá-los na vida social e pedagógica. Entrevistador - Que ações já são realizadas com este propósito? EMBA – Reuniões Pedagógicas, festas para crianças, festa das mães e dos pais, festa da família, feiras. Entrevistador - Qual a importância do Psicólogo na instituição? E qual é o seu papel? EMBA – Trabalhamos realidades sociais diferentes. “Cada pessoa (aluno) traz consigo de casa: exemplos, ensinamentos, diferenças.” Este profissional nos dará mais segurança pra trabalhar as diferenças; com este acompanhamento torna-se mais fácil detectar problemas maiores que só podem ser conduzidos por profissionais da área que tem a função de diagnosticar e atender os alunos que realmente necessitam de acompanhamento.

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Entrevistador - Os pais participam ativamente das reuniões sobre a vida escolar dos alunos? EMBA – Às vezes. Mas os alunos que mais necessitam dessa troca de conhecimentos família /escola são os que os pais não dão a devida assistência. Entrevistador - Como se dá o relacionamento entre escola e comunidade? EMBA – Existe uma disponibilidade da escola em receber e resolver os problemas que surgem no decorrer da vida escolar dos alunos procura-se avaliar, ouvir as partes, para assim tomar as devidas medidas disciplinares ou não, cabíveis ao caso. Entrevistador - A família demonstra interesse pela formação do filho (a)? EMBA – Até certo ponto, e em minoria. Para muitos importa apenas o tempo que o filho fica na escola. É comum vermos e ouvirmos pais reclamarem dos feriados, recessos e férias.

ENTREVISTA - 2

TEMA: “A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA”. Breve comentário sobre a vida do entrevistado. RCC é professor e leciona em escola municipal há sete anos. Declara está na profissão porque ama de paixão. Admira todos os profissionais que atuam nessa área por serem verdadeiros heróis e que lutam por uma educação de qualidade. Trabalha com crianças da Educação Infantil até a quarta série. Entrevistador - A relação escola/família é importante para a formação da cidadania? Por quê? RCC - É indispensável essa relação pois, ambos são os pilares que sustentam todo o processo e a formação do indivíduo para que ele possa inserir com mais dignidade dentro da realidade social. Entrevistador - Como as famílias e escolas podem estar mais integradas na formação das crianças da nossa comunidade? RCC – Através de parceria, família / escola, traçando metas, objetivos, enfim planejar e colocar em prática, em prol de um futuro melhor e de uma formação mais adequada e real para as crianças que serão a continuidade em busca de um mundo melhor. Entrevistador - Que ações já são realizadas com este propósito?

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As atividades especiais previstas no calendário escolar em datas específicas, a divulgação de projetos desenvolvidos pelas escolas e o trabalho coletivo de professores e funcionários para orientação dos alunos nos contatos possíveis com suas famílias. Entrevistador - Qual a importância do Psicólogo na instituição? E qual é o seu papel? CAL – Na atualidade trata-se de figura indispensável no processo de atividades escolares, em função do desenvolvimento de conceitos e metodologias sociais e pedagógicas coerentes com o estagio de desenvolvimento sócio-tecnológico de cada comunidade. Seu papel maior é de articulador que promove a integração família-escola na busca de orientações cada vez mais indispensáveis para ajuste pleno de interações que envolvem alunos – professores – especialistas – pais. RCC – Reuniões e encontros de pais / professores. Eventos realizados pela escola. Trabalhos internos direcionados aos alunos e aos pais. Entrevistador - Qual a importância do Psicólogo na instituição? E qual é o seu papel? RCC – Toda escola deve ter um Psicólogo pois, é de suma necessidade na vida do cidadão. Alguns alunos vem para a escola trazendo problemas familiares que refletem dentro de sala de aula, prejudicando sua aprendizagem e o papel desse profissional é de ajudar a criança a perceber de outras maneiras a sua realidade, aceitar e conviver de uma forma melhor. Entrevistador - Os pais participam ativamente das reuniões sobre a vida escolar dos alunos? RCC – Na sala em que eu leciono sim. Mas no geral, dentro da escola, existem muitos pais ausentes, principalmente em reuniões e geralmente esses pais, são os que mais precisam freqüentar a escola. Entrevistador - Como se dá o relacionamento entre escola e comunidade? RCC – A escola está sempre de portas abertas para a comunidade, cabe a ela buscar mais em relação à seus interesses particulares. Enfim, procurar saber mais sobre a vida escolar de seus filhos. Entrevistador - A família demonstra interesse pela formação do filho (a)? RCC – Existem famílias que não tem nenhum interesse pela formação de seu filho mas, aqui na escola, a maioria dos pais se preocupam e procuram acompanhar todos os passos de seu filho, contribuindo para que tenha uma melhor formação.

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ENTREVISTA – 3

TEMA: “A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA”.

Breve comentário sobre a vida do entrevistado. GCRR – professor há quatorze anos, já trabalhou em várias áreas da educação; lecionou no 2º grau e hoje leciona na 4ª série com as disciplinas – matemática, ciências, ed. Artística e ed. Religiosa. Entrevistador - A relação escola/família é importante para a formação da cidadania? Por quê? GCRR – Sim. Porque um novo aluno é aquele que compreende a cidadania, que se posiciona de forma crítica, que seja sensível, solidário, responsável, agente transformador e isso não começa na escola, deve começar em casa. Então família e escola devem caminhar juntas como mediadoras da aprendizagem. Entrevistador - Como as famílias e escolas podem estar mais integradas na formação das crianças da nossa comunidade? GCRR – A escola enquanto educadora deve fornecer condições de aprendizagem e a família apoiar as decisões da escola, sendo mais atuante, mas presente na escola e na vida de seus filhos. Entrevistador - Que ações já são realizadas com este propósito? GCRR – Reuniões de pais bimestrais e solicitações aos mesmos quando necessário. Entrevistador - Qual a importância do Psicólogo na instituição? E qual é o seu papel? GCRR – Fundamental. Ajudar os profissionais da escola a lidar com as diferenças. Apesar de que o professor na maioria das vezes age com o aluno ou seja, consegue lidar com o aluno mais que o psicólogo devido estar com ele todos os dias. Entrevistador - Os pais participam ativamente das reuniões sobre a vida escolar dos alunos? GCRR – Nem todos. Principalmente os pais dos alunos ditos problemas, são os que menos aparecem. Entrevistador - Como se dá o relacionamento entre escola e comunidade?

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GCRR – Está com conceitos meios distorcidos porque a escola prega uma coisa e a comunidade prega outra. Vejo que a escola e a comunidade precisam se unir mais. Entrevistador - A família demonstra interesse pela formação do filho (a)? GCRR – Poucos. Percebe-se que isso acontece com os pais mais esclarecidos, outros deixam que o próprio filho decida seu destino, e ao meu ver o pai é que tem de determinar o destino do filho, enquanto na área do conhecimento e profissional.

ENTREVISTA - 4

TEMA: “A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA”. Breve comentário sobre a vida do entrevistado. CAL Aos 16 anos, iniciou carreira como professor. Vem exercendo, desde 1966, as atividades de professor e jornalista, tendo sido editor de vários jornais, radialista. é diretor do Departamento Municipal de Educação da cidade X. Entrevistador - A relação escola/família é importante para a formação da cidadania? Por quê? CAL – Sim. Penso que se trata de relação fundamental e indispensável à formação da cidadania, na medida em que estabelece e desenvolve parâmetros de comportamento e permite que o conceito e a prática da cidadania se tornem realidade no cotidiano de cada cidadão. Entrevistador - Como as famílias e escolas podem estar mais integradas na formação das crianças da nossa comunidade? CAL – Através de um trabalho de aproximação, esclarecimentos e consolidação de parceria entre os representantes das famílias e os agentes responsáveis pelo trabalho desenvolvido regularmente pelas escolas. Cabe às escolas a promoção de tal parceria, por se tratar de instituições tecnicamente habilitadas para o desenvolvimento de ações constantes nesse sentido. Entrevistador - Que ações já são realizadas com este propósito? CAL – As reuniões de pais, os comunicados oficiais das escolas Entrevistador - Os pais participam ativamente das reuniões sobre a vida escolar dos alunos?

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CAL – Nem sempre. É ainda um desafio para as escolas conseguir que todos os pais participem das reuniões. E, no caso das que se fazem presentes, há ainda o desafio de se fazer com que sejam de fato participantes capazes de assimilar integralmente todas as propostas pedagógicas e de interação propostas pelas escolas. Entrevistador - Como se dá o relacionamento entre escola e comunidade? CAL – Penso que de forma tranqüila, no momento, o que possibilita a busca de interação maior, de modo constante, mas ainda sem se alcançar todos os objetivos previstos nesse sentido. Na maior parte da comunidade, percebe-se que há confiança no trabalho das escolas, mas falta ainda uma participação ,ais efetiva de toda a comunidade, como seria desejável. Entrevistador - A família demonstra interesse pela formação do filho (a)? CAL – Uma parte das famílias tem esse interesse em grau aceitável. Algumas famílias, poucas, têm interesse bem claro e definido. E outra parte, infelizmente talvez ainda a maior, tem interesse pequeno ou nulo: ou não se informam ou não dão a melhor atenção possível no assunto, situação que precisa ser enfrentada ainda por escolas e por todas as esferas de governo.

ENTREVISTA - 5

TEMA: “A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA”. Breve comentário sobre a vida do entrevistado. Estou na educação desde 1984. Em 1982 e 1983, ajudava voluntariamente a minha tia na escrituração das escolas rurais. Em 1984, comecei a lecionar antes mesmo de concluir o magistério. Percebi que era realmente o que eu queria fazer. Passei por várias experiências na educação. Procuro fazer da melhor forma possível o que a mim é determinado, pois sei que tenho minhas limitações, compensando assim minhas falhas.

Entrevistador - A relação escola/família é importante para a formação da cidadania? Por quê? DEG – Sim. Este é talvez um dos temas de maior consenso entre comunidade científica, comunidade institucional, e a sociedade, que afirmam ser necessariamente estreitos os laços entre a boa relação escola/ família para a formação ética e cidadã de nossas crianças. Quando os pais se envolvem na

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educação dos filhos, eles aprendem mais, há uma transformação mais efetiva e eficaz no processo de apreensão, assimilação e aplicabilidade do aprendizado. Por isso, é imprescindível que a relação entre a família e a escola aconteça de forma harmoniosa, de modo que as crianças possam estabelecer interações, participando de padrões de conduta cada vez mais complexos e incorporem elementos de sua cultura à medida em que encontrem pessoas que lhes orientem contribuindo para o desenvolvimento social rumo à autonomia. A possibilidade de compartilhar de um ambiente de recíprocas trocas entre a família e a escola garante ao sujeito aprendiz uma formação equilibrada e tranqüila, em que as experiências educativas promoverão a socialização de valores, e a inserção social desse indivíduo. Porém, é evidente que, quanto maior for o grau de confiança e respeito instituído nessa parceria, melhor serão as condições favoráveis para aprendizagem desse aluno. Assim, acredito que compartilhar objetivos comuns nos garantirá a certeza da qualidade da caminhada desse sujeito aprendiz. No entanto, é essencial a participação ativa da família na escola, sem perder de vista o papel de cada um dos que estarão inseridos nessa comunidade. Entrevistador - Como as famílias e escolas podem estar mais integradas na formação das crianças da nossa comunidade? DEG – Primeiramente, as famílias devem tomar consciência de seu verdadeiro papel frente a seus filhos e não depositar no sistema educacional todas as suas frustrações e atribuir responsabilidades que são única e exclusivamente da função mãe/pai (família), o que com certeza propiciaria a tomada de decisões mais eficazes frente ao processo de ensino (aprendizagem). O papel da escola será aquele, cujo professor conheça cada um de seus alunos, a família de menino, o ambiente familiar, a casa de residência, suas condições higiênicas, grau de inteligência do aluno, etc... Resumindo, a escola deve completar a tarefa do lar, o aperfeiçoamento do caráter, encaminhando as tendências individuais para a harmonia e a estabilidade sociais. Desta forma, se estes papéis ficarem estreitamente definidos, instituição educacional e família estarão promovendo juntos, o real processo de aprendizagem dos seus membros. Entrevistador - Que ações já são realizadas com este propósito? DEG – A Escola Municipal X, através de suas ações de integração escola/família/sociedade e por acreditar que esta vertente promove mudanças significativas em seu processo, desenvolve atividades como: Festa das mães; Festa dos pais; Feira estudantil; Reuniões com atendimentos individualizados; Festa de final de ano; Festa junina, como representatividade da festa da família e da comunidade.

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Além de atendimentos individualizados executados pela direção, supervisão e psicólogo, que encontram-se a disposição de uma maneira cordial e afetiva. Entrevistador - Qual a importância do Psicólogo na instituição? E qual é o seu papel? DEG – Na escola, o psicólogo atua no sentido de colaborar no planejamento de currículos escolares e na definição de técnicas de educação mais eficazes para melhor receptividade e aproveitamento do aluno e sua auto - realização. Em aspectos específicos, atualmente o psicólogo atua: na orientação de pias em situações em que houver necessidade de acompanhamento e encaminhamento do aluno para outros profissionais, como o Psicólogo Clínico, etc; orientação, capacitação e treinamento de professores sobre como trabalhar em sala de aula, levando em consideração aspectos educacionais implementando a metodologia de ensino que favoreça a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual. Executar oficinas pedagógicas em sala de aula, elaboradas e realizadas em conjunto com professores de acordo com a demanda de cada sala de aula. A função primordial do psicólogo é facilitar as relações interpessoais, observar as necessidades dos alunos e saber como os professores definem o seu trabalho e quais os recursos que usa para desempenha-los e se estão envolvidos neste trabalho. Entrevistador - Os pais participam ativamente das reuniões sobre a vida escolar dos alunos?

DEG – Em termos sim. A grande questão é que os pais estão muito mais atentos aos fracassos que aos sucessos de seus filhos. Estão muito mais preocupados em o que a escola não fez que com que a escola fez, se a criança brigou ou não brigou... questões que a própria escola muitas vezes pode resolver sem envolver mães e pais. Isso não quer dizer que a família não possa se prestar a considerações, queixas ou críticas, necessária a inserção da família na vida escolar de seus filhos.

Acompanhar de perto o rendimento, perguntar sobre as aulas, questionar sobre as aulas, questionar sobre trabalhos e tarefas, conhecer os membros do corpo docente são requisitos elementares para os pais quanto ao aproveitamento de seus filhos na escola.

Mas em termos gerais, os pais dos alunos tem participado da vida escolar de seus filhos.

Entrevistador - Como se dá o relacionamento entre escola e comunidade? DEG – O relacionamento entre a escola comunidade estabelece por diversas formas, dentre elas, as já citadas: festas comemorativas, feiras, participações em eventos cívicos- sociais, sempre de forma cortês e a promover um

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relacionamento mais aberto e participativo, buscando integrar e valorizar a família e a comunidade no contexto escolar. Entrevistador - A família demonstra interesse pela formação do filho (a)?

DEG – A ação da família é, no entanto, uma ação complementar á da escola. Na verdade, na maioria das vezes, afirma-se que a família não consegue mais educar os seus filhos. A esse respeito, o grande problema, é que uma boa parte de pais não se interessam em participar da escola, pois dela estão afastados.

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QUESTIONÁRIO

1) Reuniões para informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o

rendimento dos alunos?

2) Reuniões para informar pais e responsáveis sobre a execução da

proposta pedagógica da escola?

3) Reuniões para comemorar datas especiais (Dia das Mães, Festa

Junina, Dia dos Pais etc)?

4) Encontro para trocas de experiências ou atividades de lazer entre a

escola e a comunidade?

5) Uso do espaço escolar para reuniões da própria comunidade?

6) Pais da comunidade gostam de estar presente na escola?

7) Pais e alunos que chegam à escola, são bem atendidos?

8) Os professores apresentam sugestões de como os pais podem estar

acompanhando o estudo de seus filhos em casa?

9) Professores e alunos desenvolvem atividades pedagógicas dentro da

realidade do local onde vivem?

10) A escola se relaciona de forma democrática com os membros da

comunidade?