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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A COMUNICAÇÃO EFICIENTE NA GESTÃO DE PROJETOS
Por: Camely de Mello Rabelo
Orientador
Prof. Victor Batista dos Santos
Teresópolis – RJ
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A COMUNICAÇÃO EFICIENTE NA GESTÃO DE PROJETOS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gerenciamento de Projetos
Por: Camely de Mello Rabelo
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AGRADECIMENTOS
A meus pais que sempre me apoiaram e meu marido por toda ajuda e paciência nessa fase tão importante da minha vida.
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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo mostrar a importância de um fluxo
informacional eficiente em projetos, através de pesquisas e afirmações de
alguns autores. Serão enfocados alguns pontos como o processo de
comunicação, como identificar as partes interessadas, análise dos
stakeholders, como coletar informações desses stakeholders, demonstrando
as consequências de não planejar corretamente as comunicações, distribuir as
informações bem como gerencias as expectativas das partes interessadas.
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INTRODUÇÃO
No gerenciamento de projetos precisamos fazer com que outras
pessoas recebam uma mensagem e a entendam. O Gerente de Projetos
“dedica 90% do tempo às comunicações” (MULCAHY 2008, p. 301).
Todo mundo concorda que a comunicação é algo primário e essencial
para a sobrevivência do ser humano em uma sociedade, entretanto, quando
levamos esse assunto para o âmbito da Gestão de Projetos, o tema toma uma
amplitude maior e passa a não ser tão primário. A comunicação em projetos
precisa ser planejada.
O desafio da Gestão de Projetos está em entregar para o cliente o
produto que ele espera, ou até mesmo superar suas expectativas e por isso
houve a preocupação nesse trabalho de tratar sobre as partes interessadas,
pois de acordo com o PMI (2008, p.23), o gerente do projeto precisa gerenciar
a influência das várias partes interessadas em relação aos requisitos do projeto
para garantir um resultado bem sucedido.
Por fim e não menos importante, o presente trabalho irá abordar o
planejamento da comunicação, a distribuição das informações e o
gerenciamento das expectativas das partes interessadas, encerrando assim o
tema proposto que busca ferramentas e técnicas que garantam a eficiência na
Gestão de Projetos.
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CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DO FLUXO INFORMACIONAL E
EFICIENTE EM PROJETOS
Em projetos, para que prazos e investimentos sigam a linha de
base como planejado, é fundamental que haja um fluxo eficiente das
informações e para isso se faz necessário um bom planejamento da
comunicação.
Mario Galvão, em um artigo publicado na revista Mundo PM,
apresentou um estudo realizado pelo Fórum Nacional de Gerenciamento de
Projetos 2005, aonde se concluiu que Comunicação é o segundo maior fator
de problemas em projetos (segundo 71% das empresas pesquisadas), estando
atrás do fator Prazo por apenas 1%. Ainda segundo Mario Galvão, é valido
afirmar que uma parcela razoável dos problemas de prazo, está diretamente
ligado à problemas de comunicação, o que faz da comunicação a principal
causa de fracassos.
Os projetos são realizados por pessoas, que usam a comunicação
como ferramenta para compreensão das tarefas a serem realizadas, objetivos
estabelecidos e metas a serem cumpridas, assim, uma falha na comunicação
pode impactar diretamente nesses fatores e consequentemente no resultado
final do projeto.
No gerenciamento de projetos precisamos fazer com que outras
pessoas recebam uma mensagem e a entendam. O Gerente de Projetos
“dedica 90% do tempo às comunicações” (MULCAHY 2008, p. 301) e só por
isso já podemos perceber a importância de conseguir se fazer entender.
Nos Estudos de Benchmarking, pesquisa realizada pela PMI em 2007
e 2008, é reafirmado que a comunicação é um dos principais problemas que
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ocorrem com mais frequência na Gestão de Projetos. Essa realidade já vem
sendo estudada, e apontada, em outras pesquisas da mesma organização.
Tabela 1: Problemas que ocorrem com mais frequência na Gestão de Projetos
Problema 2008 (posição) 2007 (posição) Não cumprimento de prazos 62% (1º) 66% (1º) Mudanças constantes de escopo 59% (2º) 62% (3º) Comunicação 58% (3º) 64% (2º) Escopo não definido adequadamente 53 % (4º) 60% (4º)
Fonte: Estudos de BENCHMARKING 2008 (p. 106) e Estudos de BENCHMARKING 2007 (p.
114).
O principal problema constatado foi o não cumprimento de prazos,
conforme Tabela 1. As mudanças constantes de escopo aparecem em
segundo lugar. Os problemas de comunicação, objeto desta monografia,
aparecem em terceiro lugar, mas aparecia em segundo na pesquisa de 2007.
Um dado importante a ser ressaltado é que a distância entre esses
problemas é pequena, mesmo não entrando na análise de como a má
comunicação interferi nos prazos e no escopo.
Essa constatação é um fato relevante e deve ser observado com mais
cuidado, tanto pelas empresas como pelos gerentes de projetos. Pelas
empresas, de modo a dar uma melhor atenção à comunicação, bem como
definir o que é comunicação na empresa e no projeto, e qual seu devido papel
nesses ambientes. Pelos gerentes de projetos, para aumentar seu grau de
empregabilidade, pois devem atentar para o que os empregadores colocam
como requisito. Além disso, verificar o porquê os projetos podem ter insucesso.
A importância da comunicação na empregabilidade dos novos gerentes
de projetos é constatada pelo item da pesquisa que questiona as habilidades
mais valorizadas pelas organizações no gerenciamento de projetos.
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Tabela 2: Habilidades mais valorizadas pelas organizações no gerenciamento de projetos.
Habilidades valorizadas 2008 (posição) 2007 (posição) Liderança 72 % (1º) 89% (1º) Comunicação 71 % (2º) 78% (2º) Trabalho em equipe 67 % (3º) 69% (5º) Negociação 66 % (4º) 67% (7º) Iniciativa 65 % (5º) 73% (4º) Atitude 61 % (6º) 69% (6º)
Conhecimento em Gerenciamento de Projetos
59 % (7º) 75% (3º)
Gerenciamento de conflitos 59 % (8º) 54% (10º) Capacidade de integrar as partes 54 % (9º) 56% (9º) Conhecimento Técnico 49 % (10º) 57% (8º)
Fonte: Estudos de BENCHMARKING 2008 (p. 89) e Estudos de BENCHMARKING 2007 (p. 95).
Não menos importante também são as preocupações para os atuais
gerentes de projetos, ou quem exerce trabalhos semelhantes. Esses
profissionais devem ter uma maior atenção para as habilidades que as
organizações consideram deficientes nos atuais profissionais de
gerenciamento de projetos.
Tabela 3: Habilidades que as organizações consideram deficientes nos profissionais de
gerenciamento de projetos.
Habilidades deficientes 2008 (posição) 2007 (posição) Comunicação 47% (1º) 53% (1º) Negociação 41% (2º) 42% (2º) Conhecimento em Gerenciamento de Projetos
38% (3º) 34% (4º)
Gerenciamento de conflitos 36% (4º) 35% (3º) Capacidade de integrar as partes 29% (5º) 32% (5º)
Fonte: Estudos de BENCHMARKING 2008 (p. 90) e Estudos de BENCHMARKING 2007 (p. 96).
Para os atuais, ou novos profissionais, as três pesquisas,
apresentadas acima, identificam informações importantes para onde deve
caminhar a formação profissional. Também aponta quais as habilidades que
devem receber mais atenção em treinamentos internos ou externos nas
empresas.
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tentou dizer e aquele que escuta, criando assim a base dos modelos de
comunicação de hoje, pois deixou clara a existência de um emissor, de uma
mensagem e de um receptor.
Gustavo Matos (2009, p. 5-6) detalha melhor esses elementos
conforme a seguir:
Fonte
Conforme Gustavo Matos (2009, p. 5) a fonte, no processo de
comunicação, significa a “nascente de mensagens e iniciadora do ciclo da
comunicação Sistema (pessoa, máquina, organização, instituição) de onde
provém a mensagem, no processo comunicacional”.
Emissor
De acordo com Gustavo Matos (2009, p. 5) o emissor, no processo de
comunicação, é “um dos protagonistas do ato da comunicação, aquele que,
num dado momento, emite uma mensagem para um receptor ou destinatário”.
Ainda sobre o emissor, Kim Heldman (2006, p. 321) complementa dizendo que:
“É o responsável pela apresentação das informações de
modo claro e conciso; elas devem ser completas e
expostas de maneira que o receptor consiga entendê-las
corretamente. Suas mensagens devem ser relevantes
para o receptor; mensagens inúteis não passam de um
grande incômodo.” (HELDMAN, 2006, p. 321).
Ainda, “o emissor espera que o receptor selecione sua mensagem, a
compreenda, a aceite e, finalmente, a aplique” (BORDENAVE, 1994, p. 20).
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Receptor
Segundo Gustavo Matos (2009, p. 5) o receptor, no processo de
comunicação, é “um dos protagonistas do ato da comunicação; aquele a quem
se dirige a mensagem, aquele que recebe a informação e a decodifica, isto é,
transforma os impulsos físicos (sinais) em mensagem recuperada” (MATOS,
2009, p. 5).
Kim Heldman (2006, p. 322) complementa dizendo que o receptor “é
responsável por compreender as informações corretamente e certificar-se de
que recebeu todos os dados”.
Juan Bordenave afirma:
“O receptor ao decodificar a mensagem também tem uma
intenção básica. Ele deseja selecionar o que é importante
para ele. Dessa forma, vai direcionar a sua compreensão
e avaliação, para depois decidir se aceita ou não o
conteúdo transmitido, e aplicar o que achar válido na
mensagem” (BORDENAVE, 1994, p. 20).
Mensagem
Conforme Gustavo Matos (2009, p. 5) a mensagem, no processo de
comunicação, significa:
“Comunicação, notícia ou recado verbal ou escrito.
Estrutura organizada de sinais que serve de suporte à
comunicação. A mensagem é o objeto da comunicação,
„é um produto físico real do codificador / fonte暢 (David
Berlo,1999, apud MATOS, 2009, p. 5). „Quando
conversamos, o discurso é a mensagem; quando
sorrimos, a alteração característica da face é a
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mensagem; quando somos surpreendidos subitamente, o
silêncio e imobilidade momentânea são a mensagem”
(Marcelo Casado d`Azevedo,1978, apud MATOS, 2009,
p. 5)” (MATOS, 2009, p. 5).
Ainda sobre a mensagem no processo de comunicação, Kim Heldman
(2006, p. 321) complementa sobre os aspectos do gerenciamento de projetos:
“A mensagem é a informação que é enviada e recebida.
Pode ser escrita, verbal, não verbal, formal, informal,
interna, externa, horizontal ou vertical. As comunicações
horizontais são mensagens trocadas entre pares; as
verticais são enviadas e recebidas entre o nível da
gerência executiva e seus subordinados.” (HELDMAN,
2006, p. 321).
Ruído
De acordo com Gustavo Matos (2009, p. 5) o ruído, no processo de
comunicação, é “todo sinal considerado indesejável na transmissão de uma
mensagem por um canal. Tudo o que dificulta a comunicação, interfere na
transmissão e perturba a recepção ou a compreensão da mensagem”.
Meios de comunicação
Conforme Gustavo Matos (2009, p. 5) o meio, no processo de
comunicação, é:
“Todo suporte material que veicula uma mensagem de
um emissor a um receptor, através do espaço e o tempo.
Meio pelo qual a mensagem, já codificada pelo emissor,
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atinge o receptor, que a recebe (em código) e a interpreta
(decodifica)” (MATOS, 2009, p. 5).
Código
Segundo Gustavo Matos (2009, p. 5-6) o código, no processo de
comunicação, é o “conjunto de signos relacionados de tal modo que estejam
aptos para a formação e transmissão da mensagem. Por exemplo, a escrita é
um código que permite transformar uma mensagem acústica em uma
mensagem gráfica”.
Codificação
De acordo com Gustavo Matos (2009, p. 6) a codificação, no processo
de comunicação, é o “ato de transformar uma mensagem de acordo com
regras predeterminadas, para convertê-la em linguagem”.
Decodificação
Conforme Gustavo Matos (2009, p. 6) a decodificação, no processo de
comunicação, é a “interpretação de uma mensagem, pelo receptor, de acordo
com um código predeterminado”.
Signos
Segundo Gustavo Matos (2009, p. 6) signos, no processo de
comunicação “é uma convenção social e arbitrária, constituída pela
combinação de um conceito, denominado significado, e uma imagem acústica,
ou forma física, denominada significante”.
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Linguagem
De acordo com Gustavo Matos (2009, p. 6) a linguagem, no processo
de comunicação, é “qualquer sistema de signos (não só vocais ou escritos,
como também visuais, fisionômicos, sonoros, gestuais, etc.) capaz de servir à
comunicação entre os indivíduos”.
Língua
Conforme Gustavo Matos (2009, p. 6) a língua, no processo de
comunicação, “é o produto social da faculdade da linguagem de uma
sociedade. É um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo
social, para permitir o exercício da linguagem”.
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CAPÍTULO II
IDENTIFICAR AS PARTES INTERESSADAS
As partes interessadas também são chamadas de stakeholders em
gerenciamento de projetos.
Do inglês, o termo é utilizado para designar os grupos com poder para
influenciar uma organização em virtude de seu poder econômico ou
participação financeira na composição acionária da mesma.
Segundo Gitman (1997), pode ser utilizado também, para designar
vínculos econômicos diretos de empregados, clientes internos e externos,
fornecedores, distribuidores, credores e acionistas, além da sociedade, com
uma determinada empresa.
De acordo com o PMI (2008, p. 23), as partes interessadas são
pessoas ou organizações ativamente envolvidas no projeto ou cujos interesses
podem ser positiva ou negativamente afetados pela execução ou término do
projeto.
Os stakeholders podem ser considerados o item de maior importância
dentro do projeto, elas são capazes de influenciar positivamente ou não os
resultados, e acima disso, Prado afirma que um projeto só é considerado
projeto de sucesso, quando atende as necessidades dos
principais stakeholders. Nesse contexto, uma comunicação eficiente se faz
fundamental.
Através dessas afirmações percebe-se a importância e a influência
dessas pessoas ou organizações sobre o projeto. É responsabilidade da
equipe de gerenciamento do projeto identificar as partes interessadas, tanto
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internas quanto externas, a fim de determinar os requisitos e as expectativas
de todas as partes envolvidas em relação ao projeto.
De acordo com o PMI (2008, p.23), o gerente do projeto precisa
gerenciar a influência das várias partes interessadas em relação aos requisitos
projeto para garantir um resultado bem sucedido.
Segundo PMI (2008, p. 246), é fundamental para o sucesso do projeto
identificar as partes interessadas desde o início e analisar seus níveis de
interesse, expectativas, importância e influência.
Somente assim será possível desenvolver uma estratégia para abordar
cada parte interessada, comunicar de forma clara e objetiva sem excesso de
informações, visando sempre maximizar as influências positivas e mitigar os
impactos negativos potenciais.
De acordo com o PMI (2008, p. 246), a maioria dos projetos tem um
grande número de partes interessadas. Como o tempo do gerente de projetos
é limitado e precisa ser usado com a maior eficiência possível, essas partes
interessadas devem ser classificadas de acordo com o interesse, a influência e
o envolvimento no projeto.
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Figura 1 – Identificar as partes interessadas: entradas, ferramentas e técnicas
e saída (PMI 2008, p.246)
As partes interessadas em projetos incluem:
Clientes/ usuários. Pessoas ou organizações que usarão o produto,
serviço ou resultado do projeto. Os clientes/ usuários podem ser internos e/ou
externos em relação à organização executora. Podem existir também várias
camadas de clientes. Por exemplo, os clientes de um novo produto
farmacêutico podem incluir os médicos que receitam, os pacientes que o
utilizam e as empresas de saúde que pagam por ele. Em algumas áreas de
aplicação, os termos clientes e usuários são sinônimos, enquanto em outras,
clientes se referem à entidade que adquire o produto do projeto e usuários são
os que utilizarão diretamente.
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Patrocinador. A pessoa ou o grupo que fornece os recursos
financeiros, em dinheiro ou em espécie, para o projeto. Quando um projeto é
concebido pela primeira vez, o patrocinador o defende. Isso inclui servir de
porta-voz para os níveis gerenciais mais elevados buscando obter o apoio de
toda a organização e promover os benefícios que o projeto trará. O
patrocinador conduz o projeto através do processo de comprometimento ou
seleção até a autorização formal e desempenha um papel significativo no
desenvolvimento do escopo inicial e do termo de abertura.
Nas questões que estão além do controle do gerente de projetos, o
patrocinador pode encaminhá-las para níveis hierárquicos superiores. O
patrocinador também pode se envolver em outras questões importantes como
a autorização de mudança no escopo, análises de final de fase e decisões de
continuação/ cancelamento quando os riscos são particularmente altos.
Gerentes de portfólio/ comitê de análise de portfólios. Os gerentes de
portfólios são responsáveis pela governança de alto nível de um conjunto de
projetos ou programas, que podem ou não ser independentes. Os Comitês de
análise de portfólio são geralmente constituídos por executivos da organização
que atuam como um painel de seleção de projetos. Eles analisam cada projeto
de acordo com o retorno sobre o investimento, o seu valor, os riscos
associados à adoção do projeto e outros atributos do mesmo.
Gerente de programas. São responsáveis pelo gerenciamento de
projetos relacionados de forma coordenada visando obter benefícios e controle
não disponíveis quando gerenciados individualmente. os gerentes de
programas interagem com cada gerente de projetos para oferecer apoio e
orientação em projetos individuais.
Escritório de projetos. Um escritório de projetos (Project Management
Office, PMO) é um corpo ou entidade organizacional à qual são atribuídas
várias responsabilidades relacionadas ao gerenciamento centralizado e
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coordenado dos projetos sob seu domínio. As responsabilidades de um PMO
podem variar desde o fornecimento de funções de apoio ao gerenciamento de
projetos até a responsabilidade real pelo gerenciamento direto de um projeto.
O PMO pode ser uma parte interessada se ele tiver responsabilidade
direta ou indireta pelo resultado do projeto. O PMO pode oferecer, mas não se
limita a:
o Serviços de suporte administrativo, como politicas, metodologias e
modelos;
o Treinamento, aconselhamento e orientação de gerentes de projetos;
o Suporte, orientação e treinamento em relação a como gerenciar projetos
e usar as ferramentas;
o Alinhamento dos recursos humanos dos projetos e/ou
o Comunicação centralizada entre gerentes de projetos, patrocinadores,
gerentes e outras partes interessadas.
Gerentes de projetos. Os gerentes de projetos são designados pela
organização executora para atingir os objetivos do projeto. Este é um papel
conspícuo com grandes desafios, de grande responsabilidade e com
prioridades mutáveis. Requer flexibilidade, bom senso, liderança forte e
habilidades de negociação, além de um conhecimento sólido das práticas de
gerenciamento de projetos. Um gerente de projetos precisa ser capaz de
entender os detalhes do projeto, mas gerenciá-lo com uma perspectiva global.
Como responsável pelo sucesso do projeto, um gerente de projetos
fica encarregado de todos os aspectos do mesmo que incluem, mas não se
limitam a:
o Desenvolvimento do plano de gerenciamento do projeto e todos os
planos componentes relacionados
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o Manter o projeto na direção correta em relação ao cronograma e
orçamento;
o Identificação, monitoramento e resposta aos riscos e
o Fornecimento de relatórios precisos e oportunos das métricas dos
projetos.
O gerente de projetos é o líder responsável pela comunicação com
todas as partes interessadas, particularmente com o patrocinador, a equipe do
projeto e outras principais partes interessadas. O gerente de projetos ocupa o
centro das interações entre as partes interessadas e o projeto em si.
Equipe do projeto. Uma equipe de projeto é composta pelo gerente do
projeto, pela equipe de gerenciamento do projeto e por outros membros da
equipe que executam o trabalho mas não estão necessariamente envolvidos
com o gerenciamento do projeto. Essa equipe é composta de pessoas de
grupos diferentes, com conhecimento de um assunto específico ou com um
conjunto específico de habilidades e que executam o trabalho do projeto.
Gerentes funcionais. Gerentes funcionais são pessoas chave que
desempenham uma função gerencial dentro de uma área administrativa ou
funcional do negócio, como recursos humanos, finanças, contabilidade ou
aquisições. Eles têm o seu próprio pessoal permanente para executar o
trabalho contínuo e têm uma diretiva clara para gerenciar todas as tarefas
dentro de sua área de responsabilidade funcional. O gerente funcional pode
fornecer consultoria sobre determinado assunto ou serviços do projeto.
Gerenciamento de operações. Os gerentes de operações são
indivíduos que têm uma função gerencial em uma área de negócio principal,
como pesquisa e desenvolvimento, design, fabricação, aprovisionamento, teste
ou manutenção. Diferentemente dos gerentes funcionais, estes gerentes lidam
diretamente com a produção e manutenção dos produtos ou serviços vendíveis
da empresa. Dependendo do tipo de projeto, uma entrega formal acontece no
seu término para passar a documentação técnica e outros registros
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permanentes do mesmo para as mãos do grupo de gerenciamento de
operações apropriado. O gerenciamento de operações incorpora então o
projeto entregue nas operações normais e fornece o suporte de longo prazo.
Fornecedores / parceiros comerciais. Vendedores, fornecedores, ou
contratadas, são empresas externas que assinam um contrato para
fornecimento de componentes ou serviços necessários ao projeto. Parceiros
comerciais são também empresas externas, mas têm uma relação especial
com a empresa, às vezes obtidas através de um processo de certificação. Os
parceiros comerciais fornecem consultoria especializada ou desempenham um
papel específico, como instalação, personalização, treinamento ou suporte.
2.1 - Análise dos stakeholders
Segundo Nolan e Kolb (1987 apud CHAVES, 2007), do ponto de vista
prático, uma análise dos stakeholders, que tenham implicações com o projeto,
deve ser estabelecida por um processo constituído das três etapas:
Identificação do universo de stakeholders
Essa primeira etapa se inicia com a identificação das posições-chave da
diretoria da organização, seguindo-se pela gerência funcional e estendendo-se
até para fora da empresa, não deixando de relacionar consultores e
conselheiros às demais partes interessadas. Aí é preciso olhar além da simples
relação das partes interessadas específicas envolvidas, mas principalmente
considerar o seu envolvimento e papel no projeto e no processo de
comunicação.
Avaliação da importância e da influência dos stakeholders
Aqui avalia-se, para cada parte interessada identificada na etapa anterior, o
impacto da parte interessada e sua capacidade de influenciar os objetivos do
projeto. É claro que os impactos variam de pessoa para pessoa. Alguns podem
controlar recursos críticos necessários ao projeto, outros podem ter o poder de
facilitar, transformar ou bloquear uma implementação. Geralmente, os que
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patrocinam um projeto ou fornecem os principais recursos são as partes
interessadas mais importantes; [...]
Determinações dos interesses e motivações dos stakeholders
[...] é fundamental uma etapa de análise específica dos aspectos
comportamentais associados a cada indivíduo ou grupo, visto que esses
pontos podem afetar o seu relacionamento com o projeto. Identificando o
comportamento atual e seus efeitos potenciais (positivos ou negativos) para o
projeto, pode-se planejar uma comunicação, com cada parte interessada, que
permita atingir uma condição mais favorável. O grau de interesse (ainda que
pessoal ou político) pode se sobrepor aos interesses do projeto e seus efeitos
podem afetar o grau de suporte e colaboração obtidos.
Abaixo, um modelo de uma matriz de classificação dos stakeholders.
Figura 2 – Classificação dos Stakeholders relevantes para o Projeto Urbe
(Sebrae/ PE)
25
2.2 - Coletando Informações sobre os stakeholders
Segundo Cleland e Ireland (2002, p. 119), as informações sobre
os stakeholders podem vir de uma ampla variedade de fontes, que incluem:
Principais membros do projeto;
Gerentes-chave;
Periódicos de negócios e serviços de referência de negócios;
Associações profissionais;
Clientes e usuários;
Fornecedores;
Associações comerciais;
Imprensa local e especializada em negócios;
Fontes governamentais;
Internet, dentre outras.
Os stakeholders podem ser parceiros ou adversários, com grau de
influência variado, conforme abordado em capítulos anteriores. Identificar a
missão do stakeholder proporciona aos gerentes, conhecer os interesses
dos stakeholders perante o projeto, auxiliando na identificação das “forças”
adversas ao projeto, assim como no reconhecimento da base de apoio, útil
para o fortalecimento do projeto.
É notório que a identificação dos stakeholders, assim como compreender seus
interesses, pontos fortes e fracos, influências e necessidades de informação é
fator chave para a um gerenciamento de comunicação eficiente. Abaixo
podemos identificar alguns possíveis stakeholders.
26
Figura 3 – Stakeholders
Além dessas partes interessadas, há inúmeras outras, com diferentes funções
e responsabilidades. Ainda com relação às partes interessadas, um gerente de
projeto precisa gerenciar também as expectativas destas, o que pode ser uma
tarefa difícil, pois elas em geral têm objetivos diferentes e conflitantes, como
por exemplo, no desenvolvimento de um sistema de informação, onde o
departamento financeiro deseja baixo custo pelo sistema, o arquiteto enfatiza
pela excelência técnica e a empresa pela programação contratada em
maximizar seu lucro.
27
CAPÍTULO III
PLANEJAR AS COMUNICAÇÕES
O PMI prega que o planejamento é muito importante e que a execução
das atividades devem ser feitas sempre orientadas por um plano. Com a
comunicação também não poderia ser diferente. Segundo o PMI (2008, p.
251), “planejar as comunicações é o processo de determinar as necessidades
de informação das partes interessadas no projeto e definir uma abordagem de
comunicação” que consiste em planejar como uma informação será
documentada, transmitida, quem receberá qual informação, quando, de que
forma, de quem, para quem etc.
Figura 4 – Planejar as Comunicações: entradas, ferramentas e técnicas e
saída (PMI 2008, p.252)
28
O planejamento das comunicações torna-se importante durante o ciclo
de vida do projeto porque evita problemas “tais como atraso na entrega de
mensagens, comunicação de informações confidenciais para o público
incorreto ou falta de comunicação para algumas das partes interessadas
necessárias” (PMI, 2008, p. 252). O gerente de projeto, por meio do
planejamento das comunicações, tem a possibilidade de elaborar uma melhor
estratégia para “uma comunicação mais eficiente e eficaz com as partes
interessadas” (PMI, 2008, p. 252). O PMI ainda esclarece essa diferença entre
comunicação eficiente e eficaz como:
“Comunicação eficaz significa que as informações são
fornecidas no formato correto, no tempo adequado e com
o impacto necessário. Comunicação eficiente significa
fornecer somente as informações que são necessárias”
(PMI, 2008, p. 252).
Segundo o PMI, o planejamento das comunicações é feito desde o
início do projeto, pois requer carga horária para ser desenvolvido e isso deve
ser representado no cronograma do projeto. Como o projeto é algo que
certamente sofre mudanças ao longo do tempo, o planejamento das
comunicações deve ser sempre verificado e atualizado para atender as
necessidades atuais do projeto. O gerente de projetos tem a responsabilidade
de manter os planejamentos dos projetos, inclusive o planejamento das
comunicações, atualizados e aderentes à situação do projeto.
Dependendo da necessidade e complexidade do projeto, o
planejamento das comunicações pode ser formal ou informal, resumido ou
detalhado, mas é importante tê-lo e que todas as partes interessadas saibam
da sua existência e concordem com as suas definições. Acima de tudo, suas
definições devem ser seguidas e, caso não possam, este deve sofrer as
29
atualizações necessárias para que o mantenha bem aceito pelas partes
interessadas.
3.1- Distribuir as informações
Segundo o PMI (2008, p. 258), distribuir as informações é “o processo
de colocar as informações necessárias à disposição das partes interessadas
no projeto, conforme planejado”.
Este processo é executado durante todo o ciclo de vida do projeto,
sendo mais exigido durante a fase de execução do projeto. As informações
podem ser distribuídas de diversas formas, por diversos meios, de forma verbal
ou não-verbal, escrita formal ou informal etc., mas devem sempre seguir
conforme o que foi planejado para cada informação.
É através deste processo que as partes interessadas tomam ciência do
andamento do projeto e o gerente de projeto tem a oportunidade de receber o
feedback das mesmas, possibilitando assim, além de divulgar informações do
projeto, melhorar continuamente o planejamento das comunicações.
30
Figura 5 – Distribuir as Informações: entradas, ferramentas e técnicas e saída
(PMI 2008, p.258)
3.2 - Gerenciar as expectativas das partes interessadas
As partes interessadas, envolvidas no projeto, possuem expectativas
com relação ao projeto, sejam de desejo que o projeto conclua com sucesso,
que o projeto fracasse, que o projeto atenda todas as especificações, que fique
dentro dos critérios de qualidade aceitáveis, que não cumpra o cronograma, ou
seja, expectativas de que as coisas, durante o projeto, deem certo ou deem
errado.
Segundo o PMI (2008, p. 261), “gerenciar as expectativas das partes
interessadas é o processo de comunicação e interação com as partes
interessadas para atender às suas necessidades e solucionar as questões à
medida que ocorrerem”. O ser humano não é uma máquina e sentimentos
como inveja, ódio e orgulho podem sim influenciar essas expectativas, fazendo
31
com que suas ações dificultem o trabalho do gerente de projetos que é garantir
que o projeto alcance o sucesso. “Com a previsão da reação das pessoas ao
projeto, é possível adotar ações preventivas para obter seu apoio ou minimizar
os impactos negativos em potencial” (PMI, 2008, p. 262).
O gerente de projetos deve buscar o apoio das partes interessadas
que almejam o sucesso do projeto e manter o controle das que não trabalham
para isso, para assim poder conduzir adequadamente o projeto. O PMI (2009,
p. 262) resume essa atividade, com relação às partes interessadas, como
tendo que “influenciar suas expectativas, abordar as preocupações e
solucionar as questões”.
Como um projeto é solicitado, dirigido, executado e cancelado por
pessoas e/ou organizações, “o gerenciamento ativo das expectativas das
partes interessadas diminui o risco de que o projeto deixe de cumprir suas
metas e seus objetivos devido a questões não solucionadas das partes
interessadas e limita os transtornos durante o projeto” (PMI, 2008, p. 262).
Gerenciar as expectativas das partes interessadas nada mais é que
saber lidar com as partes interessadas para obter apoio para alcançar os
objetivos do projeto. Essa gerência requer atualizações, durante o ciclo de vida
do projeto, no planejamento das comunicações, para que mantenha esse
documento conciso com a situação do projeto.
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Figura 6 – Gerenciar as Expectativas das Partes Interessadas: entradas,
ferramentas e técnicas e saída (PMI 2008, p.262)
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CONCLUSÃO
A comunicação em projetos é um assunto complexo. Muitas são as
ferramentas e técnicas que visam garantir a assertividade desse fator tão
importante e decisivo, que pode trazer o sucesso ou insucesso de um
determinado projeto.
Por ser o segundo maior fator de problemas em projetos, ele se mostra
um assunto de extrema relevância, pois conforme citado anteriormente,
projetos são realizados por pessoas, que usam a comunicação como
ferramenta para compreensão das tarefas a serem realizadas, objetivos
estabelecidos e metas a serem cumpridas, assim, uma falha na comunicação
pode impactar diretamente nesses fatores e consequentemente no resultado
final do projeto.
Quando lemos o capítulo que trata do processo de comunicação, a
importância da eficiência da comunicação e da atenção que deve ser dada aos
mínimos detalhes do projeto fica ainda mais clara.
Além disso, foi possível compreender a importância das partes
interessadas e a preocupação que se deve ter ao coletar informações e
reportar um feedback a respeito do status do projeto em questão.
Por fim, e não menos importante, o trabalho abordou a importância do
planejamento da comunicação, a distribuição das informações e o
gerenciamento das expectativas das partes interessadas. Dessa forma o
assunto foi amplamente abordado, mas de forma clara e objetiva.
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comunicação como processo, tecnologia, sistema e ciência. 5. ed. Petrópolis,
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