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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O ADMINISTRADOR ESCOLAR E A AFETIVIDADE: UMA PARCERIA IMPORTANTE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM. Por: Inez Martini Orientador Prof. Dr. Antonio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O ADMINISTRADOR ESCOLAR E A AFETIVIDADE: UMA

PARCERIA IMPORTANTE NO PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM.

Por: Inez Martini

Orientador

Prof. Dr. Antonio Fernando Vieira Ney

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O ADMINISTRADOR ESCOLAR E A AFETIVIDADE: UMA

PARCERIA IMPORTANTE NO PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM.

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

Escolar.

Por: Inez Martini

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, a quem amo com paixão.

A todos os meus irmãos e irmãs que me ajudaram com seu apoio

e principalmente com suas orações.

Às minhas irmãs de comunidade que souberam compreender

minhas ausências em muitos momentos.

A Ir. Mara que trocou comigo ideias que me ajudaram na

realização deste trabalho.

A Cristina, amiga fiel que soube fazer questionamentos

importantes e que me ajudaram a desenvolver essa monografia.

4

DEDICATÓRIA

... dedico a todos os que se interessam

pelo crescimento da humanidade e que

acreditam que é possível fazer com que

este mundo seja melhor. Que o

conhecimento, principalmente o pessoal,

pode contribuir para que isso aconteça.

5

RESUMO

O presente trabalho teve como principal objetivo refletir sobre a

importância da afetividade na administração escolar, aprofundando a

importância desta nas relações que acontecem dentro da escola e suas

consequências para a aprendizagem do aluno.

Foi a partir de alguns teóricos, através de sua bibliografia que o tema foi

aprofundado e desenvolvido. É importante destacar os pensamentos de

Vygotsky, Wallon e Piaget como as contribuições mais significativas neste

trabalho.

A afetividade, da forma como foi abordada, dá a entender que é

bastante complexa e que muitas vezes é definida de forma contraditória por

diversos pensadores, mas, que nenhum deles descarta a sua importância,

especialmente no contexto escolar. Alguns a colocam como causa, outros

como consequência, outros ainda não deixam de perceber a importância da

afetividade em todas as situações da vida escolar.

Do administrador se espera que consiga promover e manter elevado o

bom espírito da equipe, através de um relacionamento interpessoal aberto,

dialógico e reflexivo, mantendo um clima favorável e propício para que as

pessoas se sintam envolvidas, participantes e responsáveis pelo processo de

ensino-aprendizagem que acontece dentro da escola.

6

METODOLOGIA

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica e webgráfica que tem

como principal objetivo compreender a importância de uma administração feita

com afetividade tendo em vista a aprendizagem dos alunos.

Para isso, a pesquisa foi realizada em fontes que abordaram conceitos,

definições, teorias a respeito da afetividade e da administração, em especial, a

administração escolar.

A grande contribuição no resultado deste trabalho de deve a grandes

estudiosos como Vygotsky, Wallon e Piaget. Autores como Damásio, Galvão,

Hunter, Dantas, Oliveira, Werneck, Murad, Schettini, Steinberg e Lück, dentre

outros, enriqueceram sobremaneira esta monografia.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Afetividade 10

1.1 – Definições 10

1.2 – Emoção e sentimento 11

1.3 – Relação afetividade e cognição 12

CAPÍTULO II - Relações interpessoais 17

2.1 – Relacionamentos que educam 17

CAPÍTULO III – Administração escolar: Liderança com afetividade 23

3.1 – Autoridade e Afetividade 23

3.2 – Administração escolar e liderança 25

3.3 – Liderança por poder x liderança por autoridade 26 CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31

ANEXOS 33

8

INTRODUÇÃO

O tema que será abordado neste presente estudo é Afetividade e

Administração escolar. A questão central que será desenvolvida é se as

relações afetivas que o administrador mantém com os diversos setores e

serviços da escola interferem ou não na aprendizagem dos alunos. É

importante refletir sobre esta questão porque no ambiente escolar observa-se

que a aprendizagem se dá através das diversas relações que aí existem e que

acontecem nas mais diferentes situações: o relacionamento do professor com

o aluno, o relacionamento do professor com os pais, dos pais com os filhos, da

escola com as famílias, da direção com as coordenações, com os professores,

com as famílias, com os alunos, com os funcionários, com a comunidade em

geral... Todos que aí se encontram participam e contribuem no processo de

ensino-aprendizagem. A todo instante, em todos os locais da escola esta

acontece, não só na relação professor-aluno, onde se dá de forma mais

efetiva, mas em todos os momentos do cotidiano escolar.

No primeiro capítulo o enfoque foi dado à afetividade, suas

definições, os diversos pontos de vista a respeito de sua importância no

processo ensino-aprendizagem. A contribuição dos diversos autores citados,

mesmo que divergentes vem, de alguma forma, contribuir para o

aprofundamento do tema. É percebido também que as dimensões afetivas e

cognitivas embora indissociáveis, muitas vezes são colocadas como distintas

para fins de estudo.

O segundo capítulo vem destacar a importância das interações

sociais visto como mediação do conhecimento e para a formação do indivíduo.

Ressalta ainda que a mudança de comportamento se dará através da

“qualidade” dos relacionamentos a que a pessoa estiver submetida.

9

O terceiro capítulo aborda a questão da administração

propriamente dita. Algumas formas de perceber e entender a administração e

as consequências de uma administração feita com autoridade e afetividade.

São, portanto, objetivos deste presente estudo aprofundar sobre a

importância que a afetividade apresenta nas relações escolares e que envolve

toda a equipe escolar bem como analisar as consequências das relações

escolares saudáveis para o processo de ensino-aprendizagem.

10

CAPÍTULO I

AFETIVIDADE

“ A maior recompensa para o trabalho de um homem não é o que ele ganha,

é o que ele se torna com isso”

John Ruskin

Por que motivo precisamos estudar sobre a afetividade nas

relações que acontecem na escola e as consequências sobre a aprendizagem

dos alunos? Podemos pensar inicialmente no fato de que alguns problemas

fundamentais da escola como, por exemplo, relação professor-aluno,

dificuldades de aprendizagem, problemas da desatenção são muitas vezes

levantados a partir da temática da afetividade. Um outro motivo é a falta de

clareza na literatura especializada sobre esse termo, há divergências e

questionamentos acerca deste assunto. Notamos, por exemplo, que a

afetividade tem na literatura significado diverso, revelando-se bastante

controversa quanto à sua delimitação conceitual em relação à emoção, ao

sentimento e à paixão. Esses aspectos – a emoção, o sentimento, a paixão e a

afetividade – não têm sido interpretados de maneira comum por diferentes

estudiosos, tanto que a terminologia revela-se problemática, sobretudo porque

a variedade de sentidos está mesclada entre si, restando suas distinções

pouco claras. Consultando a literatura da psicologia sobre a emoção,

percebemos ser esse um problema que perdura até os dias de hoje. Enquanto

alguns autores, como, por exemplo, Goleman (1995), identificam emoção com

sentimento, outros distinguem-nos, como Damásio (2000). E outros, ainda, não

somente os distinguem, mas sobrepõem um ao outro.

1.1 – Definições

11

Por ser afetividade um termo bastante polêmico, optamos por

defini-lo de acordo com o dicionário de Psicologia de Henri Piéron:

a) Afetividade – capacidade individual de experimentar

emoções e sentimentos.

Reação emotiva generalizada, com efeitos definidos sobre o corpo

e o espírito.

b) Afetivo – indivíduo que se caracteriza pelo predomínio da

sensibilidade sobre a inteligência e atividade.

c) Afeto – estado afetivo elementar, que oscila entre dois

pólos: prazer e desprazer, ou o agradável e desagradável e entre os quais se

pode situar um estado que não possui denominação definida, o qual rege uma

reação de espera e de exploração (entre atração e aversão).

Esse estado intermediário suscita o interesse e torna claro em

situação de surpresa.

1.2 – Emoção e sentimento

“ O rosto é o palco onde vivem as emoções humanas”

Magalhães Freitas

Lendo, pesquisando em diversas fontes da literatura podemos

constatar que são diversos os pontos de vista a respeito de emoção. Alguns

autores, como Goleman (1995), identificam emoção com sentimento, outros

como Damásio, distinguem-nos.

“Admitir uma distinção entre emoção e sentimento é útil

para investigarmos minuciosamente esses mecanismos.

Propus que o termo sentimento fosse reservado para a

experiência mental privada de uma emoção, enquanto o

12

termo emoção seria usado para designar o conjunto de

reações, muitas delas publicamente observáveis...

ninguém pode observar os sentimentos que um outro

vivencia, mas alguns aspectos das emoções que originam

esses sentimentos são patentemente observáveis por

outras pessoas.” (Damásio, 2000, p. 64)

E outros ainda, não somente os distinguem, como sobrepõem um

ao outro. Wallon(1999), além de distinguir emoção, sentimento, paixão e

afetividade, afirma ser essa última a mais ampla, pois engloba os três

primeiros aspectos. Para Henri Wallon (1992, p. 85) “A dimensão afetiva ocupa

lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do

conhecimento”. Sua posição com relação a essa questão e sua importância no

desenvolvimento da criança é bem definida.

Segundo Wallon (1992) as emoções, assim como os sentimentos e

os desejos, são manifestações da vida afetiva.

Na linguagem comum costuma-se substituir emoção por

afetividade, tratando os termos como sinônimos. Todavia, não o são. A

afetividade é um conceito mais abrangente no qual se inserem várias

manifestações.

1.3 – Relação afetividade e cognição

“ A razão nasce da emoção e vive de sua morte”

Heloysa Dantas

Segundo Oliveira (1992, p. 75) “as dimensões cognitiva e afetiva

do funcionamento psicológico têm sido tratadas, ao longo da história de forma

separada. Atualmente percebe-se uma tendência de reunião desses dois

aspectos”.

13

Perceber a relação existente entre afetividade e cognição parece

ser bastante desafiador. Segundo o pensamento de Werneck (1996), em seu

livro: Educação e sensibilidade, o comportamento humano resulta de uma

motivação emocional-cognitiva na qual não é possível uma real distinção.

Apenas para efeito de análise podem se separar com nitidez essas áreas que

respondem pelo comportamento humano.

Podemos perceber muitas vezes que a aprendizagem na área

cognitiva pode desencadear um processo na área afetiva e vice-versa.

Modificações na área cognitiva podem servir como meio para modificações na

área afetiva.

“... que o modo de conhecer que se dá no consciente

pode originar-se tanto do sentir quanto do inteligir e que

ambos vão sofrer a interferência de fatores que escapam

ao consciente e que se originam de camadas mais

profundas do psiquismo humano.” (Werneck, 1996, p. 8)

Quantas crianças e jovens por apresentarem baixo rendimento

escolar são agressivos, apáticos, desinteressados... Em alguns casos se

consideram feios, piores que os outros. Quando se consegue reverter este

quadro percebe-se nitidamente o crescimento da auto-confiança, da alegria de

viver. Também podemos notar o inverso, quando crianças se sentem piores

que as outras apresentam dificuldades em determinado conteúdo e quando

são ajudadas a perceberem suas qualidades, seus valores, sua capacidade,

tendem a se desenvolverem também nos estudos.

“Conhecimentos podem motivar mudanças de

comportamento tanto quanto experiências afetivas podem

desencadear o interesse intelectual e o desenvolvimento

cognitivo.” (Idem, 1996, p. 65)

14

Constata-se em todos os ambientes: no ambiente familiar, no

ambiente social e especialmente no ambiente escolar que as relações afetivas

interferem sobremaneira no desenvolvimento intelectual.

A educação considerada de modo abrangente deve estar atenta

para essas áreas do psiquismo humano. Neste sentido, a educação faz-se

sobre o sentir, o entender e o agir humano, o que torna o processo

extremamente complexo.

Podemos dizer que a emoção está na origem da atividade

intelectual.

De acordo com o pensamento de Wallon (1992), uma vez

instaurada, a atividade intelectual manterá uma relação de antagonismo com

as emoções. Este antagonismo demonstra a natureza paradoxal das emoções.

Na vida cotidiana é possível constatar que a elevação da

temperatura emocional tende a baixar o desempenho intelectual e impedir a

reflexão objetiva. O poder subjetivo das emoções incompatibiliza-se com a

necessária objetividade das operações intelectuais; é como se a emoção

embaçasse a percepção do real, impregnando-lhe de subjetividade e, portanto,

dificultando reações intelectuais coerentes e bem adaptadas.

Analogamente, é possível constatar que a atividade intelectual

voltada para a compreensão das causas de uma emoção reduz seus efeitos;

uma crise emocional tende a se dissipar mediante atividade reflexiva.

Assim, a relação entre emoção e razão é de filiação, e ao mesmo

tempo, de oposição.

Essa maneira de perceber a relação entre emoção e cognição nem

sempre foi assim.

Vários pensadores e filósofos, desde a Grécia antiga, postularam

uma suposta dicotomia entre razão e emoção. Essas premissas da filosofia

permanecem vivas até os dias atuais. Porém, tanto no campo da psicologia

15

quanto no campo da neurologia, algumas perspectivas teóricas e científicas

questionam os tradicionais dualismos do pensamento ocidental, apontando

caminhos e hipóteses que prometem inovar as teorias sobre o funcionamento

psíquico humano, na direção de integrar dialeticamente cognição e afetividade,

razão e emoção.

Um primeiro autor que podemos citar como tendo questionado as

teorias que tratavam a afetividade e a cognição como aspectos separados foi o

biólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget.

“embora os problemas referentes à emoção, aos valores,

ao desenvolvimento da personalidade, etc., não tenham

estado entre as principais preocupações profissionais de

Piaget, ele não nega sua importância nem tampouco

nega sua validade como objeto de estudo.

Coerentemente com a ênfase que sempre deu à

inteligência, entretanto, quando discute temas deste tipo,

Piaget tende naturalmente a considerá-los num contexto

cognitivo. Considera as reações cognitivas e pessoais-

emocionais como interdependentes em seu

funcionamento – essencialmente como os dois lados da

mesma moeda.” (Flavell, 1996, p. 79)

Ainda segundo Flavell (1996, p. 80), “numa série de conferências

em Paris, Piaget apresentou o que talvez tenha sido sua exposição mais

detalhada da relação entre o afeto e a cognição.” Diz ainda: “o afeto e a

cognição podem ser separados para fins de discussão, mas são indissociáveis

na vida real.” Ele postulou que toda ação e pensamento comportam um

aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um aspecto

afetivo, que é a afetividade.

“O aspecto afetivo-cognitivo fornece a energia do

comportamento, enquanto o aspecto cognitivo

proporciona a estrutura (o afeto não pode por si criar

16

estruturas, embora exerça influências sobre a seleção do

conteúdo da realidade sobre a qual a estrutura opera).”

(Idem, 1996, p. 80)

De acordo com Piaget, não existem estados afetivos sem

elementos cognitivos, assim como não existem comportamentos puramente

cognitivos.

17

CAPÍTULO II

RELAÇÕES INTERPESSOAIS

2.1 – Relacionamentos que educam

“ Pena que as gazelas não possam ensinar a velocidade às tartarugas”.

Gibran Khalil Gibran

Oliveira (1992, p. 24) diz que “Vygotsky tem como um de seus

pressupostos básicos a ideia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na

sua relação com o outro social.” Vygotsky ao destacar a importância das

interações sociais, traz a idéia da mediação e da internalização como aspectos

fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construção do

conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as

pessoas.

“Uma ideia central para a compreensão das concepções

de Vygotsky sobre o desenvolvimento humano como

processo sócio-histórico é a ideia de mediação. Enquanto

sujeito de conhecimento o homem não tem acesso direto

aos objetos, mas um acesso mediado, isto é, feito através

dos recortes do real operados pelos sistemas simbólicos

de que dispõe.” (Oliveira, 1992, p. 26)

Destaca ainda a importância do outro não só no processo de

construção do conhecimento, mas também de constituição do próprio sujeito e

de suas formas de agir.

“Ao longo de seu desenvolvimento o indivíduo internaliza

formas culturalmente dadas de comportamento, num

processo em que atividades externas, funções

interpessoais, transformam-se em atividades internas,

intrapsicológicas... O processo de internalização é, assim,

18

fundamental no desenvolvimento do funcionamento

psicológico humano.” (Idem, p. 27)

Segundo La Talle (1992, p. 11) Piaget escreveu que: “A

inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de

interações sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas.”

Embora Piaget, segundo La Talle (1992) tenha sido criticado por

“desprezar” o papel dos fatores sociais no desenvolvimento humano, nos diz

ser injusto acreditar que tal desprezo realmente existiu. O máximo que se pode

dizer é que, de fato, Piaget não se deteve longamente sobre a questão,

contentando-se em situar as influências e determinações da interação social

sobre o desenvolvimento da inteligência.

“O homem é um ser essencialmente social, impossível,

portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade

em que nasce e vive. Em outras palavras, o homem não

social, o homem considerado como molécula isolada do

resto de seus semelhantes, o homem visto como

independente das influências dos diversos grupos que

frequenta, o homem visto como imune aos legados da

história e da tradição, este homem simplesmente não

existe.” (Idem, p. 11)

Não se pode pensar em ser humano sem considerar a sua

necessidade de se relacionar. Diz Schettini (2003, p. 80) que “quando

pensamos em desenvolvimento, tratamos, necessariamente, das relações

interpessoais, da interação com o mundo e as pessoas.”

“A grande esperança da semente é encontrar os

nutrientes para dar expressão a sua finalidade: viver. O

alimento que preserva a vida, tanto está em nós como

fora de nós. Em nós, como o potencial que herdamos

sem que o tenhamos pedido; fora de nós, pela troca

19

afetiva com as pessoas com quem convivemos, o que

dependerá mais do amor que doamos do que do afeto

que recebemos.” (Schettini, 2003, p. 81)

De acordo com Dantas (1992, p.85) “Na psicogenética de Henri

Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da

construção da pessoa quanto do conhecimento.”

A sua teoria da emoção é vista como o instrumento de

sobrevivência da espécie humana. Diz que, se não fosse pela sua capacidade

de mobilizar o ambiente, para que suas necessidades sejam atendidas, o bebê

humano pereceria. É neste sentido que Wallon a considera fundamentalmente

social: ela fornece o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos e supre a

insuficiência da articulação cognitiva nos primórdios da história do ser e da

espécie.

Dantas (1992, p.86) nos diz que “esta posição da emoção na

ontogênese ilustra o significado da afirmação walloniana de que o psiquismo é

uma síntese entre o orgânico e o social.”

“O vínculo afetivo supre a insuficiência da inteligência no

início da vida. Quando ainda não é possível a ação

cooperativa que vem da articulação de pontos de vista

bem diferenciados, o contágio afetivo cria os elos

necessários à ação coletiva. Com o passar o tempo, a

esta forma primitiva se acrescenta a outra, mas, em todos

os momentos da história da espécie, como da história

individual, o ser humano dispõe de recursos para

associar-se aos seus semelhantes.” (Dantas, 1992, p. 97)

Do seu caráter social resulta ainda a tendência que tem para nutrir-

se com a presença dos outros.

“Considerando que o sujeito constroi-se nas suas

interações com o meio, Wallon propõe o estudo

20

contextualizado das condutas infantis, buscando

compreender, em cada fase do desenvolvimento, o

sistema de relações estabelecidas entre a criança e seu

ambiente.” (Galvão, 1999, p. 11-12)

Wallon reconhece que o fator orgânico é condição primeira no

desenvolvimento do pensamento mas, ressalta que o meio tem também sua

importância.

“Os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a

linguagem e os conhecimentos próprios a cada cultura

formam o contexto do desenvolvimento. Conforme as

disponibilidades da idade, a criança interage mais

fortemente com um ou outro aspecto de seu contexto,

retirando dele os recursos para o seu desenvolvimento.”

(Idem, 1999, p.39)

Para Wallon, o ser humano é organicamente social, isto é, sua

estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar. É na

interação e no confronto com o outro que se forma o indivíduo. Considera,

portanto, que a educação deve, obrigatoriamente, integrar, à sua prática e aos

seus objetivos, essas duas dimensões, a social e a individual: deve, portanto,

atender simultaneamente à formação do indivíduo e à da sociedade.

Segundo Lück (2010, p. 47) “não são as interações em si que são

importantes e sim a qualidade do empreendimento interpessoal garantido por

interações positivas e adequadas aos objetivos de desenvolvimento.”

O que podemos constatar é que em todas as instituições,

especialmente nas instituições escolares, as pessoas é que são importantes e

fazem a diferença. Elas revelam no trabalho educacional o que há de melhor,

pois apenas a partir delas é que a educação é possível.

Não se pode esquecer a grande influência que a família representa

para o desenvolvimento da criança. É aí, através do vínculo afetivo que a

21

criança estabelece com os seus pais, que o processo ensino-aprendizagem

começa.

“Para aprender, necessitam-se dois personagens

(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece

entre ambos. Não aprendemos de qualquer um,

aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e

direito de ensinar.” (Fernandez, 1991, p. 52)

Ainda segundo Wallon, é bom lembrar que a escola, ao possibilitar

uma vivência social diferente do grupo familiar, desempenha um importante

papel na formação da personalidade da criança. Esta já chega à escola

trazendo uma bagagem significativa de experiências e relações afetivas.

“Em certo sentido, todo ser humano é um educador, já

que pelas suas manifestações está sempre propondo

uma escala de valores. No entanto, considera-se como

educador aquele que tem consciência da importância da

sua influência junto às novas gerações. Aqueles que

escolhem um modo ideal de realização humana e o

propõem aos que lhe são confiados: pais e professores.”

(Werneck, 1996, p. 14)

Schettini (2003, p. 61) afirma que “são poucas as coisas que

podemos ensinar às outras pessoas. Quando muito, podemos exemplificar

ensinamentos com conduta pessoal.”

Vale ressaltar ainda segundo Schettini (Idem, 106) que

“dificilmente conseguiremos ensinar às pessoas aquilo que sabemos.

Ensinamos, sim, o que somos.” Que a mudança de comportamento se dará em

grande parte pela observação do testemunho do outro, através de atitudes e

ações.

“pais e mães se angustiam por verem poucos resultados

na explicitação de seus ensinamentos verbais. Os filhos,

22

às vezes, têm dificuldade de ver coerência entre o que os

pais verbalizam e a ação que empreendem como

pessoas. O mesmo vemos em nossa relação com

professores, superiores hierárquicos no trabalho

profissional e, até no âmbito mais amplo da liderança

comunitária.” (Schettini, 2003, p. 106-7)

Diz Steinberg (2005, p. 16) que “exercer a função de mãe ou de pai

é algo que deve ser feito como amor e entusiasmo, mas que requer preparo.

Que as crianças são muito suscetíveis às emoções que seus pais transmitem”.

Steinberg ainda afirma que existe a crença em alguns pais de que

os filhos que recebem muito carinho irão se tornar adultos fracos. Outros

acreditam que o afeto e os elogios paterno ou materno farão com que os filhos

se tornem carentes ou que venham a apresentar uma necessidade maior de

carinho e atenção quando ficarem mais velhos. Estão convencidos de que, ao

reprimir o amor, estarão criando uma pessoa cuja necessidade afetiva será

menor.

“Desperdiçamos nossos esforços quando prestamos

atenção apenas no que está fora de nós. Quando nos

voltamos para o lado de dentro da vida – a mente e as

emoções – descobrimos que nos encontramos com

aspectos que ultrapassam as fronteiras da razão.”

(Schettini, 2003, p. 109)

23

CAPÍTULO III

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: LIDERANÇA COM AFETIVIDADE

“ O trabalho da alta direção não é a gerência, é a liderança”.

W. Deming

Uma primeira impressão que este tema nos traz é de que

afetividade e administração são duas realidades completamente distintas.

Administração, seja ela escolar ou não, remete a questões administrativas,

burocráticas. Envolve: organização, contrato de pessoal, pagamento, estrutura

física, horários, dentre outras coisas que não se faz necessário elencar porque

é do conhecimento de todos, porque faz parte da vida diária. Afetividade por

sua vez refere-se às emoções, sentimentos, alegrias, tristezas, prazer,

desprazer, e que de uma forma bem simples afetam o humor, o

comportamento das pessoas em geral.

Segundo alguns pensadores não se pode mais admitir que o

administrador abra mão da afetividade nas relações empresariais, para o

sucesso de sua organização. Assim nos diz Milton de Oliveira em seu texto:

“uma das coisas mais insanas e que me chamam a atenção é a ausência da

teoria da afetividade como fator crítico do sucesso organizacional”. Continua

ainda: “Nenhum dirigente empresarial, por mais genial que possa ser, terá um

empreendimento de sucesso se não possuir uma equipe atuando junto. Ao

falar de equipe, estamos falando da dinâmica afetivo-emocional subjacente a

toda e a qualquer ação do processo humano. Assim, um dos maiores

paradoxos dos modelos de gestão é acreditar que possa existir projeto

organizacional e sucesso empresarial sem mobilizar a emoção das pessoas.”

3.1 – Autoridade e afetividade

24

De acordo com o pensamento de Floriano Serra esta questão da

autoridade colocada como oposta a afetividade é bastante antiga, mas

continua mal resolvida: o relacionamento entre patrões e empregados ainda

deixa muito a desejar em termos de qualidade, eficácia e harmonia.

A partir daí vem a questão primeira, a questão que deu origem a

este trabalho: o que o administrador da escola pode fazer para que as

emoções, a afetividade de seus colaboradores fique bem a ponto de contribuir

para a aprendizagem dos alunos? Parece um tanto utópica, fora da realidade

que isso ocorra, mas, não há questão mais séria que deva ser pensada.

Alguns autores levantaram esta polêmica questão ao afirmar que as

instituições estão perdendo tempo ou se mantiveram por muito tempo distante

desta reflexão impedindo que os progressos na instituição escolar

acontecessem mais visivelmente.

Toda empresa tem metas e resultados que necessariamente

devem ser atingidos para sua sustentabilidade e crescimento. Todos os

funcionários também têm metas e resultados a atingir como parte das suas

responsabilidades - e é a soma desses resultados individuais que trazem

crescimento para a instituição.

Portanto, o interesse no sucesso desse processo é de todos, bem

como a responsabilidade pela sua efetivação – e é ao líder que cabe sua

condução. A importância da autoridade que permite ao líder tomar decisões e

indicar caminhos e soluções para que a empresa atinja seus objetivos, é tão

grande quanto a autoridade que lhe permite criar e manter um clima adequado

de afetividade. Quanto mais uma pessoa se sentir realizada, feliz em seu

trabalho, com muito mais eficiência atingirá os objetivos próprios e os da

instituição.

25

3.2 – Administração escolar e liderança

Explicitar o conceito de liderança diante da variedade de

significado, o que revela ser bastante complexo é, segundo Lück (2010)

arbitrário e subjetivo. Embora, frente a diversidade de significados é possível

identificar certos elementos básicos e comuns às práticas de liderança,

possibilitando uma compreensão mais abrangente para orientar o trabalho do

administrador escolar.

No mundo de hoje não se admite mais uma visão cartesiana das

pessoas que constituem uma empresa, seja ela qual for, escola ou indústria, é

necessário que cresça a consciência de que as pessoas, independente da

posição que ocupam são feitas de corpo, mente, emoção e espírito. É tarefa

do líder tratar as pessoas como parceiras e não mais como “empregadas”.

Assim diz Drucker: “Não se gerencia pessoas. A tarefa é liderar pessoas. A

meta é tornar produtivas as forças e o conhecimento específico de cada

pessoa”.

O papel de liderança na Administração escolar é desempenhado

não somente pelo Diretor, mas por toda sua equipe: Coordenação, Supervisão

e Orientação Educacional.

“todo trabalho em educação, dada sua natureza

formadora, implica ação de liderança, que se constitui na

capacidade de influenciar positivamente pessoas, para

que em conjunto, aprendam, construam conhecimento,

desenvolvam competências, realizem projetos, promovam

melhoria.” (Lück, 2010, p.17)

Faz-se necessário apontar que liderança não é uma característica

inata das pessoas, nem privilégio de poucos. Trata-se de um exercício de

influência que requer competências específicas. E por isso pode ser

desenvolvido.

26

“o trabalho dos gestores escolares se assenta sobre sua

capacidade de liderança, isto é, de influenciar a atuação

de pessoas para a efetivação dos objetivos educacionais

propostos pela escola. Isso porque a gestão se constitui

em processo de mobilização e organização do talento

humano para atuar de forma compartilhada na promoção

dos objetivos educacionais”. (Lück, 2010, p. 20)

De acordo com Murad (2007, p. 21), vale articular os princípios

essenciais da gestão, apresentados por Drucker, com a missão dos gestores.

“a primeira tarefa da gestão é capacitar e mobilizar as pessoas para atuarem

em conjunto, de forma a ampliar suas forças e minimizar suas debilidades.”

Ainda nos diz Murad (Idem, p.21) “Ao somar as habilidades e os

conhecimentos, multiplicam-se os resultados positivos.”

“Deve-se enfatizar que a cultura organizacional vai sendo

construída através da contribuição de cada um dos

membros da comunidade escolar. Contudo, deve ser

destacada a grande contribuição dos professores que,

através de sua prática docente, da relação com os

alunos, com seus pares e outros membros da instituição,

acabam engendrando valores, posturas, visões de mundo

que influenciam, de forma significativa, a cultura da

escola.” (Oliveira, 2005, p. 68)

3.3 – Liderança por poder x liderança por autoridade

“Devemos nos tornar a mudança que queremos para o mundo”

Gandhi

Existe uma grande diferença entre ter liderança através do poder e

possuí-la através da autoridade. Nos diz Hunter (2004, p. 25) que “Liderança é

27

a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente

visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum.”

Mas se esta liderança é exercida com poder, entendido como

autoritário, mesmo que funcione por um bom tempo, trará conseqüências

desagradáveis, porque o poder autoritário deteriora os relacionamentos e

causa sofrimento, desmotivação e paralisação. As ideias não fluem com

naturalidade.

A chave da liderança é executar as tarefas enquanto se constroem

os relacionamentos. Os relacionamentos são muito importantes nas

organizações e na vida.

Ainda segundo Hunter (2004, p. 26), podemos definir poder como:

“faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua

posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer”.

Se a liderança acontece com autoridade veremos pessoas

motivadas, felizes, com vontade de realizar algo que agregue valores para a

equipe onde se encontra. Como nos diz Hunter (Idem, p.26) “autoridade é a

habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por

causa de sua influência pessoal.” Nisso vai a diferença de uma e de outra.

“A liderança começa com a vontade que é nossa única

capacidade como seres humanos para sintonizar nossas

intenções com nossas ações e escolher nosso

comportamento. É preciso ter vontade para escolhermos

amar, isto é, sentir as reais necessidades, e não os

desejos, daqueles que lideramos. Para atender a essas

necessidades, precisamos nos dispor a servir e até

mesmo a nos sacrificar. Quando servimos e nos

sacrificamos pelos outros, exercemos autoridade ou

influência. E quando exercemos autoridade com as

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pessoas, ganhamos o direito de sermos chamados de

líderes.” (Hunter, 2004, p. 70)

Os líderes bem sucedidos são atenciosos. Ser atencioso requer

um alto grau de sensibilidade ao que está acontecendo ao seu redor. Suas

antenas precisam captar os sinais de estresse e depressão para que possa

oferecer apoio e incentivo à pessoa para que ela supere o problema.

Esses cuidados criam elos emocionais com as pessoas, tornando-as co-

participantes, e não meros expectadores, pelo que acontece em sua empresa.

29

CONCLUSÃO

Partindo da constatação de que o ser humano é parte integrante de um

contexto maior, de que nada neste mundo está separado, podemos concluir

que todos os elementos se completam, e nada existe, que possa se considerar

isolado, intocável, inatingível.

Sabemos que, por muito tempo, a inda hoje, o homem é considerado

um ser racional. Mas, não podemos fechar os olhos, deixar de perceber que

não é somente razão. O homem é razão, corpo, emoção e espírito. Diante

desta complexidade, não considerar a afetividade importante nas relações, e a

consequência destas para a aprendizagem seria um grave e imperdoável erro.

Desde o nascimento, mesmo antes de fazer uso da linguagem formal a

criança se comunica com as pessoas que a cercam através do choro, dos

gestos. Ela percebe, através do seu sentir, o que as pessoas lhe querem dizer.

Se pudéssemos comparar as relações humanas e suas consequências

não teria uma imagem melhor do que esta: as conexões neuronais. O caminho

que uma informação segue até chegar ao seu destino é de tamanha

complexidade que nenhum manual poderia conter. É divino!

Transpondo para nossa realidade, imaginemos o tema desta

monografia, objeto deste estudo, a complexidade que nos traz. A criança, o

jovem, as famílias, os professores, os funcionários, a direção, os diversos

serviços, todos fazendo parte de um mesmo momento da história, cada um

trazendo sua contribuição e sua individualidade..., quanta riqueza, quantas

possibilidades, quantos desafios a serem superados!

Não podemos senão chegar a esta conclusão: não é possível negar

que todas as relações, dentro e fora da escola interferem, e são muito

importantes para que o aluno aprenda, se desenvolva. Temos a plena

convicção de que todos na escola, sem excluir ninguém, auxiliam ou dificultam

30

e, de uma forma ou de outra, contribuem no processo de ensino-aprendizagem

do aluno.

Pensar então particularmente na relação da administração escolar com

afetividade como responsável pela aprendizagem é bastante séria e nos

desafia sempre a buscar relações mais afetivas e maduras e a acreditar que as

pessoas são “peças” fundamentais nesta engrenagem, engrenagem esta que

se chama educação. O objetivo é grande, muitas vezes se nos apresenta

como utópico, mas nos joga para frente, nos desafia e nos permite mostrar o

que nos é mais próprio: ser humano, com toda sua complexidade e beleza.

Ao iniciar esta conclusão pensei comigo: qual caminho seguir?

Quantos caminhos, quantas conclusões poderiam ser tiradas a partir das

pesquisas feitas, das reflexões, dos questionamentos realizados ao longo

deste estudo? Não sou boa escritora, mas se fosse teria uma infinidade de

possibilidades, sentiria dificuldades em escolher por qual caminho seguir.

Como é bonito ver as reflexões de alguns estudiosos, como

conseguiram se aprofundar em algumas questões tão importantes e

fundamentais para a humanidade e que, mesmo assim, não esgotaram todas

as possibilidades. Só podemos nos curvar diante da grandeza de Deus e de

nossa incapacidade de tocar, mesmo que seja com a ponta do dedo, na

magnitude, na beleza da obra de Suas mãos.

31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DAMÁSIO, António R. O Mistério da consciência: do corpo e das emoções ao

conhecimento de si. 1ª reedição, São Paulo: Schwarcz Ltda., 2000.

DANTAS, Heloysa; LA TALLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de. Piaget,

Vygotsky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. 17ª Ed. São Paulo:

Summus editorial Ltda, 1992.

FERNÁNDEZ, Alícia. Inteligência aprisionada. 2ª Ed., Porto Alegre: Artes

Médicas, 1991.

FLAVELL, John H. A Psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget. 5ª Ed.,

São Paulo: Pioneira, 1996.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: Uma Concepção dialética do desenvolvimento

Infantil. 6ª ed., Petrópolis: Vozes, 1999.

HUNTER, James C. O Monge e o executivo: uma história sobre a essência da

liderança. 12ª ed., Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

JUNG, C. G. A vida simbólica. Petrópolis: Vozes, 2.000.

LÜCK, Heloísa. Liderança em Gestão escolar. 4ª ed., Petrópolis: Vozes, 2010.

MURAD, Afonso. Gestão e Espiritualidade: uma porta entreaberta. São Paulo:

Paulinas, 2007.

OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro. Gestão Educacional: novos olhares,

novas abordagens. 2ª ed., Petrópolis: Vozes, 2005.

32

PIÉRON, Henri. Dicionário de Psicologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1972.

SCHETTINI, Luiz. A Coragem de Amar: O fundamento das relações

interpessoais. Recife: Bagaço, 2003.

SPANGENBERG, Alejandro. Terapia Gestáltica e a inversão da queda. São

Paulo: Paulinas, 1996.

STEINBERG, Laurence. 10 Princípios básicos para educar seus filhos. Rio de

Janeiro: Sextante, 2005.

VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. A formação Social da Mente. 6ª Ed. São

Paulo: Martins Fontes, 1998.

WERNECK, Vera. Educação e Sensibilidade: um estudo sobre a teoria dos

valores. 1ª Ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1996.

33

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Conteúdo de revistas especializadas;

Anexo 2 >> Conteúdo de revistas especializadas; Anexo 3 >> Internet; Anexo 4 >> Internet; Anexo 5 >> Internet.

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ANEXO 1

Especial 5 anos -Educação 2010

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ANEXO 2

Revista do Professor

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ANEXO 3

INTERNET WWW.gestaodecarreira.com.br

Autoridade X Afetividade: o delicado equilíbrio da liderança

Ter, 25 de Agosto de 2009 17:43

Esta questão é antiga, mas continua mal resolvida: o relacionamento entre

chefes e subordinados ainda deixa muito a desejar em termos de qualidade, eficácia e harmonia. Antes da crise - e certamente continuará após ela - essa dificuldade era a maior causa de demissões nas empresas, em todos os níveis.

Nas atitudes de muitos profissionais ainda sobrevive um paradigma antigo de que "chefe sorridente é chefe incompetente". E como tem gente que, até hoje, acredita nisso, quando ocupam cargos de gestão armam-se diariamente de uma feroz sisudez e um ácido mau humor como se disso dependesse a imposição e aceitação da sua autoridade.

A esse respeito, Stephen Covey, autor do best-seller "Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes", que vendeu mais de 15 milhões de exemplares, afirmou: "A maioria das lideranças ainda está estancada no modelo de trabalhador em que as pessoas são vistas como coisas a ser controladas e reguladas. Mas hoje é imperativo ter consciência de que as pessoas são feitas de corpo, mente, emoções e espírito."

Outro famoso guru, Peter Drucker, escreveu: "Não se gerencia pessoas. A tarefa é liderar pessoas. A meta é tornar produtivos as forças e o conhecimento específico de cada pessoa. Pessoas precisam ser tratadas cada vez mais como parceiras e não mais como empregadas. Não se pode dar ordem a elas. É necessário persuadi-las."

E, finalmente, repito o que diz James Hunter, o consagrado autor do "O Monge e o Executivo" que há anos consta da lista dos livros mais vendidos em São Paulo: "Liderança não é o que você faz, é o que você é. Liderança tem a ver com caráter: 99% das falhas de liderança são falhas de caráter. O desenvolvimento da liderança significa o desenvolvimento do caráter."

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Essas transcrições têm o objetivo de reforçar o que venho defendendo em meus livros e artigos e que volto a insistir: a possibilidade de uma empresa ter lucro através de colaboradores felizes, depende fundamentalmente da capacidade das lideranças manterem o equilíbrio entre o uso justo e produtivo da autoridade e, ao mesmo tempo, promoverem o calor e respeito humanos que podem ser gerados pela sua afetividade com a equipe.

O ultrapassado paradigma que ainda leva alguns gestores ao uso inadequado da autoridade tem um equivalente contrário, aquele que diz que afetividade compromete o poder da liderança e instala displicência e irresponsabilidade na equipe. Crenças falsas e descabidas como essas são as principais responsáveis pelos climas organizacionais de desmotivação, ressentimentos e improdutividade. Toda empresa tem metas e resultados que necessariamente devem ser atingidos para sua sustentabilidade e crescimento. Todos os funcionários também têm metas e resultados a atingir como parte das suas responsabilidades - e é a soma desses resultados individuais que se traduz em lucro coletivo para a organização. Portanto, o interesse no sucesso desse processo é de todos, bem como a responsabilidade pela sua efetivação - e é ao líder que cabe sua condução.

A importância da autoridade que permite ao líder tomar decisões e indicar caminhos e soluções para que a empresa atinja seus objetivos, é tão grande quanto a autoridade que lhe permite criar e manter um clima adequado de afetividade. São estes componentes emocionais que alimentam e dão força aos componentes técnicos e administrativos. Ambos devem funcionar lado a lado, pois um não sobrevive saudavelmente sem o outro.

Há muito tempo que estudos e pesquisas sobre gestão de pessoas vêm demonstrando que gritos e caras feias das lideranças não aumentam produção nem duplicam vendas. Ao lado da autoridade disciplinadora, as lideranças precisam usar também seus corações, sem os quais os verdadeiros talentos passam a se sentir como "coisas", conforme a citação do Covey. E, como sabemos, "coisas" nada produzem.

É simples assim.

*Floriano Serra

Floriano Serra é psicólogo, consultor, palestrante e ministra seminários comportamentais. É presidente da SOMMA4 Projetos em Gestão de Pessoas, autor de vários livros e inúmeros artigos sobre o comportamento humano. Ex-diretor de RH e Qualidade de Vida de empresas nacionais e multinacionais.

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ANEXO 4

WWW.portaldafamilia.org.br

A Liderança Efetiva

Floriano Serra Júnior *

Em essência, o líder não trabalha para a Empresa, trabalha para os seus Liderados. Estes, sim, é que trabalham para a Empresa, são eles que "produzem" os resultados.

Esta é a premissa do novo modelo de gestão de pessoas, a Liderança Servidora.

O que é "liderar" ? - Esta é uma das mais antigas questões que tenho ouvido em todos os meus anos de contato com a administração de empresas e a gestão de pessoas.

Uma das definições mais simples e diretas de liderança que conheço e que acho que a maioria dos profissionais aceita, é:"obter resultados através de outras pessoas". Logo ser "líder" é ser capaz de conseguir que uma ou mais pessoas "mova-se" no sentido de um resultado comum.

Depois de muitos anos de teoria e prática, tanto acadêmica quanto profissional, decidi adotar o modelo que estou chamando de Liderança Efetiva e que tem sua base fundamentada nos conceitos da Servant Leadership.

Segundo o Michaelis, "efetiva" significa; "1. real, verdadeira; 2. que produz efeito; 3. Permanente." Desta forma por "Liderança Efetiva" quero dizer a liderança verdadeira, que não precisa da presença física do líder para "mover" os liderados a atingir os resultados desejados e que permanece ao longo do tempo.

Como isso é possível ?

Servant Leadership é um termo introduzido em 1970 Robert Greenleaf - em uma publicação ainda não lançada no Brasil - para denominar a Liderança onde, para tornar-se "líder", primeiro deve-se "servir". Mais recentemente no Brasil, o sucesso do livro "O Monge e o Executivo" de James C. Hunter (ainda no ranking dos mais vendidos, segundo a revista "Veja"), divulgou o conceito da Servant Leadership através da estória de um executivo que aprende a liderar através do desenvolvimento da autoridade e confiança.

Mas espere aí ! Depois de "penar" por anos até chegar ao posto de "chefe" e finalmente poder "ser servido", que estória é essa de "servir" ?

Em primeiro lugar, sabemos todos que há uma grande diferença em ser "chefe" - ocupar um cargo de "poder" imposto pela empresa - e ser "líder" - desenvolver "autoridade" pessoal, inspirando outras pessoas a atingir, com entusiasmo, os resultados organizacionais desejados.

Não há dúvidas de que o "poder" formal funciona - afinal as pirâmides do Egito foram construídas neste modelo autocrata - mas no mundo atual pode-se observar alguns "efeitos colaterais" deste modelo como a baixa produtividade, falta de criatividade, aumento do absenteísmo e rotatividade, baixa colaboração "espontânea" , "jogos " de poder, dentre outros.

Em segundo lugar, "servir", neste caso, nada tem a ver com ser subserviente, obedecer a

42

ordens ou realizar as vontades dos liderados, mas sim com satisfazer suas reais necessidades de segurança e bem estar para que eles possam atingir as metas estipuladas.

Para o desenvolvimento da Liderança Efetiva, é necessário que o líder seja uma "escolha" dos liderados e não uma "imposição". Desta forma, para o funcionário, "seguir" o líder e sua visão deve ser uma questão de missão pessoal no caminho de tornar-se o melhor que ele pode ser.

Se pensarmos no papel do líder com alguém que tem todas as respostas, recebe benefícios especiais da Empresa e dispõe de todos ao seu redor atendendo prontamente às suas vontades, concordo que a situação acima parece utópica.

Mas seguindo os conceitos da Servant Leadeship, o papel do líder, em primeira instância, é prover seus liderados de tudo o que for necessário - física e psicologicamente - para que eles se desenvolvam pessoal e profissionalmente, para atingir a plenitude de suas competências no sentido de alcançar as metas esperadas.

O líder deve inspirar e influenciar seus liderados. E isso só é possível com o desenvolvimento da autoridade e confiança através de um comportamento consistente, verdadeiro, respeitoso e ético.

Em essência, o líder não trabalha para a Empresa, trabalha para os seus Liderados. Estes sim é que trabalham para a Empresa, são eles que "produzem" os resultados. Cabe ao líder dar-lhes o "rumo" (visão) e provê-los do que eles necessitam para atingir as metas. Cabe ao líder desenvolver a comunidade empresarial e cuidar do clima organizacional.

Servant Leadership é a Liderança Efetiva porque gera nos liderados o sentimento espontâneo de que seguir o líder e sua visão é o caminho para o próprio desenvolvimento pessoal e profissional. Caracteriza-se assim como um processo auto motivador que faz com que as pessoas sejam o melhor que elas podem ser no sentido de alcançar os objetivos da empresa, para o bem comum.

A boa notícia é que os conceitos da Servant Leadership são evidentes e auto -explicativos e, como habilidade, a Liderança Efetiva pode ser desenvolvida por todos que desejarem...e se comprometerem com o desenvolvimento pessoal. Sim, porque o fato de basear-se em conceitos simples e evidentes, não significa que seja fácil aplicá-los. É necessário mudar velhos hábitos e atitudes, e isso não é uma tarefa fácil nem rápida.

Então, o desafio de adotar este novo modelo de gestão de pessoas, não é o de aprender o "truque", seguir "fórmulas" ou de assimilar novos conceitos, mas sim de empenhar-se em desenvolver novos hábitos e atitudes.

Como em todo processo de verdadeira mudança, o caminho para o desenvolvimento da Liderança Efetiva ou da Servant Leadership é árduo e desconfortável, mas tem um final altamente gratificante porque, como citei no início, produz resultados e é permanente.

* Floriano Serra Júnior é Engenheiro de Produção, pós-graduado em Marketing e MBA em Comércio Internacional (FIA/USP). É docente e Diretor da SOMMA4 - Gestão de Pessoas para Resultados. E-mail: [email protected]

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ANEXO 5

WWW.rh.com.br>grupos>artigos

Afetividade e modelos de gestão Milton de Oliveira

Nenhum dirigente empresarial, por mais genial que possa ser, terá um empreendimento de sucesso se não possuir uma equipe atuando junto. Ao falar de equipe, estamos falando da dinâmica afetivo-emocional subjacente a toda e a qualquer ação do processo humano. Assim, um dos maiores paradoxos dos modelos de gestão é

acreditar que possa existir projeto organizacional e sucesso empresarial sem mobilizar a emoção das pessoas. Se isso fosse possível, os computadores seriam fantásticos dirigentes corporativos.

Afetividade e trabalhos em equipes - Repito que uma das coisas mais insanas e que me chamam a atenção é a ausência da teoria da afetividade como fator crítico do sucesso organizacional. Embora o tema não seja trabalhado nos estudos de modelos de gestão, podemos perceber a importância das relações afetivas positivas nas empresas.

Defendo a importância do papel das emoções, da sensibilidade e da afetividade no trabalho das equipes. Gestores vitoriosos sabem sensibilizar e desenvolver equipes com habilidades voltadas para o encantamento, envolvimento e fidelização dos clientes. Ao longo da minha experiência pessoal pude constatar que esses aspectos são fatores constituintes do sucesso das equipes consagradas e de indiscutível aceitação social e empresarial.

Embora possa parecer ingenuidade, acredito, firmemente, que é impossível existir organização produtiva que não faça a integração de emoções, sensibilidades e percepções diferentes. Por isso, para se ter produtividade numa economia de mercado, a competência interpessoal é tão importante quanto a tecnológica. O dirigente tem de conhecer ou ter a sensibilidade para compreender a dinâmica do ser humano tanto quanto tem para conhecer os aspectos tecnológicos.

Um grande teórico francês chamado Max Pajés escreveu, na década de 1960, um interessante livro "A Vida Afetiva dos Grupos". Nesse trabalho, Pajés defende que é impossível que as pessoas se relacionem socialmente sem estabelecer uma relação afetiva positiva ou negativa entre os membros dos grupos sociais.

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Na realidade, é impossível se relacionar com as pessoas sem se estabelecer uma relação de simpatia ou de antipatia. Nós, humanos, somos necessariamente seres de relações existenciais. Fora dessas, somos apenas seres metafísicos, idealizados pelos tradicionais intelectuais cartesianos.

Simpatia e antipatia - Aprendi na prática que quanto mais positiva as relações de simpatia, ou afetivamente positivas, entre as pessoas nas organizações, maiores os resultados obtidos pelo grupo. O contrário também é válido: quando as pessoas sentem antipatia e têm dificuldades de trabalhar juntas, dificilmente conseguem resultados que não sejam medíocres.

Em ambientes empresariais tensos, competitivos ou conflitivos, nos quais a pessoa vive em defesa, o resultado deixa a desejar. Em algumas empresas públicas é possível perceber essas observações. Constato que, apesar da importância desses temas como fatores críticos para o sucesso organizacional, eles são paradoxalmente pouco valorizados pela maioria dos gestores organizacionais.

Por serem assuntos aos quais tenho me dedicado ao longo desses 40 anos, sinto à vontade para fazer esse relato. Dirigi vários de grupos, em diversas de empresas e pude, juntamente com seus dirigentes, constatar a importância dos mesmos no aumento da produtividade e da qualidade de vida desses executivos.

Palavras-chave: | paradigma | emoção |

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

AFETIVIDADE

1.1 – Definições 10

1.2 – Emoção e sentimento 11

1.3 – Relação afetividade e cognição 12

CAPÍTULO II

RELAÇÕES INTERPESSOAIS

2.1 – Relacionamentos que educam 17

CAPÍTULO III

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: LIDERANÇA COM AFETIVIDADE

3.1 – Autoridade e Afetividade 23

3.2 – Administração escolar e liderança 25

3.3 – Liderança por poder x liderança por autoridade 26

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31

ANEXOS 33

ÍNDICE 45

46

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: O administrador escolar e a afetividade: Uma parceria

importante no processo de ensino-aprendizagem.

Autor: Inez Martini

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: