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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AS FASES DA EVOLUÇÃO DA ESCRITA E O ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ARTICULAÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR ALFABETIZADOR IZABEL SIMÕES CIRINO ORIENTADORA: PROFESSORA FABIANE MUNIZ DA SILVA RIO DE JANEIRO - RJ AGOSTO/2007 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS FASES DA EVOLUÇÃO DA ESCRITA E O ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

ARTICULAÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR ALFABETIZADOR

IZABEL SIMÕES CIRINO

ORIENTADORA:

PROFESSORA FABIANE MUNIZ DA SILVA

RIO DE JANEIRO - RJ AGOSTO/2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS FASES DA EVOLUÇÃO DA ESCRITA E O ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

ARTICULAÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR ALFABETIZADOR

IZABEL SIMÕES CIRINO

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Orientador Educacional.

RIO DE JANEIRO - RJ AGOSTO/2007

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela alegria de chegar

ao final de mais uma jornada e início de

muitas realizações.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os

orientadores que contribuem no processo

ensino-aprendizagem. Ao meu marido

Sidney, que tanto colaborou para a

confecção e o aperfeiçoamento desse

trabalho. Também a Guilherme, Ewertton

e Gustavo meus filhos que amo muito.

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RESUMO

Reconhecemos que a alfabetização ocupa hoje um espaço diferenciado, cuja

importância vem ganhando novos enfoques. A criança, desde cedo, ao

manipular lápis e papel deixa marcas sobre a superfície deste. Neste sentido o

professor precisa compreender as fases da escrita de cada criança, para

melhor adaptar a ação pedagógica nas particularidades, vivências e

necessidades daquele que aprende. Ao perceber que a linguagem gráfica é

condição necessária para o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e

social da criança, desenvolvemos um estudo de caso etnográfico, onde o

objetivo maior foi observar como as fases da escrita de cada criança no

contexto da escola. Utilizamos como instrumento a entrevista estruturada, a

observação, e análise documental. Com esta pesquisa pudemos constatar a

importância de percebemos estas fases e a influência do Orientador

Educacional nesse processo, pois muitos profissionais que trabalham com a

alfabetização não conseguem identificá-las.

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METODOLOGIA

A pesquisa realizada foi uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso

etnográfico. A coleta se deu através de entrevistas estruturadas, observação e

análise documental. O referencial teórico se baseia em FERREIRO (1986),

PALÁCIO (1982), TEBEROSKY (1982), VIGOTSKY (1995). Para efeitos

didáticos o trabalho foi dividido em 03 partes. A primeira aborda as fases da

escrita, a segunda o papel do interventor Orientador Educacional no processo

de alfabetização enfatizando que dentro da complexidade do cotidiano da

escola é necessário o apoio coletivo para dar conta da formação continuada.

A terceira parte enfatiza sobre a pesquisa de campo, os sujeitos, os

instrumentos da pesquisa, a coleta de dados e os procedimentos da pesquisa e

análise dos dados baseados em algumas categorias.

O interesse em estudar um determinado problema é verificar como o mesmo se

manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. Há

sempre uma tentativa de “capturar a perspectiva dos participantes”, isto é, a

maneira de como os informantes encara as questões que estão sendo

focalizadas. Ao considerar os diferentes pontos de vistas dos participantes, os

estudos qualitativos permitem iluminar o dinamismo interno das situações,

geralmente inacessível ao observador externo.

Percebemos também no ambiente da sala que as atividades eram

desenvolvidas em colaboração com o outro. Pudemos perceber que durante o

período de intervenção para coleta de dados da pesquisa a professora estava

totalmente envolvida com o trabalho de intervenção. Podemos inferir que há

muito comprometimento por parte do corpo docente em sua prática

educacional. A mesma estava a todo o momento interagindo nas atividades

que propusemos e elaboramos em sala de aula.

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Esse envolvimento e interesse da professora e da Orientadora pelo tema

contribuíram muito, pois, pudemos conhecer e compreendermos cada criança

de acordo com a sua realidade e entender melhor o seu processo de

desenvolvimento.

Sendo assim, diante das atividades pudemos perceber que quanto à hipótese

da escrita das crianças que a maioria já se encontra no período alfabético, 05

no silábico-alfabético, 04 no período silábico e 03 no pré-silábico.

Esses são dados importantes porque dentro do novo calendário letivo, no

período da pesquisa eles estavam no final do primeiro bimestre. Isso significa

que com uma intervenção adequada os alunos têm grande possibilidade de

chegarem ao final do ano letivo lendo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................09

CAPÍTULO I...................................................................................................10

AS FASES DA ESCRITA...........................................................................10

CAPÍTULO II..................................................................................................15

O INTERVENTOR ORIENTADOR EDUCACIONAL

NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO................................................15

CAPÍTULO III.................................................................................................20

A PESQUISA DE CAMPO.........................................................................20

3.1 NATUREZA DA PESQUISA...............................................................20

3.2 DESCRIÇÃO DO CONTEXTO DA PESQUISA..................................21

3.3 CARACTERISITCAS DOS SUJEITOS DA PESQUISA.....................22

3.4 INTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS....23

3.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS.............................23

3.6 PROCEDIMENTO DE PESQUISA.....................................................24

3.7 RETRATOS DA PESQUISA: ANÁLISE DOS DADOS.......................26

3.8 NUANCES DA FORMAÇÃO E DOS PRODISSIONAIS.....................29

3.9 A ALFABETIZAÇÃO NA SALA PESQUISADA...................................31

CONCLUSÃO................................................................................................33

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................35

ANEXOS.........................................................................................................36

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INTRODUÇÃO

Abordaremos o tema, as fases da evolução da escrita e o Orientador

Educacional na articulação do trabalho do professor alfabetizador, onde a

questão central desta pesquisa é o que fazer para que os educadores levem

em consideração os processos de construção da escrita na criança, e como o

Orientador Educacional interfere neste processo da aprendizagem, pois após

vários anos de experiência em sala de aula, observa-se uma metodologia que

“não” dá oportunidades para as crianças testarem as suas hipóteses.

Há uma preocupação com a gramática, com atividades repetitivas e as

crianças não têm um espaço para que possam escrever de forma espontânea.

Pois, neste período a criança age o tempo todo descobrindo, inventando,

perguntando, refazendo e socializando-se. Através de tantas dúvidas, algumas

crianças se perdem nessa fase de decisões, portanto, para fortalecê-las

desenvolvem-se um conjunto de meios, materiais e oportunidades para um

crescimento saudável em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e

social. Como sabemos, é na escola que a criança tem acesso a educação

formal a primeira orientação fazem parte do conteúdo educacional, nesse caso,

os professores devem participar efetivamente desse processo conduzindo

criteriosamente sua prática pedagógica. O trabalho do Orientador Educacional

é essencial neste processo. Ele poderá garantir as informações específicas e,

assim, indicando intervenções necessárias para que o processo de ensino-

aprendizagem ocorra. Desse modo o professor recebe o apoio necessário para

que obtenham sucesso na corrente educativa geral.

Ao realizar a pesquisa tivemos como objetivo analisar a construção da escrita

dos alunos, proporcionando atividades metodológicas para melhor

desenvolvimento na leitura e na escrita, dando-lhes atendimentos individuais.

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CAPÍTULO I

AS FASES DA ESCRITA

Alfabetização tem sido entendida de modo tradicional como um processo de

ensinar e aprender a ler, como se fosse uma relação unívoca. Sendo assim

eram criados métodos que ajudavam a criança a se alfabetizar. Havia

subjacente a essa questão, teorias inatistas e empiristas que respaldavam tais

práticas.

A partir da década de 80, com os estudos de Emília Ferreiro, baseado na

epistemologia genética de Piaget, começa-se a mudar a concepção de

alfabetização. Esta começa a ser pensada numa relação de interação e

construção necessitando da figura de um mediador.

Nesse sentido baseado nos estudos de Ferreiro (1992), podemos perceber que

a alfabetização é um processo que se inicia muito antes da criança ter contato

com a escola. Alfabetização é um processo que não começa apenas no

primeiro dia de aula na 1ª série. Fora da escola, em nossa sociedade letrada

sendo ela urbana ou rural, os alunos convivem diariamente com a leitura e

escrita identificando seus usos e funções.

Segundo Ferreiro e Palácio (1987, p.99),

“a escrita existe inserida em múltiplos objetos físicos do ambiente que rodeia uma criança no meio urbana (inclusive quando essa criança pertence aos meios marginalizados da sociedade urbana). A escrita existe inserida numa complexa rede de relações sociais”.

Sendo assim, não se espera exatamente que a criança tenha de 6 a 7 anos

para iniciar o processo de leitura e escrita. Ao ingressar na escola, ela já

formulou as mais variadas hipóteses sobre este objeto de conhecimento.

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Ferreiro (1986) realizou investigações científicas que deixam transparente a

idéia de que a criança constrói e reconstrói o código lingüístico e reflete sobre a

escrita. Segundo a autora a criança desenvolve hipóteses sobre a linguagem

escrita à medida que interage e (re) constrói o processo.

Ferreiro e Teberosky (1999); Ferreiro e Palácio (1982) analisam a relação da

criança com a escrita – como objeto de conhecimento – independente das

condições de interação social. O trabalho em sala de aula, portanto nos indica

a necessidade de se considerar, além disso, as funções da escrita socialmente

mediada e constituída no jogo das representações sociais.

As seguidoras de Jean Piaget apontam justamente que os métodos de

alfabetização e os procedimentos de ensino baseado em concepções adultas

não estão de acordo com o processo de aprendizagem e as progressões das

noções infantis sobre a escrita. Dessa forma estabelece um modo de

organização dos conhecimentos, definindo-os em quatro hipóteses na

psicogênese da alfabetização: pré-silábica, silábica, silábico-alfabética,

alfabética.

Segundo Ferreiro (1989) no nível Pré-Silábico a criança não estabelece

relações entre a escrita e a pronúncia. Nesta fase ela expressa sua escrita

através de desenhos, rabiscos e letras usadas aleatoriamente, sem repetição.

Outra característica desta fase é o “realismo nominal”, expressão utilizada por

Piaget para designar a impossibilidade de conceber a palavra e o objeto a que

se referem como duas realidades distintas. Assim, a criança pensa que a

palavra boi é maior que televisão, porque representa um objeto maior e mais

pesado. A superação do realismo nominal, pela percepção de que a palavra

escrita, diferentemente do desenho, não representa o objeto, mas seu nome é

indispensável Segundo para o sucesso na alfabetização.

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A mesma autora no nível silábico a criança descobre a lógica da escrita,

percebendo a correspondência entre a representação escrita das palavras e as

propriedades sonoras das letras, usando, ao escrever, uma letra para cada

emissão sonora. Num outro nível - Silábico Alfabético - a criança percebe a

necessidade de mais uma letra para a maioria das sílabas, correspondendo

sons às formas silábicas e alfabéticas, que induz a uma escolha de letras de

formas ortográfica ou fonética.

O nível alfabético é caracterizado pela correspondência entre fonemas e

grafemos, quando a criança compreende a organização e o funcionamento da

escrita e começa a perceber que cada emissão sonora (sílaba) pode ser

representada, na escrita, por uma ou mais letras. A base alfabética da escrita

se constrói a partir do conflito criado pela impossibilidade de ler silabicamente o

escrito padrão (sobram letras) e de ler a escrita silábica (faltam letras). Neste

nível, a criança, embora já alfabetizada, escreve ainda foneticamente (como se

pronuncia), registrando os sons da fala, sem considerar as normas ortográficas

da escrito padrão e da segmentação das palavras na frase.

Trilhando este caminho, a criança vence barreiras, sendo capaz de interpretar

(ler) e reproduzir (escrever) símbolos gráficos. Essa evolução pode se

processar na escola ou fora, dependendo do ambiente onde vive. Daí o fato

que ocorre com freqüência, a criança aprende a ler sozinha, ou pelo contrário,

não aprende a ler, apesar do esforço da escola. O sucesso ou fracasso da

alfabetização depende do nível da evolução de cada criança quando chega à

escola, ou das condições de acesso à escrita que lhe é oferecida na escola.

Emília Ferreiro (1985) afirma que há crianças que, em determinado momento

de sua evolução, não fazem distinção entre a escrita e desenho. Isso significa

que textos e imagens se confundem. São apenas concebidos como formas

distintas de apresentar o mesmo significado, utilizando o desenho como

símbolo.

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Para que se possa ler, são necessárias outras marcas diferentes das figuras.

Para poder escrever, a criança inventa suas próprias letras. As mesmas

consideram que as palavras servem para dizer os nomes das coisas, acham

que palavras escritas com menos de três letras repetidas não podem ser lidas.

Trata-se das hipóteses de quantidade variadas de caracteres (conflito com a

escrita alfabética).

Segundo Ferreiro e Palácio (1987, p. 81).

A hipótese pode conduzir a um conflito quando chega a combinar-se com a hipótese criada pela criança, segundo a qual, para que uma escrita “sirva para ler” deve compreender três símbolos pelo menos. Sua própria versão escrita de um nome ou de um substantivo pode não se ajustar ao número de sílaba. A hipótese é, entretanto, muito forte, e as crianças propõem muitas soluções engenhosas do problema ao desajuste. Nesta fase ocorre então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se estabeleceu entre uma exigência interna da própria criança e a realidade das formas que o meio lhe oferece faz com que ela procure soluções. Então começa a perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, ainda que não faça corretamente.

Conforme os mesmos autores, o processo é atingido quando a criança chega

ao estágio da escrita alfabética, pela compreensão de que, cada um dos

caracteres da escrita, corresponde valores menores que a silaba, e que uma

palavra se tiver duas silabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser

pronunciada, necessitarão mais do que duas letras para ser escrita e a

existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir desses elementos

simples, formarem a representação de inúmeras sílabas, mesmo aquelas sobre

as quais não tenha exercitado.

A criança tem a sua frente uma estrada longa, até chegar à leitura e a escrita

da maneira que nós, adultos, a concebemos, percebendo que a cada som

corresponde uma determinada forma; que há grupos de letras separadas por

espaços em branco corresponde à palavra escrita.

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Conhecendo os diversos níveis conceituais lingüísticos da criança é possível

criar as atividades para que ela possa desestruturar sua concepção e construir

o conhecimento da base alfabética da escrita.

Ferreiro e Teberosky (1985), a este respeito relatam que:

Em relação à aquisição da leitura e da escrita, as crianças passam pelos diferentes níveis desse processo mediante interação com a escrita, construindo hipóteses e estabelecendo relações de significação que parecem ser comuns a todas as crianças.

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CAPÍTULO II

O INTERVENTOR ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Alfabetizar é um processo que demanda uma busca sistemática de como a

criança aprende. Durante muito tempo pautamos a prática pedagógica em

teorias que se pautavam na percepção de como se ensina. Diante da

complexidade presentificada no contexto da sala de aula é necessário inverter

essa lógica.

Nesse sentido acreditamos ser necessário que as escolas de ensino

fundamental estejam bem equipadas no que diz respeito a profissionais, pois

esses devem ser capacitados para mediar a melhor forma de alfabetizar as

crianças. Entretanto, o que podemos constatar em nossas escolas é que

muitos profissionais não possuem formação adequada.

Sem uma capacitação específica, acreditamos que esses professores acabam

sendo meros “reprodutores” e conseqüentemente seus alunos serão “copistas”.

Embora essa capacitação não seja sinônima apenas de acréscimo na

escolaridade, a LDB dispõe no título VI, Art. 62 sobre a formação docente.

Segundo esse artigo

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena, em universidades e instituídos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Esse aumento garante uma melhor formação inicial embora seja pertinente

investir na formação continuada de modo a garantir uma melhor qualificação. É

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preciso estar atento, pois, esta mudança não pode ocorrer repentinamente. A

própria legislação considera a necessidade de um período de transição que

permita incorporar os profissionais cuja escolaridade ainda não é exigida e

buscando proporcionar um tempo para adaptação das redes de ensino. Esta

mesma Lei dispõe no título IX, Art. 87, inciso 4º que “até o fim da década da

Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior

ou formados por treinamento em serviço.”

Além da escolarização específica o professor alfabetizador deve ter a

competência polivalente para trabalhar os conteúdos advindos das diversas

áreas do conhecimento. Ele deve estar preparado para recepcionar os alunos

da classe de alfabetização, alunos estes, que estão ingressando em um novo

grupo com culturas, experiências e saberes diversificado. É necessário que

situações de ensino-aprendizagem e propostas voltadas para a realidade do

aluno sejam desenvolvidas pelos alfabetizadores junto com o Orientador

Educacional.

Portanto, o professor ao assumir a prática de alfabetizar além de possibilitar

avanços intelectuais e cognitivos, “[...] terá o propósito de transformação

visando à mudança no sentido de aprimorar o processo de ensino e

aprendizagem que se apresenta bastante desgastada” (CORREA, 1998, p.14).

Segundo o mesmo autor, o professor deve ser um individuo pleno em

conhecimentos e atitudes, isto deve ocorrer através da pesquisa. Ser um

professor pesquisador auxilia perceber e enfrentar as evidências que fluem

Segundo Ferreira (1992, p.49)

“Os processos de capacitação mais rápidos, profundos e bem sucedidos parecem ser aquele em que alguém acompanha o professor em serviço. Esse alguém pode ser qualquer pessoa envolvida nas questões (inclusive outro professor)”.

As capacitações realizadas dentro do ambiente da própria escola e pelos

próprios sujeitos dá uma outra ressignificação ao processo de se aprender.

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Esse perde o caráter unilateral e adquire uma perspectiva de aprender junto

em colaboração bilateral.

Essa idéia de aprender com, na formação do educador, deve fazer parte da

didática do professor. É necessário que no cotidiano da sala de aula haja ações

que possibilitem trocar, compartilhar e dialogar, não como um verbete da

prática democrática, mas sim, como possibilidade para a construção de

conhecimentos, de conceitos e de valores na escola. Dessa forma possibilita

os alunos a construírem seus conhecimentos e ao professor perceber como os

alunos aprendem. É importante que o professor possa conhecer o processo

que a criança utiliza para encontrar suas respostas. Porém, isso será possível,

através de uma intervenção respeitosa e direta, individualmente ou em duplas

para que possa contribuir e desequilibrar o outro, a partir dos conhecimentos

que já têm estruturado.

Quando o professor definiu os princípios metodológicos organizando a forma

do seu trabalho em determinada situação não deve considerar que essa

aprendizagem acaba com a possível descoberta. Deve sempre rememorar que

aprender é um processo contínuo de conquista e não há receitas prontas para

ensinar esse ou aquele aluno.

É preciso estimular ao professor para ver a dinâmica da sala de aula como uma

possibilidade de novas formas de pensar, despertando-llhes o interesse de se

aventurar nesse novo, embarcando em uma viagem de grandes “experiências

críticas”, para que ele possa saber como fazer para que sua turma tenha

alunos exploradores e possa cada um do seu modo, experimentar as diferentes

funções da linguagem escrita, com todos os recursos possíveis e não apenas

com um único livro.

Para alfabetizar é preciso ter acesso à língua escrita presentes na função social assim como para aprender a falar é necessário ter acesso à língua oral num contexto de interação. É essa lógica

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que está ausente nas famosas cartilhas ou manual destinado a alfabetizar (FERREIRO 1992).

Para criar meios que venham acrescentar nesse processo de alfabetização, o

professor e o orientador educacional devem desenvolver novas práticas,

apoiadas em boas teorias, deixando a escola aberta aos fatos e

acontecimentos, trazidos pelas crianças, dando as devidas importâncias e um

espaço favorável na sala de aula.

Buscando novas práticas e percebendo que não existem receitas, o professor

será um interventor no processo de alfabetização. Dessa forma conseguirá

trabalhar num contexto de diversidade, dando conta de um movimento de

alfabetização, porque aprenderá junto com as crianças o modo como elas

aprendem.

Nesse encontro, com as diferenças de histórias, de valores, de desejos (tanto

das crianças como do professor) é que o conhecimento se constrói com

significação para todos. Sendo assim o prazer de aprender, de ensinar, tornará

o cotidiano dessa sala mais prazerosa.

Diante da diversidade vivenciada nas salas de aulas os docentes têm grande

desafio, devendo ter posturas e atitudes adequadas diante das diferentes

questões e situações que surgem no dia-a-dia. Desse modo, uma das

propostas apresentadas nas salas de alfabetização é a articulação do

orientador.

O orientador educacional é o elemento essencial no processo de alfabetização

É grande a sua carga de responsabilidade na escola, dependendo da sua

atuação com alcance dos objetivos educacionais estabelecidos. Ele poderá

garantir a estruturação do psiquismo infantil, elevando a auto-estima do aluno

incluído e o respeito pelas diferenças individuais.

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Para isso, é necessário que o orientador desenvolva um projeto pedagógico

que possibilite um ambiente rico em descobertas, experimentações, ações e

trocas. Nesta perspectiva o interventor Orientador Educacional irá auxiliar o

professor a como lidar com os alunos, em todas as questões pedagógicas,

inclusive no que tange à alfabetização.

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CAPÍTULO III

A PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa realizada foi uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso

etnográfico. Este estudo constitui uma pesquisa descritiva, desenvolvida a

partir da coleta de dados junto à professora do 2º ano do CA (Ciclo de

Alfabetização) e os pedagogos que será elemento fundamental para essa

pesquisa. O critério de seleção dos alunos será adotado conforme as

dificuldades de aprendizagem.

Visa fazer um cruzamento entre o trabalho do Orientador Escolar em

assessorar o professor no seu trabalho pedagógico, exercendo um olhar

comparativo fortalecendo o grupo de pesquisa, dando ênfase para análise da

construção do projeto e compreender as metodologias utilizadas na

identificação das fases da evolução da escrita na alfabetização.

3.1- NATUREZA DA PESQUISA

Pesquisa é rico em discrições de pessoas, situações, acontecimentos, inclui

transições de entrevistas, depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de

vários tipos de conhecimento. “A preocupação com o processo é muito mais do

que o produto.”

Usa-se esse termo para substituir o estudo de caso qualitativo que acentua a

dicotomia entre a pesquisa qualitativa e quantitativa. É um termo recente na

literatura educacional que consiste na adaptação da etnografia ao estudo de

um caso educacional (André, 2005).

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Segundo Lüdke e André (1986) o estudo de caso visa à descoberta, enfatiza a

interpretação em contexto, retrata a realidade de forma completa e profunda e

utiliza várias fontes de informações.

Nesse sentido o estudo de caso etnográfico ocorreu em dois momentos

distintos: o primeiro foi realizado com a intenção de perceber como o

Orientador Educacional interfere neste processo da aprendizagem. No segundo

momento, dentro de uma sala de aula, buscamos identificar no contexto da

escolarização, em que fase os alunos da 2ª fase do ciclo de alfabetização se

encontrava.

3.2 - DESCRIÇÃO DO CONTEXTO DA PESQUISA

A instituição escolhida foi uma Escola Municipal de Ensino Fundamental

(EMEF) do município de Guarapari-es. No seu quadro de funcionários

apresenta: seis pedagogos (uma no turno matutino e três no turno vespertino e

uma no turno noturno), uma diretora com formação acadêmica em pedagogia

com ênfase em orientação escolar, uma adjunta com formação acadêmica em

magistério superior com ênfase em 1ª a 4ª série e alfabetização. A escola é

composta por cinqüenta e cinco professores, sendo vinte no matutino, vinte no

vespertino, quinze no noturno. A formação escolar dos professores dividiu-se

em: magistério completo, a maioria tem formação acadêmica em pedagogia e

três professores formados em Educação Física.

A EMEF conta também com o pessoal de apoio que consiste em uma

secretária e duas auxiliares, cinco vigias que trabalham em horário alternado.

Possui ainda quinze serventes e entre estas estão duas merendeiras ajudantes

e assistentes de serviços gerais.

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Essa escola foi fundada em 17 de junho de 1997 (em mil novecentos e noventa

e sete), constituído de: 1ª fase do Ciclo Básico – CB- (crianças de 06 anos de

idade), 2ª fase do CB (sete anos), 2ª série, 3ª série, 4ª série, classe de recurso,

professores especialistas de surdos. Ela está inserida no sistema público,

atendendo as comunidades próximas à escola.

A escola EMEF funciona em três turnos, matutino das 07h00minh às

12h00minh, vespertino das 13h00minh às 17h: 20 min e o noturno das 18h: 30

min às 22h: 10 min. Através de todos os dados da escola pudemos perceber

que esta é uma instituição organizada e comprometida com o processo

educacional no desenvolvimento dos alunos que nela está inserida.

3.3 - CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Os sujeitos da pesquisa foram definidos conforme os momentos. No primeiro

momento foi à comunidade escolar como um todo. Através de uma entrevista

estruturada, coletamos informações de diretor da escola, corpo docente,

pedagogo e de alguns pais.

No segundo momento a pesquisa se definiu numa sala de aula composta por

21 alunos, pertencentes a uma situação sócio-econômica diferenciada.

Pudemos perceber que na sala de aula havia alunos com realidades de vida

heterogêneas. Alguns alunos têm uma condição pouco melhor, já outros

vinham de uma realidade de vida bem desestruturada, e isso tudo era refletido

em suas atividades realizado em sala, ou seja, no tema pesquisado. As

crianças têm idades entre sete e nove anos, tendo uns três alunos com idade

superior a 10 anos. A sala é identificada como sendo a 2ª fase do Ciclo básico

devido ao projeto de Educação Ampliada que o município aderiu. A professora

da turma é efetiva na rede municipal, tendo a mesma concluída seu curso

superior em Pedagogia e uma Pós-graduação em Educação Especial.

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3.4 - INSTRUMENTO E PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS

Podemos definir procedimentos de coleta como,

[...] métodos práticos utilizados para juntar informações, necessário a construção dos raciocínios em torno de fato/fenômeno/problema. Na verdade coleta de dados de cada pesquisa terá peculariedades adequadas àquilo que se quer descobrir. (SANTOS, 1999, p.28)

Nesse sentido utilizamos em nossa pesquisa alguns instrumentos tais como a

entrevista estruturada, a observação e a análise de documentos. Usamos a

entrevista estruturada para coletar dados da primeira fase da pesquisa.

Entende-se por entrevista estruturada “[...] uma relação fixa de perguntas, cuja

ordem e redação permanecem invariáveis para todos os entrevistados” (GIL,

1999, p.121). Esse instrumento nos deu suporte para compreender, analisar e

relatar as situações como também uma interação com o sujeito.

No segundo momento optamos por coletar dado através da observação de

todo o contexto da sala e da escola assim como o da sala de aula. Outro

instrumento utilizado foi à análise documental.

Os documentos que sofreram a análise documental foram: os cadernos das

crianças e também as atividades produzidas no decorrer do trabalho

desenvolvido dentro da sala de aula.

3.5 - PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS

Na medida em que os dados foram coletados, procederam a uma análise

criteriosa dos mesmos. Realizou-se uma análise de conteúdo no que tange as

entrevistas e a identificação das fases das crianças nas atividades produzidas.

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Esta análise foi realizada sob a luz de Ferreiro (1986; 1987; 1989; 1992) e

outros que pontuam sobre a construção da escrita da criança.

3.6 - PROCEDIMENTO DE PESQUISA

Através desse relatório temos o objetivo de relatar fatos que aconteceram

durante o estágio para o estudo e pesquisa realizada numa Escola de ensino

Fundamental da Rede Municipal de Guarapari-es. Na busca de investigarmos

qual o nível de atenção que a escola dedica em especial à classe de

alfabetização, iniciamos o estágio de observação no início do mês de março de

2007, quando a princípio expusemos para a direção e a Orientadora da escola

o trabalho que seria desenvolvido, com a explanação do tema que seria

pesquisado “A Identificação da Escrita da Criança e o Orientador Educacional

como Articulador no Processo de Alfabetização.”

Percebemos muitos interesses por parte da diretora, Orientadora Educacional e

professora da sala onde seriam feitas a observação e possível intervenção

através de atividades que nos possibilitaria a identificação da fase da escrita de

cada criança. O período de observação da escola começou no dia 01 de

março de 2007, onde tivemos contato com os diretores da escola, que são:

diretora geral do centro de auxílio de integração à criança, diretora da escola e

diretora adjunta, No dia 02/03 iniciamos a observação nas repartições da

escola.

No dia 05/03 realizamos entrevista com a Orientadora, diretores e uma

professora na área da alfabetização, a fim de nos darem subsídios a respeito

do funcionamento da escola, visando os alunos a serem pesquisados. No dia

06/03 apresentação à professora e a turma de 1ª série a ser pesquisada. No

dia 07/03 observação da aula sem intervenção, também foi realizada uma

entrevista com a professora da sala de aula. No dia 08/03 foi realizado com a

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professora e Orientador o planejamento para elaboração das aulas a serem

observadas. A análise de dados foi reduzida a partir das observações

efetuadas bem como resultados de entrevistas e questões respondidas.

As ações investigadas envolvem produção e circulação de informações, elucidação e tomada de decisões e outros aspectos, supondo uma capacidade de aprendizagem dos participantes. Estes já possuem esta capacidade adquirida na atividade normal. Nas condições peculiares [...], esta capacidade é aproveitada e enriquecida em função das exigências em torno da qual se desenvolva a investigação (THIOLLENT, 2000, p.66)

As atividades desenvolvidas no período de intervenção tiveram o objetivo de

identificar o nível de escrita das crianças e nos da possibilidade de realizar

outras produções.

No dia 09/03 à 30/03 começamos a intervenção na sala de aula. O dia da

apresentação em sala de aula foi novidade para os alunos, não foi difícil

observar a ansiedade nos olhinhos de cada um demonstrando que, cada dia

era uma surpresa muito grande.

O plano de intervenção foi aplicado em vários dias. A proposta foi aceita e

todas as aulas ministradas constavam num plano que foi desenvolvido com a

professora da sala de alfabetização e Orientadora. A professora da classe

procura buscar de forma contínua por meio de cursos e eventos promovidos

pela Secretária de Educação ou através da busca individual por novos saberes

em alfabetização.

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3.7 - RETRATOS DA PESQUISA: ANÁLISE DOS DADOS

■ Atividade 01 – Ditada com alfabeto móvel

Nesta atividade observamos que o aluno se encontra no nível Pré-silábica. Ele

ainda não estabelece relações entre a escrita e a pronúncia, usando letras

aleatoriamente.

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■ Atividade 2 – Frases escondidas

Nesta atividade observamos que o aluno está no nível alfabético. Ele já

percebe que cada sílaba pode ser representada por um som.

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■ Atividade 3 – Auto ditado

Nesta atividade observamos que o aluno está no nível silábico. A criança

escreve uma letra para cada emissão sonora, como a palavra raposa, o aluno

escreveu a- o- a, neste caso ele usou uma vogal para cada emissão sonora.

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Informações, elucidação e tomada de decisões e outros aspectos, supondo uma capacidade de aprendizagem dos participantes. Estes já possuem esta capacidade adquirida na atividade normal. Nas condições peculiares [...], esta capacidade é aproveitada e enriquecida em função das exigências em torno da qual se desenvolva a investigação (THIOLLENT, 2000, p.66)

As atividades desenvolvidas no período de intervenção tiveram o objetivo de

identificar o nível de escrita das crianças e nos da possibilidade de realizar

outras produções. No dia 09/03 à 30/03 começamos a intervenção na sala de

aula. O dia da apresentação em sala de aula foi novidade para os alunos, não

foi difícil observar a ansiedade nos olhinhos de cada um demonstrando que,

cada dia era uma surpresa muito grande.

O plano de intervenção foi aplicado em vários dias. A proposta foi aceita e

todas as aulas ministradas constavam num plano que foi desenvolvido com a

professora da sala de alfabetização e Orientadora. A professora da classe

procura buscar de forma contínua por meio de cursos e eventos promovidos

pela Secretária de Educação ou através da busca individual por novos saberes

em alfabetização.

3.8 - NUANCES DA FORMAÇÃO E DOS PROFISSIONAIS

Os profissionais entrevistados têm na sua maioria formação superior concluída

ou em fase de conclusão. Além da sua formação inicial procuram realizar sua

formação continuada através de cursos, seminários e também através de

leitura de livros e textos.

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Percebemos que há uma coletividade na hora de trabalhar e principalmente

para resolver os problemas. Segundo uma das entrevistadas o trabalho coletivo

da escola é importante.

“Em nossa escola trabalhamos com o coletivo, pois é importante que cada um esteja por dentro dos problemas da escola para que o grupo decida da melhor forma possível”.

Percebemos que os professores são apoiados pelo Orientador Educacional, na

questão da alfabetização. Notou-se também que a Secretária de Educação tem

oferecido cursos e seminários para contribuir na formação continuada.

De acordo com a professora pesquisada é grande seu interesse em participar

dos cursos e eventos promovidos pela Rede Municipal de ensino.

Principalmente os cursos relacionados ao tema de pesquisa “As Fases da

Evolução da Escrita”.

Segundo a Orientadora Escolar a escola busca a interação da família e

segundo relatos está comparece. Percebemos que é uma conquista esta

interação.

“Difícil, mas é feita com muita dificuldade” (A). A relação da família com a escola é muito difícil. “Os pais são ausentes impossibilitando às vezes, um melhor trabalho” (B)

A equipe escolar tem buscado ainda trazer os pais para saber o que se passa

com o seu filho na escola, na intenção de mostrar como esta o seu processo

educativo, portanto, promovem reuniões periódicas de pais para a

Socialização de informações. A freqüência dos pais nessas reuniões é bastante

razoável em relação à quantidade de alunos matriculados na escola. Segundo

a Orientadora escolar pesquisada isso ocorre, devido ao fato das crianças

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desde bebê, freqüentar creches e pré-escolas, e aos pais trabalharem em

horário integral não dedicando um tempo para seus filhos.

Percebemos também através das observações que há uma grande

preocupação com os alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem da

classe de alfabetização. A equipe da escola possui uma proposta de garantir o

melhor atendimento possível às crianças que pertencem à mesma e se

preocupam em propiciar uma organização harmoniosa no espaço escolar.

A equipe da escola Visa ainda desenvolver um trabalho junto à comunidade

local. Elas acreditam que isso compete à mesma por atuar em uma instituição

pública. A comunidade escolar tem como meta constante tornar o local de

permanência da criança um espaço alegre, que lhe ofereça segurança afetiva e

material. Pois como já foi abordado, muitas crianças que freqüentam essa

escola não recebem afeto, segurança e recursos em sua realidade fora da

escola. Com base nisso, é na escola que elas poderão encontrar conforto para

suas vidas. Podemos dizer que a escola coletivamente tem buscado encontrar

saídas para os problemas que surgem no seu cotidiano.

3.9 - A ALFABETIZAÇÃO NA SALA PESQUISADA

Apesar de a sala observada ser a 2ª fase do Ciclo básico de alfabetização,

devido ser esse ano, o primeiro da implantação do projeto, percebemos que a

alfabetização é trabalhada de forma sistemática. O ambiente é arejado e

alfabetizador facilitando o acesso da escrita àqueles que não têm acesso.

Percebemos também no ambiente da sala que as atividades eram

desenvolvidas em colaboração com o outro.

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O objetivo era identificar as fases da escrita da criança. Não queríamos pegar algo

pronto e então elaboramos junto com a professora um planejamento, dentro daquilo

que ela estava trabalhando. O conteúdo a ser ministrado era sobre animais e sinais

de trânsito. Dentro dessa temática elaboramos atividades na quais as crianças

teriam que escrever, e assim poderíamos avaliar a hipótese de escrita.

No conteúdo de trânsito, fizemos um projeto interdisciplinar com várias atividades

que foram expostas na sala.

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CONCLUSÃO

Com o tema pesquisado “As Fases da Evolução da Escrita e o Orientador

Educacional na Articulação do Trabalho do Professor Alfabetizador” e que pudemos

comprovar que a identificação das fases está estreitamente relacionada ao

desenvolvimento integral da criança. Os objetivos propostos foram alcançados.

Podemos constatar que a escola dispensa atenção especial à linguagem real, pois

em todo momento a escola promove e expõe constantemente os trabalhos

produzidos pelos alunos. Além de acompanhar efetivamente a evolução do

desenvolvimento da escrita da criança entendendo assim quais os fatores que

puderam interferir para esse processo de desenvolvimento, seja em caso positivo ou

negativo.

A instituição conta com um corpo de profissionais que estão preocupados com a

formação continuada, buscando sempre participar de treinamentos ou cursos de

capacitação que acontecem sempre na Secretária de Educação de Guarapari –

SEMED. Pudemos ver esse comprometimento com a formação principalmente por

parte da professora da turma pesquisada. Ela sempre busca participar de encontros

e cursos envolvidos na área. Um dos princípios para que a criança desenvolva a

leitura e a escrita está nos recursos materiais. Com base nisso, a escola e o

professor busca materiais adequados para a criança desenvolver a sua prática. Isso

é motivo para que a criança tenha um incentivo para não deixar de freqüentar a

escola. Com o trabalho desenvolvido pudemos também perceber que fatores

culturais e psicológicos estão relacionados no desenvolvimento da aprendizagem.

A equipe escolar da instituição tem por finalidade estreitar o caminho para que a

família esteja sempre envolvida com os trabalhos da escola. Isso é o que tem se

buscado, mas é preciso ainda que algumas famílias entendam a importância de

acompanhar o processo evolutivo da sua criança. Quanto ao papel do Orientador

Educacional, percebemos que este está atento com as quais coisas que acontecem

no cotidiano da escola. Ele procura ajudar e está sempre disponível para orientar e

auxiliar.

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Foi com muita satisfação que realizamos essa pesquisa, pois graças a ela tivemos a

oportunidade de adquirir conhecimentos e vivenciar experiências novas,

principalmente a contribuição do Orientador neste processo de alfabetização. Com

isso, esperamos que todo o profissional de alfabetização tenha consciência de que o

ato de alfabetizar não se reduz simplesmente em “passatempo”, mas é através

desse processo que podemos perceber a importância de um bom leitor para o

futuro.

Essa pesquisa não tem um parágrafo final de conclusão, mas sim reticências para

que outros pesquisadores continuem a pesquisar e tecer outros fios nessa rede do

conhecimento.

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BIBLIOGRAFIA

BOGONI, Gisele D’ Angelis. Na formação escolar de uma comunidade, O

PEDAGOGO EXERCE PAPEL RELEVANTE DE RESPONSABILIDADE SOCIAL.

Disponível em: 20 de setembro de 2004.

<www.cursoaprovacao.com.br/pesquisa/entrevistas/entrevista_carreira/Gisele. Htm.

Acesso em: 15 de junho de 2005>

FERREIRO; TEBEROSKY. A Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1986.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo. Cortez, 1987.

FERREIRO e PALÁCIO, M. G. Os processos de leitura e escrita – Novas

perspectivas. Porto Alegre. Artes Médicas, 1987.

FERREIRO, EMÍLIA. Alfabetização em Processo. São Paulo. Cortez, 1989.

GAGLIARI, L. C. Alfabetização e Lingüística. Scipione. São Paulo, 1989.

LUDKE, M; André, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens quantitativas.

E.P.V. São Paulo, 1986.

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ANEXOS

ENTREVISTA COMUNIDADE ESCOLAR (DOSCENTES E PESSOAL ADMINISTRATIVO)

1- Qual a função que você exerce na escola? Qual a sua formação?

2- Você procura se atualizar dentro da sua formação? Como?

3- Os problemas da escola são resolvidos coletivamente ou cada um resolve

dentro da sua área?

4- Nas séries iniciais existem crianças com transtornos de aprendizagem?

Que transtornos são esses?

5- Que metodologia é utilizada para o ensinamento de conteúdos para as

crianças que apresentam dificuldades?

6- Como são dadas as orientações aos professores das séries iniciais, em

relação à alfabetização, levando em conta os despreparados dos

professores?

7- Como o Orientador Educacional orienta o professor a identificar as fases da

evolução da escrita dos alunos das séries iniciais?

8- Existe uma interação entre família x escola? E como é o processo no que diz

respeito ao desempenho do aluno?

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ENTREVISTA PAIS DE ALUNOS ■ NOME DO ALUNO: ______________________________________ IDADE: _____

■ PROFISSÃO DO PAI: ________________________________________________

■ PROFISSÃO DA MÃE: _______________________________________________

■ NOME DO BAIRRO ONDE MORA: _____________________________________

■ SEU FILHO GOSTA DE IR A ESCOLA? POR QUÊ?

■ QUEM AJUDA SEU FILHO NAS ATIVIDADES DE “PARA CASA”?

■ SEU FILHO APRESENTA ALGUM TIPO DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM,

COMO:

( ) LEITURA ( ) ESCRITA ( ) DE COMPREENSÃO ( )OUTROS

■ SEU FILHO TEM ACESSO A ALGUNS DESSES TIPOS DE MATERIAIS:

( ) REVISTAS EM QUADRINHO ( ) LIVROS

( ) REVISTAS ( ) JOGOS

■ A ESCOLA JÁ BUSCOU RECURSOS PARA AJUDAR O SEU FILHO? COMO?