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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA DIDÁTICA DA ALFAIATARIA NO ENSINO SUPERIOR DE MODA Por: Fábio Santos Martins Orientador Prof.ª Mônica Ferreira de melo Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIDÁTICA DA ALFAIATARIA NO ENSINO SUPERIOR DE MODA

Por: Fábio Santos Martins

Orientador

Prof.ª Mônica Ferreira de melo

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIDÁTICA DA ALFAIATARIA NO ENSINO SUPERIOR DE MODA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Docência do Ensino

Superior.

Por. Fábio Santos Martins

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AGRADECIMENTOS

Aos professores que se dedicaram em

passar seus conhecimentos a minha

orientadora Mônica Ferreira de Melo

que muito contribuiu para que esse

trabalho tornasse realidade.

Aos amigos do curso de Pós

graduação de Docência do Ensino

Superior na Faculdade AVM, que

depositaram em mim a confiança.

Meus agradecimentos a todos que

contribuíram diretamente e

indiretamente.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a

Jesus Cristo o meu autor e consumador

da minha fé seja a honra a gloria o louvor

e a majestade, a minha mãe Creusa

Martins e meu pai Aladir Pereira Martins a

minha amada esposa Monique Carvalho

Martins e filhos Felipe C.Martins, Pedro

C.Martins que me motivaram a vencer

esse novo desafio.

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo focar a importância da didática da

alfaiataria no Ensino Superior de Moda apontando a sua relevância para que

no futuro tenhamos profissionais mais qualificados em sua formação fazendo

com que se torne diferenciada trazendo algo novo que fará toda a diferença no

currículo da mesma, relatando uma rápida abordagem sobre a história da

alfaiataria, apontando os variados tipos de modelagens e o corpo humano que

é o maior desafio. Cada capítulo foi bem dirigido cuidadosamente através de

pesquisas em livros, revistas e outras fontes que adentram o tema. Assim esta

monografia foi preparada com zelo respeitando o tema mencionado.

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METODOLOGIA

Ao praticar o exercício de alfaiate atualmente e por ver que o tema

Alfaiataria estar tão em voga. E ao ver que em diversas instituições que tem a

sua graduação de Moda não ter o saber da alfaiataria que hoje é fundamental,

e sabendo que encontraria poucos recursos que fala sobre o assunto foi até o

CEDOC onde é o centro de memórias da TV GLOBO no PROJAC onde fui

bem recebido e orientado com conteúdos interessantes de alfaiataria. O projac

fica localizado na Estrada do Curicica Jacarepaguá.

E de grande valia foi às pesquisas feitas na biblioteca do CENAI-

CETIQT onde fiz varias consultas com livros de alfaiataria.

Como ROSA, Stefania. Alfaiataria: modelagem plana masculina.

Brasília: SENAC, 2008. Que contribuiu de modo significativo no que se diz

modelagem, me embasei no livro.

SABRÁ, Flávio. Org. Modelagem: tecnologia em produção de vestuário.

1ª ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009. Onde encontrei o saber

do corpo humano onde facilitou a compreensão do mesmo.

Abrangendo o conteúdo histórico com o livro.

LAVER, James. A Roupa e a Moda: uma história concisa. Ed. Schwarcz

Ltda. São Paulo, 1989.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - DA ALFAIATARIA 10

CAPÍTULO II - MODELAGEM PLANA 20

CAPÍTULO III – O CORPO 25

CONCLUSÃO 37

ANEXO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

Segundo ROSA (2008), Desde a antiguidade, o uso da roupa sempre

esteve relacionado à manifestação sócio-cultural, distinguindo grupos, classes

sociais e culturais.

A roupa, segunda pele do homem, fala do individuo, grupo social a que

pertence estilo de vida, posicionamento, criando um processo de

singularização.

A trajetória da roupa masculina passou por várias transformações

consideráveis. No período do renascimento a principal vestimenta masculina foi

o gibão, peça normalmente acolchoada, com ou sem mangas e abotoamento

frontal, que na atualidade corresponde ao paletó, devido à padronização

estabelecida pela sua forma rígida e seqüenciada ao longo de alguns séculos.

Estabelecendo assim um padrão na vestimenta masculina da antiguidade.

Segundo SABRÁ (2010), Com um mercado de consumo cada vez mais

exigente, as empresas de confecção de vestuário utilizam as mais variadas

ferramentas competitivas, incluindo a busca por profissionais competentes e

com formação técnica especializada, o que não é tarefa fácil.

Além de lidar com a falta de padronização de tamanhos, as confecções

de vestuário enfrentam a baixa capacitação dos profissionais de modelagem,

em especial quanto à adaptação dos produtos da empresa para os diferentes

biótipos brasileiros.

Devido a esta constatação o nosso projeto terá a proposta de apresentar

a didática da alfaiataria no curso superior de moda.

Após algumas pesquisas em livros especializados percebe-se o pouco

conteúdo teórico sobre o assunto, e devido a minha experiência na área de

alfaiataria, pude identificar o valor desta técnica para o curso superior de moda.

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A importância de realizar este estudo para o curso superior de se dá

pelo fato histórico de que com o passar do tempo a produção deixou de ser

individualizada (artesanal) perdendo muitas vezes a qualidade na produção das

peças e no resultado apresentado no produto final.

Outros questionamentos como enfatizar o processo produtivo da

alfaiataria na montagem e modelagem? Quais as fontes utilizadas para o

desenvolvimento da tabela industrial? De fato estas medidas correspondem à

realidade do biótipo escolhido? São considerações importantes a serem

abordadas.

Mostrar os traçados a partir modelagem, enfatizando seus métodos de

construção. Desenvolver a modelagem sendo no seu estilo e confeccionar a

peça conforme seu próprio padrão.

Como resultado esperado pretende-se apresentar a técnica de

montagem e modelagem do método artesanal, sinalizando os principais pontos

que os fazem diferentes tanto na vestibilidade quanto no caimento.

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CAPÍTULO I

DA ALFAIATARIA

“A arte da alfaiataria é uma arte de medidas

proporcionais. Todo encurtamento ou modificação

especifica de um traje é compensado por um

alongamento ou outro tipo qualquer de ênfase”.

(KOHLER, 2001, p 57).

1.1 BREVE HISTÓRICO

A alfaiataria está no topo da cadeia produtiva de vestuário no universo

masculino, como está a alta costura para o universo feminino.

São roupas confeccionadas de forma exclusiva para uma determinada

clientela, o mercado Premium, com acabamentos impecáveis e, em grande

parte, artesanais, o que explica a perfeição com que esta roupa veste o corpo

de quem a possui, além de que, para isso, conta com o emprego de tecidos

sofisticados, com qualidade superior àquelas comumente encontradas na

indústria do prêt-à-porter, justificando assim seu alto custo.

Os métodos sob medida que envolve a montagem do paletó diferem da

mesma do industrial.

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Segundo JONES (2005), a técnica de alfaiataria inclui a costura

combinada às misturas de tecidos e outros materiais, criando a forma desejada

do corpo por meio dos mais variados recursos, seja graças ao de enchimentos,

pespontos e ou passadoria.

Como técnica de costura, a alfaiataria é a mais antiga, da qual derivam

as demais técnicas geométricas. Os alfaiates combinavam a modelagem plana

desenvolvida diretamente sobre o tecido e os ajustes realizados sobre o corpo

do usuário. A partir do século XIX, a alfaiataria aliou-se a antropometria, e

diversos estudos e sistemas de modelagem criados por alfaiates foram

publicados, inclusive em jornais da época. Até o século XVIII, os homens

alfaiates eram responsáveis também pelo desenvolvimento da modelagem

feminina, enquanto as mulheres costureiras cuidavam dos bordados e enfeites

das peças, até que houve um rompimento e a divisão da responsabilidade

entre os sexos.

A alfaiataria passou a ser utilizada no desenvolvimento de casacos ou

ternos sob medida, femininos ou masculinos, pois respeitava os diferentes

formatos dos corpos, como as variações de postura, curvaturas de costas,

posição de quadril, formato de busto, pernas, posição do sexo masculino,

deformidades ou deficiências corporais e etc.

Este talvez seja um dos principais motivos que tenham feito com que a

alfaiataria levasse tanto tempo para ser desenvolvida através dos processos

industriais, pois estes definem um padrão de biótipo e acrescentam a ele

apenas a gradação necessária para a execução de outros tamanhos, ou seja,

não respeitando a diversificação dos biótipos.

Ainda segundo JONES (2005), com a evolução da sociedade e com o

crescimento de postos de trabalho do tipo “colarinho branco”, como escritórios

e bancos, a alfaiataria se industrializou e passou a vestir homens executivos no

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seu dia-a-dia, mesclando o sob medida com a produção em massa, a

qualidade do caimento passou a depender do quanto o cliente podia pagar.

No século XX, a alfaiataria voltou a fazer parte do vestuário feminino, e o

tailleur e os ternos adaptados se tornaram ícones da alfaiataria feminina,

desenvolvidos com alguma variação pela maioria das grifes, marcadas pela

modelagem estruturada e acabamento de qualidade.

Segundo ROSA (2008),nos anos 20, surgiram algumas novidades na

vestimenta masculina. Entre ela o smoocking, traje indicada para ocasiões

formais. O colete sai de moda nessa década e o chapéu modelo coco é o mais

usado. Já na década de 30, as calças, paletós e colarinhos apresentam

algumas variações na largura, sem perder a formalidade.

Nos anos 40, devido a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a moda

permanece estagnada, ocorrendo a partir da metade dessa década algumas

mudanças como o paletó-saco, mais longa acompanhada por calças justas ao

corpo e um pouco mais curtas deixando as meias à mostra.

Os anos 50, conhecidos como “anos dourado”, foram de muito luxo e

sofisticação. A indústria têxtil procura adequar-se à praticidade da vida

moderna, criando os tecidos sintéticos. A vestimenta masculina, com poucas

variações, ficou mais solta influenciada pela moda esportiva e as maiores

mudanças concentram-se no público jovem. O jeans começa ser adotado.

Nos anos 60 e 70, o uso da calça jeans popularizado, fortaleceu-se. No

universo masculino, a camisaria apresentou novidades com os modelos mais

justos e golas pontudas.

Na década de 80, com os avanços tecnológicos, a indústria têxtil foi

responsável pela grande novidade da década, a invenção da microfibra.

Caracterizado por propriedades como secagem rápida e não amarrotar, esse

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tecido veio para atender as necessidades decorrentes da vida moderna e a

busca pela praticidade. Para os clássicos, o terno com duas filas de botões e o

blazer acompanhado de calça em lã cinza, lisa ou com motivo discreto, faziam

parte do guarda roupa masculino.

A moda dede o seu surgimento até os anos 90 foi se transformando e se

estabelecendo. Fatores sócios econômicos, políticos, manifestações culturais,

entre outras influências, contribuíram para a construção da história da moda.

As ilustrações abaixo representam a evolução e a transformação da

vestimenta masculina ao longo dos séculos:

Segundo Laver (1989), Sacos ornamentais, que

cobriam a abertura da parte da frente dos calções

masculinos e ombros largos, eram apresentados

como o ápice da masculinidade.

Ilustração 1 – Codpiece Figura Henrique III. (LAVER, 1989). A utilização da gola rufo configurava um dos exemplos de identificação das

classes intermediárias.

Ilustração 2 – Quadro “Um Alfaiate” de

Giovanni Batista Moroni, c. 1571. (LAVER,

1989).

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Exemplos da nova informalidade: à esq.

o estilo francês; à dir. o estilo inglês,

1924.

Ilustração 3 – (LAVER, 1989).

A evolução do setor têxtil, o constante crescimento da indústria do

vestuário, a profissionalização na área e principalmente a valorização do

estilista no produto de moda movimentam e alimentam o mercado

possibilitando o surgimento constante do novo.

Na alfaiataria a construção do paletó é desenvolvida em etapas

correlacionadas a diferentes especialistas de execução, sendo assim:

1.2 - O CONTRA MESTRE

É o responsável de tirar as medidas e em seguida fazer a modelagem

e o corte dos paletós, calças, coletes e camisas, pois é ele o primeiro a ter

contato com o usuário para obter as medidas do mesmo, mapeando todo o

corpo com o olhar apurado observando todas as possíveis variações de

postura, curvaturas de costas, posição de quadril, formato de tórax, pernas,

cintura, etc.

Para ser acertado na modelagem, onde a confecção é feita de

acordo com o corpo do usuário, sendo de sua responsabilidade acompanhar

todo o processo de montagem que vai desde a primeira prova até a entrega da

roupa pronta administrando uma equipe de buteiros.

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Após ter tirado as devidas medidas é necessário a confecção de uma

ficha técnica trazendo informações concernentes do modelo desejado como se

o paletó vai ter aberturas na lateral ou no traseiro ou será todo fechado a

quantidade de botões e outras observações.

Segundo (ROSA 2008), a ficha técnica é o documento que faz a

descrição do produto a ser realizada, a ficha técnica tem o papel primordial

para que a peça tenha um bom desenvolvimento na produção no setor do

vestuário. Pois tem a responsabilidade de informar ou comunicar dentro de

uma empresa, fazendo com que transmita informações para todos os setores

do que será realizado.

Em cada empresa ela tem o formato que atende as suas necessidades,

porém existem informações importantes que devem estar presentes para não

confundir no momento que estará confeccionando.

Para o desenvolvimento de uma boa ficha técnica é necessário que esta

seja objetiva e de fácil compreensão, pois levará informações para todos os

setores, desde a modelagem até a conclusão do produto na linha de produção.

Uma informação confusa ou a falta dela irá comprometer todo o processo,

podendo prejudicar a qualidade do produto final.

Além disso, essas informações são primordiais para a formação do

preço de custo e venda do produto, cálculo de insumos necessários para

atender aos pedidos e aquisição de matéria-prima.

Onde o oficial de paletó é o primeiro a receber do contra mestre o paletó

cortado tendo a incumbência de transformar aquele tecido em peça do

vestuário que não é tarefa fácil, pois eles são dotados de conhecimento que

vem de pai para filho que com grande habilidade é feito a frente, o traseiro as

mangas e todos os bolsos necessários conforme requer o figurino.

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Após a peça pronta o contra mestre vai até o usuário para então fazer a

chamada de primeira prova que é de suma importância para fazer as devidas

modificações e alterações caso necessária e depois de corrigida a peça é

entregue para o buteiro.

São eles que finalizam as peças depois de provada pelo contra mestre

que, remontando com as devidas alterações indicadas por ele fazendo todo o

processo operacional do paletó. Já tendo as frentes, mangas e o traseiro

prontos, que foram montados pelo oficial de paletó. Na seqüência é aplicado ao

paletó o ponto pique em toda a frente, mangas, traseiro e bolsos. Observando

que a gola é colocada pelo buteiro onde ele pega a entretela de gola e vai

trabalhando ela no ferro recolhendo-a até ficar no ponto de encaixe.

Os ajudantes depois de o buteiro finalizar a peça, ou seja, colocando a

gola a manga e costurando os ombros e ilhargas o ajudante fica com a

responsabilidade de guarnecer, ou seja, dar os pontos na mão em todo o

paletó na parte do forro e gola e as mangas é ele que faz o caseado à mão

usando a linha de seda para fazer os pontos, e tirado todo o alinhavo deixado

pelo buteiro. Logo em seguida passa o paletó e no final prega os botões.

Para o contra mestre cortar o paletó diretamente no tecido é necessário

deixar inchances, terminologia utilizada por profissionais para identificar folgas

em determinados locais que possam ser utilizadas na prova da peça, caso haja

necessidade de algum tipo de ajuste ou para alargar caso o usuário venha a

ganhar peso alterando suas medidas.

Também auxilia para que o tecido não venha a ser desperdiçado, pois uma vez

cortado sem este recurso e sejam necessárias tais alterações, será preciso

cortar a peça novamente em outro tecido isso trará prejuízo, pois são tecidos

geralmente de grifes famosas e caros por isso tem esse cuidado para não se

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perder nada e a garantia de uma peça de qualidade e que pode no futuro ser

modificada caso haja necessidade.

Como já se pôde observar, os métodos industriais que envolvem a

modelagem e a montagem do paletó são diferentes dos métodos do alfaiate,

em uma indústria, a confecção do paletó exige um número maior de pessoas

para executar os processos de montagem, onde cada qual tem a sua

responsabilidade para cada operação, dividindo-se em setores ou células de

produção, pré-definidas para cada parte a ser executada da peça.

Neste método, a modelagem do paletó é desenvolvida, seguindo uma

tabela de medidas padrão onde o profissional de modelagem desenvolve as

peças de acordo com as grades de tamanhos conhecidos de moldes bases

seguindo uma peça piloto aprovada anteriormente que é chamada de protótipo.

Protótipo é a apresentação de um esboço do produto final que ainda não

foi executado, mas está em fase de testes ou de planejamento para que facilite

a compreensão da peça que será feita observando os acertos e ajustes a

serem corrigidos, facilitando na hora de executar o produto através do

mapeamento da peça que será desenvolvida anotando toda a sua seqüência

operacional para que não se percam.

As partes do paletó são desenvolvidas com critérios de produção

industrial como acréscimos com um cm de costura, o que impossibilita um

ajuste posterior para uma numeração maior na mesma peça fazendo com que

o usuário tenha que comprar outra peça caso ele tenha aumentado o seu

manequim e na alfaiataria e possível de reaproveitar.

As aplicações de entretelas colantes são executadas em uma mesa de

fusionar para proporcionar melhor estrutura ao paletó. O acréscimo da entretela

cavalinha permite que o paletó tenha uma melhor estrutura na parte do tórax

fazendo um processo otimizado de construção da peça, que é utilizado para

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todos os tipos de biótipos. Lembrando que esta peça é direcionada a

magazines ou lojas de revenda direta ao público.

1.3 - CONTRIBUIÇÕES PARA A GRADUAÇÃO DE MODA.

A origem da palavra moda é latina, vem de “modus” que significa

“modo”. Quando se fala de moda, logo se estabelece a relação com vestir.

No entanto, pode estar relacionado à decoração, a uma atitude de vida,

a hábito, a lugares etc.

As escolas de moda do Brasil e do mundo responsáveis pela formação

dos novos profissionais desenvolvem um importante papel, colocando os no

mercado, aptos a produzir moda com qualidade. Ainda assim, a presença

desses profissionais experientes em modelagem é escassa.

Lembrando que a modelagem é a estrutura da roupa. É ela que dará a

forma, os volumes e o caimento perfeito, quando bem executada trazendo à

realidade aquilo que foi projetado.

Etapa fundamental na concretização da criação do estilista, o amplo

conhecimento nessa arte possibilita soluções na interpretação dos modelos a

serem produzidos facilitando ambas as partes fazendo em sintonia para chegar

à perfeição desejada.

Além disso, acredita na importância do estilista conhecer a base da

modelagem, facilitando o diálogo entre a criação e execução podendo perceber

o que verdadeiramente é possível de fazer ou não.

Demonstrando a importância da grade da alfaiataria nesta graduação. O

egresso desse curso será um aluno com uma sólida formação acadêmica,

focado na história, no papel cultural e social da alfaiataria, nas técnicas

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revisitadas e estudadas profundamente nas áreas de anatomia e ergonomia

humana que é o grande diferencial deste segmento.

Curiosamente, o interesse pela alfaiataria no que se diz no conceito vem

crescendo na mesma proporção que ela vem se extinguindo.

Após algumas pesquisas em livros especializados percebe-se o pouco

conteúdo teórico e pratico sobre o assunto, e devido a minha experiência na

área de alfaiataria, a importância de realizar este estudo para o nível superior

de moda demonstrando que o conhecimento em modelagem não se limita

apenas aos responsáveis da mesma, mas é de extrema importância que os

criadores também dominem essa técnica. O processo de criação deve estar

sempre ligado à execução; além disso, muitos estilistas partem da modelagem

quando vão criar uma coleção.

Outros questionamentos como, Mostrar o traçado a partir da

modelagem, artesanal enfatizando seu método de construção. Desenvolver a

modelagem em seu estilo e confeccionar a peça conforme seu próprio padrão.

Como resultado esperado pretende-se apresentar a relevância da

alfaiataria para a graduação superior de moda, sabendo que a capacitação e a

maior oferta no mercado de trabalho desse profissional da moda, possibilitam

mais agilidade no desenvolvimento e produção das coleções, uma vez que o

conhecimento na área de moda facilita a comunicação entre os setores na

indústria do vestuário, sinalizando os principais pontos que os fazem diferentes

tanto na vestibilidade quanto no caimento.

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CAPÍTULO II

MODELAGEM.

2.1 - MODELAGEM PLANA

Para Rosa (2008), os primeiros sinais do surgimento da modelagem

propriamente dita datam do século XVIII. Aparecem os primeiros catálogos de

roupas prontas à venda, em Hamburgo, enquanto que em Paris, no ano de

1770, Dartigalongue, considerado por muitos o primeiro a atuar com diferença

de tamanhos da mesma peça, veio a declarar estar apto a fornecer vestuário

em todos os tamanhos e modelos, porém, sua produção permanecia manual e

de modo arcaico. Conforme Rosa (2008), diz que:

Pode-se afirmar que o estabelecimento de medidas,

embora de modo incipiente, deu-se com a necessidade de fabricar

uniformes militares, ainda no século XVIII, com grande diferenciação

de modelos, para atender exército com quadros profissionais

definidos e regulamentação rígida. (p.19).

Fazendo com que a industrialização permanecesse distante do setor do

vestuário, o que se estendeu ao longo do século XIX.

Entretanto, com o desenvolvimento das cidades e o aumento significativo

no volume de habitantes exigiam o estabelecimento de novos direcionamentos

no seguimento do vestuário. Composta em sua maioria, por homens do campo,

que buscavam empregos nas novas fábricas, visto que a subsistência nos

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campos apresentava-se em declínio, a indústria foi, para essa classe da

população, uma nova possibilidade de trabalho.

Com poucos recursos, essa fatia da população buscava um vestuário

barato. Fato este serviu de estímulo ao desenvolvimento da indústria do

vestuário, a fim de atender as necessidades desses novos grupos de

habitantes nas cidades.

Porém muitas dificuldades viriam, pois na produção em série, o fator

primordial seria a definição de uma tabela de medidas.

No século XIX, esta situação permaneceu sem muitos progressos,

embora a indústria têxtil se apresentasse em pleno avanço tecnológico.

A modelagem é a técnica responsável pela construção de peças do

vestuário, através de leitura e interpretação de modelo especifico. Tal

procedimento implica na tradução das formas da vestimenta, estudo da

silhueta, tecidos entre outros elementos da peça a ser produzida. A modelagem

pode ser desenvolvida em dois planos – bidimensional e tridimensional.

O primeiro, denominado como modelagem plana industrial consiste na

arte e técnica da construção de peças a partir do estudo anatômico do corpo

humano, utilizando os princípios da geometria para o traçado de diagramas que

resultarão em formas a envolver o corpo conforme Sabra (2009), diz que:

Mas foi no inicio do século XIX e no inicio do século XX que ouve um

desenvolvimento da ciência antropométrica. A necessidade de

conhecer e classificar a raça humana de acordo da estatura física do

corpo incentivou nomes como H.gogliemo compaingh, alfaiate

Francês e um dos pioneiros as antropometria moderna a desenvolver

um quadro comparativo de idades e do crescimento, onde foram

demonstradas as transformações graduais do corpo humano, desde o

nascimento até a velhice e como as partes do corpo crescem

proporcionalmente entre si. (p46).

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Pode ser produzida manualmente sobre a base papel ou utilizando

sistemas CAD/CAM (Computer Aided Design / Computer Aided Manufacturing),

denominada modelagem computadorizada ou Modelagem Assistida por

Computador.

2.2 - MODELAGEM COMPUTADORIZADA

Oriunda da modelagem plana, a Modelagem computadorizada –

CAD/CAM utiliza os mesmos princípios, porém, subsidiada pela tecnologia. O

processo de modelagem computadorizada representa o conceito de

modernização e otimização tecnológica, proporcionando maior agilidade no

processo, precisão nas medidas e conseqüentemente gerando mais

lucratividade à indústria de confecções.

Em suma, a modelagem plana é o método de criar em papel – e

transferir os registros deste para o tecido nos moldes que serão usados na

confecção de qualquer vestimenta.

Ele pode ser usado para a confecção de uma só peça quanto para

grandes quantidades, sendo, por isso, o sistema praticado pelas indústrias para

alimentar a sempre crescente demanda do mercado da moda prêt-à-porter.

Quando usado em escala industrial, o método da modelagem plana

precisa apoiar- se em um padrão que se adapte ao maior número possível de

consumidores. Esse padrão é obtido por meio de uma tabela de medidas, que

reflete a média entre indivíduos de manequins variados.

Inicialmente, por meio dessas medidas, são traçados pontos, linhas

retas e curvas que dão origem aos moldes denominados básicos. O traçado é

executado com auxilio de réguas, curvas e esquadros, instrumentos próprios

para o trabalho de modelagem.

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Os moldes básicos são, geralmente, passados para o material mais

rígido, pois servem de matriz de interpretação das modelagens em si. Quando

um modelista deseja interpretar uma peça, essas bases são, então,

desenhadas em papel maleável, com espaço necessário à sua volta para

permitir a interpretação de acordo com os modelos a desenvolver. Geralmente,

a interpretação engloba a analise da vestibilidade do modelo, ou seja, o quanto

de folga o molde base deve receber para fornecer determinado caimento.

Também são analisadas as localizações de costuras, aberturas da

roupa, alteração no volume e no comprimento, etc. Muitas vezes, é necessário

recortar, colar e desenhar a modelagem para se obtiver determinado resultado.

2.3 - MODELAGEM TRIDIMENCIONAL

No plano tridimensional, essa técnica também conhecida como moulage,

é derivada de “moule” palavra francesa que significa forma ou draping, outra

denominação originada do inglês – a base a ser trabalhada é o tecido ou tela,

assim chamado. Nessa técnica a modelagem é desenvolvida sobre o próprio

corpo ou busto de costura industrial através de manequins de vários tamanhos,

que possibilita a visualização do corpo em três dimensões: altura, largura e

profundidade, diferenciando-se da modelagem plana que utiliza apenas a altura

e a largura a partir das medidas adquiridas do corpo humano.

Tornando mais ágil e preciso, pois nesta modelagem pode trabalhar com

o próprio tecido a ser realizado o produto final favorece o modelista e também o

estilista assim terá uma visão imediata naquilo que foi pensado ou criado.

Apesar de ser distinta, atualmente uma modalidade depende da outra.

Muitos modelistas associam as duas técnicas a fim de obter a maior precisão e

praticidade em determinados trabalhos a serem executados.

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Além disso, com o advento da industrialização e a necessidade da

produção em série, a modelagem tridimensional, após aprovação é

transportada para o plano bidimensional, possibilitando assim a produção em

escala industrial atendendo a toda grade de tamanhos, por meio de métodos

de gradação.

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CAPÍTULO III

O CORPO

3.1 - ANTROPOMETRIA

Segundo ROSA (2008), O aparecimento da antropometria na história da

civilização não é recente. Na era romana, a antropometria e o design eram

considerados como relacionados. Para Marcus Vitruvius Pollio, teórico e

arquiteto romano que viveu no século I A.C., o design de edifícios deveria ser

baseado em certos princípios estéticos pré-estabelecidos do corpo humano.

Vitruvius criou o sistema de proporções humanas mais detalhadas que se tem

conhecimento dos tempos clássicos.

No renascimento, período de valorização da teoria da estética, Leonardo

da Vinci (1452-1519) desenvolveu um desenho, onde o homem é mostrado

escrito dentro de em quadrado e um círculo, inspirado no livro do romano

vitruvius, que explica a relação entre a simetria e a perfeição das proporções

do corpo humano.

Mas foi no final do século XIX e início do século XX que houve um

desenvolvimento da ciência antropométrica. A necessidade de conhecer e

classificar a raça humana de acordo com a estrutura física do corpo incentivou

nomes como H.Gugliemo Compaig, alfaiate francês e um dos pioneiros da

antropometria moderna, a desenvolver um quadro comparativo das idades e do

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crescimento, onde foram demonstradas as transformações graduais do corpo

humano, desde o nascimento até a velhice e como as partes do corpo crescem

proporcionalmente entre si.

Com o conhecimento da matemática e geometria, o francês partiu do

princípio de que, se é possível a redução de qualquer objeto, o mesmo poderia

ocorrer com o traçado de determinado molde. O molde de uma peça poderia

ser reduzido ou ampliado de acordo com a medida desejada.

Nos anos 40, as medidas começaram a ganhar importância. A

necessidade de produção em massa pelas indústrias levou Willian Sheldon

(1940) a desenvolver um estudo mais detalhado do corpo humano, com peso e

altura da população, além de fotografias dos indivíduos de frente, de perfil e de

costas. Esse estudo possibilitou a Sheldon determinar três tipos básicos com

características dominantes.

Porém a maioria dos indivíduos não se enquadra rigorosamente em um

único tipo básico, apresentando características de mais de um tipo, podendo

ser ectomorfos, mesomorfo, endomorfos, etc.

Apesar da enorme variação na aparência externa dos seres humanos,

tanto em diâmetro como no alongamento, todos os corpos possuem a mesma

estatura, são composto por ossos, músculos, gorduras, vísceras e fluidos,

determinando a massa corporal. Porém, pode haver diferenciações decorrentes

do tamanho do esqueleto, forma dos músculos, da espessura da camada de

gordura abaixo da pele, da elasticidade da pele ou do excesso desta, da idade

e sexo do indivíduo.

3.2 - VARIAÇÕES DE MEDIDAS Mesmo não sendo comum encontrar uma só pessoa com todas as

medidas iguais às da tabela, a maneira mais utilizada para se trabalhar

continua sendo a tabela de medida. É necessário estabelecer um padrão e é

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por esse motivo que encontramos diferentes medidas de país para país ou até

para diferentes regiões de um mesmo país. Além disso, pode haver variações

nas tabelas para diferentes faixas etárias. O corpo de um adolescente e o de

um senhor de meia-idade, por exemplo, apresentam consideráveis diferenças.

É importante observar também que a numeração das roupas masculinas

não segue um único padrão para todos os tipos de peças como acontece com

as roupas femininas. No segmento feminino os tamanhos indicados nas

etiquetas (38, 40, 42, etc.) são usados tanto para calça como para vestido ou

casaco. No segmento masculino a camisa social tem a numeração baseada na

medida do colarinho (38, 39, 40, etc.). A camisa esporte tem o contorno do

peito como medida principal e é feita uma correspondência com a numeração

(0, 1, 2, 3 etc.). Na calça a medida de tabela da cintura dividida por dois

corresponde ao tamanho indicado na etiqueta (38, 40, 42, etc.). O paletó é

numerado com a medida de tabela do contorno do peito dividida por dois (48,

50, 52 etc.). Para combinar o paletó com a calça é só observar que a calça

será sempre seis centímetros menor que o paletó, se o paletó for (48, 50,52,

etc.), a calça será: (42, 44, 46, etc.).

Para facilitar a compreensão será demonstrado o método de tirar

medidas fazendo uma ressalva que cada alfaiate tem o seu método de tirar

medidas embora não seja padronizado cada qual utiliza o seu próprio conceito

demonstrando que não existe o senhor da verdade mais sim saber administrar

o seu conhecimento para que aquele que trabalhar diretamente com ele deve

ensinar seu método para não ficar confuso na hora de fazer.

Veja a seguir como obter tomada de medidas utilizando uma fita métrica:

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FOTO 01- (Fonte: Martins, Fábio 2012).

FOTO 02- (Fonte: Martins, Fábio 2012).

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FOTO 03- (Fonte: Martins, Fábio 2012).

FOTO 04- (Fonte: Martins, Fábio 2012).

a. Altura da Cinta – é a altura do pé da gola em linha vertical até a altura do

umbigo (nas costas).

b. Comprimento Paletó – é a altura do pé da gola em linha vertical até a

direção da mão flexionada (pelas costas).

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c. Costas (ou costado) – é à distância de ombro a ombro.

d. ½ Tórax: é a medida da metade da parte mais saliente do tórax.

e. Ombro – é à distância do final do pescoço até o início do braço.

f. Comprimento da manga – é a medida do final do ombro pela lateral até 4

cm abaixo do punho.

g. Colarinho – é a circunferência da base do pescoço, passando pela

proeminência laríngea.

h. Comprimento calça – é o comprimento abaixo do cós da calça até o pé.

i. Gancho – é o comprimento abaixo do cós pela lateral até a linha da

virilha.

j. Cintura – é a circunferência da parte abaixo do umbigo cerca de 6 cm.

k. ½ Quadril – é a metade da medida da parte de maior volume do

traseiro.

l. ½ Coxa – é a metade da circunferência da parte superior da perna de

maior volume.

m. ½ Joelho – é a metade da circunferência do joelho.

n. ½ Boca da calça – é a metade da circunferência da boca da calça.

o.

p. Comprimento casaca – é a medida do pé da gola em linha vertical até o

joelho.

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q. Comprimento batina – é a medida do pé da gola em linha vertical até o

pé.

r. Largura braço – é a circunferência da parte superior do braço de maior

volume.

s. Barriga – é a circunferência acima do umbigo.

Tabela de medidas – Paletó Industrial masculino

Tamanho 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60

Tórax 84 88 92 96 100 104 108 112 116 120 124

Cintura 80 84 88 92 96 100 104 108 112 116 120

Quadril 88 92 96 100 104 108 112 116 120 124 128

Largura das

costas

Ou Costado

42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52

Ombro 14,8 15,1 15,4 15,7 16 16,3 16,6 16,9 17,2 17,5 17,8

Punho 29 29 29 30 31 32 33 34 35 35 35

Paletó curto – homens baixos

Comprimento total 70 70 70 72 74 76 78 80 82 82 82

Comprimento do

corpo

40 40 40 41 42 43 44 45 46 46 46

Comprimento da

manga

60 60 60 61 62 63 64 65 66 66 66

Altura do quadril 17 17 17 17,5 18 18,5 19 19,5 20 20 20

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Paletó médio – homens medianos

Comprimento total 73 73 73 75 77 79 81 83 85 85 85

Comprimento do

corpo

42 42 42 43 44 45 46 47 48 48 48

Comprimento da

manga

62 62 62 63 64 65 66 67 68 68 68

Altura do quadril 18 18 18 18,5 19 19,5 20 20,5 21 21 21

Paletó longo – homens altos

Comprimento total 76 76 76 78 80 82 84 86 87 87 87

Comprimento do

corpo

44 44 44 45 46 47 48 49 50 50 50

Comprimento da

manga

64 64 64 65 66 67 68 69 70 70 70

Altura do quadril 19 19 19 19,5 20 20,5 21 21,5 22 22 22

(Tabela de medidas retirada do livro: ROSA, Stefania. Alfaiataria: modelagem plana masculina.

Brasília: SENAC, 2008, pág. 147).

No método de sob medida não existe uma tabela já

preparada, pois a medida será a que o alfaiate tirar do usuário por isso

torna se necessário a tomada de medida para evitar futuros

constrangimentos onde foi falado um tamanho de uma determinada

grade e não funcionou por que a tabela geralmente não compatibiliza

com os tamanhos.

3.3- MONTAGEM DO PALETÓ E SEQUÊNCIA OPERACIONAL.

Na indústria de vestuário, uma coleção deve estar disponível

no mercado em todos os tamanhos, a fim de atender clientes das mais

variados tipos físicos. Para isso, o alfaiate deverá dominar a técnica de

graduação.

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A graduação consiste no processo pelo qual uma série consecutiva de

tamanhos de um modelo é produzida a partir de um tamanho pré- determinado.

O modelo em questão, do qual os outros tamanhos são obtidos, aqui será

referido por molde base. Este é o tamanho médio da série no qual se dará a

graduação, ou seja, a ampliação e redução da peça de vestuário.

O molde base estará pronto para a graduação após ter sido produzido

um protótipo, submetido à prova em manequim, detectada possíveis ajustes e

por fim aprovado ou reprovado. Operação de extrema importância, pois, uma

vez graduado, um modelo com defeito se apresentará em todos os tamanhos.

Além disso, vale salientar ainda, que um modelo ao ser submetido ao processo

de graduação, deverá ter a modelagem totalmente concluída com todas as

sinalizações e margens de costuras, para que essas não tenham que ser

efetuadas individualmente em cada tamanho.

A ampliação e a redução do molde base se dão através da análise e

aplicação das diferenças, se tamanho para outro, partindo da base das

diversas medidas as tabela.

A cada tamanho a ser ampliado ou reduzido devem- se adicionar ou

subtrair as referidas diferenças observadas. Geralmente de um tamanho para

outro as medidas crescem ou diminuem proporcionalmente.

Tomando como base o tamanho 42, observe que se um tamanho para o

outro, as medidas aumentam ou diminuem de 4 em 4 centímetros.

Conclui-se então que a circunferência da cintura cresce 4 cm a cada

tamanho essa será a diferença a ser adicionada ou subtraída no ato da

graduação.

Entre tanto em alguns casos uma mesma medida se repete para mais

de um tamanho e quando isso ocorrer, a diferença será zero,

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conseqüentemente no desenvolvimento da graduação nenhum valor será

acrescentado ou subtraído.

Nesta etapa conheceremos como confeccionar o paletó de alfaiataria no

seu processo passo a passo.

a. Fusionar o colante no paletó na maquina de colar.

b. Na maquina reta, fechar a pence do paletó.

c. Colocar o reforço de peito no peitoral.

d. Fechar as laterais e frente do paletó na maquina reta.

e. Fechar o traseiro na maquina reta.

f. Tombar as costuras da lateral e da pence frente.

g. Costurar as laterais do bolso de peito.

h. Virar o bolso.

i. Costurar o bolso no paletó na parte de baixo da marcação.

j. Abrir o bolso com tesoura.

k. Costurar o fundo do bolso.

l. Fazer o bolso de sois vivos na maquina de vivos.

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m. Abrir com a tesoura o bolso.

n. Fechar o bolso nas laterais e fundos.

o. Marcar a frente do paletó para colocar o cadarço.

p. Colocar o cadarço na frente.

q. Colocar o reforço de peito para dar estrutura no paletó.

r. Costurar a frente com a limpeza.

s. Virar a frente do paletó com alinhavo de cima até em baixo.

t. Costurar o traseiro e depois passar o ferro para tombar a costura.

u. Costurar lateral frente +lateral costas e ombros.

v. Costurar a gola inteira.

w. Colocar ombreiras no ombro + treladar a cava.

x. Montar e costurar a manga,

y. Guarnecer e tirar os alinhavos.

z. Casear, pregar botões peça finalizada.

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Com este passo a passo podemos identificar e nos apoiar na

construção do paletó tornando uma tarefa mais pratica e objetiva para a

consulta da mesma facilitando na criação dos Estudantes de Moda o qual fará

varias transformações conforme o que lhe for proposto.

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CONCLUSÃO

Em suma, percebemos ao longo do tempo a importância da roupa para o

homem como manifestação sócio-cultural. Em especial a alfaiataria que sofreu

mudanças significativas que se percebe tanto na confecção sob medida como

na confecção industrial, onde com o passar do tempo, a produção deixou de

ser individualizada para atender cada vez mais a demanda de mercado. Em

ambas as produções a preocupação está em qualificar o profissional da moda

em primeiro lugar para que o produto final atinja o nível de qualidade esperado.

Na arte da alfaiataria vemos medidas proporcionais cujo resultado é

satisfatório devido às variações encontradas nos diversos biótipos, pois a

maioria dos indivíduos não se enquadra rigorosamente em um único biótipo

padrão.

A pesquisa apontou os biótipos do corpo humano com a proposta de

contribuir para a maior visão daquele que ira criar as suas coleções com um

novo olhar mais aguçado realçando a beleza e elegância de cada coleção.

No método industrial, contudo necessita-se de mais profissionais para

executar as diversas fases no processo de montagem, otimizando assim o

tempo na construção da peça, lembrando que neste método o alcance é mais

abrangente, direcionado ao público final de magazines e ou lojas

especializadas no setor.

Apesar do processo de produção de ambos caminharem distintamente,

muitos modelistas associam as duas técnicas a fim de obterem maior precisão

e agilidade em determinados trabalhos a serem executados.

No caso do meu trabalho esta união se faz necessária, pois na

graduação de moda, necessita do conhecimento da mesma para que no

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processo de desenvolvimento das peças venham ser mais explorada o

conhecimento favorecendo no resultado final das mesmas.

Cabe ressaltar que a proposta deste modesto estudo tem por finalidade

destacar o desenvolvimento de um novo saber trazendo um tema bem conciso

contribuindo para a formação de novos graduados de moda.

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ANEXOS

Fotos – Martins, Fábio 2012.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CALLAN, Georgina O' Hara. Enciclopédia da moda: a construção do

conhecimento. São Paulo: Companhia Das Letras, 2007.

CHAMBERLIN,E.R. O Cotidiano Europeu no Século XIX. 4 ed. São Paulo, 1994 DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia pratica. 2. Ed. São Paulo:

Edgard Blucher, 2004.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio: o dicionário da língua

portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999

KOHLER, Carl. História do Vestuário. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 1996.

LAVER, James. A Roupa e a Moda: uma história concisa. Ed. Schwarcz Ltda.

São Paulo, 1989.

PEIXOTO, Instituto Francisca de Souza. Dicionário da moda. Minas Gerais:

Empresa, 2002.

ROSA, Stefania. Alfaiataria: modelagem plana masculina. Brasília: SENAC,

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SABRÁ, Flávio. Org. Modelagem: tecnologia em produção de vestuário. 1ª ed.

São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.

SANTOS, Antonio Raimundo Dos. Metodologia cientifica: a construção do

conhecimento. 7. Ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Breve História da Alfaiataria 10

1.1 - Breve Histórico 10

1.2- O contra Mestre 14

1.3- Contribuições para a Graduação de Moda 18

CAPÍTULO II - Modelagem Plana 20

2.1- Modelagem Plana 20

2.2- Modelagem Computadorizada 22

2.3- Modelagem Tridimensional 23

CAPÍTULO III - O corpo Antropometria 25

3.1- Antropometria 25

3.2- Variações de Medidas 26

3.3- Montagem do Paletó e Seqüência Operacional 33

CONCLUSÃO 37

BLIOGRAFIA CONSULTADA

ÍNDICE