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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AGRESSIVIDADE INFANTIL
Giselle Bicalho Sampaio Duque
Orientador:
Andressa Maria Freire da Rocha
Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AGRESSIVIDADE INFANTIL
Apresentação de monografia A Vez do Mestre como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia.
Por Giselle Bicalho Sampaio Duque
RIO DE JANEIRO
2009
i
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido Junior, que sempre me apoiou e me incentivou para a
realização deste curso, bem como nunca reclamou da minha ausência aos
domingos, quando eu estava tendo aula na faculdade. Realmente sem o apoio
dele eu não conseguiria realizar essa etapa tão importante para mim.
Aos meus filhos Pedro e João, pois em muitos domingos eles sentiram a minha
falta, mais sempre entenderam muito bem, o que me deixava menos culpada
pela ausência.
A minha mãe Lourdinha e meu padrasto Paulo que sempre me incentivaram e
me deram muita força para realização desta faculdade.
Aos meus sogros Ailton e Helenita que sempre me apoiaram muito e sentiram
falta da minha presença nos almoços de domingos.
Em especial a minha sogra que me ajudou, já que psicopedagoga e me
emprestou vários livros e artigos sobre o tema.
A minha cunhada Renata que entrou comigo na faculdade e concluiu o curso
junto comigo, vencendo mais uma etapa de nossas vidas, pelo incentivo que
uma deu a outra sempre que aparecia algum obstáculo.
As minhas amigas de faculdades Andréia, Sheila e Renata W. , pelo grupo que
formamos desde o primeiro período. Com certeza nossa união me ajudou
bastante nesta realização.
ii
"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."
(Paulo Freire) iii
RESUMO
A 1° Infância é a etapa mais importante na vida do ser humano, pois é através
dela que se faz o aprendizado básico e a preparação para toda a vida adulta,
dessa forma, toda a atenção deve ser dada para que não haja problemas
futuros. A Agressividade Infantil não é um fato isolado que envolve apenas a
criança. É um sintoma de que algo vai mal com essa criança, com sua família e
no ambiente escolar. O comportamento agressivo sempre foi objeto de
interesse por parte dos psicólogos. É óbvio que o comportamento agressivo
representa um problema de extrema gravidade e importância para
humanidade. A partir deste questionamento o estudo buscou suporte teórico
para uma reflexão através de pesquisas bibliográficas, concluindo que a
importância dos pais e dos professores na formação destas crianças
agressivas é fundamental.
iv
SÚMARIO
INTRODUÇÃO 06
CAPITULO I - O QUE É AGRESSIVIDADE INFANTIL? 08
1.1 O PAPEL DA AGRESSIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
10
1.2 POSSÍVEIS CAUSAS DOS COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS 14
CAPITULO 2- COMO LIDAR COM A AGRESSIVIDADE 19
2.1 COMO DOMAR A AGRESSIVIDADE INFANTIL 21
CAPITULO 3 - A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS AGRESSIVAS
25
3.1. O USO DO JOGO NO COMBATE A AGRESSIVIDADE INFANTIL 31
3.2 O PAPEL DOS PAIS 33
CONCLUSÃO 39
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41
v
INTRODUÇÃO
Este estudo surgiu da preocupação e da necessidade de uma melhor
compreensão sobre o comportamento infantil. Atualmente muitas crianças
apresentam um comportamento bastante agressivo e essa agressividade
Infantil não pode ser tratada como um simples problema, pois precisa de muita
atenção.
Para realizar essa pesquisa partiu-se da seguinte problemática: O que
torna uma criança agressiva? Quais os fatores que estão envolvidos na
apresentação desse tipo de comportamento pela criança?
Este trabalho monográfico tem como objetivos principais: analisar os
motivos que levam uma criança pequena a ser agressiva, além de comprovar o
quanto os pais e a escola possuem papel fundamental na formação dessas.
Dessa forma, pretende-se com este estudo fazer uma abordagem sobre o
comportamento apresentado pelas crianças nas escolas, já que vários conflitos
ocorrem no convívio escolar, o que aumenta a preocupação de pais e
educadores.
A escola é vista como um local de aprendizagem e de aquisição de
normas e valores, onde os alunos constroem suas personalidades e suas
identidades. Porém, não se pode jogar toda a responsabilidade pela
agressividade infantil sobre ela, pois, conforme relatam os autores
apresentados neste trabalho, o sucesso do tratamento é resultado do trabalho
contínuo da família, dos educadores e, quando necessário, da ajuda de
psicólogos e outros profissionais.
Este estudo abordará como a Agressividade Infantil está presente nos
dias de hoje, onde a falta de limite e a falta de afeto dos pais podem ser alguns
dos fatores responsáveis por essas crianças se tornem agressivas, já que
saber lidar com a agressividade tem sido um fator importante para o
desenvolvimento familiar, social e individual do ser humano.
Para alcançar os objetivos propostos este estudo desenvolveu-se a
partir de uma pesquisa bibliográfica e documental feita através da coleta de
material pela internet e em bibliotecas, além de consultas a diferentes
catálogos e revistas técnicas. Após a leitura analítica do material, foi feito um
fichamento do material bibliográfico, uma análise comparativa e a interpretação
dos dados, com o objetivo de registrar a posição em relação ao texto lido, além
de comparar as idéias dos diferentes autores pesquisados e interpretá-las. Ao
término desta etapa, foi possível preparar um roteiro e de redigir o trabalho
monográfico.
O primeiro capítulo tratará do conceito de agressividade infantil e
analisará de que forma ela se manifesta no ambiente infantil, também abordará
o papel da agressividade no desenvolvimento da criança além de investigar as
possíveis causas dos comportamentos agressivos nas mesmas. O segundo
capítulo identificará como é possível lidar com a agressividade em crianças e o
terceiro capítulo mostrará a importância da escola na educação da criança
agressiva.
CAPITULO I
O QUE É AGRESSIVIDADE INFANTIL?
De acordo com a legislação brasileira: art. 101 do Estatuto da Criança e
do Adolescente, Lei n. 8069/90, é considerado criança a pessoa entre zero e
doze anos. Em caso de cometerem alguma infração, ou se encontrarem em
situação de risco, não podem sofrer nenhuma punição penal, apenas são
passíveis da aplicação de medidas protetoras.
Essa mesma legislação confere aos pais a responsabilidade pelos atos
das crianças e a eles devem recair as medidas punitivas previstas do Estatuto
da Criança e do adolescente, decorrentes da filosofia de proteção integral do
menor.
Este estudo aborda um tema cada vez mais recorrente no Brasil e no
mundo: a agressividade infantil. Esta se manifesta entre os colegas de escola,
entre familiares e em qualquer lugar em que a criança se encontre.
Adolescentes que manifestam comportamento agressivo com colegas e
desconhecidos, que se destacam pela hostilidade exagerada, normalmente
apresentaram um comportamento agressivo ainda na infância. Provavelmente
na época pais e familiares não deram importância a tais fatos nem o
tratamento adequado, por achar tratar-se apenas de um comportamento
isolado ou de uma travessura própria da idade.
Segundo Locatelli (2004), a agressividade infantil pode ser definida
como uma reação de descarga de raiva contra qualquer alvo, seja ele um
objeto, animal, planta ou ser humano, que possam ter ou não alguma coisa a
ver com o motivo da raiva que gerou a agressividade.
Ainda de acordo com a autora, a agressividade infantil pode se
manifestar em qualquer lugar, com diferentes intensidades de ocorrência: direta
ao objeto, causando raiva ou, de forma indireta, quando há um deslocamento
do objeto original. A manifestação da agressividade indireta é a mais difícil de
ter suas causas analisadas por pais ou professores, necessitando muitas
vezes, de um bom psicólogo para solução do problema.
Para Laplanche, J. & Pontalis, J.-B., 2001,
“a agressividade é uma tendência ou conjunto de tendências que se atualizam em comportamentos reais ou fantásticos que visam prejudicar o outro, destruí-lo, humilhá-lo. A agressividade não conhece outras modalidades além da ação motora violenta e destruidora, não existe comportamento, quer negativo (recusa de auxílio) quer positiva (ironia, por exemplo) ou efetivamente concretizada, que possa funcionar com agressão” (LAPLANCHE, J. & PONTALIS, J.-B., 2001, p.196)
Segundo Bandura (2007), em sua Teoria da Aprendizagem Social, a
criança agressiva não está preparada para o convívio social, onde reage de
forma contraria ao que seria normal. Para o autor, um dos mais importantes
teóricos do comportamento agressivo na Psicologia atual, a agressão poderia
ser melhor definida como o comportamento que resulta em dano tanto
psicológico (sob forma de desvalorização) quanto físico. Além disso, é preciso
considerar também o contexto social.
“O comportamento de indivíduos que ferem outros enquanto desempenham uma função socialmente aprovada, por exemplo, o comportamento de dentistas e cirurgiões, não seria considerado agressivo. Da mesma forma, o comportamento de operários que derrubam uma construção velha não seria considerado agressivo. A teoria da aprendizagem social considera, portanto, tanto o comportamento como os julgamentos sociais.” (BIAGGIO, 1996, p.182)
É importante ressaltar que a agressividade infantil não é um fato isolado
que envolve apenas a criança. É um sintoma de que algo vai mal com ela, com
a família e com o ambiente em que ela vive. Sabe-se que a agressividade não
é um traço de personalidade. Se a criança está agressiva, certamente ela está
sendo influenciada pelo cotidiano familiar, e em menor escala, por fatores
externos, como televisão, escola, amizades e etc.
De acordo com Ballone (2001),
“agressividade, por si só, não pode ser considerada um transtorno psiquiátrico específico, ela é, antes disso, sintoma que reflete uma conduta desadaptada. Como sintoma ela pode fazer parte de certos transtornos. Podemos dizer até que a conduta agressiva costuma ser normal em certos períodos do desenvolvimento infantil, e que está vinculada ao crescimento, cumprindo uma função adaptativa. Essa agressividade normal e fisiológica também é chamada de agressividade manipuladora.” (BALLONE, 2001, 1)
Ainda de acordo com Ballone (2001), o que caracteriza uma criança
agressiva é a apresentação por parte da mesma, na resolução de conflitos e
no alcance de seus objetivos, de reações vivenciais hostis, recorrentes e
desproporcionais aos estímulos. Essas reações vivenciais anormais se
mostram em excesso e desproporcionais de um comportamento normal o que
faz com que a criança tenha dificuldade de adaptação em qualquer lugar que
esteja.
Estudos recentes mostram que a agressividade pode se manifestar até
mesmo em crianças bem pequenas, em idade pré-escolar e tende a continuar
pelo resto de sua vida, quando não tratada de forma adequada.
Ballone (2001) afirma ainda que essa agressividade manifestada na
primeira infância pode evoluir de forma negativa se não se souber bem os
limites e a diferença entre as travessuras comuns da infância e os Transtornos
de Conduta ou mesmo a Depressão Infantil.
A agressividade também pode estar associada a alguns traços da
personalidade da criança. Há crianças que são, além de agressivas,
simultaneamente retraídas, tímidas. Estas têm uma adaptação pior do que
aquelas que são somente agressivas ou somente retraídas, pois a soma de
condutas não adaptáveis aumentaria a probabilidade de ocorrerem problemas
mais sérios de agressividade.
1.1. O papel da agressividade no desenvolvimento da criança
De acordo com Lobo (1997) os seis primeiros anos são os mais
importantes para o desenvolvimento da criança, pois é nesse período que,
partir da imagem que a criança faz de si mesma por influência dos pais, a
estrutura da personalidade e a base para a sua afetividade são formadas.
Com seis anos, segundo Lobo (1997), a criança já passou por várias
experiências fundamentais na construção de sua auto imagem. Dependendo
de que vivencias experimentou, como por exemplo: amor ou rejeição, apoio ou
negligência, carinho ou violência, verdade ou mentira, atenção ou indiferença,
etc., poderá criar uma imagem positiva ou negativa de si mesma para sempre.
Ou seja, se suas experiências de vida, principalmente com os pais, tiverem
sido boas, a criança terá muito mais chances de ser feliz e de se desenvolver
normalmente.
A agressividade infantil pode ser considerada natural em alguns casos.
Quando vista como um comportamento adaptativo normal que vai se
modificado através dos anos e se transformando, passando das atitudes físicas
e instrumentais para uma forma de agressão mais verbal e hostil é
perfeitamente natural. O objetivo e a finalidade da agressão também se
modificam conforme a criança vai crescendo.
Para Ballone (2001), a agressividade passa por diversas fases ao longo
do desenvolvimento da criança. Dos quatro aos sete anos é manifestada sob a
forma de nojo, choros e birra e “em geral se orienta para os pais, tendo como
finalidade dar saída ao conflito amor-ódio que gera a internalização das
normas morais.” (CEREZO, 1997, p.76).
Dos seis aos 14 anos, “aparecem outras formas de agressividade e o
objetivo das agressões se amplia dos pais aos irmãos. A finalidade, nesta fase,
é competir e ganhar.” (CEREZO, 1997, p. 76).
Como já foi dito anteriormente, existe um tipo de agressividade que foge
do modelo que pode ser considerado natural e cerca de metade das crianças
que demonstraram agressividade quando muito novas provavelmente
continuarão sendo agressivas quando mais velhas. Normalmente esse tipo de
criança que continuará demonstrando agressividade seja aquela que tanto em
casa quanto na escola demonstrava um perfil hostil, teve problemas de
hiperatividade ou apresentou condutas anti-sociais dissimuladas e encobertas,
como por exemplo: roubar ou mentir. No entanto, de acordo com Cerezo
(1997), até 50% das crianças com comportamento agressivo desde a mais
tenra infância, conseguem reduzir bastante sua agressividade, principalmente
entre os cinco e oito anos de idade. Sendo esta evolução diferente entre
meninas e meninos.
É importante ressaltar que aqueles que só apresentam condutas
agressivas durante uma etapa da vida estarão expostos a menos fatores de
risco do que aqueles que apresentam uma agressividade persistente.
Isso se dá devido ao amadurecimento da criança e a percepção de que
nem tudo se consegue através da agressão. Para Winnicott (1982),
cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer, para se integrar; porém, o fato de essa tendência ser inata não garante que ela realmente vá ocorrer. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça cuidados suficientemente bons, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela mãe. É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.(WINNICOTT, 1982, p. 45).
Esse amadurecimento é natural, porém, ainda segundo o autor, caso
haja alguma dificuldade da mãe em olhar para o filho como diferente dela e
com capacidade para agir com uma certa autonomia, isso pode dificultar esse
amadurecimento.
Winnicott (1982), com o objetivo de mostrar aos pais como era
importante o que eles faziam naturalmente afirmou em sua teoria que o
“estado de preocupação materna primária’ implica em uma regressão parcial por parte da mãe, a fim de identificar-se com o bebé e, assim, saber do que ele precisa, mas, ao mesmo tempo, ela mantém o seu lugar de adulta. É, ainda, um estado temporário, pois o bebé naturalmente passará da ‘dependência absoluta’ para a ‘dependência relativa’, o que é essencial para o seu amadurecimento.” (WINNICOTT, 1982, p. 48).
Entendemos como dependência absoluta aquela em que o bebê
depende inteiramente da mãe. À medida que amadurece e toma consciência
do mundo externo o bebê passa para um estágio de dependência relativa e
“pode se tornar consciente da necessidade dos detalhes do cuidado maternal e
relacioná-los, numa dimensão crescente, a impulsos pessoais.” (WINNICOTT,
1982, p. 49).
Winnicott (1982, p. 56) definiu três realizações principais da criança no
processo de transformação da dependência absoluta em dependência relativa:
1) Integração
2) Personificação e
3) Início das relações objetivas
Na fase de dependência relativa, o bebê desenvolve meios para não
precisar mais do cuidado da mãe. Ele experimenta estados de integração e de
não integração, forma conceitos de mundo externo e interno, de eu e não-eu e
caminha para o que o autor chama de “independência relativa ou rumo à
independência”. Isso ocorre devido a acumulação de memórias maternas, da
projeção das necessidades pessoais e do desenvolvimento da confiança no
ambiente em que vive. (WINNICOTT, 1982, p. 58).
Para Winnicott (1982) a independência da criança nunca é absoluta, para ele
um indivíduo sadio não se torna um ser totalmente isolado. Ele se relaciona com o
ambiente em que vive e ambos se tonam interdependentes, pois na formação do
desenvolvimento humano, o ambiente e a hereditariedade exercem,
continuamente, uma interação mútua.
O amadurecimento se dá através do desenvolvimento da criança na
evolução dos padrões de comportamento sensório-motor, mental e social que
são influenciados pelo ambiente e pela hereditariedade.
Para Vygostky (1987) os primeiros anos da criança são os mais
sensíveis porque é neste período que ela “desperta” para o mundo.
Já para Wallon (1986), a atividade do homem é inconcebível sem o meio
social, mas nas sociedades são necessários indivíduos possuidores de
aptidões que exigem uma conformação determinada do cérebro, portanto, não
é possível, para Wallon, dissociar o biológico do social no homem. “Esta é uma
das características básicas de sua teoria do desenvolvimento psicológico.” (LUZ ,
2008, p.43).
Tanto para Wallon como para Piaget (in: LUZ , 2008, p.60), o corpo é o
grande instrumento de aprendizagem nesse período de zero a seis anos,
decorrendo o desenvolvimento das funções motoras, cognitivas e psíquicas,
das interações que a criança desenvolve com o meio.
Como Wallon, Erikson (1971), também reconhece a importância e a
influência do ambiente social e dos fatores históricos e culturais no
desenvolvimento da personalidade humana. (LUZ, 2008, p.45).
De acordo com pesquisas feitas por vários estudiosos, a agressividade
tem um papel importante no desenvolvimento da criança.
Segundo Locattelli (2004), as manifestações da agressividade infantil
variam de acordo com a idade.
No quadro abaixo é possível verificar as manifestações da agressividade
por idade, porém serve apenas de referência, já que há muitas variações de
comportamento agressivo dentro de cada faixa etária. (Locatelli, 2004, p. 34).
IDADE COMO SE MANIFESTA A AGRESSIVIDADE COMO AGIR COM A CRIANÇA
Até 1 ano Choro, birra, tapas, mordidas - Falando “não” aos comportamentos errados.
- Dando atenção e pequenas recompensas (beijos, carinhos, amor) para o comportamento correto.
Até 4 anos
Choro, birra, tapas, chutes, mordidas, beliscões, destruir brinquedos e outros objetos.
Idem ao item anterior, mas estabelecendo claramente os limites e selecionando programas de TV.
Até 6 anos
Choro, birra, tapas, socos, chutes, destruir brinquedos e outros objetos.
Idem ao item anterior, mas explicando o comportamento correto, utilizando o castigo, caso necessário, como ultimo recurso.
Fonte: Locatelli, 2004
1.2. Possíveis causas de comportamentos agressivos
Os comportamentos agressivos em crianças podem ter inúmeras
causas. Eles podem ser influenciados por fatores ambientais, familiares e
individuais.
Segundo Távora (2007) se o ambiente onde a criança estiver inserida a
tratar como alguém indesejável e a fizer não se aceitar como pessoa, fará com
que a mesma se torne cada vez mais agressiva a fim de chamara atenção dos
pais e despertar neles sentimentos internos por eles ainda não percebidos.
Dessa forma, de acordo com Maia e Vilhena (2003), a base para o
comportamento agressivo está na relação entre a criança e seus familiares,
sobretudo o pai e a mãe, e na falha das funções mais básicas. A agressividade
funcionaria, segundo esses autores, para resolver a inversão de papéis ou a
diluição dos mesmos na imaginação simbólica da criança, quando esses
papéis encontrarem-se confusos ou inexistentes para ela.
Winnicott (1982), também ressalta que a agressividade direta ou
indiretamente está associada à frustração, porém é importante que seja
considerada as experiências de vida e individualidade de cada um.
Para descobrir as causas da agressividade infantil é necessário que
sejam considerados e avaliados, além do contexto histórico-social de cada
criança, fatores como idade, sexo, estrutura familiar, condição socioeconômica,
ano escolar, os aspectos do comportamento agressivo e outros.
Para melhor explicar as causas da agressividade infantil podemos nos
basear nos estudos de Biaggio (1996) e considerar dois aspectos: o indivíduo e
o meio em que ele vive.
1. O indivíduo:
A criança tem aspectos próprios como o temperamento, caráter,
diferenças de sexo e condições neurológico-cognitivas.
Com relação ao temperamento Biaggio (1996) afirma que crianças que
apresentam um temperamento agressivo normalmente são difíceis de lidar.
Muitas vezes seu modo de agir é explicado como temperamental, de
personalidade forte ou genioso, porém esses adjetivos servem para encobrir a
verdadeira opinião dos familiares sobre essas crianças que eles mesmos
consideram, no seu íntimo, de certa forma problemática.
Para Biaggio (1996) as meninas mais agressivas tendem a apresentar
um temperamento mais ativo e variável, bem como os meninos, cujo
temperamento relacionado a situações de hostilidade também se apresenta
como ativo.
Existem aspectos que podem ser facilmente observados em bebês
como a dificuldade no controle emocional, que indicam a possibilidade de uma
conduta agressiva no futuro. Até os bebês são diferentes em termos de
conduta. Alguns são mais agitados, choram mais, gritam, enquanto outros
costumam ficar bem quietos, dormem, etc. Através da observação destas
diferenças é possível perceber a maneira com que cada um vai se relacionar
com o mundo no futuro.(BIAGGIO, 1996, p. 76).
Para Biaggio (1996) é através do temperamento que a pessoa expressa
sua relação com a realidade. Ou seja, a maneira pela qual as crianças se
relacionam com quem cuida delas. Aquelas mais ativas, que se irritam com
facilidade ou que são mais intensas e explosivas naquilo que fazem, têm mais
chances de, diante de alguma pequena dificuldade, apresentar uma reação
inapropriada.
Diante desse tipo de conduta tendem a criar conflitos e estresse na
relação com seus familiares, sobretudo com a mãe, tornando a convivência
entre ambas cada vez mais difícil e problemática. Essa interação problemática
entre mães e filhos pode dar início a condutas agressivas ainda na infância.
Estudiosos já pesquisam a relação dos movimentos gerais do bebê,
divididos em três fases da concepção até 3-4 anos de vida, e a sua disposição
para desenvolver algum transtorno neurológico que possa torná-lo agressivo.
Biaggio (1996) concorda com alguns estudiosos que relacionam a
atividade de determinadas enzimas a apresentação de alguns comportamentos
complicados. Ou seja, para esses autores, a condição neurobiológica do
sujeito está intimamente relacionada ao comportamento que ele apresenta,
como por exemplo; os suicidas, piromaníacos, agressivos e cruéis. Porém, é
importante ressaltar que esse tipo de observação não podem ser considerados
diagnósticos fechados, mas apenas uma reflexão acerca da vulnerabilidade de
alguns transtornos emocionais.
Biaggio (1996) afirma que crianças que apresentam problemas de
conduta podem ter dificuldade na leitura e deficiências na linguagem verbal e
que esses atrasos no desenvolvimento mental infantil podem estar
relacionados a um vínculo desorganizado e com a falta de cuidados por parte
da mãe. Ou seja, as experiências passadas que ficam na memória podem
desencadear o controle ou o descontrole das condutas agressivas. Crianças
tratadas com hostilidade tendem a desenvolver um temperamento e uma
conduta hostil. Aquelas tratadas com violência e intolerância, certamente
apresentarão este mesmo tipo de comportamento em relação aos seus
semelhantes, enquanto aquelas que viveram num ambiente de carinho,
tranqüilidade e respeito saberão lidar muito melhor e controlar de forma
satisfatória seus impulsos agressivos.
Com relação as diferenças de sexo, não é possível confirmar como
verdadeira a afirmação de que os meninos tendem a ser mais agressivos do
que as meninas. Devido às mudanças sócio-culturais já podemos dizer que as
diferenças emergem da idade escolar, através do processo de socialização da
criança e não do fato de serem meninos ou meninas. Alguns autores defendem
a idéia de que as meninas desenvolvem mais precocemente as habilidades
motoras, enquanto os meninos desenvolvem condutas mais competitivas, o
que favoreceria um modelo mais agressivo de comportamento na infância.
2. O meio:
Estudos mostram que a influência do meio não é totalmente responsável
pelo aparecimento de condutas agressivas entre crianças e jovens. Os
principais fatores de risco podem estar na interação da criança com a família e
com os ambientes sociais mais próximos e que ela mais freqüenta, como a
escola, por exemplo. As condutas agressivas tendem a aparecer mais
frequentemente quando há brigas familiares, casos de doenças mentais na
família e rejeição da criança pelos coleguinhas da escola.
A agressividade infantil pode estar relacionada ao sentimento de
desamparo tão comum nas sociedades modernas que valorizam o
individualismo e a busca do prazer pessoal em vez dos ideais mais coletivos.
Aos filhos tudo é permitido até que chegam a adolescência e tem que enfrentar
o mundo real. Há uma grande carência de referências e identidades
verdadeiras que levem a metas e objetivos maiores.
As relações familiares não devem ser consideradas apenas entre pais e
filhos, mas entre todos os membros da família. É dentro desse contexto que
podem se desenvolver processos que levem a agressividade das crianças.
CAPITULO II
COMO LIDAR COM A AGRESSIVIDADE
A agressividade não é um comportamento que tende a desaparecer com
o tempo, muito pelo contrário. Porém, com o passar dos anos, se for bem
orientada, a criança aprende com os adultos que há outras formas de se
defender e conseguir o que se deseja. Ou seja, ela aprende que não é preciso
bater no coleguinha para obter o brinquedo, mas sim, pode pedir para brincar
com ele ou entrar num acordo sobre a melhor forma de dividi-lo. Assim, elas
estão aprendendo estratégias sociais acabam por substituir as condutas
agressivas. Se forem eficazes, aos poucos as crianças vão aprendendo a
negociar e as atitudes agressivas vão se tornando cada vez menos freqüentes.
Porém, para isso o ambiente em que vivem (escola, família, etc.) deve valorizar
esse tipo de conduta mais pacífica.
Locatelli (2004) afirma que
para entender a agressividade, é necessário olhar um pouco para o desenvolvimento da criança e como ela aprende a se comportar agressivamente. Por volta dos três ou quatro anos, é bastante comum as crianças apresentarem condutas agressivas em relação aos adultos e às outras crianças, como morder, bater, dar chutes, etc. Qualquer mãe ou professora de crianças dessa faixa etária sabe muito bem disso. Nessa fase, diz-se que a agressividade é essencialmente manipulativa, isto é, a criança agride os outros para alcançar determinados fins, como, por exemplo, ganhar um brinquedo ou defender-se (é comum a criança dar tapas nos pais quando eles lhe chamam a atenção). Essa conduta é a forma que a criança encontra de controlar o ambiente, ou seja, é a forma mais eficaz de satisfazer suas necessidades. (LOCATELLI, 2004, p. 54)
A agressividade não é uma conduta própria da personalidade das
crianças, é um comportamento que tem uma função no desenvolvimento das
crianças, mas da mesma forma que é aprendido, a partir da observação desse
tipo de conduta em outras pessoas, pode ser substituído por outros tipos de
conduta.
É importante ressaltar que, se os comportamentos agressivos se
tornarem freqüentes na vida das crianças podem se transformar num sério
problema na época da adolescência e até na idade adulta caso sejam a
maneira encontrada para resolver conflitos e dificuldades. Estudos mostram
que a manutenção do padrão agressivo de comportamento se inicia na infância
e está relacionado principalmente com as interações entre as crianças e seus
familiares, bem como com o ambiente social na qual estão inseridas.
Segundo Locatelli (2004) existem condutas como: rejeitar a criança,
mostrando que ela não é amada, a falta de limites, sendo os pais permissivos
demais e deixando a criança fazer tudo o que ela quer, ou mesmo o excesso
de autoritarismo ou inflexibilidade, que são consideradas “de risco”, pois podem
desenvolver padrões agressivos de comportamento nas crianças. Esse tipo de
educação deixa a criança confusa, sem saber o que é certo ou errado. Há pais
também que estimulam o comportamento agressivo dos filhos, principalmente
dos meninos, como forma de resolver conflitos.
Segundo Miranda (2001), criar filhos é um grande desafio.
Como ensinar noções de ética, solidariedade e respeito às diferenças de credo, cor e religião - princípios básicos para o convívio civilizado em sociedade - quando a violência e a barbárie entram via satélite dentro de casa? (MIRANDA, 2001, p.1)
A violência na sociedade acaba sendo uma demonstração de fracasso
da resolução dos conflitos por vias simbólicas e mais pacíficas. Ela acaba
passando para os jovens a idéia de que essa é a única maneira de se resolver
as coisas e que a vulgarização da morte e as atitudes violentas são normais.
Alguns deles não conseguem perceber muito claramente a diferença entre o
que é real e o que é ficção, o que torna a violência algo banal e comum.
Em 2001, uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE), entidade que faz parte da Central Única
dos Trabalhadores (CUT), concluiu que o Rio de Janeiro está entre as cidades
do país que tem menos violência nas escolas. O campeão é o Acre, com 43%
de incidência no quesito Violência física contra alunos e professores. Neste
quesito o Rio tem apenas 8,1%, índice bem menor do que os encontrados em
São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Entre os educadores pesquisados, todos concordam que a fase crucial
na constituição de conhecimentos e valores vai de 0 aos 6 anos, pois é nesse
período que se estabelecem as bases do que o indivíduo será no futuro.
Entretanto, mesmo nessa fase já é possível se ensinar valores éticos, estéticos
e até políticos. Se as crianças entenderem, de forma prática, que quando há a
possibilidade de se fazer escolhas alguém perde e alguém ganha e que é
preciso respeitar o desejo da maioria ela tem maiores chances de conseguir
fazer escolhas com mais responsabilidade e de forma pacífica. Dessa forma,
com o tempo, passa a perceber que não existe democracia sem o
entendimento e a aceitação da derrota.
Educar exige consciência, além de uma boa dose de energia, paciência
e, sobretudo, sensibilidade. Para se conseguir algo naturalmente, sem
violência, de uma criança é preciso ser honesto com ela, ou seja, o que é dito
para ela deve corresponder as atitudes tomadas. Senão não funciona.
Na década de 1990, o Search Institute - organização sem fins lucrativos
voltada para o bem-estar infanto-juvenil - elaborou um estudo relacionando
conceitos e atitudes que facilitariam o desenvolvimento harmonioso de crianças
e adolescentes. Entre os itens destacados na pesquisa estão: o fato dos jovens
se sentirem mais apoiados e seguros quando os pais estão dispostos a lhes
dar conselhos e a conversar com eles; o aumento da autonomia quando são
solicitados a opinar sobre questões importantes; a aprendizagem de noções
éticas se são incentivados a discutir valores pessoais; e a melhoria na
construção da própria identidade quando aprendem sobre tradições com os
mais velhos.
A pesquisa concluiu também que o que os adultos pensam ser melhor
para as crianças, como exigir respeito e bom desempenho escolar, não é o que
realmente eles deveriam fazer por elas para melhorar sua condição de vida
social no futuro.
Três conselhos são importantes para os adultos no que se refere a
educação de crianças:
Em primeiro lugar, eles não devem, em nenhuma hipótese, virar escravos dos filhos, dedicando-se a satisfazê-los em tudo. Também não devem colocar os filhos à serviço da realização de suas idéias e de sua própria realização. Por último, não podem renunciar ao seu papel paterno. E isso vale para qualquer momento da vida dos filhos - até quando se tornam adultos. ( JERUSALINSKY, apud: MIRANDA, 2001)
2.1. Como domar a agressividade infantil
As crianças parecem ter um instinto meio cruel. Algumas sentem prazer
em torturar insetos, xingar e rir de um coleguinha gordo, colocando apelidos, ou
mesmo utilizar uma sinceridade excessiva que às vezes fere as pessoas.
Porém, essa agressividade pode ser considerada como uma forma dela
elaborar simbolicamente a própria vida e inverter a situação de passividade que
se encontra diante da arbitrariedade da conduta dos adultos para com elas.
As crianças sabem reconhecer o ponto fraco das pessoas. A melhor
atitude para educá-la, segundo Zagury (2008) é inverter a situação, colocando-
a no lugar do outro.
A capacidade de se penalizar com as dores alheias é um sentimento que se adquire com o tempo. A criança não tem um código de ética, não sabe o que é ser solidária. Quem ensina isso são os pais. (ZAGURY, 2008, p.35)
A autora também destaca que saber impor limites também é
fundamental para domar a agressividade infantil, já que a falta deles provoca
na criança a sensação de abandono e a ilusão de que pode ter e fazer o que
quiser.
O primeiro passo para domar a agressividade infantil, ainda segundo
Zagury (2008), é compreender o contexto no qual a mesma ocorre, verificando
se existe no seu convívio familiar e escolar algum fator que estimule a reação
agressiva. Caso isso esteja acontecendo, os adultos devem tentar orientar a
criança a criar atitudes alternativas para resolver cada situação. Se for
necessário o adulto deve interferir.
Há crianças que possuem como característica pessoal uma força
agressiva bastante intensa. Nesses casos os pais devem direcionar essa força
para um caminho mais produtivo como, por exemplo, a prática de esportes ou
de atividades artísticas. Mas é preciso ficar atento. Muitas vezes a criança que
tem atitudes que não correspondem às expectativas dos pais, demais
familiares e até mesmo dos professores pode encontrar muitas dificuldades
para se desenvolver sadiamente, tornando-se uma pessoa equilibrada e
saudável, pois, sentindo-se um problema ou alguém indesejável, acaba por
prejudicar a si mesma já que não consegue se aceitar como pessoa, da
maneira e forma que é.
É preciso que fique bem claro que uma criança saudável não é aquela
que se comporta de acordo com padrões pré-estabelecidos, mas aquela que
está bem com ela mesma e, em conseqüência disso, também está de bem com
a vida.
De acordo com Locatelli (2004), um comportamento agressivo e
constante é um indicador de que algo não vai bem com a criança. A autora cita
como possíveis causas de condutas agressivas: a necessidade de amor e
carinho, ciúmes de irmãos, sentimento de rejeição, ansiedade, disputa de
poder, sentimento de incompreensão, problemas escolares, problema no
relacionamento com amigos e imitação de um comportamento agressivo do pai
ou da mãe.
Caso ocorra algum comportamento agressivo por parte da criança, o
adulto que a acompanha deve sempre ser firme. Sem aumentar a voz ou ser
tão agressivo quanto a criança, deve dizer a ela o que deseja e que
comportamento espera dela, dessa forma ela entenderá e obedecerá.
Para Locatelli (2004) “saber dizer não na hora certa é fundamental”.
Também é preciso dar atenção a esta criança não só nos momentos de
conduta indesejada, mas sempre. Para estimular os comportamentos positivos
é necessário que a criança seja estimulada e tenha toda a atenção possível,
através de carinhos, beijos e afagos, valorizando também tudo o que ela faz de
bom.
O exemplo dado pelos pais e pela família em geral é também, segundo
Locatelli (2004), fundamental para determinar a reação das crianças diante dos
obstáculos da vida. “É importante que a criança se sinta aceita, valorizada.
Crianças educadas com limites claros, amor, carinho e brincadeiras com os
pais serão certamente menos agressivas”. (LOCATELLI, 2004, p. 54)
Na busca de soluções para controlar a agressividade de crianças os
adultos tentam de tudo. Uma das tentativas de minimizar ou resolver o
problema é o castigo, porém, segundo Locatelli (2004) essa não é a melhor
solução.
Melhor que o castigo é a definição clara, em primeiro lugar, do que a criança pode ou não fazer, como ela deve ou não se comportar. O castigo deverá ser utilizado somente após uma conversa com a criança sobre o comportamento errado, sobre o que é esperado dela. (LOCATELLI, 2004, p. 46)
A agressão física também é um recurso que deve ser descartado. Não
se deve bater numa criança em nenhuma circunstância. Se os limites forem
bem estabelecidos e entendidos pela criança, não será necessário nem o uso
de castigos, afirma Locatelli (2004).
Dependendo de como o problema da agressividade for tratado pela
família, ele tende a aumentar ou a diminuir conforme as crianças crescem. É
importante que o problema seja resolvido até a adolescência, porque esta é
uma fase em que surgem outras dificuldades de relacionamento.
Locatelli (2004) defende o uso de técnicas de relaxamento e
Reprogramação Emocional para crianças como uma alternativa para diminuir a
agressividade.
Essas técnicas servem para diminuir a agressividade, uma vez que estimulam o hábito de relaxar e a capacidade de adaptar-se a novas situações, pois o mundo globalizado vem trazendo o estresse para os pequenos numa idade ainda bem jovem. (LOCATELLI, 2004, p. 47)
De acordo com Locatelli (2004) através do relaxamento e das técnicas
de reprogramação emocional as crianças se sentem mais revitalizadas,
estimuladas a aprender e tem a energia canalizada para atividades mais
calmas e produtivas. Tanto os pais como os professores pode utilizar essas
técnicas, pois qualquer comportamento agressivo merece atenção já que são
indicadores de que algo não vai bem com a criança.
É muito importante para o bem estar da criança que a mesma seja
tocada, amada, abraçada para se sentir querida. É importante que lhe seja
dada a oportunidade de brincar. Dessa forma ela extravasará sua
agressividade de forma saudável e saberá lidar melhor com os conflitos,
conseguirá desenvolver sua criatividade de forma plena, assimilar novos
conceitos e aumentar sua auto-estima.
O estabelecimento de limites também não deve ser esquecido. Tanto os
pais quanto os professores devem saber dizer “não” quando necessário. Dessa
forma a criança terá um referencial forte e aprenderá a se posicionar diante da
vida, se sentindo amada e valorizada.
CAPITULO III
A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS
AGRESSIVAS
Na educação Infantil a criança começa a interagir com outras da mesma
idade. Nesse período tanto a agressividade percebida e aprendida na família,
quanto aquela gerada a partir desse novo convívio, podem se manifestar e
tornar-se presente.
Quando a criança vai para a escola pela primeira vez, se inicia um
processo de socialização no qual ela enfrenta uma série de situações novas,
com novas pessoas, novos amigos e a cobrança de um aprendizado.
Os companheiros desse novo ambiente podem influenciar, ou não, no
comportamento e no desenvolvimento das condutas socialmente aceitas da
criança. Ou seja, estudos comprovam que o convívio de crianças com outras
que apresentam comportamentos ditos desadaptados influencia no
desenvolvimento de condutas não aceitáveis, da mesma forma que o convívio
com outras crianças mais tranqüilas, que apresentam comportamento aceitável
pode repercutir prevenindo o aparecimento de condutas desagradáveis ou
agressivas.
Porém, nem sempre é assim. Nas escolas é possível observar que
alunos agressivos tendem a se associar com outros que apresentam
comportamento parecido e rejeitam aqueles que estão socialmente adaptados.
Além de controlar a agressividade, os grupos de convivência infantil e as pré-escolas podem também estimulá-la. O comportamento agressivo muitas vezes não é notado por supervisores. (...) É interessante notar que as crianças tendem a imitar a agressividade de outras crianças em vez da agressividade do adulto: quando se pretende que a criança refine sua agressividade, é essencial que ela tenha a vivência de uma situação de grupo na qual há uma mistura apropriada de crianças. (TRAIN, 1997, p.48)
De acordo com Ramirez (1997), teoricamente a escola poderia
influenciar do desenvolvimento ou na prevenção de problemas de
comportamento das crianças, avisando aos responsáveis quando algo diferente
do desejado fosse detectado, proporcionando programas que estimulassem as
habilidades sociais e a resolução dos conflitos entre os alunos, bem como
buscar soluções individualizadas para cada problema apresentado. Porém, o
que ocorre constantemente nas escolas é a perda de autoridade por parte do
professor, que já não têm mais quase nenhuma influência sobre os alunos.
Para Bolsanello (1990), a agressividade deve ser encarada como
uma questão inteiramente vital. Relacionada com a doença de um mundo em que o ódio floresce do berço ao túmulo. (...) Cada pai e cada educador antes de sê-lo deve tomar conhecimento disso e tentar conscientizar-se da gravidade e complexidade do problema. Cada pai e cada educador deveria tentar descobrir, seriamente, o amor em si próprio para poder tentar coibir esta agressividade” (BOLSANELLO, 1990, P.163)
As atividades escolares exercem grande influência no processo de
crescimento do indivíduo e no desenvolvimento de suas condutas socialmente
aceitáveis ou não. Os educadores podem e devem levar a criança a perceber
os tipos de conduta que as mesmas devem apresentar, proporcionando a elas
a oportunidade de externalizar sua atividade agressiva de maneira socialmente
aceita.
Segundo Machado (1981) muitas vezes as escolas são responsáveis
pelo aumento da agressividade nas crianças. Vários ambientes escolares
estimulam a rivalidade e a competição entre os alunos, gerando, dessa forma,
um sentimento de insegurança, ansiedade e dificuldade de interação com o
grupo em que a única forma de os conflitos serem resolvidos seja por meio de
condutas agressivas.
Normalmente na escola, quem lida com a criança agressiva não tem
conhecimento com relação às atitudes a serem tomadas quando ocorre algum
problema, dessa forma, não conseguem resolver os conflitos que tendem a se
agravar a cada dia.
Ainda de acordo com Machado (1981) é preciso saber lidar
adequadamente com as crianças que apresentam atitudes agressivas. Muitas
vezes tanto os educadores quanto os pais não sabem como agir, ou mesmo se
devem interferir e se preocupar com esse tipo de comportamento. Alguns
acreditam que ele passa com o tempo, naturalmente, o que já sabemos que
nem sempre é verdade.
Machado (1981) defende a importância de um processo de socialização
adequado para que a agressividade da criança possa ser controlada e
canalizada de acordo com os padrões socialmente aceitos em cada
coletividade ou cultura. “Não se trata, portanto, de reprimir a agressividade da
criança, mas sim de sublimá-la por meio da sua transformação em atitudes
construtivas.” (MACHADO, 1981, p. 37)
É importante que a escola trabalhe tomando medidas em conjunto com a
família. Os pais devem saber como é o comportamento do filho fora de casa e
precisam informar a escola caso observem algo diferente. Muitas crianças
melhoram o comportamento quando percebem que seus pais enxergam o
problema e estão tentando ajudar. O afeto é sempre o melhor e o mais
tranqüilo caminho para controlar e acabar com os estados de tensão pelos
quais as crianças passam. Só é preciso saber utilizar esse afeto de forma
correta, construtivamente, sem exagerar.
Ao lidar com uma criança agressiva, os educadores devem examinar as
suas intenções constantemente. Certamente ela demonstrará agressividade
toda vez que perceber injustiça, parcialidade ou incoerência por parte das
pessoas que a cercam, sejam elas adultos ou crianças. É preciso, então, refletir
sobre as ações que incidem sobre essa criança e perceber se verdadeiramente
estão agindo nos interesses dela. Dessa forma as reações agressivas tendem
a diminuir consideravelmente.
Uma série de possibilidades que podem ser utilizadas a fim de prevenir a
violência nas escolas. A expulsão dos estudantes que tumultuam a
convivência, a repressão sobre armas, drogas e bebidas alcoólicas, por
exemplo, são atitudes que isoladas só tendem a piorar a questão. Mas existem
maneiras mais adequadas como: acolher os alunos que manifestam
comportamento agressivo e dialogar com eles, melhorar o ambiente da escola,
trabalhar os problemas buscando alternativas e melhorar os laços de
convivência entre todos.
Ocorre também que muitos educadores não se sentem preparados para
discutir com os alunos sobre formas de violência, muito menos para buscar
uma maneira de realizar a prevenção. Os sentimentos comuns entre muitos
educadores são de impotência, medo, angústia e até mesmo revolta, ao se
depararem com situações de violência familiar ou mesmo no ambiente no
entorno da escola.
Tanto a família quanto a escola tem sido, historicamente as
responsáveis pela educação das crianças e pela inserção das mesmas na
sociedade. Quando ambas se negam ao diálogo, os problemas se refletem na
vida escolar sob a forma de atitudes agressivas ou, ao contrário,
comportamentos totalmente apáticos.
A maneira com que o professor lida com os conflitos em seu cotidiano,
apresentando, ele próprio comportamentos agressivos, poderá levar o aluno a
repeti-los. A escola deve ser vista sempre como um local de instrução, de
aprendizado, por isso, jamais deve tolerar a agressividade excessiva.
Diante da violência é preciso reconhecer que a mesma pode ter várias
fontes e que a escola exerce um papel importante, como mediadora, na
prevenção de comportamentos agressivos. Porém, qualquer alternativa se
mostrará ineficaz caso as ações desenvolvidas pela escola e pela família não
sejam em conjunto, atuando na prevenção e buscando estabelecer uma
relação de amor e respeito para com as crianças e jovens. Caso isso ocorra, é
possível construir elos de confiança e amizade entre todos, bem como
desenvolver atividades criativas que abordem a violência e as conseqüências
da mesma para as pessoas e para a sociedade de modo geral. Dessa forma,
rompendo preconceitos, medos e silêncios, a escola demonstra todo o seu
potencial transformador de uma realidade desagradável em algo socialmente
possível e aceitável.
O professor deve adotar posturas positivas diante da agressividade do
aluno. Deve se aproximar dele e oferecer-lhe a possibilidade de conversar
sobre seus sentimentos e até mesmo sobre seus atos, refletindo sobre os
motivos que o levaram a cometê-los, bem como as conseqüências dos
mesmos. Uma outra medida também bastante eficaz é o teatro, de bonecos ou
não. Ao dramatizar a criança representa seus conflitos cotidianos e os resolve.
Um bom convívio entre os membros do grupo deve ser estimulado pelo
professor através de orientação aos alunos para informar qualquer tipo de
comportamento agressivo, o entendimento de que não se deve revidar atitudes
agressivas com atos violentos, o diálogo sobre noções de certo e errado e a
possibilidade de realizar brincadeiras onde há contato físico, sem violência.
É importante ressaltar que, tanto pais quanto educadores devem sempre
incentivar positivamente as crianças, ou seja, o elogio faz com que elas sintam-
se admiradas e amadas, tornando-se mais autoconfiantes, pois sentem que as
pessoas de seu convívio se interessam pelo que elas fazem.
A criança em fase pré-escolar apresenta uma agressividade causada
pela busca da atenção de um adulto ou por fatores como possessão ou desejo
por um brinquedo ou espaço. Nessa fase ela ainda não tem consciência das
regras impostas pela sociedade e em suas características ainda domina o
egocentrismo, no qual a criança acha que o mundo gira em torno dela e que
tudo é seu.
Quando entra na escola de Educação Infantil, de acordo com Silva
(2006), a criança passa a ter contato com dois mundos, com dois ambientes
sociais totalmente distintos: a família e a escola. A quantidade de pessoas que
convivem com essa criança se amplia, bem como as diversidades de
exigências do meio social na qual ela agora está inserida. Isso tudo influirá na
aquisição e no desempenho de habilidades sociais que irão permitir a
manutenção ou a melhoria de sua relação com os demais membros do grupo.
Entretanto, como afirma Silva (2006), essa situação pode gerar conflitos para a
criança que manifesta-se de forma agressiva devido a um sentimento de
insegurança diante de novas situações e impotência na resolução de conflitos.
Fante (2005) relaciona vários fatores internos e externos que podem
desencadear comportamentos agressivos nas crianças dentro do ambiente
escolar. Para a autora, os fatores internos estão relacionados ao clima escolar,
às relações interpessoais e as características individuais, e os fatores externos
englobam o contexto social, os meios de comunicação e a família.
Muitas vezes sobre a família recaem todas as cobranças e atribuições a
respeito de manifestações agressivas por parte das crianças, mas questões
referentes a própria estrutura da escola também podem ser desencadeadoras
de comportamentos agressivos.
Se a escola de educação infantil não conseguir lidar com a
agressividade das crianças a tendência é tornar o ambiente cada vez mais
agressivo, já que quando a criança sente a hostilidade e a rejeição dos colegas
a tendência é reagir sempre de maneira violenta como forma de defesa.
A organização da escola também pode ser um fator desencadeador de
agressividade, já que muitas vezes esse tipo de comportamento reflete a
resistência da criança àquele ambiente muitas vezes inadequado às suas
necessidades e interesses.
Para Luzzi (2006), em algumas escolas, para manter a disciplina,
professores, diretores e demais funcionários utilizam regras rígidas o que
provoca um clima hostil que raramente é reconhecido como desencadeador de
atitudes agressivas por parte dos alunos como forma de defesa e repressão
aos incômodos causados pelo ambiente no qual estão inseridos.
Silva (2006) destaca que muitas ações consideradas pelos pais e
professores como punitivas podem servir como reforçadoras de
comportamentos agressivos, já que o que a criança deseja com tais
comportamentos é chamar a atenção do adulto.
Tanto pais quanto professores devem identificar os comportamentos
agressivos e tratá-los adequadamente. Uma das maneiras para mudar esse
quadro é por meio da valorização de um modelo positivo, de respeito e de
relacionamento de afeto com as crianças, ao contrário do modelo punitivo
adotado muitas vezes no relacionamento professor-aluno.
As crianças desobedientes e com comportamentos tidos como
inadequados tendem a estabelecer relacionamentos pobres com os
professores e, conseqüentemente, recebem menos suporte a ajuda dos
mesmos. Alguns professores não valorizam os comportamentos positivos e
punem excessivamente os que consideram indesejáveis. Com esse manejo
ineficiente os professores acabam agravando as reações agressivas dos
alunos que são tratados de maneira agressiva por outros alunos, rejeitando-os.
Rufino (2006) defende um trabalho coletivo feito pelos professores,
gestores e demais funcionários a fim de discutirem sobre a melhor postura ou
atitude a tomar na prevenção de conflitos ocorridos nas relações escolares.
A disciplina de Educação Física pode ser utilizada como aliada no
combate a agressividade dos alunos uma vez que é vista pelos alunos como
um momento de alegria, liberdade e interação com outras crianças.
a Educação Física [...] se torna muito importante para o desenvolvimento de uma criança saudável, pois através das brincadeiras e dos jogos a criança externa simbolicamente vários sentimentos que ela não pode externar na realidade. (DE MARCO, 2002, p. 40)
3.1. O uso do jogo no combate a agressividade infantil
O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida cotidiana”. (KISHIMOTO, 1994, p.07).
Os jogos podem ser caracterizados pelo caráter voluntário, lúdico, que
proporciona prazer (ou desprazer), com regras explícitas ou implícitas e
resultados incertos. No jogo a criança representa a sua realidade, desenvolve a
imaginação e a contextualização no tempo e no espaço.
O jogo possui um caráter subjetivo e, portanto pode ser utilizado como
forma de lidar com as manifestações agressivas. Como atividade lúdica
envolve a criança que, dessa forma, o utiliza como maneira de externalizar e
resolver seus conflitos internos. Através do jogo a criança pode traduzir em
atitudes o que está guardado dentro do seu íntimo de forma verdadeira e
espontânea.
Através do jogo a criança está se preparando para a vida. Por meio da
imaginação a criança pode transformar a própria realidade. Brincando, é capaz
de aprender a desempenhar a função social interagindo com o grupo,
convivendo a sendo estimulado a harmonizar seus conflitos interpessoais
algumas vezes contribuindo com suas próprias idéias e outras vezes
aprendendo a ceder em favor das idéias do grupo.
Para que possa participar do jogo, a criança deve obedecer às regras
implícitas ou explícitas instituídas por essa atividade, o que potencializa o
desenvolvimento do processo de socialização.
É importante ressaltar que, para contribuir no combate à agressividade,
o jogo não deve abandonar o caráter lúdico, contribuindo, dessa forma, para a
construção de valores morais e éticos.
Para Piaget (1975), na primeira infância (de 2 a 7 anos) “por meio da
linguagem, a criança se torna capaz de reconstituir suas ações passadas sob
forma narrativa e de antecipar suas ações futuras sob forma de representação
verbal” (PIAGET, 1975, p. 67)
Esse período é chamado por Piaget (1975), como fase do “jogo
simbólico”, ou da “brincadeira de faz-de-conta”, no qual o professor poderá
conduzir sua aula de uma maneira totalmente imaginária, brincando e, assim,
trabalhando diversos conceitos, entre eles a agressividade. O professor deve
atuar como mediador das atividades que podem levar os alunos a terem mais
consciência de seus atos, respeitarem os limites do outro, colocando-se no
lugar dele e observando uma atitude sob vários ângulos.
Os educadores devem utilizar os jogos de forma contextualizada a fim
de atingirem seus objetivos. Os jogos cooperativos, nos quais os participantes
jogam pelo prazer que o jogo em si proporciona, buscando a superação de
desafios com os outros (e não contra os outros), considerando o outro como
parceiro, diminuindo a pressão de competir e priorizando a integridade de
todos, também são muito eficazes no combate a agressividade infantil.
Para Kishimoto (1994), os jogos cooperativos possuem características
que permitem a liberação da agressividade. Cada participante estabelece seu
próprio ritmo numa adaptação a jogos conhecidos, porém o resultado final é o
que menos importa, já que elimina o contato físico do tipo destrutivo e
agressivo.
Nos jogos que possuem caráter competitivo, se forem trabalhados de
maneira adequada, também é possível transmitir à criança valores importantes
para a sua vida como o reconhecimento daquele que foi vencedor e daquele
que foi vencido, a cooperação para se atingir um objetivo (trabalho em equipe)
e o respeito a todos os jogadores.
Se faz necessário, no entanto, que os professores se preocupem menos
em eliminar o caráter competitivo dos jogos e mais com o desenvolvimento das
características humanas. Eles devem compreender cada jogo e utilizá-los de
maneira adequada a fim de valorizar as relações entre os alunos.
A utilização dos jogos na escola contribui para que as crianças sejam
mais unidas e aprendam a trabalhar em grupo. Porém, é importante ressaltar
que o esforço e a dedicação devem ser grandes para que o objetivo principal,
que é a diminuição ou eliminação da agressividade seja atingido e isso não
ocorre de um dia para o outro.
3.2. O papel dos pais
Os pais exercem um papel fundamental na prevenção de
comportamentos agressivos nas crianças. A influência familiar pode ser
positiva, através do vínculo e da interação entre seus membros, ou negativa,
devido a um eventual desajuste dos pais e do modelo educacional doméstico.
Como elementos ambientais que influenciam as condutas agressivas
podemos destacar: os jogos eletrônicos, os programas de televisão, a escola e
a situação sócio-econômica em que a família se encontra. Embora esses três
fatores (individuais, familiares e ambientais) exerçam bastante influência no
comportamento da criança, eles não atingem a todos da mesma maneira.
O aumento da violência entre crianças e adolescentes no mundo
contemporâneo de hoje passa pela diminuição do papel do pai e da mãe na
vida desses pequenos seres. Inicialmente podemos citar a dissolução das
famílias, a falência da função paterna (ou materna) e a busca por um prazer
consumista, que faz com que os pais percam completamente o controle sobre
seus filhos e os deixem soltos, sem limites.
Além desses, outros fatores importantes que contribuem para o aumento
de casos de agressividade é o excesso de liberdade, a busca pelo prazer
instantâneo e a valorização de pessoas e atitudes incorretas. Estes são fortes
estímulos à delinqüência.
De acordo com Paulo Ceccarelli1, houve muitas mudanças no Código
Civil no que se refere ao Direito Paterno. Analisando o poder do pai sob o filho,
podemos perceber que houve um enfraquecimento do mesmo desde o Direito
Romano até os dias de hoje. As mudanças mais radicais ocorreram no final do
século XIX e início do século XX devido às novas leis de mercado e os
interesses no “bem estar da criança”, o poder do pai foi sendo gradativamente
substituído devido ao descaso ou mesmo a omissão voluntária dos mesmos.
Para Lobo (1997), quando o pai apresenta falta de habilidades sociais,
ou seja, apresenta um comportamento anti-social, pode contribuir para o
desenvolvimento de comportamentos agressivos em seus filhos, já que exclui e
dificulta a utilização de técnicas positivas de motivação e guia na educação dos
filhos. Pais que apresentam esse tipo de comportamento, além de não
transmitirem uma imagem positiva aos filhos podem ter dificuldade em
demonstrar aprovação e incentivo para o que os mesmos fazem de bom.
Também não conseguem respeitar seu espaço social nem dar-lhes a devida
autonomia, aplicam uma disciplina inadequada, com excesso de
permissividade quando deveriam ser firmes e sendo agressivos demais quando
não seria necessário. A conduta dos pais pode ser considerada como influente
para o desenvolvimento de comportamentos agressivos nas crianças. Uma
dessas condutas é rejeitar a criança, deixando claro para a mesma que ela não
é amada e que ninguém se importa com a mesma, outra conduta é a falta de
limites, ou seja, os pais são permissivos demais, deixando assim que a criança
faça tudo o que quer.
1 Paulo Ceccarelli, In: Ballone GJ - Violência e Agressão; da criança, do adolescente e do jovem - in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, Internet, 2001 - disponível em http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/conduta2.html
Existe também o oposto que é tão nociva ou mais que a negligência de
certos pais. É o caso de pais extremamente rígidos, exigentes e violentos. Em
represália aos tapas e castigos recebidos o tempo todo, a criança torna-se
agressiva. Ela precisa não só de um ambiente sadio, mas também saber que é
amada, ser criada por pais equilibrados emocionalmente e que não lhes dêem
mensagens com um duplo significado. Um outro tipo de conduta dos pais que
muitas vezes estimulam certos comportamentos agressivos nas crianças é
quando seus pais principalmente os que têm filhos homens os ensinam a bater
e brigar para resolverem seus conflitos.
Cabe ressaltar também que a agressividade é uma constante tanto no
ambiente familiar quanto escolar e social.
De acordo com Lobo (1997), no caso das mães, algumas talvez sejam
as principais incentivadoras dos filhos no que diz respeito a falta de limites,
responsabilidade e cumprimento dos deveres. Com suas atitudes super
protetoras, comportamento tão grave quanto seu o oposto, a negligência,
podem transformar os filhos em pessoas incapazes de tolerar a frustração.
Indivíduos que não são capazes de tolera a frustração, segundo Lobo (1997)
costumam tomar a força tudo o que desejam e querem ter suas vontades
satisfeitas a qualquer custo.
Muitas mães, com medo de serem rejeitadas ou não amadas por seus
filhos permitem que os mesmos façam tudo o que querem. Nesses casos há
uma confusão com relação ao papel materno, já que essa permissividade
extrema denota uma busca pela simpatia dos filhos e uma vontade de parecer
jovem e moderna, uma pessoa “antenada” com o que os filhos pensam.
O amor é o melhor meio de transmitir confiança e segurança. Porém,
pais superprotetores que não permitem que a criança seja contrariada e
satisfazem todas as suas vontades estão prejudicando seus filhos em vez de
proteger, pois mostram a eles uma realidade falsificada, que pode
comprometer seu desenvolvimento. Esse tipo de atitude na verdade, camufla
uma forma de rejeição, frustração ou raiva não explicitada em relação ao filho
ou filha.
Através do contato com a mãe, da maneira como ela e o filho se olham
nos olhos, do toque, das brincadeiras, das conversas, é que a criança vai
reconhecendo o mundo externo, vai localizando-se no tempo e espaço, e
reconhecendo limites e ultrapassando obstáculos vai formando sua conduta
social.
Segundo Winnicott (1982), é pelo contato com a ‘’mãe suficientemente
boa’’ que a criança consegue interpretar e responder adequadamente
as necessidades e emoções, segue formando o seu ego e auto-reconhecendo-
se, percebendo-se como sujeito no mundo, tornando-se capaz de identificar e
expressar corretamente seus sentimentos.
Para Lobo (1997), mães e pais terão que decidir que futuro querem para
os seus filhos. Para isso, devem informarem-se mais e melhor sobre o que é
desejável que façam para que eles cresçam felizes. Esse tipo de tarefa exige
mais dedicação e menos egoísmo por parte dos pais, atualmente tão
preocupados com a própria individualidade.
O ambiente doméstico contribui muito para a manutenção de condutas
agressivas. O modelo que a criança tem em casa é que vai indicar qual o
comportamento que a mesma terá em sociedade. Quando podem tudo e fazem
o que querem em casa essas crianças não aprendem as habilidades sociais
necessárias para um bom relacionamento com as demais pessoas. Não
conseguem se disciplinar na busca de seus objetivos, muito menos aceitam
críticas à sua conduta. Nesses casos, normalmente suas mães são mais hostis
com relação ao comportamento dos filhos e atribuem seus excessos a traços
negativos de suas personalidades.
Lobo (1997) afirma que muitas vezes elas fazem comparações
desvantajosas e depreciativas entre as condutas agressivas de um dos filhos
com relação a outras crianças ou mesmo aos próprios irmãos.
É importante destacar que a infância é um processo de adaptação no
qual a criança está sendo preparada para a vida. Porém, cada caso é um caso.
Os filhos precisam do amor da mãe e da família e, se esse amor for verdadeiro
e sadio os filhos tendem a ter um desenvolvimento sadio também.
Uma regra não pode ser aplicada a todas as crianças. Algumas vezes
uma atitude rígida que segue a risca a recomendação dos especialistas, mas
feita sem verdade não acrescenta nada ao comportamento dos filhos.
Para Lobo (1997) existem condições básicas que devem ser
desenvolvidas para que as crianças sejam felizes e sintam segurança:
Segundo o autor as crianças se desenvolvem melhor quando:
• São amados. Todos devem se sentir amados e queridos.
• São parte de uma família. Não substime a importância de viverem junto a avós, tios e amigos.
• Vivem em um lar estável, longe de tensões. Atritos nas relações entre adultos nunca deixam de ser percebidos pelas crianças. A melhor coisa que temos a fazer é sermos mais gentis uns com os outros.
• Tem pais com expectativas razoáves. Espectativas irrealistas causam problemas que desgastam os pais, desnecessariamente.
• Recebem bons exemplos vindos dos adultos. As crianças não podem comportar-se melhor do que aqueles exemplos que elas seguem.
• São tratadas de maneira clara e consistente. As crianças precisam saber em que terreno estão pisando, e que o que é válido hoje estará valendo amanhã.
• Tem alegria e divertimento em suas vidas. As crianças devem ser tratadas como aprendizes de pais que sintam prazer em tê-las por perto. (LOBO, 1997, p. 65)
Por fim, é importante ressaltar que os pais devem ter consciência de seu
papel em relação aos filhos. De maneira alguma devem passar para as
crianças uma imagem de ansiedade, desamparo, desespero ou mesmo
despreparo. Não devem ser vistos por elas como pessoas descontentes e
sofredoras. De acordo com Camargo (1976), o que precisa ser construído na
infância são exemplos valorativos, ou seja, é preciso saber educar ensinando
valores bons. A criança aprende através do exemplo, portanto os pais devem
dar exemplos de honestidade, tranqüilidade e disciplina. Cabe aqui destacar
que a disciplina não se constrói simplesmente com ordens, mas com ordens
claras, objetivas, firmes, mas também com amor, paciência, diálogo,
mansidão na fala, nos gestos e no olhar.
Ainda segundo Camargo (1976), o conhecimento que a criança
aprenderá na escola será muito mais intenso e proveitoso se ela já trouxer de
casa valores construídos com a família. O lar será sempre o ponto de partida
e a base para a construção do que a criança será no futuro.
Todos aqueles que lidam com a criança, sejam eles os pais ou os
educadores devem ter cuidado com o próprio comportamento, pois servirão
sempre de exemplo e toda criança aprende por imitação dos exemplos que
tem. Suas atitudes para com as crianças deve sempre transmitir afetividade e
segurança.
Para Camargo (1976),
A confusão ora reinante na sociedade resulta do descaso a que se tem votado a importante questão da educação. Os males que flagelam a humanidade contemporânea procedem da descrença, do ceticismo e da falta de confiança na eficiência da educação moral. (CAMARGO, 1976, p.24)
Uma criança só pode ter bom comportamento se a ela for ensinado isso,
se tiver tido bons exemplos. Se tiver sido preparada para a vida em sociedade,
certamente saberá, em caso de estar no meio de uma situação delicada,
pensar numa solução pacífica sem se desestruturar emocionalmente.
Gruspun (2004) acredita que os filhos se criam sozinhos, basta que o
adulto não atrapalhe. Para ele, a partir do nascimento, os pais não são mais os
proprietários dos filhos. Os filhos é que tem o direito de ter pais.
CONCLUSÃO
Após realizar este estudo baseado na preocupação e na necessidade de
uma melhor compreensão do comportamento infantil foi possível concluir que o
comportamento agressivo apresentado por muitas crianças em idade escolar
precisa de uma atenção especial e não pode ser tratado como um simples
problema normal e passageiro.
Atualmente é cada vez maior o número de crianças que apresentam
comportamentos agressivos na infância. Paralelo a isso, as bases familiares
também sofreram um considerável abalo já que houve uma grande mudança
na estruturação familiar nos últimos tempos. Atualmente a responsabilidade
pela manutenção da família tem recaído tanto sobre a figura paterna quanto
sobre a figura materna. Dessa forma, as crianças passam a maior parte do
tempo em instituições escolares ou aos cuidados de pessoas de fora do seu
círculo familiar. Ao sentirem a ausência e a necessidade da presença de suas
bases familiares,as crianças apresentarão comportamentos que não estarão de
acordo com o esperado e aceito socialmente. Esse tipo de conduta seria a
maneira que elas encontram de chamarem a atenção, conseguirem o que
querem e terem seus desejos prontamente atendidos.
Não existe uma única causa para os comportamentos agressivos nas
crianças, mas várias causas e diversos fatores que, combinados, os
desencadeiam, como por exemplo, o temperamento da própria criança ou os
problemas ocasionados pela relação entre pais e filhos, ou o ambiente em que
vivem. Esses fatores se instalam e prejudicam não só a criança, mas também
sua família e as pessoas de seu convívio.
A agressividade é apenas um sintoma de que algo não vai bem com a
criança e uma forma de defesa de um mundo que lhe parece cruel.
Vários autores defendem que a agressividade é uma característica
normal na infância e faz parte do desenvolvimento do indivíduo. Essa fase seria
transitória e passageira, porém poderia apresentar reflexos na vida futura.
Os estudos revelam, no entanto, que a maioria das crianças que se
mostram agressivas na infância tendem a se tornar adolescentes e adultos
também agressivos. Porém, nem sempre isso ocorre. Há crianças que mesmo
apresentando todos os indícios que poderiam transformá-la em agressiva, não
apresentam esse tipo de característica em seu comportamento. A
agressividade pode ser tratada ou canalizada para comportamentos mais
adaptados socialmente.
Crianças provenientes de um meio social agressivo com poucas
habilidades sociais tendem a repetir o mesmo padrão educacional de conduta
social, adquirido de seus pais, com os próprios filhos. Na maioria das vezes, os
pais, por desconhecimento dos fatores que desencadeiam a agressividade,
acabam contribuindo para que a mesma se acentue cada vez mais.
A conduta agressiva se origina e evolui de forma individual e particular,
mas o entendimento e a compreensão sobre o processo pelo qual as crianças
adquirem as regras sociais podem auxiliar os professores e os educadores em
geral a entenderem as causas da agressividade infantil, tão presente nas
escolas. É importante saber que tanto fatores internos à escola quanto
externos a ela podem desencadear comportamentos agressivos.
De acordo com os estudos feitos podemos concluir que a melhor
maneira de lidar com a agressividade infantil é através da valorização das
atitudes positivas e da intervenção nos problemas apresentados. Essa é uma
conduta que deve ser adotada por toda a comunidade escolar não só com os
alunos agressivos.
O jogo e as brincadeiras podem contribuir bastante para desenvolver
atitudes de conduta social pacífica, ajudando, assim, a criança a lidar com seus
próprios conflitos e resolvê-los, já que são formas de treinar a convivência em
sociedade.
O professor, enquanto profissional deve sempre repensar a sua prática e
a sua postura diante de crianças agressivas, abdicando de atitudes coercitivas
e adotando estratégias que valorizem o diálogo. Quando o professor consegue
entender as manifestações agressivas das crianças e como esta reage em
diferentes situações tanto positivas quanto negativas ele é capaz de criar
estratégias para atuar de forma a minimizar estes comportamentos.
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