documento protegido pela lei de direito autoral · 9 capÍtulo i previdÊncia social 1.1 –...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
Por: Fábio Alves Paz
Orientador
Profª. Ana Cláudia Morrissy
Rio de Janeiro
2013
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito
parcial para obtenção do grau de
especialista em Finanças e Gestão
Corporativa.
Por: Fábio Alves Paz
3
AGRADECIMENTOS
Aos amigos que ajudaram a tornar
realidade este trabalho e a minha
família que acompanhou todos os
passos desta vitória com força, amor e
carinho.
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DEDICATÓRIA
A minha esposa Cristiane, ao filhão
Guilherme e a filhona Giovanna pelo
amor incondicional e ao amigo/irmão
Ricardo Kappel o maior incentivador
desta etapa da minha vida.
5
RESUMO
O tema desta pesquisa volta-se aos planos de Previdência
Complementar, destinados a preencher as lacunas existentes no sistema
público de previdência brasileira.
O objetivo é comparar os planos de Previdência Complementar
existente no país.
O estudo aborda o crescente déficit na Previdência Oficial, assim como,
efetua uma apreciação do sistema privado. A comparação no estudo do caso
visa demonstrar as principais características e vantagens dos planos de
Previdência Complementar.
Para obter o objetivo proposto foram utilizados estudos e regulamentos
com ênfase na Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil que
chamaremos de PREVI.
Ao final deste estudo, é possível concluir que o plano de Previdência
Complementar fechado é a melhor opção, dentro do cenário apresentado.
Palavras-chave: Previdência Complementar. Previdência Privada.
Planos Fechados de Previdência Complementar.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada é basicamente pesquisa bibliográfica. Foram
consultados livros, artigos em revistas e sites ligados a área. Depois da coleta
de todos os dados, os mesmos foram analisados adequadamente e seguiu-se
a redação monográfica.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – PREVIDÊNCIA SOCIAL 9
CAPÍTULO II – PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 23
CAPÍTULO III – PLANEJANDO A APOSENTADORIA 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO 46
ANEXOS 48
BIBLIOGRAIFA CONSULTADA 55
BIBLIOGRAFIA CITADA 56
ÍNDICE 57
FOLHA DE AVALIAÇÃO
8
INTRODUÇÃO
O constante déficit apresentado pela previdência oficial os trabalhadores e
as empresas têm buscado cada vez mais, a complementação de renda
através da previdência complementar.
Este distanciamento do Estado da sustentabilidade do Sistema Público de
Previdência faz com que o papel de pensar na renda complementar passe
gradualmente a ser responsabilidade do cidadão.
Neste contexto, este estudo procura mostrar a importância que as Entidades
de Previdência Complementar têm para o futuro do país, englobando
noções sobre sua estrutura, modalidades disponível no mercado brasileiro,
com enfoque, principalmente, na demonstração de um plano de previdência
complementar fechado.
9
CAPÍTULO I
PREVIDÊNCIA SOCIAL
1.1 – INTRODUÇÃO
A previdência representa a eterna busca humana por segurança. E tem
sido construída a partir de situações concretas, que os povos têm vivido
desde o fim do modelo de previdência vigente na sociedade pré-capitalista,
num modelo econômico que era baseado na terra, na estratégia da
autossuficiência e numa estrutura familiar ampla. Isto é, os próprios
segmentos sociais foram capazes, através de laços de família e de amizade,
de concretizar laços de solidariedade social e de assistencialismo. A
previdência era função da família e em menor escala da caridade religiosa
ou social.
À medida que o capitalismo se impõe como estrutura dominante, a
sociedade transfere-se do campo para a cidade, a família se reconfigura
diminuindo seu raio de abrangência e o número de filhos, ao mesmo tempo
em que as transferências intrafamiliares se reduzem. Com a nova forma de
organização social desapareceu a antiga forma de previdência. “En efecto,
La Seguridad Social, tal y como la conocemos actualmente, no se há
formado por generación espontánea, sino que es el resultado de una larga
evolución histórica.” 1 A industrialização, a urbanização, o assalariamento, o
pauperismo e o desamparo levaram ao surgimento dos modernos sistemas
públicos de previdência: “A maioria dos países adotou “programas sociais”
destinados a proteger, no mínimo, uma parte dos seus cidadãos, das
vicissitudes da vida moderna causadas por perturbações sociais próprias do
desenvolvimento econômico e da modernização “2.
1 Molina, Maria Dolores Gonzáles – Nacimiento y Evolucion de La Seguridad Social – www.finteramericana.org/Historia/prevision. 2 Malloy, James M. Malloy, Política de Previdência Social no Brasil, p.11
10
E aqui cabe ressaltar a importância e a universalidade do tema
previdência na vida das pessoas e seus impactos políticos, econômicos e
sociais para todos os países. Analisar esta complexidade significa entender
mais claramente como se processam as relações legais e de circulação da
riqueza entre determinados grupos sociais. Desta forma, o problema da
proteção social estava ligado fundamentalmente à garantia da ordem
pública, à tranquilidade e à estabilidade sociais.
Direitos sociais, universalidade nos benefícios, sociedade mais
igualitária e justiça social foram alguns dos requisitos básicos adotados
pelos sistemas públicos de previdência. Os sistemas universalistas
promovem igualdade de status na medida em que os indivíduos possuem
direitos semelhantes e independentes de classe ou posição no mercado.
Entretanto, os sistemas de previdência social podem exacerbar as
desigualdades existentes.
A forte crise que vem atingindo os sistemas de previdência pública em
vários países tornou urgente o equacionamento da questão previdenciária,
um dos grandes desafios políticos e administrativos dos atuais governos. A
partir do início da década de 80, o Banco Mundial passou a incluir a reforma
previdenciária em seus estudos e políticas. O estudo do Banco Mundial,
cuja preparação demorou vários anos, foi publicado em 1994 e foi intitulado
Envelhecimento sem Crise: Políticas para a Proteção dos Idosos e
Promoção do Crescimento. O documento defende a tese de que tanto no
plano social como no econômico os sistemas públicos de aposentadoria têm
fracassado. O Banco Mundial recomenda a instituição de um sistema de
três pilares. Primeiro pilar, obrigatório: um sistema público de assistência,
financiado por impostos, e encarregado de pagar uma quantia mínima por
velhice, fixada em um valor baixo. Segundo pilar, obrigatório: o centro do
sistema repousa sobre as poupanças individuais financiadas por
contribuições obrigatórias e geridas por instituições à escolha do
assalariado. Terceiro pilar, facultativo: a poupança individual permite a cada
um complementar, como quiser os pilares obrigatórios.
11
Porém, os sistemas previdenciários não devem ter como preocupação
fundamental os impactos que eles possam ter sobre a macroeconomia. Seu
objetivo primário é criar mecanismos que garantam renda à população idosa
ou incapaz para o trabalho. Assim, as metas tradicionais dos sistemas de
seguridade social tinham, no passado, um caráter essencialmente social:
manutenção da renda na velhice, assistência em casos de invalidez e em
casos de morte, solidariedade intrageracionais, etc. Economistas realizavam
algum trabalho na área, embora as questões macroeconômicas não fossem
dominantes. As crises econômica e previdenciária nos países em
desenvolvimento, durante os anos 80 (particularmente na América Latina),
combinadas com programas de ajuste estrutural patrocinados por
organismos financeiros internacionais (Banco Mundial e FMI), despertaram
seu interesse em relação à seguridade social, quando, então, os
economistas começaram a ter um papel cada vez mais significativo. Porém,
o papel da previdência social numa sociedade moderna pode ser tão
importante como qualquer um dos seus possíveis efeitos econômico.
1.2 – UM BREVE HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA
“Nos últimos anos, a Previdência Social tem passado por profundas
modificações, visando corrigir distorções e injustiças e assegurar a sua
viabilidade econômico-financeiro-atuarial no curto e longo prazo. O ápice
desse processo foi a aprovação da Reforma Constitucional (Emenda
Constitucional nº20, de 1998), que modificou o sistema previdenciário
brasileiro.
Como consequência da promulgação da Emenda Constitucional nº20,
de 1998, foi aprovada pelo Congresso Nacional, a Lei nº 9.876, de 26 de
novembro de 1999, que alterou a regra de cálculo do valor dos benefícios e
introduziu, no sistema previdenciário, uma série de outras inovações, com o
objetivo de estreitamento entre contribuições e benefícios, equalização de
contribuições, simplificação e ampliação da cobertura do sistema.
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A nova regra amplia gradualmente o período de contribuição computado
para efeito de cálculo do valor dos benefícios e institui o fator previdenciário,
que leva em consideração a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de
contribuição do segurado no momento da aposentadoria, introduzindo, pela
primeira vez na história da Previdência, critérios atuariais no cálculo do
benefício.
Entre as demais inovações trazidas pela Lei nº 9.876, de 1999,
destacam-se a homogeneização das categorias de segurados; a
universalização da cobertura do salário-maternidade; o pagamento do
salário-família condicionado à comprovação da frequência do filho à escola;
o tratamento diferenciado entre o contribuinte sonegador e o inadimplente; a
eliminação gradual da escala de salários-base para o contribuinte individual.
Trata-se de medidas importantes, com o objetivo de criar incentivos para a
incorporação de trabalhadores por conta própria à Previdência Social, de
forma que esta cumpra o seu papel de proteger todos aqueles que
trabalham. ”3
Do ponto de vista dos benefícios, o mesmo processo progressivo se
verificou. No início apenas concedendo-se pensão por falecimento, para
culminar com uma ampla variedade de benefícios – aposentadoria em
diversas modalidades, pensões por morte e invalidez e auxílios diversos.
Quanto ao financiamento, é o regime de capitalização a marca
preponderante do início da previdência no Brasil, sendo o regime de
repartição simples instituído na década de 30, quando se buscaram os
primeiros passos para uma maior abrangência do sistema previdenciário.
Deste processo tortuoso resultou um emaranhado de leis, configurando
no campo jurídico uma área especializada, que é o Direito Previdenciário.
3 Waldeck Ornélas – Ministério de Estado da Previdência e Assistência Social – Março/2000: A Nova Previdência: perguntas & respostas . – Brasília : MPAS.
13
A literatura sobre a Previdência Social assume como marcos histórico as
seguintes datas:
* 1923, com a Lei Elói Chaves, que permitiu a criação das Caixas de
Aposentadorias e Pensões;
* 1977, com a Lei 6.435, que instituiu a Previdência Complementar;
* 1988, com a Constituição Federal, que universaliza a Previdência Social;
* 1998, com a EC 20, que institui o Regime Próprio de Previdência Social –
RPPS – capitalizado para os servidores titulares de cargo efetivo;
* 1999, com a Lei 9.876, que introduz o fator previdenciário e altera a base
de cálculo dos benefícios programados no Regime Geral de Previdência
Social – RGPS;
* 2003, com a apresentação da PEC 40, que extingue a capitalização
compulsória do RPPS e aproxima esse sistema do RGPS.
Para se ter um pequeno retrospecto dessa história, vejamos o que relata
o artigo abaixo:
“A constituição do sistema previdenciário brasileiro seguiu de forma
geral, a trajetória dos sistemas criados nos países desenvolvidos,
principalmente os europeus. No início, o sistema baseou-se, principalmente,
no conceito de seguro, pelo qual o indivíduo contribui e tem direito a um
benefício diretamente relacionado ao valor da contribuição.
Progressivamente, foi-se adotando o conceito de previdência enquanto
sistema redistributivo e assistencial, o que correspondeu a uma mudança do
regime de capitalização para o de repartição simples, com a consolidação
de sua forma pública.
O primeiro grande marco da previdência social no Brasil foi a criação
das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) por categoria profissional
ou de empresas, a partir da Lei Elói Chaves, de 1923. Neste ano, o Decreto
4.682 determinou a formação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para
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os empregados da cada empresa ferroviária. Em 1926, foi a vez dos
Portuários. No ano de 1928, foi criada a caixa para os trabalhadores dos
serviços telegráficos e radiotelegráficos; em 1930, dos servidores de Força,
Luz e Bondes; em 1931, dos demais serviços públicos explorados ou
concedidos pelo poder público; e entre 1932 e 1934, dos trabalhadores das
empresas de mineração e transporte aéreo.
Em 1937 havia 183 Caixas de Aposentadorias e Pensões instaladas no
País. A principal característica do sistema de caixas de aposentadoria era
ter como cliente a categoria profissional ou os trabalhadores de uma
empresa.
O financiamento do sistema era feito pelos empregados, pelas
empresas e pelos Governos. Embora sua criação e funcionamento fosse
objeto de regulação do Estado, o mesmo tinha capacidade de fiscalização
restrita. Além disso, funcionavam em regime de capitalização. Essa forma
de organização revela que as caixas de aposentadorias baseavam-se no
conceito de previdência enquanto seguro.
Ao longo dos anos 30, o sistema das caixas começou a ser substituído
pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), autarquias
centralizadas no governo federal e supervisionadas pelo Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio. Os Institutos eram de âmbito nacional e sua
filiação seguia a categoria profissional, definida com base na atividade
genérica da empresa. Entre 1933 e 1945 foram criados seis IAPs:
industriários; marítimos e transportes de carga; bancários; comerciários;
estiva e servidores do Estado. Os IAPs, além de prover aposentadorias e
pensões, garantiam a prestação de assistência médica a seus filiados e
dependentes.
A criação dos IAPs representou um primeiro passo em direção a um
maior nível de abrangência do sistema de proteção. Entretanto ainda
ficavam de fora os trabalhadores rurais, os de setor informal urbano e os
15
autônomos. Além disso, muitos assalariados do próprio setor informal
urbano não eram assistidos por não exercerem profissão nos ramos de
atividade contemplados pelos institutos.
No que diz respeito ao financiamento, os IAPs evoluíram para o regime
de repartição simples pela pressão dos gastos públicos crescentes. No
início de funcionamento do sistema de lógica de repartição simples, como
havia um número relativamente pequeno de beneficiários, foram concedidas
pensões generosas, além de utilizar o superávit do sistema para outros fins
que não acumulação de um lastro atuarial, sem que se levassem em conta
as implicações disto no equilíbrio financeiro do sistema previdenciário a
longo prazo.
A tentativa de solucionar o problema culminou, em 1960, na
promulgação da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) –
estabelecendo a uniformização dos planos de benefícios, embora mantendo
intacta a estrutura fragmentada do sistema – que lançou as bases para a
unificação da previdência com a criação de um esquema geral de
funcionamento e financiamento único para os seis IAPs existentes.
Em 1964 foi criada uma Comissão Interministerial para a reformulação
da Previdência Social e em 1966 o decreto – lei 72, de 21/11/1966, extinguiu
os IAPs, fundindo suas antigas estruturas no Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), vinculado ao Ministério do Trabalho e
Previdência Social.
Com isso, inaugurou-se uma nova fase, caracterizada pela extensão dos
serviços a categorias ainda não cobertas, os seguros relacionados a
acidentes de trabalho passaram, também, a fazer parte do novo arcabouço
jurídico e institucional da previdência social.
O INPS passou a ser responsável pelas aposentadorias, pensões e
assistência médica de todos os trabalhadores do mercado formal e seus
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dependentes. A única condição de acesso era a contribuição do empregado
e empregador. Em 1974 foi criado o Ministério da Previdência e Assistência
Social. Por esta época a abrangência do sistema já tinha aumentado
significativamente, atendendo aos trabalhadores urbanos - mercado formal -
e rurais, e aos autônomos e empregadores.
Em 1977, a Lei 6.439 criou o Sistema Nacional de Previdência e
Assistência Social (SINPAS) e o INPS foi desmembrado em três institutos: o
Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (IAPAS),
destinado a administrar e recolher recursos do INPS; o INPS que ficou
restrito aos benefícios previdenciários e assistenciais; e o Instituto Nacional
de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), destinado a
administrar o sistema de saúde.
A constituição de 1988 representou um momento importante na
evolução do sistema de proteção social brasileiro: a partir de mudanças
introduzidas, os benefícios e serviços prestados pela previdência, bem como
pela saúde, assistência e seguro-desemprego, passaram a ser partes
integrantes de uma ampla proteção garantida sob o conceito de Seguridade
Social.
Entre as principais mudanças introduzidas, destacam-se a elevação do
piso dos benefícios para um salário mínimo; a eliminação das diferenças
entre indivíduos rurais e urbanos em relação aos benefícios; e o direito de
ingresso de qualquer cidadão ao sistema, mediante contribuição, o que
completou o processo de universalização iniciado em 1967, com a
substituição do princípio do mérito pela cidadania.
Os novos direitos promulgados pela Constituição de 1988 foram
consolidados na Lei Orgânica da Seguridade Social (Lei 8.212, de 1990) e
no Plano de Custeio da Seguridade Social (Lei 8.213, de 1990). Essas duas
leis foram regulamentadas pelos Decretos 611 e 612, de 1992,
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respectivamente. Ainda em 1990, o INPS passou a se denominar INSS –
Instituto Nacional de Seguridade Social, tendo sido fundido com o IAPAS “.
A LOPS representou, na prática, a cobertura potencial de todos os
trabalhadores urbanos, com exceção dos empregados domésticos e
ministros religiosos – ambos incluídos somente em 1972, os primeiros de
forma compulsória e os outros de forma facultativa.
O INPS unificava a estrutura anterior, deixando de fora apenas o
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado (IPASE).
Esse instituto foi extinto nos anos 80 e suas estruturas de assistência
médica foram incorporadas ao sistema de proteção social, além das
relacionadas à proteção do trabalhador desempregado (seguro-
desemprego).
No que se refere especificamente à previdência para os servidores
públicos, é importante destacar que o princípio básico da concepção que
justificou o surgimento de tratamento diferenciado para esta camada de
trabalhadores em relação aos demais segurados da previdência pública é a
cultura patrimonialista do Estado. Dentro da visão de que o servidor público
é patrimônio do Estado e, portanto, compete ao próprio Estado suprir todas
as suas necessidades – inclusive a aposentadoria – é que surgiram regimes
previdenciários não contributivos e que asseguravam aposentadoria integral.
Assim, amparados nesse diferencial, a previdência dos servidores
públicos evoluiu para modelos mais amplos, através dos quais as
contribuições dos segurados aconteciam apenas para financiar benefícios
adicionais, como pensões ou diversas modalidades de auxílios e até
mesmo benefícios assistenciais, como por exemplo, a assistência à saúde.
Esta característica perdurou até o momento em que a EC 20/98, impõe os
princípios contributivos e de equilíbrio financeiro e atuarial para os Regimes
Próprios de Previdência Social, restringindo-se, ainda, aos servidores
titulares de cargo efetivo.
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1.3 – REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
A Previdência Social brasileira, após a aprovação da Emenda
Constitucional 20, de 16/12/98, é composta por três regimes: Regime Geral
de Previdência Social – RGPS, os Regimes Próprios de Previdência Social –
RPPS e o Regime dos Militares, federais – RM. Além deles, existe a
previdência complementar, por meio de entidades abertas, fiscalizadas pela
SUSEP (Superintendência de seguros Privados) e fechadas de
Previdência, fiscalizadas pela SPC – Secretaria de Previdência
Complementar.
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No Brasil há regras previdenciárias diferentes entre os trabalhadores do
setor privado e uma categoria específica de servidor público, o servidor
público de cargo efetivo.
Os trabalhadores do setor privado se submetem às regras do Regime
Geral de Previdência Social (RGPS), gerido pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).
Os servidores públicos estão divididos em três categorias: empregados
públicos, servidores temporários e servidores de cargo efetivo. Os
servidores das duas primeiras categorias – empregado e servidor temporário
– fazem parte do RGPS. Os de cargo efetivo, por sua vez, estão
enquadrados em sistemas específicos, os Regimes Próprios de Previdência
Social – RPPSs, da União, estados, Distrito Federal e municípios. Na
hipótese dos entes públicos não instituírem RPPSs, todos os seus
servidores, mesmo os de cargo efetivo, são enquadrados no RGPS.
É importante ressaltar que a Previdência Complementar sempre guarda
uma relação com a previdência pública. Quando o trabalhador assalariado
ou o profissional liberal demonstra interesse em Previdência Complementar,
é notório que está havendo insuficiência nos proventos de aposentadoria
oferecido pela previdência oficial. Por isso a importância de se fazer uma
abordagem que se considere a relação entre estas duas formas de
previdência e seus impactos do ponto de vista sociológico, econômico ou
cultural, na constituição de grupos sociais distintos, os quais conformam
interesses previdenciários específicos.
A previdência oficial, ao instituir um valor-teto de benefícios de
aposentadoria, acaba formando duas camadas sociais que se relacionam
com a Previdência Complementar de maneiras distintas: a) um grupo de
aposentados que recebe da aposentadoria oficial valor semelhante a sua
renda enquanto na ativa;
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b) um grupo de aposentados, cuja aposentadoria oficial é significativamente
menor que a renda percebida enquanto na ativa.
Para os membros do primeiro grupo a propensão para se buscar algum
complemento de renda de aposentadoria é baixa, ou quase nula, seja
porque os benefícios de aposentadoria pública lhes permitirão a
manutenção do seu poder aquisitivo, seja em razão dos seus baixos
salários, que os incapacitam a suportar a prática de estocar recursos para o
futuro.
Já os membros do segundo grupo, caso se interessem por um futuro no
qual o padrão de vida se aproxime do atual, serão compelidos a acionar
alguns dos mecanismos de mercado para garantir algum complemento
sobre a renda oferecida pela previdência pública.
Isto pode ser feito através de ações individuais efetuadas ao longo do
tempo, visando obter rendimentos futuros, seja no sistema financeiro com
aplicações em cadernetas de poupança, fundos de investimentos e etc.,
visando ganhos de juros, seja no mercado imobiliário, comprando terrenos
ou construindo imóveis, visando renda de aluguel, seja em outras atividades
ou ativos que proporcionem renda futura.
Está claro, pois, que quanto menor o valor-teto de benefícios da
previdência pública maior será a propensão dos indivíduos a recorrerem ao
mercado para obtenção de rendas complementares.
1.4 – FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO SEGURO PREVIDENCIÁRIO
Os sistemas previdenciários são classificados quanto à sua forma de
organização em: repartição simples, capitalização, misto ou capitalização
escritural.
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O sistema de repartição simples está fundamentado num modelo onde
os recursos recolhidos dos contribuintes atuais são destinados a cobrir os
gastos com os aposentados de hoje. É um pacto social entre gerações, em
que os ativos financiam os inativos. Entre os países que adotam este
sistema tem-se Brasil, Estados Unidos, França, Alemanha e Espanha.
Dessa forma, toda a receita previdenciária adquirida no ano é utilizada para
o pagamento dos benefícios, não existindo acumulação de reservas que
possam ser utilizadas no futuro.
No regime de repartição, os benefícios a serem pagos aos atuais
contribuintes, quando futuramente passarem à condição de inativos, estarão
garantidos pelas contribuições das futuras gerações de trabalhadores.
Para que este sistema se mantenha equilibrado é necessário que se
tenha, ao longo do tempo, uma relação estável entre o número de
contribuintes e beneficiários.
O regime de capitalização está baseado na ideia de poupança
individual. Nele, cada segurado realiza contribuições que são depositadas
numa conta específica e acumuladas ao longo da vida ativa do trabalhador.
Assim o segurado, no momento da aposentadoria, terá direito de receber de
volta o montante que contribuiu para o sistema, acrescido dos rendimentos
do capital.
Como exemplo de país que adota o sistema de capitalização tem-se o
Chile.
O sistema misto de previdência é uma combinação entre os regimes de
repartição simples e de capitalização.
Existe um pilar básico da previdência, ou seja, um valor máximo para o
benefício, organizado de acordo com as regras de um sistema de repartição
simples.
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Para os trabalhadores que recebem acima do limite estabelecido para o
pilar básico há uma previdência complementar obrigatória, estruturada num
sistema de capitalização. Argentina e Uruguai são exemplos de países que
adotam o sistema misto para organizar o seguro previdenciário oferecido
pelo Estado.
A capitalização escritural é um sistema onde os ativos financiam os
inativos – regra do sistema de repartição simples – porém, a aposentadoria
de cada indivíduo é calculada com base nas suas próprias contribuições –
regra do sistema de capitalização.
Na Suécia e na Itália a previdência social organiza-se com base na
capitalização escritural.
A reforma da previdência no Brasil manteve o regime de repartição
simples puro. Entretanto, a nova fórmula de cálculo da aposentadoria, ao
determinar que as aposentadorias sejam calculadas com base nas 80%
maiores remunerações do segurado e ajustadas pela alíquota e expectativa
de sobrevida, introduz no sistema previdenciário brasileiro princípios que
regem o sistema de capitalização escritural.
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CAPÍTULO II
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
2.1 – INTRODUÇÃO
A Previdência Complementar surgiu no Brasil a partir da necessidade
que as empresas perceberam em manter o nível de renda dos trabalhadores
no fim de sua atividade laboral, em complemento aos benefícios pagos pela
Previdência Social.
Segundo livro publicado pela ABRAPP (2005) a poupança previdenciária
privada surgiu no Brasil por iniciativa das empresas estatais utilizando os
fundos de pensão como ferramenta de sua política de recursos humanos,
visando atrair e reter talentos. Na década de 1970, empresas multinacionais
que começavam a chegar ao Brasil trouxeram a cultura dos Fundos de Pensão
existente em seus países de origem.
Neste período, não existia qualquer legislação no Brasil que
regulamentasse o sistema de Previdência Complementar, porém algumas
empresas, diante de tal carência, já registravam em seus balanços contábeis
os passivos destinados a arcar com os benefícios futuros de aposentadoria
complementar a seus funcionários.
Visando dotar o sistema de normas próprias, em 15 de julho de 1977, foi
promulgada a Lei nº 6.435/77, marco inicial da regulamentação do segmento
de Previdência Complementar no Brasil. O Decreto nº 81.240, de janeiro de
1978 regulamentou a Lei nº 6.435/77 para as entidades fechadas de
Previdência Complementar. As entidades abertas de previdência
complementar foram regulamentadas pelo do Decreto nº 81.402, de 23 de
fevereiro de 1978.
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Em 30 de maio de 2001, foi sancionada pelo Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso, a Lei Complementar nº 109/2001 que revogou a
Lei nº 6.435/77 como marco legal para a Previdência Complementar, ditando
as regras gerais que passaram a nortear o funcionamento e o desenvolvimento
do sistema de Previdência Privada no Brasil, tanto o aberto quanto o fechado.
A nova lei enfatiza tanto os aspectos da fiscalização exercida pelo Estado
como o pleno acesso de participantes e assistidos às informações relativas à
gestão dos respectivos planos de benefícios, regulamentando o disposto no
artigo 202 da Constituição Federal:
O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado
de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será
facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício
contratado, e regulado por lei complementar.
As entidades de Previdência Complementar têm por objeto instituir
planos privados de concessão de pecúlios ou de rendas e de benefícios
complementares ou assemelhados aos da previdência social, mediante
contribuição de seus participantes, dos respectivos empregadores ou de
ambos. O interesse maior, quando suplementa ou complementa, tanto quanto
o da previdência oficial é oferecer renda permanente de subsistência ao
trabalhador. Para Allen et al. (1994, p. 2), esse conceito pode ser vislumbrado
no art. 1º da Consolidação das Leis da Previdência Social (CLPS): tem por fim
assegurar aos seus beneficiários os meios indispensáveis de manutenção, por
motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, encargos
familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente,
bem como serviços que visam à proteção da sua saúde e concorrem para o
seu bem-estar.
Tosta de Sá faz o seguinte comentário sobre a previdência
complementar:
25
“Considerados os motivos ante-expostos que, em qualquer sistema de
previdência oficial, limita o teto máximo dos benefícios a um valor apenas
modesto, entende-se o porquê da expressão dos programas de previdência
privada supletiva em todo o mundo. Esse sistema regulamentado no Brasil pela
Lei 6.435 de 15/07/77 criou as Entidades de Previdência Privada, instituições
com o objetivo de constituir planos privados de concessão de pecúlio ou de
rendas, de benefícios complementares ou assemelhados àqueles da
previdência social oficial.”4
Com base nos relatos de Tosta de Sá, fica claro o conceito de
Previdência Complementar: um sistema de complemento ou suplemento dos
benefícios oferecidos pela previdência oficial, administrado por entidades de
previdência privadas.
Segundo Weintraub (2004), as entidades de Previdência Complementar
devem ser classificadas, de acordo com a relação entre a entidade e os
participantes, em fechadas e abertas. As Entidades Fechadas de Previdência
Complementar (EFPC) são acessíveis aos empregados empresas ou grupo
empresarial às quais serão denominadas patrocinadores. As EFPC podem ser
também instituídas por sindicatos ou por associações classistas que, nesse
caso, são denominados instituidores. As Entidades abertas de Previdência
Complementar (EAPC) são franqueadas a qualquer participante, independente
de vinculo laboral ou associativo.
As EFPC são regulamentadas pelo Conselho de Gestão da Previdência
Complementar e fiscalizadas pela Secretaria de Previdência Complementar. Já
as EAPC seguem os preceitos legais emanados pela Superintendência de
Seguros Privados. Nesta modalidade de previdência complementar podem
existir dois tipos de classificação:
a) as entidades com fins lucrativos (organizadas juridicamente como
sociedades anônimas);
5 Tosta de Sá, 1993, P.4
26
b) entidades sem fins lucrativos (organizadas juridicamente como
sociedades civis ou fundações).
Os planos de previdência podem ser abertos ou fechados. As entidades
fechadas (EFPP´s – Entidades Fechadas de Previdência Privada), que
administram os planos fechados, como o próprio nome já anuncia, são de
adesão restrita aos funcionários da empresa ou grupo de empresas
patrocinadoras ou das instituidoras (Associações de Classe e Sindicatos). As
Entidades Fechadas, são necessariamente sem fins lucrativos, funcionam sob
a tutela da PREVIC – ex-Secretaria da Previdência Complementar (do
Ministério da Previdência e Assistência Social). As Entidades Abertas (EAPP´s
– Entidades Abertas de Previdência Privada) são regulamentadas pela Susep
e são acessíveis tanto a pessoas físicas quanto jurídicas.
O Sistema de Previdência Privada no Brasil:
27
Destaca-se ainda que os Fundos de Aposentadoria Programada
Individual – FAPI´s por não serem encarados como Entidades Abertas de
Previdência Complementar (EAPC´s) são taxados de IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) nos resgates efetuados em períodos menores de um
ano após a aplicação inicial. Portanto, a análise dos Produtos individuais é
focada nos produtos oferecidos via Entidade Aberta: os PGBL´s e os VGBL’s.
2.2 - MODALIDADES E PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA
A partir do momento em que a previdência social fixou o teto máximo de
remuneração de um aposentado, tornou um investimento muito lucrativo
garantir uma renda extra que proporcionasse a mesma qualidade de vida após
o tempo de serviço.
Contudo, o intenso crescimento do mercado previdenciário no Brasil fez
com que surgissem diversos tipos de planos, que oferecem vários benefícios
aos participantes, deixando-os à vontade para a escolha de qual melhor
atende as suas necessidades.
De acordo com o art. 26 da Lei Complementar 109, às EAPP’s foram
instituídos planos de benefícios individuais e coletivos, que tendem a atender
tanto pessoas físicas como jurídicas, vinculadas diretamente ou não à empresa
prestadora do serviço.
Por isto descreveremos as modalidades de planos previdenciários
complementares mais utilizados pelo mercado financeiro, oferecidos tanto
pelas entidades fechadas, quanto pelas entidades abertas.
28
ENTIDADES FECHADAS
2.2.1 - BENEFÍCIO DEFINIDO – BD
Neste plano o valor das prestações é previsto, ou seja, o participante
contribui hoje sabendo exatamente quanto irá receber quando se aposentar, o
valor das prestações reflete o montante do benefício.
Aqui, a entidade de previdência assume o compromisso de pagar os
benefícios predeterminados e o participante em quitar as mensalidades
definidas pela organização, perante um tempo de carência.
Para saber como será a remuneração, o saldo ocorre perante a seguinte
fórmula: a média salarial do trabalhador vezes a quantidade de anos
contribuídos para os planos de entidade fechada.
De acordo com a SUSEP, o participante pode requerer aposentadoria
vitalícia, após o cumprimento de certas carências, como tempo de contribuição
ou limite de idade.
Esta modalidade é adotada pelas entidades patrocinadas por empresas
públicas, e as onera bastante, pois seu custo é infinitamente superior. Por isto,
gradativamente, ele está sendo substituído por planos mais modernos.
Segundo Weintraub (2003), o ônus recai sobre as entidades que são
responsáveis pela rentabilidade dos recursos, quando o montante acumulado
pelo participante não é suficiente para lhe garantir o valor da aposentadoria
contratada.
2.2.2 CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA – CD
No plano de Contribuição Definida a empresa responsabiliza-se pelo
pagamento dos benefícios pré-determinados e o participante em pagar as
mensalidades definidas pela organização durante determinado período.
29
Para Weintraub (2003, p. 115): o participante não sabe qual será o seu
benefício à época da sua aposentadoria, exigindo apenas uma projeção teórica
de benefício futuro, onde se define uma contribuição que provavelmente
atenda às reservas para este benefício, se todas as condições contratuais
forem cumpridas.
Desta forma, o valor do benefício será calculado conforme as reservas
acumuladas pelo contribuinte ao final do período, constituindo um fundo
previdenciário de acordo com a disponibilidade de cada indivíduo.
Segundo a SUSEP, a vantagem para empresas que adotaram ou adotam este
regime é a eliminação de riscos de insolvência frente às patrocinadoras, e os
participantes são os maiores interessados e fiscalizadores dos gestores, já que
o valor de seu benefício irá depender basicamente da rentabilidade e gestão
das contribuições.
Comparando-o com o Benefício Definido existem vantagens, tais como
a individualidade assumida pelo plano ao empregado; melhor integração com
benefícios básicos; os fundos realizados por ocasião da invalidez ou morte,
que são os mais bem utilizados.
Entretanto, este plano não propicia garantia contra a inflação. Os riscos
são assumidos pelo empregado, enquanto que o outro repassa ao
empregador; o valor dos benefícios varia em termos de tempo de contribuição,
oscilando conforme a idade do participante e o período de contribuição, quanto
maior melhor.
Como este plano resulta do período de acumulação de capital, é
recomendado para quem deseja formar uma poupança, enquanto que o
benefício definido é focado para a previdência.
A capacidade contributiva é decisiva na escolha de um ou de outro, não
sendo aconselhável o plano de contribuição definida, em países de baixa
30
poupança, má distribuição de rendas/riquezas e ausência de poder
contributivo.
A maioria das fundações está migrando seus participantes para essa
modalidade, pois seu custo para as patrocinadoras é menor. Caso o
participante queira obter um benefício de valor superior, cabe a este fazer
aportes programados, visando o aumento de suas reservas, e
consecutivamente de seus benefícios.
ENTIDADES ABERTAS
2.2.3 - PLANO GERADOR DE BENEFÍCIOS LIVRES (PGBL)
O Plano Gerador de Benefícios Livres surgiu no mercado financeiro em
novembro de 1997, conforme a Resolução CNSP 06/97, com a finalidade de
conceder benefícios previdenciários, pagável de uma única vez ou sob forma
de renda, as pessoas físicas vinculadas ou não a uma pessoa jurídica.
É um dos produtos mais procurados no país, devido a sua principal
característica que é o repasse integral dos rendimentos obtidos durante a fase
de acumulação ao participante, o que não acontece com os demais planos.
O PGBL é um plano bastante flexível, pois o associado pode escolher a
periodicidade e o volume de contribuição. É permitido realizar um aporte maior
quando houver disponibilidade para tal, e diminuir ou até suspender as
contribuições durante um período, sem perda de rendimento.
Tanto o resgate como a transferência para outro fundo ou
Entidade/Seguradora pode ocorrer a qualquer momento de uma parte dos
ativos ou de sua totalidade, depois de um prazo mínimo de carência de 60 dias
a partir da data do primeiro depósito.
31
No lugar de uma rentabilidade mínima como é proposto pelas entidades
de previdências complementares, este plano oferece ao investidor o direito de
escolha da aplicação conforme o seu perfil. O sucesso no ganho irá depender
do plano escolhido, da capacidade do administrador em gerir os recursos e das
tendências da economia do país.
Cabe ao participante, conforme SUSEP, os seguintes custos para a
manutenção: taxa administrativa sobre cada contribuição, oscilando entre 1,5%
a 5% ao ano, e a taxa de carregamento que varia de 1% a 5% sobre o
montante do fundo.
Para compreensão, a taxa de administração funciona da mesma forma
que nos fundos, utilizada para remunerar o gestor da carteira. Mas a taxa de
carregamento é um conceito distinto, de cada R$ 1,00 contribuído ao plano,
apenas uma parte é efetivamente investida; a outra é usada para arcar com os
custos da empresa. Portanto, 1% equivale a investir R$ 0,99.
É ofertado por bancos, seguradoras ou empresas de previdência
complementar, regulamentado pela Superintendência de Seguros Privados,
administrado por uma empresa especializada na gestão de recursos de
terceiros e fiscalizado pelo Banco Central.
Tem como vantagens a possibilidade de se optar, já quando da adesão
ao plano, pela idade de quando se começará a receber o rendimento investido.
E a outra, está no direito que o beneficiário tem de descontar até 12%, do
Imposto de Renda, as contribuições feitas ao longo do ano. Entretanto, quando
ocorrer o resgate, haverá incidência, sobre o valor total resgatado, conforme
tabela regressiva do IR.
O pagamento deste benefício ao participante pode ser realizado de
quatro formas: por meio de renda vitalícia, renda temporária, renda vitalícia
reversível a um beneficiário e renda vitalícia com prazo mínimo garantido.
32
2.2.4 - PLANO VIDA GERADOR DE BENEFÍCIOS LIVRES (VGBL)
Este é um plano similar ao PGBL, foi lançado em julho de 2001, de
acordo com a Instrução SUSEP n° 28. É uma modalidade de plano
previdenciário que dá ao participante a opção de resgatar em vida, uma parte
ou a totalidade do montante aplicado de seus rendimentos, após um período
de carência que varia de seis meses a um ano (BOM ÂNGELO, 2002).
Foi confeccionado nos mesmos moldes do PGBL, ou seja, os recursos
de cada participante também são aplicados em um Fundo de Investimento
Financeiro Exclusivo. Não possui garantia de remuneração mínima, o
investimento pode ter retorno negativo.
Conforme a ANAPP (www.anapp.com.br), o participante deste plano
pode portar e transferir seus recursos a qualquer momento, sem a
necessidade de pagar por custos adicionais.
Mas a lei não permite a transferência na fase de recebimento do
benefício. Basta apenas respeitar o período de carência determinado pela
gestora.
Nesse tipo de produto, a taxa de carregamento é de até 5% mensal. É
comercializado por seguradoras, bancos e empresas de previdência
complementar, regulamentado pela SUSEP e fiscalizado pelo Banco Central.
A principal diferença entre PGBL e VGBL está na forma como é cobrado o
Imposto de Renda, uma vez que não conta com os mesmos incentivos fiscal
do FAPI e do PGBL. As contribuições realizadas pelo participante não podem
ser deduzidas da base de cálculo do Imposto de Renda.
Entretanto, a aplicação do participante não é tributada no momento do
resgate ou do recebimento do benefício, apenas há a incidência do IR sobre os
rendimentos do fundo durante a fase de acumulação dos recursos. Ou seja, a
33
aplicação quando é resgatada sai com o Imposto de Renda pago, e o
participante necessita apenas realizar o pagamento sobre o ganho.
Este plano é mais indicado a autônomos, profissionais liberais,
indivíduos que trabalham com economia informal, pessoas que não tem renda
tributável, ou não declara em formulário completo e desejam investir mais que
12% em previdência complementar.
O VGBL pode atuar como produto complementar do PGBL, pois o
indivíduo pode aplicar o equivalente de 12% da renda mensal em PGBL e o
restante em VGBL, beneficiando-se ao máximo dos incentivos fiscais
proporcionado aos dois planos.
Pode ser observado que estes planos são muito parecidos entre si, com
características de fundo previdenciário, transformando a aplicação em renda
futura. Atendem a expectativa de indivíduos devido aos benefícios que ambos
oferecem, por isto são os planos de aposentadoria mais procurados no
mercado brasileiro.
34
2.3 - FUNDOS DE PENSÃO
Os fundos de pensão operados pelas entidades de previdência
complementar, juridicamente sem fins lucrativos, são criados a partir do vínculo
empregatício, da relação entre trabalhador e empregador. Para Fortuna:
“a empresa constitui um fundo de pensão para o qual contribuem a própria
empresa e seus funcionários. Portanto, não é aberto à participação de outras
pessoas e tem características diferentes de uma empresa para outra”.5
Sua finalidade está em garantir aos participantes o pagamento de
benefícios complementares aos da previdência social. As contribuições
arrecadadas constituirão um fundo que será aplicado em imóveis, ações e
renda fixa, todos dentro dos limites estabelecidos pelo Banco Central e
entidades fiscalizadora e normatizadora.
Nota que o gestor do plano não é a entidade patrocinadora, mas sim um
profissional ou uma equipe técnica contratada para administrar os recursos
arrecadados, de modo que proporcionem a longo prazo receita suficiente para
pagar a aposentadoria dos participantes.
As vantagens deste plano não estão somente na dedução de 12% do IR
sobre a renda tributável, mas também, na participação exercida pelas
empresas na formação do capital para o participante.
Em março de 2007, os investimentos em fundos de pensão
apresentavam um montante de R$ 365 bilhões, para uma população total de
participantes e assistidos de 2.227.474, um crescimento de 3,7% quando
comparado com o arrecadado em dezembro de 2006. Isto o colocou entre os
ativos de maior crescimento no Brasil, segundo a ABRAPP
(www.abrapp.org.br).
5 Fortuna, 2004, p. 418
35
2.4 – CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIO DO BANCO DO BRASIL
(PREVI)
Criada em 1904, antes mesmo da Previdência Oficial em nosso País, a
PREVI (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) é o maior
fundo de pensão da América Latina e 27º 6 do mundo em patrimônio.
A PREVI é uma entidade fechada de previdência privada, de gestão
compartilhada, cuja direção é escolhida 50% pelo Banco do Brasil e 50% por
meio de voto direto de seus participantes (funcionários da ativa e
aposentados). A Instituição trabalha para garantir a esses participantes
benefícios previdenciários complementares aos da Previdência Oficial, de
forma a contribuir para a qualidade de vida desses participantes e seus
dependentes, tendo como função complementar o benefício do INSS dos
funcionários aposentados da empresa e pensionistas.
Os recursos da PREVI são provenientes, essencialmente, das
contribuições pessoais e patronais, além de outras contribuições especiais
previstas no Estatuto ou em instrumento específico. Estes recursos são
investidos em ações de empresas, imóveis, títulos etc. É por meio desses
investimentos que é garantido o pagamento dos benefícios. Além disso, como
investe seus recursos no País, em empresas que tenham sua atuação pautada
na responsabilidade social, a PREVI acaba por beneficiar não só os
participantes, mas também a sociedade brasileira.
Por gerir imenso volume de dinheiro dos seus associados, a PREVI é
considerada um dos maiores investidores do Brasil, tendo tido destacado papel
durante as privatizações. Hoje, é importante acionista de grandes empresas
como a Companhia Siderúrgica Nacional, Vale S.A. (antiga Companhia Vale
do Rio Doce), Embraer e era a maior acionista da Perdigão S.A., agora
6 Ranking divulgado pelo jornal Pension & Investments, de setembro/2012 (ano base 2011).
36
transformada em Brasil Foods (BRF), após sua fusão com a Sadia. A Previ
passou a deter 13,65% do capital da nova empresa.
Na PREVI o Plano de Benefícios 1 que é do tipo Benefício Definido
(BD), em sua parte geral, é formada pelos empregados do Banco do Brasil que
se inscreveram até o dia 23 de dezembro de 1997 e o Plano de Benefícios 2
ou Previ Futuro que é do tipo Contribuição Definida(CD) são destinados aos
que se inscreveram a partir de 24 de dezembro de 1997.
A PREVI tem aproximadamente 118.000 participantes e gerou em 2012
um total de benéficos pagos na faixa de R$8,42 bilhões para o plano 1 e
R$3,31 milhões para o plano 2.
Plano de Benefícios 1 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Ativos 36.189 35.043 33.815 32.449 30.659 28.826
Aposentados 63.895 64.044 64.043 64.361 65.036 65.784
Ativos Externos 1.025 960 932 916 840 829
Aposentados Externos 3.275 3.395 3.456 3.478 3.509 3.522
Pensionistas 19.456 19.916 18.974 18.964 19.285 19.555
Total 123.840 123.358 121.220 120.168 119.329 118.516
Plano PREVI Futuro 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Ativos 42.332 48.721 51.977 60.169 67.567 70.662
Aposentados 35 51 72 103 128 157
Ativos Externos 3.359 3.663 4.671 5.748 6.346 6.773
Aposentados Externos 3 4 2 6 10 6
Pensionistas 147 198 220 268 316 389
Total 45.876 52.637 56.942 66.294 74.367 77.987
Total Geral 169.716 175.995 178.162 186.462 193.696 196.503
37
A gestão compartilhada (entre o Banco do Brasil e os participantes do
planos) da Previ é feita por três níveis de governança corporativa: Conselho
Deliberativo, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal.
O Conselho Deliberativo é composto por seis membros titulares, sendo
três eleitos pelos participantes e três indicados pelo Banco do Brasil.
O Conselho Fiscal é formado por quatro membros efetivos e seus
suplentes, dos quais dois são eleitos pelo Corpo Social e dois são indicados
pelo Banco do Brasil.
A gestão e fiscalização da PREVI é dividida entre Conselho Deliberativo,
Diretoria Executiva e Conselho Fiscal. A Diretoria Executiva é composta de
seis membros: presidente, diretor de Administração, de Investimentos, de
Seguridade, de Participações e de Planejamento.
38
CAPÍTULO III
PLANEJANDO A APOSENTADORIA
3.1 – Programando o futuro
Quando o assunto é previdência, não restam dúvidas que quanto antes
você começar a pensar nisso, melhor.
“O ideal é começar logo nos primeiros anos da carreira porque quanto mais
tempo você investir em um plano de previdência privada, maior será o capital
acumulado”7
Os planos fechados, também chamados de fundos de pensão são
vinculados a empresas e oferecidos como benefício exclusivo para seus
funcionários. As principais vantagens dessa modalidade de previdência são as
taxas de administração subsidiadas pela companhia e, em alguns casos, a
companhia contribui para a aposentadoria de seus colaboradores, com uma
quantia que pode chegar a 100% do valor do aporte de cada empregado.
Dessa forma, a cada um real depositado pelo funcionário, a empresa contribui
com mais um real.
Caso o empregado tenha a possibilidade de entrar em um plano de
previdência fechado, não há o que pensar, pois os benefícios são muito
vantajosos. Aos que não contam com esse recurso devem decidir entre as
modalidades Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador de
Benefício Livre (VGBL), dos planos abertos, que se diferenciam por questões
tributárias.
Para quem usa o modelo simplificado de Imposto de Renda ou para as
pessoas que não pagam IR como é o caso de muitos jovens no início da
7 Miguel Leôncio, professor do MBA de Gestão atuarial e financeira da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).
39
carreira, do ponto de vista tributário, os VGBLs são mais vantajosos. Além
disso, o imposto incide apenas na rentabilidade. No caso dos PGBLs, o
investidor consegue abater as contribuições para previdência do IR, desde que
ele utilize a declaração completa, até um limite de 12% da renda tributável.
Outra diferença é que o imposto só incide na hora do resgate, mas sobre o
montante acumulado ao longo dos anos.
Todas as pessoas que entram em um plano de previdência, seja ele
aberto ou fechado, devem optar entre dois regimes tributários: progressivo, na
qual as alíquotas aumentam conforme a quantia investida no fundo, e
regressiva, cujas alíquotas diminuem com o tempo.
A opção pela tabela regressiva é indicada quando o investidor tem
perspectivas de acumular um alto patrimônio e permanecer no fundo por mais
de dez anos. Já a tabela progressiva é a melhor opção para aqueles cuja
expectativa de acumulação de patrimônio for baixa ou que não pretendem
permanecer por muito tempo no fundo. Confira abaixo as tabelas com dados
de 2012:
40
As taxas cobradas nos fundos de previdência são compostas por taxas
de administração anuais, que variam de 1% a 3% e, no caso dos fundos de
previdência aberta, também há uma taxa de carregamento, que incide sobre
cada contribuição e pode chegar a 5%. Ou seja, toda a vez que o investidor
fizer um aporte, a taxa irá debitar um percentual de cada um de seus
depósitos.
É preciso ter muito cuidado com a rentabilidade estimada nas
simulações de previdência privada. Essas ferramentas apresentam resultados
absurdos, desconsiderando as variações da inflação. Segundo o professor da
FIPECAFI, o ideal seria basear-se numa taxa de juros real de 5% acima da
inflação ao ano. Porém, por serem investimentos de longo prazo, os planos de
previdência são também os mais imprevisíveis, já que é impossível prever as
mudanças na economia em 20 ou 30 anos.
3.2 - Investindo no plano de Previdência Complementar
Além de servir como complemento à aposentadoria, os planos de
previdência privada podem ser uma boa opção de investimento para quem não
tem tempo ou disciplina para administrar suas aplicações financeiras com
regularidade e que pode esperar no mínimo dez anos para fazer o resgate.
Cada vez mais, o brasileiro tem utilizado a previdência complementar como
uma maneira de diversificar investimentos.
Em 2012, esse mercado arrecadou R$ 70,4 bilhões, o que representou
um crescimento de 31,54% em relação a 2011, de acordo com a Federação
Nacional de Previdência Privada e Vida (FENAPREVI). Foi a maior expansão
desde 2004, quando o crescimento em relação ao ano anterior foi de 28,49%.
Assim como em qualquer fundo de investimento, a rentabilidade de um plano
de previdência depende exclusivamente do perfil do investidor, que pode optar
por um plano agressivo, com maior exposição em renda variável (ações ou
multimercados), ou por um plano mais conservador, com maior exposição em
renda fixa, como os títulos públicos.
41
No entanto, não é preciso esperar a chegada da aposentadoria para
resgatar o montante aplicado. A principal vantagem de usar a previdência
privada como forma investimento é a alíquota de Imposto de Renda cobrada
(ou sobre os rendimentos ou sobre valor aplicado).
Assim, a recomendação de especialistas é que o consumidor espere
pelo menos dez anos para fazer o resgate. Pois, como a alíquota de IR sobre o
rendimento é regressiva, quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menor
será o imposto devido ao Leão.
Por exemplo, quem deixa o dinheiro por até dois anos na previdência
complementar terá de pagar 35% de IR, ao passo que em um fundo de renda
fixa (para uma aplicação de 1 a 2 anos) o Fisco fica com 17,5%. Em
compensação, a alíquota de IR para aplicações acima de dez anos é de 10%
para previdência privada e de 15% para qualquer outro tipo de investimento.
“A previdência privada como investimento só se torna vantajosa, e de fato é um
bom investimento, a partir do décimo ano de aplicação. Essa é a única forma
de se tornar um bom investimento”8
A melhor forma de fazer uma previsão é estabelecendo o valor total que
deseja acumular em vez da renda mensal que pretende receber. Confira
abaixo uma simulação de quanto é preciso poupar para acumular R$ 500 mil
no período de 30, 20 ou 10 anos, considerando uma taxa de juros real de 5%
acima da inflação ao ano.
Dividindo o montante em 15 anos ou 180 meses de aposentadoria, os
R$ 500 mil economizados resultam em uma renda mensal de R$2.777,77.
Além da contribuição mensal, o ideal é fazer um depósito adicional por ano na
previdência privada, aproveitando algum bônus que o empregado receba ou
até mesmo o 13° salário. Podemos ainda aumentar gradativamente a
contribuição.
8 Rossano Oltramari, analista-chefe e um dos fundadores da XP Investimentos
42
Quanto você precisa investir para acumular R$ 500 mil para sua
aposentadoria:
Em 10 anos - R$ 3,2 mil por mês
Em 20 anos - R$ 1,2 mil por mês
Em 30 anos - R$ 600 por mês
3.3 - A reforma da Previdência Social
A discussão a respeito das reformas da Previdência e tributária
começou no governo FHC, mas não foi adiante por pressão da base aliada.
Após a eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou como
prioridade a aprovação das reformas, consideradas fundamentais para a
retomada do crescimento do País.
No dia 30 de abril, Lula, acompanhado dos 27 governadores, dos 82
integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e de alguns
ministros, entregou pessoalmente as propostas das reformas ao Congresso
Nacional. O gesto teve o efeito simbólico de mostrar aos parlamentares que a
proposta do Executivo tem o apoio de todos os Estados e do Distrito Federal.
O assunto afeta todos os grupos sociais e etários da sociedade, mas até
quem é contra a reforma é obrigado a parar para pensar no tema, quando
toma conhecimento de que no Brasil as mulheres se aposentam por tempo de
contribuição, em média, aos 51 anos de idade; que a proporção de idosos
deve triplicar nos próximos 40 anos; ou que o número de anos de usufruto da
aposentadoria por tempo de contribuição é aproximadamente 40% superior ao
período durante o qual um aposentado de outros países, inclusive da América
Latina, recebe esse benefício.
Sobre a proposta recentemente defendida no Senado pelo ministro da
Previdência, Garibaldi Alves Filho, será transcrito a seguir trecho do Editorial
do jornal Estado de Minas de 19.05.2011, que destaca a importância do tema:
43
Não importa que o governo não tenha detalhado propostas. O que não pode ser
perdida é a anunciada disposição de enfrentar o problema. A questão
previdenciária não é privilégio de país pobre ou emergente. Pelo contrário, tem
provocado discussões e até conflitos em praticamente todo o mundo. As
nações mais bem-sucedidas não deram mais do que pequenos passos. Mas o
que não é responsável é não dar passo algum. O Brasil não pode mais
continuar como está: produz déficits comprometedores de um lado e paga
aposentadorias miseráveis de outro.
Pelo modelo de previdência vigente no Brasil, o trabalhador pode se
aposentar com qualquer idade, desde que tenha um tempo de contribuição de
30 anos para as mulheres e de 35 para os homens. Pode se aposentar
também por idade, após 180 meses de contribuição, aos 60 anos para as
mulheres e aos 65 para os homens. Antes de completar a idade, porém, o
valor da aposentadoria é calculado de acordo com o fator previdenciário -
fórmula de cálculo adotada desde 1999 para desencorajar aposentadorias
precoces, que leva em conta a idade do trabalhador na data de solicitação do
benefício, as contribuições feitas para o sistema e a expectativa de vida a partir
de então, introduzindo assim, uma modelagem atuarial de redução do
benefício na concessão antecipada em relação à idade esperada.
A proposta defendida pelo ministro da Previdência estabelece a idade
mínima para quem vier a entrar no mercado de trabalho e se aposentar,
independentemente do tempo de contribuição. Para quem já está no sistema,
o fator previdenciário seria desconsiderado quando fosse aplicada a chamada
fórmula 85/95 que garante o benefício integral quando a soma de idade e
tempo de contribuição atingir 85 anos para as mulheres e 95 para os homens.
Para quem já se encontra no mercado de trabalho o governo propõe
uma regra de transição, com um pedágio a pagar, ou seja, o governo poderá
aceitar a aposentadoria com idade inferior à mínima prevista, mas haverá uma
taxa de desconto do valor integral. O ponto de partida para as aposentadorias
dos trabalhadores que já estejam no mercado de trabalho seria uma idade
mínima a partir da qual o acesso ao benefício seria permitido. De acordo com o
44
secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, responsável
pelo desenho da proposta, essa idade mínima seria um pouco acima da média
de idade de aposentadoria atual (54 anos para o homem e de 51 anos para as
mulheres) para as aposentadorias por tempo de contribuição. A cada dois
anos, essa idade mínima de aposentadoria aumentaria um ano, até atingir os
65/63 anos. Os trabalhadores já em atividade poderiam, por um determinado
período, optar pelo modelo atual ou por essa nova proposta.
O governo tem um plano B para os trabalhadores que já estejam no
mercado de trabalho e não concordem com essa regra de transição. Trata-se
da flexibilização do fator previdenciário. Hoje, homens e mulheres que se
aposentam com baixa idade perdem, em média, 35% do valor da
aposentadoria. Com o fator suavizado, essa perda deixaria de acontecer para
o trabalhador cuja idade somada ao tempo de contribuição atingisse 95 anos,
se homem, e 85, se mulher.
Descreveremos abaixo os pontos mais polêmicos da Reforma da
Previdência:
• Integralidade: A aposentadoria integral dos atuais servidores também foi um dos pontos que mobilizou o debate político. Os servidores que estão na ativa eram contra a redução dos benefícios. Muitos deles começaram a preparar processos de aposentadoria para encerrar as carreiras antes mesmo da reforma. Por pressão, o governo acabou cedendo e aceitando manter a integralidade. A integralidade seria destinada a mulheres com 30 de contribuição, 55 de idade, 20 de serviço público e 10 anos no cargo e homens com 35 de contribuição, 60 anos de idade, 20 de serviço público e 10 anos no cargo.
• Paridade: A paridade é a extensão dos benefícios de reajustes salariais dos servidores da ativa para os inativos. O tema não estava incluso na proposta original de reforma apresentado pelo governo, mas foi uma das reivindicações dos líderes da base aliada e virou o principal ponto das últimas discussões políticas. Os governadores temem que a paridade coloque em risco as contas dos Estados. O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, afirmou que do ponto de vista do governo, não há obstáculos para a manutenção da paridade salarial.
• Taxação dos inativos: ponto dos mais polêmicos, a proposta de reforma estabelece
taxação dos atuais e dos futuros servidores inativos que ganham acima do atual teto de isenção do Imposto de Renda em até 11%.
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• Estipulação de teto único: no texto original, o valor da aposentadoria ficaria limitado a R$ 2,4 mil, podendo ser complementado com fundos de pensão. Para os futuros servidores, os parlamentares estão estudando a possibilidade de um teto maior de benefícios, que passaria de R$ 2,4 mil para R$ 2,7 mil.
• Redução das pensões: as pensões para dependentes de servidores falecidos ficam
limitadas a 70% do salário do funcionário. No formato atual, são integrais.
Embora o sistema previdenciário brasileiro tenha um porte razoável, existe
a necessidade de outra reforma da Previdência pois a cobertura previdenciária
ainda é bastante restrita e o valor dos benefícios é baixo.
No caso do valor dos benefícios, isso iria de encontro à sua intenção
declarada de comprometer o Estado apenas com uma previdência “básica”.
Impõe-se, assim, o desafio de construir outro sistema de seguridade social
que, no tocante à previdência, tenha como eixo a extensão da cobertura para
aqueles que, por falta de trabalho, insuficiência de renda ou impossibilidade de
contribuição, encontram-se fora do sistema.
Isso remete a iniciativas em duas frentes. A primeira corresponde à
recuperação dos salários e à criação de empregos formais – o que implica
nada menos que a mudança da política econômica vigente. A outra consiste na
criação de mecanismos de inclusão daqueles que não conseguem inserção no
mercado de trabalho formal. O modelo necessariamente deve combinar
elementos contributivos e não contributivos.
Para além da perspectiva da universalização da proteção previdenciária e
da elevação e preservação do valor dos benefícios, uma reforma alternativa
deve fortalecer e ampliar o sistema público, assim como a dimensão da
solidariedade, mediante o reforço do regime de repartição. Por fim, mas não
menos importante, deve assegurar a gestão democrática do sistema, com
efetiva participação dos trabalhadores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO
Segundo estudos, o Brasil só vai precisar rever de forma mais profunda
o sistema previdenciário por volta de 2019. Afirma-se que a partir desse
período as mudanças na demografia começarão a sobrecarregar demais
contribuintes e beneficiários.
A conclusão da última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, do IBGE, é que as projeções populacionais foram revistas para um
total de 215,3 milhões de habitantes, em 2050. A previsão anterior era de
259,8 milhões. Isso reduziu em 44,5 milhões o número de habitantes. Nesse
contingente, a parcela de pessoas com idades entre 16 e 59 anos, ou seja, os
contribuintes ativos deverão ser de 120,8 milhões de indivíduos. Portanto, 25,4
milhões de contribuintes a menos para a previdência.
As Entidades Fechadas de Previdência Complementar são de grande
importância para a economia mundial. Segundo dados do Ministério da
Previdência e Assistência Social, nos países desenvolvidos, um expressivo
percentual do Produto Interno Bruto está concentrado nos ativos administrados
pelos fundos de pensão, que realizam investimentos, propiciando o
desenvolvimento econômico e social desses países. Com os problemas
enfrentados pela Previdência Social brasileira, a tendência é que um número
cada vez maior de trabalhadores assalariados e autônomos que recebem
proventos superiores ao teto da previdência oficial aderir à Previdência
Complementar, visando manter seu nível sócio econômico quando de sua
aposentadoria.
Outro ponto importante é que as entidades são apenas administradoras
de planos, podendo o patrocinador ou os instituidores escolher a entidade que
melhor atenda às suas expectativas quanto a custo e retorno dos
investimentos. Todos esses fatos somados estão levando as entidades a
reverem suas estruturas administrativas, que aumentam a cada ano pelas
exigências legais de controle impostas pelo órgão regulador.
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Diante dessas informações abre-se uma gama enorme de temas a
serem abordados em relação ao setor previdenciário brasileiro, desde os
problemas apresentados pela Previdência Social, passando pela
transformação do setor de Previdência Complementar privado e pela a
cobrança das taxas administrativas.
Portanto a melhor opção é começar o quanto antes a investir em um
plano complementar de previdência, garantindo uma renda extra para que você
não seja surpreendido e tenha um futuro tranquilo, com renda suficiente para
manter seu padrão de vida atual sem a necessidade de retornar ao mercado
de trabalho e principalmente sem depender de ninguém.
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ANEXO 1 REPORTAGENS
Revista Exame (Exame.com) – 20/5/2013
Setor de previdência arrecada R$ 18,9 bi no trimestre
O setor de planos de previdência complementar aberta cresceu 26,83% de janeiro a março Aline Bronzati, do
Marcos Santos/USP Imagens
O destaque de arrecadação no primeiro trimestre deste ano foram os planos individuais com crescimento de 33,16%, para 33,16%
São Paulo - O setor de planos de previdência complementar aberta cresceu 26,83% de janeiro a março, alcançando arrecadação de R$ 18,9 bilhões ante igual intervalo do ano passado, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).
Leia Mais
• 23/07/2013 | Planos de previdência privada arrecadam R$ 8,1 bi
• 22/07/2013 | Devo abandonar plano de previdência e investir no Tesouro?
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• 28/06/2013 | Previdência privada aberta arrecada 22% mais em abril
• 15/06/2013 | Tesouro ou previdência; o que é melhor para a aposentadoria?
Este desempenho possibilitou que a carteira de investimentos do setor alcançasse a marca de R$ 348,3 bilhões, montante 22,78% maior, na mesma base de comparação.
A expectativa da FenaPrevi para 2013, conforme Osvaldo do Nascimento, presidente da FenaPrevi e diretor superintendente da Itaú Vida e Previdência, é que o setor cresça na casa dos 30%, alcançando um volume total em termos de carteira de investimento superior a R$ 410 bilhões.
"A tendência nesse cenário de juros menor é que à medida que as pessoas aperfeiçoem os investimentos de curto, médio e longo prazo, o setor de previdência privada aberta cresça mais", avalia ele, em entrevista ao Broadcast.
De acordo com o especialista, a expansão do setor de previdência tem sido mais pela alocação de recursos do que pelo fluxo de recursos novos. A tendência, na opinião de Nascimento, é que no cenário de juros baixos as pessoas se planejem melhor, estimulando um movimento de realocação de carteiras nos próximos trimestres.
"A tendência é que a previdência privada complementar aberta seja uma opção de longo prazo que vai atrair recursos que hoje estão aportados em opções de curto prazo, como a poupança", avalia ele.
O destaque de arrecadação no primeiro trimestre deste ano foram os planos individuais com crescimento de 33,16%, para 33,16%. Em contrapartida, o volume de aportes para planos para menores e empresariais caiu 5,06% e 11,76%, respectivamente.
Quando avaliado o tipo de plano, a carteira do VGBL, modalidade recomendada para quem declara o Imposto de Renda pelo modelo simplificado, obteve melhor desempenho. Foram R$ 16,4 bilhões em novos depósitos nos três primeiros meses, alta de 32,20%, frente ao primeiro trimestre de 2012.
Leia Mais
• 23/07/2013 | Planos de previdência privada arrecadam R$ 8,1 bi
• 22/07/2013 | Devo abandonar plano de previdência e investir no Tesouro?
• 28/06/2013 | Previdência privada aberta arrecada 22% mais em abril
• 15/06/2013 | Tesouro ou previdência; o que é melhor para a aposentadoria?
Já o PGBL, indicado para os participantes que declaram o IR pelo formulário completo, registrou depósitos de R$ 1,6 bilhão, leve alta de 0,36%. A arrecadação dos planos tradicionais apresentou queda de 1,67%, passando de R$ 826,5 bilhões no primeiro trimestre de 2012 para R$ 812,7 bilhões em igual intervalo deste ano.
O volume de provisões (recursos acumulados pelos titulares dos planos do sistema de previdência complementar aberta) apresentou saldo de R$ 337 bilhões e alta de 22,07% no primeiro trimestre.
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No mesmo período do ano anterior, as provisões totalizaram R$ 276,1 bilhões. As provisões do VGBL tiveram o crescimento mais expressivo no período, com avanço de 28,48%, para R$ 219,4 bilhões. Nos planos PGBL, a alta foi de 12,61%, totalizando R$ 75,6 bilhões.
Na análise mensal, a arrecadação dos planos de previdência expandiu 15,76%, totalizando R$ 6,5 bilhões. Os planos individuais receberam R$ 5,9 bilhões em novos aportes (alta de 17,84%), os planos empresariais R$ 530,8 milhões (2,95% superior) e os planos para menores R$ 141 milhões, com recuo de 9,09%.
No mês de março, o VGBL respondeu por R$ 5,7 bilhões dos novos depósitos e o PGBL por R$ 560,7 milhões.
No primeiro trimestre deste ano, a liderança do mercado de previdência complementar aberta ficou com a Bradesco Vida e Previdência, com 32,73% do total das reservas.
Itaú Vida e Previdência ficou com a segunda colocação, com uma participação de 24,33%. BrasilPrev, do BB, e Zurich Santander ocuparam a terceira e quarta colocações, com participações de 20,76% e 6,10%, respectivamente.
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ANEXO 2 INTERNET
Previdência dos servidores públicos só deverá atingir equilíbrio depois de 2100 De acordo com o estudo, a criação da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) trará equilíbrio a longo prazo, mas aumentará o rombo da previdência do funcionalismo nos próximos 20 anos por Agência Brasil — publicado 27/08/2012 10:45, última modificação 27/08/2012 10:45
Wellton Máximo Repórter da Agência Brasil
Brasília – A previdência dos servidores da União só deverá atingir o equilíbrio em 2103. A conclusão consta de levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), que aponta que o déficit do regime especial de aposentadorias e pensões para o funcionalismo público federal levará décadas para ser zerado, mesmo com a criação do sistema complementar de previdência para a categoria.
De acordo com o estudo, a criação da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) trará equilíbrio a longo prazo, mas aumentará o rombo da previdência do funcionalismo nos próximos 20 anos. Isso porque, durante esse prazo de transição, há servidores se aposentando pelo sistema antigo, enquanto os novos funcionários contribuem menos para o regime.
Segundo a análise do TCU, o déficit da previdência do serviço público alcançará, em valores nominais, o recorde de R$ 99,9 bilhões em 2035, para então começar a diminuir. Na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), a soma do que o país produz, o crescimento será revertido mais cedo. O rombo deverá subir para 1,01% de 2018 a 2020 e decrescer para 0,63% em 2035 e 0,36% em 2044, até ser zerado no início do próximo século.
No modelo antigo, o servidor público contribuía com 11% sobre o salário total e tinha direito a se aposentar com o mesmo salário da ativa. Depois da criação da Funpresp, os benefícios foram limitados ao teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), hoje em R$ 3.916,20, mas a contribuição dos funcionários foi limitada a 11% sobre esse valor máximo. Os servidores que tomaram posse a partir de 30 de abril deste ano deverão contribuir para a previdência complementar se quiserem manter a aposentadoria integral.
Especialista em direito previdenciário pela Universidade de Caxias do Sul, Sebastião Ventura diz que a transição do regime tradicional para a previdência complementar tem impacto sobre as finanças públicas nos primeiros anos, mas é necessária. “Se não fosse a criação da Funpresp, o déficit seria crescente, e o sistema entraria em colapso”, avalia.
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Para que o novo sistema dê certo, no entanto, ele recomenda que a gestão da Funpresp seja livre de pressões políticas.
Sobre o custo de transição para a previdência complementar, Ventura adverte que o governo precisa compensar esse impacto, contendo o déficit dos outros dois regimes de aposentadorias e pensões: do INSS, que abrange os trabalhadores da iniciativa privada, e dos militares. “Se somarmos os três regimes, os rombos não têm condições de serem suportados por nenhum governo”, alerta. De acordo com o TCU, o déficit da previdência social geral (que engloba os três regimes) subiu de R$ 82,9 bilhões em 2007 para R$ 90,1 bilhões em 2011.
Em relação ao INSS, o especialista diz que ainda serão necessárias novas reformas que aumentem a idade mínima de aposentadoria. Isso porque o envelhecimento da população brasileira se refletirá em aumento significativo do número de aposentados nas próximas décadas. “O Brasil está trilhando o caminho da Europa, onde os atuais regimes não estão se sustentando”, ressalta.
Ventura também recomenda a melhoria do combate a fraudes e a separação da previdência rural, que tem pouca contribuição dos trabalhadores, em uma contabilidade à parte. Ele destaca ainda a necessidade de mudanças na legislação da previdência dos militares, que contribuem apenas para as pensões, não para as aposentadorias.
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ANEXO 3 ENTREVISTA
ENTREVISTA: Mariz explica previdência complementar dos servidores
Projeto de Lei não atinge os atuais servidores públicos 26/05/2011 - 11:00:00 Da Redação (Brasília) – Com o objetivo de regulamentar a Reforma da Previdência realizada em 2003, o Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional, no ano de 2007, o Projeto de Lei que institui a Previdência Complementar para os servidores públicos – PL 1992/07. A matéria, atualmente na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, pretende criar uma fundação – no modelo dos atuais fundos de pensão – para custear a aposentadoria dos servidores titulares de cargos efetivos da União, do Poder Judiciário, do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU). Em entrevista à Rádio Previdência, o secretário de previdência complementar do Ministério da Previdência Social, Jaime Mariz, destacou a importância da aprovação do projeto para a sustentabilidade do regime de previdência pública à longo prazo. De acordo com o secretário, os atuais servidores não serão atingidos: “o projeto no Congresso respeita o direito adquirido e a expectativa de direito”, enfatizou. PL 1992/07 – O Projeto de Lei de previdência complementar para os servidores públicos federais cria um fundo de pensão único – o Funpresp - para o quadro de servidores dos três poderes. Essa fundação tende a ser a maior entidade de previdência complementar fechada do mercado brasileiro. O novo regime proposto prevê contribuição paritária para o servidor e para a União até o limite de 7,5%. Essas duas contribuições vão formar a poupança responsável pelo pagamento das aposentadorias e pensões dos futuros servidores. Leia a entrevista do secretário Secretário, o que é exatamente uma entidade fechada de previdência complementar, também conhecida como fundo de pensão? Mariz – Trata-se de uma fundação que tem a finalidade de criar uma poupança para que com ela sejam pagas as aposentadorias do servidor. Ao invés desse compromisso ficar eternamente na folha de pagamento do empregador - no caso específico da União - é essa fundação - ou poupança - que será responsável pelo pagamento das aposentadorias. O que prevê, em linhas gerais, o projeto de lei de previdência complementar dos servidores públicos, hoje na Comissão de Trabalho da Câmara? Mariz – Prevê que o futuro servidor público venha a ser tratado como um trabalhador da iniciativa privada, que é regido pela CLT. Ele vai se aposentar com o teto do INSS e
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será criado um fundo de pensão – o Funpresp – que será o responsável pela formação dessa poupança. Poupança essa que vai ser a responsável pelo pagamento do complemento das suas aposentadorias no futuro. Com o Funpresp, como ocorreriam as contribuições dos servidores? Eles realmente poderiam alcançar uma aposentadoria maior do que a atual? Mariz – Certamente. Esse novo regime faz com que o empregado contribua e o empregador também. Essas duas contribuições vão formar essa poupança que será responsável pelo pagamento das pensões e aposentadorias. Caso o servidor queira receber um pouco mais, ele contribui com um pouco mais. Dessa forma, poderá não só garantir a equivalência salarial da ativa como uma aposentadoria maior, desde que forme uma poupança suficiente para tal. Os atuais servidores públicos serão atingidos pelo PL 1992/07? Mariz – Não. Os servidores hoje integrantes das carreiras do serviço público federal não serão atingidos. Isto é, eles se aposentarão com a regra que hoje está em vigor. Ele terá integralidade de aposentadoria. Esse projeto de lei é para ser aplicado aos novos servidores públicos, para os que vão entrar no serviço público federal depois da aprovação da lei. Há um levantamento do Ministério do Planejamento que diz que dos 1,111 milhão de servidores hoje existentes, metade terá tempo para se aposentar dentro de quatro anos. Poderemos ter aí algo em torno de 500 mil servidores se aposentando. Então nós queremos, ao repô-los, ao contratar novos servidores para substituir os atuais, contratá-los nesse novo regime, um regime de capitalização em que o futuro previdenciário de cada um será resultado das contribuições dos novos servidores e da União paritariamente. Secretário, e qual o objetivo do Governo ao propor a Previdência Complementar para os servidores? Mariz – Quando examinamos hoje as contas previdenciárias da União, nós constatamos que no ano de 2010 o regime de previdência dos servidores públicos federais foi responsável por um déficit orçamentário de R$ 52 bilhões. É um valor expressivo, da ordem de grandeza do orçamento dos ministérios da Saúde e da Educação. A tendência é que isso se agrave com o passar dos anos. Essa mudança é para que venhamos a ter este déficit reduzido com o passar do tempo até zerar completamente. Desta maneira a União terá condições de honrar as aposentadorias dos atuais servidores. Se nada for feito, esse número de R$ 52 bilhões do ano de 2010 tende a se agravar, e se agravando talvez tenha que haver medidas drásticas, não com os cuidados que estamos tendo agora, o cuidado de respeitar o direito adquirido e também a expectativa de direito na medida em que a regra só valerá para os novos servidores, para os que entrarem no serviço público após a aprovação da lei. Se essa alteração não for feita dentro de um tempo, é provável que sejam necessárias regras com vigência imediata, o que não é o caso do projeto atual. Então, eu diria que nós estamos no momento certo para fazer essa alteração. Nós não queremos mudar as regras do jogo no meio da partida, pretendemos alterar as regras para o futuro servidor, para que ele venha a prestar concurso público já sabendo como será sua aposentadoria no futuro.
55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BRASIL, Ministério da Previdência Social (1994) – A Previdência Social e a
Revisão Constitucional, volume IV – Ed.CEPAL, Comissão Econômica para
América Latina e Caribe;
MALLOY, James M. (1986) – Política de Previdência Social no Brasil, tradução
Maria José Lindgren Alves, revisão técnica Hésio Cordeiro – Rio de Janeiro –
Edições Graal;
MOLINA, Maria Dolores Gonzáles – Nacimiento y Evolucion de La Seguridad
Social – www.finteramericana.org/Historia/prevision;
SOUZA, Leny Xavier de Brito. Previdência Social. Normas e Cálculos de
Benefícios. Editora São Paulo, 2ª edição;
2002 Ministério da Previdência e Assistência Social , Curso Formadores em
Previdência Social, SENAI – DF;
Páginas da Web: www.mpas.gov.br; www.fenaprevi.org.br; www.previ.com.br;
FERRARI, Tadeu Augusto, Entendendo a Previdência Complementar,
Complexidade e Desafios – Apostila do Curso Básico de Previdência
Complementar, 2003;
Constituição da República Federativa do Brasil – 1998;
Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998;
LC 109/01
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BIBLIOGRAFIA CITADA
1. Molina, Maria Dolores Gonzáles – Nacimiento y Evolucion de La Seguridad
Social – www.finteramericana.org/Historia/prevision.
2. Malloy, James M. Malloy, Política de Previdência Social no Brasil, p.11;
3. Waldeck Ornélas – Ministério de Estado da Previdência e Assistência Social
– Março/2000: A Nova Previdência: perguntas & respostas . – Brasília :
MPAS;
4. Artigo de Ana Claudia de Além e Fábio Giambiagi – “ A despesa
previdenciária no Brasil : evolução, diagnóstico e perspectivas” – para a
Revista de Economia Política, vol.19, jan-mar/99;
5. Geraldo Tosta de Sá, Fundos de Pensão – Investimentos, Medidas de
Rentabilidade e Avaliação de Desempenho, 1993, P.4;
6. Eduardo Fortuna, Mercado Financeiro: produtos e serviços, 2004, P. 418;
7. Ranking divulgado pelo jornal Pension & Investments, de setembro/2012
(ano base 2011);
8. Miguel Leôncio, professor do MBA de Gestão atuarial e financeira da
Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras
(FIPECAFI);
9. Rossano Oltramari, analista-chefe e um dos fundadores da XP
Investimentos.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
PREVIDÊNCIA SOCIAL 9
1.1 – Introdução 9
1.2 – Um breve histórico da Previdência 11
1.3 – Regime geral da Previdência Social 18
1.4 – Formas de organização do seguro Previdenciário 20
CAPÍTULO II
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 23
2.1 – Introdução 23
2.2 – Modalidades e planos de Previdência Privada 27
2.2.1 – Benefício Definido – BD 28
2.2.2 – Contribuição Definida – CD 28
2.2.3 – Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) 30
2.2.4 – Plano Vida Gerador de Benefícios (VGBL) 32
2.3 – Fundos de Pensão 34
2.4 – Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (PREVI) 35
CAPÍTULO III
PLANEJANDO A APOSENTADORIA 38
3.1 - Programando o futuro 38
3.2 - Investindo no plano de Previdência Complementar 40
3.3 - A reforma da Previdência Social 42