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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE CURRÍCULO: UM OLHAR SOBRE A LONGEVIDADE Por: Denise Bacellar Nunes Orientador Prof. Antônio Fernando Vieira Ney Brasília 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 6 METODOLOGIA O envelhecer deve ser visto como um processo contínuo de crescimento intelectual, emocional e psicológico. Segundo

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CURRÍCULO: UM OLHAR SOBRE A LONGEVIDADE

Por: Denise Bacellar Nunes

Orientador

Prof. Antônio Fernando Vieira Ney

Brasília

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CURRÍCULO: UM OLHAR SOBRE A LONGEVIDADE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de Especialista em Supervisão

Escolar.

Por: Denise Bacellar Nunes

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo sustento e resiliência, a

minha filha Louise.

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DEDICATÓRIA

Dedico este estudo para Elias de Oliveira,

que vem demonstrando em todo o

momento que uma mulher somente

alcança o sucesso quando ao seu lado

possui um homem de valor moral. Para

você, meu amigo e companheiro de todas

as horas, resta-me render homenagens

como forma de reconhecimento de seu

carinho e compreensão em todos os

momentos.

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RESUMO

No presente trabalho analisa-se a importância do conceito de longevidade na

elaboração do currículo escolar de Ensino Fundamental no Brasil. No

desenvolvimento do trabalho empreendeu-se a pesquisa e a análise do

conceito de longevidade, as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) sobre o envelhecimento da população brasileira e o aumento

da população idosa, bem como o levantamento do contexto histórico e social, e

as correspondentes matrizes curriculares que atendem ao Ensino Fundamental

no país atualmente. Os resultados revelaram que, há uma necessidade latente

de adequar o currículo para uma sociedade que está envelhecendo a fim de

prepará-la a lidar com os desafios que envolvem o idoso. O aspecto singular

deste trabalho reside no fato do resgate da figura do supervisor escolar como

mediador e articulador para integrar a temática do idoso no processo de

desenvolvimento e efetivação da educação escolar, contribuindo como direito

pleno de integrar o conhecimento cognitivo ao conhecimento da vida.

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METODOLOGIA

O envelhecer deve ser visto como um processo contínuo de crescimento

intelectual, emocional e psicológico.

Segundo o Estatuto do Idoso, 2003 “(...) a velhice começa por volta dos

65 anos e se caracteriza por um declínio gradativo do funcionamento de todos

os sistemas corporais”. Entretanto, ao contrário do que muitos acreditam, a

maioria das pessoas da terceira idade conserva um nível importante de suas

capacidades cognitivas e psíquicas.

Saber envelhecer não é fácil, principalmente numa sociedade que

cultiva o novo, as cirurgias plásticas, o poder e a produtividade.

Saber envelhecer deve ser um aprendizado contínuo. A partir dessa

premissa, o presente estudo tem como objetivo refletir o currículo escolar de

Ensino Fundamental a luz da longevidade.

Sabe-se que para a elaboração de um trabalho monográfico precisa-se

buscar informações científicas.

O objetivo dessa monografia é fazer a exposição de um fenômeno:

envelhecimento da população brasileira e aumento da longevidade. A partir

desse fenômeno propõe-se uma reflexão sobre o currículo escolar: Será que a

escola pode ensinar o sujeito para envelhecer com qualidade de vida? O

supervisor escolar pode ser mediador na construção de um currículo

voltado para a longevidade? Para responder esses dilemas, reuniu-se uma

gama de materiais obtidos em diversas fontes primárias, secundárias, onde se

preservou com fidedignidade do estudo em foco e demonstrou-se habilidade

não só no levantamento de informações, mas também em sua organização.

A partir da pesquisa bibliográfica, foram feitas reflexões para situarmos

os conceitos a cerca do problema desse estudo.

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Como a metodologia científica prevê, em seu bojo, diferentes tipos de

pesquisas, observa-se que nesse estudo o uso da pesquisa tipo exploratória e

o uso do método fenomenológico.

Qualificou-se esse trabalho com os funcionários da Promotoria do Idoso

do Distrito Federal, contando com uma amostra de duas pessoas.

Quanto aos instrumentos de coleta de informações, utilizou-se a

entrevista não estruturada para a coleta de dados. Priorizou-se a

espontaneidade dos entrevistados.

Efetuou-se a pesquisa utilizando os seguintes procedimentos:

À priori foi feita pesquisas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), especificamente aos dados do censo do ano 2000 para se

analisar os dados sobre a população idosa no Brasil. À posteriori foram

pesquisados os Parâmetros Curriculares Nacionais para perceber a sua

abordagem e abrangência sobre longevidade. A partir daí foi realizado a

pesquisa bibliográfica em artigos científicos, livros, index, abstracts,

bibliografias, literatura cinzenta a fim de realizar revisão de literatura sobre

currículo e longevidade onde foram feitos os possíveis fichamentos. Foi feita

visitas a Promotoria do Idoso do Distrito Federal para registrar informações

relativas às políticas específicas de atendimento aos idosos.

Através da análise de todas as informações coletadas buscou-se

contextualizar a longevidade e currículo, suas significações no momento

histórico, o estabelecimento de suas dimensões política e social e seus

possíveis reflexos futuros. Buscou-se também, compreender o papel do

Coordenador (supervisor escolar) no processo de mediação de um currículo

que contemple a longevidade

Utilizou-se a metodologia científica para dimensionar o problema,

entendê-lo, discutir suas contradições e a partir da análise, situá-lo no contexto

que envolve a construção curricular no Brasil como “(...) um dos mecanismos

de manutenção ou transformação da realidade histórica”, tal como analisado

por Marx e Engels, (1997). Nesse sentido, foi feita uma verdadeira imersão nos

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documentos escritos e bibliografias sobre a construção significativa do

currículo.

Buscou-se ler nos discursos o que foi dito, perceber o que não foi dito

para situá-lo no contexto histórico e educacional prospectivo, discutindo e

analisando a temática longevidade e sua importância na elaboração curricular

do Ensino Fundamental.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

REVISÃO DE LITERATURA 13

CAPÍTULO I – Longevidade 13

1- Conceito de longevidade 13

1.1- Longevidade na História 14

1.2 - Fatores Influentes de longevidade 15

1.3 - Índice para avaliar a longevidade 16

1.4 - Envelhecimento como fenômeno mundial 15

1.5 – Envelhecimento da população brasileira 17

1.6 – Mobilização para a questão do idoso no Brasil 18

1.7- Estatuto do Idoso 20

CAPÍTULO II – Currículo 22

2- Definição e impressões históricas 22

2.1- O currículo no Brasil 25

2.2- Estrutura curricular pós-moderna 28

2.3- Estrutura curricular multiculturalista 30

2.4- Parâmetros Curriculares Nacionais 35

2.4.1- Análise dos PCNs Ensino Fundamental 35

2.4.1.1- 1º e 2º ciclos 36

2.4.1.2- 3º e 4º ciclos 36

2.5 - Considerações sobre os PCNs 37

CAPÍTULOIII – Supervisão Escolar e Currículo 40

3.1 – Histórico da ação supervisora no Brasil 40

3.2 – Mudanças de paradigmas 41

3.3- Condições objetivas para a ação supervisora 42

CAPÍTULO IV – Currículo e longevidade 45

4- Um currículo voltado para a longevidade 45

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4.1- Re-significação curricular e longevidade 45

4.2- Implicações da mudança curricular 48

4.3- Currículo e longevidade como proposta curricular 51

4.4- Matrizes para complementar um currículo 52

4.5- Perspectivas práticas para um currículo... 55

4.6- Currículo para a longevidade em ação 57

CONCLUSÃO 60

BIBLIOGRAFIA 62

ÍNDICE 70

FOLHA DE APROVAÇÃO 72

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INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida da população mundial também se faz

presente no Brasil, sobretudo nas últimas décadas. Segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados do censo 2000, desde

meados do século passado, os brasileiros ganharam, em média, 25 anos de

vida.

Países desenvolvidos envelheceram de maneira gradual e ainda

continuam nesse processo, porém agora de forma mais lenta.

Países em desenvolvimento, como o Brasil, apresentam índices

explosivos de aumento da expectativa de vida e dessa maneira, uma

verdadeira multidão de pessoas envelhece ao mesmo tempo.

Se por um lado os países ricos tiveram tempo e recursos financeiros

para enfrentar esse fenômeno e de se adaptar a essa nova realidade, os

países pobres estão verificando a explosão demográfica, dessa faixa etária,

sem nenhum planejamento ou previsão de alocação de recursos minimamente

necessários para fazer frente às crescentes e especiais necessidades que se

impõe no atendimento digno dessa expressiva parcela de seus habitantes.

Uma das saídas para que essa conquista seja realmente um fato

positivo, e não um problema a mais, está na educação das pessoas.

A informação correta para que os próprios indivíduos possam estar

preparados para envelhecer é fundamental e prioritária.

Este estudo tem como objetivo refletir sobre a longevidade e a

construção de currículos escolares no Ensino Fundamental tendo como foco

principal uma educação voltada para a longevidade.

A relevância desse estudo está no fato que podemos através dele

contribuir para a inserção da população idosa na sociedade e capacitar o aluno

para o “saber envelhecer”, através do currículo escolar.

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Sabe-se que currículo diz respeito a “caminho a ser percorrido”, é um

elenco de conhecimento que o educando deve aprender.

Hipoteticamente podemos educar o indivíduo para ser longevo. Mas o

que podemos considerar na elaboração do currículo escolar de Ensino

Fundamental para preparar o sujeito para uma vida longeva?

Através da reflexão conceitual de longevidade e a descrição social desse

tema e pari passu a análise conceitual sobre currículos e sua construção

refletiremos sobre um currículo que contemple a longevidade.

O envelhecimento é uma característica pertencente ao homem. Sendo

um fenômeno, o envelhecimento se insere no processo de desenvolvimento, de

crescimento e de aprendizagem e de aperfeiçoamento do humano. Pode-se

construir um currículo escolar que contemple a longevidade. Sendo assim

pode-se educar para a longevidade

Para se empreender um estudo, à priori, este deve estar devidamente

estruturado. Este estudo não escapa à regra e está disposto em capítulos

conforme a seguir:

No primeiro capítulo elucidada-se o conceito de longevidade através da

história, as características de uma vida longeva, o envelhecimento na

contemporaneidade, no contexto mundial e no Brasil, os impactos causados

pelo aumento da longevidade mundial.

No segundo capítulo estuda-se o conceito de currículo e através de um

pequeno histórico, entende-se as nuances e características do currículo

moderno e do currículo contemporâneo. Analisa-se também, os Parâmetros

Curriculares Nacionais – PCNs do Ensino Fundamental, onde se observa como

PCNs abordam a questão da longevidade e se detecta a extensão dessa

abordagem.

No terceiro capítulo, discute-se a ação supervisora, sua origem e o papel

do supervisor na articulação da temática da longevidade na construção de

currículos.

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No quarto e último capítulo, sistematiza-se esse estudo, aí se dará a

reflexão sobre a possível convergência do currículo escolar do Ensino

Fundamental voltado para a questão da longevidade.

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CAPÍTULO I

LONGEVIDADE

1-Conceito de longevidade

Segundo Ferreira, (1988) em seu conceito mais simples, “longevidade

significa qualidade do longevo, ou seja, qualidade daquele que tem muita

idade”.

Longevidade está sempre relacionada com expectativa de duração de

vida. Expectativa esta, formulada em função de um complexo de fatores

influentes que serão aqui, mais adiante abordados.

Segundo a mitologia, o deus Shou Xing, da antiga religião chinesa, é

considerado o deus da longevidade. A simbologia a ele atrelada inclui o

pêssego, a cegonha e a tartaruga. Com esta fruta na mão e acompanhado

pelos dois animais longevos é que Shou Xing, numa imagem de homem velho

de bengala, é representado.

Deus Shou Xing

Possui uma longa cabeça e cabelos brancos. Possui uma bengala e traz consigo uma cegonha. É

Deus da longevidade e juventude.

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1.1 – Longevidade na história

As referências mais antigas sobre longevidade remontam ao Antigo

Testamento.

Nos tempos bíblicos, conforme registrado no livro de Gêneses, a vida

humana se prolongou, segundo vários exemplos, por quase um milênio.

Segundo a Bíblia Sagrada, tradução de Almeida, Adão teria vivido 930

anos, Noé 950 anos e o mais longevo, Matusalém, 969 anos.

Evidentemente, há necessidade de admitir tais números com muita

cautela, em função de desconhecer-se a real duração do ano naquela época e

também o significado, às vezes figurado, do conteúdo bíblico.

A partir dos elementos disponibilizados pela Enciclopédia Britânica e dos

informes da Organização Mundial de Saúde, sintetiza-se alguns aspectos

relevantes da evolução da longevidade:

Durante o período Neolítico, que começou aproximadamente em 8.000

a.C., a expectativa de vida humana era de apenas 20 anos. Tal situação

perdurou por muitos séculos, onde as mulheres freqüentemente morriam nos

partos e a mortalidade infantil era muito elevada.

Durante a Idade do Bronze (2.200 a 700 d.C.), na Europa, a expectativa

de vida permaneceu semelhante àquela do Neolítico.

A partir da Revolução Industrial, no século XVIII, o avanço na

longevidade foi marcante, em função da substituição do trabalho manual por

máquinas e melhorias nas condições de saúde e nutrição.

Desde o Século XIX, com as significativas melhorias tecnológicas e da

medicina, a expectativa de vida não parou mais de elevar-se, perdurando nos

nossos dias e projetando-se para o futuro.

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1.2 – ALGUNS FATORES INFLUENTES DE LONGEVIDADE

HEREDITÁRIOS Longevidade dos ascendentes paternos e maternos (pais, avós, bisavós)

CLIMÁTICOS

Altitude

Latitude

Regime climático

Temperaturas

AMBIENTAIS

Qualidade da água

Qualidade do ar

Vegetação

Poluição

Contexto familiar

Contexto social.

ALIMENTARES

Calorias ingeridas

Gorduras e seus tipos

Carnes

Laticínios

Conservantes

Aditivos químicos

Vinho

COMPORTAMENTAIS

Nível de estresse

Fumo

Drogas

Álcool

Exercícios físicos

Trabalho

Higiene

Atividade sexual

Tipo de moradia

Bem estar

Prazer de viver

MÉDICINAIS

Assistência médico-hospitalar

Medicamentos

Complementos alimentares - vitaminas, sais minerais.

Fitoterapia

A tabela acima evidencia alguns aspectos que são considerados como fatores para

analisar a longevidade no mundo1. Fonte Organização Mundial da Saúde (OMS).

1 Os aspectos dessa tabela serão contemplados à posteriori na reflexão dos eixos das possíveis matrizes para compor um currículo escolar sobre a longevidade. A localização dessa tabela nessa etapa da monografia é para ela contextualizar e caracterizar o tema longevidade.

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1.3 - Índice para avaliar a longevidade

A Organização Mundial de Saúde - OMS divulgou o denominado "Fifty

Facts from The World Heath Report 1998” (Cinqüenta Fatos do Relatório

Mundial de Saúde 1998). Nele consta um item relativo à população no mundo,

caracterizando a proporção entre a quantidade de pessoas idosas e a

quantidade de pessoas jovens. Segundo o relatório são distinguidos dois

grupos: um com idades superiores há 65 anos e o outro com idades abaixo de

20 anos. Assim é calculada a razão: velhos / jovens (número de velhos dividido

pelo número de jovens). Essa fórmula é utilizada pelos institutos de pesquisa

para análise populacional e o estabelecimento de políticas mundiais em prol da

população idosa e jovem.

1.4- Envelhecimento como fenômeno mundial

O envelhecimento populacional é hoje um proeminente fenômeno

mundial. Isto significa um crescimento mais elevado da população idosa com

relação aos demais grupos etários. Mas, como acontece o aumento do

fenômeno do envelhecimento?

Segundo CARVALHO, 1984

“(...) crescimento relativamente elevado do contingente idoso é

resultado de suas mais altas taxas de crescimento, em face da

alta fecundidade revalecente no passado comparativamente à

atual e à redução da mortalidade.

Enquanto o envelhecimento populacional significa

mudanças na estrutura etária, a queda da mortalidade é um

processo que se inicia no momento do nascimento e altera a

vida do indivíduo, as estruturas familiares e a sociedade.”

Apesar de os dois processos responsáveis pelo aumento da longevidade

ter sido resultado de políticas e incentivos promovidos pela sociedade, pelo

Estado e pelo progresso tecnológico, as suas conseqüências têm sido vistas,

em geral, com preocupação, por acarretarem pressões para transferência de

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recursos na sociedade, colocando desafios para o Estado, os setores

produtivos e as famílias.

Em 1994 um documento do Banco Mundial afirmava que o aumento da

expectativa de vida ao nascer e o declínio da fecundidade, nos países em

desenvolvimento, estão provocando a “crise da velhice”. Segundo SIMÕES,

1997, p 169, “(...) esta crise é traduzida por uma pressão nos sistemas de

previdência social a ponto de pôr em risco não somente a segurança

econômica dos idosos, mas também o próprio crescimento econômico”.

1.5- Envelhecimento da População Brasileira

O Relatório Nacional sobre o Envelhecimento da População Brasileira é

um dos mais completos documentos já produzidos sobre o assunto, resultante

de um trabalho coordenado pelo Itamaraty, com ampla participação de órgãos

do Estado e entidades da sociedade civil. Nele, o envelhecimento da população

brasileira se evidencia por um aumento da participação do contingente de

pessoas maiores de 60 anos de 4%, em 1940, para 9% em 2000.

O relatório em síntese diz que a proporção da população acima de 80

anos tem aumentado, alterando a composição etária dentro do próprio grupo, o

que significa que a população considerada idosa também está envelhecendo e

tendo longevidade.

O relatório alerta para o fato que os idosos são o segmento

populacional que mais cresce, embora ainda seja um contingente pequeno: de

166 mil pessoas, em 1940, o grupo "mais idoso" passou para quase 1,8

milhões em 2000 e representava 12,6% da população idosa em 2000 e

aproximadamente 1% da população total.

As mudanças ocorridas na estrutura populacional - crescimento

exponencial da população brasileira de 60 e mais anos de idade, longevidade e

queda da fecundidade - estão acarretando uma série de conseqüências

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sociais, culturais, econômicas, políticas e epidemiológicas, para as quais o país

não está ainda devidamente preparado. Esse salto representa um fator de

pressão importante para a inclusão do tema na agenda de prioridades do

governo e subsídio para investimentos em educação sobre o tema.

Com o relatório entende-se que ações eficazes e oportunas devem ser

adotadas para que essa faixa etária cresça não só em termos quantitativos,

mas também com a melhor qualidade de vida possível. Para que isto se torne

realidade, é preciso que a sociedade como um todo participe desse propósito,

entendendo que campanhas de conscientização da família e da sociedade são

vitais para a mudança de mentalidade no tratamento da questão do

envelhecimento. O objetivo é mudar o modelo para um envelhecimento

saudável, implementando e ampliando a rede de cobertura dos serviços e

programas de atenção à população idosa e às demais gerações.

1.6- Mobilização para a questão do idoso no Brasil

A sociedade civil brasileira tem tido papel fundamental na reivindicação

dos direitos sociais, na construção e na efetivação das políticas públicas

voltadas à população idosa.

Em visita a Promotoria do Idoso do Distrito Federal, teve-se a

oportunidade de conhecer sobre algumas dessas instituições, que atuam na

defesa da causa do idoso no Brasil.

Através da pesquisa e do registro percebe-se que a sociedade começa a

se organizar para a questão dos idosos e a longevidade.

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), entidade

científica filiada à Associação Médica Brasileira (AMB) foi a primeira frente de

defesa do idoso. Promoveu em 2001, em parceria com suas seções regionais,

um intenso programa de formação de recursos humanos e mantém cursos,

simpósios, congressos e jornadas, buscando esclarecer, ensinar e difundir os

conhecimentos da área de Geriatria e Gerontologia.

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Outra instituição pioneira a sistematizar um programa de atendimento à

terceira idade no Brasil foi o Serviço Social do Comércio (SESC). O trabalho

com idosos no SESC tem sua origem nas experiências da área de trabalho

com grupos, que a entidade desenvolve praticamente desde sua criação, em

1946. O Centro de Referência do Envelhecimento (CRE), é um projeto

desenvolvido pelo SESC - Rio Grande do Sul, desde o ano de 2000, e utiliza o

ambiente virtual para informar e atualizar a sociedade sobre o processo de

envelhecimento digno e ativo.

Segundo as estatísticas, o SESC já atendeu em todo território nacional,

a uma clientela inscrita de aproximadamente 70.000 pessoas idosas, além

daquelas atendidas nas programações e eventos abertos à comunidade, que

totalizam 5 milhões de atendimentos.

A Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (COPAB)

organiza e representa aproximadamente vinte milhões de brasileiros

aposentados, na sua maioria entre cinqüenta e oitenta anos de idade.

A COBAP tem como missão prioritária estabelecer articulações, prestar

informações, atuar junto aos órgãos públicos, fazer-se representar em

Conselhos de Defesa de Direitos e de Políticas Públicas com o objetivo

primordial de defender os direitos sociais da população idosa.

A Associação Nacional de Gerontologia (ANG) é uma entidade de

natureza técnico-científica de âmbito nacional, voltada para a investigação e

prática científica em ações relativas ao idoso. Congregam profissionais,

estudantes de diversas áreas e pessoas interessadas em torno das questões

do envelhecimento em suas várias dimensões e campos de produção. Tem por

finalidade contribuir para o desenvolvimento de uma maior consciência

gerontológica em prol de melhorias das condições de vida da população idosa

e com justiça social.

O trabalho realizado pela Pastoral da Terceira Idade da Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é de atenção domiciliar às pessoas

idosas. Realiza o acompanhamento, através de visita residencial mensal

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efetuada pelos líderes comunitários e também, quando necessário, faz o

encaminhamento para a rede básica de saúde, ou outras entidades e pastorais.

No programa, os idosos são orientados sobre a importância das atividades

físicas, ingestão de líquidos, prevenção de quedas e uso da vacina contra

pneumonia e gripe.

Um dos motivos do sucesso do Programa Terceira Idade na Pastoral

está no seu ágil sistema de informações, capaz de emitir relatórios mensais e

circunstanciados sobre a situação de saúde e desenvolvimento de algumas

atividades de vida diária dos mais de vinte mil idosos acompanhados em todo o

Brasil. Com isso, todos os níveis de coordenação de atividades, do comunitário

ao nacional, podem ter uma avaliação permanente de suas ações e realizarem

seus planejamentos e capacitações com base em dados atualizados de sua

realidade.

1.7- Estatuto do Idoso

O distanciamento entre a lei e a realidade dos idosos no Brasil ainda é

enorme. Segundo o Estatuto do Idoso, 2003, “(...) para que esta situação se

modifique, é preciso que ela continue a ser debatida e reivindicada em todos os

espaços possíveis, pois somente a mobilização permanente da sociedade é

capaz de configurar um novo olhar sobre o processo de envelhecimento dos

cidadãos brasileiros”.

Concordando com essa perspectiva, Foi aprovado em 2001 o Estatuto

do Idoso, Lei 3.561/97, de autoria do atual Senador da República Paulo Paim

(PT/RS).

Essa lei está embasada na concepção da necessidade de aglutinação,

em norma legal abrangente, das postulações sobre idosos no país, exigindo

um redirecionamento de prioridades das linhas de ação das políticas.

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O Estatuto do Idoso consolida os direitos já assegurados na

Constituição Federal, sobretudo tentando proteger o idoso em situação de risco

social. São as novas exigências da sociedade brasileira para o atendimento da

população idosa.

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CAPÍTULO II

Currículo

2- Definição e impressões históricas

Segundo SACRISTAN (1998) “(...) a palavra currículo tem origem em

curriculum-i que significa pista de corrida”. Dessa forma, quando falamos em

currículo escolar numa perspectiva processual, podemos nos referir à trajetória

de formação dos alunos.

O currículo faz parte, na realidade, de múltiplos tipos de práticas que não

podem reduzir-se unicamente à prática pedagógica de ensino; ações que são

de ordem política, administrativa, de supervisão, de produção de meios, de

criação intelectual, de avaliação, em que, enquanto são subsistemas em parte

autônomos e em parte interdependentes, geram forças diversas que incidem

na ação pedagógica. Âmbitos que evoluem historicamente, de um sistema

político e social a outro, de um sistema educativo a outro diferente.

Segundo SACRISTÁN, 1998,

“Todos esses usos geram mecanismos de decisão,

tradições, crenças, conceitualizações, que de uma forma mais

ou menos coerente, vão penetrando nos usos pedagógicos e

podem ser apreciados com maior clareza em momentos de

mudança”.

Mas, o que devemos considerar na construção de currículos?

Sacristan sugere três grandes grupos de problemas na elaboração de

um currículo:

1 - currículo como projeto cultural, em que conteúdos são selecionados;

2 - determinações políticas, administrativas e institucionais que modelam

a seleção de conteúdos, inclusive os não explicitados (currículo oculto);

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3 - uma seqüência histórica, o que implica a seleção de conteúdos a

partir de um campo social, condicionada por uma realidade mais ampla.

Em outras palavras, as ponderações de Sacristán (1998) instigam um

conjunto de questões prévias que a formulação de currículos pressupõe. Uma

síntese dessas questões pode ser esboçada da seguinte maneira:

Quais conhecimentos devem ser ensinados? Quais as competências e

habilidades que os alunos precisam ter? Quais os critérios de seleção de tais

conhecimentos? A quem esse currículo se destina? Que homem se pretende

formar? Historicamente, essas questões foram respondidas a partir dos

dilemas sociais da época.

No livro do CONTRIN (1993), fez-se um apanhado sobre o currículo

escolar na história da humanidade. O objetivo desse apanhado é demonstrar

as premissas refletidas por Sacristán o parágrafo anterior. Vamos a elas:

Na tradição grega, Protágoras elaborou uma primeira estrutura curricular

denominada trivium apoiada em três disciplinas: lógica, gramática e retórica.

Pouco depois, surgiu o quadrivium que incorporava os estudos da aritmética,

geometria, música e astronomia, priorizando a matemática. Durante séculos, o

Ocidente, baseou-se nessas estruturas curriculares em sua organização

escolar.

Segundo Contrim apud Machado (1993), “(...) após a queda do Império

Romano, a Igreja tinha predomínio sobre a circulação do conhecimento e a

censura era a regra. A partir do século XV, com a invenção da Imprensa, foram

sendo disseminados segredos artesanais”.

Em Amsterdam, no século XVII, surgem versões acadêmicas sob a

forma de livros de bolso. É o período de efervescência das academias, que

dariam lugar ao surgimento de inventores e de homens práticos. Os conteúdos

curriculares começam a sofrer uma radical transformação em que a ênfase na

filosofia é substituída pelos conhecimentos técnicos, pragmáticos e

matemáticos. O ápice dessa transição foi criação da primeira escola de

engenharia, em 1747, em Paris.

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Analisando esse pequeno histórico observa-se que a técnica, que era

considerada conhecimento prático não muito valorizado na Grécia Antiga,

ganha status com o surgimento do mundo moderno.

Mas somente no final do século XIX e inicio do século XX, o tema

currículo passa a ser alvo de construção de teorias. As primeiras teorias

curriculares surgem nos EUA e terão em Bobbit e, mais tarde, em Tyler seus

principais e pioneiros elaboradores. Esses autores, além de reforçarem a

construção de estruturas curriculares racionais, dando ênfase às disciplinas

das ciências exatas e naturais, sustentavam que o currículo deveria também

moldar o comportamento social dos alunos. Somente na segunda metade do

século XX, essas teorias norte-americanas sofreram críticas em vários países,

principalmente os de origem latina, a partir do surgimento de conceitos críticos,

do desenvolvimento de estruturas inter e transdisciplinares e do currículo pós-

moderno. O debate se instala a respeito de processos de reorganização

curricular, questionando o modelo disciplinar e apresentando a possibilidade de

construção de currículos integrados.

Num esforço de síntese, houve um deslocamento da ênfase na

elaboração curricular que privilegiava aspectos estéticos e éticos da formação

humana para os aspectos técnicos e pragmáticos da resolução de problemas.

A modernidade, enfim, caminhou para a valorização da razão

instrumental, visando objetivos e fins muito definidos, em detrimento da razão

crítica analítica, que objetivava a emancipação humana frente aos desafios da

sobrevivência.

Nos últimos anos, tem sido freqüente a retomada de dois conceitos que

subsidiam a construção de estruturas curriculares: recursividade e currículo

oculto. Por recursividade, entende-se o retorno a temas ou conceitos já

estudados anteriormente que, são trabalhados em um patamar de maior

complexidade. Na prática, o professor constrói um novo olhar sobre temas

estudados possibilitando a ampliação e o aprofundamento do entendimento

dos alunos no trabalho de construção conceitual e desenvolvimento de

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habilidades, compreendendo, portanto, conceitos e procedimentos de

pesquisa.

Por sua vez, o conceito de currículo oculto sugere que toda estrutura

curricular contém intenções nem sempre explicitadas. Esse é o caso da

preocupação com regras de comportamento e disciplina evidenciadas nas

propostas curriculares do início do século XX, mas que se constitui em

prioridade curricular naquele período. Esse conceito é ainda mais significativo

quando estudos recentes da psicopedagia revelam que a relação do aluno com

o conhecimento se faz a partir da impressão que ele tem sobre a expectativa

que o professor cria a seu respeito. Na prática, o currículo oculto se expressa

na forma como o espaço da sala de aula é utilizado e organizado (em grupos,

em assembléias, carteiras enfileiradas), na maneira como os tempos escolares

são definidos (aulas de 50 minutos, trabalho de campo, recreio) e na hierarquia

das disciplinas escolares.

2.1 - O currículo no Brasil

Segundo Contrin (1993) nas décadas de 20 e 30 do século XX, surgem

às elaborações nacionais do pensamento curricular brasileiro. A característica

principal, nesse momento, é a tentativa de superação das limitações da antiga

tradição pedagógica jesuíta (influência da Igreja Católica) e da tradição

enciclopédica (influência francesa).

A emergência do pensamento positivista, nas primeiras décadas da

República Brasileira, exigia a defesa do ensino laico e a valorização de um

currículo centrado na criança, em atividades, projetos e problemas. Pelos

mesmos motivos políticos, procurava-se criar um sistema nacional de

educação com ênfase na educação básica. É desse período (1932) o Manifesto

dos Pioneiros (a reconstrução educacional do Brasil: manifesto dos pioneiros

da Educação Nova), redigido por Fernando de Azevedo, assinado por mais 25

educadores e ou escritores, para o governo. A idéia central desse manifesto,

diretamente relacionada ao currículo escolar, era que a educação deve ser

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27

funcional e ativa e os currículos devem adaptar-se aos interesses naturais dos

alunos, que são o eixo da escola e o centro da gravidade do problema da

educação.

As reformas educacionais, realizadas ao longo da década de 20, em

vários estados brasileiros, adotavam os princípios da Escola Nova, baseavam-

se na iniciativa do aluno. Preocupavam-se com o que a criança pode aprender.

Valorizavam as tendências espontâneas da criança. Os professores assumiram

outra postura: sugeriam, orientavam e coordenavam. Quanto aos métodos,

programas e horários eram maleáveis; visando às noções utilizáveis; eram em

essência educativos; estavam mais próximos do meio natural de vida;

buscavam o aperfeiçoamento; elevavam a natureza moral do aluno;

procuravam individualizar o ensino, produzindo satisfação; atendiam mais ao

presente; tratando a criança como criança; propuseram uma atividade

produtiva e obtinham a disciplina voluntária.

A influência norte-americana, que já era considerável até os anos 30,

aumenta após o fim da Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) e a

Revolução Cubana (1959). Em 1956, é assinado um acordo entre Brasil e EUA

(Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar) que

procurava treinar supervisores e professores além de produzir e adaptar

materiais didáticos. Esse programa introduz a noção de currículo

descontextualizado, apoiando-se apenas em procedimentos, métodos e

recursos. O fundamento teórico era disciplinar o pensamento e o

comportamento das crianças, integrando-as à sociedade e transmitindo a

herança cultural.

É nesse contexto que é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (Lei n. 4.024/1961), que foi discutida por treze anos no

Congresso Nacional. No ano seguinte, foi introduzida a disciplina Currículos e

Programas nos cursos de Pedagogia e 10 anos depois, surgem os primeiros

cursos de mestrado de currículo no Brasil. A ênfase era sempre o

planejamento, com objetivos e metas a serem alcançadas bem definidas. A

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preocupação com o como fazer sugere a ênfase na técnica – e não na

construção de conhecimentos na literatura especializada pelo termo

tecnicismo.

A influência norte-americana se exacerba durante o regime militar.

Muitos educadores brasileiros foram se especializar em currículo nas

universidades de San Diego e Wisconsin, esta última reconhecida pelos seus

trabalhos e pesquisas de avaliação educacional quantitativa. Essa concepção

curricular, com ênfase na formação para o mercado de trabalho e massificação

dos serviços públicos educacionais, orienta a formulação de programas

educacionais até o início da redemocratização brasileira nos anos 80.

A transição política favoreceu uma abordagem mais crítica das

questões educacionais. Muitos seminários são realizados no país com forte

influência das teorias marxista, embora as características tradicionais

continuassem na prática.

Ao longo dos anos 80, em especial depois de 85, ocorreram várias

reformas curriculares em quase todos os estados brasileiros, destacando-se as

promovidas por Darci Ribeiro (RJ), Guiomar Namo de Mello (SP) e Neidson

Rodrigues (MG).

Apesar de grandes diferenças entre si (tanto no conteúdo com na forma

como foram construídas), o eixo central era trabalhar a realidade do aluno. A

grande questão norteada das reformas foi tentar superar o chamado fracasso

escolar: aumento da repetência e evasão.

Em termos de conteúdo, introduziram questões sociais, tais como a

consolidação democrática do país e justiça social.

Os autores norte-americanos são deixados de lado, prevalecendo à

pedagogia crítico social dos conteúdos que substitui a até então prioridade com

o método e técnica de transmissão de conhecimento.

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Em alguns meios, a proposta curricular se aproxima dos parâmetros da

Educação Popular (desenvolvida nos movimentos sociais e sindicatos do

Brasil, baseada em Paulo Freire, descolada das propostas oficiais) e privilegia

as relações democráticas na sala de aula e a elaboração de novos

conhecimentos em detrimentos dos conhecimentos já existentes.

O ambiente democrático que se instala nos fóruns educacionais ao

longo da década de 90 e a mudança de paradigma, com a emergência das

orientações pós-modernas, propiciaram a multiplicação de teorias sobre o

currículo, além de fomentar um intenso debate sobre a construção de

conhecimentos e o processo de aprendizagem. Vale destacar duas abordagens

sobre currículo que vêm sendo alvo de polêmicas no meio acadêmico e

escolar, nos últimos vinte anos: multiculturalista e pós-moderna.

2.2-Estrutura curricular pós-moderna

O momento histórico que estamos vivendo, denominado de “pós-

modernidade”, pode ser entendido como uma crise que está desencadeando

uma mudança paradigmática em todos os níveis de compreensão do ser

humano.

O mundo moderno, de certeza e ordem, tem sido substituído por uma

cultura de incertezas e indeterminação.

Segundo GOMÈS (1992)

(...) Enfocando-se esse momento de crise na área

da educação, constata-se que a racionalidade técnica –

que se trata de uma concepção epistemológica da prática,

herdada do positivismo e, segundo a qual, a atividade

profissional, é sobretudo instrumental, dirigida para a

solução de problemas mediante a aplicação rigorosa de

teorias e técnicas científicas.

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30

Segundo AZEVEDO (1993). para sintetizar a visão do paradigma pós-

moderno, julga-se que negativamente,

“o pós-moderno é um estilo de pensamento

desencantado da razão moderna e dos conceitos a ela

vinculados. Não crê na razão autônoma e fundante, que

dá sentido ao homem e ao seu comportamento”.

Positivamente, a pós-modernidade é uma nova concepção da razão e da

racionalidade, não como elemento central ou único, mas abrindo-se à riqueza e

à heterogeneidade da vida, irredutível a toda forma de pretensão universalista.

O “pós-moderno pleiteia que o homem seja verdadeiramente livre e autônomo

para determinar sua própria história e sua vida”.

Azevedo (1993) acredita que pelo elo exercício do discernimento e da

liberdade, a educação de hoje não será atenção acrítica e dócil aos modismos

de último grito, lançados e explorados pelo mercado. Tampouco será uma

submissão rígida e passiva aos ditames de uma tradição, já incompatível com

os parâmetros reais de nosso mundo concreto. Pelo contrário, tornarão

possível aprimorar e levar adiante elementos fundamentais da tradição, tecida

ao longo do tempo e da história, permitindo visões realistas e prospectivas que,

ao mesmo tempo, iluminam o presente e constroem o futuro com fecunda

criatividade. Idem (1993) “Educar não será um esforço enciclopédico para

estocar informação no cérebro ou no computador. Educar será capacitar

pessoas para situar-se responsavelmente no mundo: será viver a partir da

história, será criar história”.

Nessa estrutura, o currículo vai sendo construído na medida em que os

projetos de trabalho com os alunos revelem questões e temas de estudo. Por

esse motivo alguns autores o denominam currículo aberto. Seus teóricos

criticam o racionalismo moderno que se expressa em programas centrados em

objetivos finais prefixados. Enfatizam as individualidades. Na prática, sugerem

temas contemporâneos e gerais, mas não definem pontos de chegada ou

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31

objetivos finais. A partir do tema inicial, as dificuldades ou avanços dos alunos

vão definindo os próximos temas e atividades a serem desenvolvidas. Dois

autores de destaque dessa vertente são Willian Doll Jr (norte-americano) e

Tomás Tadeu (brasileiro).

1.3 - Estrutura curricular multiculturalista

No campo do currículo, a centralidade da cultura em termos

epistemológicos ou a natureza da resposta que ele tem dado ao caráter

multicultural da realidade social, tem sido denominado de multiculturalismo

(Canen, Oliveira e Franco, 2000), (Moreira, 2001), e de multiculturalismo crítico

ou revolucionário (Mclaren, 2000a, 2000b).

Nesse campo, produções contemporâneas têm não só dado

centralidade à cultura ao analisar os discursos e práticas educativas, como

também proposto alternativas aos currículos existentes (Maclaren, 2000a,

2000b; Moreira, 2000). Elas chamam a atenção para a urgência de uma re-

significação da escola e do currículo como um espaço de reinvenção das

narrativas que forjam as identidades homogêneas. Nesse contexto,

reconhecemos a relevância do debate sobre as novas formas de inclusão de

sujeitos sociais com representação minoritária nos currículos.

O Multiculturalismo, como uma proposta inclusiva, pode ser entendido a

partir de alguns aspectos apontados em estudos recentes (Candau e Anhorn,

2000; Gonçalves e Silva, 1998; Canen, Arbache e Franco, 2000 e Moreira,

2001). Sob esse prisma, o multiculturalismo pode ajudar aos grupos com

representação minoritária incluídos em um quadro de hierarquias, posicionados

como subalternos. Construir uma proposta educacional com essa perspectiva,

nos leva ao reconhecimento dos erros promovidos pela escolarização e de

suas marcas ao longo da história do sistema educacional.

O Multiculturalismo propõe a adoção de temas de referência,

principalmente das expressões culturais étnicas, raciais e de gênero. Enfatiza o

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que seus formuladores denominam identidades locais e produção de novas

identidades, ou seja, um currículo que procura criar diálogos entre os valores e

culturas distintas existentes na sociedade.

A etnia e as opções sexuais são destacadas, além da articulação entre

questões globais e locais. Um currículo multiculturalista deve, assim, incorporar

questões das nações indígenas, dos afro-brasileiros, dos homossexuais, das

mulheres entre outros.

Essas duas concepções sobre currículo não têm substituído as teorias

anteriores, especialmente aquelas que se destacaram ao longo dos anos 80.

Em outras palavras, vivemos um intenso debate sobre as opções curriculares

nas estratégias educacionais a serem adotadas no Brasil.

2.4 - Parâmetros Curriculares Nacionais

O currículo, uma das dimensões de uma política educacional é, sem

dúvida, um componente de fundamental importância na concretização das

ações pedagógicas que se desenvolvem no contexto da estrutura e

funcionamento de um sistema educacional. O currículo costuma refletir os

princípios, objetivos e intenções de um projeto educativo e no interior de

instituições escolares atua como mediador do ato pedagógico.

A relevância do currículo num sistema educacional e a polêmica que ele

gera, têm feito com que as questões a ele relacionadas constituam pauta de

discussões constantes nos meios políticos e educacionais.

Segundo Cury (1996), ao comentar sobre a iniciativa de elaborar os

PCNs em seu texto Parâmentros Curriculares Nacionais e o Ensino

Fundamental, destaca a necessidade de serem feitas algumas reflexões

relativas a seu significado, sua oportunidade e processualística, sem nos

esquecermos de outros momentos históricos nos quais a mesma questão se

impôs. Para o referido autor, parâmetros curriculares, currículos mínimos,

diretrizes, seja qual for o nome a ser atribuído a essa iniciativa, é uma

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dimensão da política educacional que tem ligação com a questão federativa e

com a questão participativa e ambas com a democracia. No entanto, Cury

(1996) destaca que o nome atribuído pode ter ou não uma ligação mais estreita

com uma concepção de fundo, que subjaz a qualquer política educacional.

Que significados o termo parâmetros implica?

A palavra parâmetro, combinação do prefixo grego par(a) que indica

proximidade + metr(o) do latim – que mede, medição, medida, no contexto em

que foi utilizada e ora analisado, aponta para o significado de medida e esta

remete aos termos padrão, limite. Logo, a idéia de um limite, padrão está

implícita no termo. Essas considerações que o termo utilizado para nomear os

documentos sobre currículo indica, por si mesma já suscitam algumas leituras

críticas e observações, que colocam em questão aspectos que se referem à

extensão desse limite, qual deve ser ele, em que se apóia e quem dever definí-

lo.

Por outro lado à expressão currículos nacionais, também tem causado

polêmicas. Moreira (1996) discute-a, comentando a ausência de um consenso

em relação a seu entendimento e compreensão. Para esse especialista em

currículo, a expressão tem sido usada para indicar os padrões a serem

atingidos nacionalmente, as estruturas básicas das disciplinas, assim como um

conjunto formado por metas, padrões, processo instrucional e avaliação, ou

seja, uma gama de significados lhe são atribuídos, tornando-se necessário

esclarecer realmente o que se quer dizer com ela.

Alguns autores julgam-na uma contradição tendo em vista a crença de

que é impossível um currículo ser vivenciado nacionalmente. Assim, mostram-

se favoráveis a uma prática que apóie as iniciativas locais, organizadas de

acordo com as necessidades dos alunos, professores e comunidade. Esses

posicionamentos sobre orientações, diretrizes, parâmetros relativos ao

currículo destacam aspectos que questionam em que medida as diretrizes

nacionais podem limitar a autonomia dos estados ou reduzir os esforços que

deviam acontecer no sentido de direcionar o apoio e o incentivo à realização de

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reformas curriculares locais. É nessa perspectiva que se situa a vinculação do

tema à questão federativa que não se limita à educação e sempre se impôs.

Dentre as funções clássicas do Estado, está a de guardião da coesão

social: função permanente imposta por meio de vários caminhos. Entre esses,

está à educação escolar, uma vez que nas instituições escolares se dá a

socialização, a culturalização e instauração de valores. Nelas, é desenvolvida a

ação pedagógica que é mediada pelos currículos (explícitos e ocultos).

Como o Estado tem buscado cumprir essa função?

A idéia de diretrizes foi constitucionalizada, no artigo 210 da Constituição

de 1988 e mantida na LDB 9.394/96 no inciso IV, artigo 9º, que determina à

União a incumbência de estabelecer em colaboração com os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação

Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e

seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum.

Quanto aos currículos, a LDBEN n. 9.394/96, no seu artigo 26, valida

modernas teorias de currículo que aboliram esquemas usados no passado,

quando havia a exigência de que qualquer escola de um mesmo país deveria

seguir modelos idênticos de currículo (guia curriculares), e esses deveriam

contemplar aspectos relacionados ao regional e ao local.

Em 1997, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), como maior fonte

de jurisprudência sobre a educação nacional, lança os Parâmetros Curriculares

Nacionais, para as quatro séries iniciais do Ensino Fundamental, com o

propósito de apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o

mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de

seus direitos e deveres.

Na carta ao professor, presente em cada documento, a fala do ministro

da educação reitera a idéia de que os parâmetros têm como objetivo auxiliá-lo

e apoiá-lo na prática pedagógica, ao destacar que os mesmos foram

elaborados que modo a servir de referencial para o seu trabalho, respeitando a

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35

sua concepção pedagógica própria e a pluralidade cultural brasileira. Enfatiza-

se também que eles são abertos e flexíveis, podendo ser adaptados à

realidade de cada região.

O parecer 03/97 da Câmara de Educação Básica refere-se ao material

como um documento que apresenta princípios educativos, e como uma

proposta articulada entre objetivos, orientações didáticas e critérios de

avaliação, buscando contribuir para o aperfeiçoamento da prática pedagógica,

sem criar novas disciplinas ou se revestir de caráter de obrigatoriedade.

Os membros da Câmara ainda destacam o intuito de aperfeiçoamento

da qualidade do Ensino Fundamental e recomendam que, ao serem utilizados,

devem estimular o projeto educativo de cada escola, incorporando as

experiências diferenciadas da população, respeitando a pluralidade cultural do

país.

2.4.1- Análise dos PCNS Ensino Fundamental: Estrutura e

organização dos documentos

2.4.1.1- Ensino Fundamental

Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam uma estrutura

organizacional que tem os objetivos gerais do Ensino Fundamental como

referência principal para a definição das áreas e temas. Esses objetivos,

conforme comentados nos documentos introdutórios destacam capacidades

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36

que se relacionam às diferentes dimensões de uma formação humana integral,

ou seja, envolve os aspectos cognitivos, afetivos, físicos, éticos, estéticos,

tendo em vista a atuação e inserção social, de forma a expressar a formação

básica necessária para o exercício da cidadania e nortear a seleção de

conteúdos (MEC, 1997).

O material divide-se em dois grandes conjuntos: um para as séries

iniciais (1ª e 4ª) e um para as finais (5ª a 8ª).

Cada conjunto constitui-se um volume introdutório, volumes referentes

às áreas específicas e volumes referentes aos temas transversais:

considerando temas amplos o bastante para traduzir as preocupações da

sociedade brasileira de hoje, como ética, pluralidade cultural, meio ambiente,

saúde, orientação sexual e trabalho e consumo.

Prevê-se que os objetivos e conteúdos sugeridos para os temas

transversais devem ser incorporados às áreas já existentes e ao trabalho

educativo da escola, numa perspectiva de transversalidade.

No Documento Introdutório encontra-se um comentário que diz respeito

à organização dos tempos escolares, uma vez que, nos parâmetros se

apresenta uma proposta de organização e funcionamento da escola em ciclos

e não em séries.

Embora a organização e o funcionamento da escola esteja estruturado

em anos letivos, é importante uma perspectiva pedagógica em que a vida

escolar e o currículo possam ser assumidos e trabalhados em dimensões de

tempo mais amplas e flexíveis, com o envolvimento de todos os professores

responsáveis por um determinado ciclo, na consecução dos objetivos

propostos (MEC, 1997).

O documento apresenta, para o Ensino Fundamental, a organização em

quatro ciclos, compondo cada um de duas séries, ou seja: 1º Ciclo: 1ª 2 ª

séries; 2º Ciclo: 3ª e 4ª séries; 3º Ciclo: 5ª e 6ª séries e 4º Ciclo: 7ª e 8ª séries.

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37

2.4.1.2 - 1ª à 4ª séries – 1º e 2º Ciclos

Um conjunto de 10 volumes, compõe o material das séries iniciais do

Ensino Fundamental: Introdução, Língua Português, Matemática, Ciências

Naturais, História e Geografia, Arte, Educação Física, Apresentação dos

Temas Transversais, Meio Ambiente e Saúde, Pluralidade Cultural e

Orientação Sexual.

2.1.3 - 5ª a 8ª séries – 3º e 4º Ciclos

O conjunto que compõe os Parâmetros Curriculares de 5ª à 8ª séries

constitui-se dos seguintes volumes: Introdução, Língua Portuguesa,

Matemática, Ciência, Geografia, História, Língua Estrangeira, Artes, Educação

Física e Temas Transversais.

2.2 - Considerações sobre os Parâmetros Curriculares

Nacionais

A iniciativa do Ministério da Educação (MEC) ao propor os Parâmetros

Curriculares Nacionais foi e tem sido motivo de discussões por vários setores

da sociedade. Essas discussões abrangem posicionamentos que envolvem

aspectos gerais e específicos, de acordo com o olhar dos diferentes analistas.

Uma leitura de textos que apresentam esses posicionamentos permite o

destaque de certas pontuações presentes nas argumentações que se

apresentam desfavoráveis ao material. Essas pontuações referem-se a

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38

aspectos gerais e específicos das áreas curriculares, ao seu processo de

elaboração e à sua apropriação, tendo em vista as características dos

interlocutores para os quais o material se destina.

Em geral, esse conjunto de textos analisados apresenta referência à

importância da realização, no país, de reflexões desse gênero, uma vez que, a

partir de diálogos constantes, busca um consenso entre a diversidade de

setores que têm competência em discutir se há ou não necessidade de se fixar

conteúdos mínimos. Ou ainda, de questionar sobre os responsáveis de tal

incumbência, como e com base em que as diretrizes seriam determinadas e se,

por si só, o detalhamento de disciplinas, conforme previsto no art. 210 da

Constituição, garante uma coesão nacional.

Um item presente nas críticas refere-se ao enfoque centrado na

Psicologia, ou seja, o viés psicologizante dos documentos direcionados

especificamente às séries iniciais, em detrimento das reflexões de outras

ciências como a Sociologia da Educação, Sociologia do Currículo, a Filosofia, a

Antropologia, de estudos culturais, assim como do acúmulo de conhecimento

sobre o cotidiano escolar. Por que priorizar uma corrente psicológica

desconhecendo-se outras?

A maioria das análises considera que a questão da diversidade cultural

do país não foi suficientemente atendida, comprometendo a conscientização da

existência de conflitos sociais e contradições tão presentes em nossa

sociedade.

A presença de uma participação maior de professores no processo de

elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais teria considerado de forma

mais efetiva as questões que a diversidade nacional implica.

Quanto ao tema em questão, longevidade, encontramos uma pequena

citação fragmentada no PCN sobre a saúde.

Em documento recente no site do Ministério da Educação (MEC) foi

editado um documento complementar ao PCN Saúde intitulado Saúde, cujos

autores são MEC /UNICEF. Esse documento cita que a educação para a

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Saúde cumprirá seus objetivos ao conscientizar os alunos para o direito à

saúde, sensibilizá-los para a busca permanente da compreensão de seus

determinantes e capacitá-los para a utilização de medidas práticas de

promoção, proteção e recuperação da saúde ao seu alcance. Espera-se,

portanto, ao final do Ensino Fundamental, que os alunos sejam capazes de:

• compreender que a saúde é um direito de todos e uma dimensão essencial do

crescimento e desenvolvimento do ser humano;

• compreender que a condição de saúde é produzida nas relações com o meio

físico, econômico e sociocultural, identificando fatores de risco à saúde pessoal

e coletiva presentes no meio em que vivem;

• conhecer e utilizar formas de intervenção individual e coletiva sobre os fatores

desfavoráveis à saúde, agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e

à saúde da comunidade;

• conhecer formas de acesso aos recursos da comunidade e as possibilidades

de utilização dos serviços voltados para a promoção, proteção e recuperação

da saúde;

• adotar hábitos de auto cuidado, respeitando as possibilidades e limites do

próprio corpo.

O documento, porém trata a saúde de forma estereotipada, não como

saúde preventiva, mas como combate aos problemas de saúde preexistentes.

Outro aspecto observado é que a realidade atual é desprezada no

momento da abordagem genérica desse documento. Não é contemplado a

temática da longevidade nos PCNs.

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40

CAPÍTULO III

SUPERVISÃO ESCOLAR E CURRÍCULO

3.1- Histórico da ação supervisora no Brasil

Muitos se questionam sobre o papel da Supervisão Escolar.

Qual o papel do supervisor escolar na construção de um currículo sobre

longevidade?

À priori, vamos conhecer a origem da Supervisão Escolar no Brasil para

entendê-la como conceito.

A profissão de supervisor escolar2 é muito antiga e tem sua origem na

função associada ao “controle”. Segundo VASCONCELOS (2002), “(...) já

tínhamos no Brasil rastros da função supervisora escolar desde o século XIV,

com influência dos jesuítas e sua Ratio Studiorum3.”

Uma outra influência marcante na função do supervisor escolar e que

teve grande incidência sobre a nossa foi a dos Estados Unidos4, que surgiu no

século XVIII como “Inspeção Escolar”, no bojo do processo de industrialização.

Aqui é quase inevitável nos remetermos a Foucaut (1997:177) “(...) a super-

visão como expressão do desejo de controle total do movimento dos outros.”

Segundo Contrim idem em seu livro História da Educação no Brasil

sabe-se que:

(...) a Supervisão Educacional foi criada num contexto de

ditadura. A lei n. 5692/71 a instituiu como serviço específico da

Escola de 1º e 2º Graus e sua função era, então predominante

2 Quando falo supervisor escolar remeto-me ao seu sinônimo coordenador pedagógico. Os dois exercem a mesma função dentro do contexto escolar. 3 Promulgada, depois de várias versões, em 1959. Ali já se previa, por exemplo, que o prefeito dos estudos devia “ouvir e observar os professores”, lembrar de sua obrigação de esgotar a cada ano a programação que lhes fora atribuída, assistir as suas aulas, ler os apontamentos dos alunos, etc. (Cf. Saviani, 1999:21). 4 Ver por exemplo, o Plano de Assistência Brasileira- Americana no Ensino Elementar ( PABAEE, 1957-1964), no qual uma das ações foi a de levar professores aos Estados Unidos para se especializarem em supervisão e depois montarem cursos sobre essa especialidade no Brasil.

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tecnicista e controladora e correspondia a militarização escolar.

No contexto da Doutrina de Segurança Nacional adotada em

1967 e no espírito do AI-5 (Ato institucional n. 5) de 1968, foi

feita a reforma universitária. Nela situa-se a reformulação do

curso de Pedagogia.

Nesse contexto entende-se que a supervisão escolar trouxe para dentro

da escola a divisão social do trabalho, ou seja, a divisão entre os que pensam

os que decidem os que mandam e os que executam. É por isso que o

professor era o único ator e autor de suas aulas e o supervisor um mero

técnico observador. Nesse bojo nasce a figura do supervisor fiscal do professor

Dedo-duro (àquele que entrega o professores para a direção e para

mantenedora) é o pombo correio, (o levam recados do diretor para o

professor).

3.2- Mudança de paradigmas

Hoje o Supervisor Escolar é um articulador do Projeto Político

Pedagógico da Instituição, no campo pedagógico. O supervisor escolar

organiza a reflexão, a participação e os meios de concretização do mesmo, de

tal forma que a escola possa cumprir sua tarefa de propiciar que todos os

alunos aprendam e se desenvolvam como seres humanos plenos, partindo do

pressuposto que todos têm o direito e são capazes de aprender.

Segundo MEDIANO, 1990,

“Nos últimos anos, temos desenvolvido algumas pesquisas de

cunho etnográfico, analisando a prática pedagógica “bem

sucedida”. (...) Em todos esses trabalhos, o que sobressai,

como principal fator para o sucesso da escola, é a presença de

um supervisor que vê sua tarefa como essencialmente

pedagógica, que está junto com os professoes, discutindo com

eles os problemas, buscando as soluções, conhecendo as

crianças, enfim, o fato de a escola contar com alguém

preocupado com o ensino e que busca meios de auxiliar o

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42

professor a tornar a sua tarefa menos árdua contribui de

sobremaneira para o sucesso da escola.”

3.3- Condições objetivas para a ação supervisora

O coordenador pedagógico e ou supervisor escolar é figura importante

de mediação no sistema escolar.

A figura do supervisor e, também, do orientador educacional, surgiram

como representantes educacionais do sistema ditatorial que se impunha no

Brasil em 1964. Eles assumem, numa ação coordenada, o reverso daquilo que

se pretendia que fossem. O supervisor, de mero controlador, passa a ser o

articulador do conhecimento veiculado na escola.

O processo de transformação, não somente relacionado à formação do

supervisor ou do orientador necessitou mudar, principalmente, sua mentalidade

e sua linha de atuação.

.

De acordo com CASTRO e MATTOS (2000, p.24),

“A relação pedagógica interativa entre professor e aluno

proporciona um clima de confiança e segurança entre os

sujeitos da educação, facilitando a aprendizagem. É

fundamental promover no processo de ensino-aprendizagem

uma inter-relação dialógica de respeito, amizade, valorização,

estímulo e participação”.

Nos dias atuais faz-se necessário que haja um consenso entre direção,

supervisão e professores, pois é primordial a mobilização da escola para a

discussão política da prática pedagógica.

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43

O papel do supervisor na seleção de conteúdos busca a incansável

sensibilização dos professores para que os temas atuais sejam discutidos nas

salas de aula. Por acreditar nisso entender-se que o supervisor tem papel

articulador na escolha curricular e pode ter papel mediador quando esse

currículo trata-se de longevidade.

A inovação de conteúdos é um campo específico da atuação profissional

do supervisor, no qual também ele pode soltar sua criatividade. O currículo é

uma das áreas em que a escola está amarrada, é um projeto centralizador. Os

supervisores e docentes precisam ter iniciativa, planejar coletivamente a

criação e seleção de novos conteúdos coerentes com o contexto de vida dos

alunos. O supervisor é, pois aquele profissional que serve de apoio, para a

ação dos professores.

LIBÂNEO (1994, p. 26) afirma que: “O trabalho docente é uma atividade

coordenada, planejada visando atingir objetivos de aprendizagem, por isso

precisa ser estruturado e ordenado”.

As atividades de supervisão da escola devem contemplar o

planejamento, valorizando-o para assegurar se as matérias estão na dosagem

certa para que os alunos compreendam e tenham uma aprendizagem

significativa e, principalmente se os objetivos propostos foram alcançados.

Segundo AUSUBEL (1996, P.70), citado por COLL et. al. (1995), “A

principal fonte de conhecimento provém da aprendizagem significativa”.

Considerando esta citação, percebe-se que trabalhar conteúdos

relacionados à vivência dos alunos proporciona uma aprendizagem coerente

com o que o aluno vivencia e, portanto acarreta uma facilidade para assimilar o

conhecimento proporcionado pela escola.

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PERRENOUD (2002, p.50) afirma que “Uma prática reflexiva não é

apenas uma competência a serviço dos interesses do professor, é uma

expressão da consciência profissional”.

Refletindo-se esta citação, podemos entender o papel do supervisor, que

é também um educador e deve estar comprometido com a construção da

aprendizagem significativa doaluno, perseguindo objetivos que permitam a

produção e a sistematização de conhecimentos através da ação intencional,

organizada e científica do educador. O contexto de vida do aluno é um fator

essencial que deve delimitar a escolha dos conteúdos curriculares na escola.

Por isso é importante que o supervisor e o professor selecionem

conteúdos que vão ao encontro do dia a dia do aluno e da comunidade a qual

esse aluno está inserido.

O papel do supervisor deve estar sempre pautado numa postura ética

numa prática reflexiva para que, junto aos demais envolvidos com a educação

escolar, tenha como meta final à aprendizagem e a assimilação, por parte dos

alunos, de conteúdos relacionados com o mundo atual.

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45

CAPÍTULO IV

CURRÍCULO E LONGEVIDADE

4- Um currículo voltado para a aprendizagem e longevidade

O bem-estar, ou seja, sua saúde integral depende do conjunto de

hábitos e dos projetos capazes de promover o aluno não apenas em sua

competência intelectual.

Os aprendizados dos alunos, numa perspectiva voltada para a

longevidade humana, não podem se a ter somente às perspectivas tradicionais,

cujos objetivos pretendem incluir o aluno em seus direitos como cidadão e

como trabalhador.

Se o aluno desenvolver uma imagem de uma pessoa capaz de viver até

os cem anos, é lógico que não poderá sustentar sua vida com aprendizados

voltados somente ao domínio cognitivo. Seus propósitos e aprendizados, na

direção da constituição de uma identidade longeva, hão de conter a formação

de hábitos e conhecimentos que o capacitem a potencializar sua saúde

biopsicossocial e a atravessar as dificuldades previstas, como a aposentadoria,

o afastamento dos filhos e as perdas físicas, psicológicas e sociais. Por outro

lado, a escola poderá oferecer práticas escolares que contemplem a integração

de gerações, facilitando a tolerância e a identificação positiva com os idosos e,

ou melhor, um currículo ressignificado, voltado para uma geração que também

vai envelhecer.

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46

4.1- Re-significação curricular e longevidade

Os sonhos, em longo prazo, constituem-se em objetos de paixão que

mobilizam positivamente o indivíduo a ter energias e a apresentar uma taxa

elevada de proteção orgânica que o projeta para frente. Dificilmente, porém, a

trajetória será alcançada sem os recursos internos e as permissões sociais.

Para que se concretize o projeto um projeto de vida a devir, nasce o

currículo voltado para a longevidade como demanda para a comunidade

escolar.

A importância da construção de hábitos e habilidades na família e na

escola como conjunto de recursos para qualificar a vida, não mais apenas

como cidadão e trabalhador, mas como pessoa capaz de ter caminhos

diversificados de realização da vida. E esta, na condição humana da

longevidade, metaforicamente, pode ser comparada a uma longa viagem: para

realizá-la, é preciso uma bagagem razoável, incluindo disposições favoráveis

não somente a uma longa vida, mas a uma vida qualificada. Nesse sentido,

todas as disciplinas e as relações interpessoais em sala de aula, com a família

e com a comunidade, podem buscar novas práticas educacionais, tendo em

vista as novas exigências que a longevidade traz.

A preparação antecipada de projetos e oportunidades diversificadas ao

final de uma etapa da vida para assumir outra, objetiva-se em ensaios

anteriores e, mesmo, em oportunidades qualificadoras para uma segunda

ocupação. A liberação da pessoa em relação ao trabalho e à educação dos

filhos pode significar disponibilidade para novos projetos de vida e para um

tempo de novas inserções sociais, mas sem disposições ou recursos

internalizados, seja na área do lazer, seja na área de serviços. Isso se torna

apenas um desejo irrealizável.

Acredita-se que a qualidade dos conteúdos aprendidos e das

experiências vividas pelos alunos vai determinar a qualidade de suas relações

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47

com seu mundo. Aprender a pensar bem e a se relacionar bem não significa

apenas ser capaz de ordenar, classificar, operar os conteúdos, mas, também,

ver a qualidade dos conteúdos que estão sendo operados e as implicações

éticas deles emanadas.

Além disso, como vimos no capítulo sobre currículo, existe o currículo

oculto, que se forma pela convivência dos alunos com a sala de aula, com a

escola como um todo e com a comunidade, quando mediada pela escola.

A escola apresenta, todavia, um currículo voltado para a brevidade da

vida e com a função gravemente limitada dentro das exigências do mundo do

sistema, o qual não pretende muito mais que amarrar sua clientela dentro de

uma configuração educacional cujos domínios contemplam as questões da

economia e dentro dos interesses do Estado.

Assim, a escola não se firmou responsavelmente com o mundo-da-vida

e, particularmente, com os conhecimentos e com a ética sobre a vida da

criança, bem como sobre a qualificação de seu futuro.

Uma criança pode dominar os conhecimentos de conceitos, fatos e,

mesmo, organizar seus hábitos coerentemente com aqueles que estão sendo

oferecidos pela escola; pode, então, estar sendo preparada para ser um

cidadão e um trabalhador.

Seus conhecimentos, porém, podem levá-la a representar papéis e

desenvolver hábitos extremamente ameaçadores para sua qualidade de vida,

para a dos outros e a da natureza. Isso significa que a escola possui também a

responsabilidade com o mundo-da-vida e, particularmente, com os efeitos das

operações mentais sobre a vida da criança, bem como sobre o seu futuro.

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4.3- Implicações da mudança curricular

Os Estados autoritários, em consonância com o projeto do nacionalismo

vigente na primeira metade do século XX, suscitaram o racionalismo científico,

promovendo intervenções unívocas do currículo. A mudança curricular

brasileira foi influenciada pelo Estado Novo e pela rápida transferência dos

moradores do campo, atraídos para a cidade pelo processo da industrialização.

Particularmente a lei nº 5 692/71 foi pensada à luz das exigências científicas

trazidas dos Estados Unidos e à luz da industrialização brasileira. As reformas

têm sido feitas de maneira a considerar o aprendizado moral como questão

tangencial ou apenas transversal, mas não buscaram efetivas ações

pedagógicas inscritas no próprio conteúdo programático, com a finalidade de

criar um equilíbrio entre o desenvolvimento intelectual e o ético.

A primeira questão, portanto, que se estranha são os resultados finais

dessas alterações na história das experiências que as sociedades impõem

como aprendizado a seus alunos. A lógica da razão voltada para o domínio da

natureza e do homem sobre outros homens, praticada pelo sistema da política

e da economia, tem demonstrado que as soluções são criticáveis e que o

sonho da emancipação a ser fornecida pela razão deve ser repensado.

As injustiças sociais inseridas nas diversas formas de exclusão, a

devastação do meio ambiente, a violência nas relações entre os povos e nas

relações entre aqueles que pertencem ao mesmo lugar, o baixo nível de

preocupação com as relações pessoais e interpessoais, a despreocupação

com a saúde física e mental põem em dúvida a excelência da razão ocidental

como solução para os problemas humanos.

Koopman (1970, p. 58) afirma que “o desenvolvimento curricular é

concebido para expressar a sabedoria crescente na raça humana, mediante a

atualização de princípios e objetivos, propondo, com eficácia, as mudanças nas

instituições escolares”.

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O currículo, entretanto, tem obedecido rigidamente às exigências das

mudanças no mundo da economia e/ou às exigências das políticas dos

Estados.

Dentro da teoria da razão comunicativa, pode-se, assim, pôr em dúvida

a eficácia e a sabedoria das instituições escolares e seus pensadores. O que

se propõe, então, é que a vida e sua expressividade possam constituir-se em

razão de mudança curricular mediados por seus supervisores, o que implica

exigências de conhecimentos e de estratégias a serem apresentadas aos

professores para que, uma vez motivados, consigam pôr em evidência a

possibilidade da extensão do novo projeto pedagógico, qual seja, o de entender

o processo do envelhecimento qualificado, a ampliação da vida e os meios de

produzir os recursos para levar adiante a realização humana em todo o ciclo de

vida.

Assim, a mudança curricular pode efetivamente ser produzida por novas

experiências no ambiente escolar, o que acontece pela instrumentalização,

pela vontade e pela motivação de professores e alunos para alcançar

aprendizagens correspondentes a um novo aprendizado moral

conscientemente assumido.

A proposta de mudança curricular é de se pôr em relevo aqueles

conteúdos de cada disciplina que possam favorecer os conhecimentos e os

comportamentos em relação à qualidade de vida. A escola e, nela, supervisor

escolar, advertidos pelas limitações da lógica da razão instrumental,

organizam, por essa razão, experiências que propõem a mediação entre o

mundo dos sistemas da economia e da política e o mundo-da-vida. Isso

significa que, além dos propósitos da tradição, pode-se produzir a vida das

pessoas dentro de uma reflexão denunciadora e de uma proposição

anunciadora de metas educacionais com vistas à expressividade individual,

interpessoal e comunitária. Além da reengenharia das instituições que

encaminham a produtividade e a qualidade exigidas pela globalização, propõe-

se a satisfação das relações sociais e pessoais, avaliando-se também os

conhecimentos na ótica do bem-estar biopsicossocial.

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Essas considerações levam a que se aprofunde ainda mais a questão da

cultura e da necessidade de sua renovação em face das finalidades da

qualidade de vida dos indivíduos, de suas relações entre si e com o meio

ambiente.

TABA (1977) p.78, ao considerar o currículo em face da cultura e da

gênese da personalidade, diz que “cada cultura tem seus objetivos

fundamentais de socialização ou um modelo básico para a formação da

personalidade, isto é, a imagem do adulto ideal” (1977, p. 78). Este “adulto

ideal” é um homem trabalhador, obediente às virtudes do pensar o senso

comum, sem se interrogar sobre a questão da excelência de sua vida e da vida

social, fornecendo - lhe a educação aqueles recursos para viver 4somente até

os sessenta anos. Por exemplo, e por força de contaminação dos países

hegemônicos sobre os outros, a cultura americana reforça, também na América

do Sul, o espírito de luta, a grandeza da pátria, “o êxito material e a realização

e orientação para o trabalho”. Isso significa que “as características comuns dos

indivíduos na cultura norte-americana, por conseguinte, se caracterizam pela

motivação de progredir e obter sucesso”.

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4.4 - Currículo e Longevidade como proposta curricular

Um currículo para a longevidade que ora se apresenta leva em

consideração a proposição pedagógica de equilibrar a formação intelectual

pelas experiências educacionais, cujo foco de atenção se concentra sobre a

saúde física, mental, social e ambiental. Assim, as disciplinas não somente se

constituem em objeto de desenvolvimento cognitivo, mas em práticas que

visem ao aprendizado e ao comprometimento do aluno com a qualidade de

vida em ações específicas.

A sala de aula, dessa maneira, constitui-se em espaço curricular

privilegiado para animar os alunos em torno de suas relações interpessoais,

avaliação e intervenção em possíveis dificuldades em sua saúde mental e

social.

Acredita-se que, por meio de experiências relativas às oficinas propostas

no ensino fundamental e médio, da avaliação e intervenção pertinentes dos

coordenadores escolares às relações em sala de aula, possa acontecer a

construção de relações humanas qualificadas, que resultem em ações

comunitárias significativas, promovendo, assim, o desenvolvimento ético e a

saúde física e mental dos escolares da escola e ou das redes de ensino.

O currículo escolar, portanto, até hoje, teve a preocupação de instruir os

escolares para o desenvolvimento da competência intelectual, objetivando o

sucesso da ascensão social e o bem-estar material. Isso evidencia uma escola

pouco preocupada com o desenvolvimento de um estilo de vida qualificado

para as relações positivas consigo, com os outros e com a natureza.

Por outro lado, nota-se uma distância entre a escola e a comunidade no

que se refere ao cuidado compartilhado entre as gerações.

Tendo em consideração essa premissa, propõe-se uma alternativa

pedagógica para as escolas que propicie experiências de um desenvolvimento

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moral, favorecendo a qualidade de vida dos alunos por meio da promoção de

melhores hábitos na comunidade escolar e na sociedade como um todo.

4.5 - Matrizes para contemplar um currículo sobre a

longevidade5

Muitos são os fatores que influenciam e/ou determinam a qualidade de

vida da pessoa, tais como o estilo de vida da cultura que a envolveu, as

relações familiares e os fatores acidentais. A escola, em seu papel de

educadora para a vida, é o espaço por excelência que possibilita o

desenvolvimento do espírito crítico e de proposições práticas em relação à

construção de comportamentos que levem à qualificação de todo o ciclo vital.

Além disso, considerando-se o currículo como espaço de formação

humana integral e, particularmente, num tempo em que se altera o perfil

demográfico de nossas comunidades e de nossas famílias, propõem-se

também promover diversas experiências que contemplem a integração de

gerações.

Justifica-se, igualmente, este estudo pela metodologia a ser utilizada,

uma vez que são propostas atividades junto às disciplinas por meio de práticas

pedagógicas concretas, como oficinas temáticas, temas da casa e da sala de

aula como espaço de formação ética permeada pelas interrelações do

cotidiano escolar. A presente proposta insere-se nas atividades regulares das

disciplinas curriculares, não exigindo projetos paralelos; compreende o

desenvolvimento integral do aluno, otimizando o potencial dos conteúdos

programáticos.

5 Consideramos alguns fatores sobre longevidade, proposto em tabela no capítulo 1 p. XX para elaborar esses eixos. Consideramos que esses eixos não contemplam o tema longevidade como um todo, pois servem inicialmente de ponto para início de uma discussão aprofundada com todos os parceiros envolvidos na construção de um currículo voltado para a longevidade.

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Entende-se que o paradigma do desempenho cognitivo é importante,

mas não o suficiente para completar a ação educacional. Para tanto, convém

propor-se a aquisição de condutas que gerem conhecimentos, atitudes,

sentimentos e capacidade de autonomia na aprendizagem.

Parece importante que, à luz do objetivo da qualificação em todo o ciclo

de vida, possam ser apresentadas algumas condutas interessadas em

evidenciar a lógica do desenvolvimento ético, as quais podem ser referidas

pela atenção aos seguintes aspectos:

• Desenvolvimento de princípios, hábitos e idéias que facilitem os cuidados com

a saúde e a integração de gerações, promovendo a tolerância, a sensibilidade

e a percepção da individualidade humana na sala de aula e no contexto familiar

e comunitário;

• Desenvolvimento de habilidades estéticas que favoreçam a promoção de

atividades diversificadas e ocupações interessantes;

• Desenvolvimento da sensibilidade em relação às questões sociais, mormente

àquelas relativas às formas de exclusão;

• Domínio dos fatores de risco da saúde humana e das alternativas para sua

promoção;

• Formulação de uma filosofia unificadora da vida, promotora de espírito crítico

em relação às principais ameaças existentes em seu contexto e sustentadora

de ações favoráveis à sua promoção;

• Entendimento da importância de políticas sociais e sua participação em

projetos específicos que promovam o espírito de solidariedade;

• Aprendizado de experiências afetivas e de cooperação no âmbito da escola;

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• Ampliação dos objetos de escolha afetiva em artes e ofícios, como ampliação

dos recursos de desenvolvimento, com vistas a uma permanente busca de

sentido de vida;

• Reflexão e experiências de minimização ou afastamento dos diversos

preconceitos existentes nos contextos escolar, familiar e comunitário;

• Desenvolvimento da percepção crítica das construções sociais politicamente

determinadas em favor de hegemonias e da racionalidade instrumental;

• Compreensão da necessidade de permanente exercício das funções

biopsicossociais;

• Promoção do aluno como construtor da história da sua saúde e de sua

família, assim como da comunidade e da natureza, pela análise e intervenção

nos costumes existentes.

4.6- Perspectivas práticas para um currículo que contemple a

longevidade

Acredita-se que, mediante os elementos de convicção apresentados, as

escolas poderão oferecer caminhos pedagógicos diferenciados e facilitadores

do desenvolvimento da comunidade escolar na sua totalidade.

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Acredita-se também que se possa promover uma proposta curricular que

contemple o desenvolvimento integral do aluno inserindo no currículo

experiências pedagógicas cuja finalidade é a construção de uma ética voltada

para a qualidade de vida, através do aperfeiçoamento das relações consigo,

com os outros e com a natureza, e que contemple a integração de gerações

em nível familiar e comunitário.

Entende-se, além disso, que a equipe escolar possa:

• Oferecer oficinas que promovam a formação de hábitos nas disciplinas em

sala de aula, com vistas a melhorar as relações consigo, com os outros e a

natureza;

• Oferecer atividades que sejam proativas na saúde e minimizem os riscos da

saúde, pela formação de um estilo de vida em busca de uma longevidade

qualificada;

• Fornecer elementos em torno de atividade de lazer para a promoção de

atividades significativas para ocupação do tempo livre;

• Oferecer aos professores aprendizados com vistas a mediar o

aperfeiçoamento das relações humanas em sala de aula, promovendo a

superação dos preconceitos, a cooperação e o respeito;

• Desenvolver um sentido de observação e intervenção em relação às

dificuldades em torno de comportamentos que evidenciam distúrbios afetivos e

intelectuais;

• Promover vínculos entre escola e família através de experiências de

aproximação, assim como de seminários, encontros e temas da casa, os quais

buscam fortalecer idéias e atitudes conjuntas para aquisição de uma ética da

qualidade de vida;

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• Integrar os alunos à sua comunidade familiar com vistas a integrar as diversas

gerações que a compõem;

• Promover ações sistemáticas em torno de projetos qualificadores da vida

comunitária;

• Apoiar, particularmente, as famílias que estejam atendendo idosos

dependentes e seus cuidadores.

4.7 – Currículos para a longevidade em ação

Para operacionalização das matrizes citadas no item 4.6, propõe-se que

sejam integrados os esforços de toda a comunidade escolar e, para atingir as

redes de ensino, os diversos setores envolvidos deverão assumir de forma

partilhada com os professores os caminhos dessas proposições pedagógicas.

Para tanto, são sugeridos alguns procedimentos para o encaminhamento

escolar, municipal ou estadual da presente proposição:

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57

a) Discussão e aperfeiçoamento do currículo, em primeira instância, com

supervisores, professores e ou com os responsáveis pela política educacional

da rede educacional onde a proposta será desenvolvida, tendo em vista:

b) a compreensão e fundamentação teórica da proposta;

c) as disciplinas do currículo e as respectivas oficinas a elucidarem as

intenções mediadoras do desenvolvimento de hábitos e habilidades;

d) os exercícios mediadores de convivência cooperativa, de atenção

respeitosa e de consideração dos sofrimentos mais comuns dos alunos e as

respectivas abordagens;

e) as formas de integração de gerações, sejam no âmbito familiar, sejam

no âmbito comunitário;

f) as atividades conjuntas no âmbito de toda a escola;

g) outros procedimentos a serem desenvolvidos pela escola;

i) formação de uma equipe, integrada por professores e assessores dos

setores para acompanhar a implementação da proposta;

j) organização e promoção de um seminário, cujos temas e práticas

envolvam bases teóricas e práticas sobre o projeto Escola Currículo e

Qualidade de Vida e Integração de Gerações desenvolvido pelas

coordenações pedagógicas, com vistas a sensibilizar e animar os professores;

l) elaboração de um livro-texto com fundamentação teórica sobre a

longevidade, propostas de oficinas, temas da casa a serem desenvolvidos

entre alunos e família, orientações gerais para montagem autônoma de

oficinas, proposições para fortalecer a cooperação e o respeito em sala de aula

e apoio pedagógico a alunos em sofrimento mental;

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58

m) acompanhamento sistemático por parte dos responsáveis pela

coordenação das experiências da construção curricular, na promoção de

oficinas nas disciplinas, no desenvolvimento da solidariedade em sala de aula,

nas atividades de lazer, nos serviços comunitários e na integração de

gerações;

n) reuniões sistemáticas entre os parceiros envolvidos na proposta.

Analisando as perspectivas de mudança. Papert (1994), aponta duas

tendências no mundo: a tecnologia, responsável pela forte necessidade de

aprender melhor e de forma eficaz através das tecnologias de informação e, a

tendência epistemológica, uma revolução nos parâmetros acerca do

conhecimento. A crise de paradigmas e a conseqüente necessidade de refletir

sobre as práticas educativas, leva a repensar o papel das instituições de

ensino, com base num novo aporte teórico, conforme o alerta de alguns

estudiosos, a exemplo de Thomas Kunh, Boaventura Santos (2005), Alvin

Toffler e outros.

Dentro dessa perspectiva de construção sobre o tema e dos novos

saberes para o envelhecimento, está embutido, conseqüentemente, o enfoque

curricular, cuja estruturação e desdobramento se faz necessário evoluir, de

acordo com as demandas dos novos conhecimentos.

Avançando no seu processo histórico e, focando as últimas décadas, é

perceptível o direcionamento de uma visão de educação que elege como

prioridade à relação com o meio e a “prática social viva” (Vasconcelos,2003) e

considera a experiência como a fonte da aprendizagem, da ciência e das novas

tecnologias para o avanço desses novos saberes e nestes, devem se inserir os

longevos.

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59

Conclusão

Nesse trabalho refletimos sobre os desafios da construção de um

currículo escolar do Ensino Fundamental voltado para a longevidade.

A partir da realidade, refletimos as mudanças no perfil populacional

brasileiro, da sociedade contemporânea, o papel da escola, do supervisor

escolar e abordamos a priori um cenário de perspectivas que contemplam a

longevidade humana e a inclusão social pautada no conhecimento e apreensão

do saber.

Sabemos que a educação é um direito de todos, independente de

gênero, idade, etnia ou classe social, de acordo com a Constituição Federativa

do Brasil de 1988, e executada como política pública, quando se abre à

universalização e ao acesso igualitário de toda a sociedade, considerando sua

finalidade que além do mundo do trabalho, deve ser uma prática social que

implica cidadania, conforme Lei nº 9394/ 96 – Lei de Diretrizes e Base da

Educação Nacional.

Entendemos nesse bojo que escola deve ser vista como um projeto em

construção, que deve atender aos desafios da contemporaneidade, que deve

priorizar a conquista e a troca de conhecimentos e de saberes que se

permeiam em diferentes locais para a criação de grandes idéias, inovação

para maiores e melhores oportunidades e o espaço para as grandes

polêmicas, de consenso e dissenso – respondendo ao desafio de fazê-la num

espaço aberto, que rompa com a dicotomia de ser modelo tradicional

postulada a um perfil sócio-cultural específico.

A busca do saber torna-se um direito que garante o acesso de todos,

em condições de igualdade e permanência, rumo à inclusão social,

contemplada em um currículo mais flexível que considera não só o espaço da

aprendizagem como também o tempo da aprendizagem e a longevidade dessa

aprendizagem.

“Aprender à Aprender”, como foco central de um currículo

contemporâneo que contemple a longevidade, é ponto de reflexão, onde

oportunizamos compreender dentro do processo de mudança de um novo

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perfil populacional que implica o reconhecimento do envelhecimento gradativo

da sociedade brasileira.

O processo de mudança no mundo atual e do trabalho, considera o

saber, da experiência, da produção material e as formas de apreensão da

realidade.

O avanço da ciência tem mostrado a necessidade de serem revistos e

repensados os ideais, os mecanismos, as estruturas e, sobretudo, as relações

na educação, objetivando não somente uma formação profissional, mas, um

aprendizado para a vida, mais próxima da realidade na visão de Paulo Freire.

Para finalizar essa breve reflexão, pensar em uma educação que visa a

longevidade e também pensar num idoso cidadão na era das inovações, da

dinâmica da sociedade atual, pode ser uma utopia. Contudo, pela sensatez,

equilíbrio e serenidade, características dessa faixa etária, vislumbra-se, desde

que seja estimulado, um cenário bastante promissor na via da educação,

podendo somar seus conhecimentos acumulados às novas construções de

saberes para a vida.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 10

REVISÃO DE LITERATURA 13

CAPÍTULO I – Longevidade 13

1- Conceito de longevidade 13

1.1- Longevidade na História 14

1.2 - Fatores Influentes de longevidade 15

1.3 - Índice para avaliar a longevidade 16

1.4 - Envelhecimento como fenômeno mundial 15

1.5 – Envelhecimento da população brasileira 17

1.6 – Mobilização para a questão do idoso no Brasil 18

1.7- Estatuto do Idoso 20

CAPÍTULO II – Currículo 22

2- Definição e impressões históricas 22

2.1- O currículo no Brasil 25

2.2- Estrutura curricular pós-moderna 28

2.3- Estrutura curricular multiculturalista 30

2.4- Parâmetros Curriculares Nacionais 35

2.4.1- Análise dos PCNs Ensino Fundamental 35

2.4.1.1- 1º e 2º ciclos 36

2.4.1.2- 3º e 4º ciclos 36

2.5 - Considerações sobre os PCNs 37

CAPÍTULOIII – Supervisão Escolar e Currículo 40

3.1 – Histórico da ação supervisora no Brasil 40

3.2 – Mudanças de paradigmas 41

3.3- Condições objetivas para a ação supervisora 42

CAPÍTULO IV – Currículo e longevidade 45

4- Um currículo voltado para a longevidade 45

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4.1- Re-significação curricular e longevidade 45

4.2- Implicações da mudança curricular 48

4.3- Currículo e longevidade como proposta curricular 51

4.4- Matrizes para complementar um currículo 52

4.5- Perspectivas práticas para um currículo... 55

4.6- Currículo para a longevidade em ação 57

CONCLUSÃO 60

BIBLIOGRAFIA 62

ÍNDICE 70

FOLHA DE APROVAÇÃO 72

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Currículo: um olhar sobre a longevidade

Autor: Denise Bacellar Nunes

Data da entrega:

Avaliado por: Antônio Fernando Vieira Ney

Conceito:________________________________________