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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MARKETING E RASTROS DIGITAIS: A SEGMENTAÇÃO E FIDELIZAÇÃO DO PÚBLICO ALVO NA NETFLIX
Priscilla de Barros Aguiar Litwak
ORIENTADOR:
Prof. Mário Luiz
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de MBA em Marketing. Por: Priscilla de Barros Aguiar Litwak
MARKETING E RASTROS DIGITAIS: A SEGMENTAÇÃO E FIDELIZAÇÃO DO PÚBLICO ALVO NA NETFLIX
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pois foi Ele quem permitiu que eu
concluísse mais esse objetivo. Quero agradecer também aos meus pais,
Valdeci e Elíude, meus grandes exemplos de vida, pela educação que vocês
me deram e pela formação que vocês me proporcionaram. Também agradeço
ao meu marido, Carlos Alberto, pela paciência e incentivo durante todo esse
processo.
Agradeço também a todos os colegas do MBA, com certeza todos foram
importantes nessa caminhada. Agradeço em especial, as colegas que se
tornaram amigas Katyane Torres, Amanda Suzart, Aline Rosa e Fernanda
Borring, que Deus colocou no meu caminho. Agradeço a todos os professores
com quem estudei durante esse período. O meu muito obrigada por tudo.
Agradeço em especial aos professores Tufic Derzi e Robson Vitorino pelos
ensinamentos e palavras de incentivo.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais
e ao meu marido, os amores da
minha vida e meus maiores
incentivadores.
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RESUMO
Este trabalho traça uma estimativa de um novo meio que se abriu para as
empresas com a utilização dos rastros digitais, que possibilitam o
conhecimento de dados, hábitos e preferências do novo consumidor - mais
exigente e poderoso com o advento das novas tecnologias. Essa ferramenta
facilita a implementação de novas estratégias de marketing, assim como o
enfrentamento de novos desafios. Sendo abordadas estratégias de marketing
usadas na Netflix a partir dos rastros digitais, o estudo exemplifica a
importância de inovar e reinventar planos de negócio.
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METODOLOGIA
Em busca de atingir o objetivo principal será utilizado o método qualitativo
baseado em pesquisas bibliográfica em livros, monografias, teses de
dissertações, artigos de revistas e internet e resportagens. Será realizado um
estudo de caso da empresa Netflix, no qual será feito um levantamento de
informações fornecidas pela própria empresa através de seu site e perfis
oficiais nas redes sociais. No anexo deste trabalho segue um acervo com
respostas de usuários sobre o seu relacionamento com a Netflix.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 11
Marketing e Segmentação do Público Alvo 11
CAPÍTULO II 21
Rastros Digitais aplicados ao Marketing 21
CAPÍTULO III 32
Segmentação e Fidelização do Público Alvo através de Rastros Digitais 32
CONCLUSÃO 56
BIBLIOGRAFIA 58
ÍNDICE 61
ANEXOS 62
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INTRODUÇÃO
(...) a tecnologia está mudando – do mundo mecânico para o mundo digital, internet, computadores, celulares e redes sociais – e isso tem profundo impacto no comportamento de produtores e consumidores. Esses e outros desafios exigirão que repensemos o marketing (KOTLER, 2010, n.p.).
A presente pesquisa está baseada nessas mudanças tecnológicas,
nesse profundo impacto no comportamento de produtores e consumidores e
nos desafios impostos ao marketing. O canal a exemplificar a pesquisa é o
caso da empresa Netflix.
Antigamente a opinião do cliente não tinha tanto valor para as empresas
como tem hoje. Não existia segmentação do público alvo e os clientes tinham
que se adaptar ao que era oferecido pelas empresas. A chamada era dos
produtos. Com o passar do tempo, com o intuito de aumentar os lucros e
fidelizar os consumidores, as empresas perceberam a importância e passaram
a valorizar mais os seus clientes e decidiram que poderiam dar mais atenção a
eles. Passou-se então a ser preciso mostrar qualidade em seus produtos para
atender o seus clientes. Foi então a era do consumidor. Com o tempo, os
produtos passaram a não ser mais suficientes e sim a sensação que eles
proporcionam. E cada vez mais o cliente passou a ditar as regras das
empresas.
Em mercados cada vez mais fragmentados e com o consumidor cada
vez mais exigente, os profissionais de marketing precisam se voltar ainda mais
para os métodos de segmentação e investir na personalização de serviços.
Neste contexto, uma maneira de segmentar e buscar o público alvo e
oferecer serviços personalizados como forma de fidelização é pelos rastros
digitais, isto é, a partir do que os consumidores acessam e procuram na
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internet. Hoje esses rastros já são usados por muitas empresas para conquistar
e fidelizar clientes e consequentemente alavancar sua lucratividade. No
entanto, a ferramenta chamada Big Data (“megadados”), que possibilita a
análise dos rastros digitais, apesar de não ser tão recente, ainda é algo
distante para muitas empresas. Por isso, se faz importante o presente estudo,
para que a técnica seja mais difundida e seja uma aliada para bons resultados
de profissionais de marketing.
Para compreensão do objetivo geral, foram delineados objetivos
específicos que dão suporte a este trabalho. O objetivo da pesquisa é analisar
como o marketing pode se beneficiar dos rastros digitais para segmentação e
fidelização do público alvo. Além disso, conhecer a evolução do marketing e o
conceito de segmentação e fidelização do público alvo e compreender o que
são rastros digitais.
O estudo do tema leva a reflexão da urgência em se adaptar e reinventar
modelos de negócios. Para tanto, no primeiro capítulo, o tema abordado será
marketing e segmentação do público alvo. O segundo capítulo, apresentará
conceitos e funções dos rastros digitais aplicados ao marketing. Por
consequência, o terceiro e último capítulo abordará a segmentação e
fidelização do público alvo através de rastros digitais.
A utilização dos rastros digitais é de grande importância devido à
possibilidade que eles dão às empresas em conhecer dados, hábitos e
preferências dos clientes. Com os dados, houve o surgimento de um novo
meio, que promove interações e melhora seus processos produtivos e serviços.
Na análise do objeto, foram avaliadas estratégias de marketing utilizadas
pela Netflix, para refletir sobre detalhes de cada situação em destaque
conforme será apresentado no decorrer da pesquisa.
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Este objeto de estudo se deu a partir do interesse em estudar mais
profundamente os rastros digitais como um possibilitador e facilitador de novas
estratégias de marketing.
Este trabalho mostra que o novo consumidor tem mais acesso à
informação devido às novas tecnologias e por isso é mais exigente quanto à
serviços - que hoje devem ser feitos sob medida - e passa a comentar e dar
opiniões sobre esses serviços e interagir com as marcas e confiar mais em
outros consumidores do que nas empresas.
Neste contexto, iremos refletir sobre a importância de conhecer o
consumidor através de informações deixadas por ele mesmo.
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CAPÍTULO I
MARKETING E SEGMENTAÇÃO DO PÚBLICO ALVO
1.1 A História do Marketing
Antes de começar a pensar sobre a história do marketing e seu
desenvolvimento até os dias de hoje se faz necessário analisar o seu conceito.
Sendo assim, o termo marketing, que significa ação do mercado, oriundo do
inglês, é descrito por Philip Kotler (2006) como o processo de identificar e
satisfazer as necessidades humanas e sociais. Segundo Kotler, ele define,
mede e quantifica o tamanho do mercado identificado e o potencial de lucro.
Peter F. Drucker (apud KOTLER; ARMSTRONG, 2007), conceitua o
marketing como um processo social e gerencial por meio do qual pessoas e
grupos obtém aquilo de que necessitam e o que desejam criando e trocando
produtos e valores uns com os outros.
Para Gordon (2000), o marketing pode ser visto como um processo de
identificação e satisfação das necessidades do cliente, de um modo
competitivamente superior de modo que a organização tente atingir seus
objetivos.
A American Marketing Association (2005) define marketing como uma
função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a
comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração
do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu
público interessado.
Visto isto, podemos analisar sobre a história do marketing. Las Casas
(2009) relata que para a American Marketing Association, sua prática sempre
existiu, porém, com variação no seu grau de utilização.
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Seguindo esse mesmo pensamento, Ambler (apud SANTOS; et al,
2009) afirma que o marketing existe desde o início do comércio, sempre
pensado, só não era chamado desta forma:
Mercadores não simplesmente compravam e vendiam; eles desenvolviam relacionamentos de longo prazo, o que agora seria chamado de equidade da marca. Eles podem não ter sido introspectivos sobre seus métodos de negócios, mas se eles não tivessem conhecimento de como satisfazer seus consumidores, enquanto faziam lucro para eles mesmos, o comércio não teria sobrevivido. (AMBLER apud SANTOS, 2009, p.4).
Já o conceito e a noção do que é o marketing teria nascido nos anos de
1950, no pós-guerra, quando no início da industrialização mundial se acirrou a
competição pelo mercado e o cliente passou a ter mais alternativas na hora da
compra, de acordo com Ana Célia Ariza (2006). Até então o consumidor não
tinha muitas opções de escolhas. Segundo Ariza, as empresas da época
conscientizaram-se de que os clientes precisam se sentir mais estimulados a
comprar. Ariza afirma que o marketing então nasceu quando as empresas
utilizaram-se de técnicas de pesquisa e análise de mercado, bem como da
comunicação e da promoção para deixar seus produtos mais atraentes.
Nessa época não se tinha como foco o gosto dos clientes e as
necessidades dos mesmos, visavam somente obter lucro com produtos. Era a
cultura do vender a qualquer custo.
De acordo com Sílvia Mara de Melo e Marcelo Marques (2014), os
primeiros passos na propagação do marketing foram dados a partir da obra de
Peter Drucker “A Prática da Administração”, em 1954, o primeiro registro em
que chamava a atenção do administrador para a importância do marketing
para o mercado, mesmo não sendo uma análise aprofundada do marketing
propriamente dito.
Para Drucker (apud KOTLER, 1998) o objetivo do marketing é “tornar a
venda supérflua. A meta é conhecer tão bem o cliente que o produto ou
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serviço se adapte a ele e se venda por si só. Deixe o cliente pronto para
comprar. A partir daí, basta tornar o produto ou o serviço disponível”.
Na mesma década, Neil Borden mencionou a expressão “mix de
marketing” em seu discurso de posse na American Marketing Association,
como apontou Kotler. Os 4Ps (produto, praça, preço e promoção) foram
introduzidos mais tarde, em 1960, em Jerome McCarthy, Basic Marketing: A
Managerial Approach (1ª edição) (Homewood, IL: Irwin, 1960).
De acordo com Solon C. de Araujo (2008), com o livro de McCarthy
houve uma “codificação” do marketing, mostrando sua amplitude e, ao mesmo
tempo, compactando os conhecimentos de uma forma didática, inteligível por
todos.
Para Araujo, McCarthy estruturou o marketing em Produto (Product),
Preço (Price), Promoção (Promotion) e Praça, ponto ou distribuição (Place).
Tudo isto em torno do mercado, agindo em função do mercado, do
consumidor. Desta forma, ficou clara a abrangência do marketing: ao se
conceber um produto, já se deve levar em conta o gosto, o desejo dos
consumidores; o preço deve ser estabelecido em função do que o consumidor
pode e/ou quer pagar; a promoção, entendida aqui como comunicação em seu
sentido mais amplo, visa mostrar ao consumidor que o produto existe, o que
ele faz, onde ele está e, em alguns casos, até quanto custa; o local onde o
produto é vendido (ou o serviço prestado) deve ser escolhido de modo a
facilitar sua aquisição em função da conveniência do consumidor.
Também foi na década de 1960, de acordo com Nelson Batista de
Sousa (2012), que aconteceu a grande mudança no cenário com Theodore
Levitt, professor da Harvard Business School, intitulado mais tarde como o pai
do marketing.
Segundo Sousa, em seu artigo na revista Harvard Business Review
”Miopia em Marketing“, Levitt revelou uma série de erros de percepção e
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mostrou a importância da satisfação dos clientes e mudou definitivamente o
mundo dos negócios, a partir daí o vender a qualquer custo deu lugar a
satisfação garantida.
De acordo com Sousa, o mundo do marketing começou então a
propagar:
Artigos científicos foram escritos, pesquisas feitas e dados estatisticamente relevantes traçados. Separou-se as estratégias eficientes dos achismos e viu-se a necessidade de um estudo sério do mercado. Este conhecimento adquirido ficou espalhado, difuso, muitas vezes restrito ao mundo acadêmico. (LEVITT apud SOUSA, 2012, p.34)
Ainda de acordo com Sousa, em 1967, Philip Kotler, através do
lançamento da primeira edição de seu livro ”Administração de Marketing“
reuniu e consolidou o conjunto de base das regras do Marketing usado até os
dias de hoje.
Na década seguinte, 1970, esse princípio é fortalecido e as empresas
passam a olhar atentamente ao cliente, antes um mero consumidor de
produtos prontos. Surgem então departamentos e diretorias de marketing em
todas as grandes empresas.
Neste contexto Sousa afirma que o marketing não se tratava mais de
uma boa ideia, mas de uma necessidade de sobrevivência:
É nesta época que se multiplicam os supermercados, shoppings centers e franchises. De fato, a contribuição do marketing é tão notória no meio empresarial, que passa rapidamente a ser adotada em outros setores da atividade humana. O governo, organizações civis, entidades religiosas e partidos políticos passaram a valer-se das estratégias de marketing adaptando-as às suas realidades e necessidades. (SOUSA, 2012, p.35)
Mas é nos anos de 1980, segundo Hudson Correia (2013), que o
marketing chega às massas e passa a fazer parte das pequenas e médias
empresas. A evolução acontece com o livro ”Em Busca da Excelência“, de Tom
Peters e Bob Waterman. Enquanto isso as grandes corporações passam a
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investir cada vez mais no marketing, dada a comprovação da sua importância
para o mercado.
De acordo com Correia, com o avanço das tecnologias nos anos 1990,
o marketing foi altamente impactado. Ele ressalta que o comércio eletrônico foi
uma revolução na logística, distribuição e formas de pagamento. O CRM
(Customer Relationship Management – Gestão de Relacionamento com o
Cliente) e os serviços de atendimento ao consumidor, entre outras inovações,
tornaram possível uma gestão de relacionamento com os clientes em larga
escala. E mais do que isso, ele destaca que, a internet chegou como uma nova
via de comunicação. É a época do marketing um para um, ou seja,
caracterizou-se por uma constante busca pela personalização em massa.
Outra tendência do período foi o fortalecimento do conceito de
marketing societal no qual se tornou uma exigência de mercado haver uma
preocupação com o bem-estar da sociedade, apontou Correia. A satisfação do
consumidor e a opinião pública passaram a estar diretamente ligada a
participação das organizações em causas sociais, e a responsabilidade social
transformou-se numa vantagem competitiva.
O autor conta que nos anos 2000, com a segmentação da televisão a
cabo, a popularidade da telefonia celular e a democratização dos meios de
comunicação especialmente via internet, houve uma revolução tanto na
logística como na oferta de produtos, e o cliente passou a ter informações e
poder de barganha nunca antes visto.
Correia ressalta que são reflexos desses fatos: a mídia espontânea, que
conseguida por esforços de assessoria de imprensa, relações públicas,
marketing social, ganha o espaço da propaganda tradicional; o nascimento do
marketing de permissão, de Seth Godin, a conceitualização do marketing boca-
a-boca por George Silverman e a explosão do buzzmarketing e do marketing
viral, por autores como Russell Goldsmith.
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Já a década de 2010, segundo Correia, é marcada pela inserção da
rede mundial de computadores e um novo comportamento de compra online, o
marketing de busca. Ele define a prática como: um conjunto de estratégias que
visam atingir o cliente em potencial no momento em que ele busca um produto,
serviço ou qualquer informação na internet. As estratégias englobam os links
patrocinados e a otimização para sites de busca.
Em resumo, Philip Kotler mostra que avanços tecnológicos provocaram
enormes mudanças nos consumidores, nos mercados e no marketing ao longo
do último século e separa a área em três momentos: 1.0, 2.0 e 3.0. Segundo
Kotler, a era do Marketing 1.0, focado no produto, teve início com o
desenvolvimento da tecnologia de produção durante a Revolução Industrial. Já
o Marketing 2.0, surgiu em decorrência da tecnologia da informação e com o
advento da Internet. ”Por meio da segmentação dos mercados, as linhas de
produtos se diversificam apresentando mais variações e ainda mais foco na
qualidade. É a Era do consumidor“, detalha o autor. “Agora, a nova onda
tecnológica torna-se o maior propulsor do nascimento do Marketing 3.0, no
qual as empresas se diferenciam por seus valores” conclui. (KOTLER, 2010, p.
4).
Entretanto, mesmo com tantas mudanças e particularidades ao longo
da história do marketing como área de conhecimento, a fidelização, de acordo
com Elcio Assis Cardoso Junior (2012) é ainda hoje o objetivo maior de toda
organização. E, para tanto, a utilização de ferramentas como segmentação,
posicionamento da empresa e do produto fazem a diferença nesta busca
constante pela preferência do consumidor. Sobre segmentação analisaremos
mais profundamente no tópico a seguir.
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1.2 A Origem e o Conceito de Segmentação do Público Alvo
Como vimos anteriormente, a princípio, - o que podemos entender
como as duas primeiras décadas (1950 e 1960) -, o marketing era visto apenas
como uma entre as várias funções de apoio à produção. Segundo Philip Kotler
(2010) os 4 P’s explicavam as práticas da gestão de produtos vigentes na
época. Isto é, desenvolver um produto, determinar o preço, realizar a
promoção e definir o ponto de distribuição e, nada mais era necessário além
de orientações táticas. Na época o marketing era focado no produto e não no
cliente, e, se fazia apenas o ”marketing de massas“, no qual o vendedor se
dedicava à produção, distribuição e promoção em massa de um produto para
todos os compradores.
Entretanto, Kotler aponta que, tudo isso mudou quando a economia
mundial foi atingida pela crise do petróleo durante os anos 70 e 80, e, gerar
demanda em épocas de incerteza, era mais difícil e exigia-se mais do que os 4
P’s. Dessa forma, ao longo de duas décadas os consumidores se tornaram
mais inteligentes e exigentes e em suas mentes muitos produtos passaram a
ser vistos como commodities, pois eles não tinham um posicionamento distinto.
As mudanças forçaram os profissionais de marketing a refletir cada vez mais e
criar conceitos melhores.
Kotler conta que outros P’s se juntaram aos quatro (de McCarthy),
embora a tática do Marketing 1.0 continuasse a existir. Para estimular a
demanda de produtos, o marketing evoluiu de um nível puramente tático para
um nível mais estratégico e os profissionais de marketing perceberam que,
para gerar demanda, o foco não deveria ser apenas o produto, mas
principalmente o cliente.
Dessa forma, introduziu-se a gestão do cliente com estratégias de
segmentação, definição de mercados-alvos e posicionamento de produtos,
afirma Kotler. Após isso o marketing que não era mais observado apenas como
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“tático” – pois ele agora estava mais focado nos clientes do que nos produtos –
e, consequentemente, tornou-se estratégico. Sendo assim, a introdução do
modelo de marketing estratégico, marcou o nascimento do marketing moderno
e essa foi a origem do Marketing 2.0.
Mas o que são estratégias de segmentação? Segundo Kotler (1996),
”segmentação de mercado é o ato de dividir um mercado em grupos distintos
de compradores com diferentes necessidades e respostas.“ Lobos (1993 apud
Eliene Maciel) define como ”divisão de mercado em populações de ‘clientes’
que apresentam certas ‘características’. Seguindo a mesma lógica, para Lamb
(2004) “segmentação de mercado é o processo de divisão de um mercado em
segmentos ou grupos significativos, relativamente homogêneos e
identificáveis”. E para Para McCarthy e Perreault (1997 apud Eliane Maciel), a
segmentação é colocada como um processo de agregação de pessoas com
necessidades similares.
Kotler e Armstrong (2003) ressaltam a importância da segmentação.
É importante destacar que os clientes são muito numerosos, amplamente dispersos e muito variados no que diz respeito às suas necessidades e práticas de compra. Além disso, as organizações também variam muito em sua capacidade de atender diferentes segmentos do mercado. Assim, em vez de tentar competir em todo o mercado, muitas vezes com concorrentes superiores, elas devem identificar quais são os segmentos a que podem atender melhor e de maneira mais lucrativa – logo, elas devem fazer isso bem. (KOTLER E ARMSTRONG, 2003 p.172)
Com tanta diversidade, não dá para agradar o cliente tratando todos da
mesma forma. Com isso, as organizações passam a entender que deve existir
uma seleção do público alvo ou uma personalização em seus serviços.
Kotler explica como segmentos de mercado podem ser identificados:
“analisando-se diferenças demográficas, psicográficas e comportamentais
existentes entre compradores”. E separa a segmentação também chamada de
micromarketing em quatro tipos: segmento, nicho, local e individual.
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Segundo Kotler, no marketing de segmento a empresa pode criar um
produto ou serviço mais adequado e oferecê-lo a um preço apropriado ao
público alvo. A escolha de canais de distribuição e de comunicação torna-se
mais fácil. A empresa também enfrenta menos concorrentes em um segmento
específico.
O marketing de nicho é bastante semelhante ao segmentado, a
diferença é que são menores. Kotler define como um mercado pequeno cujas
necessidades não estão sendo totalmente satisfeitas. Em geral, os
profissionais de marketing identificam os nichos subdividindo um segmento ou
definindo um grupo que procura por um mix de benefícios distintos.
Já o marketing local implica desenvolver marcas e promoções sob
medida para atender as necessidades e os desejos de grupos e clientes locais
como, cidade, bairros e até mesmo lojas específicas, afirmam Kotler e
Armstrong (2003).
O marketing individual, por sua vez, consiste no desenvolvimento de
produtos e programas de marketing sob medida para atender às necessidades
e às preferências dos clientes em base individual, aponta Kotler e Armstrong.
O marketing individual é também chamado de marketing um-pra-um, marketing
customizado e marketing de segmento de um.
Os autores ressaltam que “o extenso uso do marketing de massa fez
com que praticamente esquecêssemos que durante séculos os consumidores
foram atendidos em uma base individual. Hoje, novas tecnologias estão
permitindo que muitas empresas voltem para o marketing customizado.
Computadores supermodernos, bancos de dados detalhados, produção
robotizada, fabricação flexível, e meios de comunicação interativos e imediatos,
como email ajudam a promover essa “customização em massa”.
Eles definem a customização em massa como um o processo por meio
do qual as empresas interagem em uma base um pra um como massas de
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clientes para desenvolver produtos e serviços sob medida, afim de, atender as
suas necessidades especificas.
Carlos Nepomuceno (2009) faz uma comparação pertinente entre a
época da produção em massa e os dias de hoje: “Henry Ford disse: ’Escolham
todas as cores de carro, desde que seja a preta.’ Hoje, a rede digital, resgata o
artesanato de massa. Algo assim: “Escolha o produto que você quiser, desde
que seja comigo, meu robô arruma para você” (NEPOMUCENO, 2009, n.p)
Segundo ele, a rede, seu rastro, a reputação digital, a participação e a
co-criação à distância, o acesso direto às bases de dados viabilizam uma nova
forma de gestão menos centralizada. “É o modelo de gestão do futuro, pois é
mais coerente com sete bilhões de bocas, que sempre quiseram
personalização, mas não havia ferramentas que viabilizasse a massificação
com a customização por cliente”.
E uma das ferramentas mais utilizadas atualmente para se fazer a
customização em massa são os bancos de dados mais especificamente os
rastros digitais, que são os vestígios “de uma ação efetuada por um indivíduo
qualquer no ciberespaço” (BRUNO, 2012, p.5).
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CAPÍTULO II
RASTROS DIGITAIS APLICADOS AO MARKETING
2.1. Rastros Digitais e Segmentação do Público Alvo
Frequemente nos deparamos com publicidades no ambiente virtual
relacionadas com busca que fizemos anteriormente. Após fazermos uma
pesquisa sobre um pacote de viagens, por exemplo, somos bombardeados por
propagandas de pacotes de viagens justamente para aquele destino no qual
procuramos em nossa busca. Também recebemos sugestões de compras de
sites baseadas em nosso carrinho de aquisições. Isso tudo acontece através
dos rastros digitais, que permite a difusão do marketing customizado ou
marketing direcionado. Por se tratar de um assunto relativamente novo, há
poucas reflexões disponíveis sobre os rastros digitais. Mas antes de
mergulharmos no “novo” mundo dos rastros digitais, cabe aqui a reflexão do
que é um rastro. Levinas (1993) diferencia rastro de signo:
O rastro não é um signo como outro. Mas exerce também o papel de signo. Pode ser tomado por um signo. (...) Tudo se dispõe em uma ordem, em um mundo, onde cada coisa revela outra ou se revela em função dela. (...) Aquele que deixou rastros ao querer apagá-los, nada quis dizer nem fazer pelos rastros que deixou. Ele decompôs a ordem de forma irreparável. Pois ele passou absolutamente. Ser, na modalidade de deixar um vestígio, é passar, partir, absolver-se. (LEVINAS, 1993, p. 75-76)
Para Fernanda Bruno (2012), rastros envolvem necessariamente uma
inscrição material, que podem ser recuperados por outrem. Neste sentido,
remetem ao coletivo. Ela ressalta a diferença entre rastro e rastro digital. Para
ela, ainda que o rastro seja uma virtualidade de toda ação, ele nem sempre se
atualiza. Já na internet, o rastro acompanha necessariamente toda ação, com
exceção de medidas tomadas para evitá-las. Para ela nem todo rastro é
rastreável, mas os rastros digitais são relativamente mais persistentes e
facilmente recuperáveis.
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No entanto, segundo Bruno, na internet, não podemos não deixar
rastros:
O ato comunicacional ganha uma peculiaridade na internet. Não apenas acessamos, trocamos, produzimos conteúdos e informações diversas, mas deixamos um rastro dessa comunicação. Comunicar é deixar rastro. A máxima da pragmática "não podemos não comunicar" pode ser reescrita: não podemos não deixar rastros. (BRUNO, 2012, p.687)
A autora ressalta que as redes digitais favorecem esta rastreabilidade,
de modo que se pode, ao mesmo tempo, seguir uma série de ações e
associações locais e ver como cada uma delas participa da construção de
coletivos.
Podemos dizer que os rastros digitais são os caminhos pelo qual
percorremos na internet. Isso inclui postagens em redes sociais, comentários
em fóruns, emails, dados pessoais que fornecemos em cadastros e tudo mais
que fazemos no ciberespaço. Sem falar de rastros que são deixados por
outrem, como por exemplo, no caso em que pessoas postam fotos de amigos
ou familiares em redes sociais. Muitas vezes a pessoa que aparece na foto não
tem uma conta na tal rede social ou sequer sabe da existência dela.
Cabe ressaltar que existem duas categorias de dados: público e privado
ou confidencial. A informação pública está aberta a todos e pode ser
encontrado facilmente em uma busca simples no Google, por exemplo. Já os
dados privados são informações mais confidenciais, tais como número de
telefone, de documentos ou postagens nas redes sociais protegidas pela
“privacidade” e que não se encontram abertas ao público, ou não deveriam. Já
que existe o risco deste tipo de informação vazar para o público, seja por
descuido de quem está manipulando a informação ou por um ataque de uma
pessoa má intencionada, os chamados hackers.
Visto isto, podemos concluir que, sobre os rastros digitais não temos
controle. Palfrey e Gasser (2011 apud HENRIQUES; DODEBEI, 2013)
concordam com essa máxima. Os autores chamam os rastros digitas de dossiê
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digital. Segundo eles, “o problema com relação ao rápido crescimento dos
dossiês digitais é que as decisões sobre o que fazer com as informações
pessoais são tomadas por aqueles que detêm as informações” (2011, p. 62
apud HENRIQUES; DODEBEI 2013 p. 4).
Quando um e-mail é enviado para alguém, por exemplo, não significa
que ele está restrito a apenas esse destinatário. Essa informação pode ser
enviada para outra pessoa, que também pode enviar para um grupo ou postar
em um blog ou alguma rede social. Ou seja, uma vez lançada na internet, foi
criado um rastro digital - que pode ganhar grandes proporções. Feito isso é
impossível voltar atrás. E isso vale também para casos em que é possível
apagar os vestígios de onde surgiu a informação.
Vide o que aconteceu com o conceituado especialista em marketing
David Meerman Scott. Em seu livro Marketing e Comunicação em Tempo Real,
Scott conta que certa vez recebeu um email do Mktgbuzz, em que oferecia
50% de desconto em um release de imprensa da PRWeb para as primeiras
500 pessoas que preenchessem um formulário. Achando que poderia
interessar seus seguidores, ele rapidamente tuitou a informação, e, logo depois
a @PRWeb tuitou que a organização que estava a oferta não era um parceiro
autorizado pela PRWeb. Ou seja, por não ter apurado e ter confiado mais do
que deveria, ele podia ter sua reputação manchada ao propagar uma notícia
falsa. Nessa situação ele poderia simplesmente apagar o tweet. Mas não foi o
que ele fez e de fato não era o melhor a fazer, já que ele mesmo ressalta: “uma
vez que o tweet chega a seus muitos seguidores do Twitter, ferramentas de
busca, é retuidado e assim por diante, ele nunca desaparece por completo”
(SCOTT, 2010, p.130). Sobre o caso, ele entrou em contato com a empresa
que fez a oferta e a mesma tuitou que iria reembolsar o dinheiro dos clientes,
além de ter respondido seus seguidores. A experiência ruim para Scott também
valeu como alerta e rendeu um post em seu blog intitulado “Você não pode
remover um tweet”. Mais uma vez, a informação vale não apenas para o twitter.
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Em uma reportagem do jornal O Globo1 sobre o assunto, o jornalista
Carlos Alberto Texeira (2011) construiu o seu lead com a seguinte frase:
Antigo provérbio chinês diz que há três coisas que nunca voltam atrás: a palavra proferida, a flecha desferida e a oportunidade perdida. Fosse reescrito há poucos anos, o sábio chinês teria incluído um quarto item no ditado: informação largada na internet" (TEIXEIRA, 2011).
Também sobre os rastros digitais Lemos (2014) os definiu como o
petróleo da internet, embora, dois anos depois o petróleo já não esteja,
digamos, em sua melhor fase em termos de valorização. Mas deixado de lado
o valor de mercado do petróleo, o que Lemos quis dizer é que os rastros são
uma mina de ouro.
Nesse contexto, para evidenciar a importância dos rastros digitais, Bruno
(2012) dá alguns exemplos, tais como: a Lei Hadopi4, que busca rastros que
atestem que o internauta fez downloads de arquivos, violando direitos autorais;
e instâncias policiais, que buscam indícios de crimes em rastros deixados na
rede.
Mas mina de ouro mesmo os rastros são para o marketing e a
publicidade. Para Bruno, o rastreamento dos vestígios de navegações,
comunicações e consumo na internet constitui uma via privilegiada de acesso
aos mais autênticos desejos e traços de personalidade dos indivíduos.
Parte deste conhecimento alinha-se às pesquisas recentes sobre big data, com aplicações em vários domínios. Como o próprio termo indica, estamos diante de uma nova grandeza informacional que envolve tanto o aumento na capacidade de coleta, estocagem e tratamento, quanto a emergência de um tipo de saber proveniente dessas imensas quantidades de dados, as quais revelariam regras inscritas nas correlações sutis entre eles (ANDERSON, 2008 apud BRUNO, 2012, p.691).
1 O GLOBO. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/rastros-digitais-sao-dificeis-de-eliminar-muitas-vezes-preciso-desativar-e-mail-2792219. Acesso em: 22/01/2016.
25
Mas o que é big data? É o termo que define a coleta desses gigantescos
dados gerados pela internet. Ele é baseado no conceito de 5V: Valor,
Veracidade, Variedade, Volume e Velocidade.
Uma pesquisa global do Gartner2 aponta que aumentaram os
investimentos em big data em 2014. De acordo com o levantamento, 73% dos
entrevistados aplicaram ou pretendem destinar recursos para projetos nessa
área nos próximos 24 meses, número bem acima dos 64% registrados em
2013. O estudo também indica que as empresas estão começando a aplicar,
de maneira mais eficaz, seus investimentos em tecnologia. A quantidade de
companhias que declararam não ter planos para em big data caiu de 31%, em
2013, para 24% em 2014.
Outro estudo, este feito pela CompTIA, aponta que empresas que
investiram em big data tiveram resultados acima das expectativas. A pesquisa
intitulada de “big data Insights and Opportunities”3, mostra que iniciativas de big
data estão entregando os primeiros resultados positivos para as empresas que
lançaram projetos. Das companhias que investiram na tecnologia, 72% dizem
que seus resultados superaram as expectativas, de acordo com o relatório.
Sobre rastros digitais e big data, Bruno ressalta que essas imensas
quantidades de rastros heterogêneos constituem em gigantescos arquivos com
capacidade de projetar padrões de comportamento e, consequentemente,
intervir sobre o curso das ações dos indivíduos, ofertando escolhas e caminhos
que incitem ou evitem, conforme o caso, o que se projetou.
Considerando o diferencial e consequentemente a receita que os rastros
digitais e o big data possibilitam para uma empresa, podemos analisar os
2 Disponível em: http://computerworld.com.br/tecnologia/2014/09/29/empresas-aumentam-em-2014-investimentos-em-big-data-aponta-gartner Acesso em: 25/01/2016. 3 Disponível em: http://www.bitmag.com.br/2015/12/empresas-que-investiram-em-big-data-obtiveram-resultados-acima-das-expectativas/ Acesso em: 25/01/2016.
26
números da Google Brasil, uma das principais exploradoras do rastreamento
digital do país, que faturou R$ 3,5 bilhões de publicidade4.
De acordo com Araujo (2014), a soma representa um crescimento de
30% em relação ao ano anterior, e deixa a empresa na segunda posição, no
ranking das maiores arrecadações em publicidade, logo atrás do Grupo Globo.
Ele destaca que mesmo sem ser originalmente uma empresa de mídia, o
Google Brasil superou os ganhos da editora Abril e das emissoras Record e
SBT. Ele afirma que a publicidade direcionada, que é viabilizada através dos
rastros deixados pelos usuários, é a responsável pela presença de uma
empresa de serviços online, entre as maiores corporações da mídia no
mercado publicitário.
Por conta desse alto valor dos rastros digitais e da falta de controle do
mesmo, como foi falado anteriormente, muito se é discutido sobre a utilização
deles. No Brasil a exploração dos rastros foi regulamentada através da Lei
12.965/14, conhecida como o Marco Civil da Internet, que entrou em vigor em
junho de 2014. O Marco Civil da Internet estabelece princípios, garantias,
direitos e deveres para o uso da Internet no país. Não iremos nos aprofundar
no assunto, mas é oportuno destacar que os grandes empresários foram
categóricos ao defender a utilização dos rastros.
De acordo com (2014), durante uma discussão sobre a legalidade da
exploração dos rastros o presidente da TIM, Rodrigo Abreu disse: “É curioso
que em nossa indústria, até pouquíssimo tempo atrás, mesmo com tanto
volume de dados que passam nas nossas redes, conhecíamos tão pouco os
usuários”. (ABREU apud ARAUJO, 2014, n.p)
O presidente da Telefônica/Vivo, Antônio Carlos Valente, acrescentou
que os rastros possibilitam atender de maneira satisfatória os clientes, a partir
da análise de perfis de consumo. “São muito importantes os benefícios dessa
nova tecnologia. Nos investimentos, o conjunto de informações agregadas vai
4 Cf. Agência Brasil. Paulo Bernardo volta a defender regulação da mídia. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-02/paulo-bernardo-volta-defender-regulacao-da-midia. Acesso em: 22/01/2016.
27
permitir que o Capex seja melhor definido, priorizado e implementado.”
(VALENTE, 2014).
Nesse contexto, podemos destacar que, antigamente gastava-se muito
com publicidade de massa e o retorno nem sempre era o esperado. Vender um
produto muito específico para o grande público nunca foi algo aconselhável,
por estar investindo alto no escuro, já que o público atingido pode ser muito
pequeno. O ideal nesses casos sempre foi mirar diretamente em seu target.
Mas, era o que muitas das grandes empresas faziam. No entanto, com os
rastros digitais tudo mudou. Nesse novo contexto elevam-se as possibilidades
de segmentação num cenário nunca antes visto.
Além de mais barato, com a segmentação através dos rastros digitais é
possível mensurar com mais eficácia o resultado das ações. Com isso as
empresas têm uma chance muito maior de se comunicarem com o seu público.
Para João Coscelli (2014) isso acontece se os rastros também
chamados de dados forem organizados e ganharem um significado, justamente
a proposta do big data. Segundo ele, a IDC apontou que o mercado de big data
deve movimentar US$ 1 bilhão até 2017.
Segundo Eduardo de Rezende (apud COSCELLI, 2014), na publicidade,
a principal mudança introduzida por essa tecnologia está ligada à
segmentação.
Dá para perceber uma mudança muito significativa no uso daquela mídia mais tradicional para uma necessidade cada vez mais cirúrgica, em que o anunciante consegue identificar quais são os meios de comunicação mais utilizados pelos diversos públicos. Com isso, ele pode sair de grandes custos que envolvem mídias como TV e rádio, por exemplo, para uma mídia tão ou mais eficiente buscando a comunicação eletrônica. (REZENDE apud COSCELLI, 2014, n.p).
Henrique Russowsky, (apud COSCELLI, 2014), pensa no mesmo
sentido. Para ele, a base para comprar mídia era afinidade, ou seja, não se
sabia nada sobre o usuário em si, não havia informação específica. Já hoje,
28
sabemos, com base em dados organizados, acessar consumidores que
disseram em algum momento que efetivamente têm interesse em um produto.
Ele destaca que o big data ligado à mídia está organizado em cookies, ou seja,
a informação que eu tenho do consumidor é porque ele entrou no meu site.
“Tenho como saber quem é o consumidor, de onde ele veio e o que ele
procura”, avalia
Mas a utilidade do big data não fica restrita à captação de informações
de perfil e hábitos de quem está conectado. “Dados de CRM, demanda sobre o
portfólio de produtos, compras feitas em lojas físicas e online agora podem ser
cruzados e analisados em um curto espaço de tempo”, diz Rose Campiani, VP
de mídia da AgênciaClick Isobar. A executiva ainda cita como exemplo de
aplicação do big data o monitoramento das menções às marcas e seus
produtos nas redes sociais. “Essa análise permite que a marca tenha um
termômetro sobre sua imagem, além de auxiliar na predição, prevenção e
gerenciamento de crises na internet”, continua.
Para o gerente de mídia da fri.to. Rodrigo Cunha (apud COSCELLI,
2014) o big data pode oferecer informações vitais na tomada de decisões
estratégicas, favorecendo a inteligência competitiva frente a concorrência.
Se uma marca quer se manter competitiva no mercado, eu diria que não é possível trabalhar sem a assistência do big data. Em um mundo onde obter informação rapidamente é fundamental, deixar de ter insights para a criação de oportunidades pode significar perder muito dinheiro. Assim, para colher as respostas certas, é preciso fazer as perguntas corretas, ou seja, definir exatamente quais tipos de dados sobre consumidores são realmente vitais. (CUNHA apud COSCELLI, 2014, n.p).
Marcio Fuzzato ressalta que a tecnologia permite às empresas
especializadas, realizar um mapeamento de características e hábitos dos
consumidores, ferramenta não encontrada em outras mídias. Com isso, é
possível não apenas segmentar e atingir um grupo específico, mas alcançá-lo
no momento mais propício ao interesse por determinado produto ou serviço.
29
Segundo Fuzzato, a internet se consolidou nos planos de mídia com o
uso de produtos “mais populares”, como o banner display e o e-mail marketing,
passando pelos links patrocinados e pelas redes sociais, e chegando até os
mais sofisticados processos de segmentação, como o retargeting, que significa
impactar um usuário da web pela segunda (ou terceira) vez com uma peça de
comunicação dirigida baseando-se em seu histórico de navegação.
Essa segmentação comportamental também é chamada de Behavioral
Targeting (BT). Igor Musardo (2011) a define como “uma estratégia dirigida a
conquistar uma parcela maior de vendas dentro um subgrupo específico, ao
invés de buscar uma participação mais limitada de compras por usuários de
todas as categorias”. (MUSARDO, 2011, n.p).
A segmentação é um dos princípios básicos do marketing e é a base
para conquistar a fidelização do público alvo. Logo, esse processo de
fidelização também foi altamente impactado com a utilização dos rastros
digitais, no qual discorreremos mais no item a seguir.
2.2. Rastros Digitais e Fidelização do Público Alvo
Um cliente fiel será um cliente retido, frequentemente, que mais de que apenas voltar, será um agente de marketing da empresa, fazendo propaganda boca a boca e divulgando a sua satisfação em seu circulo de influência, auxiliando a ampliar a conquista de novos clientes. (CORREA, 2006, p.87)
Segundo Kotler (1999) conquistar novos clientes custa entre cinco a sete
vezes mais do que manter os já existentes. Então, o esforço na retenção de
clientes é, antes de tudo, um investimento que irá garantir aumento das vendas
e redução das despesas.
Segundo ele, clientes fiéis são muito mais dispostos a comprar através
de mais de um canal (telefone, loja, internet, etc.) e tendem a consumir mais. E
quanto mais fiéis, maior a vida útil da carteira de clientes da empresa, menor o
30
custo de recuperação de clientes e maior valor financeiro agregado à marca.
Clientes fiéis reclamam quando têm uma experiência ruim, porque querem ver
seu problema resolvido, acreditam na marca ou na empresa, portanto querem
melhorá-la. Já os clientes infiéis vão embora sem o menor remorso e pior -
ainda falam mal da empresa. Segundo Kotler, 95% dos clientes insatisfeitos
não reclamam, apenas deixam de comprar, e Terry Vavra (1993), consultor
americano, afirma que um cliente insatisfeito costuma contaminar outros treze,
enquanto que um satisfeito influencia apenas cinco.
Como vimos anteriormente, com as inovações tecnológicas o cliente
está cada vez mais exigente e isso implica em um esforço muito maior do
profissional de marketing. Deste modo, as empresas precisam se diferenciar
através de estratégias que busquem a fidelização do cliente, também chamado
de marketing de relacionamento ou Customer Relationship Management
(Gestão do Relacionamento com o Cliente).
De acordo com Santos (2006), para facilitar a fidelização, primeiramente
é preciso conhecer o cliente, associando suas identidades às transações
efetuadas por eles. Deve haver um conjunto de procedimentos preliminares
que permita captar informações para a identificação do cliente.
Nesse sentido, como também já vimos, a nosso favor estão a correta
utilização dos rastros digitais. Além de permitirem que as empresas conheçam
bem o seu consumidor e possam facilmente segmentá-lo, os rastros digitais
permitem a utilização de uma estratégia de fidelização também nunca antes
vista. Uma vez que, a medida que a empresa oferece o que o cliente quer, ele
se sente satisfeito e se transforma em um cliente fiel e defensor da empresa.
Muyder (2013 apud NETO, 2014) está de acordo ao afirmar que essa
tecnologia permite as organizações o melhor e maior acompanhamento do
cliente possibilitando ações de fidelização, diminuição dos custos em geral e
inovação. Mattos; Cunha; Soares (2011 apud NETO, 2014) também têm as
mesma linha de pensamento “usuários deixam rastros digitais, expondo vários
31
indicadores que podem ser utilizados pelas empresas para estimular o seu
interesse na busca aos sites de compras, além de permitir o implemento de
estratégias de fidelização”. (MATTOS; CUNHA; SOARES, 2011 apud NETO,
2014, p. 19)
Um exemplo de utilização de dados foi apresentado por Parrag Marathe,
CEO do 49ers, tradicional time de futebol americano de São Francisco (EUA).
Marathe (apud RAULINO, 2015) conta que o time coleta e avalia dados de
seus torcedores e afirma que conhece profundamente o perfil dos torcedores a
ponto de saber o que eles preferem comer nos intervalos dos jogos. “Com isso
melhoramos a sintonia e a experiência do cliente com marca a cada partida”.
Marathe afirmou também que, em algumas datas comemorativas do time, eles
enviam camisetas autografadas por seus jogadores para seus principais
clientes e seus filhos. “Assim criamos um elo emocional fortíssimo”.
(MARATHE apud RAULINO, 2015, n.p).
Raulino ressalta que a mensagem deixada foi: “Quando o cliente tem
boa experiência de compra, ele compra mais, segue a marca, espera por
lançamentos e recomenda a amigos. Não é isso o que todos buscam?”. Isto é,
com a utilização dos rastros deixados pelos próprios consumidores, empresas
têm a grande chance de conhecer tão bem seus consumidores a ponto de
saber particularidades que muitas vezes ele mesmo não se deu conta e isso
faz toda a diferença no momento de vender, criar laços e fidelizar esse cliente.
Um bom exemplo de empresa que se beneficia dos rastros digitais e faz
um bom trabalho quando o assunto é encantar e fidelizar clientes é a Netflix.
Com o grande conhecimento que a empresa possui de seus assinantes através
de suas escolhas, ela consegue agradá-los com ofertas cada vez mais
customizadas. Ela pratica de forma eficiente a customização em massa.
32
CAPÍTULO III
SEGMENTAÇÃO E FIDELIZAÇÃO DO PÚBLICO ALVO ATRAVÉS DE RASTROS DIGITAIS
3.1. Breve Histórico da Empresa Netflix
A Netflix é uma empresa norte-americana multinacional que oferece a
seus assinantes o serviço de transmissão de vídeos online. Com um extenso
catálogo, ela fornece títulos em diversas plataformas, como computadores,
tablets, celulares e aparelhos de televisão conectados à internet. A empresa é
hoje a principal rede de televisão da internet do mundo, com mais de 75
milhões de assinantes em mais de 190 países. A Netflix oferece mais de 125
milhões de horas de programas de TV e filmes por dia, incluindo séries
originais, documentários e longas-metragens 5. Os assinantes podem assistir a
qualquer vídeo disponível pela empresa, a qualquer hora e em qualquer lugar.
É possível pausar, continuar assistindo, inclusive em outro dispositivo. Tudo
isso sem comercial.
Fundada em 1997, na Califórnia, nos Estados Unidos, a empresa
oferecia aluguel de filmes. No ano seguinte a Netflix lança o primeiro site de
aluguel de DVD e vendas, netflix.com. Em 1999, a empresa estreia um serviço
de assinatura, que oferece aluguel de DVD ilimitados por um baixo preço
mensal. Já em 2000, a Netflix introduz um sistema de recomendação de filmes
personalizado, que usa classificações dos membros da Netflix para prever com
precisão as escolhas para todos os membros da Netflix. Em 2007 a Netflix
lançou o seu serviço de streaming, transmissão de vídeos online sob demanda.
Desde então a empresa vem crescendo e conquistando cada vez mais
assinantes assíduos e mudando a forma com que as pessoas assistem à
5 Disponível: https://media.netflix.com/pt_pt/press-releases/netflix-is-now-available-around-the-world. Acesso em: 01/02/2016.
33
televisão. O setor de TVs por assinatura, por exemplo, perdeu quase um
milhão de clientes desde 20146.
Todo esse sucesso é possível quantificar em números. No Brasil só a
partir de 2011, a Netflix já tem pelo menos 2,5 milhões de assinantes no país e
uma receita que supera as da Band e da RedeTV!, respectivamente quarta e
quinta maiores redes abertas nacionais. O Brasil já é o quarto maior mercado
mundial do serviço de vídeo, atrás apenas de Estados Unidos, Canadá e Reino
Unido7.
Recentemente, no dia 6 janeiro de 2016, a Netflix lançou o serviço
globalmente, disponibilizando o seu canal de televisão pela Internet
simultaneamente em mais de 130 novos países a nível mundial. O anúncio foi
feito - e o serviço entrou em funcionamento - durante a palestra de abertura da
CES 2016 pelo cofundador e CEO da Netflix, Reed Hastings. O executivo
definiu o lançamento como o “nascimento de um novo canal global de televisão
pela Internet”.
Os consumidores de todo o mundo - de Singapura
a São Petersburgo, de São Francisco a São Paulo - poderão ver séries e filmes em simultâneo, sem tempos de espera. Com o auxílio da Internet, estamos a colocar nas mãos do consumidor o poder de ver o que quiser, quando quiser, no dispositivo que quiser (HASTINGS, 2016, n.p).
Na ocasião Hastings disse que embora ainda esteja disponível em inglês
na maior parte dos novos países, a Netflix passa a oferecer conteúdo em
árabe, coreano, chinês simplificado e tradicional, além dos outros 17 idiomas já
disponíveis.
Vamos ouvir e aprender com nossos novos assinantes, adicionando gradualmente mais idiomas, mais conteúdo e mais maneiras de levar a Netflix até as
6 Disponível em: http://tvefamosos.uol.com.br/noticias/ooops/2016/01/24/operadoras-perdem-quase-1-milhao-de-assinantes-e-estudam-ataque-a-netflix.htm. Acesso em: 01/02/2016. 7 Disponínel: http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/mercado/netflix-ja-fatura-mais-de-r-500-mi-e-vira-o-uber-da-tv-por-assinatura-884. Acesso em: 01/02/2016.
34
pessoas. Será um grande prazer levar histórias incríveis do mundo todo para o mundo todo (HASTINGS, 2016, n.p).
A julgar pelo crescimento da empresa, isso não deve demorar. No Reino
Unido, uma pesquisa8 anual descobriu que as crianças e adolescentes já
preferem passar mais tempo consumindo conteúdo sob demanda pela internet
do que assistindo à programação convencional da TV. Foi a primeira vez que
essa inversão de papéis aparece no Childwise Monitor, segundo a BBC. A
consultoria responsável pelo estudo descreveu o acontecimento como um
“marco”.
Jovens entre 7 e 16 anos dedicam em média três horas por dia à internet
e apenas 2,1 horas à TV. Entre os que têm 15 e 16 anos o tempo online é de
4,8 horas, e 32% deles sequer conseguem apontar um programa televisivo
favorito.
Em comparação com o ano anterior, a quantidade de jovens que
possuem tablets cresceu 50% e o estudo mostra que 60% deles assiste à
programação da TV via dispositivo móvel. Entretanto, 38% deles usam a TV
propriamente dita para acessar material sob demanda - e a Netflix se mostrou
mais popular do que qualquer canal televisivo. De acordo com a Netflix, seus
usuários de todo o mundo passaram um total de 42,5 bilhões de horas vendo
filmes e séries na plataforma digital.
Pelo histórico da empresa9, no qual mostra que em 2000 já existia na
Netflix um sistema de recomendação (SR) de filmes personalizado, chamado
de cinematch, é possível perceber que a Netflix já entendia que o cliente exige
uma oferta personalizada e investia esforços em oferecer um serviço
customizado. Em 2006, a empresa utilizou o que hoje conhecemos como
crowdsourcing e criou uma competição que premiaria em um milhão de dólares
8 Disponível em: http://olhardigital.uol.com.br/noticia/entre-os-jovens-netflix-ja-e-mais-popular-que-canais-tradicionais-de-tv/54685. Acesso em 01/02/206. 9 Disponível em :https://media.netflix.com/pt_pt/about-netflix. Acesso em: 01/02/2016.
35
quem conseguisse melhorar seu algoritmo (Netflix Prize); Em 2012, 75% do
conteúdo visualizado da Netflix foi proveniente de algum tipo de
recomendação10; o restante faz parte do plano de negócio, como por exemplo,
a divulgação de novas séries. A personalização das recomendações ao usuário
ativo, a ordenação dos itens recomendados é o parâmetro principal. Isto é, se
em 2000 a empresa já tinha um sistema de recomendação, atualmente com o
serviço de streaming e a utilização dos rastros digitais, a Netflix aprimorou
profundamente seu SR e suas estratégias de marketing chegando ao sucesso
que ela é hoje.
3.2. Análise de Estratégias de Marketing
Para entender melhor porque a Netflix é uma empresa tão bem sucedida
faz-se necessário avaliar suas estratégias de marketing. Primeiramente iremos
analisar de uma maneira geral e depois nos aprofundaremos em pontos
específicos que consideramos fundamentais para explicar seu sucesso.
O site e o aplicativo da Netflix são totalmente baseados num sistema de
recomendações segmentadas. Os títulos aparecem de acordo com o que pode
interessar o assinante, a partir dos seus rastros digitais. No Brasil existem três
planos: o básico, padrão e premium, que atualmente para novos assinantes
variam entre R$ 19,90 e R$ 29,90. A diferença entre eles é a definição da
imagem e também o número de telas simultâneas, que vai de uma a quatro. No
entanto, os títulos e as plataformas são ilimitados em todos os planos11. É
possível criar vários perfis em uma mesma conta. Isto é, em uma família de
quatro pessoas, por exemplo, o gosto do filho mais novo por desenhos não vai
influenciar na indicação de títulos para o filho mais velho que gosta de séries
ou no perfil do pai que prefere documentários ou ainda no da mãe, fã de
comédias românticas. Cada um vai ter um perfil personalizado, onde é possível
averiguar os filmes já assistidos por eles e por amigos do facebook, por
10Disponível em http://slideplayer.com.br/slide/1652343/. Acesso em 01/02/2016. 11 Disponível em: https://www.netflix.com/br/. Acesso em: 01/02/2016.
36
exemplo. Ao viajar para qualquer um dos países onde o serviço funciona, seu
histórico permanece e o acervo local é atualizado.
Na Netflix os rastros digitais são frequemente analisados para melhorar
cada vez mais seus serviços, isso significa que cada passo que o usuário dá é
monitorado e revela informações valiosas para a empresa. A Netflix consegue
mensurar o nível de aceitação de cada título e muito mais que isso. Ela sabe o
dia e o horário em que um tipo de série ou filme é mais assistido, por exemplo,
ou o dia em que o consumidor dedica em assistir mais títulos. Ela sabe até que
ponto o usuário assistiu de um título e quanto tempo assistiu. A nota que ele
deu para um filme e qual categoria ele assiste mais. Ela tem ciência de quais
são os filmes mais procurados e os atores e diretores mais assistidos. Sabe
que grande parte de seus consumidores assiste vários episódios de séries de
uma só vez, entre outras informações. Com isso, ao conhecer afundo os
hábitos e preferências de seus assinantes, antes de lançar ela sabe os títulos
que têm grandes chances de serem bem aceitos pela maior parte de seus
membros e por isso seus investimentos são seguros e muitas vezes um grande
sucesso, que já começa antes mesmo de estrear.
3.2.1 Rastros Digitais na Netflix
Em sua página na internet a Netflix dá informações que foram
atualizadas no último dia 6 de janeiro a respeito da coleta de dados12. Segundo
a publicação, a empresa armazena sobre os assinantes informações como:
nome, endereço de email, endereço ou código postal, forma de pagamento e
número de telefone. Segundo eles as informações são coletadas de diversas
formas, incluindo quando o consumidor entra no site, interage com o serviço de
atendimento ao cliente da Netflix ou participa em pesquisas ou promoções de
marketing; e informações coletadas quando o consumidor opta por classificar
ou escrever sua opinião sobre títulos, define suas preferências e configurações
12 Disponível em: https://help.netflix.com/legal/privacy Acesso em: 01/02/2016.
37
em sua conta ou, de outra forma, fornece informações à Netflix, seja por
intermédio do serviço Netflix ou outros.
Algumas informações coletadas automaticamente pela Netflix: dados
sobre o cliente e seu uso do serviço Netflix, suas interações com a Netflix e a
publicidade da Netflix, assim como informações sobre seu computador e outros
aparelhos utilizados para acessar o serviço da empresa (como videogames,
smart TVs, aparelhos móveis e decodificadores). Tais informações incluem:
suas atividades no serviço Netflix, como os títulos selecionados, o histórico de
títulos assistidos e buscas; detalhes sobre suas interações com o serviço de
atendimento ao cliente, como a data, hora e motivo do contato, a transcrição de
comunicação pelo bate-papo e, no caso de chamadas, o seu número de
telefone; IDs ou identificadores únicos de aparelhos, características de
aparelhos e software (tais como o tipo e configuração), informações sobre a
conexão, estatísticas sobre visualizações de página, URLs de origem,
endereço de IP e dados padrão de logs da Internet; e informações coletadas
pelo uso de cookies, web beacons e outras tecnologias, incluindo dados de
anúncios (como informações sobre impressões entregues a um cookie, a URL
do site em que a impressão foi entregue, assim como a data e hora).
A Netflix informa que poderá complementar esses dados com
informações adicionais obtidas de outras fontes, incluindo tanto os
fornecedores de dados online como offline. Tais informações complementares
podem incluir dados demográficos, dados baseados no interesse e
comportamento de navegação na Internet.
A Netflix esclarece que utiliza as informações coletadas para oferecer,
analisar, administrar, aprimorar e personalizar seus serviços e esforços de
marketing, para processar inscrição, pedidos e pagamentos, e para se
comunicar com assinantes sobre esses e outros assuntos. Por exemplo, a
Netflix poderá utilizar as informações coletadas para: determinar a localização
geográfica geral dos assinantes, oferecer conteúdo localizado, oferecer
recomendações personalizadas e customizadas de filmes e séries que ela
38
considera que o assinante gostaria de assistir, determinar o provedor de
serviços de internet e ajudar sua equipe a responder de forma rápida e
eficiente às dúvidas e solicitações, analisar e entender seu público, melhorar o
serviço (inclusive a interface do usuário), otimizar a transmissão, seleção de
conteúdo e algoritmos de recomendação; comunicar-se com o cliente sobre o
serviço (por exemplo, por email, notificações push e mensagens de texto), para
que a Netflix possa comunicar novidades sobre a empresa, detalhes sobre
novas funcionalidades, conteúdos disponíveis na Netflix, ofertas especiais,
anúncios sobre promoções e pesquisas de mercado, e para ajudar o clientes
com pedidos de natureza operacional, como pedidos de redefinição de senha.
A Netflix informa que ela, juntamente com prestadores de serviços
contratados utilizam cookies e outras tecnologias (tais como web beacons) por
diversos motivos. Por exemplo, utiliza-se cookies e outras tecnologias para
facilitar o acesso aos serviços, permitindo a empresa reconhecer o usuário a
cada vez que ele volta, para fornecer e analisar os serviços, para aprender
mais sobre os usuários da empresa e seus prováveis interesses e para
personalizar e enviar mensagens de marketing ou publicidade.
Cookies são pequenos arquivos de dados, armazenados normalmente
no aparelho enquanto o usuário navega e utiliza sites e serviços online.
Cookies são bastante utilizados para que sites funcionem ou funcionem de
forma mais eficiente, bem como para gerar informações de relatórios e ajudar
na personalização do serviço ou publicidade. “Os cookies não são os únicos
tipos de tecnologias que permitem essa funcionalidade. Também usamos
outros tipos de tecnologias semelhantes”, admite a empresa.
A Netflix explica ainda os tipos de cookies e porque utiliza essa
tecnologia. Cookies essenciais: segundo a empresa são estritamente
necessários para fornecer o seu serviço online ou website. A empresa usa para
autenticar e identificar seus membros quando eles usam os sites e aplicações
da Netflix e a empresa possa fornecer serviços a eles. Os cookies também
ajudam a garantir o cumprimento de seus Termos de uso, prevenir fraudes e
manter a segurança do serviço.
39
Cookies de desempenho e funcionalidade: não são essenciais, mas
ajudam a empresa a personalizar e aprimorar a experiência online do cliente
com a Netflix. Eles ajudam a empresa a lembrar de preferências do cliente e
evitar que ele precise digitar informações que ele já forneceu (por exemplo,
durante a inscrição). Eles também são usados para coletar informações (como
páginas populares, taxas de conversão, padrões de visualização, número de
cliques e outras informações) sobre o uso de visitantes do serviço Netflix, para
que a empresa possa aprimorar e personalizar o seu site e serviço e fazer
pesquisas de mercado. “A exclusão desses tipos de cookies resultará em
funcionalidade limitada do nosso serviço”, destaca a empresa. (NETFLIX, 2016,
n.p)
Cookies de publicidade: usam informações sobre a visita do consumidor
a esse e outros sites, como páginas visitadas, seu uso do serviço ou sua
resposta a anúncios e emails, para exibir anúncios mais relevantes a ele.
Esses tipos de anúncios são chamados de “Interest-Based Advertising
(Publicidade baseada em interesse)”.
Os web beacons (também conhecidos como clear gifs ou pixel tags)
normalmente funcionam em conjunto com os cookies. A Netflix diz que pode
usá-los para fins semelhantes aos dos cookies, como para entender e
aprimorar o uso do seu serviço, melhorar o desempenho do site, monitorar as
ações e o tráfego de visitantes em seu site e entender as interações com o
marketing (incluindo emails e anúncios online em sites de terceiros). Como os
web beacons normalmente funcionam em conjunto com os cookies, em vários
casos, rejeitar os cookies impedirá a eficácia dos web beacons.
A Netflix também conta que usa outras tecnologias semelhantes a
cookies, como armazenamento de navegador e plugins (por exemplo, HTML5,
IndexedDB e WebSQL). Como os cookies, algumas dessas tecnologias podem
armazenar pequenas quantidades de dados em seu aparelho e permitir que a
40
empresa consiga fazer cumprir o uso dos termos, evitar fraude e analisar o uso
do serviço. A empresa deixa claro ainda que, existem várias formas de o
assinante exercer as suas escolhas em relação a essas tecnologias. Por
exemplo: “vários navegadores comuns fornecem a capacidade de eliminar o
armazenamento do navegador, normalmente localizado na área de
configurações ou preferências”. (NETFLIX, 2016. n.p).
3.3 Análise
Assinatura Grátis por um mês
Figura 1. Homepage da Netflix.
Disponível em: https://www.netflix.com/br/. Acesso em: 01/02/2016.
A homepage da Netflix é simples com fotos que mudam a cada cinco
segundos que contam a experiência de ser um assinante Netflix. Elas mostram,
por exemplo, uma família em frente à TV, o que dar a entender que tem
programação para toda a família e é possível assisti-la pela TV; aponta que
tem programação infantil e adulta e que é possível assistir também no
notebook, tablet e smartphone. Além disso, tem sempre um texto claro e
conciso que destaca benefícios da Netflix. Logo abaixo um destaque para uma
caixa em vermelho convidando o interessado a começar seu um mês grátis e
41
viver a experiência Netflix. Abaixo de alguns ícones que levam a informações
como funcionamento e tipos de planos, tudo isso de forma simplificada, essa
caixa para começar o mês grátis se repete e ela está ali a todo momento.
Figura 2. Formulário no site da Netflix para assistir um mês grátis.
Disponível em: https://www.netflix.com/br/. Acesso em: 01/02/2016.
Sua assinatura Netflix, incluindo a oferta de 1 mês grátis,
começará quando você clicar em "Iniciar a assinatura" durante o processo de inscrição. Basta cancelar quando quiser durante o mês da sua assinatura gratuita de 1 mês e você não será cobrado. Para cancelar, clique em "Sua conta" e siga as
42
instruções de cancelamento. Não há reembolsos ou créditos por meses parciais. Se você estiver gostando da Netflix, não faça nada e sua assinatura continuará automaticamente à taxa de assinatura mensal. Esta oferta de 1 mês grátis está disponível para os assinantes novos e alguns ex-assinantes do serviço Netflix e não pode ser combinada com nenhuma outra oferta (NETFLIX, 2016, n.p) .
Os interessados nos serviços da Netflix encontram a mensagem acima
no site da empresa. Ela oferece a possibilidade de interessados em seus
serviços conhecerem e desfrutarem por um mês grátis de todos os títulos e, por
consequência, descobrirem por experiência própria se vale a pena ou não
continuar com a assinatura. A palavra “grátis” funciona muito bem como um
imã para conquistar o consumidor. Mas além de atraí-lo, o que não garante que
ele fique, a Netflix têm em seu poder todos os rastros de assinantes pagantes e
também dos assinantes “experimentais”. Essas informações, como já visto, são
muito valiosas e possibilitam um serviço cada vez mais adequado às
preferências dos consumidores. Isto é, se o “experimentador” não ficar, ele foi
útil também a partir dos seus rastros, para ajudar a empresa em seus esforços
de melhorar o serviço, e pode ser possível até tentar identificar o porquê dele
não ter ficado.
Por outro lado, a Netflix aposta que os consumidores, em sua maioria,
vão continuar com a assinatura. Essa confiança está diretamente ligada a
coleta dos rastros digitais, responsável por grande parte de seus serviços, que
por possibilitar o conhecimento do usuário e um serviço customizado, garante
uma maior satisfação do mesmo.
Outro detalhe que chama atenção é como é feita a abordagem. A partir
dos rastros é possível conhecer bem o público e saber a linguagem e a melhor
forma de lidar com ele. A empresa explica de forma didática e simples como
funciona o serviço e os tipos de planos e destaca pontos que podem ser
importantes para o cliente tais como, o dia em que a assinatura gratuita acaba,
ressaltando que ele será lembrando: “Não se preocupe, enviaremos um email
três dias antes do fim da sua utilização gratuita terminar”. A empresa ressalta
43
que não há compromisso e que é possível cancelar a qualquer momento. Para
que seja feita a assinatura a Netflix pede que o interessado crie uma conta
informando um email e uma senha. Nesse momento aparece uma frase
descontraída expressando a identidade da empresa e de seus assinantes e
incentivando os clientes a continuar. “Faltam só dois passos! Nós também
detestamos formulários”.
Perfil Personalizado e Recomendações
A Netflix sabe da importância que representa hoje para o consumidor o
serviço customizado e por isso ele é um diferencial da empresa. Ela se destaca
por buscar constantemente a melhoria de seu sistema de recomendação
direcionado a personalização. Por isso essas duas estratégias estão
diretamente ligadas uma a outra.
Figura 3. A Homepage da Netflix aponta que o interessado em se tornar
assinante desfrutará de uma experiência personalizada.
Disponível em: https://www.netflix.com/br/. Acesso em: 01/02/2016.
É possível ter até cinco perfis diferentes em uma única conta. Os perfis
permitem que cada pessoa com acesso a conta tenha uma experiência pessoal
44
e individualizada na Netflix a partir dos filmes e séries de TV de que mais
gostam. O assinante pode adicionar um perfil para cada membro da família,
para um grupo de telespectadores ou até um perfil para gostos diferentes. Ao
acessar a conta o assinante escolhe o perfil, separados por nome e ícone.
Figura 4. Tutorial de como criar um perfil e seus benéfícios no canal da Netflix no Youtube.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FmalQ40kum4.
Acesso em: 01/02/2016.
45
Figura 5. É possível personalizar a interface do usuário Netflix
Disponível em: http://migre.me/sSH5o. Acesso em 03/02/2016.
Cada perfil permite ter: Sugestões personalizadas de filmes e séries de
TV; Lista de títulos assistidos recentemente; Classificações e opiniões; Minha
lista. A “Minha Lista”, por exemplo, é importante porque o membro pode se
interessar por vários títulos, que não irá assistir na hora e para não correr o
risco de esquecer o nome de um deles é só adicioná-lo em + Minha Lista.
Desta maneira, a lista do assinante será exibida na tela inicial para que ele
possa ver as suas preferências. Para retirar algum vídeo da lista basta escolher
a opção Remover da Lista.
Também é possível marcar a opção “Criança” em cada perfil para indicar
que sejam exibidos apenas séries e filmes “apropriados ao público infantil”
(para crianças de até 12 anos).
Recomendações
46
Figura 6. Netflix permite envio de recomendações de títulos pelo Facebook.
Disponível em: http://filmes-netflix.blogspot.com.br/2014/09/netflix-
permite-envio-de-recomendacoes.html. Acesso em 03/02/2016. Acesso em
03/02/2016.
Com o extenso catálogo da Netflix, o sistema de recomendação é uma
ótima forma de ajudar o assinante na hora de se decidir por um título. Os
principais parâmetros de recomendação usados em conjunto são: Semelhança
(ou Similaridade); Amigos (social); Popularidade; Gênero (ou Categoria).
Outros parâmetros podem incluir localização geográfica do usuário ou dados
retirados de seu perfil ou outros acessos.
Cada perfil criado em uma conta Netflix pode ser conectado pelo
facebook, assim, o assinante poderá obter sugestões a partir daquilo que os
amigos assistiram. Se o assinante se conectar pelo facebook a Netflix usa a
foto de perfil como ícone.
O assinante pode ajudar seus amigos a encontrar títulos interessantes
ou ser ajudado de outra forma também. A Netflix tem um recurso de
recomendação que possibilita enviá-la imediatamente para um amigo o que
47
você acabou de assistir e gostou na Netflix. Basta clicar em encontrar os
amigos para conectar sua conta Netflix com o facebook, em seguida uma conta
na empresa para o qual você irá enviar a recomendação. O amigo que recebeu
terá acesso a sugestão na próxima vez que acessar a conta dele. Já se o
amigo não tiver conectado a conta netflix do assinante que fez a
recomendação, ele receberá a recomendação em uma mensagem privada no
facebook.
É possível ter ainda as recomendações dos amigos dentro da homepage
da Netflix, através de duas linhas: a chamada “Amigos Favoritos” trata-se de
uma lista de títulos que seus amigos têm avaliado com até cinco estrelas, na
qual você ainda pode escolher por amigo; e a segunda linha, chamada
“Relógio” e mostra tudo o que seus amigos assistiram na Netflix. É possível ver
os títulos assistidos mais recentemente. Mas se tiver algum filme que o
assinante não quer que nenhum amigo saiba que ele viu existe a opção de não
compartilhar.
De acordo com a Netflix, determinadas seções do seu serviço poderão
conter uma ferramenta que lhe dá a opção de compartilhar informações por
email, mensagem de texto ou outros aplicativos de compartilhamento por
intermédio de softwares cliente e aplicativos instalados no aparelho do cliente.
Plugins de redes sociais (como plugins disponibilizados pelo Facebook, Twitter,
Pinterest e Google) permitem o compartilhamento de informações nesses
softwares.
Redes Sociais
Só no facebook, a Netflix tem cerca de 20 milhões de seguidores em sua
página oficial, e o dispositivo se tornou um dos principais meios de
comunicação com seus usuários. A empresa divulga de forma leve e
descontraída suas novas séries e filmes se colocando no lugar do usuário
como fã dos títulos, o que garante uma interação e cria um relacionamento com
48
seus clientes, isto é, uma fidelização. Ou seja, além de divulgar seus novos
títulos de uma maneira que seus usuários absorvam, esse tipo de postagem
faz com que o usuário se sinta mais próximo da empresa. A Netflix também
responde de forma rápida a vários comentários em suas postagens, como
forma de dar atenção ao usuário, o que também fortalece o relacionamento
entre a empresa e os usuários.
Eles também estão sempre antenados no que está acontecendo no
mundo e sabem bem como aproveitar oportunidades, mesmo que o fato não
tenha a ver com a empresa, ela faz alguma conexão com seus serviços.
No entanto, as ações que mais chamam atenção são as que a Netflix
consegue fazer a partir do monitorando das redes sociais, facilitado através das
hashtags13. Ela faz posts irreverentes que são altamente curtidos e
compartilhados e viram posts em blogs e matérias sobre assuntos em que ela
ou um de seus títulos foi citado nas redes sociais.
Figura 7. Netflix respondeu post sobre pic.ação de "Better Call Saul" em
Curitiba em tom de brincadeira.
13 As hashtags transformam tópicos e frases em links clicáveis nas publicações da Página ou Linha do Tempo pessoal. Isso ajuda as pessoas a encontrarem publicações sobre assuntos nos quais têm interesse. Para criar uma hashtag, basta utilizar # (cerquilha ou "jogo da velha") junto com um tópico ou frase da publicação. Disponivel em: https://www.facebook.com/help/587836257914341. Acesso em: 03/02/2016
49
Disponível em:
https://www.facebook.com/netflixbrasil/photos/a.218069644916503.55742.2166
30021727132/912585275464933/. Acesso em: 01/02/2016.
Em abril de 2015, a Netflix respondeu um post da página da Prefeitura
de Curitiba no facebook sobre uma de suas séries originais, a “Better Call
Saul”.
Uma internauta postou no facebook, a foto de uma pichação com o
nome do seriado. A imagem logo foi publicada pelo perfil da Prefeitura de
50
Curitiba, que aproveitou para fazer a divulgação do órgão responsável pelas
denúncias contra pichações, o 153. "Saul está de férias agora, mas você pode
ligar no 153!", escreveu o órgão curitibano se referindo ao fim da primeira
temporada da série.
O post viralizou e logo a Netflix aproveitou a oportunidade e publicou
uma imagem com o personagem principal da série, o advogado James McGill,
e a frase “Mais uma ligação de Curitiba?”. A Netflix ainda disse que estava
recebendo diversas chamadas da capital paranaense. “O que tá acontecendo?
O telefone não para de tocar. E todas as ligações são de Curitiba”. Tudo em
tom de brincadeira, claro. A postagem teve mais de 5.700 curtidas e quase
600 compartilhamentos.
Figura 8. Impulsionadas por um usuário do twitter, grandes marcas
protagonizam um diálogo descontraído.
51
Disponível em: https://twitter.com/thallesmrf/status/451080016265506817.
Acesso em: 01/02/2016.
As grandes empresas além de interagirem com clientes, se relacionam
com outras marcas através das redes sociais. Um exemplo interessante é um
diálogo que aconteceu entre grandes marcas, dentre elas a Netflix,
impulsionado por um usuário do microblog twitter. O diálogo só foi possível
porque o usuário marcou os perfis da empresa, que a partir disso tiveram
acesso rápido ao conteúdo. O sucesso também se deve graças aos
profissionais das empresas que responderam na mesma linguagem e a
brincadeira se transformou em uma ótima e bem sucedida oportunidade de
marketing.
Esse tipo de interação com o usuário passa uma imagem descontraída e
positiva da empresa, dá sensação de proximidade ao usuário, e como
consequência, como já mencionado anteriormente, reforça o relacionamento
com assinante e a fidelização e ainda cativa novos clientes.
Conteúdos Originais
Figura 9. Texto para atrair o público que ainda não é assinante fala
sobre os originais da Netflix na homepage da empresa.
52
Disponível em: https://www.netflix.com/br/. Acesso em: 01/02/2016.
Figura 10. A Netflix destaca as indicações de seus originais para o Emmy para
seduzir novos assinantes.
Disponível em: https://www.netflix.com/br/. Acesso em: 01/02/2016.
53
Em 2015, em uma entrevista para a emissora americana CNBC,
publicada também pela revista brasileira Exame14, Reed Hastings, cofundador
e CEO da Netflix, disse que todos os canais de televisão migrarão para a
internet na próxima década. Para o empresário, a experiência proporcionada
pela internet mudou a maneira como as pessoas consomem entretenimento.
“As pessoas amam a internet, pois ela dá a elas mais opções”. Segundo ele, o
sucesso da Netflix e de suas séries originais, como “Orange is the New Black”
e “House of Cards”, se deve à internet. Mas também à análise de dados da
plataforma. Isto é, os rastros digitais que possibilitam o monitoramento das
ações dos clientes e por consequência o aperfeiçoamento do serviço.
Somos uma máquina de aprendizado. Toda a vez que apresentamos uma nova série, nós estamos analisando-a e tentando descobrir o que funcionou e o que não funcionou, para que possamos fazer melhor na próxima vez (HASTINGS, 2016, n.p).
Como já dito, ao conhecer as preferências de seus usuários a Netflix
tem a possibilidade de lançar produtos com grande potencial de ser um
sucesso. Dessa maneira, quando a Netflix decidiu investir em criar suas
próprias produções seus profissionais sabiam o que chamava atenção do
público e teria chances de emplacar.
E foi assim que nasceram as duas séries citadas pelo CEO da Netflix. A
“House of Cards”, primeira série original da empresa, lançada em fevereiro de
2013, por exemplo, fez tanto sucesso que este ano já foi anunciada a quinta
temporada15 antes mesmo de ser lançada a quarta. A série foi a primeira
produção totalmente voltada para a internet a receber o Emmy. Isso ocorreu
em 2013 e o seriado venceu em três categorias: melhor direção em série
dramática, melhor elenco em série dramática e melhor direção de fotografia.
14 Disponível em: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/ceo-do-netflix-preve-o-fim-da-tv-a-cabo-e-ele-esta-proximo. Acesso em: 30/01/2016. 15 Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/netflix-anuncia-quinta-temporada-de-house-of-cards-para-2017-18566330. Acesso em: 01/02/2016.
54
Quando lançada ela teve todos os doze episódios de sua primeira
temporada liberados de uma só vez, para cativar seus assinantes que têm o
hábito de assistir vários episódios em sequência. A estreia foi sucesso de
crítica, e logo se tornou o título mais assistido e um dos mais comentados em
redes sociais
Outros fatos interessantes também demonstram o sucesso da produção,
como, por exemplo, ela ser uma das mais preferidas entre os chineses que
acessam o Netflix. Somente em 2014, aproximadamente 24,5 milhões de
pessoas assistiram à série no país asiático, inclusive um dos líderes do Partido
Comunista da China, Wang Qishan, que se declarou fã da série. Outro fã
declarado é o presidente norte-americano. Na véspera da estreia da segunda
temporada, Barack Obama pediu aos seus mais de 55,5 milhões de seguidores
no twitter que não lhe enviassem spoilers da série16.
Em 2015, “House of Cards” perdeu seu título de série original mais
popular para o “Demolidor”17. Primeira produção de um universo compartilhado
em parceria com a Marvel, a atração estrelada por Charlie Cox como o Homem
Sem Medo atraiu 10,7% de seus usuários nos 11 primeiros dias. Ou seja: 4.4
milhões assistiram a pelo menos um episódio da série dentro desse período de
tempo. Cabe ressaltar que esses números dizem respeito apenas aos usuários
da Netflix nos Estados Unidos: 40.9 milhões.
A empresa também revelou os ótimos números de Daredevil em seu
primeiro dia: 2,3%, cerca de 940 mil espectadores só nos EUA. Já a terceira
temporada da série original pioneira e mais popular da empresa até então,
House of Cards, foi vista por 6,5% de espectadores desde que foi
disponibilizada. O premiado drama político ficou abaixo da comédia estreante
Unbreakable Kimmy Schmidt, que atraiu 7,3% dos assinantes. Porém, House
of Cards segue um sucesso. A Netflix revela que quase metade dos assinantes
que assistiram ao drama político, viram pelo menos três episódios seguidos no
16 Disponível em: http://www.megacurioso.com.br/internet/68351-7-fatos-que-voce-nao-sabia-sobre-house-of-cards.htm. Acesso em: 01/02/2016.
55
mês de março. Nesse mesmo mês, as três temporadas da série estrelada por
Kevin Spacey e Robin Wright foi a mais popular, com 6,4% de média. Os
números confirmam o sucesso que as séries originais estão atingindo e fazem
com que a Netflix invista cada vez mais em suas produções, mais um
diferencial da empresa que, mais uma vez, faz um bom trabalho quando o
assunto é marketing de massa customizado a partir dos rastros digitais.
17 Disponível em: http://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-112971/. Acesso em: 01/02/2016.
56
CONCLUSÃO
Ao analisar o caso Netflix nota-se que ela nunca foi uma “empresa
de aluguel de filmes”, mas que proporciona entretenimento com comodidade
para seus clientes através de filmes. Por isso ela conseguiu se reinventar e
mudar seu plano de negócio no momento certo ao longo dos anos. Ela não só
se adaptou às novas tecnologias, como foi ativa e mudou a forma das pessoas
de assistirem televisão. Isto é, a Netflix não apenas acompanhou as mudanças
do seu setor que era de “aluguel de filmes”, mas ela revolucionou o meio como
as pessoas passaram a se relacionar com a televisão.
Diferente do que aconteceu com a Blockbuster, que foi a maior rede
de locadoras do mundo, e se via como uma empresa de aluguel de filmes e foi
“engolida” pela tecnologia, em vez de se reinventar como fez a Netflix. O
mesmo aconteceu com a Kodak, Nokia e outros negócios, que ficaram para
trás por não inovar na hora certa.
A pesquisa permitiu a reflexão de que não basta ser uma empresa
grande, consolidada, ter bons produtos, é preciso se adaptar e mais, é preciso
estar à frente. Com a velocidade com a qual surgem novas tecnologias,
empresas que não reinventam seus modelos de negócios ou que demoram a
executar novos projetos, são superadas facilmente. Isto é, as novas
tecnologias vêm para ajudar as empresas, mas se as organizações se
prenderem a uma mentalidade antiga, a tecnologia não irá perdoar a história da
empresa e a consequência será a falência.
Conclui-se que ao se reinventar e transformar-se em digital, além de
se manterem vivas no mercado, estas mudanças podem levar às empresas
redução de custos e melhoria nos serviços. Com as novas tecnologias é
possível segmentar, por meio de uma customização em massa, e fidelizar o
público alvo. Ou seja, implementar estratégias de marketing mais baratas e
eficientes, uma vez que agora o novo consumidor está presente nos meios
57
digitais o tempo todo, deixando rastros e possibilitando que as empresas
conheçam seus anseios e executem novas estratégias de marketing.
Diante da base teórica utilizada neste estudo, que aponta para o advento
de um novo consumidor, com muito mais acesso à informação devido ao
desenvolvimento das novas tecnologias e da análise do caso Netflix, conclui-se
que definitivamente a forma de fazer marketing está em constante mudança e
que profissionais da área precisam estar atentos para não perderem o timing e
se reinventarem no momento certo para atender de forma eficiente o que o
cliente deseja e se possível, antes mesmo dele saber que deseja.
58
BIBLIOGRAFIA
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61
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 11
Marketing e Segmentação do Público Alvo
1.1 A História do Marketing 11
1.2 A Origem e o Conceito de Segmentação do Público Alvo 17 CAPÍTULO II 21
Rastros Digitais aplicados ao Marketing
2.1 Rastros Digitais e Segmentação do Público Alvo 21
2.2 Rastros Digitais e Fidelização do Público Alvo 29
CAPÍTULO III 32
Segmentação e Fidelização do Público Alvo através de Rastros Digitais
3.1 Breve Histórico da Empresa Netflix 32 3.2. Análise de Estratégias de Marketing 35 3.2.1 Rastros Digitais na Netflix 36 3.3. Análise 40
CONCLUSÃO 56 BIBLIOGRAFIA 58 ÍNDICE 61 ANEXOS 62
62
63
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 - Reportagens
Anexo 2 - Reportagens
Anexo 3 - Conteúdo Colaborativo
64
ANEXO 1
REPORTAGENS
Durante esse processo de monografia eu resolvi criar um alerta no
google com a palavra “Netflix” para me atualizar sobre o que estavam falando
sobre a empresa. Apesar de ter conhecimento do incrível sucesso da mesma,
eu fiquei surpresa com a quantidade de publicações que falavam sobre ela em
um único dia. As reportagens eram variadas, como: “Netflix e YouTube já tem
mais adeptos do que televisão”; Operadoras de TV por assinatura declaram
"guerra" à Netflix”; “Uber, Whatsapp, Netflix - Quando o mercado e a tecnologia
desafiam a doutrina”; “Netflix divulga novo teaser da quarta temporada de
‘House of Cards’; "The 100": nova temporada já se encontra disponível na
Netflix”; 13 filmes inspiradores da Netflix para assistir em família”, entre muitos
outros.
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ANEXO 2
REPORTAGENS
Revista Exame – Editoria Negócios - 10 de janeiro de 2016
Por que 2016 será o ano do Netflix
São Paulo – Com grandes anúncios, o Netflix começou o ano de maneira otimista. Essa semana, o serviço de streaming de vídeos chegou, ao mesmo tempo, em dezenas de países, anunciou lançamentos e outras medidas para conquistar o mundo – e o consumidor.
O presidente da companhia, Reed Hastings, busca convencer investidores que, com a expansão global, os lucros da companhia serão alavancados em 2016.
Com séries premiadas, a empresa também anunciou investimentos bilionários no seu conteúdo original. Confira mais razões pelas quais 2016 será o ano do Netflix.
Global...
A empresa de transmissão de vídeos chegou a mais 130 países nesta semana, cobrindo praticamente o mundo todo, exceto a China e outros países com os quais os EUA não têm relações.
Índia, Nigéria, Rússia e Arábia Saudita estão entre os principais países onde o serviço foi lançado, disse o presidente-executivo do Netflix, Reed Hastings. Ela já estava em mais de 60 países antes dessa expansão e havia afirmado que planejava chegar a 200 países até o fim de 2016.
... e local
Com uma indústria cinematográfica forte, a Índia ganhou acesso ao Netflix pela primeira vez essa semana. No país, o serviço irá divulgar filmes de Bollywood ao lado de seu conteúdo global.
A Índia tem a maior população entre os países nos quais o Netflix opera e com uma parte considerável da população conectada, o que pode alavancar a expansão da companhia na Ásia. No entanto, o desafio é fazer com que a população assine e gaste com o conteúdo - o país é um dos maiores mercados de pirataria do mundo.
66
Crescimento de assinaturas
No último trimestre, investidores ficaram decepcionados com o crescimento mais tímido no número de usuários nos Estados Unidos em 2015 em relação ao ano anterior. A expansão global pode ajudar a impulsionar o seu crescimento.
A companhia não havia confirmado o número de assinantes, mas projetou que chegaria a 74,3 milhões de usuários em todo o número ao final de 2015.
Segundo previsões, o número de assinantes poderia chegar a 150 milhões em 2020, de acordo com projeções de DiClemente, e a receita cresceria a uma taxa anual de 24% para quase US$ 20 bilhões. Além do crescimento de usuários, a companhia ainda deve aumentar o preço das assinaturas, afirmaram analistas ao Wall Street Journal.
Escalada nos investimentos
Este ano, a empresa irá investir 5 bilhões de dólares na sua programação original. Isso é mais que duas vezes o orçamento estimado da HBO.
Os seus conteúdos originais e premiados, como as séries Orange Is the New Black, Jessica Jones e House of Cards, são parte fundamental da aposta para elevar receitas e chegar a grandes lucros em 2017. Até agora, a maior parte do orçamento da empresa foi direcionado à compra de conteúdo alheio.
Lançamentos
Ela tem inovado no formato de conteúdo ofertado e, recentemente, lançou o longa épico de ficção Beast of no Nation.
Para 2016, a agenda de novidades para 2016 está cheia. O Netflix irá lançar seu primeiro talk-show e o filme War Machine, que terá atuação de Brad Pitt.
Em todos os lugares
Junto com a Ericsson, a Volvo está desenvolvendo um sistema de entretenimento para carros que pode reproduzir filmes e séries do Netflix até em momentos em que você perder a conexão com a internet.
Aposta
O CEO do Netflix diminuiu, mais uma vez, o seu salário. Reed Hastings receberá 900 mil dólares como pagamento anual.
Porém, ele aumentou suas opções de receber por meio de ações da empresa. Ele poderá vender todos os seus papéis na empresa que co-fundou por 19
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milhões de dólares. Em 2015, ele recebeu o equivalente a 13,7 milhões de dólares com essa opção.
Com esse movimento, Hastings evidencia a sua aposta no sucesso da companhia de streaming de vídeos.
Lucros crescentes
Todos esses planos podem dar retorno ainda em 2016. Até agora, a empresa tem divulgado receitas e lucros pequenos, o que está prestes a mudar, com o término da sua expansão mundial.
Este ano, o lucro estimado é de 137 milhões de dólares, disparando para mais de 500 milhões de dólares em 2017 e dobrando em 2018, para 1 bilhão de dólares, se a expansão funcionar conforme o planejado, segundo o WSJ.
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ANEXO 3
CONTEÚDO COLABORATIVO
Resolvi lançar mão do crowdsourcing e utilizar meu perfil no facebook
para pedir a ajuda dos meus amigos a entender o sucesso da Netflix. Fiz a
simples pergunta: Qual é a sua relação com a Netflix? E em minutos eu já
tinha recebido dezenas de respostas como:
“De muito amor, ela que me salva no trânsito, coloco minhas séries
todas em dia. Rs”;
“Para rever os filmes antigos. Encontrei vários!”;
“Um canal que você tem a disponibilidade de ver e rever filmes e séries
nas horas que você pode e não de acordo com o que manda a tv a cabo”;
“Hj vivo sem TV a cabo se precisar, mas não vivo mais sem Netflix...
Poder escolher o que vc quer ver, na hora que quer, sem ter q baixar é muito
bom”;
“Prefiro o Netflix pela liberdade que tenho de fazer o meu próprio
"horário de ver televisão".
“Trabalhando o dia todo, não conseguiria acompanhar programas com
horários estipulados durante a semana. Então, uso do meu tempo livre, seja a
noite ou nos finais de semana, para assistir ao conteúdo que eu gosto, no meu
tempo. Acho que essa é a maior vantagem! Mas confesso que a programação
atual na TV aberta foi o primeiro motivo pra eu fazer a assinatura rs.”;
“Gosto do Netflix pela facilidade e possibilidade de economizar, já que às vezes
não demora muito para filmes que estão nos cinemas chegarem à plataforma.
E é mais barato pagar a assinatura do que um ingresso, dependendo do dia da
semana. Além de não precisar pegar fila, ter que procurar lugar bom nem se
preocupar com o horário da sessão.
O catálogo múltiplo, com séries e desenhos, também é um fator positivo. E
alguns dos programas lá não passam aqui nem na TV por assinatura”;
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“Primeiro: preguiça de acessar e colocar o cabo na TV. Segunda:
decepção por não ter os filmes que têm no Now. Terceira: meu filho adora os
desenhos e filmes infantis. Quarta: apesar de tudo, não penso em cancelar a
assinatura. Acho que é porque o benefício compensa o custo”.;
“MUITO AMOR <3<3<3 É muito bom assistir no seu horário e não
depender de grade de emissora. Sem falar na quantidade de série boa”.
“Pago 17,90 por mês e tenho direito a assistir a filmes/séries fornecidos
a hr e quantas vezes eu quiser”.
“Relação de amor e ódio. Amor: Baixo custo por ótimas séries.
Ódio: Os filmes não são atualizados com frequência o que faz com que
80% dos que tem alí eu já tenha assistido”;
“Minha relação com a Netflix é de amor eterno. Cobra pouco por um
serviço maravilhoso, está investindo cada vez mais em novidades e produções
próprias, tem séries maravilhosas como OITNB, filmes diversos que me fazem
companhia e distraem até nos engarrafamentos. Pq eu assisto, na maioria das
vezes, através do app no meu celular. Netflix é vida!!!! Ah, e para completar...
Amo também a forma como eles interagem com os clientes nas redes sociais!
Enfim, são maravilhosos hahahah sou fã!”;
“Variedade, baixo custo e funcionamento satisfatório”;
“Só love! Tudo ali sem precisar sofrer encontrando minhas séries online.”