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Do poste à central de controle: como funcionará a iluminação de São Paulo *Por Eduardo Polidoro Segundo dados do Departamento de Iluminação Pública de São Paulo (Ilume), a cidade registra con- -sumo de 576GWh por ano, com um custo equivalente de R$104 milhões. Dos 540 mil postes de luz instalados na cidade, 30%, ou o equivalente a 162 mil, apresentam índices inaceitáveis de iluminação. Além disso, são registradas 290 mil ocorrências por ano relacionadas a defeitos técnicos ou necessi- dades de reparo, sendo que nenhuma delas é atualmente mapeada e monitorada em tempo real. Para melhorar a iluminação pública da cidade, a prefeitura lidera projeto de parceria público-privada (PPP) para viabilizar a aplicação de uma solução inovadora e inteligente: a substituição do atual sistema por um modelo que utiliza a tecnologia dos LEDs em conjuntos com o telegerenciamento de cada um dos pontos de Iluminação Pública. A iniciativa prevê a intervenção em 580 mil pontos de luz, com a substituição de todas as lâmpadas amarelas de vapor de sódio por luminárias de LED. Isto permitirá uma economia no consumo de energia da ordem de 45%, além de sanar as lacunas deixadas pela ausência de um sistema integrado capaz de antecipar possíveis falhas e promover a rápida manutenção caso seja necessário. O mercado brasileiro sempre foi vulnerável ao comércio de produtos de baixa qualidade. Preço bem baixo, fora da precificação normal, e de marca desconhecida é certeza absoluta de que o critério de qualidade está passando longe. É o descartável, aquilo que se compra já estimando a data do fim da sua vida útil, não a validade impressa no produto – esta também uma fraude. Há a consciência de que o barato sairá caro, mas a tentação da pechincha é ainda mais forte. Esse é o alimentador que sustenta um mercado quase marginalizado, à beira da lei e distante, muito distante, das normas e especificações técnicas. Para realizar um projeto dessa magnitude é imprescindível pensar em atender diversas necessidades das áreas públicas. O primeiro item é a distribuição do produto. Em São Paulo há um poste de luz a cada 35 metros e suas luminárias devem oferecer uma luminosidade uniforme. Para isso, é necessário um conjunto ótico que faça a distribuição da luz. Essa é uma das vantagens da tecnologia LED, que emite luz em apenas uma direção e evita o desperdício de energia O segundo ponto levado em consideração é o conforto dos olhos, conseguido com uma maior intensi- dade de luz. Para um bom projeto de iluminação pública, a temperatura de cor que deve ser utilizada é de 4.000 kelvins (tráfego baixo e médio) ou até 5.000 kelvins (tráfego intenso). Sobre ofuscamento, é recomendado que as luminárias de LED tenham a função cut off, que também serve para diminuir a poluição luminosa e o desperdício de energia, Há também características das solu- ções que influenciam na maneira como enxergamos os objetivos e no nosso humor. Quando há um Ín- dice de Reprodução de Cor (IRC) mais alto, você consegue ver as cores como elas realmente são e não mais amarelados ou azulados. Já a combinação do IRC com a temperatura de cor da lâmpada mexe no nosso estado físico. Temperatu- ra de cor e IRC baixos causam sono, uma vez que o corpo dispara hormônios de acordo com as mudanças

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Do poste à central de controle: como funcionará a iluminação de São Paulo

*Por Eduardo Polidoro

Segundo dados do Departamento de Iluminação Pública de São Paulo (Ilume), a cidade registra con--sumo de 576GWh por ano, com um custo equivalente de R$104 milhões. Dos 540 mil postes de luz instalados na cidade, 30%, ou o equivalente a 162 mil, apresentam índices inaceitáveis de iluminação. Além disso, são registradas 290 mil ocorrências por ano relacionadas a defeitos técnicos ou necessi-dades de reparo, sendo que nenhuma delas é atualmente mapeada e monitorada em tempo real. Para melhorar a iluminação pública da cidade, a prefeitura lidera projeto de parceria público-privada (PPP) para viabilizar a aplicação de uma solução inovadora e inteligente: a substituição do atual sistema por um modelo que utiliza a tecnologia dos LEDs em conjuntos com o telegerenciamento de cada um dos pontos de Iluminação Pública.

A iniciativa prevê a intervenção em 580 mil pontos de luz, com a substituição de todas as lâmpadas amarelas de vapor de sódio por luminárias de LED. Isto permitirá uma economia no consumo de energiada ordem de 45%, além de sanar as lacunas deixadas pela ausência de um sistema integrado capaz deantecipar possíveis falhas e promover a rápida manutenção caso seja necessário.

O mercado brasileiro sempre foi vulnerável ao comércio de produtos de baixa qualidade. Preço bem baixo, fora da precificação normal, e de marca desconhecida é certeza absoluta de que o critério de qualidade está passando longe. É o descartável, aquilo que se compra já estimando a data do fim da sua vida útil, não a validade impressa no produto – esta também uma fraude. Há a consciência de que o barato sairá caro, mas a tentação da pechincha é ainda mais forte. Esse é o alimentador que sustenta um mercado quase marginalizado, à beira da lei e distante, muito distante, das normas e especificações técnicas.

Para realizar um projeto dessa magnitude é imprescindível pensar em atender diversas necessidades das áreas públicas. O primeiro item é a distribuição do produto. Em São Paulo há um poste de luz a cada 35 metros e suas luminárias devem oferecer uma luminosidade uniforme. Para isso, é necessário um conjunto ótico que faça a distribuição da luz. Essa é uma das vantagens da tecnologia LED, que emite luz em apenas uma direção e evita o desperdício de energia

O segundo ponto levado em consideração é o conforto dos olhos, conseguido com uma maior intensi-dade de luz. Para um bom projeto de iluminação pública, a temperatura de cor que deve ser utilizadaé de 4.000 kelvins (tráfego baixo e médio) ou até 5.000 kelvins (tráfego intenso). Sobre ofuscamento, é recomendado que as luminárias de LED tenham a função cut off, que também serve para diminuir a poluição luminosa e o desperdício de energia, Há também características das solu-ções que influenciam na maneira como enxergamos os objetivos e no nosso humor. Quando há um Ín-dice de Reprodução de Cor (IRC) mais alto, você consegue ver as cores como elas realmente são e nãomais amarelados ou azulados.

Já a combinação do IRC com a temperatura de cor da lâmpada mexe no nosso estado físico. Temperatu-ra de cor e IRC baixos causam sono, uma vez que o corpo dispara hormônios de acordo com as mudanças

da luz. Um exemplo são as lâmpadas de sódio em rodovias. O motorista provavelmente sentirá umambiente mais monótono, o que poderá provocar sonolência. Entretanto, as lâmpadas de LED, por terem temperatura e IRC mais altos, mantém o estado de alerta dos condutores.

Já a agilidade para a detecção de problemas é fundamental para que o sistema seja corrigido com rapidez. Em São Paulo, se ninguém avisar, sobre uma lâmpada queimada em um local apenas de tráfego, é provávelque o conserto demore muito mais do que o necessário. Para evitar essa dificuldade, existe o sistema de telegerenciamento que funciona por comunicação de alta frequência, 900Mhz, a mesma de telefone sem fio.Cada luminária passa informação de uma para a outra até que os dados cheguem a um equipamento chamado gateway. Nele, há um modem de internet que enviará para o servidor toda a informação cripto-grafada, possibilitando um reporte imediato da situação de iluminação em toda a cidade. Cada gateway consegue controlar 500 unidades, ou seja, a prospecção é que São Paulo tenha 1.200 gateways.

Ao final, o mais imprescindível é oferecer um sistema confiável, com menores índices de falha, com tecnolo-gia LED, que possui maior eficiência e durabilidade, e telegerenciamento capaz de realizar a medição precisa à distância e em tempo real do consumo de energia e do nível de luminosidade em cada ponto de luz. O objetivo é criar um ambiente mais confortável para os cidadãos, aumentar a sensação de segurança, econo-mizar energia, ter menos manutenção e reduzir os danos ao meio ambiente.

*Eduardo Polidoro é diretor de produtos da GE Lighting para a América Latina.