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vitória Ano IX Nº 101 Janeiro de 2014 Revista da aRquidiocese de vitóRia - es vitória ESPECIAL Primeira Exortação do Papa ENTREVISTA Neusso da Casa de Pedra REPORTAGEM Dia da Interação Anunciar a alegria do Evangelho

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vitóriaAno IX • Nº 101 • Janeiro de 2014

Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitória

EspEcial Primeira Exortação do Papa

EntrEvistaNeusso da Casa de Pedra

rEportagEmDia da Interação

Anunciara alegria do Evangelho

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mICRONOTÍCIASConcurso Orla Noroeste de Vitória

CAmINhOS dA BÍBlIAA comunidade dos discípulos, lugar do cuidado e da acolhida

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispos Auxiliares: Dom Rubens Sevilha, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Colaboradores: Alessandro Gomes, Dauri Batisti, Gilliard Zuque, Giovanna Valfré, Edebrande Cavalieri, Vander Silva • Revisão de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850 • Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 • Ilustrador: Kiko • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica 4 Irmãos - (27) 3326-1555

vitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

vitóriaAno IX – Edição 01 – Janeiro/2014

Publicação da Arquidiocese de Vitória

12

28

pROJETOEducação Integrada na Obra Social

Nossa Senhora das Graças

32ESpECIAlPrimeira Exortação do Papa Francisco

31

IdEIASCom espinosa pelos pomares da memória

34

REflExõESPertença Eclesial

38

ASpAS30

ENSINAmENTOSO matrimônio é sacramento

40

CulTuRA CApIxABALenda do pássaro de fogo

42

ACONTECEFestividades de São Sebastião

44

ATuAlIdAdEEu tenho o que preciso ou preciso

do que tenho?

08

ENTREVISTANeusso da Casa de Pedra

14

muNdO lITÚRGICOOração em família: encontro com Deus

18

COmuNIdAdE dE COmuNIdAdES

São Sebastião: um santo guerreiro para um povo de fé

22

SeçõeS05 PENSAR06 DIÁLOGOS17 ARTE SACRA21 ESPIRITUALIDADE24 REPORTAGEM36 PRÁTICA DO SABER

39ARquIVO E mEmóRIALeigas Consagradas, 30 Anos de serviço e amor à Igreja Particular de Vitória

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Maria da Luz FernandesEditora

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As agendas, os planejamentos e principalmente os bons propósitos são comuns no início do ano, mas quem não gosta de uma surpresa?

Que tal um espaço na agenda para deixar-se sur-preender? Sim, às vezes a agenda é tão carregada que a “surpresa” não consegue chegar, ou não consegue fazer-se notar. Perceber as oportunidades exige atenção, reconhecer uma ocasião nova precisa de observação e agenda lotada é contrário a tudo isso. Vai fazer agenda? Deixe um espaço para ser surpre-endido, melhor, deixe um espaço para permitir-se fazer experiências novas, conhecer pessoas diferentes, visitar lugares conhecidos ou desconhecidos sem correria e observe mais tudo que está à sua volta. Entrevistamos um artista, escultor de madeira, que descobriu nas suas buscas que quando você determina o que vai achar acaba deixando de ver o que a vida lhe oferece. Feliz 2014, fora dos propósitos da agenda.

fAlE COm A GENTEA sua participação enriquece a Revista Vitória. Envie opiniões sobre as matérias publicadas e sugestões de pauta para [email protected]

PARA ANUNCIARAssocie a marca de sua empresa ao projeto desta Revista e seja visto pelas lideranças das comunidades. Ligue para (27) 3198-0850 ou [email protected]

ASSINATURAFaça a assinatura anual da Revista e receba com toda tranquilidade. Ligue para 3198-0850

EdITORIAl

Fora Dos ProPósItos

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pENSAR

Paula Mendes Fotografias

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dIálOGOS

Ouvi muitas vezes de nossos irmãos que militam na

política partidária o desejo de receber apoio da Igreja, especialmente dos padres e dos bispos. Sentem-se como órfãos nesta batalha na luta pelo bem comum. Há seis anos estamos fa-zendo esforços para cor-responder aos apelos destes irmãos. Começamos com encontros, palestras, di-álogos etc. Da iniciativa do Arcebispo passou-se à formação de uma equipe in-terpartidária que ficou com a missão de convidar os políticos católicos, lembrar as datas dos encontros com o Arcebispo e, principal-mente, sugerir as temáticas interessantes para eles. Os conteúdos desses encontros foram muito va-riados, passando por assun-tos da atualidade, critérios evangélicos e ensinamen-tos da Igreja. Inicialmente

do confronto entre o Livro Sagrado e a atuação política em nosso Estado. Antes e depois da Eucaristia sem-pre há um tempo para uma troca de ideias e reforçar a fraternidade. O tom dos diálogos durante a Celebração é di-tado pela Palavra, pois a Celebração da Eucaristia não comporta discursos políticos nem de autoelo-gios, e a partilha da Pala-vra não substitui a homilia que exige algo mais de um discurso bem elaborado. É preciso conhecimento bíblico e aprofundamento de outros aspectos da vida e vivência cristã. A fé do político católico precisa ser alimentada pela Palavra de Deus e pelos sacramentos, mas, como acompanhar os políticos partidários na missão diária? Que tipo de apoio a Igreja pode ofere-cer aos irmãos que mili-tam na política? Ficam-me

o quE sE Passa No Coração Do CatólICo PolítICo

algumas perguntas: o que se passa no coração e na mente de um político parti-dário que solicita o apoio da Igreja? É certo que ele quer ser aceito e conhecido na comunidade eclesial, quer ser considerado como um cristão-político entre outros e receber os votos dos ir-mãos na fé. Porém, só isto? Se fosse apenas este tipo de apoio não seria necessário um encontro mensal. Penso que aqui está o ponto de desencontro entre o que eles desejam e o que o padre e o bispo desejariam. Eles querem ganhar a eleição e com o apoio dos padres e bispos. O nosso apoio vai em direção diferente. Nós queremos que eles sejam discípulos de Cristo e Mis-sionários no meio político! Sonhamos com políticos atuando como discípulos e missionários no Poder Legislativo, Judiciário e Executivo, nas três instân-

foram convidadas pessoas que pudessem refletir sobre temas atinentes à vida do político partidário. Depois os participantes sugeriram que houvesse todos os me-ses a Celebração de uma Eucaristia para eles. Esco-lheram o dia apropriado, segunda-feira. Os Bispos e Pe. Kelder revezam-se neste serviço, mas, normalmen-te tem sido o Arcebispo a presidir às celebrações. A Palavra partilhada provoca reflexões e aponta caminhos que são percebidos por cada um e, o Arcebispo, propõe pistas de direção a partir

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cias de serviço, municipal, estadual e federal. O político discípulo e missionário é alguém que pauta sua vida no Evange-lho sob esta luz. Eu até diria que não é só um apostolado cristão, mas um ministério, um serviço diferente e que faz diferença entre os de-mais políticos que pensam diferente do cristão, ou têm outras opções. O discípulo político e missionário terá como luz e força de sua vida o Evangelho traduzido no ensinamento social da Igre-ja. Com esta mentalidade, com esta formação, aparece então a necessidade e urgên-cia da confrontação diária

com a Palavra de Deus e a força, sustento e remédio da Eucaristia. Tenho até a im-pressão que, por enquanto, na nossa realidade política, a Eucaristia que é ponto de partida e de chegada, é, ago-ra, mais viático, entenda-se que não se trata do auxílio aos enfermos, mas caminha-da progressiva do político partidário em busca da ple-nitude Eucarística. Fico agora pensando.... Será que os atuais políticos católicos optam de forma consciente por serem dis-cípulos e missionários? Já chegaram a esse compro-misso de fé ou caíram na tentação de ser “mais um

político, cristão sim, mas com aquele conhecimento de catecismo infantil” sem a maturidade do verdadei-ro apóstolo transformador, ministro do serviço à hu-manidade nova, gerada na nobreza do exercício da fé e política. Escrevo isto em bus-ca de um aprofundamento e de um acerto no apoio que devemos dar aos nossos queridos irmãos e irmãs, que se sentem vocacio-nados ao serviço do bem comum, como políticos partidários. Vejo que são idealistas, mas preocupo--me e desejo que deem um passo à frente, na fé. Estou

pensando nos políticos que tiveram a coragem evangé-lica como Thomas More (diplomata e homem de leis, canonizado em 1935, tornando-se patrono dos governantes e políticos), e alguns políticos brasileiros que foram verdadeiros mi-litantes e, em suas épocas, procuraram ser coerentes com a fé cristã católica. Entendo que Paulo VI ao falar “o exercício da política é nobre” buscava para os políticos católicos a dimensão de discípulo missionário.

Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc.Arcebispo Metropolitano de

Vitória ES

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ATuAlIdAdE

Será que as nossas compras refletem a necessidade real? Uma boa maneira de perceber isto é dar uma volta pela

casa... olhe naquele armário que você quase não abre... dê uma espiada naquele quar-tinho que você não tem nem coragem de entrar... e aí? Achou muita coisa que você não usa há tempos? E algo que comprou e quase nunca usou? Pior, algo que comprou e NUNCA usou? Se o seu passeio pela casa refletiu a realidade descrita acima, cuidado, você pode ser um consumista ou mesmo um acumulador. O ato de consumir faz parte da nossa sociedade desde os tempos mais antigos. Precisamos comprar para nos alimentar, vestir, morar, cuidar da saúde, ter conforto e o que mais for necessário. Mas, mui-tas vezes, influenciados pela mídia, ou na tentativa de minimizar algum sentimento negativo como solidão, tristeza ou carência, tendemos a realizar compras por impulso e este é o problema. O consumismo é o ato de comprar algo sem necessitar dele. É quando este ato de comprar vira uma compulsão e isto pode causar uma série de transtornos na vida de uma pessoa, desde relacionamentos inter-pessoais até financeiros ao ponto de que nos casos mais extremos seja considerado uma doença. A compulsão de comprar também pode resultar em uma compulsão de acumular, surgindo assim mais um sério problema de

Eu tENho o quE

Do quE tENho?

ouprEcisoprEciso

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ser consumista. Acumuladores são pessoas que provocam um armazenamento excessivo de coisas ao ponto de se afastar do convívio com as pessoas, sofrer com a falta de espaço, e se de-monstrar incapaz de se desfazer de algo. A casa ou quarto desta pessoa deixa de ser um local de convivência para ser depósito de algo. O ato de colecionar não é um problema, mas se esta aqui-sição de objetos for excessiva ao ponto de ocupar um espaço exagerado e adquirir um valor alto na prioridade da pessoa, ela pode estar a poucos passos de ser uma acumuladora. Refletindo sobre isto, per-cebemos que uma linha fina separa o consumidor do con-

hora para outra, aguarde alguns dias para refletir melhor se isto realmente vai ter alguma utili-dade em sua vida. Defina suas prioridades – liste o que você necessita e o que você gostaria de ter. Sabendo se controlar você pode se dar ao luxo de um agrado sem se tornar um consumista.

“Não aja por impulso – muitas vezes compramos algo repentinamente sem nem ter raciocinado se realmente é necessário.

sumista e o colecionador do acumulador. Como podemos evitar cruzar esta linha? No que se refere ao consu-mismo, psicólogos e economis-tas domésticos afirmam que é importante se atentar a algumas questões: Planejar e poupar são fun-damentais – coloque na ponta do lápis o que é necessário comprar para suprir as suas necessida-des, calcule se terá como honrar seus compromissos financeiros e poupe um pouco para o futuro e também para gastar com algo que realmente seja proveitoso. Não aja por impulso – mui-tas vezes compramos algo repen-tinamente sem nem ter racioci-nado se realmente é necessário. Se lhe bater esta vontade de uma

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ATuAlIdAdE

Agora, sobre os cuidados para não se tornar um acumula-dor é importante refletir sobre: Qual impacto este objeto vai ter em sua família – o custo para a aquisição do objeto, ou o espaço que ele vai ocupar em casa, pode causar atrito? A organização e conforto de sua casa – alguém vai ter que abrir mão do conforto por causa deste objeto? O ambiente pode se tornar desorganizado ao ponto de ser constrangedor receber alguém em sua casa por causa do hábito de “colecionar” coisas? A importância dos objetos em sua vida – não há nada que possa ser descartado? Até que ponto é importante guardar de-terminado item?

Vander Silva

O que consumimos tem um impacto além das paredes de nossa casa. Nossos atos influen-ciam a vida de muitas pessoas, principalmente no que se refere ao meio ambiente. A quantidade de embalagem que descartamos, sempre que compramos algo, a infinidade de panfletos que re-cebemos todos os dias nas ruas e restos de alimentos que jogamos no lixo cobram um preço muito alto da natureza. Podemos economizar o meio ambiente e também o nosso bolso, se adotarmos uma série de medidas conhecidas como consumo consciente, que é ter a consciência do impacto que o nosso consumo representa. Através de nossas escolhas po-demos aumentar os benefícios e diminuir os malefícios que a nossa sociedade provoca.

Reveja seus atos e tenha sempre na mente e no coração o que você realmente precisa para ser feliz. Quem sabe, passado algum tempo, você poderá dar outra volta pela casa e constatar um resultado bem diferente?

O instituto AKATU, uma organização que trabalha pela conscientização do consumo disponibiliza no site dele (akatu.org.br) algumas dicas:

Avalie os impactos de seu consumoLeve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo.

Reutilize produtos e embalagensNão compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.

conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresasEm suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto. Valorize as empresas

em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.

Não compre produtos piratas ou contrabandeadosCompre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.

contribua para a melhoria de produtos e serviçosAdote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e serviços.

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mICRONOTÍCIAS

Concurso Orla Noroeste de Vitória

Bebês a salvo

Até o dia 31 de janeiro arquite-tos e urbanistas de diferentes partes do mundo podem par-ticipar do Concurso Orla No-roeste de Vitória, promovido pela prefeitura da Capital. Serão selecionados os melhores projetos para implantação de calçadão, espaços de lazer e de contempla-ção, píeres, deques, atracadouros, ciclovias, polos gastronômicos e passarelas para a urbanização contínua de parte da ilha de

Vitória e uma porção continental do muni-cípio. A área, objeto do concurso, compre-ende 760 mil metros quadrados, passa por mais de 20 bairros e beneficia diretamente 76 mil pessoas que moram na região. São 13km de orla. Os três vencedores receberão prêmios em dinheiro em março de 2014, sendo R$ 125 mil para o primeiro colocado, R$ 75 mil para o segundo e R$ 50 mil para o terceiro. O edital pode ser conferido no site www.concursoorlanoroeste.com.br

Um argentino, mecânico de auto-móveis, desenvolveu um dispositivo capaz de salvar bebês presos no canal de parto. A ideia ganhou o apoio da Organização Mundial de Saúde, pois complicações potencialmente graves ocorrem em 10% dos 137 milhões de partos

realizados anualmente em todo o mundo. A obstrução do trabalho de parto é um dos fatores que contribui para a morte de recém-nascidos. Médicos dizem que o instrumento tem potencial enorme para salvar bebês em países pobres e, possivelmente, reduzir os partos por cesárea em países ricos.

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Colesterol e câncer de mamaEstudo publicado pela revista Science afirmou que um subproduto do coleste-rol facilita o crescimento do câncer de mama. O colesterol é “quebrado” pelo corpo em um subproduto chamado 27HC, que tem o mesmo efeito do estrogênio. Pesquisas feitas com camundongos por cientistas do Duke University Medical Center, nos Estados Unidos, demonstra-ram que dietas ricas em colesterol e gordura aumentaram os níveis de 27HC no sangue, provocando tumores que eram 30% maiores, se comparados a animais que estavam com uma alimentação regular.

O Espírito Santo saiu na frente dos demais estados do país e alcançou a melhor pontuação na prova de 2012 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). A média alcançada foi de 423,3 pontos, ganhando cinco posições no ranking em relação aos números de 2009, quando ficou na 9ª posição, com 406 pontos. Os alunos capixabas obtiveram a maior média de Ciências (428), a terceira melhor de Matemática (414) e a quar-ta melhor em Leitura (427 pontos). As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem três áreas do conhecimento – Leitura, Matemática e Ciências.

Corrupção no Brasil

Educação em alta

ação abaixo de 50 teriam uma situação de corrupção considerada “grave”. Quanto mais alta a pontuação, mais “limpo” o país. Esse ranking avalia as possibilidades de in-vestimento e a credibilidade do sistema político, sendo o principal termômetro usado por instituições internacio-nais como uma base para medir a corrupção nos países.

De acordo com a clas-sificação da Transpa-rência Internacional, a percepção mundial sobre a corrupção no Brasil aumentou em 2013. Entre os 177 países avaliados, o Brasil ficou na 72ª colocação, com 42 pon-tos, no ranking que avalia as economias mais limpas do mundo. Países com pontu-

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vitória - Quando eu o conheci há 20 anos isto aqui era uma região muito isolada, difícil de achar e quase não tinha casas. Hoje muita coisa mudou. O que mudou na sua vida?Neusso - A primeira coisa é que fiquei mais velho. Eu não tinha muito recurso para comprar os materiais e construir a casa, então eu recolhia os materiais na região. Fui recolhendo as pedras e comecei a erguer os paredões da casa e a casa foi ficando famosa. Eu sentia-me tomado por uma força maior e isso não tem muita explicação, era uma coisa que estava em mim, e as pessoas chegavam e se encantavam com aquilo. Eu oferecia um chá de ervas. Mas

Os mOvimentOs que estãO nO mundO,nas pessOas, vOcê encOntra n a naturezaNeusso é um artista que faz das raízes encontradas na natureza, reproduções das imagens da vida real. Nesta entrevista falou sobre ele mesmo.

to, mas mais isolado um pouco.

vitória - E a sua casa de agora reproduz isto aqui ou você fez outra coisa?Neusso - Lá é isto aqui, mas com mais acabamento para morar.

vitória - E a sua arte, como é o seu trabalho de recolher os ma-teriais na mata e transformar?Neusso - No começo eu deter-minava o que queria e saía para procurar e não sossegava enquan-to não achasse a peça. Só que nessa caminhada ia passando por um monte de outras coisas, de outros formatos, de outras peças e nem reparava. Hoje, na minha mente isso clareou, tudo que passa pelas minhas mãos vai ser transformado em esculturas de santos, de bichos, enfim, um monte de coisas.

vitória - Esse processo de observação das coisas mudou a sua percepção com relação ao mundo?Neusso - Às vezes algumas coisas eu olho e vejo que aquilo é aquilo, mas às vezes você começa, erra, conserta o erro e aí transforma em outra coisa que também é bacana.

ENTREVISTAMaria da Luz Fernandes

o tempo foi passando, a cidade foi se aproximando e eu cortei o cabelo, cortei a barba, mu-dou um pouco, mas a essência continua. Às vezes quando você entra numa dimensão muito zen, é muito cobrado. As pessoas te obrigam a adotar uma postura e eu pensava: não, eu não sou nada disso, eu quero ser eu.

vitória - Você sentia-se uma pessoa comum?Neusso - Sim, mas aí o chá que eu oferecia começou a curar as pessoas que estavam estressadas. Elas vinham aqui conversavam, tomavam o chá e quando iam embora achavam que estavam curadas.

vitória - Nessa época você morava aqui, agora não mora mais. Isso faz diferença para você? Neusso - Eu morei dezesseis anos ali, mas eu era solteiro e ficava mais fácil para atender as pessoas, mas agora eu tô casado e a gente mora ali numa matinha, aqui per-

Eu acredito em Deus, respeito as religiões, meus pais vêm da religião católica, mas eu vejo que o bonito no ser humano é a fé.”

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vitória - Hoje você tem umas formas perfeitas. A natureza te dá isso assim prontinho?Neusso - Todos os movimentos que estão no mundo, nas pessoas, você encontra na natureza, sim. Mas eu sou meio encantado com essa descoberta de criar peças que lembram santos, profetas e não sei quando vai acabar. Eu tenho cai-xas com mais de 50 peças prontas para dar acabamento.

vitória - Quando você escolhe um tronco, uma raiz e começa a transformar, você pensa na-quilo que as pessoas irão dizer?Neusso - A primeira coisa que eu penso é na qualidade da madeira. Mas eu não penso, eu deixo a coisa acontecer porque eu digo sempre que a obra nunca fica pronta, você pode mexer o tempo todo. Pode pintar, fazer pátina, colocar ouro, enfim, o tempo todo o trabalho pode ser mexido.

vitória - Você fica com vonta-de de fazer outra coisa depois que terminou?Neusso - Às vezes sim, outras penso em jogar na correnteza e deixar rolar e pegar alguns qui-lômetros lá em baixo.

vitória - Tem alguma peça que você diz: essa aqui não que-ro mexer, ninguém pode mexer, ninguém pode comprar?Neusso - Tem uma peça que eu falo que é uma passagem. Saiu na passagem de uma fase em que eu esculpia para uma fase de re-aproveitamento. Eu chamo essa peça de MÃO GRANDE.

vitória - O que ela expressa?Neusso - Ela é um deus mandando o povo se acalmar com as mãos.

vitória - Essa peça está aqui há quanto tempo?Neusso - Ah, tem mais de 20 anos.

vitória - Essa vai ficar aqui?Neusso - Essa acho que não vou vender. Dela já foram vendidas mais de 10 mil fotografias.

Os mOvimentOs que estãO nO mundO,nas pessOas, vOcê encOntra n a natureza

vitória - Das experiências das pessoas que vieram, alguma coisa que aconteceu aqui fez você pensar diferente?Neusso - Não sei se você lembra, mas no início a visita era gratuita, as oficinas, palestras que eu fazia com as escolas tudo era gratuito e eu fiquei uns treze anos fazendo esse trabalho. Mas eu percebi que eu tinha um custo e aí comecei a cobrar pelas visitas e isso mexeu muito com as pessoas, criou certa revolta. E, às vezes, em vez da pessoa chegar pra mim e pedir para deixar entrar ela já chega-va questionando, falando pala-vra duras e isso me machucava, mas essas pessoas são minoria, a maioria das pessoas gosta e volta.

vitória - Eu falo alto e quan-do chego aqui começo a falar num tom mais baixo. O que

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ENTREVISTA

acontece aqui que a gente fica mais tranquila?Neusso - São as energias que estão aqui.

vitória - Têm nome, essas energias?Neusso - Pode ser a natureza, pode ser Deus, cada um sente.

vitória - Você tem prática religiosa?Neusso - Eu acredito em Deus, respeito as religiões, minha fa-mília, meus pais vêm da religião católica , mas eu vejo que o bonito

no ser humano é a fé.

vitória - Você acha que o seu trabalho e o ambiente aqui aju-da as pessoas se aproximarem desse Deus que levanta as mãos e diz: calma?Neusso - Eu acho que sim, por-que nesses 22 anos passaram várias pessoas aqui. Algumas eram crianças, com 9, 10 anos, viraram adultos, foram embora e agora voltam para ver o que aconteceu, então ela levou essa energia e depois voltou, isso é sinal que passou alguma coisa boa para ela.

vitória - Eu disse que aqui falo mais baixo, e você, quan-do vai à cidade fala baixinho como aqui?Neusso - Ir à cidade para mim é uma tortura. Eu vou já pensando em voltar. Procuro não ficar mui-to tempo e falo baixinho. Tenho um amigo que, quando a gente se encontra, diz poucas palavras e quando vai embora, às vezes só levanta a mão. Eu digo que a gen-te está numa dimensão de tanta harmonia que nem precisa falar nada, porque já está tudo dito.

vitória - Você tem algum de-sejo para este seu projeto?Neusso - Levar isso aqui para o mundo. Receber um convite de levar estes trabalhos para outros lugares seria legal.

vitória - Esta entrevista vai sair em janeiro, a primeira de 2014. O que você diz aos lei-tores?Neusso - Muita paz e que cuidem bem da mãe natureza porque a gente precisa muito dela. Eu cui-do do pedacinho da minha casa e lá o ar é puro, tem predadores naturais e esse equilíbrio é im-portante demais.

vitória - Agora tem outros artistas aqui no entorno com outras artes. Você gostou disso?Neusso - Quando eu comprei a área onde eu moro agora, pensei em levar a casa de pedra para lá, depois eu pensei que poderia tra-balhar aqui e morar lá e conviver bem com todo este movimento. Quando começaram a vir outros artistas, construir atelier eu acho que a gente está falando a mesma língua, isso é bom, somos todos amigos.

vitória - E o projeto de le-var tudo para esse seu espaço acabou?Neusso - (...silêncio) quem sabe um dia! Lá a área é grande, mas eu não sei o que poderia levar. Mas imagine que se crie uma boate aqui, aí não dá para ficar.

vitória - Isso o preocupa?Neusso - Não, não está me preo-cupando não, mas a cidade está vindo. Mão Grande

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o luGar Da FoNtE BatIsMal

Raquel tonini, membro da comissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Vitória e Grupo de Reflexão do setor espaço

celebrativo da comissão Litúrgica da cNBB

Neste lugar se celebra o Batismo, primeiro sa-cramento da nova Alian-

ça, pelo qual, seguindo a Cristo na fé e recebendo o Espírito de adoção, nos tornamos filhos e templos santos de Deus, membros da Igreja.

Os primeiros cristãos eram batizados por imersão, às mar-gens de um riacho. No século III já vemos exemplos de ‘casas de oração’ com área destinada ao batismo. Surgem os batistérios, antes em termas particulares,

em plano mais baixo, numa sala a parte ou dentro da Igreja, próximo ou não do presbitério. Pia ou fonte batismal, seja construída com arte e material adequado, se possível fixo, oferecendo possibilidade no caso de imersão, com local para círio pascal e santos óleos. Como sinal da presença e ação de Deus, seus elementos dão significado e visibilidade à graça santificante, pois “necessário vos é nascer de novo”.

ARTE SACRA

Batistério da ‘casa de oração’ de Dura Europos, Síria, aproximadamente entre 230-250

Batistério de San Frediano

depois construídos ao lado das igrejas, com formas mais ela-boradas e grande variedade de expressões.

Do século IX em diante te-mos a prática do batismo de crian-ças e a preferência do batismo por infusão, ao invés de imersão. Os batistérios são introduzidos na igreja e situados à esquerda da entrada principal, para significar que o batismo é o ingresso no povo de Deus.

O Vaticano II mantém estas práticas, realça e destaca a dig-nidade do sacramento, apesar de nossas comunidades conhecerem, em sua maioria, o jarro e a bacia para o rito. Há certa perda do simbolismo, da memória e da melhor compreensão de sua im-portância. Por isso, as orientações apontam para um lugar adequado às celebrações comunitárias, niti-damente separado do presbitério,

“(...) Aqui, se oferece um banho que torna puros, de uma candura nova, aqueles que a sordidez antiga do pecado recobria; aqui, a

torrente lava os pecados e germina em virtudes novas; jorra uma fonte que emana do lado de Cristo, cujas águas matam a sede de

vida eterna”. (RB 869)

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“No fim da tarde, papai e mamãe tinham o hábito de nos reunir em família para rezar o terço. Papai e mamãe puxavam as orações e nós as respondíamos, as acompa-

nhávamos”. Esta é uma liturgia de oração em família que ouvimos constantemente alguém contar com certo saudosismo. Era uma cena típica de famílias tradicionais ou que ainda não haviam sentido o impacto causado pelas transformações sociais da Pós-Modernidade.

Na atualidade, mesmo em comunidades rurais, dificilmente encontraremos tal cena. São pouquíssimos os momentos em que a família se encontra reunida, pois os horários de trabalho, de escola, de lazer e de tantas outras tarefas cotidianas não convergem para que a família possa estar junta. Há dificuldade de reunião até mesmo para

muNdO lITÚRGICO

FamÍlia: ENCoNtro CoM DEus

oração EM

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Padre Jorge campos Ramos

porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3, 20).

O importante é resgatar esta forma celebrativa do Mistério Pascal de Cristo na família, a Igreja doméstica; pois, como di-zia beato João Paulo II, “a família é o santuário da vida”. Ou seja, a família continua a ser um espaço sagrado das relações pessoais e interpessoais, dos encontros e desencontros, das alegrias e das decepções, dos momentos de plenitude e de satisfação e dos momentos de crise e de dor.

Sabemos que a família po-derá ser fragilizada e poderá também correr sérios perigos, caso não façamos um investi-mento corresponsável em todas as dimensões da esfera das re-lações humanas, sobretudo na dimensão espiritual. Existe em todos os âmbitos da cultura atual uma tendência à dessacralização dos espaços e das instituições. E cabe a nós o zelo para com esse espaço e para com essa institui-ção sagrada.

É preciso resgatar a sacrali-dade da vida cotidiana, sobretudo a sacralidade da vida vivida em família, sem deixar de considerar e de fazer bom uso dos avanços tecnológicos e da informação. Mudanças de atitude são neces-sárias para esse propósito, pois

através da liturgia da oração em família seremos capazes de ofe-recer alimentos sólidos para o modo de vida moderno: a força da Palavra de Deus, meditada e partilhada em família; a presença de Cristo e de sua Mãe, que dia-logam constantemente conosco; e o poder da oração, que é a força motriz capaz de nos integrar e de nos religar uns com os outros e de nos religar com Deus.

Aproveitemos este clima de final de ano, no qual, pelo nas-cimento do Menino Luz e pela renovação das esperanças para um novo ano que se inicia, nos tornamos mais dispostos a mudar nossas atitudes e a oferecer às nossas famílias este grande pre-sente que nos une ao céu: uma vida familiar mediada pela oração em nossas liturgias domésticas.

as refeições. Os nossos tempos, espaços, afetos e intimidade es-tão cada vez mais fragmentados, diluídos.

Entretanto, mesmo com to-das as transformações sociais, o lar não perdeu o seu significado; pois ainda continua sendo o lugar do aconchego, do encontro e de refazer as forças. As pessoas ain-da sonham com a casa e, mesmo com as configurações mais diver-sificadas e imagináveis, todos es-tão dispostos a lutar pela família: “minha casa será chamada casa de oração” (Mt 20,13).

Nessa perspectiva, podemos recuperar o sentido da oração em família. Talvez não seja possível voltar àquela liturgia da qual nos recordávamos no início desse artigo, mas podemos criar novas liturgias de oração em família. Contudo, nos contextos tão di-versos, fica difícil deixarmos uma dica de como e em que circuns-tâncias ela deve ocorrer.

O que podemos sugerir é que em cada casa haja um espaço re-servado à oração para favorecer a oração comum ou pessoal. Mes-mo que seja difícil a reunião dos membros da família, um espaço em casa destinado ao encontro com Deus será de muita valia: “eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a

“A igreja doméstica é a primeira escola de oração. Se não aprendemos a rezar e não exercitamos a oração em família, vai se formando um vazio difícil de ser superado.”

Papa Francisco

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Dom Rubens Sevilha, ocdBispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

ESpIRITuAlIdAdE

CaMINhar É PrECIso

O verso poético: “Caminheiro não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”, é um

verso mentiroso. Desculpe-me o poeta Antônio Machado que o escreveu, mas, é um verso mentiroso. Há ca-minho sim!

A vida é um caminho. Nós cris-tãos cremos firmemente que Jesus é Caminho, Verdade e Vida. Como pode alguém ser um seguidor de Cristo e afirmar que não há caminho?

Caso não houvesse caminho, o que haveria em seu lugar? O acaso! Para nós que cremos nada acontece por

acaso, tudo tem um porquê de Deus. “Sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o projeto d’Ele” (Rom 8, 28).

Na realidade o problema maior não é saber sobre o caminho, mas, conhecer o final dessa estrada. Há algo no final dessa estrada? A ar ateu, que a cultura atual nos faz respirar diaria-mente, nos contamina. Se não cremos em Deus, que é o fim de toda estrada, não haveria, de fato, caminho...

O homem sem fé assemelha-se a um andarilho de beira de estrada que caminha por longas horas e distâncias sem rumo, sem direção, sem chegar a lugar algum! Muitos, infelizmente, vivem sem saber o porquê nem para quê estão vivendo. Obviamente, para essas pessoas a velhice e a morte são tremendamente assustadoras. Sofrem com a decadência do corpo e a apro-ximação do escuro nada da morte.

Esses andarilhos do nada, passam

parte da vida tentando enganarem-se a si mesmos com muita diversão, en-tretenimento e euforia: bebida, droga, sexo, consumismo, dinheiro, carreiris-mo, ambição, religiões malucas... O desfecho desse descaminho é óbvio: o cansaço da vida. O tédio.

Quem recebeu o dom da fé deve agradecer e cuidar constantemente dessa graça de valor infinito. O olhar da fé nos faz ver a Deus. Ele é o prin-cípio e o fim de todas as coisas. “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que é, que era e que vem, o Deus Todo-Poderoso” (Ap 1,8).

O caminho de Jesus, que nos leva ao Pai, mesmo através da Cruz, gera frutos de amor, paz e justiça. Toda pessoa que crê de verdade, ela é feliz e tranquila, mesmo no meio da tempestade, pois ela sabe que não está jamais sozinha: Ele está no meio de nós! Amém.

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COmuNIdAdE dE COmuNIdAdES

Neste mês de janeiro, a Revista Vitória dedica especial atenção a São Sebastião, Santo popular de grande devoção. Em nossa Arquidiocese de Vitória, é o quarto no ranking

com o maior número de comunidades: são 38. Entre os santos masculinos, é o primeiro.

Conhecido como protetor da humanidade contra a fome, a peste e a guerra, fazia de tudo para ajudar os irmãos na fé. Talvez seja esse um bom motivo que explica toda essa devoção.

Devoção que se transforma em ação. Depois de oito anos de obras, uma dessas comunidades, localizada no bairro São Geraldo, Cariacica, vai finalmente inaugurar o templo. Salme Peres, que faz parte do Conselho da comunidade, acredita na intercessão do santo. “A cada dia ele nos ajuda a não perdermos a fé. Somos simples, poucos, sem muita ajuda e conhecimento, mas não desistimos”.

Quem também não desiste é a comunidade que fica em Xuri, Vila Velha. Ter o santo guerreiro como padroeiro é um exemplo e alicerce da fé, contou Antonio Rocha, participante da comunidade.

É também uma devoção através dos tempos. O ano de 2014 marca os 80 anos da instauração da comunidade dedicada ao santo, na paróquia de Santo Antônio, na região do Alto de Caratoíra e Ala-goano, em Vitória. Surgida em 1934, ela se confunde com a história do bairro, criado com a chegada de imigrantes, vindos de Alagoas

são sEbastião:uM saNto GuErrEIro Pa ra uM Povo DE FÉ

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são sEbastião:

ÁRea BeNeveNteParóquia de N. S. da Conceição – Coroado, GuarapariParóquia de N. S. da Conceição – Meaípe, GuarapariParóquia N. S. da Assunção (3) – Dois Irmãos, Goembê e ItapeúnaParóquia de São Pedro – Palmeiras, GuarapariParóquia Nossa Senhora da Conceição – Alfredo ChavesParóquia São José – Pedra Bonita

ÁRea caRiacica-viaNaParóquia do Bom Pastor – São GeraldoParóquia Santa Clara de Assis – AreinhaParóquia Virgem Maria – Nova ValverdeParóquia São Francisco de Assis – Presidente MédiciParóquia Nossa Senhora da Conceição (4) – Pedra da Mulata, Piapitangui, Ribeira e Rio PrataParóquia Bom Jesus – TaguaruçuParóquia Jesus Libertador – Castelo BrancoParóquia Sagrada Família Jesus Maria e José – Nova EsperançaParóquia de Cristo Rei - Porto de Cariacica

ÁrEA SErrAParóquia São Paulo Apóstolo - TubarãoParóquia da Epifania Do Senhor Aos Reis Magos – Poço dos Padres, Nova AlmeidaParóquia de Nossa Senhora da Penha – Novo HorizonteParóquia de São José de Calasanz – Feu RosaParóquia do Bem Aventurado João XXIII - Campinho da Serra IParóquia São Benedito - Putiri

ÁrEA SErrANAParóquia de São Sebastião do Alto Guandu (2) – Afonso Cláudio e Vila IbicabaParóquia de Santa Isabel – Alto ParajúParóquia de Nossa Senhora de Fátima – Aracê, Pedra AzulParóquia de Nossa Senhora Rainha da Paz – Recreio, Santa Maria de JetibáParóquia do Divino Espírito Santo - Boqueirão de Santilho, Santa LeopoldinaParóquia de Sant’ana - Fazenda Pupim

ÁrEA VILA VELhAParóquia Nossa Senhora do Rosário – Divino Espírito SantoParóquia Nossa Senhora dos Navegantes – XuriParóquia Santa Rita de Cássia – Alecrim

ÁrEA VItórIAParóquia de Santo Antônio - CaratoíraParóquia Nossa Senhora das Graças - Jucutuquara

são sEBastIão EM Nossas CoMuNIDaDEs

para trabalhar na construção da Ponte Florentino Avidos.

Eva Paula de Souza Batista, ministra de eucaristia da comu-nidade, fala da fé que tem no santo guerreiro. “A gente que convive a mais de 23 anos aqui, nunca deixamos de participar da vida da comunidade. Meus filhos cresceram dentro da Igreja, não temos desarmonia em casa, e isso agradeço ao santo.”

Saindo da Grande Vitória, chegamos à região serrana do estado, onde São Sebastião tam-bém é lembrado na cidade de Afonso Cláudio. Lá fica a única paróquia da nossa Arquidiocese dedicada ao santo, que a mais de 100 anos celebra o padroeiro.

O pároco, padre Hum-berto Wuyts, falou da intensa

programação durante os dias. “Este ano teremos o Auto de São Sebastião (teatro que conta a vida do santo); Banda Lira São Sebastião, Folia de Reis, cavalgada, procissão, leilão de gado e sorteio de dois veículos”.

Nessa visita que fizemos por algumas comunidades, fi-cou claro o exemplo do san-to e o legado que deixou para todos: força, determinação e obstinação na ajuda ao próximo. Histórias escritas com dificul-dade, superando obstáculos, mas que, a exemplo do santo, fazem de tudo para ajudar os irmãos na fé e revelar o Deus verdadeiro através deste grande exemplo.

Gilliard Zuque

uM saNto GuErrEIro Pa ra uM Povo DE FÉ

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REpORTAGEm

a cidadE intEragE E sE dEscobrE

Interagir significa se comunicar, ter contato. Mais do que isso, o resultado desse contato e dessa comunicação é a

transformação dos indivíduos envolvidos nesse tipo de relação. A explicação torna--se concreta ao presenciarmos um dia de atividades promovido pela Obra Social Nossa Senhora das Graças, localizada em Jucutuquara (conheça mais sobre o projeto na página 32), em conjunto com institui-ções como Unidade de Saúde e Centro de Referência de Assistência Social (CRAS): o Dia da Interação, realizado anualmen-te, sendo este o quarto ano da atividade.

Letícia Bazet

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a cidadE intEragE E sE dEscobrEO Mercado São Sebastião, o Morro do Cruzamento, e pela segunda vez a quadra do Morro do Romão, foram palco de um dia marcado por brincadeiras, interação, convivência e descobertas da realidade vivida pelas crianças atendidas pelo projeto. É o caso de Silvana Rosa, assistente social da obra, que pela primeira vez participou da ação: “Uma coisa é a gente realizar esse atendimento cotidiano. Outra coisa é a gente ir conhecer de perto a realidade dessas crianças, muitas delas são do Romão, do Cruzamento, Forte de São João. Então é um momento onde a equipe se reúne para desenvolver essa proximidade com a comunidade; é um momento de alegria, de expectativas”, afirmou. Presente no Morro do Romão, o Instituto Sarça, projeto social que também desenvolve trabalhos com crianças e adolescentes, se uniu à ação e junto com a Obra Social, deu uma aula de cidadania,

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REpORTAGEm

respeito e amor pelo que se faz. O reconhecimento do trabalho de-senvolvido vem dos responsáveis pelas crianças. “Isso aqui é nota mil. As crianças querem lazer, ter espaço para se desenvolverem, e aqui é uma oportunidade para eles seguirem o caminho do bem. E mais, deveria ter muitos outros projetos como esse em um lugar

sim, oferecer serviços, no terri-tório da comunidade. “O Dia da Interação promove outros atores sociais, culturais e educativos que se reúnem para oferecer serviços públicos. A participação da co-munidade é muito bacana e a cada ano nós percebemos mais esse envolvimento. Uma iniciativa em rede que beneficia a própria comunidade”. Atuando na articulação das ações da Obra Social, o Ponto

como o morro. Criança só apren-de aquilo que vê e o que ensinam para ela”, afirmou João Josme, que levou a sua neta, atendida pela Obra Social, para participar do Dia da Interação. A ação também é aplaudida pela mãe Cláudia Maria. “Eu acho maravilhoso, porque nos falta muita coisa aqui no bairro, não temos nada aqui”, e completou: “A minha filha não gostava de música, não interagia com ou-tras crianças, e hoje percebo as mudanças que o Instituto Sar-ça provocou nela. Ela canta na Igreja, conversa, brinca, mudou bastante”. Para a assessora pedagógica da Obra Social, Mara Perpétuo, a ideia da ação é beneficiar o maior número de pessoas e, as-

“Uma coisa é a gente realizar esse atendimento cotidiano. Outra coisa é a gente ir conhecer de perto a realidade dessas crianças.”

Silvana Rosa, assistente social

de Cultura Mirante levou para o Romão oficinas de poesia, ma-labares, pintura de rosto, grafite, corda e capoeira, proporcionando uma tarde animada e repleta de interação. O resultado da ação mais uma vez foi exitoso, e pôde ser percebido na alegria das crian-ças presentes, que se envolveram em todos os grupos, e também das equipes dos projetos e ofici-neiros, demonstrando que vale a pena se empenhar pela causa

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do outro e ampliar os espaços de diálogo entre instituições do poder público e as comunidades. “Parece que existe um muro de vidro entre o morro e o mundo lá embaixo, e aqui a gente vê tanta coisa legal. Hoje é o dia de fazer essa conversa, entre a comunidade e as entidades que participam, mostrar que nós es-tamos aqui presentes. Unidos nós conseguimos fazer muito mais no território que a gente atua. O

muito legais, antes eu não sabia cantar e hoje eu canto”, disse Sabriny Eleutério, que iniciou a apresentação cantando sozinha. Uma apresentação do palhaço também animou as crianças pre-sentes, que interagiam a cada piada. Aos 9 anos, João Vitor de Oliveira conta sobre os seus avanços desde que começou a fazer parte do projeto: “gosto de cantar, desenhar, mas princi-palmente de ler a Bíblia. Antes eu já lia, mas agora estou lendo muito”. Há 15 anos fazendo parte da Obra Social, a educadora Marga-rida Morais conta sobre o apren-dizado e as mudanças ao longo dessa história. “Com o tempo passamos por uma mudança total no processo de ensino-aprendi-zagem e fomos inserindo outros saberes. Notamos o prazer que eles têm ao estarem na obra, pois não forçamos ninguém a nada, eles escolhem fazer o que se sen-tem bem. Conseguimos levá-los ao conhecimento dessa forma. Pensamos sempre na inserção, na multiplicação, estendendo a outras pessoas a nossa ação. É um bem estar que sinto, pois a cada ano buscamos novas pro-postas, inserimos mais desafios e conhecimentos, e assim a gente vai trabalhando”. No alto de tantas descidas e

subidas, casas quase sem limites entre uma e outra, é possível avis-tar o “outro mundo” lá embaixo, em uma paisagem privilegiada da Cidade de Vitória. Os grupos envolvidos nestes e em outros projetos sociais buscam, a cada dia, aproximar realidades distin-tas, pertencentes a uma geografia tão próxima. Levam, ainda, para as crianças e para a população lo-cal um bom sentimento, valores, na expectativa de que não haja diferença nos serviços, na atenção e no diálogo entre as pessoas de uma mesma sociedade. O Dia da Interação cumpriu bem o seu papel. Comunicou, aproximou pessoas, promoveu a coletividade e fez com que o Morro do Romão, muitas vezes lembrado pelo tráfico e pela violência, tivesse destaque pela ação que levou cultura, arte, sensibilidade e alegria, bene-ficiando e valorizando os seus moradores.

“Todas as atividades que nós fazemos são muito legais, antes eu não sabia cantar e hoje eu canto.”

Sabriny Eleutério

trabalho do Ponto de Cultura é potencializar tanto a Obra So-cial, quanto outras organizações, outros espaços, fazendo com que a gente consiga se comunicar melhor com a comunidade que a gente atua”, afirmou a coordena-dora do grupo, Luara Monteiro. Na abertura do evento, o co-ral de crianças do Instituto Sarça soltou a voz, mostrando o poten-cial de seus cantores. “Todas as atividades que nós fazemos são

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CAmINhOS dA BÍBlIA

Todo o capítulo 18 de Mateus é um discurso dirigido à comu-nidade eclesial, nele o evangelista quer apresentar a mesma como lugar onde o Ressuscitado continua a se manifestar

confirmando a fé de seus discípulos. Em todo o capítulo, a comuni-dade é apresentada tendo em Cristo seu ponto de unidade e solidez, e o rosto que aparece é o de uma comunidade de discípulos. Ela é colocada como lugar fecundo e propicio à realização terrestre e temporal do Reino prometido, provocadora de um novo modo de pensar e de viver, uma comunidade acolhedora que vive já na abertura à sua realização plena no Reino que virá. Na primeira parte do capítulo 18 o evangelista apresenta, por meio dos discursos de Jesus, quatro bases fundamentais da comu-nidade, uma delas é o cuidado pastoral, a acolhida (Mt 18,1-9). A característica principal desta parte do relato é a presença de dois substantivos que se alternam: crianças e pequenos. No primeiro momento se encontra o substantivo crianças, essas são apresentadas como modelos para os discípulos, com elas esses devem aprender a acolhida e abandono nas mãos de Deus. No segundo momento, o

comunidadEdos discÍpulos

a

lugar do cuidado E da acolhida

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texto não fala mais de crianças, mas sim dos pequenos, palavra não mais aplicada às crianças, mas sim aos “pequenos na fé”, àqueles que estão iniciando o seu caminho no discipulado. Este segundo grupo indica cla-ramente os irmãos e irmãs que ainda não estão maduros na fé, esses desejam seguir o Senhor, mas ainda podem abandonar o caminho e, por isso, merecem um cuidado especial. O texto segue falando dos escândalos que ocorrem muitas vezes em nossas comunidades, causando o afastamento dos pequenos, que por não estarem

ainda firmes na fé acabam por se perder, afastando-se do ca-minho do discipulado, deixando a comunidade. A comunidade é convidada pelo Senhor a cuidar desses pequenos e a vigiar sobre si mesma para que tais escân-dalos não ocorram, tornando-se atenta aos seus passos e firman-do-se no sólido compromisso de formação e amadurecimento da fé de todos os seus membros.Uma comunidade cuidadosa e acolhedora é sinal de uma comunidade madura, que con-segue perceber as necessidades dos pequenos e garante a estes um lugar propício para trilha-

rem o caminho do discipulado. Crescer na acolhida e no cui-dado é uma vocação de toda e qualquer comunidade eclesial, essa que é o lugar da Palavra ouvida e vivida. A casa do Pão Eucarístico que se torna partilha e dom, o lugar da escuta atenta e das mãos abertas para todos e todas. Uma comunidade eclesial acolhedora se coloca no cami-nho para se tornar uma verda-deira comunidade de discípulos e discípulas do Senhor.

Pe. Andherson Franklin, professor de Sagrada Escritura no IFTAV e doutor

em Sagrada Escritura

lugar do cuidado E da acolhida

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ASpAS

Se queremos ter uma história para construir e não somente um passado para contar é necessário voltar ao essencial.

Padre Joãozinho, SCJ via Twitter (@padrejoazinho)

Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.”

Papa Francisco, Exortação Evangelii Gaudium, 49

Aprendi a não odiar, não por virtude, mas por comodismo. O ódio destrói primeiro quem odeia, não quem é odiado. Frei Betto, entrevista ao Zero Hora

“A bondade nasce do que se é, do que se vê, do que se sente. E não mente. Se se planta amor, amor se colhe.

Gabriel Chalita, via Twitter

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ESpECIAl

É o primeiro chamado do Papa Francisco, dirigido à Igreja, tendo como objeti-

vo a alegria da evangelização su-perando a tristeza individualista de uma sociedade de consumo. Para ele, “muitos cristãos pare-cem ter escolhido uma Quaresma sem Páscoa”. O evangelizador não pode ter cara de funeral. Pessoas tristes limitam a eficácia da pregação. A transformação missioná-ria da Igreja tem como passo ini-cial a comunidade dos discípulos que se envolvem, frutificam e celebram a caminhada. A ação missionária não é evangelização para os amigos e vizinhos ricos, mas para os pobres e doentes que não têm o que lhes retribuir. Vivemos numa crise do compromisso comunitário ao lado de uma economia de ex-clusão. Crescem a desigualdade social e as formas de violência urbana, mas nada pode nos de-sanimar ou roubar a alegria da evangelização. O anúncio do Evangelho é dever de toda a Igreja, “povo

Exortação aPostólICa Do PaPa FraNCIsCo

edebrande cavalieridoutor em Filosofia

que peregrina para Deus”. A salvação se destina a todos. O Papa destaca a força da piedade popular que expressa uma sede de Deus. Os carismas devem expressar a imagem do Corpo místico de Cristo. A preparação da pregação deve ser precedida de um longo tempo de estudo, oração, refle-xão e criatividade pastoral; um pregador que não se prepara é desonesto e irresponsável. É a Palavra de Deus que deve guiar a pregação, e não os discursos moralizantes e emotivos. Leitura e meditação sobre a Palavra faz da homilia uma expressão da vida espiritual do evangelizador. Um tema em destaque é a dimensão social da evangeli-zação. A religião não pode ser relegada à intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influên-cia na vida social e nacional. E sugere o estudo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja para ajudar na reflexão sobre os pro-blemas atuais. Convoca-nos para a inclusão social dos pobres, pois a opção pelos pobres é mais uma

categoria teológica que cultural, ideológica, ou política. A caridade é muito mais que ações ou programas de promoção ou assistência. Esta opção inclui obrigatoriamente o cuidado es-piritual, pois os pobres possuem um “lugar privilegiado no povo de Deus”. O diálogo e a paz so-cial devem surgir como fruto de um desenvolvimento integral de todos. Paz sem inclusão dos mais pobres e os direitos humanos é uma paz efêmera para uma minoria feliz. As motivações espirituais devem integrar oração e trabalho na vida de todos os evangeliza-dores. Propostas místicas sem um sério compromisso social não servem à evangelização. Discursos e ações pastorais sem uma espiritualidade são palavras ocas. A Exortação conclui com Maria, a Mãe da evangelização. Ela é aquela que sabe transfor-mar um curral de animais na casa de Jesus.

EvaNGEllI GauDIuM

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pROJETO

oBra soCIal Nossa sENhora Das Graças

A sede está situada na Ave-nida Vitória e atende hoje 130 crianças e adolescentes embora tenha capacidade para atender 250. Ali funcionam as oficinas e as apresentações e exposições dos trabalhos que são realizados.

Maria da Luz Fernandes

Vencedor nacional, pela Unicef nacional em 2009 o projeto Ponte continua

sua história com foco na forma-ção integral atendendo crianças e adolescentes das comunidades em Jucutuquara. O projeto que existe desde 1968, quando a Irmandade Nos-sa Senhora Auxiliadora, através de um grupo de senhoras, criou um sistema de ajuda filantrópica à comunidade com captação e

doação de alimentos, cursos de bordado, padaria e dentista entre outros. Em 1995 passou por uma reformulação e desconstrução do modelo existente e tornou-se o projeto Ponte que hoje integra família, projeto e escola. O nome foi escolhido pelas crianças do morro que, inspirados pela vista da entrada na baía de Vitória, que elas conhecem muito bem, desenharam a terceira pon-te para representar sua visão do mundo.

Educação intEgral

Funcionamento

São oferecidas oficinas de artes plásticas, meio ambiente, vídeo e fotos, capoeira, musi-calização, percussão, dança, in-formática e o ponto de cultura mirante. As crianças e adoles-centes escolhem em qual querem participar e, quando as inscrições ultrapassam o número de 15, cabe à pedagoga negociar quem fica

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oBra soCIal Nossa sENhora Das Graças

Educação intEgralPara entrar no projeto

Integração

Para acompanhar as atividades do Projeto Ponte

acesse:pontodeculturamirante.

blogspot.com.br

Organização

Alguns quesitos precisam ser preenchidos: estudar em escola pública e morar na região. Con-tudo, assistente social e psicóloga fazem uma entrevista sócio-fa-miliar para que as problemáticas possam ser resolvidas junto com a família.

para o próximo módulo. O diferencial é que para cada módulo é escolhido um tema e este é trabalhado em todas as oficinas. São as crianças que definem a temática nos primei-ros encontros do ano, quando os novos são integrados ao grupo e as regras de convivência são estabelecidas e acordadas. O de-senvolvimento das atividades tem como base a coletividade. Tudo é realizado com a participação conjunta e para isso muita roda de conversa discute desde as bri-guinhas corriqueiras ao tema do módulo. A equipe de trabalho tem que ter afinidade com o projeto e voluntários atuam apenas nas áreas administrativa e financeira. Os educadores cumprem as horas de trabalho em sala de oficina, mas também monitorando os edu-candos na recepção e na entrega para poder trabalhar a integração que é a base do projeto.

A família é convidada a participar do dia a dia e também em momentos específicos de apresentação de atividades. A escola está em constante relação, pois o projeto busca informação de freqüência e desempenho. A comunidade tem a oportunidade, uma vez por ano, de receber o projeto para um dia de atividades juntamente com outros parceiros, uma forma de dar visibilidade às ações e aproximar a comunidade.

A Obra Social tem uma di-retoria com três diretores, dois secretários e dois membros no Conselho Fiscal e atua por dois anos. O Presidente de honra é o pároco da paróquia Nossa Se-nhora das Graças. A relação com as comunida-des é formalizada pelos represen-tantes (um de cada comunidade) que são escolhidos pela própria comunidade para essa função.

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CoM EsPINosa PElos

pomarEs da mEmória

IdEIAS

Deram-me, um dia desses, um bom-dia totalmente destituí-

do de força, de sentimentos bons. A vida tinha se ido daquele bom-dia. Mas ainda assim ele me fora dado. Meu Deus, pensei, que coisa es-tranha! Mas, é assim mesmo que acontece, infelizmente. (Pus-me a refletir. Lembrei-

Sempre visitaremos os territórios da memória, este espaço-tempo-mundo maravilhoso em que demarcamos importâncias e importâncias para as experiências que vivemos.”

-me de Baruch de Espinosa, filósofo de origem judaico--portuguesa... se bem que não só de Espinosa. E então segui livre por uns pensamentos). Talvez o portador da-quele bom-dia estivesse simultaneamente vivendo duas dimensões do mesmo momento. Uma em que ele me dirigia a saudação, outra em que dominado e passivo ele comparecia aos territórios da memória e andejava por entre pomares e hortos de res-sentimentos e rancores. Não

poucas vezes transitamos por estes pomares. Com certeza, em ocasiões em que não me dou conta, também me faço portador desses anúncios. Denunciantes anúncios da precária e infeliz vida con-dicionada por sentimentos ruins, sentimentos despoten-cializadores, propositores de muita organização e pouca criatividade, de muita moral e pouca misericórdia. Mas, inexoravelmente, sempre visitaremos os territó-rios da memória, este espaço--tempo-mundo maravilhoso em que demarcamos impor-tâncias e importâncias para as experiências que vivemos. E a estas visitas é preciso dar carinhosa atenção. Impossível viver sem dialogar com a memória. Im-

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CoM EsPINosa PElos

pomarEs da mEmóriapossível viver como se não houvesse ontem. Tudo vai ficando em nós. Tudo vai fi-cando e pedindo nossa visita e consentimento para, de certa forma, retornar e influir em nossas ações. O abraço que experimentei quer retornar, a injúria que sofri do mesmo modo. O prazer e contenta-mento que tive pedem meu comparecimento diante deles, a dor e o insucesso também. Tudo fica e se configura em forças que poderão favorecer a vida, ou não. É preciso es-colher os campos e pomares da memória que cultivarei. Uma questão, então, preciso me propor: com que “espírito” visitarei o território da memória? Que hortos e plantações merecerão meu comparecimento frequente?

Tenho que escolher: ou darei prioridade nestes territórios ao cultivo de ressentimentos e rancores, ou estes territórios serão os campos das experi-ências - boas ou ruins – em que florescerão sentimentos bons, e que me constituirão como um sujeito de artes e amores, de inventividades e bons humores. Se, constantemente, vi-sito nos territórios da me-mória os jardins e hortos dos rancores e ressentimentos, inexoravelmente serei artífice de ações e construções ergui-das sob a égide deles. E por mais organizadas que sejam, por mais bem intencionadas, ainda assim elas não produ-zirão o que poderiam, porque marcadas pelos sentimentos tristes, reativos. E mais, além

de obras feitas no amálgama da infelicidade, o cultivo dos ressentimentos e rancores de-terminará a vingança como um traço importante na cons-tituição de quem somos. E, com certeza, não queremos construir nossas convicções e atitudes na falácia de que dois erros fazem um acerto. Enfim, o que revisito nas minhas memórias pode potencializar ou diminuir mi-nhas forças criativas, amoro-sas, inventivas. Com certeza vou preferir que a vida em mim seja sempre mais vida. Sim, haverei de fazer brotar sentimentos bons e alegres das experiências que vivi. E tomara que assim seja por todos os meses do ano que se inicia. dauri Batisti

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pRáTICA dO SABER

AFaculdade UCL desenvolve um projeto de robótica que visa o desenvolvimento tecnológico e a destinação para resíduos do setor de rochas ornamentais. O Sistema Robotizado para Usinagem

Tridimensional Complexa de Rochas Ornamentais, ou simplesmente, projeto Michelangelo, apelido dado pelos pesquisadores, professores da faculdade, Roger Alex de Castro Freitas, Felipe Nascimento, Fransérgio Leite e Clebson Joel Mendes, está na segunda fase de execução, da qual faz parte o aprimoramento e adequação de materiais e dispositivos uti-lizados no trabalho. O sistema surgiu em 2007 com a proposta de criar projetos de arranjos produtivos locais, e no caso do Espírito Santo, foi escolhido o setor de rochas ornamentais, uma área carente de políticas para a destinação dos resíduos gerados e também de tecnologia, ainda muito arcaica. Desde a extração até o beneficiamento, a rocha perde cerca de 60% do seu material, gerando um alto descarte de resíduos. A ideia do projeto é trabalhar com essa sobra, agregando valor ao produto de um dos setores de maior destaque no Estado. “O Espírito Santo exporta muito a pedra como matéria prima, a um valor barato, e depois compra do exterior, caro, produtos que poderiam estar sendo produzidos aqui”, disse o pesquisador Fransérgio Leite.

Letícia Bazet

sIstEMa robotizado a Favor Do

mEio ambiEntE

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Ele explica como funciona o robô: “O robô possui na sua parte final uma ferramenta que vai fazer o corte da rocha. Após o corte, outra ferramenta é colo-cada para fazer o acabamento da pedra. Com isso, conseguimos fazer peças bem complexas, tri-dimensionais. No Brasil não há nenhuma empresa que trabalhe com robô, um equipamento de alta tecnologia, flexível, multiu-so, que pode ter variada utiliza-ção na indústria”. Para os pesquisadores, o projeto é uma oportunidade de posicionar o Estado como produtor de peças complexas, agregando valor aos produtos

oriundos das rochas ornamen-tais; promover a questão am-biental, arranjando uma desti-nação para os resíduos gerados pela extração, fator que repre-senta um desafio para o setor; e ainda o impacto social, que representa o desenvolvimen-to da mão de obra qualificada para atuar com a robótica. “As pessoas ainda possuem a visão de que a automação exclui a mão de obra humana, mas é justamente o contrário, já que as pessoas precisam estar aptas a lidar com essa tecnologia. A ciência veio fazer com que a pessoa se qualifique e estude cada vez mais, promovendo o

crescimento cultural e intelec-tual”, afirmou Fransérgio. O setor de rochas ornamen-tais já foi “alvo” de outra ação da UCL, com o trabalho realizado com os resíduos finos, o projeto ‘Concretar’. Foram produzidos ladrilhos, tijolos e outros ma-teriais, transformando um pro-duto sem valor e agressivo ao meio ambiente em material útil para setores da construção civil, principalmente, aproveitando de forma racional esses resíduos. Este é mais um exemplo de como o saber acadêmico e a prática integram a vida de alunos e das comunidades, beneficiando o ambiente em que vivem.

Robô do Projeto Michelangelo

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Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasBispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

REflExõES

PErtENça EClEsIal

No finalzinho do ano pas-sado saindo de uma ce-lebração de Instituição

de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, uma se-nhora de meia idade, no centro da praça, me disse: “Nasci para ser católica, tenho certeza dis-so. Realmente, não posso viver sem a Igreja. Como o senhor falou na homilia, com outras palavras, devo levar Cristo para todas as pessoas, principalmente os doentes”.

Que fala tão bonita!Como é importante enten-

dermos a identidade do Cristão como pertença eclesial, missio-nária, como nos recorda o Papa Francisco: “O discípulo de Cris-to não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros”.

Realmente, ser irmão do outro é viver a solidariedade para crescer junto e ter consciência de ser o “Evangelho vivo”, isto é, de viver na sua vida o próprio comportamento de Jesus.

Na vida cristã a única tarefa que não tem limites é o amor, pois ele não só resume tudo o que deve ser feito, mas é também o espírito com que tudo deve acontecer. Como nos Evange-lhos, o apóstolo Paulo também vê o amor como a expressão perfeita de toda a lei.

É preciso amar e evange-lizar.

De fato, o Papa Francisco, desde o início de seu Pontifica-do, tem insistido na proposta de uma Igreja aberta ao mundo, que não olha somente para si mesma, mas se lança em missão para evangelizar.

Evangelizar é, antes de tudo, comunicar a boa notícia de Jesus, não apenas com pala-vras, mas sobretudo com gestos concretos, construindo o Reino de Deus. Reino que é “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17).

Os cristãos , principalmen-te, os que têm uma vida ativa na comunidade, não devem usar sua

força e prestígio para impor aos outros a própria opinião e con-seguir poderes sobre os demais ou sobre a comunidade. Não foi esse o modo de proceder de Jesus, que veio para servir e dar a vida. O respeito e o bem do outro são o maior sinal do cristão consciente.

O acolhimento mútuo no amor é o caminho para que as mentalidades diferentes não que-brem a união da comunidade. Assim fez Cristo, que acolhe a todos, sem discriminação, num só povo. Além disso, a comuni-dade não deve julgar que o fato de pertencer ao povo de Deus, pelo batismo, seja privilégio que a separa dos outros; antes, é fon-te de responsabilidade. A voca-ção da comunidade é acolher e amar, testemunhando assim o projeto de Deus de reunir as pes-soas que partilham a mesma fé, colocando-se a serviço de todos.

Como é importante viver e conviver em comunidade, des-cobrindo as riquezas de Cristo.

Aquela senhora ao se despe-dir, concluiu dizendo: “A Igreja é aquela que me abre os olhos”.

Deus abençoe a todos!

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PAULO ARNS - Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, grande incentivador desse serviço, acompanhou a aprovação do decreto da Cúria Romana que instituiu a vocação das Leigas Consagradas. Na foto com as consagradas de Vitória em um encontro de formação, em São Paulo, no ano de 1999

ARquIVO E mEmóRIA

lEIGas CoNsaGraDas, 30 aNos DE sErvIço E aMor À IGrEJa PartICular DE vItórIa

E las moram com suas famí-lias, têm profissão, traba-lham e exercem diversas

funções, fizeram uma opção de vida diferente e são chamadas de Leigas Consagradas. Não são freiras, pois não pertencem a nenhuma congregação ou Ins-tituto Secular. As leigas consa-gradas não são religiosas e nem

Giovanna ValfréCoordenação do Cedoc

vivem em comunidades, não são regidas por constituições. Conforme Decreto da Santa Sé, de 1970, devem ser solteiras e assumir a consagração como estado de vida e entregar-se, conforme a condição e os ca-rismas de cada uma, às obras de penitência e misericórdia, à atividade apostólica e à ora-

ção. Há 30 anos elas se fazem presentes na Arquidiocese de Vitória, quando a primeira foi admitida à consagração por Dom Silvestre Luiz Scandian, arcebispo de Vitória na épo-ca.

CONSAGRAÇÃO - Dom Silvestre consagrando a primeira Leiga à serviço da Igreja Particular de Vitória, em 08 de dezembro de 1983

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ENSINAmENTOS

O Matrimônio baseia-se no consentimento dos noivos, isto é, na vontade livre e consciente de viverem definitivamente uma vida de amor fiel

e fecundo, doando-se mutuamente. Este consentimento se expressa pelo “Sim” proferido pelos noivos na celebra-ção do Matrimônio. Sem este consentimento não existe Sacramento do Matrimônio.

Os protagonistas da aliança matrimonial são, por-tanto, um homem e uma mulher batizados, livres para contrair o matrimônio e que expressam livremente seu consentimento. Entende-se por ser livre uma pessoa que não esteja sendo obrigada a casar por alguma razão, e não estar impedida por uma lei natural ou eclesiástica, por exemplo, em razão de ter recebido o sacramento da Ordem. O sacerdote, o diácono ou a testemunha qualifi-cada que assiste ao Matrimônio acolhe o consentimento dos esposos e dá a bênção em nome da Igreja.

Hoje, contudo, há forte tendência em transformar as cerimônias de casamento em eventos de consumo e pro-

o

Ématrimônio

sacramEnto

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jeção social. Mas, o que a Igreja ensina sobre o Matrimônio?

A Igreja tem como princípio que o Matrimônio é naturalmente ordenado ao bem do casal e à geração e educação dos filhos, sendo elevado por Jesus Cristo à dignidade de sacramento. Este sacramento concede aos espo-sos a graça de amarem-se como Cristo ama a sua Igreja, levando à perfeição o amor entre o homem e a mulher, santificando o casal em seu caminho de vida eterna.

Se um dos noivos não for batizado ou for batizado não--católico, o pároco pede dispensa

ao Bispo para que seja realizada a celebração do Matrimônio. Ressalva-se que o casal deve se comprometer em dar educação cristã católica aos filhos.

Em razão de ser sacramento instituído pelo próprio Cristo, o Matrimônio é indissolúvel, ou seja, não pode ser dissolvido ou acabado. A Igreja não anula Ca-samento. O Tribunal Eclesiás-tico examina atentamente uma situação e declara a “nulidade do casamento”, ou seja, declara que o Sacramento do Matrimônio naquele caso não aconteceu por causa de alguma razão grave.

Assim, estas pessoas poderão se casar na Igreja, respeitando obrigações da união anterior, como por exemplo, o cuidado dos filhos.

Os divorciados que se casam novamente no civil, os “casais em segunda união”, mesmo com o cônjuge ainda vivo, estão em situação que contraria a vontade de Deus, não podem receber a comunhão eucarística, mas não estão separados da Igreja, deven-do ser acolhidos e convidados a uma vida cristã.

Vitor Nunes RosaProfessor de Filosofia na Faesa

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CulTuRA CApIxABA

lENDa Do PÁssaro DE FoGo

As histórias e lendas do Espírito Santo são ricas de personagens e lugares

que ajudaram a formar a identi-dade dos capixabas. Dentre esses lugares, nos municípios de Caria-cica e Serra, podemos encontrar os montes rochosos denominados Moxuara e Mestre Álvaro.

Já no século XVI os primei-ros navegadores orientavam suas embarcações através desses dois grandes monumentos naturais do litoral do Espírito Santo. Que podem ser vistos tanto pelos mo-radores da Região Metropolitana de Vitória quanto pelos marujos, em alto-mar.

Mas, antes ainda dos primei-ros portugueses, os índios capi-xabas já cultuavam as elevações rochosas e narravam a história

Diovani FavoretoHistoriadora

de sua origem, contada por seus ancestrais.

Segundo contam, as terras que pertencem hoje aos municí-pios de Cariacica e Serra eram chefiadas por chefes de duas tri-bos rivais, cujos filhos se apai-xonaram – a belíssima índia e o jovem guerreiro -, de pronto os chefes indígenas foram contra a união. Mas, ainda assim, os jo-vens enamorados, com a ajuda de uma ave mensageira misteriosa, encontravam-se na fronteira das duas terras e ali cantavam juras de amor.

Infelizmente o idílio foi descoberto pelo cacique, que providenciou um feitiço. Nessa mandinga, a bela princesa foi transformada no monte Moxuara e o valente índio no Mestre Ál-

varo. Contudo, por compaixão,o feiticeiro ofereceu ao espírito do casal um único encontro anual.

Como mensageiro desse en-contro, a ave encantada atravessa o céu, na noite de Natal, numa bola de fogo que, partindo do Mestre Álvaro, vai em direção ao morro Moxuara e vice-versa.

Talvez a luz, vista a pouco, seja um fenômeno físico qual-quer. Mas, aos que perderam a oportunidade de apreciar o acon-tecimento, perdido no horizonte de Cariacica, recomendo que, para o próximo Natal, busque nos céus da redondeza o sinal luminoso de comunicação desse amor.

Ueliton Santos

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Depósito bancáriono Banestes:Agência 104

Conta 5.854.831

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Departamento ComercialFunDAção nossA sEnhorA DA PEnhA / EsRua Alberto de Oliveira Santos, 42 - Ed. Ames 19ºsalas 1916 e 1920 - CEP 29010-901 - Vitória - ESTelefone: (0xx27) 3198-0850

Assinatura anual: r$ 50,00 Periodicidade: mensal

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Revista da aRquidiocese de vitóRia - esvitória

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Celmu 2014 Para atualizar pessoas que trabalham com música e liturgia, acontece de 6 a 16 de janeiro, na PUC-SP o Curso Ecumênico de Formação e Atualização Litúrgico-Musical. O curso destina--se a compositores, letristas, animadores de canto, regentes e instrumentistas que estejam engajados no ministério litúrgico-musical e que garantam o efeito multiplicador no pro-cesso de formação, e é promovido por diversas entidades, entre elas, a CNBB. A Arquidiocese de Vitória terá como representante João dos Santos, membro da Equipe Cantai.

Atualização em Liturgia

Especialização em Catequética

No dia 3 de janeiro tem início em São Paulo o Curso de Atualização em Liturgia. O curso é oferecido em duas etapas e pretende aprofundar os conhecimentos teológico-litúrgicos de padres, religiosos, seminaristas e leigos interessados na temática. A Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Vitória estará presente, represen-tada por Margareth Albani e Lucas Francisco Neto.

Representantes do Instituto Pastoral Catequético da Arqui-diocese de Vitória participam em Belo Horizonte, entre os dias 5 e 17 de janeiro do Curso de Espe-cialização Catequética (IRPAC). O curso é uma iniciativa da PUC--Minas, em parceria com o Regio-nal Leste II da CNBB, e pretende preparar pessoas que possam orientar e melhorar a formação de catequistas e o processo de iniciação à vida cristã que é feito nas paróquias e dioceses.

ACONTECE

13º Intereclesial de Cebs Entre os dias 7 e 11 de janei-ro realiza-se em Crato, no Cea-rá, o 13º Encontro Intereclesial de Cebs, com o tema “Justiça e Profecia a serviço da vida: Cebs, romeiras do reino no campo e na cidade”. Dez delegados da Arquidiocese de Vitória partici-

pam do evento, que traz em sua programação, relatos de expe-riência, análise de conjuntura e discussões acerca da temática proposta. O Intereclesial tem por objetivo partilhar a vida, as experiências e as reflexões das comunidades eclesiais de base.

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Catequese e Liturgia A Onda é Jesus No dia 8 de fevereiro, jovens e famílias capixa-bas participam do grande evento católico ‘A Onda é Jesus’, na Orla de Itaparica. Promovendo a fé, o respeito à vida e a evangelização, o evento contará com shows de artistas locais e a presença da cantora nacional, Adriana Arydes, que vai animar o público com seus grandes sucessos. A programação tem início às 18h.

Durante os dias 26 de janeiro a 2 de fevereiro, acontece, no Rio de Janeiro, o 2º módulo do curso de Liturgia na Catequese, em continuidade aos estudos do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA). O curso é uma realização da Rede Celebra em parceria com a Diocese de Duque de Caxias. Representantes da Ca-tequese da Arquidiocese de Vitória estarão presentes, e algumas paróquias também enviarão catequistas.

Paróquia da EPifania do SEnhor aoS rEiS MagoSPoço dos Padres, Nova Almeida16 a 18 janeiro - Tríduo e missa, sempre às 19h30

Paróquia dE São SEbaStião do alto guanduAfonso Cláudio11 a 20/01 - Novena na matriz20/01 – missa solene, às 16hDurante os dias haverá Auto de São Sebastião (teatro que conta toda a vida do santo); Banda Lira São Sebastião, Folia de Reis, Leilão de gado e sorteio de dois veículos.

ACONTECE

Em janeiro, a Igreja celebra São Sebastião, santo de grande devoção popular. Confira a programação de comemorações em algumas

comunidades dedicadas ao santo na Arquidiocese de Vitória:

Paróquia noSSa SEnhora doS navEgantESXuri, Vila VelhaDia 20/01 tem missa na comunidadeDia 25/01 – missa e festejos populares a partir das 18h

Paróquia dE Santo antônioAlto de Caratoíra e Alagoano, Vitória16 a 18 de janeiro - Tríduo19/01 - procissão pelas ruas do bairro a partir das 18h20/01 – missa solene, às 19h

Paróquia dE noSSa SEnhora da ConCEiçãoCoroado, Guarapari11 a 20/01 - Novena20/01 – missa às 19h30revista vitória Janeiro/201446

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