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Universidade Federal de Campina Grande Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 1 ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765 DO CINEMA PARA A HQ: A RELAÇÃO PALAVRA-IMAGEM NA TRADUÇÃO DE DIÁLOGOS EM TURMA DA MÔNICA EM O MÁGICO DE OZ, DE MAURÍCIO DE SOUSA Victoria Maria Santiago de OLIVEIRA 1 (IFPB/POSLE UFCG) Sinara de Oliveira BRANCO 2 (UFCG) RESUMO O mercado editorial de quadrinhos vem investindo em adaptações de obras literárias, impulsionado pelos editais do PNBE que, desde 2006, abre espaço para essas produções. Maurício de Sousa está inserido nesse contexto, se destacando com produções que mesclam o universo de A Turma da Mônica com o da obra adaptada, criando um novo produto. Este trabalho pretende analisar a relação palavra-imagem na tradução de diálogos da personagem principal Mônica, no quadrinho Turma da Mônica em O Mágico de Oz, de Maurício de Sousa. Vale ressaltar que a HQ foi baseada no filme The Wizard of Oz, produzido em 1939 e este foi baseado no livro The Wonderful Wizard of Oz, de L. Frank Baum. Para tanto, tomou-se por base os conceitos de Adaptação de Hutcheon (2013), as Estratégias de Tradução de Chesterman (1997) e as considerações sobre Histórias em Quadrinhos de McCloud (1995), Eisner (1989) e Dourado (2012). A análise se dá por comparação entre os diálogos de Dorothy, extraídos do roteiro do filme, e sua tradução no quadrinho, interpretada pela personagem Mônica. Os resultados apontam que a linguagem não verbal cumpre papel de apoio à tradução, construindo significados que não poderiam ser inferidos apenas pela leitura da linguagem verbal. Palavras-chave: Estratégias de tradução. História em quadrinhos. Multimodalidade. 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino da UFCG. Professora de Língua Inglesa do IFPB Campus Sousa. 2 Professora da Unidade Acadêmica de Letras da Universidade Federal de Campina Grande. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino da UFCG. Esta pesquisa é um recorte do trabalho de conclusão de curso intitulado “Tradução e Adaptação de Literatura Infanto-Juvenil para os quadrinhos: Recursos Intersemióticos e Estratégias de Tradução em Turma da Mônica em O Mágico de Oz, de Maurício de Sousa” (2013).

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Universidade Federal de Campina Grande

Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 1

ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765

DO CINEMA PARA A HQ: A RELAÇÃO PALAVRA-IMAGEM NA TRADUÇÃO DE DIÁLOGOS EM TURMA DA MÔNICA EM O

MÁGICO DE OZ, DE MAURÍCIO DE SOUSA

Victoria Maria Santiago de OLIVEIRA1 (IFPB/POSLE UFCG) Sinara de Oliveira BRANCO2 (UFCG)

RESUMO

O mercado editorial de quadrinhos vem investindo em adaptações de obras literárias, impulsionado pelos editais do PNBE que, desde 2006, abre espaço para essas produções. Maurício de Sousa está inserido nesse contexto, se destacando com produções que mesclam o universo de A Turma da Mônica com o da obra adaptada, criando um novo produto. Este trabalho pretende analisar a relação palavra-imagem na tradução de diálogos da personagem principal Mônica, no quadrinho Turma da Mônica em O Mágico de Oz, de Maurício de Sousa. Vale ressaltar que a HQ foi baseada no filme The Wizard of Oz, produzido em 1939 e este foi baseado no livro The Wonderful Wizard of Oz, de L. Frank Baum. Para tanto, tomou-se por base os conceitos de Adaptação de Hutcheon (2013), as Estratégias de Tradução de Chesterman (1997) e as considerações sobre Histórias em Quadrinhos de McCloud (1995), Eisner (1989) e Dourado (2012). A análise se dá por comparação entre os diálogos de Dorothy, extraídos do roteiro do filme, e sua tradução no quadrinho, interpretada pela personagem Mônica. Os resultados apontam que a linguagem não verbal cumpre papel de apoio à tradução, construindo significados que não poderiam ser inferidos apenas pela leitura da linguagem verbal. Palavras-chave: Estratégias de tradução. História em quadrinhos. Multimodalidade.

1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino da UFCG. Professora de Língua

Inglesa do IFPB Campus Sousa. 2 Professora da Unidade Acadêmica de Letras da Universidade Federal de Campina Grande. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino da UFCG. Esta pesquisa é um recorte do trabalho de conclusão de curso intitulado “Tradução e Adaptação de Literatura Infanto-Juvenil para os quadrinhos: Recursos Intersemióticos e Estratégias de Tradução em Turma da Mônica em O Mágico de Oz, de Maurício de Sousa” (2013).

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INTRODUÇÃO

A adaptação de literatura – tanto nacional quanto estrangeira – para os

quadrinhos é um fenômeno editorial crescente (DOURADO, 2012). Voltada, na maioria

das vezes, para o público jovem, essa nova forma de apresentar a literatura vem

ganhando espaço no gosto dos leitores, apresentando um processo editorial mais

rebuscado, com páginas, capa e qualidade de impressão e ilustração superiores em

relação às revistas em quadrinhos populares conhecidas no Brasil.

As Histórias em Quadrinhos (HQs) foram, por muito tempo, vistas como

produção de qualidade inferior, no entanto, ganharam espaço considerável nos

últimos anos, passando a serem mais estudadas na academia e conseguindo lugares de

destaque nas grandes livrarias (DOURADO, op. cit). A respeito das adaptações de

clássicos da literatura para esse gênero textual, o Ministério da Educação (MEC)

reconheceu que as adaptações poderiam contribuir para a escola brasileira e lançou,

em 2006, um edital que selecionou HQs para fazerem parte do Programa Nacional

Biblioteca da Escola (PNBE), entendendo que:

A leitura de obras em quadrinhos demanda um processo bastante

complexo por parte do leitor: texto, imagens, balões, ordem das tiras,

onomatopéias, que contribuem significativamente para a

independência do leitor na interpretação dos textos lidos. Além

disso, o universo dos quadrinhos faz parte das experiências

cotidianas dos alunos. É uma linguagem reconhecida bem antes de a

criança passar pelo processo de alfabetização. (Portal do MEC)3

A informação contida no Portal do MEC, apresentada acima, levanta questões

que chamam a atenção, em alguns sentidos. Em primeiro lugar, a leitura de HQ como

um processo de complexidade extrema, pois envolve o verbal e o não verbal. A partir

3 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=282:por-que-livros-em-quadrinhos-foram-incluidos-no-programa-nacional-biblioteca-da-escola&catid=136&Itemid=1171> Acesso em 15 mai. 2013.

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do momento em que o leitor passa a dominar esse gênero, ele adquirirá maior

capacidade de interpretação e interação com o texto, ao passo que conseguirá associar

as duas linguagens, verbal e não verbal, sabendo distinguir os momentos em que cada

uma delas toma o foco da leitura, sem que uma se sobreponha à outra,

necessariamente. Em segundo lugar, o gênero é destacado por fazer parte da

experiência dos alunos, podendo ser um mediador eficaz no processo de

aprendizagem de leitura, despertando interesse nas crianças pelos livros, bem como

desenvolvendo habilidades que os auxiliem na leitura de outros gêneros textuais.

Diante deste cenário, este trabalho busca analisar a relação palavra-imagem na

tradução de diálogos da personagem principal Mônica, no quadrinho Turma da Mônica

em O Mágico de Oz, de Maurício de Sousa. Vale ressaltar que a HQ foi baseada no

filme The Wizard of Oz, produzido em 1939 e este foi baseado no livro The Wonderful

Wizard of Oz, de L. Frank Baum. A análise se dá por comparação entre os diálogos de

Dorothy, extraídos do roteiro do filme, e sua tradução no quadrinho, interpretada pela

personagem Mônica.

1. ADAPTAÇÃO LITERÁRIA E TRADUÇÃO

As adaptações fazem parte do dia a dia das pessoas e são amplamente

divulgadas pelo meio midiático. São comuns versões baseadas na literatura em forma

de novela ou seriados, filmes adaptados a partir de livros, obras do teatro

interpretadas em musicais e apresentações de ballet, entre outros. Através das

adaptações e também de traduções, grandes obras passam a ser conhecidas por um

público maior, que muitas vezes não tinha conhecimento da obra original ou chegou a

conhecer por comentários de outros, mas sem a oportunidade de ler diretamente na

fonte.

Mesmo com a ampla divulgação das adaptações, a crítica acadêmica e a

resenha jornalística “veem as adaptações populares contemporâneas como

secundárias, derivativas, tardias, convencionais ou então culturalmente inferiores”

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(HUTCHEON, 2013, p. 22). Essa visão desconsidera todo o trabalho da adaptação e da

tradução, pondo o texto original em um patamar de superioridade, julgando todos os

outros como produções que deturpam o texto original. Ao analisar adaptações, é

preciso que observemos o fenômeno como ele realmente é, isto é, considerá-lo como

uma nova produção, pois, como defende Hutcheon (2013), se considerarmos a

produção sempre como dependente de outra, julgamos que estes trabalhos não são

autônomos e que não podem ser interpretados como tais, quando na verdade são.

O conceito de adaptação abordado pela autora deriva de três concepções

referentes, tanto ao processo quanto ao produto, abordagens distintas, porém inter-

relacionadas: “i) uma transposição declarada de uma ou mais obras reconhecíveis; ii)

um ato criativo e interpretativo de apropriação/recuperação; iii) um engajamento

intertextual extensivo com a obra adaptada” (HUTCHEON, 2013, p. 30). Sintetizando, a

autora afirma que “a adaptação é uma derivação que não é derivativa, uma segunda

obra que não é secundária – ela é a própria coisa palimpséstica” (HUTCHEON, op. cit.),

isto é, um produto novo que inter-relaciona, cria, interpreta, transforma e resgata o

texto. A noção do palimpsesto4 abordada na definição anterior remete aos escritos

antigos, em que os textos eram raspados dos papiros para reutilizar o material. Os

textos posteriores poderiam, de certa forma, apresentar conteúdos presentes no

anterior, resgatando ideias ou reformulando-as.

Pensando a transposição de obras literárias clássicas para outros gêneros

textuais, observam-se os fenômenos da tradução e da adaptação ocorrendo de forma

associada, transformando textos estrangeiros para a língua materna, além de mudar a

configuração original para uma que se adeque melhor ao público alvo a que se destina,

inserido em uma cultura já estabelecida. Esse é o caso da obra analisada neste

trabalho, a tradução e (re)adaptação da obra fílmica The Wizard of Oz para os

quadrinhos da Turma da Mônica em O Mágico de Oz. Portanto, trata-se de uma obra

4 Segundo o dicionário online Michaellis, palimpsesto significa: “Papiro ou pergaminho cujo texto

primitivo foi raspado, para dar lugar a outro; atualmente pode-se decifrar o primitivo mediante a fotografia com raios ultravioleta.” Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=palimpsesto> Acesso em 02 set. 2013

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da literatura infanto-juvenil norte-americana (The Wonderful Wizard of Oz) sendo

transposta para o cinema norte-americano, (The Wizard of Oz) e, posteriormente, para

um gênero textual familiar ao público alvo brasileiro (a HQ Turma da Mônica em O

Mágico de Oz), inserido em um universo de personagens que consolidou os

quadrinhos infanto-juvenis no Brasil, a Turma da Mônica.

Focando a adaptação de textos da literatura infanto-juvenil, Mundt (2008)

ressalta alguns elementos que são levados em consideração durante o processo de

adaptação, sendo eles: o público-alvo, contexto de produção, cultura de chegada e a

visão que se tem da criança e das pessoas e entidades que a cercam – pais,

professores, escola. A adaptação, além de ser tratada como produto e processo, ainda

merece mais uma distinção quanto à natureza de processo. Esse pode ser entendido

de duas formas, sendo o primeiro um procedimento que altera dados específicos de

uma cultura (nomes, títulos, comidas, referências históricas, hábitos etc.), simplifica

expressões, acrescenta termos explicativos, substitui ou omite algum termo etc.; e o

segundo é um processo mais complexo, que envolve o texto traduzido como um todo,

podendo ocorrer de maneira a recontar a história, utilizando diversos elementos novos

e adaptados ao público receptor (faixa etária, contexto sociocultural, etc.) (MUNDT,

2008). Nesse sentido, o primeiro conceito também pode se fazer presente no novo

texto adaptado, sendo a noção de procedimento englobada pela noção de processo.

Pensando a adaptação enquanto produto, Hutcheon (2013) atenta para a

questão da impossibilidade de haver uma tradução literal para as obras, sendo

também impossível haver uma “adaptação literal” (p. 39). A transposição para uma

mídia diferente ou até mesmo o deslocamento dentro de uma mesma requer ajustes,

implica mudanças, uma reconfiguração. A tradução, como afirma Benjamin (1992)

“não é uma versão de algum significado não textual fixo que deva ser copiado,

parafraseado ou reproduzido; na realidade, é um engajamento com o texto original

que nos permite vê-lo de diferentes formas” (apud HUTCHEON, 2013, p. 40). Assim,

esse novo sentido aproxima-se cada vez mais da definição de adaptação e, por

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envolver diferentes mídias, as adaptações são traduções intersemióticas, isto é, a

transposição de signos verbais para não verbais e vice versa.

É por lidar com a dificuldade de traduzir a linguagem verbal para a não verbal e

associá-la novamente ao verbal pertencente a uma cultura diferente que ganha

destaque a ideia da desconstrução. Ao considerar um texto literário infanto-juvenil

adaptado para a mídia do cinema e, em seguida, readaptado e traduzido para os

quadrinhos, dentro de um universo de personagens já existente, percebe-se que

houve uma desconstrução do texto e uma recriação. As personagens consolidadas da

Turma da Mônica agem como atores que interpretam as aventuras vividas por Dorothy

e seus amigos, sem desprezar características próprias das personagens de A Turma da

Mônica. Vemos aqui uma noção de tradução que quebra com as convenções do

logocentrismo, que busca uma tradução “literal”, próxima do “original”, sem nenhuma

interferência do tradutor em oposição à noção de tradução literária, que revela a

interpretação e o julgamento do tradutor (ARROJO, 1992).

Quando, além da tradução, o texto passa por uma adaptação, é importante

também mencionar o papel do adaptador, que é diferente do tradutor. Na adaptação,

o adaptador, de certa forma, se apropria do discurso do autor e produz um novo texto,

tendo como principal referência o seu leitor. Para Amorim5 (2003, p. 198), “os leitores

podem admitir que, em uma adaptação, a história do autor do texto fonte é

compartilhada com o ‘autor’ adaptador que a ‘reconta’ introduzindo um toque pessoal

e especial na reescrita” (trad. nossa). A citação nos mostra que o papel do adaptador

vai além de traduzir, pois ele passa também para o leitor a forma como ele mesmo

concebeu a história.

5 “readers may assume that, in an adaptation, the author’s source-text story is shared with the ‘author’ adaptor who ‘retells’ it by introducing a special, personal touch into the rewriting”(AMORIM, 2003, p. 198)

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2. ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO

Chesterman (1997) afirma que a tradução possui um comportamento

característico e que, muitas vezes, esse comportamento transforma-se em uma

norma. Inseridas nesse comportamento estão as estratégias de tradução. O autor

trabalha com uma concepção de tradução como uma ação de manipulação textual e o

conceito de estratégia que ele oferece permite maior liberdade ao tradutor, que passa

a se preocupar com a melhor maneira de comunicar textos entre línguas diferentes.

Para o autor,

Strategies describe types of linguistic behaviour: specifically text-

linguistic behaviour. That is, they refer to operations which a

translator may carry out during the formulation of the target text

(the ‘texting’ process), operations that may have to do with the

desired relation between this text and the source text, or with the

desired relation between this text and other target texts of the same

type. (CHESTERMAN, 1997, p. 89)

Observando, portanto, tal manipulação linguístico-textual, o autor propõe uma

categorização nos níveis sintático, semântico e pragmático, cada um deles abrangendo

dez estratégias. Ao analisar os dados obtidos da seleção de diálogos do roteiro do filme

e dos quadrinhos, percebemos o uso de algumas estratégias conceituadas por

Chesterman (op. cit.), no entanto, os dados apresentam algumas manipulações

textuais que as categorias do autor em questão não abarcam, pois como pontua o

próprio Chesterman (1997), “my concern is the local strategies, and thus the local

problems” (p. 91). Como a tradução analisada nesta pesquisa envolve processos de

adaptação, o texto e, consequentemente, os diálogos, sofrem alterações.

Consideramos tais alterações também como estratégias, pois da mesma forma que

Chesterman observou, elas também estão centradas na solução de problemas e visam

fazer com que o texto final estabeleça relação com o texto fonte e com os outros

textos do mesmo gênero.

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Portanto, faremos uso das estratégias propostas por Chesterman (op. cit.) que

foram localizadas nos dados, assim como faremos uma sugestão de outras estratégias

que os dados apontam, para contemplar nossa análise.

O Quadro 1 sintetiza as estratégias de Chesterman (1997).

Estratégias sintáticas

G1: Tradução Literal O mais próximo possível da estrutura gramatical do texto de

origem.

G2: Empréstimo, Calque Escolha deliberada e consciente.

G3: Transposição Qualquer mudança de classe de palavra, de substantivo para

verbo; de adjetivo para advérbio.

G4: Deslocamento de

unidade

Uma unidade do texto de origem (morfema, palavra, frase,

oração, sentença, parágrafo) traduzida como uma unidade

diferente no texto de chegada.

G5: Mudança estrutural da

frase

Uma série de mudanças no nível da frase, incluindo número,

exatidão e modificação na oração substantiva, pessoa, tempo e

modo verbal.

G6: Mudança estrutural da

oração

Mudanças na estrutura da oração em se tratando de suas

frases constituintes.

G7: Mudança estrutural

do período Relacionada à estrutura da unidade da sentença.

G8: Mudança de coesão

Relacionada à referência intratextual, elipse, substituição,

pronominalização e repetição; ou o uso de conectores de

vários tipos.

G9: Deslocamento de nível O modo de expressão de um determinado item muda de um

nível (fonológico, morfológico, sintático e lexical) para outro.

G10: Mudança de

esquema

Tipos de mudanças que tradutores incorporam na tradução de

esquemas retóricos, tais como paralelismo, repetição,

aliteração, ritmo, métrica, etc.

Estratégias Semânticas

S1: Sinonímia Seleciona não o equivalente óbvio, mas um sinônimo ou um

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termo ‘quase-sinônimo’.

S2: Antonímia O tradutor seleciona um antônimo e combina com um

elemento de negação.

S3: Hiponímia Mudanças na relação hiponímica.

S4: Conversão

Pares de estruturas (geralmente) verbais que expressam a

mesma ideia, mas de pontos de vista opostos, tal como

‘comprar’ e ‘vender’.

S5: Mudança de abstração

Uma seleção de nível de abstração diferente, podendo variar

de abstrato para mais concreto ou de concreto para mais

abstrato.

S6: Mudança de

distribuição

Mudança na distribuição dos ‘mesmos’ componentes

semânticos para mais itens (expansão) ou menos itens

(compressão).

S7: Mudança de ênfase Acrescenta, reduz ou altera ênfase ou foco temático, por uma

razão qualquer.

S8: Paráfrase

Resulta em uma versão do texto de chegada que pode ser

descrita como distante do texto de origem; em alguns casos

até sem tradução. Componentes semânticos no nível do

lexema tendem a ser ignorados, favorecendo a ideia

pragmática de alguma outra unidade, como por exemplo, uma

oração inteira.

S9: Mudança de tropos Tradução de tropos retóricos (ex. expressões figurativas).

S10: Outras mudanças

semânticas

Incluindo outras modulações de vários tipos, tais como a

mudança de sentido (físico) ou direção dêitica.

Estratégias Pragmáticas

Pr1: Filtro cultural “tratada também como naturalização, domesticação ou

adaptação.”

Pr2: Mudança de

explicitação

“mais direcionada à informação explícita, ou mais direcionada

à informação implícita.”

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Pr3: Mudança de

informação

“adição de nova informação considerada relevante ao texto de

chegada, mas que não está presente no texto original; ou a

omissão de informações presentes no texto original,

consideradas irrelevantes.”

Pr4: Mudança interpessoal

“altera o nível de formalidade, o grau de emotividade e

envolvimento, o nível de léxico técnico e assim por diante: o

que quer que envolva mudança na relação entre texto/autor e

o leitor.”

Pr5: Mudança de elocução

“ligada a outras estratégias: mudança do modo verbal do

indicativo para o imperativo, mudança de afirmação para

pedido.”

Pr6: Mudança de

coerência

“organização lógica da informação no texto, no nível

ideacional.”

Pr7: Tradução parcial

“qualquer tipo de tradução parcial, tais como tradução

resumida, transcrição, tradução apenas de sons e assim por

diante.”

Pr8: Mudança de

visibilidade

“mudança na presença de autoria; ou a inclusão evidente ou

em primeiro plano da presença tradutória. Por exemplo, notas

de rodapé do tradutor, comentários entre chaves; ou

comentários adicionais explícitos.”

Pr9: Reedição “a reedição às vezes radical que tradutores precisam fazer com

relação a textos originais mal escritos.”

Pr10: Outras mudanças

pragmáticas

Mudanças no layout do texto, por exemplo; ou na escolha

dialetal.

Quadro 1: Estratégias de Tradução de Chesterman (1997 apud BRANCO, 2010)

Às Estratégias de Tradução acima, acrescentamos as seguintes:

1. Mudança de personagem: consiste na mudança de fala de um personagem para

outro. Por exemplo, no texto fonte, personagem X fala, mas na tradução essa mesma

fala é interpretada pelo personagem Y.

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2. Adequação de mensagem: esta estratégia deriva da anterior. Quando a fala passa a

pertencer a um personagem diferente, o texto sofre adequações para se ajustar ao

novo personagem.

3. Criação: inserção de novos elementos quando consideramos a época em que foi

produzido, o público alvo ou o contexto de produção da história.

3. HISTÓRIA EM QUADRINHOS: A LITERATURA ATRAVÉS DA GRAPHIC NOVEL

O termo arte sequencial foi usado por Eisner para descrever as Histórias em

Quadrinhos (McCLOUD, 1995). Explicando melhor o termo de Eisner, McCloud (1995)

aponta algumas características do gênero que o diferenciam das outras artes

sequenciais. Para ele, a característica básica é a justaposição dos quadros, “cada

quadro de um filme é projetado no mesmo espaço – a tela –, enquanto, nos

quadrinhos, eles ocupam espaços diferentes. O espaço é para os quadrinhos o que o

tempo é para o filme.” (McCLOUD, 1995, p. 7).

O universo dos quadrinhos é variado, destacando-se nessa categoria desde as

tirinhas, os gibis até as produções mais elaboradas – as graphic novels, ou novelas

gráficas, como foram traduzidas. Para Eisner (1989),

As primeiras revistas de quadrinhos (por volta de 1934) geralmente

continham uma coleção aleatória de obras curtas. Agora, após quase

50 anos, o surgimento de graphic novels completas colocou em foco,

mais que qualquer outra coisa, os parâmetros da sua estrutura. (p. 7)

A citação acima aponta para a estrutura dos quadrinhos como o elemento que

comunica a linguagem. Essa linguagem leva em consideração, como afirma o autor, a

experiência visual comum tanto ao leitor como ao criador. Sobre as novelas gráficas,

Dourado (2012) traça um percurso sobre o surgimento dessa categoria de HQ,

afirmando que primeiro vieram as compilações das histórias de super-heróis, em

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seguida as narrativas mais extensas, depois as histórias com temáticas menos

fantasiosas e, por último, as adaptações de obras da literatura.

Com produções rebuscadas, papéis especiais e qualidade estética superior aos

gibis vendidos em banca de jornal, as novelas gráficas fazem parte das escolhas de um

público alvo exigente em termos de estética. As produções de Maurício de Sousa,

tanto as de enredo independente, quanto as de adaptações de obras literárias,

cumprem os requisitos dos mais exigentes. Turma da Mônica em O Mágico de Oz

apresenta uma edição em capa dura, e folhas de papel couché, além da impressão de

alta qualidade que proporciona sombreamento, luz e degradê, opondo-se a impressão

chapada do gibi comum.

Focando a crescente expansão desse gênero, é preciso considerar sua relação

com a literatura. Por muito tempo, os quadrinhos foram vistos como produção

inferior, perspectiva esta que vem sendo mudada ao longo dos anos, considerando as

mudanças que ocorreram, sendo as HQs hoje objeto de estudo da academia. Além

disso, houve muito investimento na tradução de quadrinhos nos últimos anos, o que

representa um trabalho árduo para o tradutor (CAMILOTTI; LIBERATTI, 2012). Esse

evento proporcionou a expansão das Graphic Novels e a aceitação do público

consolidou as adaptações de obras literárias. Segundo Dourado (2012),

No caso específico das Graphic Novels, há, de um lado, o texto

literário – romance, conto, crônica etc. –, que, segundo Wellek e

Warren (1971), podem se constituir como imagens por si só, devido

aos vários recursos de linguagem capazes de tornar um texto em

prosa ou em poesia uma pintura, por exemplo, e que, justamente por

isso, dispensa ilustrações; e do outro a adaptação de tal enredo para

a linguagem das HQs. (p. 145)

Na citação acima, fica claro que a linguagem das HQs é própria, inerente ao

gênero e, portanto, avaliações que denigrem as produções por considerá-las como

nível inferior em relação à literatura ou que julgam a redução do enredo não são

pertinentes, antes disso, como ainda ressalta Dourado (op. cit.), “é preciso entender os

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recursos que constituem o gênero e que o colocam num lugar de destaque no rol de

publicações ditas literárias.” (p. 145).

Camilotti e Liberatti (2012) discutem as dificuldades de tradução em um artigo

em que analisam a adaptação de Romeu e Julieta, de Shakespeare para os quadrinhos,

produção também de Maurício de Sousa. Para as autoras, a dificuldade maior reside na

associação palavra/imagem que, quando traduzido em diferentes idiomas, muitas

vezes precisam de uma adequação cultural. Segundo elas, ainda, “o tradutor deve

conhecer a cultura do público leitor de chegada, para que não haja desequilíbrio e falta

de comunicação na tradução e na relação palavra/imagem” (p. 98).

Portanto, pensando na HQ analisada nesta pesquisa, há não só o resgate da

literatura infanto-juvenil norte-americana de Baum, mas também a readaptação da

produção feita para o cinema, vencedor de Oscar, ambos situados na primeira metade

de 1900. Turma da Mônica em O Mágico de Oz faz uso dos processos adaptativos

entre mídias diferentes, traduzindo para as crianças brasileiras como a história foi

concebida pelo adaptador para a geração dos anos 2000.

4. ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO E A RELAÇÃO PALAVRA-IMAGEM NA TRADUÇÃO

DOS DIÁLOGOS DO FILME PARA A HQ

Destacamos alguns trechos do roteiro do filme The Wizard of Oz, produzido em

1939 e sua tradução nos quadrinhos para analisar o uso das estratégias de tradução e

como a imagem dá suporte a essa tradução, que envolve mídias distintas: filme e HQ.

Trecho 1

Roteiro do filme (texto fonte) Quadrinhos (tradução)

Dorothy: Toto, darling! Oh, I’ve got you

back! You came back! Oh, I’m so glad!

Mônica: Você conseguiu fugir! Que bom!

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Acima, vê-se o uso da sinonímia (S1) na tradução de “get back/come back” para

“fugir”, considerando o sentindo do contexto e revelando ao leitor exatamente o fato

que ocorreu na cena/quadro. Ainda, houve uma condensação, suprimindo da tradução

a repetição da frase que indica reforça o entusiasmo da menina. Observa-se, ainda,

uma mudança interpessoal (Pr4), alterando o grau de emoção da personagem. No

texto fonte, a expressão de alegria da personagem pela volta do cachorro é

apresentada com mais intensidade que na tradução. Vemos o uso de adjetivo

associado a Toto (darling), e a expressão clara de alegria da personagem (I’m so glad!).

Na tradução, há apenas uma expressão que revela alegria, mas que se distancia do

falante, constituindo um grau de emoção mais neutro comparado ao texto fonte (Que

bom!). No entanto, a carga de emotividade é dada pela informação não verbal, como

vemos na imagem a seguir, destacada tanto pelo abraço caloroso que ela dá em Bidu,

quando pelos corações de diferentes tamanhos que compõem o plano do quadro.

Nesse sentido, fica claro o apoio que a informação não verbal agrega à verbal, pois se

analisada isoladamente, poderia indicar que a personagem não tinha a intensidade do

sentimento que tem, quando visto em contexto.

Fig. 1 (SOUSA, 2008, p. 18)

Trecho 2

Roteiro do filme (texto fonte) Quadrinhos (tradução)

Dorothy: Who, me! I – I’m not a witch at

all.

Mônica: Eu não sou bruxa! Sou boazinha,

mas não sou nenhuma bruxa!

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Aqui, a tradução para “at all” consistiu no emprego de uma frase maior para se

adequar a intensidade ou a ênfase que a expressão em inglês possui. A tradução se

compõe de duas sentenças, e a segunda é que vai expressar a intensidade da resposta

“não sou nenhuma bruxa”, enfatizando o uso da palavra “nenhuma” para compor esse

sentido (S1). Além disso, destacamos a informação não verbal, atentando para a

expressão de raiva que Mônica apresenta quando é questionada por Magali sobre ser

uma bruxa boa ou má.

Fig. 2 (SOUSA, 2008, p. 25)

Além disso, a resposta da tradução responde sobre a qualidade. A menina,

apesar de negar ser bruxa, responde que é boa, enquanto o texto fonte não menciona

esse aspecto, constituindo um acréscimo de informação não presente no texto fonte

(Pr3) que acaba ressaltando o lado forte e reivindicador de Mônica.

Trecho 3

Roteiro do filme (texto fonte) Quadrinhos (tradução)

Dorothy: I - If you please, I - I am Dorothy

- the small and meek.

Mônica: Muito prazer! Eu sou Mônica, a

pequena e humilde...

Neste trecho, a protagonista se apresenta ao Mágico de Oz. No texto fonte,

nota-se um receio de Dorothy ao se dirigir ao Mágico, sentimento esse caracterizado

pelo gaguejo da personagem, o que não acontece nos quadrinhos, visto que Mônica

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entra decidida e se apresenta de forma fluente e segura. Essa percepção fica clara pela

postura da personagem na imagem abaixo, tanto pela sua expressão facial, quanto

pela reverência que ela faz diante do mágico.

Fig. 3 (SOUSA, 2008, p. 47)

Também chama atenção, nesse trecho, o fato de o adjetivo “meek”, que

significa manso, dócil, ser modificado na tradução para “humilde”, visto que “dócil” ou

“mansa” não se aplicam à personalidade de Mônica, ressaltando, novamente, a

influência de uma obra na outra e o papel do adaptador nesse processo.

Trecho 4

Roteiro do filme (texto fonte) Quadrinhos (tradução)

Dorothy: Oh, dear, that's too wonderful to

be true! Oh, it's - it's going to be so hard

to say goodbye. I love you all, too.

Goodbye Tin Man. Oh, don't cry. You rust

so dreadfully. Here, here's your oil can.

Goodbye.

Oh. Goodbye, Lion. You know, I’m going

to miss you all very much.

Mônica: Bem… então adeus, Leão

Cebolinha! Coragem, hein?

Adeus, Chico Espantalho! Estude bastante

pra cada dia ficar mais inteligente!

Adeus, Cascão de Lata! Não chora, senão

você enferruja!

A forma de despedida da protagonista se apresenta de maneiras diferentes. No

texto fonte, vê-se que ela se despede e demonstra o quanto sentirá saudades dos

amigos que fez nessa jornada, enquanto na tradução a despedida é mais rápida e

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objetiva, inclusive porque Mônica volta para casa em um novo tornado que se

aproxima e precisa ser rápida para não perdê-lo. O distanciamento das emoções (Pr4)

do texto fonte para os quadrinhos é compensado, mais uma vez, pela linguagem não

verbal. Como vemos na imagem a seguir, Mônica beija e abraça cada um dos amigos e

deseja coisas relacionadas aos seus pedidos: coragem ao Leão Cebolinha, recomenda

estudos para Chico Espantalho, e pede que Cascão de Lata não chore para não

enferrujar.

Fig. 4 (SOUSA, 2008, p. 65)

As estruturas textuais não foram traduzidas com proximidade, no entanto, o

plano ideacional e o contexto de produção do novo enredo delimitaram uma nova

criação (3) para a despedida, prevalecendo a coerência com todo o conjunto da

adaptação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se propôs a analisar o uso das estratégias de tradução e a relação

palavra-imagem na tradução de diálogos da personagem principal Mônica, no

quadrinho Turma da Mônica em O Mágico de Oz, de Maurício de Sousa.

Como resultados, observamos que na tradução dos diálogos da personagem

protagonista muitas estratégias de tradução estão envolvidas no processo e que elas

auxiliam e dão suporte ao processo tradutório, tanto contribuindo para a solução de

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problemas, quanto oferecendo opções de traduções fluentes por meio da manipulação

textual que Chesterman (1997) propõe.

No que diz respeito à tradução desses diálogos, levando em consideração o

gênero textual HQ, a linguagem verbal teve apoio da linguagem não verbal para

complementar significados, provando que a linguagem própria dos quadrinhos

depende da associação palavra-imagem, que é necessária para a construção de

significados.

Por fim, houve adequação na tradução de termos que não eram condizentes

com a personalidade da personagem Mônica e precisaram ser substituídos, assim

como a redução de trechos maiores em frases menores, demonstrando que é

necessário se manter sempre coerente na tradução, pois os resultados produzidos

precisam estar adequados a diferentes fatores: personagem, mensagem, gênero

textual e público alvo.

REFERÊNCIAS

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