Do Cartão de Vacina ao “Passaporte da Cidadania”:

uma breve história.

Ana Paula Campos Rocha¹, Mariana de Caux Bueno¹, Natália Rodrigues Taranto Nunes¹, Warley Cezar da Silveira¹, Lúcia Maria Horta de Figueiredo Goulart 2,

1. Acadêmicos voluntários do GEAPPED/observaPED; 2. Orientador - Depto. de Pediatria

INTRODUÇÃO

O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças é um dos principais eixos na promoção da saúde infantil. Desde a iniciativa de Morley, em 1959, com o Caminho da Saúde, instrumentos de acompanhamento vêm ocupando cada vez mais um papel de destaque na assistência à criança. Atualmente, a Caderneta de Saúde da Criança (CSC) é o instrumento oficial de registro utilizado para acompanhamento da saúde infantil.

OBJETIVO Estudar os diversos instrumentos oficiais de registro do acompanhamento da saúde infantil, que ficam sob a guarda da família, sob a perspectiva dos direitos da criança.

METODOLOGIA

Estudo descritivo a partir da análise documental dos instrumentos oficiais de acompanhamento da saúde da criança – Cartão de Vacina, Caminho da Saúde, Controle da Saúde, Cartão da Criança e CSC – com ênfase nos conteúdos referentes aos direitos da criança.

RESULTADOS

Foram estudados os cinco instrumentos de acompanhamento da saúde infantil. Verificou-se que o número e a qualidade das informações aumentaram progressivamente; houve também mudança nos critérios para classificação nutricional. Um espaço específico destinado aos direitos da criança foi incorporado e sucessivamente ampliado. A ficha “Controle da Saúde”, dos anos 80, foi um dos primeiros instrumentos de registro da saúde infantil sob a guarda da família e mostrava em destaque a frase: “Saúde: um direito de todos”(Figura 1a). Em 1990, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente que afirma a criança e o adolescente como sujeitos de plenos direitos, garantidos pela constituição. O conceito de criança sujeito de direitos é explicitado no Cartão da Criança, instrumento proposto pelo Ministério da Saúde na década de 90. Na sua 2ª versão (final dos anos 90) o Cartão da Criança, chama atenção para os direitos constitucionais da criança (Figura 1b).

Em 2005, é criada a Caderneta de Saúde da Criança (CSC), a qual detalha e amplia a lista dos direitos da criança com informações sobre o registro de nascimento (Figura 2a). Em 2007, a CSC sofre novas modificações e passa a ser chamada de “Passaporte da Cidadania”. Nessa nova versão da Caderneta são apresentados os mesmos direitos citados na CSC de 2005, além do direito de realizar o teste do pezinho, o que é mantido na versão 2009 da CSC. É importante ressaltar que nas versões de 2007 e 2009, os direitos dos pais são incluídos na Caderneta (Figura 2b).

Figura 1 – (a)Ficha “Controle da Saúde”; (b)Segunda versão do Cartão da Criança.

CONCLUSÃO

Através da análise dos sucessivos instrumentos de acompanhamento, observa-se um aumento gradual da preocupação com a saúde integral da criança, que deixa de ser tratada apenas como um indivíduo que deve ser vacinado, para ser considerado sujeito de direitos e cidadão.

PALAVRAS-CHAVE

Saúde da Criança; Registros de Saúde Pessoa; Direitos da criança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. GOULART, L.M.H.F.; GOULART, E.M.A; CORREA, E.J. O Prontuário e o Cartão da Criança. In: LEÃO E.; CORREA, E. J.; VIANNA, M. B. Pediatria Ambulatorial 1 ed. Belo Horizonte, 1983, Cap. 2, p 8-16.

2. GOULART, L.M.H.F.; GOULART,E.M.A.; BEIRÃO,M.M.V.; CORRÊA, E.J. O Prontuário. In: LEÃO E.; CORREA, E.J.; VIANNA, M.B. Pediatria Ambulatorial 2 ed. Belo Horizonte, 1989, Cap 3, p 15-34.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica da Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Manual para a utilização da Caderneta de Saúde da Criança. Brasília: Mistério da Saúde, 2005.

Figura 2 – (a) página 34 da CSC versão 2005; (b) página 6 da CSC versão 2009. Observa-se também que, ao longo de sua evolução, os instrumentos utilizados buscam estabelecer um diálogo cada vez mais estreito com os pais, estimulando sua participação mais ativa no acompanhamento da saúde de seus filhos.

(b) (a)