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Janeiro – Março UBE – União Brasileira dos Escritores • SEGUIDORES NO FACEBOOK > 3.500 • SEGUIDORES NO TWITTER > 58 UBE – União Brasileira dos Escritores 143 2018 www.facebook.com/ubesp www.twitter.com/UbeBrasil Página 3 @Divulgação 2017 Retrospectiva UBE FOI MARCANTE PARA A LITERATURA BRASILEIRA E PARA A UBE. CONFIRA A NOSSA RETROSPECTIVA NA PÁG. 3 Página 4 Página 6 Página 9 Página 10 Mutirão Cultural UBE Mais de vinte mil pessoas passaram pelos cursos que ajudam a perder o medo de falar em público. Confira entrevista com Sueli Carlos. Pelo direito das Mulheres Com as transformações sociais, as mulheres não são mais obrigadas a aceitar como natural o que foi construído e alimentado culturalmente” analisa Cassia Janeiro. Nelly Novaes Coelho Importante intelectual brasileira, Nelly Novaes Coelho, faleceu em novembro de 2017, aos 95 anos de idade. Deixou um legado de valor não somente para a Literatura Infantil. Reflexões sobre a literatura infantil Curso ministrado por Ricardo Ramos Filho terá por objetivo abordar origens e preconceitos que cercam as questões de gênero e acontecerá em abril na sede da UBE em São Paulo. @Divulgação @Divulgação @Divulgação @Divulgação

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Janeiro – Março UBE – União Brasileira dos Escritores

• SEGUIDORES NO FACEBOOK > 3.500• SEGUIDORES NO TWITTER > 58

UBE – União Brasileira dos Escritores

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www.facebook.com/ubesp www.twitter.com/UbeBrasil

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2017Retrospectiva UBE

FOI MARCANTE PARA A LITERATURA BRASILEIRA E PARA A UBE.

CONFIRA A NOSSA RETROSPECTIVA NA PÁG. 3

Página 4 Página 6 Página 9 Página 10

Mutirão Cultural UBE

Mais de vinte mil pessoas passaram pelos cursos que ajudam a perder o medo de falar em público. Confira entrevista com Sueli Carlos.

Pelo direito das Mulheres

Com as transformações sociais, as mulheres não são mais obrigadas a aceitar como natural o que foi construído e alimentado culturalmente” analisa Cassia Janeiro.

Nelly Novaes Coelho

Importante intelectual brasileira, Nelly Novaes Coelho, faleceu em novembro de 2017, aos 95 anos de idade. Deixou um legado de valor não somente para a Literatura Infantil.

Reflexões sobre a literatura infantil

Curso ministrado por Ricardo Ramos Filho terá por objetivo abordar origens e preconceitos que cercam as questões de gênero e acontecerá em abril na sede da UBE em São Paulo.

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Jornal O EscritorUma publicação da União Brasileira de Escritores - Nacional

Rua Rêgo Freitas, 454, cj. 61, São Paulowww.ube.org.br

Textos: Cassia Janeiro,Fernanda Groke,Franthiesco Ballerini, Samuel Pinheiro GuimarãesRevisão: Grupo ColmeiaEditora: Sandra Juliana

Mais informações:[email protected]

Diretoria

Durval de Noronha Goyos Jr.Presidente

Ricardo de Medeiros Ramos FilhoVice-Presidente

Cláudio Willer2.º Vice-Presidente

Cássia JaneiroSecretária-Geral

Fábio Tucci Farah1.º Secretário

Sueli Carlos2.ª Secretária

Antonio Francisco C. Moura CamposTesoureiro-Geral

Djalma da Silveira Allegro1.º Tesoureiro

Nicodemos Sena2.º Tesoureiro

Conselho Consultivo e FiscalAnna Maria MartinsAudálio Ferreira DantasCarlos Alberto VogtLygia Fagundes TellesLuis AvelimaLuiz Alberto Moniz BandeiraSamuel Pinheiro Guimarães NetoWalter Natalino SorrentinoCaio Porfírio de Castro Carneiro

Diretores DepartamentaisFabio Lucas GomesDirce Lorimier FernandesBianca FerrariElisabete Vidigal HastingsJosé Domingos de BritoSandra Juliana SiniccoPaulo de AssunçãoRenata PallottiniLuis Antonio PaulinoLevi Bucalem Ferrari

• Durval de Noronha Goyos Júnior, presidente da UBE.

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Por duas vezes, no início de 2018, a União Brasileira de Escritores (UBE) denunciou manifestações recentes de disparates no Poder Judiciário do Brasil, que compro-metem o estado de Direito e a ordem jurídica estabelecida. No dia 24 de janeiro, nota da presidência da entidade repudiava o julgamento político e injurídico do ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, membro histórico da UBE, por motivações espúrias e que resultou em sua condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, convertido num tribunal de exceção.

Na referida nota, a UBE alertou que a condução do respectivo litígio não havia observado o devido processo legal, cerceou a defesa do réu, coagiu testemunhas e decidiu non sequitur, na base de provas inexistentes. A UBE alertou ainda que a cronologia do processo fugiu em muito aos padrões normalmente observados no Brasil, de morosidade muitíssimo maior, o que evidenciava uma sofreguidão em obter a inelegibilidade de Lula no próximo pleito presidencial.

Mais recentemente, em 24 de fevereiro de 2018, uma nova nota da presidência da UBE denunciava o processo de assédio e acossa-mento de um dos maiores cientistas brasileiros de todos os tempos, o Professor Doutor Elisal-do Carlini, da FAMESP, pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, para depoimento po-licial aos 88 anos de idade por “apologia ao crime”, como responsável de ter inserido a te-mática do uso medicinal da maconha no pro-grama de um seminário científico.

A UBE considera estar sob grande ameaça a democracia brasileira, alerta que um Judiciário fora da lei representa um grave risco institucio-nal e conclama os escritores brasileiros à defesa do estado de Direito.

DESCALABRO JUDICIÁRIO NO BRASIL

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União Brasileira dos Escritores

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2017 foi muito agitado para a UBE. No primeiro semestre de 2017 foram realizados eventos como palestras que abor-daram temas como Desafios da Educação no Brasil, por Re-gina Gadelha, A Atuação Educacional da TV Cultura, por Dr. Belisário Santos Jr. e Brasil e África: Rompendo as barreiras do desconhecimento, por Irene Vida Gala. Em julho, o presi-dente da UBE, Durval Noronha Goyos Jr., lançou o Manifesto pela União Nacional, onde clamou “a união de amplas for-ças políticas, econômicas e sociais, em torno de uma propos-ta de reconstrução e afirmação nacional, pode abrir caminho para a superação da crise atual” e que “tal proposta não pode ser apenas uma plataforma de metas econômicas e sociais, mas deve buscar sua inspiração no estado de espírito capaz de mobilizar amplamente os diversos atores da socie-dade, com o objetivo comum de ver o País progredir de for-ma que os benefícios do desenvolvimento sejam percebidos por todos eles, levando-os a se sentirem como seus protago-nistas ativos”. Ainda em junho de 2017, a UBE levou uma delegação de escritores brasileiros para a Feira do Livro de Lisboa, onde tiveram a oportunidade de ampliar o horizonte literário. A delegação contou com proclamação de poesias nos gramados da capital portuguesa, além de lançamento de livros e autógrafos. Dentre a programação da UBE para 87° Feira do Livro, esteve o Seminário de Homenagem a Mo-niz Bandeira, proferido na Universidade de Lisboa - ISCSP (Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Lisboa). Realizou ainda diversos lançamentos de livro como Shangai Lilly, de Antônio Paixão, heterônimo de Durval de Noronha Goyos Jr., na sede da entidade, em São Paulo.

No segundo semestre de 2017, a UBE não parou suas ativi-dades. As palestras, realizadas nos almoços de confraterni-

zação, foram do O Vinho na Literatura Portuguesa, por An-tonio Bravo, aos Horizontes Tempestuosos na Rota da Seda, por Sérgio Xavier Ferolla.

Realizou a Retrospectiva Poética de Renata Palotinni, segui-da por sua premiação no Prêmio Intelectual do Ano – Troféu Juca Pato. Em setembro, Caio Porfírio Carneiro, grande es-critor e contista brasileiro, associado e companheiro de lon-ga data da entidade foi homenageado.

No mesmo mês, a UBE se posicionou contra a censura com a Nota de Repúdio da União Brasileira de Escritores (UBE) À Cen-sura do Queermuseu. Em novembro, a sede na Rua Rego Frei-tas, encheu-se de poetas e escritores para celebrarem o lança-mento do livro Pé de Ferro & Outros Poemas, de Adalberto Monteiro, um evento em parceria com a Fundação Maurício Grabois. Foram publicados diversos livros pelo selo editorial da UBE, uma conquista recente e importante da associação. E, para fechar o ano, em dezembro de 2017, a UBE realizou a entrega do Prêmio Nelly Novaes Coelho de Literatura Infantil, concedido ao escritor araçatubense, Antonio Luceni.

Foi, também, um ano difícil para o Brasil, para a Literatura e para a UBE, de modo particular, que perdeu vários amigos e artistas associados. Foi o ano em que pessoas como Antonio Candido, Antônio Carlos Del Nero, Caio Porfírio, Chico Moura, Djalma Allegro, Luiz Alberto Moniz Bandeira, Luiz Alfredo Leme de Carvalho e Nelly Novaes Coelho, nos deixa-ram ou, como diria Guimarães Rosa, ficaram encantadas. Em 2018, há muitas atividades programadas. Não deixe de se associar e participar de debates e lançamentos sobre litera-tura no Brasil e no mundo.

Retrospectiva UBE 2017

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O MUTIRÃO CULTURAL, MOVIMENTO IDEALIZADO EM 1998 PELO ENTÃO ESCRITOR, E DIRECTOR DA UBE NA ÉPOCA, CARLOS FRYDMAN,VEM REALIZANDO UM NOTÁVEL TRABA-LHO NO ÂMBITO CULTURAL BRASILEIRO. CONFIRA ABAIXO ENTREVISTA COM SUELI CARLOS, UMA DAS PRINCIPAIS RES-PONSÁVEIS DESTA INICIATIVA.

1. COMO SURGIU O MUTIRÃO CULTURAL DA UBE?

A Comissão Diretora foi formada em 1998 por Carlos Frydman, Yara Stein (já falecida), primeira tesoureira da UBE; João Meireles Câmara, diretor; Nilza Amaral, diretora; Louri-val Farias Sodré, segundo tesoureiro e supervisão de Claudio Willer, presidente da UBE, empossada em reunião de direto-ria da UBE, ocorrida na Casa Mário de Andrade, onde a dire-toria se reunia periodicamente.

No início, a Secretaria Municipal de Cultura cedeu espaços em várias regionais para iniciar o primeiro ciclo de estudos Técnicas de Oratória com a pronta adesão do João Meireles Câmara, líder do Mutirão Cultural.que continua até os dias de hoje pautado em suas experiências das suas militâncias do antigo CORB – Centro de Oratória Rui Barbosa. Câmara já viveu mais de 70 anos dedicado à oratória.

O primeiro ciclo foi no Espaço Cultural Tendal da Lapa apre-sentando a Introdução à Oratória e desenvolvimento pesso-al, depois: Casa de Cultura Santo Amaro, Biblioteca Cecília Meireles, Biblioteca Mário de Andrade, Secretaria da Condi-

ção Feminina, Secretaria do Esporte e Lazer, Secretaria de Abastecimento e Agricultura do Governo de São Paulo - Par-que Dr. Fernando Costa, Viva o Centro, PUC, Associação Comercial de São Paulo, Conselho de Recursos Humanos Superintendência da Polícia Federal- SP, entre outras.

No Tendal da Lapa tivemos oficinas de teatro com a partici-pação do Departamento de Artes Cênicas da USP. Várias atividades já preencheram o quadro do Mutirão, além dos ciclos de Técnicas de Oratória, principalmente nos dez anos de permanência na Secretaria de Abastecimento e Agricultu-ra do Estado de São Paulo, no Parque Dr. Fernando Costa. São elas: Conferências e palestras com várias pessoas de destaque da sociedade; oficinas de poesia com Lourival Fa-rias Sodré; ciclo de Falar bem - visão fonoaudiológica, Psico-logia e oratória, Astrologia, Numerologia, História através do CEHAL-Centro de Estudos de História da América Latina, da PUC com a Profª Vera Lúcia Vieira.

“ Nosso objetivo não é formar oradores e sim mostrar às pessoas que elas podem alçar voos mais longos... “

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MUTIRÃO CULTURAL ENSINA A FALAR EM PÚBLICO

União Brasileira dos Escritores

52. QUAL É O PRINCIPAL OBJETIVO DAS ATIVIDADES PROMOVIDAS PELO

MUTIRÃO E HÁ QUANTO TEMPO ELE ATUA?

Neste ano completamos o 20o. aniversário tendo como ob-jetivo principal estimular o espírito crítico. Defendemos a tese de que “Falar bem é viver bem” (Isócrates). Através de nossas atividades divulgamos a cultura, a ética e moral; proporciona-mos ao público interessado o contato com diferentes fontes do saber; promovemos o desenvolvimento pessoal e a inte-gração social; provocamos o pensar falando e o falar pensan-do; trabalhamos o medo de falar ao público com o conheci-mento das técnicas milenares que a Oratória nos ensina.

Nosso objetivo não é formar oradores e sim mostrar às pes-soas que elas podem alçar voos mais longos e que têm tudo dentro de si para despertar para as infinitas oportunidades que a vida oferece. Portanto, passando a conhecer os conte-údos da oratória, das técnicas de organizar seu discurso, de elaborar seu raciocínio da melhor forma para comover, con-vencer ou deleitar qualquer público, seja ele grande auditó-rio ou uma única pessoa, em quaisquer situações a pessoa certamente terá bons resultados em sua vida.

3. VOCÊ CONSEGUE PERCEBER A MUDANÇA NAS PESSOAS QUE FRE-

QUENTAM OS CICLOS DE ESTUDOS E ORATÓRIAS? EM QUAL SENTIDO

ESSAS MUDANÇAS PODEM SER APLICADAS NO DIA A DIA?

Para o olhar bem atento, logo no segundo encontro, já é possível ver as alterações na postura, no andar e na inibição em menor grau dos participantes. Mas ainda é cedo para o participante considerar-se diferente.

No decorrer dos 2 meses do ciclo, percebemos o cresci-mento pessoal de todos que se dedicam a levar a sério a prática das Técnicas de Oratória. Explicamos sempre que nunca acabamos nossos estudos dentro da oratória, pois quando se para de praticá-la perdemos o que já havíamos conseguido. No decorrer vê-se maior confiança na prática dos exercícios, conseguem elaborar seu pensamento com lógica, com argumentação pertinente das ideias; ganham maior domínio do corpo e voz, conquistam simpatia do au-ditório. Relatam como os amigos enxergam sua mudança no trabalho, na família.

Ao final do ciclo, no encerramento propriamente, o discurso já é outro e fica visível e a todos que houve transformação. A cada discurso ouve-se o falar com autoridade, com forma e conteúdo organizados, defendendo sua tese com segurança e sabendo se portar perante o auditório. Muitos participantes voltam para repetir o ciclo e relatam o quanto puderam usu-fruir do seu crescimento nas oportunidades de trabalho.

4. QUANTAS PESSOAS APROXIMADAMENTE OS CURSOS PROMOVIDOS

PELO MUTIRÃO CULTURAL DA UBE JÁ CONSEGUIRAM ALCANÇAR?

Acredito que já atingimos mais ou menos 20 mil pessoas em várias entidades pelas quais passamos, com um público heterogêneo em várias faixas etárias e profissões.

VOCÊ PODE NOS CONTAR UM POUCO DA SUA EXPERIÊNCIA TRABA-

LHANDO COM ESSAS PESSOAS?

Sim. Gratificante é a palavra. Todo o trabalho desenvolvido é voluntário e todas as pessoas que se dedicaram a ele e con-tinuam, mostram total encantamento em participar contagia-dos pela disposição e dedicação do seu criador Carlos Fryd-man e do João Meireles Câmara. Ficamos admirados com o idealismo em proporcionar ao outro oportunidades de saber mais e praticar seus conhecimentos adquiridos, tudo doação, sem nada exigir em troca.Nenhum dinheiro compra a satisfa-ção de fazer aquilo que gostamos de fazer, de ensinar o que aprendemos e de ver as pessoas relatarem o quanto de bene-fício conseguiram apoiadas nos nossos laboratórios. Sim dize-mos que aqui ninguém erra e sim pratica seus exercícios. Exemplo: nas oficinas de poesia, foi possível editar as poesias; nos ciclos de Técnicas de Oratória, falar com maior autorida-de e propriedade; nos ciclos de Psicologia, conhecer-se mais profundamente; nos ciclos de Fonoaudiologia, falar com maior força, intensidade e beleza de voz, entre outros.

Eu conheci o Mutirão no ano 2000 no Parque Dr. Fernando Costa e participei do ciclo de Oratória e não saí mais. João Câmara fez o convite para falar sobre a Fonoaudiologia e montar meu próprio ciclo que aconteceu em 2001 no Tendal da Lapa. Foram vários ciclos em várias entidades com muitas experiências enriquecedoras. Depois Carlos Frydman fez o convite para coordenar o Mutirão e suas atividades.

6. NO QUE VOCÊ ACHA QUE ESSE CURSO SERIA UM DIFERENCIAL PARA

UM ESCRITOR?

Atualmente contamos com a colaboração do escritor Gou-veia de Hélias, que já frequentou vários ciclos de Técnicas de Oratória, ele mesmo declara que mudou muito sua maneira de falar e que facilitou sua atuação na divulgação de suas obras.

Mas não só para o escritor considero interessante, mas para todas as pessoas, pois existe uma grande falha na grade cur-ricular em todos os níveis do ensino em não oferecer as prá-ticas da Oratória aos seus alunos. Por isso nos formamos em uma profissão e saímos da faculdade com aquela dificuldade de falar, de mostrar nosso potencial.

7. QUAIS SÃO AS PRÓXIMAS DATAS DE REALIZAÇÃO?

Será o 52ª ciclo de estudos Técnicas de Oratória- Dr João M. Câmara: dias 17-24-31 de março; 07-14-21 de abril; 05-12 de maio de 2018.( 24 horas) Rua Galvão Bueno 83, Liberdade SP- estação do metrô. Inscrição: Tel 97394-8261 ou [email protected]

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O dicionário Aurélio define assédio como: “1. Pôr assédio, cerco a; 2. perseguir com insistência; 3. importunar com tentativas de contato ou relacionamento sexual”. Gosto de definições, porque elas dão um ponto de partida.

É claro que existem mulheres que assediam. Contudo, por não terem, em número e grau de violência, rele-vância, esse texto se propõe a abordar apenas o assé-dio masculino.

As denúncias de assédio sexual em Hollywood acenderam um debate importante sobre o tema. No Brasil, o caso do homem que ejaculou numa moça em transporte público em São Paulo causou indignação e repulsa. O juiz que decretou a soltura alegou que “[...] não houve constrangimento tam-pouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava senta-da em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado”.

Não sei o que as 100 francesas que assinaram a carta que afirma o “direito de importunar” dos homens, entre elas a famosa atriz Catherine Deneuve, entendem por importunar. É preciso compreender contextos culturais e também históricos para que isso não vire uma guerra entre as mulheres e para que a liberdade sexual, uma inequívoca conquista, não este-ja em jogo. O fato é que por essas bandas, pode-se inferir que o juiz entendeu que o sujeito que ejaculou apenas im-portunou a moça.

Ainda no Brasil, Danuza Leão publicou um texto no jornal “O Globo”, em que dizia que “[...] toda mulher deveria ser asse-diada, pelo menos, três vezes por semana para ser feliz”. Eu me pergunto como deve ser a vida de quem depende de as-sédio para se sentir bela e desejada. No entanto, culpar Danu-za por sua opinião é deixar de perceber a naturalização e a permissividade do comportamento masculino, que estão sus-tentadas, não por Danuza, mas por uma cultura que aceita uma suposta superioridade dos homens sobre as mulheres.

Sempre me incomodou essa naturalidade do assédio com a qual as mulheres convivem diariamente. Ela vai desde a fa-mosa cantada na rua, que varia de um “psiu” a palavras que me recuso a transcrever, ao estupro, que, embora não entre na categoria de assédio, não deixa de ser fruto dessa natura-lização. Parafraseando Gandhi, a pequena violência impetra-da cotidianamente é precursora dos grandes crimes.

É na esteira da naturalidade que encontramos frases como: “É coisa de homem”, “homem não presta mesmo”, “homem tem muito hormônio” etc. Frases como essas (e muitas outras) aca-bam por dar permissão e perdão ao mesmo tempo; elas justifi-cam o assédio e o tornam uma coisa banal. De onde vem isso?

Segundo Heloísa Buarque de Almeida1, professora de antropo-logia da Universidade de São Paulo (USP) e integrante da Rede Não Cala USP, composta por professoras que lutam pelo fim da violência sexual e de gênero na universidade, “Durante muito

PELO DIREITO DE NÃO SER INCOMODADAPor Cássia Janeiro

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1 Entrevista para o site UOL. Disponível em: <https://estilo.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2018/02/02/homem-nao-se-controla-sobre-as-lendas-sociais-que-perdoam-o-assedio.htm>. Acesso em: 21 fev.2018.

União Brasileira dos Escritores

7tempo, foi naturalizado, no Brasil, o fato de os homens se com-portarem como predadores sexuais, e isso seria positivo, um si-nal de masculinidade, de virilidade e de força. Essas lendas vêm dessa naturalização”. Esse pressuposto inferioriza as mulheres e trata do fenômeno do assédio como algo inevitável, um dado contra o qual não se pode lutar. A cultura, contudo, é algo mu-tável. O que era aceitável há muitos anos, não é mais hoje.

Um exemplo disso são os programas de TV, especialmente os da TV aberta. Gosto de assistir a novelas antigas, porque elas mostram o grau de evolução da sociedade, uma vez que são meios de comunicação de massa. Em uma cena delas, vi um homem estuprando uma mulher. No fim das contas, ela não apenas cede, mas responde positivamente à afirmação dele:

“Eu sei que você gostou”. Isso seria inimaginável hoje! Para piorar, a cena era feita por José Mayer, alvo de um recente escândalo de assédio.

É assim que, com as transformações sociais, as mulheres não são mais obrigadas a aceitar como natural o que foi constru-ído e alimentado culturalmente. O poderoso discurso de Oprah Winfrey no Globo de Ouro, anterior à carta assinada pelas francesas, lavou a alma de muitas mulheres que foram assediadas, porque tirou do espaço da naturalização um tema que sempre encontrou abrigo na cultura machista.

Já o texto das francesas, segundo Heloísa, “não parece per-ceber a diferença entre uma paquera (algo recíproco, de in-teresse mútuo) e um assédio (que inclui algum tipo de pres-são e ameaça), e supõe que denunciar o assédio seja algo como ser contra o sexo, ser moralista”. Além disso, Heloísa aponta que “[...] há nesse tema do assédio, certamente, um

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corte geracional. Muita mulher no Brasil, como Danuza Leão, pode concordar com Deneuve. Mas as duas talvez não entendam bem o que as mais jovens estão dizendo. Elas fa-lam de um lugar de mulheres de classe alta, que não preci-sam enfrentar a ameaça de serem encoxadas no metrô ou no ônibus, como acontece cotidianamente com as que an-dam de transporte coletivo nas grandes cidades”.

A paquera e o jogo de interesses sexual nada têm a ver com assédio. Isso sempre existiu e sempre existirá. Os homens precisam perceber quando não existe reciprocidade. Isso pode acontecer quando a mulher diz um categórico “não” ou com a não correspondência de um olhar. E existem, ain-da, aquelas pessoas que paqueram e, na hora “h”, desistem,

o que é um direito de toda a mulher. Entendemos a brocha-da de um homem, mas não a de uma mulher.

Além disso, a empatia cai bem. Imagine o que é andar numa rua e ouvir algo sobre seu corpo de uma pessoa desconheci-da. Não! Isso não é elogio. E não! A culpa não é da moça que anda de mini-saia, porque é muita pretensão masculina achar que nós nos vestimos para eles e particularmente para aque-le homem que se vê no direito a invadir o espaço da mulher.

É muito comum que a responsabilidade pelo assédio recaia sobre a vítima. Também faz parte da nossa cultura que a mulher que sai num determinado horário ou com a roupa “x” esteja querendo provocar. Outro dia li que uma moça foi estuprada num meio de transporte por aplicativo. Ela afir-mou que tinha bebido e os comentários foram impiedosos. Um deles dizia: “Esperava o que depois de beber?” Ao que respondi: “Ressaca. Ela esperava uma ressaca”.

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876 ANOS DE UBEPor Fábio Siqueira

Em 14 de março de 1942, na cidade de São Paulo, um grupo de escritores deci-diu criar uma entidade associativa com a finalidade de difusão da literatura, do pensamento e da cultura em âmbito na-cional. Nascia então a Sociedade dos Es-critores Brasileiros (S.E.B) sob a presi-dência do renomado literato e crítico de arte Sérgio Milliet e que contava em sua nascente diretoria, com nomes ilustres como Mário de Andrade e Sud Mennucci. Em plena observância do precípuo obje-tivo da constituição de uma entidade nacional de Escritores, esse grupo fun-dador, majoritariamente paulista entra em tratativa com um representativo conjunto de escritores radicados na en-tão Capital Federal, a Cidade do Rio de Janeiro, dentre os quais é possível citar Manuel Bandeira, Octávio Tarquínio de

Sousa, Carlos Drummond de Andrade e Aníbal Machado. Em novembro do mes-mo ano, a S.E.B tem seu nome alterado, de comum acordo entre as partes pactu-antes, para Associação Brasileira de Es-critores (A.B.D.E).

E esse foi o início da bonita história da UBE, nome que se consolidou em 17 de janeiro de 1958, com a fusão da A.B.D.E com a Sociedade Paulista de Escritores (a antiga ABDE seção São Paulo, cindida em 1951). Deste novo marco para hoje, foram dezoito presidências, cinqüenta e dois intelectuais brasileiros laureados com o Troféu Juca Pato, prêmio para o Intelectual do Ano, dois Congressos Bra-sileiros de Escritores (1985 e 2011) e cen-tenas de atividades, premiações, deba-tes, pronunciamentos, iniciativas, tudo isso com o nobre objetivo de dar voz a

esse segmento tão fundamental para a Cultura de quaisquer nação, os operosos artistas da Escrita. Viva a UBE e aplaudo a sua dignificante história.

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VISIBILIDADE PARA AS OBRAS DOS ASSOCIADOS Nome com biografia e todos os trabalhos divulgados no sítio da UBE. Realizar lançamentos de livros no espaço físico da UBE sem custo algum. Ter sua edição autofinanciada publicada com o selo da UBE – editora (em formação). Ter seus artigos publicados no tradicional “O Escritor”. Ter seus trabalhos e notícias de eventos publicados nas plataformas das mídias sociais da UBE.

PARTICIPAÇÕES DOS ASSOCIADOS Participar da mais tradicional e antiga associação de escritores do Brasil. O associado da UBE recebe convites de lançamentos de livros de autores de todo o Brasil. Acesso gratuito às feiras de livros em que a UBE estiver presente, com direito à realização de lançamentos de livros no estande da UBE. Participar como conferencista ou audiência dos cursos e programas oferecidos pela UBE nas áreas de prosa, poesia, oratória, cinema, história, ciências, direito, jornalismo e outros temas atuais. Participação em comissões temáticas da UBE. Concorrer nos prêmios literários e sociais oferecidos pela UBE. Participação no conselho editorial da UBE Editora.

PRIVILÉGIOS DOS ASSOCIADOS Usufruir da Biblioteca do Escritor, do Espaço do Escritor, Auditório do Escritor, e das novas instalações. Usufruir dos convênios internacionais da UBE e participar das delegações da UBE e eventos em outros países. Usufruir dos convênios da UBE, como o de mediação com serviços gratuitos da FGV-SP. Realizar o seu evento cultural no Auditório do Escritor e/ou Espaço do Escritor. Usar a medalha Mário de Andrade, privilégio do escritor brasileiro afiliado à UBE nas cerimônias oficiais. Conviver com a fina flor da intelectualidade brasileira.

www.ube.org.br

SAIBA AS VANTAGENS DE SER FILIADO AO UBE

União Brasileira dos Escritores

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Poeta Djalma Allegro dedicou sua vida à UBE

O advogado e poeta Djalma Allegro, tesoureiro da União Brasileira de Escritores (UBE) e seu membro histórico faleceu em dezembro de 2017, na cidade de São Paulo, aos 79 anos. Djalma Allegro foi um ativo componente da UBE e presença constante em todas as reuniões de diretoria e eventos literá-rios. Durante os anos sombrios da ditadura militar, posicio-nou-se sempre em prol do Estado de Direito e das liberdades democráticas. Foi também jornalista, ator de teatro e televi-são. Seu livro de poesias “Retomada”, de 1999, editado por Massao Ohno e com capa de Arcangelo Ianelli, prima pela técnica e sensibilidade.

São seus os versos:“Os sonhos se perderam na consciênciae a fantasia dizimou-se de razão;o amor não é mais a chama, é uma ciênciadescolorida e vá, no coração”.

A UBE está de luto.

UBE São José do Rio Preto perde Antonio Carlos Del Nero

O fundador e presidente da Academia Rio-Pretense de Letras e cultura até 2016, vice-presidente do Rio Preto Automóvel Clube e coordenador de Núcleo da UBE de São José do Rio Preto,o advogado e escritor Antonio Carlos Del Nero faleceu no dia 19.12.2017 naquela cidade. Era um militante das grandes causas. Foi também articulista do Diário da Região, onde escrevia sobre questões tributárias. Foi um conselheiro ativo da Academia Brasileira de Direito Tributário.

Desde o início do ano, trabalhava na Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto. Del Nero, coordenava e comparecia a todos os eventos da UBE em sua cidade e foi sempre um associado entusiasta.

Deixa uma legião de amigos e admiradores.

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Faleceu no dia 29 de novembro de 2017, aos 95 anos de ida-de, a escritora Nelly Novaes Coelho,. A professora, mestra e doutora, criou em 1980 a primeira cadeira sobre literatura in-fanto-juvenil na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Hu-manas da Universidade de São Paulo, e, passou a ser uma refe-rência no meio literário por seus estudos aprofundados sobre Literatura Infantil. Nelly Novaes Coelho produziu uma série de publicações editoriais como Literatura Infantil - Teoria, análise, didática (1981), que foi sucedido por Crítico da Literatura In-fantil/Juvenil (1983), Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil (1984) e, finalmente, O Conto de Fadas – símbolos, mitos, arquétipos (1987); no qual ela posiciona a literatura, seu objeto de pesquisa e lazer, como “antídoto à robotização que retira o homem de sua essência e de sua atuação como ser de linguagem”. Engajou-se em estudos sobre escritoras brasilei-ras, organizando e liderando os trabalhos do Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras (2002). Em 2015, a UBE criou o prêmio que leva o nome da escritora, o Prêmio Nelly Novaes Coelho de Literatura Infantil em sua homenagem.

Nelly Novaes Coelho - Um marco para a literatura infantil brasileira

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ACONTECE NA UBE

CURSO REFLEXÕES SOBRE LITERATURA INFANTIL

Sobre o facilitador

Ricardo Ramos Filho é escritor, com livros editados no Brasil e no exterior, publica-dos em Portugal e nos Estados Unidos. Mestre em Letras no Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Por-tuguesa, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, e doutorando no mesmo pro-grama. Desenvolve pesquisa na área de li-teratura infantil e juvenil, onde vem tra-balhando academicamente Graciliano Ramos, privilegiando o olhar sobre seus textos escritos para crianças e jovens.

SERVIÇO

Data: 23.04.18.

Horário: das 19:30 às 22:00.

Local: sede da UBE (Rua Rêgo Freitas, 454 - 6º andar - São Paulo – SP).

Público-alvo: todos os interessados em Literatura Infantil

Investimento: - 200,00 - público em geral.

- 100,00 - associados da UBE, aposentados, professores e estudantes.

Inscrições e mais informações: [email protected]

O mercado editorial infantil vem se expandindo no Brasil, com muitas editoras trabalhan-do exclusivamente nesse segmento. A UBE resolveu retomar sua grade de cursos iniciando o programa de 2018 abordando a Literatura Infantil com Ricardo Ramos Filho, um espe-cialista no assunto e neto de Graciliano Ramos.

O que é literatura infantil, quais são suas origens? Os preconceitos que cercam o gênero. Vínculos com o conto popular. A concisão, a oralidade e o vocabulário familiar. Elemen-tos presentes: o viés cômico, a fantasia, a busca da felicidade, os desafios, a procura do autoconhecimento, o velho contra o novo, a magia, o final feliz. Realidade e ficção. O problema da lição e da intenção didática. Os livros ilustrados e os picture books. De que crianças estamos falando: de três, cinco, sete, nove ou onze anos? Como escrever um texto para elas?

Serão oferecidas duas vagas para alunos do Ensino Médio matriculados em escolas públicas. Para concorrer às vagas, estes alunos devem enviar uma redação com o tema “Literatura para Crianças”, para [email protected], de até 30 linhas, para ser avaliada. Junto com a redação, deverão estar o comprovante de matrícula em escola pública e a cópia do documento de identidade, que de-verão ser enviados para o mesmo e-mail.

Ministra diversos cursos e oficinas literá-rias: como aprimorar o texto, literatura infantil, roteiro de cinema, poesia, conto, crônica, romance. É roteirista de cinema com roteiros premiados. Atua como coach literário, orientando clientes na elabora-ção de seus livros. É cronista do Escritab-log, publicando no espaço Palavra de Cro-nista, e da revista eletrônica portuguesa InComunidade. Participa como jurado de concursos literários: Proac, Portugal Tele-com, Prêmio São Paulo de Literatura, Oce-anos. É vice-presidente da União Brasileira dos Escritores (UBE), São Paulo. Como só-cio-proprietário da Ricardo Ramos Filho

Eventos Literários cria e produz eventos culturais. Possui graduação em Matemáti-ca pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1986).

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