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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE ANIMAL DIVERSIDADE DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA E PAPILIONOIDEA) EM ÁREAS VERDES URBANAS DE SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Renata Lemes Santa Maria, RS, Brasil. 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE ANIMAL

DIVERSIDADE DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA E PAPILIONOIDEA) EM ÁREAS

VERDES URBANAS DE SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Renata Lemes

Santa Maria, RS, Brasil.

2012

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DIVERSIDADE DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA:

HESPERIOIDEA E PAPILIONOIDEA) EM ÁREAS VERDES

URBANAS DE SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL,

BRASIL

Renata Lemes

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, da Universidade Federal de Santa Maria,

como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Biodiversidade Animal.

Orientadora: Prof. Dra. Ana Beatriz Barros de Morais

Santa Maria, RS, Brasil.

2012

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Naturais e Exatas

Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado

DIVERSIDADE DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA E PAPILIONOIDEA) EM ÁREAS VERDES URBANAS DE SANTA

MARIA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

elaborada por Renata Lemes

como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas - Área Biodiversidade Animal

COMISSÃO EXAMINADORA:

Ana Beatriz Barros de Morais, Dra. (Presidente/Orientador)

Nicolás Oliveira Mega, Dr. (UFRGS)

Márcia Regina Spies, Dra. (UNIPAMPA)

Santa Maria, 27 de fevereiro de 2012.

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AGRADECIMENTOS

Em especial, à minha orientadora, Profª. Drª. Ana Beatriz Barros de Morais, por ter aceitado me orientar, pela ajuda na escrita da dissertação e por me apresentar ao mágico mundo das borboletas.

Aos meus pais, Ronald e Elisabeth, pelo amor e incentivo aos estudos.

Ao meu irmão, Lucio, pelo carinho, incentivo e por ser a minha grande inspiração.

Ao meu noivo, Deivid, pelo amor, incentivo, paciência e “parceria” nos dias mais quentes de campo. Com certeza foi o meu melhor ajudante de campo.

Aos responsáveis pelas Instituições situadas nos locais de pesquisa, Sítio Domingues e Cemitério Santa Rita de Cássia, pela autorização para a realização do trabalho.

Aos colegas do Laboratório de Interações Inseto-Planta (UFSM), Ana Paula, Geisa, Ricardo, Ana Luiza e Junir, pelo apoio, momentos de descontração e ajudas em campo. Um obrigada em especial à Taíse que me ajudou com uma paciência inigualável nos programas estatísticos.

Às amigas do tempo de graduação, Lauren, Lara, Cristiéli e Letícia, pelo companheirismo, pelas risadas e angustias compartilhadas.

À amiga Camila, que mesmo longe, se faz presente nos e-mails. Ela, que começou na vida acadêmica junto comigo e que também é uma apaixonada pelas borboletas.

Aos Doutores Olaf Mielke, Alfred Moser, Curtis Callaghan e André Freitas pelas valiosas identificações de Hesperiidae, Lycaenidae, Riodinidae e Actinote.

À CAPES pela concessão da bolsa de estudo.

Às Borboletas, por me encantarem, me emocionarem e me ensinarem a ver o mundo de uma forma diferente. Espero que nunca faltem parques e jardins para elas se refugiarem.

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...dou respeito às coisas desimportantes

e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas mais que as dos mísseis.

Tenho em mim esse atraso de nascença.

Eu fui aparelhado

para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso...

(Manoel de Barros)

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RESUMO

Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal

Universidade Federal de Santa Maria

DIVERSIDADE DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA E PAPILIONOIDEA) EM ÁREAS VERDES URBANAS DE SANTA

MARIA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL AUTORA: RENATA LEMES

ORIENTADORA: ANA BEATRIZ BARROS DE MORAIS DATA E LOCAL DA DEFESA: SANTA MARIA, 27 DE FEVEREIRO DE 2012.

Áreas verdes urbanas podem proporcionar muitos recursos alimentares e condições para abrigar algumas espécies animais, especialmente os de pequeno porte como os insetos.Visando analisar a diversidade de borboletas em áreas verdes urbanas de Santa Maria, Rio Grande do Sul, foram realizadas 12 saídas a campo mensais, através da procura ativa com redes entomológicas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, em um gradiente urbano. Os locais de amostragem foram: Avenida Presidente Vargas (PV) e Parque Itaimbé (PI) no centro da cidade, e Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD) na periferia da cidade. Em 360 horas de amostragem, foram registrados 2531 indivíduos, distribuídos em 132 espécies. Destes, 57,36% pertenceram a família Nymphalidae, 15,96% a Hesperiidae, 14,02% a Pieridae, 12,54% a Papilionidae, 2,68% a Lycaenidae e 2,37% a Riodinidae. Foram registradas três espécies de borboletas ainda não descritas para o estado e 22 para Santa Maria. SD apresentou maior riqueza e abundância de espécies. A menor riqueza e abundância foi observada em PV. Cerca de 33,33% foram exclusivas de um dos locais, destes 25% foram “singletons”. Os índices de diversidade de Shannon-Wiener e de Margalef tiveram a mesma ordenação entre os locais, sendo maiores em SD e menores em PV. Os índices de dominância de Simpson e de Berger-Parker, por sua vez, foram mais representativos em PV e PI e menos em SD. A ordenação do NMDS evidenciou uma nítida segregação dos locais estudados, em decorrência do gradiente urbano avaliado, formando dois grupos distintos: áreas urbanas periféricas e centrais. Esses resultados foram confirmados pela análise de similaridade. A análise de porcentagem de dissimilaridade mostrou que Pyrgus orcus (Stoll, 1780) e Junonia evarete (Cramer 1779) tiveram maior contribuição para a diferenciação de áreas urbanas periféricas e centrais. A similaridade entre a composição de espécies de borboletas das áreas periféricas foi 48,45%, destacando-se Actinote melanisans Oberthür, 1917 e Phoebis neocypris neocypris (Hübner, [1823]). Já a similaridade das áreas centrais foi 50,20%, com maior contribuição de Hermeuptychia hermes (Fabricius 1775) e Junonia evarete (Cramer, 1779). De todas variáveis ambientais mensuradas, apenas temperatura apresentou relação com a abundância de borboletas. Em suma, a fauna de borboletas de áreas verdes urbanas do município de Santa Maria foi muito rica e abundante e sua diversidade diminuiu com o aumento do gradiente de urbanização.

Palavras-chave: Gradiente urbano. Riqueza de espécies. Similaridade.

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ABSTRACT

Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal

Universidade Federal de Santa Maria

DIVERSITY OF BUTTERFLIES (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA AND PAPILIONOIDEA) IN URBAN GREEN AREAS OF SANTA MARIA, RIO GRANDE

DO SUL, BRAZIL AUTORA: RENATA LEMES

ORIENTADORA: ANA BEATRIZ BARROS DE MORAIS DATA E LOCAL DA DEFESA: SANTA MARIA, 27 DE FEVEREIRO DE 2012.

Urban green areas can provide many feeding resources and conditions to harbor some animal species, especially small ones as insects. To analyze the diversity of butterflies in urban green areas in Santa Maria municipality, state of Rio Grande do Sul, 12 entomological net field samplings were carried out monthly from August 2010 to July 2011 on a gradient of urbanization. Sampling areas were: Presidente Vargas agene (PV) and Itaimbé Park (IP), located downtown, and Cemetery St. Rita (CSR), Mariano da Rocha Hill Monument (MMR) and Domingues Farm (SD). In 360 sampling hours, 2531 individuals were registered and distributed in 132 species. Of these, 57,36% belonged to the family Nymphalidae, 15,96% to Hesperiidae, 14,02% to Pieridae, 12,54% to Papilionidae, 2,68% to Lycaenidae and 2,37% to Riodinidae. Three butterfly species are new records for the State and 22 to Santa Maria municipality. SD presented the greatest richness and abundance of species and PV the lowest ones. About 33,33% of the species were exclusive from each one of the areas and 25% of these were singletons. Diversity indices of Shannon-Wiener and Margalef were higher in PV and PI and lower in SD. The dominance index of Simpson and Berger-Parker, were among representative at PV and PI in SD. The NMDS ordination showed a clear segregation of the studied areas, due to the urban gradient evaluated, forming distinct groups among themselves, peripheral and downtown areas, confirmed by the similarity analysis. The analysis showed that the percentage of dissimilarity of Pyrgus orcus (Stoll, 1780) and Junonia evarete (Cramer 1779) had a greater contribution to the differentiation of areas. The similarity between the species composition in peripheral areas was 48,45%, highlighting Actinote melanisans Oberthür, 1917 and Phoebis neocypris neocypris (Hübner, [1823]). The similarity of the downtown areas was 50,20%, greatest contribution of Hermeuptychia hermes (Fabricius 1775) and Junonia evarete (Cramer, 1779). Of all environmental variables measured, only "temperature" was correlated with the abundance of butterflies. Concluding, the butterfly fauna of urban green areas of Santa Maria municipality was very rich and abundant and had its diversity declined with the increasing urbanization gradient. Keywords: Similarity. Species richness. Urban gradient.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Localização do município de Santa Maria, RS, Brasil. ....................................... 32

Figura 2 – Localização das áreas verdes urbanas amostradas no município de Santa Maria, RS. Avenida Presidente Vargas (PV); Parque Itaimbé (PI); Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues(SD). ......................................................................... 33

Figura 3 – Representatividade de abundância (A) e riqueza (B) entre as famílias de borboletas em áreas verdes urbanas de Santa Maria, RS, entre os meses de agosto de 2010 e julho de 2011. .......................................................................... 42

Figura 4 – Curva de acumulação de espécies e estimadores de riqueza (desvio padrão) de borboletas em cinco áreas verdes urbanas de Santa Maria, RS. (A) Avenida Presidente Vargas (PV); (B) Parque Itaimbé (PI); (C) Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); (D) Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR); e (E) Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011. ................................................................................................... 50

Figura 5 – Distribuição das frequências relativas de borboletas em cinco áreas verdes urbanas de Santa Maria, RS. (A) Avenida Presidente Vargas (PV); (B) Parque Itaimbé (PI); (C) Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); (D) Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR); (E) Sítio Domingues (SD); e (F) todos locais (total), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011. *: espécies dominantes (fr > 0,1) em cada local. .................................. 51

Figura 6 – Diagrama de ordenação NMDS da composição de espécies de borboletas em cinco áreas verdes urbanas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS. Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD). ........................................................................ 54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Lista e abundância de espécies de borboletas registradas na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011. S: riqueza de espécies; *: espécies com novo registro em Santa Maria, RS; ◊: espécies com novo registro no Rio Grande do Sul; +: espécies representadas por um único indivíduo (“singletons”); °: espécies exclusivas. ................................................ 38

Tabela 2 – Riqueza de espécies por família (%) em comunidades de borboletas no Brasil, Rio Grande do Sul (RS) e Santa Maria (SM). B; F: BROWN; FREITAS (1999); M: MORAIS et al. (2007); D; M: DESSUY; MORAIS (2007); AU: Áreas Verdes Urbanas de Santa Maria, RS. ................................... 43

Tabela 3 – Composição das espécies de borboletas registradas em Fragmentos de Floresta Estacional Decidual por DESSUY; MORAIS, 2007 (D; M) e Áreas Verdes Urbanas de Santa Maria, RS (AU). ......................................................... 44

Tabela 4 – Riqueza (S), abundância (N), índice de Diversidade Shannon-Wiener (H’) e de Margalef (Dmg), índice de Dominância de Simpson (D) e de Berger-Parker (d), número de espécies exclusivas, número de espécies exclusivas > 1 e número de espécies representadas por um único indivíduo (“Singleton”), registradas na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011. .......................................................................................... 52

Tabela 5 – Análise de porcentagem de dissimilaridade (SIMPER) para as espécies de borboletas de maior contribuição para a diferenciação das áreas centrais e periféricas no período entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS. ....................................................................................................................... 54

Tabela 6 – Análise de porcentagem de similaridade (SIMPER) para as espécies de borboletas de maior contribuição para a diferenciação das áreas centrais e periféricas no período entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS. ....................................................................................................................... 55

Tabela 7 – Abundância (A) e riqueza (B) das famílias de borboletas, por ocasião amostral, registradas na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011. .......................................................................................... 56

Tabela 8 – Indicadores ambientais (média e desvio padrão) registrados na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD) no período entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS. .......... 57

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Áreas verdes urbanas amostradas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS. (A) Avenida Presidente Vargas (PV); (B) Parque Itaimbé (PI); (C) Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); (D) Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e (E) Sítio Domingues (SD). ................................... 69

Anexo B – Localização das áreas verdes urbanas amostradas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS e áreas amostradas por DESSUY; MORAIS, 2007. Avenida Presidente Vargas (PV); Parque Itaimbé (PI); Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD). ........................................................................................ 71

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................... 13 1.1 Borboletas ..................................................................................................................... 13 1.2 Ecossistemas urbanos e gradientes de urbanização .................................................. 14 1.3 Estudos da fauna urbana de borboletas .................................................................... 16 1.4 Conhecimento atual sobre a fauna de borboletas na região de Santa Maria, RS .. 18 1.5 Objetivos ....................................................................................................................... 20

1.5.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 20 1.5.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 20

1.6 Referências bibliográficas ........................................................................................... 20

2 ARTIGO ............................................................................................................................... 27

DIVERSIDADE DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA E PAPILIONOIDEA) EM ÁREAS VERDES URBANAS DE SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL ................................................................................................ 27

2.1 Introdução .................................................................................................................... 29 2.2 Material e Métodos ...................................................................................................... 31

2.2.1 Área de estudo ..................................................................................................... 31 2.2.2 Amostragem ......................................................................................................... 35 2.2.3 Análise de dados .................................................................................................. 36

2.3 Resultados e discussão ................................................................................................. 38 2.4 Agradecimentos ............................................................................................................ 58 2.5 Referências Bibliográficas ........................................................................................... 58

3 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 66

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INTRODUÇÃO GERAL

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1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 Borboletas

A ordem Lepidoptera é a segunda mais rica em número de espécies de todos os

animais, com 146.277 espécies descritas e 255.000 estimadas no mundo (HEPPNER, 1991).

As mariposas representam a grande maioria dos insetos desta ordem, com cerca de 127.000

(87%) espécies descritas, distribuídas em 25 superfamílias. Já as borboletas, diferem das

mariposas principalmente por apresentarem antenas claviformes, corpo pequeno e hábitos

predominantemente diurnos (BROWN; FREITAS, 1999; TRIPLEHORN; JOHNSON, 2005)

e compreendem entre 17.280 a 19.238 espécies descritas no mundo das quais se estima que

7.784 a 7.927 tenham distribuição neotropical (LAMAS, 2008). No Brasil, encontra-se quase

metade dessa riqueza, entre 3.100 (BECCALONI; GASTON, 1995) a 3.288 espécies

(BROWN; FREITAS, 1999). No estado do Rio Grande do Sul, encontram-se pelo menos 679

espécies registradas (MORAIS et al., 2007). Estas estão distribuídas em seis famílias:

Hesperiidae, Papilionidae, Pieridae, Riodinidae, Lycaenidae e Nymphalidae.

As borboletas são terrestres e seu ciclo de vida é completo (holometábolo), o qual

inicia com um estágio de ovo que é colocado sobre a planta hospedeira. Na maioria das vezes,

o ovo é colocado na parte inferior das folhas, para protegê-los da chuva, dessecação e

radiação solar. Os ovos podem ser depositados isoladamente ou em grupos (TRIPLEHORN;

JOHNSON, 2005). Logo após, se sucede um estágio larval onde onde os indivíduos são

chamados de lagartas e há grande crescimento devido à alimentação fitófaga. Posteriormente,

há um estágio de pupa ou crisálida, este é um período de repouso aparente, onde a pupa

permanece imóvel, sem alimentar-se, porém em seu interior ocorrem grandes tranformações

para a vida adulta. No estágio de imago, ou fase adulta, seu corpo adquire asas membranosas

cobertas por escamas e o aparelho bucal é modificado em uma estrutura de sucção,

denominada probóscide ou espirotromba. A alimentação dos adultos deixa de ser fitófaga

como nas lagartas, e passa a ser ingestão de néctar ou líquidos provenientes de secreções da

plantas, frutos fermentados e até dejetos ou carcaças (BROWN; FREITAS, 1999).

As borboletas estão envolvidas em uma série de interações ecológicas dentro das

comunidades a que pertencem, destacando-se as mutualísticas (polinização) e de predação

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(herbivoria), dentre outras. Elas ainda servem como modelo em pesquisas de ecologia de

populações e comportamento (pela facilidade de marcação nas asas), genética da seleção

natural e em fatores e processos biológicos básicos como: alimentação, parasitismo,

competição e predação (identificação de substâncias tóxicas presentes, camuflagem e

mimetismo). No Brasil, elas são objeto de muitos estudos científicos, podendo ainda ser

usadas como indicadoras em levantamentos de fauna e determinação de prioridades,

planejamento e administração de reservas naturais (BROWN, 1992). Além disso, por

possuírem representantes com tamanho grande, coloridos e fácil visualização, as borboletas

podem ser usadas como espécies “bandeiras” para a conservação e indicadores ambientais.

Adicionalmente, por serem comum o ano inteiro, apresentarem grande diversidade, facilidade

de amostragem e identificação, ciclos de vida relativamente curtos e de fácil criação em

laboratório, destacam-se para estudos de monitoramento ambiental (DE VRIES, 1987; NEW,

1997; BROWN; FREITAS, 1999).

Algumas espécies de borboletas são especializadas em determinados recursos

específicos e possuem fidelidade de microhabitat e assim respondem, rapidamente, a

alterações ambientais. Desta forma, o biomonitoramento de borboletas permite a identificação

de alterações e adoção de ações rápidas como relação à degradação do habitat. Sua presença

pode indicar continuidade de sistemas frágeis e comunidades ricas em espécies enquanto sua

ausência, reflete uma perturbação, fragmentação ou envenenamento forte demais para manter

a integridade dos sistemas e das paisagens (NEW, 1997; BROWN; FREITAS, 1999).

1.2 Ecossistemas urbanos e gradientes de urbanização

Ecossistemas urbanos são ambientes com alta densidade populacional humana, onde

as construções cobrem grande parte da superfície, levando a uma significativa diminuição,

fragmentação e isolamento de áreas naturais (PICKETT et al., 2001). A atividade humana

implica em profundas alterações na distribuição e fisionomia destes habitats, através da

introdução de estruturas artificiais como casas, muros e outras construções de larga escala

(HARDY; DENNIS, 1999). Os efeitos da perturbação antrópica sobre a diversidade de

espécies nas paisagens urbanas incluem a perda de espécies, a redução do habitat adequado, a

criação de novo habitat e introdução das espécies (BUDDLE; CÁRDENAS, 2009). Os

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animais que vivem nestas áreas urbanas estão sujeitos a condições que, em determinados

locais da cidade, encontram-se muito aquém de seu ótimo ecológico (RUSZCZYK, 1986c).

A maioria dos padrões de diversidade de espécies pode ser explicada em termos de

gradientes ambientais (GASTON, 1996; BEGON et al., 2006). Os habitats e os recursos

alimentares mudam fortemente entre os locais com diferentes níveis de desenvolvimento

urbano (RUSZCZYK, 1986b). Tal gradiente modifica a composição da vegetação e sua fauna

associada nos diferentes locais das cidades. A ocorrência dos animais está relacionada com o

gradiente urbano no sentido centro bairro porque este é também o condicionador de outros

gradientes sobre a fauna como porcentagem de cobertura vegetal, porcentagem de

pavimentação do solo, poluição do ar, entre outros (RUSZCZYK, 1986b, d).

O sucesso na adaptação de uma espécie de borboleta a um novo ambiente, está

diretamente relacionado a sua ecologia em condições naturais. Apenas espécies resistentes ou

colonizadoras e melhor adaptadas a condições desfavoráveis do meio atingem densidades

populacionais altas (BROWN; FREITAS, 1999). Dentro de ambientes urbanos essas espécies

tendem a dominar a assembléia de borboletas (BLAIR; LAUNER, 1997). Assim, de modo

geral, as assembléias de borboletas são comprometidas sob perturbações antrópicas, pois

possuem estreita relação com elementos da vegetação e topografia (BLAIR; LAUNER 1997).

BLAIR; LAUNER (1997) examinaram a distribuição e abundância de espécies de

borboletas em um gradiente de mudanças urbanas em locais perto de Palo Alto, Califórnia

(EUA). Os locais se dividiam em áreas de reserva biológica, áreas de recreação, campo de

golfe, áreas residenciais, parques e áreas comerciais. A fauna de borboletas desapareceu à

medida que as áreas se tornaram mais urbanas. Este padrão está significativamente

relacionado a mudanças na estrutura do habitat que ocorreu ao longo do gradiente.

Ambientes urbanos como parques e jardins podem oferecer muitos recursos

alimentares (tecidos vegetais e néctar), além de abrigo e condições favoráveis para a

sobrevivência de borboletas, como níveis adequados de umidade e luminosidade (BROWN;

FREITAS, 2002; KOH; SODHI, 2004). Sendo assim, esses insetos podem se tornar fiéis a tais

habitats, desempenhando um importante papel na polinização de algumas espécies de plantas.

A re-vegetação dos parques urbanos com espécies de plantas hospedeiras potenciais e outros

tipos de recursos tem sido proposta de modo a incrementar o valor dessas áreas para

conservação de borboletas e outros grupos faunísticos (BROWN; FREITAS, 2002; KOH;

SODHI, 2004).

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1.3 Estudos da fauna urbana de borboletas

Dentre as pesquisas realizadas com borboletas urbanas, algumas são estudos

populacionais, envolvendo parasitismo de pupas e associação de espécies com plantas

hospedeiras e escolha de micro-habitat (RUSZCZYK, 1986; RUSZCZYK, 1996;

RUSZCZYK; NASCIMENTO, 1999; WOOD; PULLIN, 2002).

Em relação ao gradiente de urbanização, RUSZCZYK (1986d) e RUSZCZYK;

ARAÚJO (1992) analisaram a distribuição de borboletas nas áreas urbanas de Porto Alegre

por meio de transectos de avenidas, coletando dados em 111 pontos de observação. Três

zonas com relativa uniformidade puderam ser identificadas ao longo desses gradientes de

urbanização. B: (edifícios com mais de quatro andares); HB: (casas e prédios com menos de

quatro andares); e H: (casas incluindo áreas da cidade). A distribuição de borboletas na cidade

mostrou ser correlacionada e orientada com o gradiente de urbanização. O aumento da

urbanização e poluição veio acompanhado pelo decréscimo de espécies de borboletas e

indivíduos registrados, bem como por uma homogeneização da distribuição de borboletas. Da

mesma forma, BLAIR; LAUNER (1997) avaliaram a diversidade de borboletas em seis

ambientes com variados graus de urbanização e encontraram diminuição na diversidade e

abundância de borboletas com o aumento do gradiente de desenvolvimento da cidade, em

Palo Alto, Califórnia (EUA), Corroborando com esses dados, BLAIR (1999), registrou

diminuição na diversidade e abundância de aves e borboletas com o aumento do gradiente

urbano em seis áreas da Califórnia.

HOGSDEN; HUTCHINSON (2004), relacionou padrões de abundância e riqueza de

espécies de borboletas ao longo de um gradiente urbano no sudeste de Ontário, Canadá. Do

total de 26 espécies observadas, 15 foram visivelmente ausentes nos locais perturbados. Em

relação à distribuição ao longo do gradiente, 28% das espécies de borboletas foram

classificados como adaptáveis aos distúrbios e 58% evitaram a perturbação. As espécies

foram distribuídas irregularmente ao longo do gradiente, sugerindo que elas responderam

diferentemente a perturbações na paisagem. Posteriormente, CAMARGO (2006) amostrou

seis áreas verdes urbanas de Porto Alegre com diferentes níveis de antropização, registrando

243 espécies de borboletas. A abundância de borboletas teve correlação positiva com

cobertura vegetal, diversidade da vegetação e nível de conservação de cada área e negativa

com a infra-estrutura. O gradiente de diversidade foi, em geral, inversamente proporcional ao

de urbanização.

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Estudos de riqueza e diversidade de espécies foram feitos por HARDY; DENNIS

(1999), que analisaram o efeito do desenvolvimento urbano na riqueza das espécies de

borboletas, amostrando em duas áreas da região metropolitana de Manchester (Inglaterra) e

encontrando diminuição da fauna de borboletas com a redução das áreas naturais na cidade.

Ainda COLLIER et al. (2006) estimaram abundância e diversidade de borboletas em reservas

urbanas no sul australiano, através do método Pollard. O local que apresentou maior

diversidade foi aquele com menor perturbação e presença de plantas hospedeiras. Os

resultados deste estudo mostraram que o método escolhido pode ser efetivamente usado para

distinguir as comunidades e detectar uma grande variedade de borboletas, incluindo espécies

crípticas e raras, dentro de habitats urbanos.

RUSZCZYK; SILVA (1997) inventariaram a fauna de borboletas de um pequeno

fragmento florestal no campus da Universidade Pontifícia Católica de Minas Gerais. Pelo

menos 28,6% das espécies eram comuns em áreas urbanas e em outros ambientes perturbados

no Brasil e não houve registro de espécies raras ou ameaçadas. Por outro lado, as espécies

nesse fragmento representaram 18,7% das espécies conhecidas nas proximidades da cidade de

Belo Horizonte. Concluiu-se que o fragmento estudado, bem como outros pequenos

fragmentos urbanos, eram refúgios importantes para a conservação das borboletas dentro das

cidades. Ainda na área de recursos ambientais, FORTUNATO; RUSZCZYK (1997)

analisaram borboletas frugívoras de praças centrais de Uberlândia, MG, e de mata de galeria

periférica à cidade, através de capturas com armadilhas. Eles registraram 36 espécies de

Nymphalidae e encontraram composições diferentes de espécies na mata de galeria e nas

praças centrais. Segundo os autores isso ocorreu provavelmente devido à inexistência de

fragmentos de vegetação nativa na área urbana. Posteriormente, BONFANTTI et al. (2011)

estudaram dois parques municipais urbanos em Curitiba. Das espécies registradas, apenas

33% foram comuns a ambos os Parques, sendo que o índice de Similaridade de Sorensen de

48% confirmou que cada um dos locais estudados possuía lepidopterofauna característica e

distinta.

Em regiões costeiras da Austrália, NEW; SANDS (2002) avaliaram as ameaças da

rápida urbanização, concluindo que a maioria das espécies de borboletas capazes de persistir

em áreas urbanas dependia da sua adaptação a habitats modificados, assim como seus estágios

imaturos, da utilização de plantas cultivadas. Do mesmo modo, SHAPIRO (2002), utilizando

a fauna documentada para Davis, Califórnia, observou espécies nativas de borboletas

alimentando-se de plantas exóticas no ambiente urbano. Mais de 40% da fauna não consumia

plantas nativas no meio urbano-suburbano. O autor estimou que se ervas daninhas e as

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espécies de plantas exóticas fossem erradicadas, ou sua abundância fosse diminuída, a fauna

urbana de borboletas desapareceria.

RODRIGUES et al. (1993) estudando recursos em três remanescentes de floresta

semi-decidual nativa na área urbana de Campinas, SP, observaram que no ambiente urbano as

espécies de borboletas nectarívoras podem encontrar razoável quantidade de recursos

alimentares devido a presença de flores utilizadas para ornamentação. As espécies sugadoras

de fermentações e exudações, em comparação, encontraram restrição na disponibilidade de

recursos, pois geralmente árvores frutíferas não são plantadas para arborização urbana. KOH;

SODHI (2004) investigaram como os fatores ambientais afetam a distribuição de borboletas, e

os resultados obtidos sugeriram que o número de espécies de borboletas dos parques urbanos

foi dependente do número de plantas hospedeiras que ocorrem neste local. CLARK et al.

(2007) avaliaram os efeitos das características da paisagem associada com a urbanização,

bem como recursos locais, sobre a riqueza de espécies de borboletas. O mais consistente fator

afetando a diversidade de borboletas foi a quantidade de néctar produzido por plantas que

estavam florescendo. Medidas de aumento da urbanização foram associadas com a

diminuição da riqueza de espécies de borboletas, sendo que as espécies raras e especializadas

foram as mais afetadas.

Finalizando, BROWN; FREITAS (2002), em um estudo comparativo da comunidade

de borboletas em 15 remanescentes urbanos e semi-urbanos de floresta tropical semi-decidual

em Campinas, SP, concluíram que conectividade, presença de corpos d’água permanentes,

vegetação, flores e impacto humano foram os fatores que mais influenciaram a riqueza desta

fauna. Os autores concluíram que a conservação efetiva das comunidades de borboletas em

cidades tropicais pode ser alcançada pela manutenção de corredores verdes arbóreos ao longo

das ruas e a inclusão dentro dessas áreas de lagos ou riachos, mata nativa diversificada e

vegetação aberta incluindo flores ricas em néctar.

1.4 Conhecimento atual sobre a fauna de borboletas na região de Santa Maria, RS

LINK et al. (1977, 1980), fizeram inventários de larvas e adultos, registrando 14

espécies de Papilionidae, 26 de Pieridae e dez Nymphalidae, entretanto, sem fornecer

informação precisa quanto ao esforço amostral e período de coletas. Paralelamente, LINK;

ALVAREZ FILHO (1979), encontraram larvas de duas espécies de Brassolinae: Brassolis

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astyra (Godart, 1821) e Opsiphanes invirae amplificatus (Stichel, 1901) alimentando-se em

palmeiras.

KAMINSKI (1992) examinando as coleções de insetos do Setor de Entomologia do

CCR, UFSM, registrou 40 espécies de borboletas de todas as famílias, exceto Lycaenidae, em

seu trabalho de Monografia de Especialização.

Estudos sobre diversidade e ecologia de papilionídeos foram realizados por

SCHWARTZ; DI MARE (2001) e PAIM; DI MARE (2002), os primeiros analisando a

abundância, similaridade e constância de 15 espécies de papilionídeos em sete áreas distintas,

com diferentes níveis de antropização, enquanto os outros estudaram parâmetros biológicos e

demográficos de uma única espécie, Parides agavus (Drury, 1782). Mais tarde, DI MARE;

CORSEUIL (2004a, b, c), compararam aspectos morfométricos de 13 espécies de borboletas

da família Papilionidae associados com os locais de coleta.

O primeiro trabalho completo de inventariamento de borboletas nessa região foi

realizado em fragmentos de Floresta Estacional Decidual por DESSUY; MORAIS (2007).

Foram registrados 1594 indivíduos, distribuídos em 146 espécies. Destes, 59% pertencem à

família Nymphalidae, 19% Hesperiidae, 10% Papilionidae, 7% Pieridae e 6% Lycaenidae.

SACKIS; MORAIS (2008), no Campus Camobi da Universidade Federal de Santa

Maria (UFSM), investigaram a composição, riqueza e diversidade das borboletas. No total,

foram registrados 872 indivíduos, distribuídos em 89 espécies. Do total de espécies, 40

(44,9%) pertencem à família Nymphalidae, 25 (28,1%) a Hesperiidae, 11 (12,4%) a Pieridae,

oito (8,9%) a Lycaenidae, três (3,4%) a Papilionidae e duas(2,3%) a Riodinidae.

LEMES et al. (2008), ainda no Campus Camobi UFSM, realizaram inventário das

borboletas visitantes florais e das plantas nectaríferas visitadas por esses insetos no Jardim

Botânico da Instituição. Foram registradas 1,114 visitas de 39 espécies de borboletas,

associadas a 43 espécies de plantas. Nymphalidae teve a maior riqueza de espécies (S= 18),

seguida de Hesperiidae (S= 8), Pieridae (S= 7), Papilionidae (S= 4) e Lycaenidae (S= 2). O

pierídeo Phoebis philea philea (Linnaeus, 1763) foi a espécie mais freqüente (187 visitas) e

Lantana camara (Verbenaceae) foi a planta mais visitada.

Finalizando, CECHIN et al. (2009), realizaram uma compilação dos estudos de

inventariamento de fauna realizados na região, estimando uma riqueza de aproximadamente

200 espécies de borboletas para o município, o que equivale a 26% da riqueza de espécies

conhecidas para o estado.

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1.5 Objetivos

1.5.1 Objetivo Geral

* Avaliar a relação entre a fauna de borboletas urbanas e a perturbação antrópica.

1.5.2 Objetivos específicos

* Elaborar lista de espécies de borboletas de áreas verdes urbanas de Santa Maria;

* Comparar com registros existentes de áreas não urbanas na cidade;

* Analisar riqueza, abundância, diversidade, dominância e similaridade de borboletas

das áreas de estudo;

* Avaliar a sazonalidade e variação temporal das assembleias de borboletas das áreas

de estudo;

* Medir o grau de perturbação de cada área, através de indicadores ambientais;

* Atualizar e contribuir para o conhecimento da fauna de borboletas de Santa Maria e

do estado do Rio Grande do Sul;

* Fornecer subsídios para conservação das borboletas.

1.6 Referências bibliográficas

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ARTIGO

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2 ARTIGO

DIVERSIDADE DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA

E PAPILIONOIDEA) EM ÁREAS VERDES URBANAS DE SANTA

MARIA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Renata Lemes¹*, Ana Paula dos Santos de Carvalho¹, Taíse Colpo Ribeiro¹, Ana Beatriz

Barros de Morais²

1 Pós-graduação em Biodiversidade Animal, Centro de Ciências Naturais e Exatas, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Faixa de Camobi, Km 09, CEP 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil

2 Departamento de Biologia, Centro de Ciências Naturais e Exatas, Universidade Federal de Santa Maria. Faixa de Camobi, Km 09, 97105-900 Santa Maria, RS, Brasil.

* Autora para correspondência: [email protected]

RESUMO: Áreas verdes urbanas podem proporcionar muitos recursos alimentares e

condições para abrigar algumas espécies animais, especialmente os de pequeno porte como os

insetos.Visando analisar a diversidade de borboletas em áreas verdes urbanas de Santa Maria,

Rio Grande do Sul, foram realizadas 12 saídas a campo mensais, através da procura ativa com

redes entomológicas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, em um gradiente urbano. Os

locais de amostragem foram: Avenida Presidente Vargas (PV) e Parque Itaimbé (PI) no centro

da cidade, e Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha

(MMR) e Sítio Domingues (SD) na periferia da cidade. Em 360 horas de amostragem, foram

registrados 2,531 indivíduos, distribuídos em 132 espécies. Destes, 57,36% pertenceram a

família Nymphalidae, 15,96% a Hesperiidae, 14,02% a Pieridae, 12,54% a Papilionidae,

2,68% a Lycaenidae e 2,37% a Riodinidae. Foram registradas três espécies de borboletas

ainda não descritas para o estado e 22 para Santa Maria. SD apresentou maior riqueza e

abundância de espécies. A menor riqueza e abundância foi observada em PV. Cerca de

33,33% foram exclusivas de um dos locais, destes 25% foram “singletons”. Os índices de

diversidade de Shannon-Wiener e de Margalef tiveram a mesma ordenação entre os locais,

sendo maiores em SD e menores em PV. Os índices de dominância de Simpson e de Berger-

Parker, por sua vez, foram mais representativos em PV e PI e menos em SD. A ordenação do

NMDS evidenciou uma nítida segregação dos locais estudados, em decorrência do gradiente

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urbano avaliado, formando dois grupos distintos: áreas urbanas periféricas e centrais. Esses

resultados foram confirmados pela análise de similaridade. A análise de porcentagem de

dissimilaridade mostrou que Pyrgus orcus (Stoll, 1780) e Junonia evarete (Cramer 1779)

tiveram maior contribuição para a diferenciação de áreas urbanas periféricas e centrais. A

similaridade entre a composição de espécies de borboletas das áreas periféricas foi 48,45%,

destacando-se Actinote melanisans Oberthür, 1917 e Phoebis neocypris neocypris (Hübner,

[1823]). Já a similaridade das áreas centrais foi 50,20%, com maior contribuição de

Hermeuptychia hermes (Fabricius 1775) e Junonia evarete (Cramer, 1779). De todas

variáveis ambientais mensuradas, apenas temperatura apresentou relação com a abundância de

borboletas. Em suma, a fauna de borboletas de áreas verdes urbanas do município de Santa

Maria foi muito rica e abundante e sua diversidade diminuiu com o aumento do gradiente de

urbanização.

Palavras-chave: gradiente urbano. riqueza de espécies. similaridade.

ABSTRACT: Diversity of Butterflies (Lepidoptera: Hesperoidea and Papilionoidea) in

urban green areas of Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil. Urban green areas can

provide many feeding resources and conditions to harbor some animal species, especially

small ones as insects. To analyze the diversity of butterflies in urban green areas in Santa

Maria municipality, state of Rio Grande do Sul, 12 entomological net field samplings were

carried out monthly from August 2010 to July 2011 on a gradient of urbanization. Sampling

areas were: Presidente Vargas agene (PV) and Itaimbé Park (IP), located downtown, and

Cemetery St. Rita (CSR), Mariano da Rocha Hill Monument (MMR) and Domingues Farm

(SD). In 360 sampling hours, 2531 individuals were registered and distributed in 132 species.

Of these, 57,36% belonged to the family Nymphalidae, 15,96% to Hesperiidae, 14,02% to

Pieridae, 12,54% to Papilionidae, 2,68% to Lycaenidae and 2,37% to Riodinidae. Three

butterfly species are new records for the State and 22 to Santa Maria municipality. SD

presented the greatest richness and abundance of species and PV the lowest ones. About

33,33% of the species were exclusive from each one of the areas and 25% of these were

singletons. Diversity indices of Shannon-Wiener and Margalef were higher in PV and PI and

lower in SD. The dominance index of Simpson and Berger-Parker, were among representative

at PV and PI in SD. The NMDS ordination showed a clear segregation of the studied areas,

due to the urban gradient evaluated, forming distinct groups among themselves, peripheral

and downtown areas, confirmed by the similarity analysis. The analysis showed that the

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percentage of dissimilarity of Pyrgus orcus (Stoll, 1780) and Junonia evarete (Cramer 1779)

had a greater contribution to the differentiation of areas. The similarity between the species

composition in peripheral areas was 48,45%, highlighting Actinote melanisans Oberthür,

1917 and Phoebis neocypris neocypris (Hübner, [1823]). The similarity of the downtown

areas was 50,20%, greatest contribution of Hermeuptychia hermes (Fabricius 1775) and

Junonia evarete (Cramer, 1779). Of all environmental variables measured, only "temperature"

was correlated with the abundance of butterflies. Concluding, the butterfly fauna of urban

green areas of Santa Maria municipality was very rich and abundant and had its diversity

declined with the increasing urbanization gradient.

Keywords: similarity. species richness. urban gradient.

2.1 Introdução

Ecossistemas urbanos são ambientes com alta densidade populacional, onde as

construções cobrem grande parte da superfície, levando a uma significativa diminuição,

fragmentação e isolamento de áreas naturais (PICKETT et al., 2001). A atividade humana

implica em profundas alterações na distribuição e fisionomia destes habitats, através da

introdução de estruturas artificiais como casas, muros e outras construções de larga escala

(HARDY; DENNIS, 1999). Os efeitos da perturbação antrópica sobre a diversidade de

espécies nas paisagens urbanas incluem a perda de espécies, a redução do habitat adequado, a

criação de novo habitat, e introdução de espécies (BUDDLE; CARDENAS, 2009).

A maioria dos padrões de diversidade de espécies pode ser explicada em termos de

gradientes ambientais (GASTON, 1996; BEGON et al., 2006). Os habitats e os recursos

alimentares mudam fortemente entre os locais com diferentes níveis de desenvolvimento

urbano (RUSZCZYK, 1986b). Tal gradiente modifica a composição da vegetação e sua fauna

associada nos diferentes locais das cidades. A ocorrência dos animais está relacionada com o

gradiente urbano no sentido centro bairro, porque este é também o condicionador de outros

gradientes sobre a fauna como porcentagem de cobertura vegetal, porcentagem de

pavimentação do solo, poluição do ar, entre outros (RUSZCZYK, 1986b, d).

Borboletas são consideradas espécies carismáticas e utilizadas como espécies

“bandeiras” para conservação, pois além de serem razoavelmente comuns o ano inteiro (nos

países de clima tropical) são relativamente fáceis de amostrar e identificar. Elas possuem

grande diversidade e ciclos de vida curtos respondendo rapidamente às perturbações

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ambientais e algumas espécies são consideradas bioindicadoras, pois são fiéis aos seus

microhabitats e especialistas em recursos (SPECHT et al., 2003; FREITAS et al., 2006).

Sendo assim, as assembléias de borboletas podem ter sua composição e riquezas alteradas

diante de perturbações antrópicas (BLAIR; LAUNER, 1997). Neste sentido, a maioria dos

estudos realizados com assembléias de borboletas em áreas urbanas registrou uma diminuição

na riqueza de espécies em áreas mais urbanizadas ou centrais, comparado com áreas

periféricas e/ou menos perturbadas (RUSZCZYK; ARAÚJO, 1992; FORTUNATO;

RUSZCZYK, 1997; HARDY; DENNIS, 1999; HOGSDEN; HUTCHINSON, 2004;

CAMARGO, 2006; RUSZCZYK; SILVA, 1997).

Apesar disso, ambientes urbanos como parques e jardins podem oferecer muitos

recursos alimentares (tecidos vegetais e néctar), além de abrigo e condições favoráveis para a

sobrevivência de borboletas, como níveis adequados de umidade e luminosidade (BROWN;

FREITAS, 2002; KOH; SODHI, 2004; CLARK et al., 2007; BONFANTTI et al., 2011).

Sendo assim, esses insetos podem se tornar fiéis a tais habitats, desempenhando um

importante papel na polinização das espécies de plantas. A re-vegetação dos parques urbanos

com espécies de plantas hospedeiras potenciais e outros tipos de recursos tem sido proposta

de modo a incrementar o valor dessas áreas para conservação de borboletas e outros grupos

faunísticos (BROWN; FREITAS, 2002; KOH; SODHI, 2004).

No Rio Grande do Sul, a maioria dos estudos sobre a fauna de borboletas urbanas

concentrou-se na capital do estado, Porto Alegre. Assim, as primeiras informações publicadas

foram a respeito da mortalidade de pupas de Papilio scamander (Boisduval, 1836) e

correlação da superabundância de algumas espécies de borboletas com o aumento dos

recursos alimentares em quatro áreas da cidade (RUSZCZYK, 1986). O mesmo autor dividiu

a zona urbana da cidade em três zonas características de urbanização, estabelecendo pontos de

observação da fauna de borboletas e de seus hábitos alimentares. Paralelamente, também

foram amostradas quatro rotas ao longo de avenidas da cidade na direção bairro-centro, para

registros do nível de urbanização e borboletas visualizadas. Os resultados obtidos indicaram

uma diminuição da diversidade de borboletas com o aumento do gradiente de

desenvolvimento urbano (RUSZCZYK 1986a, b, c, d, e; RUSZCZYK; ARAÚJO 1992).

RUSZCZYK (1998) elaborou uma pequena listagem de espécies indicadoras da qualidade

ambiental. Posteriormente, CAMARGO (2006) amostrou seis áreas verdes urbanas com

diferentes níveis de antropização também concluindo que o gradiente de diversidade de

borboletas foi inversamente proporcional ao de urbanização.

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A cidade de Santa Maria está localizada na área de abrangência do Bioma Pampa e no limite

de distribuição do Bioma Mata Atlântica, numa região considerada bastante peculiar em

relação a sua biodiversidade, porém bastante ameaçada e carente de áreas legais de

preservação natural (CECHIN et al., 2009). Acredita-se que suas áreas verdes urbanas possam

oferecer recursos alimentares para várias espécies de borboletas, sendo também potencial

refúgio para espécies de áreas florestais do entorno. Estimativas apontam para uma riqueza

total de borboletas ao redor de 200 espécies (CECHIN et al., 2009), baseado em inventários

feitos em fragmentos florestais, campos e áreas antropizadas (SCHWARTZ; DI MARE,

2001; DESSUY; MORAIS, 2007; SACKIS; MORAIS, 2008; LEMES et al., 2008). Desta

forma, o presente estudo tem por objetivo avaliar a relação entre a fauna de borboletas

urbanas e a perturbação antrópica; comparar os dados de riqueza e abundância com registros

existentes de áreas não urbanas na cidade; analisar riqueza, abundância, diversidade,

dominância e similaridade de borboletas das áreas de estudo; avaliar a sazonalidade e variação

temporal das assembléias de borboletas; medir o grau de perturbação de cada área, através de

indicadores ambientais; atualizar e contribuir para o conhecimento da fauna de borboletas de

Santa Maria e do estado do Rio Grande do Sul e fornecer subsídios para conservação das

borboletas.

2.2 Material e Métodos

2.2.1 Área de estudo

O município de Santa Maria (29º41’S, 53º48’W) encontra-se na região fisiográfica da

Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul (HELDWEIN et al., 2009), em uma zona

de transição entre a Depressão Central e a escarpa basáltica do Planalto Meridional Brasileiro

(PEREIRA et al., 1989) (Figura 1).

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Figura 1 – Localização do município de Santa Maria, RS, Brasil. Fonte: RIBEIRO, T. C. Diversidade de Formigas (Hymenoptera: Formicidae) de Fragmentos Florestais em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Animal – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010.

A encosta da Serra Geral apresenta densas florestas enquanto nas planícies e coxilhas

da Depressão Central estão presentes campos naturais intercalados de matas ciliares e capões,

resultado fitogeográfico da transição entre dois biomas: Floresta Atlântica e Pampa

(MARCHIORI, 2009). Segundo este mesmo autor, os campos nativos apresentam planícies

aluviais e coxilhas sedimentares, atualmente com fisionomia e composição florística bastante

modificadas devido à criação de gado, introdução de espécies exóticas e utilização da terra

por cultivos agrícolas. Entre as espécies que compõem os campos estão Baccharis trimera

(carqueja, Asteraceae), Vernonia nudiflora (alecrim do campo, Asteraceae), Eryngium

bracteatum (caraguatá, Apiaceae), Paspalum notatum (grama-forquilha, Poaceae),

Campomanesia aurea (guavirova-do-campo, Myrtaceae) e Acca sellowiana (goiabeira–do-

campo, Myrtaceae).

O clima é mesotérmico e úmido, do tipo fundamental Cfa, conforme a classificação de

Köppen, e caracterizado como subtropical úmido com verões quentes, sem estação seca

definida (HELDWEIN et al., 2009). A temperatura média anual é de 19,1°C e a precipitação

média anual é de 1708 mm (MALUF, 2000; HELDWEIN et al., 2009). A região tem como

ventos locais o vento Sudestado (frio e úmido), o vento Minuano (frio e seco) e o vento Norte

(quente e seco) (HELDWEIN et al., 2009).

A população de Santa Maria apresenta 261.027 habitantes (IBGE, 2010). As funções

urbanas terciárias absorvem mais de 80% da população ativa da cidade, salientando-se

principalmente o setor comercial e educacional. Ainda no aspecto funcional da cidade,

aparece em segundo lugar o setor primário (agropecuário) e em terceiro lugar o setor

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secundário, que no geral, são indústrias de pequeno e médio porte, voltadas principalmente

para o beneficiamento de produtos agrícolas, metalurgia, mobiliários, calçados e lacticínios

(PEREIRA et al., 1989).

O presente trabalho foi realizado em cinco áreas verdes do município, duas localizadas

na região urbana central e as outras três áreas em locais mais periféricos da cidade, a fim de

estabelecer um gradiente de urbanização (Figura 2).

Figura 2 – Localização das áreas verdes urbanas amostradas no município de Santa Maria, RS. Avenida Presidente Vargas (PV); Parque Itaimbé (PI); Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues(SD).

Área 1. Avenida Presidente Vargas (PV)

A PV está localizada entre o Centro e o Bairro Nossa Senhora de Fátima (29°41’40”S

e 53°48’48”W), distante 1,5 km da Prefeitura de Santa Maria, é uma avenida bastante

movimentada pelo grande fluxo de veículos e pedestres. Entre as espécies vegetais

encontradas no local destacam-se Caliandra brevipes (esponjinha, Fabaceae), Eriobotrya

japonica (ameixeira, Rosaceae), Inga marginata (ingazeiro, Fabaceae), Jacaranda

mimosifolia (jacarandá, Bignoniaceae), Hibiscus rosa-sinensis (mimo-de-vênus, Malvaceae),

Tabebuia chrysotricha (ipê-amarelo, Bignoniaceae), Schizolobium parahyba (guapuruvu,

Fabaceae), Plumeria ruba (jasmim-manga, Apocynaceae), Bauhinia variegata (pata de vaca,

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Fabaceae), Erythrina crista-galli (corticeira, Fabaceae) e Caesalpinia echinata (pau-brasil,

Fabaceae).

Área 2. Parque Itaimbé (PI)

O PI está situado no centro da cidade (29°41’14”S e 53°48’18”W) ao lado da

Prefeitura. O Parque foi construído em 1980 sobre a área do leito e vale do rroio Itaimbé,

afluente do Arroio Cadena (BENADUCE, 2007). O local constitui-se uma área de lazer e

esporte e sua infra-estrutura abrange quadras esportivas, prédios, pracinhas, uma concha

acústica para apresentações culturais e um centro de atividades múltiplas. Devido ao descaso

da prefeitura, a área sofre com o problema de acúmulo de lixo. O fluxo de veículos no seu

entorno é intenso e a presença de pessoas e animais domésticos em seu interior é bastante

freqüente. Entre as espécies vegetais encontradas no local destacam-se Lantana camara

(Lantana, Verbenaceae), C. brevipes (esponjinha, Fabaceae), H. rosa-sinensis (mimo-de-

vênus, Malvaceae), I. marginata (ingazeiro, Fabaceae), Ceiba speciosa (paineira,

Bombacaceae), Ficus elastica (falsa seringueira, Moraceae), T. chrysotricha (ipê-amarelo,

Bignoniaceae), Tibouchina granulosa (quaresmeira, Melastomataceae), E. japonica

(ameixeira, Rosaceae), Stachytarpheta cayennensis (gervão, Verbenaceae), além da presença

de gramíneas (Poaceae).

Área 3. Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR)

O CSR está localizado no Bairro São José (29°41’42”S e 53°45’34”W), às margens da

RS 509, distante 4,5 km da Prefeitura. O fluxo de pessoas no interior geralmente é pequeno,

salvo nos dias de cerimônias religiosas. Possui área ampla gramada, com corredores de

árvores como I. marginata (ingazeiro, Fabaceae), C. speciosa (paineira, Bombacaceae), J.

mimosifolia (jacarandá, Bignoniaceae), Caesalpinia pluviosa (sibipiruna, Fabaceae), Tipuana

tipu (tipuana, Fabaceae) e Cassia leptophylla (canafístula, Fabaceae). Possui também

canteiros com espécies ornamentais como L. camara (lantana, Verbenaceae) e H. rosa-

sinensis (mimo-de-vênus, Malvaceae). Além disso, o local apresenta áreas com plantações de

Pinus e eucalipto.

Área 4. Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR)

Localizado no Bairro Cerrito, próximo da BR 158 (29°42’38”S e 53°47’42”W), o

MMR dista cerca de 3,15 km da Prefeitura. Possui um fluxo de pessoas pequeno sendo

eventualmente visitado por devotos devido ao monumento religioso encontrado no mesmo.

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Constitui-se em um topo de morro com pequeno fragmento florestal no alto e nascentes e

cursos de água em seu interior. Alguns caminhos pavimentados, circundados por vegetação

rasteira, levam ao monumento. Entre as espécies vegetais encontradas no local destacam-se I.

marginata (ingazeiro, Fabaceae), J. mimosifolia (jacarandá, Bignoniaceae), H. rosa-sinensis

(mimo-de-vênus, Malvaceae), T.chrysotricha (ipê-amarelo, Bignoniaceae), C. brevipes

(esponjinha, Fabaceae) e C. speciosa (paineira, Bombacaceae).

Área 5. Sítio Domingues (SD)

O SD (29°41’21”S e 53°46’30”W) é uma área de propriedade privada, localizado às

margens da BR 158, entre o Bairro João Goulart e o Bairro km 3, distante 2,73 km da

Prefeitura e situado ao lado de um assentamento humano, com presença de lixo e detritos. O

fluxo de pessoas no interior do Sítio é pequeno, sendo restrito apenas aos familiares do

proprietário. A vegetação possui composição florística heterogênea, com grande número de

espécies arbóreas como I. marginata (ingazeiro, Fabaceae), Enterolobium constortisiliquum

(timbaúva, Leguminosae), C. speciosa (paineira, Bombacaceae) e Araucaria angustifolia

(araucária, Aracauriaceae). Possui também jardins de espécies ornamentais como L. camara

(lantana, Verbenaceae) e C. brevipes (esponjinha, Fabaceae), plantio de árvores frutíferas

como E. japonica (ameixeira, Rosaceae), Musa paradisiaca (Bananeira, Musaceae) e várias

espécies da família Rutaceae. Há também o cultivo de hortaliças e área de vegetação

secundária. A propriedade possui ainda nascentes de água no seu interior, sendo delimitada

pelo Rio Vacacaí-Mirim.

2.2.2 Amostragem

Em cada uma das áreas amostrais foram percorridas mensalmente trilhas

padronizadas, nos horários de maior atividade das borboletas, entre às 09:00 e 15:00. Foi

seguido o método adaptado de POLLARD (1977), com esforço amostral de 2h com três redes,

totalizando seis horas/rede/mês/área (PAZ et al., 2008). As borboletas avistadas a olho nú

foram registradas e/ou coletadas com auxílio de redes entomológicas, identificadas a nível de

espécie, sendo posteriormente liberadas. Quando não foi possível a identificação em campo,

as borboletas foram sacrificadas, acondicionadas em envelopes entomológicos e levadas ao

Laboratório de Interações Inseto-Planta (Setor de Zoologia – Depto. Biologia – CCNE –

UFSM). Depois de montadas, foram identificadas através de bibliografia especializada

(BROWN, 1992; DE VRIES, 1997; CANALS, 2000; CANALS, 2003) e/ou através de

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consultas a especialistas. A nomenclatura das espécies foi atualizada de acordo com LAMAS

(2004) e MIELKE (2005). O material testemunho foi depositado na Coleção de Referência

(LUFSM – Lepidópteros da Universidade Federal de Santa Maria).

Para caracterização do grau de urbanização de cada área e da presença de recursos e

condições para sobrevivência da fauna de borboletas, foi feita a medição das seguintes

variáveis ambientais, em cada amostragem:

* Recursos alimentares de adultos e imaturos (fontes de néctar, frutos e/ou exudações e plantas hospedeiras): avaliados através de observação visual e classificados através das categorias:

(1) pouco, (2) intermediário e (3) abundante;

* Fisionomia da vegetação:

(1) herbácea, (2) arbustiva, (3) arbórea e (4) vegetação mista;

* Água (cursos d’água, água no solo e reservatórios):

(0) ausência, (1) presença no entorno, (2) presença no interior e

(3) presença no interior e entorno;

* Espécies vegetais exóticas:

(0) > 50%, (1) < 50% e (2) ausência;

* Fluxo de pessoas no interior:

(1) grande, (2) médio e (3) pequeno;

* Fluxo de veículos no entorno:

(1) grande, (2) médio e (3) pequeno;

* Umidade, temperatura, velocidade do ar e luminosidade: medidas através de Termo-higro-anemômetro luxímetro digital portátil, INSTRUTHERM modelo Thal-300;

* Poluição sonora: medida através de Decibelímetro IMPAC modelo IP-120 Curva C.

2.2.3 Análise de dados

Foram analisadas as medidas de riqueza (S) e abundância (N) totais e por ocasião

amostral, o número de espécies exclusivas (Excl. = registrada em apenas um dos cinco

lugares) e o número de espécies exclusivas com mais de um indivíduo (Excl. >1). Espécies

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representadas por um único indivíduo foram referidas como “singletons” (NOVOTNY;

BASSET, 2000). A freqüência relativa (fr) foi obtida pela razão entre o número de indivíduos

de uma espécie e o número total de indivíduos de todas as espécies (VOLTOLINI, 2006).

Para análise de abundância das espécies, foram consideradas “abundantes” aquelas que

possuíam as mais altas freqüências absolutas e como “dominantes” as que apresentaram

freqüência relativa maior que 10% (fr > 0,1).

Foi plotada uma curva de suficiência amostral usando o programa estatístico

EstimateS, versão 8.0 (COLWELL, 2006). Também foram usados os estimadores de riqueza

Jackknife 1 e Bootstrap.

Foram medidos os Índices de Diversidade de Shannon-Wiener (H’) e de Margalef

(Dmg), e os índices de Dominância de Simpson (D) e de Berger-Parker (d). Todos os índices

citados acima foram calculados utilizando o programa estatístico PAST, versão 2.08

(HAMMER et al., 2001).

Para realização das análises multivariadas de similaridade descritas a seguir, as cinco

áreas foram agrupadas em dois grupos (periféricas e centrais). Para comparar a estrutura das

assembléias de borboletas das áreas foi feita uma análise de Similaridade (ANOSIM),

calculada utilizando o índice de similaridade de Bray–Curtis (CLARKE; WARWICK, 2001).

Após a realização do ANOSIM, foi gerada uma ordenação através do método de

Escalonamento Multidimensional Não-Métrico (NMDS), baseado nos ranqueamentos da

matriz de semelhança (CLARKE; WARWICK, 2001). A partir das diferenças significativas

detectadas pela Análise de Similaridade (ANOSIM) na composição das assembléias de

borboletas foi realizada uma Análise de Porcentagem de Similaridade (SIMPER). Esta análise

identifica quais as principais espécies foram mais responsáveis por essa diferença observada

(CLARKE; WARWICK, 2001). Todos estes testes de similaridade foram calculados

utilizando o programa PRIMER versão 6.0 (CLARKE; WARWICK, 2001).

A fim de verificar quais variáveis ambientais medidas tiveram relação com a

abundância de espécies, foi realizada uma Análise de Regressão Múltipla pelo modelo de

adição sucessiva das variáveis FORDWARD STEPWISE, usando o programa STATÍSTICA

7.0.

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2.3 Resultados e discussão

Foram realizadas 12 amostragens em cada área, entre os meses de agosto de 2010 e

julho de 2011. Em 360 horas/campo, foram observadas 2,531 borboletas distribuídas em 132

espécies (Tabela 1).

Tabela 1 – Lista e abundância de espécies de borboletas registradas na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011. S: riqueza de espécies; *: espécies com novo registro em Santa Maria, RS; ◊: espécies com novo registro no Rio Grande do Sul; +: espécies representadas por um único indivíduo (“singletons”); °: espécies exclusivas.

Família/Subfamília/Espécie PV PI CSR MMR SD TotalHESPERIIDAE (S=36)Hesperiinae (S=14)Anthoptus epictetus (Fabricius, 1793) 2 2Callimormus rivera (Plötz, 1882) 2 4 1 7Corticea sp. Evans, 1955 + ° 1 1Cymaenus sp. (Scudder, 1872) 1 2 3Hylephila phyleus (Drury, 1773) + ° 1 1Lerodea eufala eufala (W. H. Edwards, 1869) * 1 1 2Lychnuchoides ozias ozias (Hewitson, 1878) + ° 1 1Miltomiges cinnamomea (Herrich-Schaffer, 1969) 1 2 3Polites vibex catilina (Plötz, 1886) 1 1 2Quinta cannae (Herrich-Schaffer, 1969) * 2 2Synapte malitiosa antistia (Plötz, 1882) ◊ 3 3Thargella evansi Biezanko & Mielke, 1973 + ° 1 1Vehilius clavicula (Plötz, 1884) + ° 1 1Vehilius stictomenes stictomenes (Butler, 1877)+ ° 1 1Pyrginae (S= 21)Achlyodes mithridates thraso (Hübner, 1807) 4 3 7Aguna asander asander (Hewitson, 1867) * + ° 1 1Autochton zarex (Hübner, 1818) 1 3 4Codatractus aminias (Hewitson, 1867) 1 1 6 8Gorgythion begga begga (Prittwitz, 1868) 1 1 2

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39

Tabela 1 – Continuação.

Família/Subfamília/Espécie PV PI CSR MMR SD TotalPyrginae (S= 21)Helias phalaenoides palpalis (Latreille, [1824]) + ° 1 1Heliopetes arsalte (Linnaeus, 1758) + ° 1 1Heliopetes libra Evans, 1944 * 1 1 2Heliopetes omrina (Butler, 1870) 1 3 2 6Milanion leucaspis (Mabille, 1878) 7 7Pyrgus orcus (Stoll, 1780) 7 10 109 82 208Pyrgus orcynoides (Giacomelli, 1928) 2 15 2 19Trina geometrina geometrina (C. Felder & R. Felder, 1867) 6 3 9Urbanus dorantes (Stoll, 1790) 1 1 1 3Urbanus doryssus albicuspis (Herrich-Schaffer, 1869) + ° 1 1Urbanus procne (Plötz, 1881) 2 3 7 12Urbanus proteus proteus (Linnaeus, 1758) 1 1 1 6 9Urbanus simplicius (Stoll, 1790) 2 5 8 8 23Urbanus teleus (Hübner, [1821]) 1 7 11 19Viola sp. Evans, 1953 + ° 1 1Xenophanes tryxus (Stoll, 1780) 2 2 26 30Pyrrhopyginae (S=1)Mysoria barcastus barta Evans, 1951 * + ° 1 1PAPILIONIDAE (S = 11)Papilioninae (S= 11)Battus polydamas polydamas (Linnaeus, 1758) 5 6 3 5 19 38Battus polystictus polystictus (Butler, 1784) 1 7 8Heraclides anchisiades capys (Hübner, [1809]) 1 2 3 2 13 21Heraclides astyalus astyalus (Godart, 1819) 2 2 4 10 10 28Heraclides hectorides (Esper, 1794) 3 23 26Heraclides thoas brasiliensis (Rothschild & Jordan, 1906) 3 4 11 12 30Mimoides lysithous rurik (Eschscholtz, 1821) + ° 1 1Parides agavus (Drury, 1782) 1 7 8 16Parides anchises nephalion ( Godart, 1819) 15 15Parides bunichus (Hübner, 1821) 5 5Pterourus scamander scamander (Boisduval, 1836) 1 3 4PIERIDAE (S=12)Dismorphinae (S=1)Enantia melite (Linnaeus, 1763) + ° 1 1Coliadinae (S=8)Eurema albula sinoe (Godart, 1819) 2 1 3 1 3 10Eurema deva deva (Doubleday, 1847) 1 2 7 3 13Eurema elathea flavescens (Chavannes, 1850) 1 2 7 2 12Phoebis argante argante (Fabricius, 1775) 2 1 1 2 6Phoebis neocypris neocypris (Hübner, [1823]) 31 18 18 26 33 126Phoebis philea philea (Linnaeus, 1763) 10 8 21 9 10 58Phoebis sennae marcellina (Cramer, 1777) 1 3 4 4 2 14Rhabdodryas trite banksi (Breyer, 1939) 9 2 6 3 20Pierinae (S=3)Ascia monuste orseis (Godart, 1819) 12 27 13 10 15 77Hesperocharis erota (Lucas, 1852) + ° 1 1Tatochila autodice (Hübner, 1818) 17 17LYCAENIDAE (S=12)Theclinae (S=8)Arawacus separata (Lathy, 1926) 9 7 16Calycopis caulonia (Hewitson, 1877) 1 2 2 7 1 13Cyanophrys herodotus (Fabricius, 1793) * 2 1 3Panthiades hebraeus (Hewitson, 1867) + ° 1 1

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Tabela 1 – Continuação.

Família/Subfamília/Espécie PV PI CSR MMR SD TotalTheclinae (S=8)Parrhasius orgia (Hewitson, 1867 1 1 2Parrhasius polibetes (Stoll, 1781) * + ° 1 1Rekoa palegon Cramer, 1780 1 1 2Strymon eurytulus (Hübner, 1819) + ° 1 1Polyommatinae (S= 1)Leptotes cassius (Cramer, 1775) 1 25 26Lycaenidae não identificados (S=3)Morfotipo 1 + ° 1 1Morfotipo 2 + ° 1 1Morfotipo 3 + ° 1 1RIODINIDAE (S=7)Euselasiinae (S=1)Euselasia geon Seitz, 1913 ◊ 9 3 1 2 2 17Riodininae (S= 6)Aricoris signata (Stichel, 1910) * 17 2 19Emesis diogenia Prittwitz, 1865 * + ° 1 1Melanis smithiae (Westwood, 1851) 1 1 8 10Melanis xenia (Hewitson, [1853]) * + ° 1 1Riodina lycisca (Hewitson, 1863) 5 3 2 10Voltinia cebrenia (Hewitson, [1873]) ◊ 2 2NYMPHALIDAE (S=54)Nymphalinae (S=14)Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821) 1 6 26 33Chlosyne lacinia saundersi (Doubleday, [1847]) 29 29Eresia lansdorfi (Godart, 1819) 1 4 3 8Hypanartia bella (Fabricius, 1793) 11 2 2 17 32Hypanartia lethe (Fabricius, 1793) 3 1 17 21Junonia evarete (Cramer, 1779) 7 6 36 63 37 149Ortilia dicoma (Hewitson, 1864) * + ° 1 1Ortilia ithra (Kirby, 1900) 2 1 3Ortilia orthia (Hewitson, 1864) 7 15 22Siproeta epaphus trayja Hübner, [1823] 1 1 2Siproeta stelenes meridionalis (Fruhstorfer, 1909) 1 2 1 4Vanessa braziliensis (Moore, 1883) 1 5 10 7 23Tegosa claudina (Eschscholtz, 1821) 2 2 3 20 27Tegosa orobia (Hewitson, 1864) 1 1 3 2 7Biblidinae (S=10)Biblis hyperia (Cramer, 1779) 6 23 29 58Diaethria candrena candrena (Godart, [1824]) 2 1 3Dynamine agacles agacles (Dalman, 1823) * + ° 1 1Dynamine myrrhina (Doubleday, 1849) 1 10 33 44Dynamine tithia tithia (Hübner [1823]) * 2 1 3Epiphile hubneri Hewitson, 1861 * 1 1 2Eunica eburnea Fruhstorfer, 1907 13 6 7 6 32Hamadryas amphinome amphinome (Linnaeus, 1767) * 1 1 2Hamadryas epinome (C.Felder & R.Felder, 1867) 2 1 4 13 20Hamadryas februa (Hübner, 1823) 2 4 6Marpesia petreus (Cramer, 1778) * + ° 1 1Satyrinae (S=9)Brassolis sophorae vulpeculus Stichel, 1902 1 1 2Hermeuptychia hermes (Fabricius 1775) 1 66 50 31 52 200Moneuptychia soter (Butler, 1877) + ° 1 1Morpho aega (Hübner, 1822) 2 2

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Tabela 1 – Continuação.

Família/Subfamília/Espécie PV PI CSR MMR SD TotalSatyrinae (S=9)Opsiphanes invirae amplificatus Stichel, 1904 1 1 2Paryphthimoides phronius (Godart, [1824]) 2 9 9 25 45Paryphthimoides poltys (Prittwitz, 1865) 4 6 15 25Splendeuptychia libitina (Butler, 1870) * + ° 1 1Yphthimoides celmis (Godart, [1824]) 6 24 16 44 90Heliconiinae (S=9)Actinote carycina Jordan, 1913 4 17 5 2 28Actinote mamita (Burmeister, 1861) + ° 1 1Actinote melanisans Oberthür, 1917 35 47 2 16 33 133Agraulis vanillae maculosa [Stichel, 1907] 2 10 2 4 18Dione juno juno (Cramer, 1779) 5 6 7 1 2 21Dryas iulia alcionea (Cramer, 1779) 8 12 13 34 19 86Euptoieta claudia (Cramer, 1775) 5 6 11Heliconius erato phyllis (Fabricius, 1775) 4 25 28 57Heliconius ethilla narcaea (Godart, 1819) 1 12 16 29Ithomiinae (S=6)Episcada hymenaea hymenae (Prittwitz, 1865) 3 7 10Epityches eupompe (Geyer, 1832) 1 1 38 40Mechanitis lysimnia lysimnia (Fabricius, 1793) 3 1 2 28 34Methona themisto (Hübner, 1818) + ° 1 1Placidina euryanassa (C. Felder et R..Felder, 1860) * + ° 1 1Pseudoscada erruca (Hewitson, 1855) + ° 1 1Apaturinae (S= 1)Doxocopa laurentia (Godart, 1824) 3 2 5Limenitidinae (S = 2)Adelpha thessalia indefecta Fruhstorfer, 1913 + ° 1 1Danainae (S= 1)Danaus erippus (Cramer, 1775) 7 9 41 6 6 69Charaxinae (S= 2)Archaeoprepona chalciope (Hübner, [1823]) * 1 1 2Memphis moruus stheno (Prittwitz, 1865) * 3 3

Total de espécies 38 49 52 90 97 132Abundância Total 176 317 360 660 1018 2531

Do total de indivíduos, 57,36% pertenceram a família Nymphalidae, 15,96% a

Hesperiidae, 14,02% a Pieridae, 12,54% a Papilionidae, 2,68% a Lycaenidae e 2,37% a

Riodinidae (Figura 3A).

Em relação à riqueza, 40,90% das espécies pertenceram à família Nymphalidae,

27,27% a Hesperiidae, 9,09% a Pieridae, 9,09% a Lycaenidae, 8,33% a Papilionidae e 5,30%

a Riodinidae (Figura 3B).

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A)

B)

Figura 3 – Representatividade de abundância (A) e riqueza (B) entre as famílias de borboletas em áreas verdes urbanas de Santa Maria, RS, entre os meses de agosto de 2010 e julho de 2011.

Os valores de riqueza do presente estudo diferiram daqueles encontrados por

BROWN; FREITAS (1999), que citam Lycaenidae e Hesperiidae como as famílias mais ricas

em espécies no Brasil (Tabela 2). Nas áreas verdes urbanas de Santa Maria, foram

encontrados valores mais próximos aos do Rio Grande do Sul (MORAIS et al., 2007) e dos

fragmentos de Floresta Estacional Decidual em Santa Maria, (DESSUY; MORAIS, 2007)

apenas com maior riqueza de Nymphalidae nas áreas verdes urbanas. Deve-se lembrar que,

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nesses trabalhos citados anteriormente, a família Riodinidae era considerada subfamília da

família Lycaenidae. Assim, o presente estudo parece seguir o padrão para o Estado, que

aponta menor riqueza de Lycaenidae em relação ao resto do Brasil.

Tabela 2 – Riqueza de espécies por família (%) em comunidades de borboletas no Brasil, Rio Grande do Sul (RS) e Santa Maria (SM). B; F: BROWN; FREITAS (1999); M: MORAIS et al. (2007); D; M: DESSUY; MORAIS (2007); AU: Áreas Verdes Urbanas de Santa Maria, RS.

B; F M D; M AUHesperiidae 36 37 39 27,27Papilionidae 2 4 8 8,33

Pieridae 2 7 6 9,09Lycaenidae e Riodinidae 36 23 12 14,39

Nymphalidae 24 29 35 40,9

Brasil RS SM

O grande número de espécies da família Nymphalidae encontrado neste trabalho (S=

54) pode estar relacionado ao fato desta ser a mais diversificada em hábitos (BROWN;

FREITAS, 1999). As subfamílias mais abundantes foram: Nymphalinae, Biblidinae, Satyrinae

e Heliconiinae. Os adultos de Nymphalinae utilizam néctar de flores (BROWN, 1992),

recursos que são abundantes nos locais amostrados. Nove espécies constituem o primeiro

registro para a cidade de Santa Maria, RS: Ortilia dicoma, Dynamine agacles agacles, D.

tithia tithia, Hamadryas amphinome amphinome, Splendeuptychia libitina, Placidina

euryanassa, Marpesia petreus, Archaeoprepona chalciope e Memphis moruus stheno (Tabela

1) (LINK et al., 1977, 1980; KAMINSKI, 1992; DESSUY; MORAIS, 2007; SACKIS;

MORAIS, 2008; LEMES et al., 2008).

Existem poucos inventários de borboletas no RS incluindo Hesperiidae, consideradas

de difícil amostragem e identificação, mas importantes como indicadoras (BROWN;

FREITAS, 1999). DESSUY; MORAIS (2007), usando a mesma metodologia, encontraram 58

espécies de Hesperiidae, sendo que 25 foram comuns ao presente trabalho (Tabela 3). Cinco

espécies constituem o primeiro registro para a cidade de Santa Maria: Lerodea eufala eufala,

Quinta cannae, Aguna asander asander, Heliopetes libra e Mysoria barcastus barta

(KAMINSKI, 1992; DESSUY; MORAIS, 2007; SACKIS; MORAIS, 2008; LEMES et al.,

2008). Além dessas espécies, Synapte malitiosa antistia representa o primeiro registro para o

estado (Sítio Domingues, 03/03/2011, MIELKE det.; LEMES leg.) (BIEZANKO; MIELKE,

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1973; MIELKE, 1979, 1980; RUSZCZYK 1986a, b, c, d, e; RUSZCZYK; ARAÚJO, 1992;

KAMINSKI, 1992; RUSZCZYK, 1998; ISERHARD; ROMANOWSKI, 2004;

MARCHIORI; ROMANOWSKI, 2006a, b; DESSUY; MORAIS, 2007; GIOVENARDI et al.,

2008; SACKIS; MORAIS, 2008; LEMES et al., 2008; ISERHARD et al., 2010; RITTER, et

al., 2011; ROSA et al., 2011).

Tabela 3 – Composição das espécies de borboletas registradas em Fragmentos de Floresta Estacional Decidual por DESSUY; MORAIS, 2007 (D; M) e Áreas Verdes Urbanas de Santa Maria, RS (AU).

Família/Subfamília/Espécie D; M AUHESPERIIDAE (S= 69)Hesperiinae (S= 40)Anthoptus epictetus (Fabricius, 1793) X XCallimormus interpunctata (Plötz, 1884) XCallimormus rivera (Plötz, 1882) X XCorticea lysias potex Evans, 1955 XCorticea obscura (Mielke, 1969) XCorticea sp. Evans, 1955 XCymaenes distigma Plötz, 1883 XCymaenes gisca Evans, 1955 XCymaenes lepta (Hayward, 1938) XCymaenes tripunctata tripunctata (Latreille, [1824]) XCymaenus sp. (Scudder, 1872) XDecinea lucifer (Hübner, [1831]) XEbrietas anacreon anacreon (Staudinger, 1876) XHylephila phyleus (Drury, 1773) X XLerodea eufala eufala (W. H. Edwards, 1869) XLucida ranesus (Schaus, 1902) XLychnuchoides ozias ozias (Hewitson, 1878) X XMiltomiges cinnamomea (Herrich-Schaffer, 1969) X XMnasilus allubita (Butler, 1877) XNastra lurida (Herrich-Schäffer, 1869) XNyctelius n. nyctelius (Latreille, [1824]) XPanoquina ocola (Edwards, 1863) XParphorus pseudecorus (Hayward, 1934) XPerichares philetes aurina Evans, 1955 XPolites vibex catilina (Plötz, 1886) X XPompeius pompeius (Latreille, [1824]) XPsoralis stacara (Schaus, 1902) XQuadris sp. XQuinta cannae (Herrich-Schaffer, 1969) XSodalia coler (Schaus, 1902) XSynapte malitiosa antistia (Plötz, 1882) XSynapte silius (Latreille, [1824]) XThargella evansi Biezanko & Mielke, 1973 X XThespieus ethemides (Burmeister, 1878) XVehilius clavicula (Plötz, 1884) X XVehilius celeus ochraceus (Biezanko & Mielke, 1983) XVehilius inca (Scudder, 1872) XVehilius stictomenes stictomenes (Butler, 1877) X XVettius diversus diversus (Herrich-Schäffer, 1869) XWallengrenia premnas (Wallengren, 1860) X

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Tabela 3 – Continuação.

Família/Subfamília/Espécie D; M AUPyrginae (S= 28)Achlyodes mithridates thraso (Hübner, 1807) X XAethilla echina coracina Butler, 1870 XAguna asander asander (Hewitson, 1867) XAntigonus liborius areta Evans, 1953 XAutochton zarex (Hübner, 1818) X XCodatractus aminias (Hewitson, 1867) XCarrhenes canescens pallida Röber, 1925 XGorgythion begga begga (Prittwitz, 1868) X XGorgythion beggina escalophoides Hayward, 1941 XHelias phalaenoides palpalis (Latreille, [1824]) X XHeliopetes arsalte (Linnaeus, 1758) X XHeliopetes libra Evans, 1944 XHeliopetes omrina (Butler, 1870) X XMilanion leucaspis (Mabille, 1878) X XNisoniades macarius (Herrich-Schäffer, 1870) XPyrgus orcus (Stoll, 1780) X XPyrgus orcynoides (Giacomelli, 1928) XStaphylus musculus (Burmeister, 1875) XTrina geometrina geometrina (C. Felder & R. Felder, 1867) X XUrbanus dorantes (Stoll, 1790) X XUrbanus doryssus albicuspis (Herrich-Schaffer, 1869) X XUrbanus procne (Plötz, 1881) X XUrbanus proteus proteus (Linnaeus, 1758) X XUrbanus simplicius (Stoll, 1790) X XUrbanus teleus (Hübner, [1821]) X XViola sp. Evans, 1953 XXenophanes tryxus (Stoll, 1780) X XZera tetrastigma erisichthon (Plotz, 1884) XPyrrhopyginae (S= 1)Mysoria barcastus barta Evans, 1951 XPAPILIONIDAE (S= 12)Papilioninae (S= 12)Battus polydamas polydamas (Linnaeus, 1758) X XBattus polystictus polystictus (Butler, 1784) X XHeraclides anchisiades capys (Hübner, [1809]) X XHeraclides astyalus astyalus (Godart, 1819) X XHeraclides hectorides (Esper, 1794) X XHeraclides thoas brasiliensis (Rothschild & Jordan, 1906) X XMimoides lysithous lysithous (Hübner, 1821) XMimoides lysithous rurik (Eschscholtz, 1821) X XParides agavus (Drury, 1782) X XParides anchises nephalion ( Godart, 1819) X XParides bunichus (Hübner, 1821) X XPterourus scamander scamander (Boisduval, 1836) X XPIERIDAE (S= 13)Dismorphinae (S= 1)Enantia melite (Linnaeus, 1763) XColiadinae (S= 9)Aphrissa s. statira (Cramer, 1777) XEurema albula sinoe (Godart, 1819) X XEurema deva deva (Doubleday, 1847) XEurema elathea flavescens (Chavannes, 1850) X XPhoebis argante argante (Fabricius, 1775) X XPhoebis neocypris neocypris (Hübner, [1823]) X XPhoebis philea philea (Linnaeus, 1763) X XPhoebis sennae marcellina (Cramer, 1777) X XRhabdodryas trite banksi (Breyer, 1939) X X

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46

Tabela 3 – Continuação.

Família/Subfamília/Espécie D; M AUPierinae (S= 3)Ascia monuste orseis (Godart, 1819) X XHesperocharis erota (Lucas, 1852) XTatochila autodice (Hübner, 1818) XLYCAENIDAE (S= 19)Theclinae (S= 14)Arawacus separata (Lathy, 1926) X XCalycopis caulonia (Hewitson, 1877) X XCyanophrys herodotus (Fabricius, 1793) XIgnata norax (Godman & Salvin, 1887) XOstrinotes sophocles (Fabricius, 1793) XPanthiades hebraeus (Hewitson, 1867) XParrhasius orgia (Hewitson, 1867 XParrhasius polibetes (Stoll, 1781) XRekoa palegon Cramer, 1780 X XStrephonota elika (Hewitson, 1867) XStrymon eurytulus (Hübner, 1819) XThecla conchylium Druce, 1907 XTmolus echion (Linnaeus, 1767) XZiegleria ceromia (Hewitson, 1877) XPolyommatinae (S= 1)Leptotes cassius (Cramer, 1775) XLycaenidae não identificados (S= 4)Morfotipo 1 XMorfotipo 2 XMorfotipo 3 XRIODINIDAE (S= 12)Euselasiinae (S= 1)Euselasia geon Seitz, 1913 XRiodininae (S= 11)Adelotypa tinea (Bates, 1868) XAricoris signata (Stichel, 1910) XCalephelis nilus (Felder & Felder, 1861) XEmesis diogenia Prittwitz, 1865 XLasaia agesilas (Lattreille, 1809) XMelanis smithiae (Westwood, 1851) X XMelanis xenia (Hewitson, [1853]) XMesosemia odice (Godart, [1824]) XRiodina lycisca (Hewitson, 1863) X XSynargis victrix (Rebel, 1902) XVoltinia cebrenia (Hewitson, [1873]) XNYMPHALIDAE (S= 68)Nymphalinae (S= 16)Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821) X XChlosyne lacinia saundersi (Doubleday, [1847]) XEresia lansdorfi (Godart, 1819) X XHypanartia bella (Fabricius, 1793) X XHypanartia lethe (Fabricius, 1793) X XJunonia evarete (Cramer, 1779) X XOrtilia dicoma (Hewitson, 1864) XOrtilia ithra (Kirby, 1900) X XOrtilia orthia (Hewitson, 1864) X XSiproeta epaphus trayja Hübner, [1823] XSiproeta stelenes meridionalis (Fruhstorfer, 1909) X XVanessa braziliensis (Moore, 1883) X XVanessa myrrima (Doubleday, 1849) XTegosa claudina (Eschscholtz, 1821) X XTegosa orobia (Hewitson, 1864) XTelenassa sp. X

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47

Tabela 3 – Continuação.

Família/Subfamília/Espécie D; M AUBiblidinae (S= 12)Biblis hyperia (Cramer, 1779) X XCallicore pygas (Godart, [1824]) XDiaethria candrena candrena (Godart, [1824]) XDynamine agacles agacles (Dalman, 1823) XDynamine myrrhina (Doubleday, 1849) X XDynamine postverta (Cramer, 1779) XDynamine tithia tithia (Hübner [1823]) XEpiphile hubneri Hewitson, 1861 XEunica eburnea Fruhstorfer, 1907 X XHamadryas amphinome amphinome (Linnaeus, 1767) XHamadryas epinome (C.Felder & R.Felder, 1867) X XHamadryas februa (Hübner, 1823) XMarpesia petreus (Cramer, 1778) XSatyrinae (S= 13)Brassolis sophorae vulpeculus Stichel, 1902 X XCapronnieria abretia (Capronier, 1874) XCarminda paeon (Godart, 1824) XHermeuptychia hermes (Fabricius, 1775) X XMoneuptychia soter (Butler, 1877) X XMorpho aega (Hübner, 1822) X XSatyrinae (S= 13)Opsiphanes invirae amplificatus Stichel, 1904 XParyphthimoides phronius (Godart, [1824]) X XParyphthimoides poltys (Prittwitz, 1865) X XPraepedaliodes phanias (Hewitson, 1862) XPseudodebis euptychidia (Butler, 1868) XSplendeuptychia libitina (Butler, 1870) XYphthimoides celmis (Godart, [1824]) X XHeliconiinae (S= 11)Actinote carycina Jordan, 1913 X XActinote mamita (Burmeister, 1861) X XActinote melanisans Oberthür, 1917 X XActinote pellenea calymma Jordan, 1913 XActinote pyrrha (Fabricius, 1775) XAgraulis vanillae maculosa [Stichel, 1907] X XDione juno juno (Cramer, 1779) X XDryas iulia alcionea (Cramer, 1779) X XEuptoieta claudia (Cramer, 1775) XHeliconius erato phyllis (Fabricius, 1775) X XHeliconius ethilla narcaea (Godart, 1819) X XIthomiinae (S= 8)Dircenna dero (Hübner, 1823) XEpiscada hymenaea hymenae (Prittwitz, 1865) X XEpityches eupompe (Geyer, 1832) X XMechanitis lysimnia lysimnia (Fabricius, 1793) X XMethona themisto (Hübner, 1818) X XPlacidina euryanassa (C. Felder et R..Felder, 1860) XPseudoscada erruca (Hewitson, 1855) X XPteronymia sylvo (Geyer, 1832) XApaturinae (S= 1)Doxocopa laurentia (Godart, 1824) X XLimenitidinae (S= 3)Adelpha syma (Godart, [1824]) XAdelpha thessalia indefecta Fruhstorfer, 1913 X XDanainae (S= 2)Danaus erippus (Cramer, 1775) X XDanaus gilippus (Cramer, 1775) XCharaxinae (S= 2)Archaeoprepona chalciope (Hübner, [1823]) XMemphis moruus stheno (Prittwitz, 1865) X

Total de espécies observadas 146 132

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48

A maior riqueza de Papilionidae em Santa Maria, 15 espécies, foi registrada por

SCHWARTZ; DI MARE (2001), seguido por DESSUY; MORAIS (2007), com 12 espécies.

Dessas, 11 espécies também foram registradas no presente trabalho. Nove delas estiveram

presentes no SD, o que pode estar relacionado ao fato da presença de nascentes e cursos de

água na área, já que muitas espécies de Papilionidae são consideradas boas indicadoras de

recursos hídricos abundantes (BROWN; FREITAS, 1999).

Doze espécies de Pieridae foram registradas no presente estudo, incluindo Ascia

monuste orseis (Godart, 1819), espécie exótica e invasora que se alimenta de folhas de couve

(PEREIRA, et al., 2003). Na natureza, as borboletas Pieridae colocam seus ovos em plantas

da família Fabaceae (BROWN, 1992) como por exemplo, I. marginata (ingazeiro, Fabaceae),

presente nas cinco áreas amostradas. DESSUY; MORAIS (2007) registraram nove espécies

dessa família, sendo que oito são comuns às espécies das áreas verdes urbanas de Santa

Maria. Segundo BROWN; FREITAS (1999) muitas espécies dessa família podem ser

indicadoras de aumento de perturbação no sistema.

As borboletas das famílias Lycaenidae e Riodinidae são migratórias e erráticas sendo

também consideradas de difícil amostragem (BROWN, 1992), o que pode ter contribuído para

a menor riqueza de espécies amostradas: 12 Lycaenidae e sete Riodinidae. Porém se

considerar a riqueza total das duas famílias obterá 19 espécies, valor superior às 16 espécies

encontradas por DESSUY; MORAIS (2007), das quais apenas cinco foram registradas em

comum com o presente estudo. Duas espécies de Lycaenidae são primeiros registros para

Santa Maria: Cyanophrys herodotus e Parrhasius polibetes (DESSUY; MORAIS, 2007;

SACKIS; MORAIS, 2008; LEMES et al., 2008). Já a família Riodinidae apresentou três

novos registros para a cidade: Aricoris signata, Emesis diogenia e Melanis xenia (DESSUY;

MORAIS, 2007; SACKIS; MORAIS, 2008; LEMES et al., 2008) e dois novos registros para

o estado: Euselasia geon (Avenida Presidente Vargas, 03/04/2011, CALLAGHAN det.;

LEMES leg.) e Voltinia cebrenia (Monumento do Morro Mariano da Rocha, 28/02/2011,

CALLAGHAN det.; PIOVESAN leg.) (MABILDE, 1896; BIEZANKO et al., 1978;

RUSZCZYK 1986a, b, c, d, e; RUSZCZYK; ARAÚJO, 1992; RUSZCZYK, 1998;

KRÜGER; SILVA, 2003; ISERHARD; ROMANOWSKI, 2004; MARCHIORI;

ROMANOWSKI, 2006a, b; DESSUY; MORAIS, 2007; PAZ et al., 2008; GIOVENARDI et

al., 2008; SACKIS; MORAIS, 2008; LEMES et al., 2008; ISERHARD et al., 2010; RITTER,

et al., 2011; ROSA et al., 2011).

No total, foram 22 novos registros para Santa Maria e três novos registros para o Rio

Grande do Sul. Dentre elas, são consideradas raras ou escassas, de acordo com a literatura: L.

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eufala eufala, S. malitiosa antistia, A. asander asander, H. libra, M. barcastus barta, C.

herodotus, E. geon, E. diogenia, V. cebrenia, H. amphinome amphinome, S. libitina, P.

euryanassa, M. petreus e M. moruus stheno (BIEZANKO, 1973; BROWN, 1992; MIELKE;

CASAGRANDE, 1997).

As curvas de acumulação de espécies, estimadas com intervalo de confiança de 95%,

mostraram que somente em PV esteve próxima de atingir a assíntota, indicando que o esforço

amostral empregado ainda não foi suficiente para a obtenção da riqueza total em nenhuma das

áreas. Na PV, a estimativa de riqueza de espécies verificada pelos estimadores ficou entre

58,17 ± 6,03 (Jackknife 1) e 46,63 ± 0 (Bootstrap). Indicando que nessa área, o presente

inventário pode ter deixado de amostrar cerca de 22 espécies, conforme o estimador Jackknife

1 e 10 espécies, segundo Bootstrap.

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50

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Núm

ero

Cum

ulat

ivo

de

Esp

écie

s

Ocasiões Amostrais

Jackknife 1 = 58,17 ± 6,03Bootstrap = 46,63 ± 0

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Núm

ero

Cum

ulat

ivo

de

Esp

écie

s

Ocasiões Amostrais

Jackknife 1 = 68,25 ± 7,43Bootstrap = 57,98 ± 0

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Núm

ero

Cum

ulat

ivo

de

Esp

écie

s

Ocasiões Amostrais

Jackknife 1 = 73,08 ± 6,96Bootstrap = 61,04 ± 0

C)0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Núm

ero

Cum

ulat

ivo

de

Esp

écie

s

Ocasiões Amostrais

Jackknife 1 = 125,75 ± 6,51

Bootstrap = 105,78 ± 0

0

50

100

150

200

250

300

350

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Núm

ero

Cum

ulat

ivo

de

Esp

écie

s

Ocasiões Amostrais

Jackknife 1 = 128,17 ± 6,75Bootstrap =111,15 ± 0

Figura 4 – Curva de acumulação de espécies e estimadores de riqueza (desvio padrão) de borboletas em cinco áreas verdes urbanas de Santa Maria, RS. (A) Avenida Presidente Vargas (PV); (B) Parque Itaimbé (PI); (C) Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); (D) Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR); e (E) Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011.

As espécies mais abundantes no total foram Pyrgus orcus com 208 indivíduos,

Hermeuptychia hermes com 200, Junonia evarete com 149, Actinote melanisans com 133 e

Phoebis neocypris neocypris com 126. Todas essas espécies se mostraram dominantes em

pelo menos uma das áreas de estudo (fr > 0,1) (Figura 5) e são comuns em Santa Maria

(CECHIN et al., 2009) e características de ambientes abertos (BIEZANKO, 1973; BROWN,

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51

1992; MIELKE; CASAGRANDE, 1997). De todas elas, apenas P. orcus foi considerado

abundante nos fragmentos de Floresta Estacional Decidual (DESSUY; MORAIS, 2007).

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37

Ab

un

dân

cia

Rel

ativ

a

Número de Espécies

1°) Actinote melanisans Oberthür, 1917*2°) Phoebis neocypris neocypris (Hübner,[1823]) *3°) Ascia monuste orseis (Godart, 1819)

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49

Ab

un

dân

cia

Rel

ativ

a

Número de Espécies

1°) Hermeuptychia hermes (Butler 1867) *2°) Actinote melanisans Oberthür, 1917 *3°) Ascia monuste orseis (Godart, 1819)

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52

Ab

und

ânci

a R

elat

iva

Número de Espécies

1°) Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775)*2°) Danaus erippus (Cramer, 1775)*3°) Junonia evarete (Cramer, 1779)*

C) 0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

1 5 9 1317212529333741454953576165697377818589

Abu

nd

ânci

a R

elat

iva

Número de Espécies

1°) Pyrgus orcus (Stoll, 1780)*2°) Junonia evarete (Cramer, 1779)3°) Dryas iulia alcionea (Cramer, 1779)

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 86 91 96

Ab

un

dân

cia

Rel

ativ

a

Número de Espécies

1°) Pyrgus orcus (Stoll, 1780)2°) Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775) 3°) Yphthimoides celmis (Godart, [1824])

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

Ab

un

dân

cia

Rel

ativ

a

Número de Espécies

1°) Pyrgus orcus (Stoll, 1780)2°) Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775) 3°) Junonia evarete (Cramer, 1779)

A) B)

D)

E) F)

Figura 5 – Distribuição das frequências relativas de borboletas em cinco áreas verdes urbanas de Santa Maria, RS. (A) Avenida Presidente Vargas (PV); (B) Parque Itaimbé (PI); (C) Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); (D) Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR); (E) Sítio Domingues (SD); e (F) todos locais (total), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011. *: espécies dominantes (fr > 0,1) em cada local.

No total, 15 espécies foram comuns nas cinco áreas verdes urbanas de Santa Maria,

três Papilionidae, cinco Pieridae, um Lycaenidae, um Riodinidae e cinco Nymphalidae

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(Tabela 1), a maioria de ocorrência relativamente comum na região (A.B.B. MORAIS, com.

pes.).

Trinta e três espécies foram “singletons” e também exclusivas de uma das áreas

(Tabelas 1 e 4), sendo que grande parte desses indivíduos foram registrados em MMR e SD.

A maioria foi Hesperiidae, com 12 espécies, seguido de Nymphalidae (10), Lycaenidae (seis),

Pieridae e Riodinidae (ambos com duas) e Papilionidae, com apenas uma. Dessas, são

consideradas escassas ou raras na literatura: Hylephila phyleus, Lychnuchoides ozias ozias, A.

asander asander, Urbanus doryssus albicuspis, M. barcastus barta, Enantia melite,

Moneuptychia soter, Actinote mamita, P. euryanassa e M. petreus (BIEZANKO, 1973;

BROWN, 1992; MIELKE; CASAGRANDE, 1997).

Tabela 4 – Riqueza (S), abundância (N), índice de Diversidade Shannon-Wiener (H’) e de Margalef (Dmg), índice de Dominância de Simpson (D) e de Berger-Parker (d), número de espécies exclusivas, número de espécies exclusivas > 1 e número de espécies representadas por um único indivíduo (“Singleton”), registradas na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011.

PV PI CSR MMR SDS 38 49 52 90 97N 176 317 360 660 1018H' 2,895 3,022 3,218 3,655 3,951

Dmg 7,156 8,335 8,664 13,71 14,15D 0,09272 0,08764 0,06242 0,05186 0,02727d 0,1989 0,2082 0,1389 0,1652 0,08039

Exclusivas 4 4 4 9 12Exclusivas > 1 0 1 1 2 7

Singleton 4 4 4 9 12

Onze espécies foram exclusivas e representadas por mais de um indivíduo (Tabela 4).

A maioria foi Hesperiidae (quatro espécies), seguido de Nymphalidae (três), Papilionidae

(duas) e Pieridae e Riodinidae, ambas com uma espécie. Dessas, destacam-se: Parides

anchises nephalion (Godart, 1819), por apresentar 15 indivíduos em SD, Tatochila autodice

(Hübner, 1818), com 17 indivíduos em CSR e Chlosyne lacinia saundersi (Doubleday,

[1847]), com 29 indivíduos em SD. Segundo BROWN (1992), os indivíduos de P. anchises

nephalion são comuns em muitos ambientes, inclusive em locais antrópicos e suas lagartas se

alimentam de quase todas as espécies de Aristolochia. Os indivíduos de T. autodice são

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comuns em hortas, e as lagartas se alimentam de couve (Brassica oleraceae), goivo

(Cheiranthus annuss) e chagas (Tropacolum majus) (BIEZANKO, 1973). Os indivíduos de C.

lacinia saundersi são considerados comuns em ambientes ruderais e abertos e suas lagartas se

alimentam de Compositae, como Ambrosia sp. e Helianthus sp (BROWN, 1992).

Os índices de diversidade de Shannon-Wiener e de Margalef tiveram o mesmo padrão

nos cinco locais (Tabela 4). Os maiores valores foram registrados em SD, local com maior

riqueza e abundância de espécies, demonstrando com isto melhor distribuição dos indivíduos

entre as espécies. Os menores valores ocorreram em PV, local que registrou a menor riqueza

de espécies. Quanto aos índices de dominância de Simpson e Berger-Parker, sua ordem foi

diferente em relação aos valores máximos, onde PV obteve o maior valor para a dominância

de Simpson e o PI para Berger-Parker (Tabela 4). Os valores de diversidade e dominância

calculados para o presente estudo, de modo geral, são semelhantes aos apresentados por

DESSUY; MORAIS (2007) nos fragmentos de Floresta Estacional Decidual de Santa Maria.

Dos cinco locais estudados, SD obteve a maior abundância de indivíduos (N= 1,018) e

maior riqueza de espécies (S= 97). PV apresentou a menor abundância (N= 176) e menor

riqueza de espécies (S= 38) (Tabelas 1 e 4). Esses resultados mostram que quanto mais

próximo ao centro da cidade menor é a abundância e riqueza da fauna de borboletas,

sugerindo que o gradiente urbano é inversamente proporcional ao gradiente de diversidade.

Outros estudos que também corroboraram essa hipótese foram os de RUSZCZYK 1986a, b, c,

d, e; RUSZCZYK; ARAÚJO (1992), BLAIR; LAUNER (1997); HOGSDEN;

HUTCHINSON (2004); CAMARGO (2006).

A ordenação NMDS evidenciou uma nítida segregação dos locais estudados, em

decorrência do gradiente urbano avaliado, formando grupos distintos entre si: áreas periféricas

na parte esquerda e no meio do gráfico e áreas centrais na parte direita do gráfico (Figura 5).

O CSR, localizado isoladamente a uma distância intermediária no gráfico em relação às outras

áreas, encontra-se eqüidistante, na área do município, entre duas das áreas amostrais (MMR e

SD) e dois dos fragmentos florestais inventariados por DESSUY; MORAIS (2007) (ver

ANEXO B). Essa diferença na ordenação foi confirmada pela análise de similaridade

(ANOSIM) que evidenciou 83% de diferença entre os dois grupos averiguados (Global R=

0,833) confirmando que as assembléias de borboletas foram distintas entre os grupos.

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Figura 6 – Diagrama de ordenação NMDS da composição de espécies de borboletas em cinco áreas verdes urbanas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS. Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD).

A análise de porcentagem de dissimilaridade (SIMPER) entre as espécies das amostras

das áreas periféricas e centrais evidenciou uma diferença de 65,06%. A espécie com maior

contribuição para a diferenciação dos gradientes foi P. orcus, que foi a espécie mais

abundante em MMR e SD, seguida por J. evarete, que esteve entre as três espécies mais

abundantes em CSR e MMR (Tabela 5).

Tabela 5 – Análise de porcentagem de dissimilaridade (SIMPER) para as espécies de borboletas de maior contribuição para a diferenciação das áreas centrais e periféricas no período entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS.

Espécies Áreas Contribuição (%)Pyrgus orcus (Stoll, 1780) periférica 6,37Junonia evarete (Cramer, 1779) periférica 4,53Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775) periférica 4Actinote melanisans Oberthür, 1917 central 3,24Yphthimoides celmis (Godart, [1824]) periférica 2,76Danaus erippus (Cramer, 1775) central 1,97

A similaridade entre a composição de espécies de borboletas das áreas centrais foi

48,45%, destacando-se A. melanisans, P. neocypris neocypris e A. monuste orseis. Já a

similaridade das áreas periféricas foi 50,20%, com maior contribuição de Hermeuptychia

hermes (Fabricius 1775), J. evarete e P. orcus (Tabela 6).

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Tabela 6 – Análise de porcentagem de similaridade (SIMPER) para as espécies de borboletas de maior contribuição para a diferenciação das áreas centrais e periféricas no período entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS.

Espécies Áreas Contribuição (%)Actinote melanisans Oberthür, 1917 central 28,23Phoebis neocypris neocypris (Hübner, [1823]) central 14,52Ascia monuste orseis (Godart, 1819) central 9,68Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775) periférica 11,71Junonia evarete (Cramer, 1779) periférica 11,48Pyrgus orcus (Stoll, 1780) periférica 9,06

Em relação à sazonalidade, a abundância de borboletas variou entre as ocasiões

amostrais e o mês de fevereiro apresentou o maior valor (N = 379), seguido de março (N =

378), devido principalmente às maiores riquezas de Nymphalidae e Hesperiidae (Tabela 7). Já

os meses de junho e julho apresentaram os menores valores de abundância, 23 e 37

indivíduos, respectivamente. Nestes mesmos dois meses de inverno, não foi registrado

nenhum indivíduo de Papilionidae e Riodinidae. Em relação à riqueza de espécies, nos meses

de janeiro e fevereiro foram registrados os maiores valores, 74 e 63, respectivamente. E os

meses com menores riquezas foram junho e julho, 18 e 25 espécies, respectivamente (Tabela

7). De modo geral, no presente estudo, as maiores riquezas e abundâncias de borboletas foram

registradas no verão corroborando os resultados de SACKIS; MORAIS (2008) para o Campus

UFSM. Provavelmente este padrão de sazonalidade das borboletas registrado nas áreas

urbanas de Santa Maria, presente também em parte das regiões Sudeste e Sul do Brasil

(BROWN, 1972), está relacionado à existência de uma maior oferta de alimentos e plantas

para oviposição, assim como condições climáticas mais favoráveis para a sobrevivência

desses insetos (BROWN; FREITAS, 1999).

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Tabela 7 – Abundância (A) e riqueza (B) das famílias de borboletas, por ocasião amostral, registradas na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD), Santa Maria, RS, entre agosto de 2010 e julho de 2011.

A)

Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho JulhoHesperiidae 5 19 12 13 20 66 90 80 47 37 6 9Papilionidae 0 34 28 22 20 24 29 25 8 2 0 0Pieridae 13 19 50 54 12 17 58 65 46 6 5 10Lycaenidae 2 1 1 1 4 12 17 11 8 10 0 1Riodinidae 0 3 2 0 15 5 6 13 13 3 0 0Nymphalidae 61 90 76 205 187 169 179 184 136 136 12 17Total 81 166 169 295 258 293 379 378 258 194 23 37

B)

Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho JulhoHesperiidae 5 5 6 4 6 24 14 11 13 11 4 7Papilionidae 0 7 7 4 7 8 7 6 3 2 0 0Pieridae 5 4 6 4 5 6 9 4 9 6 3 6Lycaenidae 2 1 1 1 2 4 4 4 4 6 0 1Riodinidae 0 3 2 0 4 4 5 3 2 3 0 0Nymphalidae 22 19 25 30 29 28 24 30 26 25 11 11Total 34 39 47 43 53 74 63 58 57 53 18 25

Finalmente, em relação às variáveis ambientais, as áreas periféricas apresentaram

maiores valores para recursos alimentares, fisionomia da vegetação, presença de água e

umidade e menores valores para fluxo de pessoas e veículos, temperatura e poluição sonora

(Tabela 8). De modo semelhante, CAMARGO (2006) ainda obteve correlação positiva

significativa entre a abundância de borboletas e a cobertura vegetal, diversidade da vegetação

e nível de conservação e correlação negativa com a infra-estrutura de cada área urbana

estudada, em Porto Alegre.

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Tabela 8 – Indicadores ambientais (média e desvio padrão) registrados na Avenida Presidente Vargas (PV), Parque Itaimbé (PI), Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR), Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD) no período entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS.

Indicadores Ambientais PV PI CSR MMR SDRecursos alimentares 2 2 3 3 3Fisionomia da vegetação 3 4 4 4 4Água 0 0 0 2 3Espécies vegetais exóticas 0 0 0 1 0Fluxo de pessoas no interior 1 1 2 3 3Fluxo de veículos no entorno 1 1 1 3 3Umidade (%) 49,64 (± 2,14) 50,92 (± 2,24) 48,31 (± 2,39) 55,72 (± 3,55) 56,96 (± 1,95)Temperatura (°C) 27,74 (± 5,19) 27,53 (± 5,54) 27,25 (± 6,02) 25,48 (± 6,48) 24,96 (± 6,48)Velocidade do ar (m/s) 0,34 (± 0,46) 0,37 (± 0,64) 1,05 (± 1,07) 1,23 (± 0,91) 1,24 (± 1,03)Luminosidade (Lux) 669,66 (± 184,44) 715,72 (± 164,02) 750,69 (± 138,14) 749,33 (± 135,04) 742 (± 138,53)Poluição sonora (dB) 77,72 (± 5,32) 74,09 (± 6,10) 67,50 (± 4,08) 62,35 (± 1,90) 62,32 (± 1,82)

De acordo com os resultados obtidos pela análise de Regressão Múltipla, somente a

variável independente “temperatura” foi incluída no modelo e mostrou-se estatisticamente

significante (F = 7,99, R²= 41,57, p = 0,00004) para explicar a abundância de borboletas nas

áreas amostradas. Assim, quanto maior a temperatura menor a abundância de borboletas, com

uma tendência a aumento da abundância em locais com temperaturas mais amenas, visto que

o valor de ß da regressão é considerado alto (ß = 31,7). Também MARCHIORI;

ROMANOWSKI (2006a), estudando a composição e deslocamentos diários de borboletas em

vegetação do tipo mata de Restinga, observaram uma queda na abundância de borboletas em

temperaturas mais elevadas durante o verão. Nesta estação houve uma distribuição mais

equitativa, tanto para espécies e indivíduos, ao longo do dia. Ainda assim, a atividade foi

maior do que o esperado no início da manhã e após as horas mais quentes do dia. Situação

parecida parece ter ocorrido no presente trabalho onde, apesar do verão ter sido a estação com

maiores valores de abundância e riqueza, nas áreas com maiores temperaturas houve um

decréscimo nesses valores. Corroborando esses dados, BROWN (1972) observou que o calor

levava as borboletas à inatividade no horário entre as 11:00 h e 14:30 h, em áreas muito

quentes das planícies tropicais.

Concluindo, a fauna de borboletas das áreas verdes urbanas de Santa Maria

apresentou-se bastante rica e abundante. Sua abundância, riqueza e composição de espécies

foram distintas entre áreas urbanas centrais e periféricas, mostrando-se inversamente

proporcionais ao longo de um gradiente de urbanização. Vinte e duas espécies

(aproximadamente 10% da riqueza estimada para a região) constituíram-se em registros

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novos. O maior número de espécies exclusivas foi registrado nas áreas periféricas, que

apresentaram maiores valores para recursos alimentares, fisionomia da vegetação, presença de

água e umidade, mostrando-se assim viáveis para abrigar e manter as assembléias locais de

borboletas. Mesmo depois de um inventário relativamente breve, como o efetuado no presente

estudo, já existem subsídios para propor a importância da conservação e preservação dessas

áreas verdes urbanas e sua biodiversidade. Recomendamos a continuação desses estudos

visando caracterizar essas áreas como refúgios urbanos da fauna de borboletas e

possivelmente de outros grupos de animais.

2.4 Agradecimentos

As autoras agradecem aos responsáveis pelas Instituições situadas nos locais de

pesquisa, Sítio Domingues e Cemitério Santa Rita de Cássia, pela autorização para a

realização do trabalho. Aos Doutores Olaf H. H. Mielke, Alfred Moser, Curtis J. Callaghan e

André V. L. Freitas pelas valiosas identificações de Hesperiidae, Lycaenidae, Riodinidae e

Actinote. A CAPES pela concessão da bolsa de estudo.

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VOLTOLINI, J. C. Planejamento da Amostragem e Análise de Dados em Ecologia. In: CÁCERES, N. C.; MONTEIRO-FILHO, E. L. A. (Eds.). Os Marsupiais do Brasil: Biologia, Ecologia e Evolução. Editora: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, 364p, 2006.

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CONCLUSÃO

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3 CONCLUSÃO

A fauna de borboletas das áreas verdes urbanas de Santa Maria possui composição

mais próxima de outras áreas do Rio Grande do Sul, contrastando com o resto do Brasil,

principalmente devido ao fato da diminuição da representatividade das famílias Lycaenidae e

Riodinidae.

Foram registradas 22 novas espécies de borboletas ainda não publicadas para a cidade

de Santa Maria, sendo que três destas espécies são também novos registros para o Rio Grande

do Sul.

Das 132 espécies registradas nas áreas urbanas para o presente estudo, 87 foram

comuns ao trabalho de DESSUY; MORAIS (2007) em fragmentos de Floresta Estacional

Decidual em Santa Maria, RS.

As curvas de acumulação de espécies mostraram que somente em PV esteve próxima

de atingir a assíntota, indicando que o esforço amostral empregado ainda não foi suficiente

para a obtenção da riqueza total em nenhuma das áreas.

Dos cinco locais estudados, o Sítio Domingues (SD) obteve as maiores abundância e

riqueza de espécies e a Avenida Presidente Vargas (PV) apresentou as menores abundância e

riqueza de espécies. Estes resultados mostram que quanto mais próximo ao centro da cidade

menor a abundância e riqueza da fauna de borboletas, sugerindo que o gradiente urbano é

inversamente proporcional ao gradiente de diversidade.

Trinta e três espécies foram “singletons” e também exclusivas de uma das áreas, sendo

que grande parte desses indivíduos foram registrados em MMR e SD.

Os índices de diversidade de Shannon-Wiener e de Margalef tiveram o mesmo padrão

nos cinco locais. Os maiores valores foram registrados em SD e os menores ocorreram em

PV. Quanto aos índices de dominância de Simpson e Berger-Parker, sua ordem foi diferente

em relação aos valores máximos, onde PV obteve o maior valor para a dominância de

Simpson e o PI para Berger-Parker.

A ordenação do NMDS evidenciou uma nítida separação dos locais estudados, em

decorrência do gradiente urbano avaliado, formando grupos distintos entre si: áreas periféricas

e áreas centrais. Essa diferença na ordenação foi confirmada pela análise de similaridade

(ANOSIM) que evidenciou 83% de diferença entre os dois grupos averiguados confirmando

que as assembléias de borboletas foram distintas entre os grupos.

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A análise de porcentagem de dissimilaridade (SIMPER) entre as espécies das amostras

das áreas periféricas e centrais evidenciou uma diferença de 65,06%. A espécie com maior

contribuição para a diferenciação dos gradientes foi P. orcus, seguida por J. evarete.

Em relação à sazonalidade, a abundância de borboletas variou entre as ocasiões

amostrais e o mês de fevereiro apresentou o maior valor. Já os meses de junho e julho

apresentaram as menores abundâncias. Em relação à riqueza de espécies, nos meses de janeiro

e fevereiro foram registrados os maiores valores e os meses com menores riquezas foram

junho e julho.

Quanto às variáveis ambientais, as áreas periféricas apresentaram maiores valores para

recursos alimentares, fisionomia da vegetação, presença de água e umidade e menores valores

para fluxo de pessoas e veículos, temperatura e poluição sonora.

De acordo com os resultados obtidos pela análise de Regressão Múltipla, somente a

variável independente temperatura mostrou-se estatisticamente significante para explicar a

abundância de borboletas nas áreas amostradas. Assim, quanto maior a temperatura, menor a

abundância de borboletas, com uma tendência a aumento da abundância em locais com

temperaturas mais amenas.

A cidade de Santa Maria ainda é carente de áreas verdes e parques urbanos que

parecem possuir recursos para abrigar várias espécies de borboletas, sendo também potenciais

refúgios para espécies de áreas florestais do entorno. O presente estudo corroborou o papel de

áreas urbanas na conservação de espécies animais, podendo servir como fonte de subsídios

para estudos de manejo e incremento da biodiversidade regional.

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ANEXOS

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Anexo A – Áreas verdes urbanas amostradas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS. (A) Avenida Presidente Vargas (PV); (B) Parque Itaimbé (PI); (C) Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); (D) Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e (E) Sítio Domingues (SD).

A)

B)

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C)

D)

E)

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Anexo B – Localização das áreas verdes urbanas amostradas, entre agosto de 2010 e julho de 2011, Santa Maria, RS e áreas amostradas por DESSUY; MORAIS, 2007. Avenida Presidente Vargas (PV); Parque Itaimbé (PI); Cemitério Santa Rita de Cássia (CSR); Monumento do Morro Mariano da Rocha (MMR) e Sítio Domingues (SD).