distúrbios fisiológicos

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45 Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita 5 DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS Fernando Flores-Cantillano César Luis Girardi INTRODUÇÃO Os distúrbios fisiológicos são altera- ções de caráter não-parasitário que afetam as frutas, alterando seu metabolismo nor- mal durante a maturação e senescência. Produzem uma aparência (externa ou in- terna) e/ou sabores anormais na fruta. Os fatores de pré- e pós-colheita que condicionam o aparecimento desses pro- blemas são: estádio de maturação, dese- quilíbrios nutricionais, período entre a colheita e a refrigeração, condições climá- ticas durante o desenvolvimento da fruta no pomar, manejo no pomar e condições de armazenagem. PRINCIPAIS DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS DAS POMÁCEAS NO BRASIL Escaldadura superficial ( “Scald”) Sintomas Afeta principalmente as cultivares de maçã Fuji, Granny Smith e Gala. Ocasio- na perdas ao mercado por deixar as frutas suscetíveis a podridões. Ocorre durante o armazenamento da fruta, caracterizan- do-se por um escurecimento superficial das células da hipoderme, as quais entram em colapso e morrem. Em casos severos, a epiderme também é afetada. Os sinto- mas são mais evidentes depois de 3 a 4 meses de armazenamento refrigerado a 0ºC, aumentando quando as frutas são ex- postas à temperatura ambiente. O desenvol- vimento da escaldadura apresenta uma fase de indução e uma de expressão de sintomas. A indução ocorre com as baixas temperatu- ras, enquanto os sintomas se desenvolvem com baixa e alta temperatura, sendo mais comum este último caso. Os sintomas desse distúrbio manifestam-se preferencialmente nas áreas mais verdes do que nas áreas vermelhas da maçã (Fig. 1). Fig. 1. Escaldadura superficial. Foto: C. L. Girardi Causas Sua causa não foi estabelecida com precisão, parecendo existir uma forte relação com o acúmulo de um sesquiterpeno, deno- minado alfa-farneseno, na superfície cerosa que cobre a epiderme da fruta. Nesse com- posto, ocorre uma oxidação com formação de trienas conjugadas, que causam danos às células hipodérmicas. Alguns fatores predis- ponentes são: • Verões secos e quentes. • Fruta colhida imatura. • Fruta de tamanho grande.

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Disturbios fisiológicos

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  • 45Frutas do Brasil, 39 Ma Ps-colheita

    5 DISTRBIOSFISIOLGICOSFernando Flores-Cantillano

    Csar Luis Girardi

    INTRODUO

    Os distrbios fisiolgicos so altera-es de carter no-parasitrio que afetamas frutas, alterando seu metabolismo nor-mal durante a maturao e senescncia.Produzem uma aparncia (externa ou in-terna) e/ou sabores anormais na fruta.

    Os fatores de pr- e ps-colheita quecondicionam o aparecimento desses pro-blemas so: estdio de maturao, dese-quilbrios nutricionais, perodo entre acolheita e a refrigerao, condies clim-ticas durante o desenvolvimento da frutano pomar, manejo no pomar e condiesde armazenagem.

    PRINCIPAIS DISTRBIOSFISIOLGICOS DASPOMCEAS NO BRASIL

    Escaldadura superficial(Scald)

    Sintomas

    Afeta principalmente as cultivares dema Fuji, Granny Smith e Gala. Ocasio-na perdas ao mercado por deixar as frutassuscetveis a podrides. Ocorre durante oarmazenamento da fruta, caracterizan-do-se por um escurecimento superficialdas clulas da hipoderme, as quais entramem colapso e morrem. Em casos severos,a epiderme tambm afetada. Os sinto-mas so mais evidentes depois de 3 a 4meses de armazenamento refrigerado a0C, aumentando quando as frutas so ex-postas temperatura ambiente. O desenvol-

    vimento da escaldadura apresenta uma fasede induo e uma de expresso de sintomas.A induo ocorre com as baixas temperatu-ras, enquanto os sintomas se desenvolvemcom baixa e alta temperatura, sendo maiscomum este ltimo caso. Os sintomas dessedistrbio manifestam-se preferencialmentenas reas mais verdes do que nas reasvermelhas da ma (Fig. 1).

    Fig. 1. Escaldadura superficial.

    Foto

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    Causas

    Sua causa no foi estabelecida compreciso, parecendo existir uma forte relaocom o acmulo de um sesquiterpeno, deno-minado alfa-farneseno, na superfcie cerosaque cobre a epiderme da fruta. Nesse com-posto, ocorre uma oxidao com formaode trienas conjugadas, que causam danos sclulas hipodrmicas. Alguns fatores predis-ponentes so:

    Veres secos e quentes. Fruta colhida imatura. Fruta de tamanho grande.

  • Frutas do Brasil, 39Ma Ps-colheita46

    Excesso de nitrognio e baixos teo-res de clcio na polpa da fruta.

    Baixa temperatura de conservao edeficiente ventilao ou circulao de arna cmara frigorfica.

    Controle

    Seu controle feito com tratamentosde ps-colheita com anti-oxidantes, comoa difenilamina (DPA) e a etoxiquina, emdoses variveis, entre 1.000 e 3.000 ppm.Outros produtos, como o butilhidroxito-lueno, tambm tm sido experimentadosnas cvs. Fuji e Granny Smith, com dosesvariveis entre 3.000 e 10.000 ppm.No entanto, no Brasil, esses produtos es-to proibidos para o uso em mas. O usode atmosfera controlada, em condies deultra-baixo oxignio, reduz o problema,embora sejam necessrias concentraesde 0,7% de O2 para ser equivalentes a2.000 ppm de DPA, o qual pode provocarproblemas de anaerobiose em muitas vari-edades de mas. O pr-aquecimento dafruta antes de ser armazenada em refrigera-o inibe a acumulao de alfa-farneseno etrienas conjugadas, oferecendo um bom con-trole dessa alterao fisiolgica.

    Bitter pit

    Sintomas

    Seus sintomas so manchas circulares,deprimidas, escuras, de 3 a 6 mm de dime-tro, que penetram na polpa (Fig. 2 e 3). Otecido abaixo da mancha seco e corticento. mais abundante entre as regies do clicee equatorial da fruta, aparecendo durante oprimeiro ms de armazenamento. Em casosseveros pode aparecer na colheita.

    Causas

    Sua causa mais provvel um com-plexo desequilbrio nutricional na relaoMg+K/Ca. Deficincias localizadas de

    clcio, somadas a um excesso de magnsioe potssio na fruta, causam este distrbio.O clcio um importante constituinte daparede celular e sua deficincia afeta nega-tivamente a permeabilidade seletiva damembrana celular, conduzindo a danos naclula, causando sua desintegrao e suamorte. Altos nveis de clcio mantm afruta firme, com menor taxa respiratria,menor ndice de podrides e alteraesfisiolgicas.

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    Fig. 2. Dano interno causado por bitter pit.

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    Fig. 3. Dano externo causado por bitter pit.

    Entre os fatores que predispem aoaparecimento do bitter pit, esto os que afe-tam a translocao de clcio para a fruta e oseu contedo nela, tais como:

    Perodos de seca prximos a colheita.

  • 47Frutas do Brasil, 39 Ma Ps-colheita

    Colheita precoce. Manejo do pomar (poda e raleio

    excessivos). Desequilbrios nutricionais.

    Controle

    Regulando os fatores predisponen-tes, pode-se obter uma reduo do distr-bio. Contudo, o mtodo de controle maisefetivo consiste em realizar de cinco a dezpulverizaes com cloreto de clcio a 0,5a 0,6%, iniciando um ms aps a plenaflorao. No Brasil, em virtude das altastemperaturas durante o vero, a utilizaode produtos base de clcio podem produ-zir manchas nas frutas (calcium spot) e/ouqueimaduras nas folhas. Em algumas regi-es, tambm se aplica clcio no solo, sen-do esse menos eficaz. O uso isolado declcio em ps-colheita (cloreto de clcio a2%), apesar de importante, apenas com-plementa as aplicaes anteriores realiza-das no campo.

    Degenerescnciapor baixa temperatura(Low Temperature Bre-akdown)

    Sintomas

    Afeta o tecido cortical produzindouma cor parda generalizada, separando-seda pelcula por uma camada de tecidosadio (Fig. 4). No apresenta sintomas noexterior da fruta. As reas do tecido afeta-do so midas e bem delimitadas.

    Causas

    A baixa temperatura altera a permeabi-lidade e a funo das membranas celulares,como tambm a atividade enzimtica, a qual,por sua vez, altera o metabolismo celular,causando a acumulao de substncias txi-cas. Nesse caso, haver acumulao do ci-do oxalactico, que interromper o ciclo de

    Krebs, de volteis txicos, cetocidos e sor-bitol. Entre os fatores predisponentes esto:

    Baixa temperatura e tempo de expo-sio a essa temperatura.

    Suscetibilidade da cultivar. Fatores climticos e nutricionais

    durante o desenvolvimento da fruta.

    Fig. 4. Desintegrao por baixa tempe-ratura.

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    Controle

    O controle se faz por: Uso correto da temperatura de arma-

    zenagem. Acondicionamento da fruta tempe-

    ratura de 20C por 2 dias, seguido pelatemperatura de armazenagem definitiva.

    Diminuio gradual da temperaturade armazenamento (4C no primeiro ms,2C no segundo ms e 0C a partir do ter-ceiro ms).

    Degenerescncia senes-cente(Senescent Breakdown)

    Sintomas

    Iniciam-se no tecido logo abaixo dapelcula e freqentemente, na metade inferi-or da fruta, prximo regio pistilar (Fig. 5).

  • Frutas do Brasil, 39Ma Ps-colheita48

    O tecido afetado apresenta-se com colora-o marrom-clara, podendo-se observ-losomente ao cortar a fruta. Em estdios avan-ados, caracteriza-se por uma decomposi-o seca e farinhosa, afetando os tecidoscorticais da fruta. Agrava-se ao remover-se afruta do armazenamento refrigerado e exp-la a altas temperaturas durante a comerciali-zao. Em alguns casos provoca fissuras nacasca e na polpa (Fig. 6).

    volteis txicos, acetaldedos, acetatos,etc. Entre os fatores predisponentes esto:

    Longos perodos de armazenamento. Falta de clcio, magnsio e excesso

    de nitrognio na fruta. Fruta colhida com maturao avanada. Alta umidade relativa associada a

    longos perodos de armazenamento. Incidncia de pingo-de-mel. Baixo nmero de sementes por fru-

    ta, que causa deficincia de clcio e contri-bui para aumentar o distrbio.

    Controle

    Deve ser feito da seguinte forma: Realizar tratamentos de clcio em

    pr- e ps-colheita. Boa polinizao do pomar. Evitar colheitas tardias e perodos

    prolongados de armazenamento.

    Pingo-de-mel(Water Core)

    Sintomas

    Esta alterao fisiolgica afeta princi-palmente as cvs. Fuji e, secundariamente, asdo grupo Delicious e Granny Smith. Carac-teriza-se pela presena de manchas transl-cidas, vtreas, esponjosas e midas na polpada fruta (feixes vasculares), na regio carpe-lar e em tecidos adjacentes (Fig. 7). um dano interno que se apresenta nacolheita, podendo desaparecer posterior-mente durante o armazenamento, em casode dano leve. Em casos severos, durante oarmazenamento, transforma-se em degene-rescncia interna. Ocorre em virtude da pre-sena de lquido com altos nveis de sorbitol que um carboidrato de transporte impor-tante em mas , nos espaos intercelula-res. No pode ser utilizado diretamente pelafruta, devendo ser transformado previamen-te em frutose. Essa converso no se realizanos tecidos afetados pelo pingo-de-mel; por-tanto, a suscetibilidade da cultivar ao proble-ma depende de sua capacidade de converter

    Fig. 5. Degenerescncia senescente napolpa.

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    Fig. 6. Rachadura provocada pela degene-rescncia senescente.

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    Causas

    Este distrbio est associado a defi-cincias de clcio na fruta, alteraes narelao K/Ca, acumulao de sorbitol,

  • 49Frutas do Brasil, 39 Ma Ps-colheita

    Fig. 7. Pingo-de-mel (Water core).

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    o sorbitol em frutose. Altos contedos desorbitol conduzem acumulao de etanol eacetaldedo.

    Causas

    Colheita de fruta com maturaoavanada.

    Alta relao folha/fruta. Alta temperatura e luminosidade na

    colheita. Fertilizao nitrogenada excessiva e

    deficincia de clcio. Frutas de tamanho grande, etc.

    Controle

    Evitar colheitas tardias. Regular a poda e o raleio. Pulverizar a fruta com clcio. Armazenar rapidamente a fruta.

    Manchas de cortia

    Sintomas

    Ocorre internamente na polpa da fruta,podendo manifestar-se a qualquer momentodo desenvolvimento, sendo mais freqenteprximo da maturao. As manchas somarrons com tecido esponjoso, podendoocorrer rachaduras (Fig. 8), no devendo serconfundidas com dano causado porinsetos.

    Fig. 8. Manchas de cortia.

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    Causas

    Esse distrbio geralmente ocorre porconta da deficincia de boro. Perodos deestiagem prolongados, excesso de gua oudanos nas razes, agravam o problema.

    Controle

    Aplicao de 30 kg de brax porhectare no solo, como adubao de corre-o, antes da implantao do pomar.

    Duas a trs pulverizaes quinze-nais, na rea foliar das plantas com brax,na concentrao de 0,4%.

    Russeting

    Sintoma

    Caracteriza-se por apresentar manchasirregulares de colorao marrom-clara, comepiderme spera prximo cavidade pistilarou afastada dela (Fig. 9A). O russeting queocorre na cavidade peduncular (Fig. 9B) uma caracterstica varietal, sendo a cultivarGolden Delicious a mais susceptvel, constitu-indo um defeito comercial.

    Causas

    Temperaturas prximas de 0oC e umi-dade na fruta entre a florao e at um ms.

  • Frutas do Brasil, 39Ma Ps-colheita50

    Aplicao de determinados produ-tos qumicos no perodo crtico de induofloral.

    Frutas jovens atacadas por odio. Plantas velhas ou doentes. Plantas com excesso de carga. Susceptibilidade varietal.

    Cork Spot

    Sintomas

    Ocorre durante o desenvolvimentoda fruta, e os sintomas aparecem em pr-colheita, com formao de depresses.Esse distrbio no ocorre durante o pero-do de frigoconservao, sendo uma carac-terstica que o diferencia do bitter pit.O tamanho das depresses formadas deve-se ao aumento do tecido necrosado duran-te o crescimento da fruta. Ao cortar o localdo sintoma, observa-se formao de corti-a interna (Fig. 10).

    A

    B

    Fig. 9. Russeting em ma Fuji (A) e em maGolden (B).

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    s: C

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    irard

    i

    Controle

    Aplicar, no perodo crtico, produtosneutros ou que reduzem a incidncia dorusseting, tais como: dimethoato, brax,solubor, captan, dithianon, thiabendazo-le, enxofre e AIA.

    Aplicar giberelinas A4 ou A7(10 ppm i.a) em intervalo de 10 dias desdea plena florao at 1 ms aps.

    Ensacar as frutas. Realizar raleio das frutas. Evitar excesso de adubao nitroge-

    nada.

    Fig. 10. Cork spot.Fo

    tos:

    C. B

    asso

    Causas

    Ocorre em virtude de desequilbriosnutricionais da planta, principalmente oclcio. Altos nveis de nitrognio na frutatambm podem favorecer o aparecimento.

    Controle

    Calagem do solo. Evitar excesso de crescimento vege-

    tativo e adubao nitrogenada. Efetuar pulverizaes quinzenais

    de cloreto de clcio a 0,6%, iniciando umms aps a florao.

  • 51Frutas do Brasil, 39 Ma Ps-colheita

    Rachadura peduncular

    Sintomas

    um problema que ocorre em pr-colheita nas cultivares Gala e Fuji, nasprincipais regies produtoras do mundo.Pode atingir valores bastante altos, esten-dendo-se profundamente na polpa da fruta(Fig. 11), comprometendo a qualidade nacolheita e reduzindo seu valor comercial.Esse distrbio no deve ser confundidocom a rachadura da casca, de naturezasuperficial.

    Controle

    Apesar de nenhuma prtica culturalestudada ter se mostrado eficiente no con-trole, sabe-se que a manuteno do equil-brio entre o vigor vegetativo e o cresci-mento das frutas, pode reduzir a incidn-cia desse distrbio. Pulverizaes comclcio durante o desenvolvimento das fru-tas podem reduzir a incidncia, conside-rando que o clcio aumenta a fora decoeso entre as paredes celulares dos teci-dos da casca. Alguns autores sugerem, porisso, a aplicao de altas concentraes declcio prximo da maturao, em perodosseguidos sem chuvas .

    Rachadura anelar interna

    Sintomas

    Aparece em pr-colheita, sendo umarachadura concntrica que ocorre na cavi-dade peduncular, na regio de insero dopedicelo, desenvolvendo um anel duro elignificado (Fig. 12). Essa salincia enrije-cida parece comprimir o tecido prximo dapolpa, que por ser desprovido de cutculae espaos intercelulares, no conseguesuportar a presso interna exercida, rom-pendo as clulas adjacentes.

    Fig. 11. Rachadura peduncular.

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    Causas

    Pode estar associada a condies res-tritas ao crescimento da fruta no incio dodesenvolvimento, tornando a casca commenor capacidade de expanso, o que pre-dispe rachadura. Esse fato ocorre quan-do fatores ambientais, como elevada dis-ponibilidade de gua, estimulam o cresci-mento da fruta prximo da colheita.A deficincia de clcio tambm pode estarassociada a esse distrbio. Tambm seobservou que a regio peduncular amadu-rece mais rapidamente que a regio equa-torial da fruta, podendo aumentar a inci-dncia desse distrbio quando a colheita retardada em frutas que j atingiram o tama-nho e a cor adequados para a comerciali-zao. Fig. 12. Rachadura anelar interna.

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  • Frutas do Brasil, 39Ma Ps-colheita52

    Causas

    Semelhantemente rachadura pedun-cular, a sua incidncia aumenta com oavano da maturao da fruta. Porm,estudos realizados em Washington, EUAno indicaram associao entre essas duasdesordens. Sua causa pode estar associada deficincia de clcio.

    Controle

    Como esse distrbio pouco estuda-do no Brasil, no existem trabalhos querelatem seu controle, sendo recomenda-das as mesmas precaues estabelecidaspara a rachadura peduncular.

    DISTRBIOS EMATMOSFERA CONTROLADA

    Dano por toxicidadede dixido de carbono

    Sintomas

    No Brasil, este problema afeta princi-palmente as mas da cv. Fuji. Geralmen-te no apresenta sintomas externos, sendonecessrio cortar a fruta para identificar odano, que pode variar conforme a cultivar.O dano interno manifesta-se pelo escure-cimento dos tecidos corticais e reas adja-centes aos carpelos (Fig. 13). Os tecidosdanificados so firmes e midos. Posteri-ormente perdem umidade e formam-secavidades (cavernas) de cor marrom, escu-ras e secas.

    Causas

    Nas cultivares susceptveis, a inci-dncia de dano aumenta em anos maisfrios, e as mas produzidas em regiesmais frias e de menor altitude so menostolerantes ao CO2 durante o armazenamen-to. Nas cultivares Fuji e Braeburn, concen-

    Fig. 13. Dano por toxicidade de dixido decarbono.

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    irard

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    traes de 1% de CO2 por longos perodospodem induzir este distrbio, visto queessas cultivares apresentam uma maiordensidade da fruta, com um alto teor desuco, o que dificulta a difuso desse gs dapolpa para o exterior. Na cultivar Fuji, orisco de dano aumenta em frutas muitoafetadas por pingo-de-mel, no devendo,assim, armazen-las em atmosfera contro-lada (AC). Mas colhidas com maturaoavanada, ou frutas que apresentam bai-xos nveis de clcio so mais susceptveis degenerescncia causada pelo CO2. Tam-bm o uso de baixas temperaturas e a altaumidade relativa na cmara deixam a frutamais sensvel a danos de baixo O2 e altoCO2.

    Controle

    Deve-se realizar um rpido resfria-mento e o estabelecimento das condiesde AC, associado colheita de frutas emestdio adequado de armazenamento.A AC rpida reduz tambm a incidncia da

  • 53Frutas do Brasil, 39 Ma Ps-colheita

    degenerescncia senescente, porm nacultivar Fuji, a susceptibilidade ao CO2 mxima durante o primeiro ms de arma-zenamento, devendo-se retardar o estabe-lecimento do regime de AC por uma aquatro semanas ou retardamento do acmu-lo do CO2 por uma a trs semanas. Na mesmacultivar, a temperatura de polpa deve estarprxima da temperatura de armazenagemantes da reduo do oxignio.

    Dano por falta deoxignio (Anoxia)

    Sintomas

    Os sintomas so manchas de cor mar-rom-escura podendo apresentar fissuras queincluem o tecido sub-epidrmico (Fig. 14).Os tecidos da polpa apresentam forte aromade lcool (fermentado).

    Causas

    Ocorre quando a concentrao deoxignio inferior a 1,2%, deixando a frutaem condies anaerbias, alterando seumetabolismo de respirao e acumulandolcool etlico. O uso generalizado do siste-

    Fig. 14. Dano por falta de oxignio.

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    ma de atmosfera controlada utilizando ul-tra-baixo oxignio (ULO), junto com defi-cincias no controle dos gases, tem causa-do problemas nas cultivares Gala e Fuji noBrasil.

    Controle

    As frutas podem recuperar-se, se ocontedo de lcool nos tecidos for inferiora 120 mg/100 g. Recomenda-se estabele-cer margem de segurana de 0,5% nosnveis estabelecidos de O2 e uma supervi-so peridica dos nveis desse gs nascmaras frigorficas com sistemas de at-mosfera controlada.