distúrbios alimentares: pica

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Educação e Comunicação em Saúde Dietética Docente: Dra. Celeste Duque Discentes: Ana Flor da Rosa, nº 28729 Cristina Santos, nº 28732 Vânia Portela, nº 29132 Faro, 4 deJaneiro de 2006

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Trabalho de grupo onde se aborda o distúrbio alimentar Pica, nomeadamente: definição de distúrbio alimentar; Pica, classificações, critérios diagnósticos, complicações associadas, factores condicionantes da Pica, população alvo; Tratamento, médico, medicinas complementares (alternativas), tratamento em casa. Da autoria de Ana Flor da Rosa, Cristina Santos, Vânia Portela, com supervisão de Celeste Duque ( docente), apresentado no âmbito da disciplina de Psicologia e Educação na Saúde, ano lectivo de 2005-2006, 2º ano, do Curso bietápico de Dietética, da ESSaF-UAlg,

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Page 1: Distúrbios Alimentares: Pica

Educação e Comunicação em Saúde

Dietética

Docente: Dra. Celeste Duque

Discentes: Ana Flor da Rosa, nº 28729

Cristina Santos, nº 28732

Vânia Portela, nº 29132

Faro, 4 deJaneiro de 2006

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ÍNDICE

Resumo………………………………………………………………………………….. 1– Introdução…..……………………………………...………………………………2 2 - Distúrbios alimentares……………………………...……………….…………….3

2.1 – Pica……………………………………………………………………….3 2.1.1 – Breve Introdução Histórica…………………………………...3 2.1.2 – Classificações ………………………………………………...4 2.1.3 – Características diagnosticas………………………………..4 2.1.4 – Complicações associadas……………………………………5 2.1.5 – Factores Condicionantes da Pica………………………….. 5 2.16 – População Alvo…………………………………………………

A – Crianças…………………………………………………….6 B – Durante a Gravidez……………………………………….6

2.1.7 – Tratamento…………………………………………………….. a) Tratamento médico ………………………………………… b) Medicinas alternativas……………………………………… c) Tratamento em casa………………………………………… 3 – Conclusão………………………………………………………………………….. 4 – Bibliografia…………………………………………………………………………

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RESUMO

Neste trabalho temos como objectivo principal abordar um dos Distúrbios Alimentares, a Pica. Encontramos como definição de Pica “o desejo anormal por substâncias não comestíveis”. Associados a esta podem surgir alguns problemas, existindo grupos mais propensos. Consoante o tipo de substância ingerida existe uma denominação.

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1 - INTRODUÇÃO

A alimentação é um dos factores do meio ambiente que maior influência tem sobre a saúde.

Sem alimentação, a vida é impossível. Mas, se a alimentação for incorrecta (por excesso, carência ou desequilíbrio), mais tarde ou mais cedo surgirá a doença.

A alimentação também condiciona o desenvolvimento físico, tem influência sobre o desenvolvimento intelectual, interfere na evolução de quase todas as enfermidades. A alimentação interfere assim, na inteligência, na atenção, na memória, na capacidade de concentração, na aprendizagem, no desenvolvimento da fala, no comportamento social, etc.

A educação alimentar surge como uma importante necessidade dos tempos modernos, em que um consumismo mais ou menos generalizado contribui para a utilização sistemática de alimentos prejudiciais à saúde. Não basta comer, é necessário saber comer. Por grandes que sejam os erros, é sempre possível modificar a nossa alimentação visto que podemos considerar a alimentação como um acto consciente, voluntário e educável. (Aguiar, R.)

Os erros alimentares podem gerar distúrbios alimentares. Os distúrbios são caracterizados por perturbações graves do comportamento alimentar. Isto inclui a Anorexia Nervosa, a Bulimia Nervosa, a Pica e Distúrbio Ruminativo da Infância. (American Psychiatric Association, 1989)

Neste trabalho iremos abordar a Pica. A Pica é o desejo anormal de comer substâncias não comestíveis.

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2 – DISTÚRBIOS ALIMENTARES

Os Distúrbios Alimentares caracterizam-se por uma grave perturbação do comportamento alimentar. Eles podem ter um início gradual e os sintomas podem permanecer estáveis durante muitos anos. No entanto, há várias circunstâncias em que os sintomas se acumulam até um estado crítico.

Os indivíduos que sofrem de distúrbio alimentar podem apresentar sintomas físicos, perturbações psicológicas, angústia interpessoal ou combinações destes.

Os indivíduos com distúrbios alimentares demonstram culpa no que diz respeito à alimentação, e ao tentarem inibir os sintomas desses distúrbios, apresentam uma grande ansiedade que pode levar a um agravamento do estado psicológico. Durante os estados de ansiedade, o indivíduo pode piorar ou ganhar motivação para procurar tratamento e/ou comprometer-se com ele.

Os distúrbios alimentares podem ser devidos a problemas interpessoais, por exemplo, com pais ou outros familiares, cônjuge ou parceiro, professor ou patrão. (Good, W. V., Nelson, J. E., 1992)

2.1 – Pica 2.1.1 – Breve Introdução Histórica

O termo Pica foi primariamente utilizado pelo médico francês Ambroise Pare no séc. XVI, apesar de referências a este distúrbio terem sido utilizadas anteriormente. Aristóteles e Sócrates escreveram sobre a ingestão de terra, e durante os períodos clássicos da Grécia e Roma, utilizava-se uma pastilha expectorante feita de barro vermelho de Lemnos, chamada terra sigillata que se acreditava ser antídoto para veneno, cura de enfermidades e facilitava o parto.

A palavra Pica, e a sua variante anterior, “cissa”, provém da palavra latina pega, uma ave que ingere substâncias comestíveis e não comestíveis. Documentos médicos do séc. XIX descrevem o comportamento alimentar das pegas e de humanos com Pica como apetite anormal por substâncias comestíveis e não comestíveis.

Inicialmente Pica foi classificada, segundo documentos médicos da Grécia e Roma, como uma forma mórbida ou depravada de apetite. Em 1638, M.H. Boezo distinguiu Pica, o consumo de itens não comestíveis, de gula, a voracidade de apetite normal. Ele atribuiu gula a mulheres grávidas que têm mudanças mentais durante a gravidez.

Hoje em dia, a gula, ou desejo e voracidade por certo tipo de comida, é considerado uma forma de Pica.

Em meados do séc. XVI em Inglaterra, a Pica era associada à ingestão

de carvão por mulheres grávidas e crianças. Mas na Europa Ocidental e EUA, do séc. XVI ao séc. XIX, a Pica é comummente percebida como o consumo de substâncias como lima, carvão, vinagre e giz por mulheres jovens para ter pele

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clara ou então para melhorar a aparência. Historicamente esta condição é acompanhada por clorose ou “doença verde” em raparigas em crescimento ou mulheres jovens. A clorose, doença reconhecida no séc. XVI até ao fim do séc. XIX, era caracterizada por uma perda de menstruação ou menstruação irregular e era acompanhada por certos sintomas como falta de atenção, palidez, perda de apetite e perda de peso.

A clorose prefigura o corrente debate sobre a Pica e deficiência em ferro em termos de causa e efeito. Por exemplo, o consumo de itens não comestíveis por mulheres jovens de forma a atingir uma pele pálida podia resultar facilmente em anemia, por falta de ferro, ou clorose. Contudo, a anemia por falta de ferro pode causar apetite por itens não comestíveis, e as mulheres com clorose ingeriam grandes quantidades de comida anormal como pimenta, noz-moscada, milho crú, assim como itens não comestíveis como o gesso. Para além disto, razões psicológicas como frustrações sexuais e condições nervosas foram consideradas causas possíveis de ambas, a clorose e a Pica. No séc.XX, a Pica entre mulheres jovens foi manifestada pelo consumo excessivo de comida, tal como fruta e vegetais, e substâncias não comestíveis como o gelo. (Kiple, K. F., Ornelas, K. C., 2000) 2.1.2 – Classificações

A Pica geralmente é classificada de acordo com o tipo de substância ingerida. Os nomes para a subclassificação da Pica provém da palavra grega para a substância ingerida e o sufixo da palavra grega “phagia” que significa “comer”.

Na maior parte das culturas o tipo de Pica mais frequente é a Geofagia, o consumo de terra ou barro. Outros tipos incluem a ingestão de gelo ou água gelada (Pagofagia); cabelo (Tricofagia); pedras, cascalho (Litofagia); folhas, relva ou outras plantas (Foliofagia); fezes (Coprofagia); enormes quantidades de alface (Lectofagia); enormes quantidades de amendoins (Gooberfagia); batatas cruas (Geomelofagia); tinta com chumbo (Plumbofagia).

Tinta, carvão, giz, tecido, gesso, pimenta, borras de café, papel, beatas de cigarro e outras substâncias são as mais consumidas por aqueles que têm Pica. (Kiple, K. F., Ornelas, K. C., 2000)

2.1.3 – Características Diagnosticas

A característica essencial da Pica é o consumo persistente de substâncias não nutritivas por um período de pelo menos um mês (Critério A). A substância típica ingerida tende a variar com a idade. Bebés e crianças mais jovens tipicamente comem tinta, reboco, cordões, cabelos ou tecidos. Crianças mais velhas podem comer fezes de animais, areia, insectos, folhas ou pedregulhos. Adolescentes e adultos podem consumir argila ou terra. Não há aversão à comida. Este comportamento deve ser inapropriado em termos evolutivos (Critério B) e não deve fazer parte de uma prática culturalmente sancionada (Critério C).

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O consumo de substâncias não nutritivas é uma característica associada a outros transtornos mentais, por exemplo, Transtorno Evasivo Do Desenvolvimento, Retardo Mental. Se o comportamento alimentar ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno Mental, um diagnóstico separado de Pica deve ser feito apenas se o comportamento alimentar for suficientemente severo para indicar uma atenção clínica independente (Critério D). (DSM IV) 2.1.4 – Complicações associadas

A Pica frequentemente está associada com Retardo Mental. Embora deficiências de vitaminas ou minerais tenham sido relatadas em alguns casos, geralmente, não existem anormalidades biológicas específicas. Em certos casos, a Pica chama à atenção clínica apenas quando o indivíduo se apresenta com algumas das várias complicações médicas gerais resultantes, por exemplo, envenenamento por chumbo em consequência da ingestão de tinta ou reboco com tinta, problemas mecânicos nos intestinos, obstrução intestinal decorrente da ingestão de bolas de cabelo, perfuração intestinal ou infecções, tais como a toxoplasmose e toxocaríase, como resultado da ingestão de fezes ou terra. (DSM IV)

2.1.5 – Factores Condicionantes da Pica As causas específicas da Pica são desconhecidas, mas certas condições ou situações podem aumentar o risco de Pica: (Kiple, K. F., Ornelas, K. C., 2000)

• Deficiência nutricional: como o ferro e o zinco, que podem despoletar desejos específicos (contudo, os itens não comestíveis desejados, usualmente não fornecem os minerais em falta no corpo do indivíduo).

• Dieta: pessoas que fazem dieta podem tentar acalmar o desejo de fome

ao comer substâncias não comestível para obter uma sensação de saciedade.

• Má nutrição: especialmente em países subdesenvolvidos, onde as

pessoas com Pica mais comummente comem terra e barro.

• Factores culturais: em famílias, religiões, ou grupos em que comer substâncias não comestíveis é uma prática aprendida.

• Negligência parental, falta de supervisão ou privação de comida:

usualmente em crianças que vivem na pobreza.

• Problemas de desenvolvimento: tais como retardo mental, autismo, outros problemas de desenvolvimento e anormalidades do cérebro.

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• Condições de saúde mental: como a desordem obsessivo - compulsiva e esquizofrenia.

2.1.6 – População Alvo

As populações mais propensas a terem Pica são as crianças, mulheres grávidas e pessoas com deficiência mental, não podendo ser neste último caso ser abordada a Pica separadamente do Transtorno Mental.

A – Crianças

A Pica é mais vulgar nas crianças entre as idades de 1 e 6 anos, de ambos os sexos. Embora desapareça gradualmente com a idade, pode por vezes causar danos irreparáveis. A causa da Pica infantil é desconhecida, mas alguns especialistas pensam que na sua base poderá estar uma relação negligente entre pais e filhos, de onde resultam necessidades orais não satisfeitas. Em casos raros, a Pica pode denunciar a falta dietética de um nutriente específico, como, por exemplo, ferro.

As consequências da Pica são bem conhecidas, especialmente entre as crianças economicamente carenciadas das cidades, que podem comer lascas de tinta arrancadas de uma parede escamada. Estas lascas contêm geralmente tinta antiga à base de chumbo e a sua ingestão é uma causa frequente de intoxicação infantil pelo chumbo. Por outro lado, uma criança que viva num meio rural pode comer terra e fezes de animais e sofrer uma infestação de parasitas intestinais.

A Pica não deve ser confundida com a tendência normal do bebé para explorar e experimentar o meio ambiente com a boca.

A Pica pode chegar ao conhecimento do médico ou outro profissional de saúde porque um membro da família ou outra pessoa responsável vê a criança a comer repetidamente qualquer substância estranha. O médico pode também descobrir o problema ao diagnosticar, através de um exame físico completo, análises ao sangue, medição dos níveis de chumbo e pesquisa de deficiência em ferro ou outras carências nutricionais. Noutros casos, o distúrbio pode passar despercebido até a criança entrar para um infantário ou jardim-de-infância ou chegar ao ensino pré-primário e os educadores notarem que ela come lápis de cor, barro, plasticina, areia e outras substâncias que podem ser eventualmente nocivas. (Kaplan, H. I. et al.)

B – Durante a Gravidez

Antigamente a Pica era associada a mulheres grávidas. Durante o século XX, acreditava-se que a gravidez causava instabilidade mental, manifestada, por exemplo, através do desejo por alimentos estranhos.

Estudos recentes de preferências alimentares durante a gravidez demonstram que mudanças alimentares, bem como os primeiros desejos específicos, não são um fenómeno universal.

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Muitas pesquisas de Pica entre mulheres grávidas nos E.U.A. são feitas em áreas rurais. A prevalência de Pica entre mulheres consideradas em risco parece ter baixado cerca de metade entre 1950 e 1970, mas fica praticamente constante desde 1970 até à actualidade.

Contudo, estima-se que a Pica é praticada por cerca de 1/5 das mulheres grávidas nos E.U.A. sendo consideradas de “alto risco” por este comportamento. Os factores de “alto risco” incluem serem afro-americanas, viverem em áreas rurais, terem história familiar de Pica, terem praticado Pica durante a infância.

As grávidas de cor negra têm quatro vezes mais probabilidade do que as mulheres brancas, nas mesmas condições, de adoptar o comportamento de Pica. Também as mulheres grávidas que vivem em áreas rurais estão duas vezes mais propensas à Pica do que aquelas que vivem em áreas urbanas.

No entanto, alguns investigadores não encontraram relações significativas entre a idade e Pica em mulheres grávidas. Outros observaram que as mulheres grávidas que praticam Pica tendem a ser relativamente mais velhas do que aquelas que não adoptam esse comportamento. É interessante salientar que as mulheres que assumem consumir barro tendem a ser mais velhas do que aquelas que assumem consumir goma da roupa.

Reanalisando os dados da pesquisa anterior, um estudo, indica que as mulheres grávidas que praticam Pica têm seis vezes mais probabilidade se têm história de prática de Pica na infância do que as mulheres que não têm. As mulheres que praticam Pica durante a gravidez são mais frequentemente mulheres em que o comportamento de Pica ocorra entre familiares, nomeadamente, as avós e as mães.

Pequenas evidências de Pica entre mulheres brancas e de classes superiores reflectem a perda de pesquisa de pica nestas populações.

Entre mulheres grávidas dos E.U.A. , as três formas de Pica que ocorrem mais frequentemente são a Geofagia, a Amilofagia e Pagofagia.

No entanto, há que notar, muitas pesquisas têm em conta que as mulheres afro-americanas que migram para áreas urbanas do norte, a goma da roupa tem vindo a substituir o tradicional barro consumido no sul. Outra pesquisa indica que as preferências de consumo de cada uma podem mudar, por exemplo, umas grávidas preferem a goma da roupa e outras barro.

Num estudo em mulheres rurais na Carolina do norte, as participantes indicam a preferência por goma da roupa, e pensam que as suas mães tenham consumido tanto goma da roupa como o barro.

Adopção da Pica durante a gravidez, bem como a pica em geral, provêm do psicológico através da cultura, para o nutricional.

Um estudo recente de hábitos e perturbações alimentares durante a gravidez menciona o caso de uma mulher que, às 32 semanas de gravidez demonstrava desejo por carvão, relatando que encontrava nele “um convite irresistível”. Dois outros participantes do estudo demonstraram um gosto por vegetais ainda congelados, que indica alguma dificuldade na determinação da incidência de pica. O consumo de vegetais congelados, no entanto, não é definido como Pica por esses pesquisadores, sendo com certeza considerado um tipo de Pagofagia por outros.

Em termos de consequências médicas, a Pica tem sido relacionada com anemia e toxemia entre mulheres grávidas e recém-nascidos. Nalguns casos, a

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pica contribui para a disfunção intestinal (diminuição do trânsito intestinal) e morte materna. A Pica durante a gravidez tem sido associada a um pobre funcionamento, desenvolvimento dos fetos e das crianças, mortalidade pré-natal, e baixo peso ao nascer.

Os aspectos psicológicos de Pica entre mulheres grávidas são similares aos outros praticantes de Pica.

Para além do desejo por substâncias ingeríveis, as mulheres grávidas que exibem Pica comummente dizem sentir-se ansiosas quando a substância não é “permitida”. A experiência provoca ainda uma sensação de considerável satisfação durante e após comer a substância. (Kiple, K. F., Ornelas, K. C., 2000)

2.1.7 – Tratamento

a) Tratamento médico

Não existe tratamento médico específico para a Pica. Se for detectada uma deficiência de ferro na dieta alimentar, devem ser receitados suplementos desse mineral. A intoxicação pelo chumbo resultante da Pica é tratada com medicamentos que se combinam com o metal e promovem a sua excreção na urina.

b) Medicinas alternativas • Terapia pela nutrição: os adultos que comem substâncias não nutritivas devem procurar aconselhamento nutricional. Isto é particularmente importante nas mulheres grávidas que comem barro, goma e terra, porque estas substâncias podem diminuir a absorção dos nutrientes que são necessários tanto à mãe como ao filho. O aconselhamento nutricional é por vezes combinado com psicoterapia com o objectivo de explorar as causas psicológicas subjacentes da compulsão. • Psicoterapia: Quando a Pica parece relacionada com uma deficiente relação parental, pode ser benéfica uma terapia familiar. Pode ser também útil a terapia comportamental para ajudar as crianças mais crescidas ou os adultos com atraso mental a vencerem a Pica persistente. Os métodos que se têm mostrado eficazes incluem dar recompensas pela resistência à ingestão da substância não comestível, por vezes em associação com terapias aversivas onde a cedência à Pica resulta num choque eléctrico ligeiro ou outra consequência desagradável.

c) Tratamento em casa

Os especialistas afirmam que a probabilidade da ocorrência de Pica pode ser reduzida se forem preenchidas as necessidades

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emocionais da criança através da atenção e do carinho por parte dos pais.

Uma dieta equilibrada e sã e brinquedos interessantes também ajudam a contrariar a compulsão alimentar. Outra medida preventiva prática por parte dos pais consiste em repintar ou cobrir com papel novo as superfícies da casa que estejam a descamar – se e que possam conter tinta à base de chumbo. (Kaplan, H. I. et al.)

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3. CONCLUSÃO

As explicações de pica variam com o tipo de substância consumida e com o contexto cultural.

O comportamento da Pica é mais frequentemente associado a mulheres e crianças, podendo surgir associado a distúrbios mentais, não havendo tratamento médico específico para este comportamento.

Uma questão que continua inexplicável é porque é que as definições e síndromes associados à Pica não são estendidas a muitas práticas nas quais os homens, mais do que as mulheres, são os lesados, tais como mastigar o tabaco ou mastigar pastilha elástica. Apesar destes hábitos não envolverem geralmente o consumo, não são assim tão dissimilares das práticas de Pagofagia.

Certamente, parece que a relação entre as formas de Pica e outros desejos/apetites, e fontes de satisfação oral são uma área que precisa de mais investigação.

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4 – BIBLIOGRAFIA

! Aguiar, R. (1984). Manual de Educação Alimentar. Lisboa: Publicações Dom Quixote; ! American Psychiatric Association. (1995). DSM IV – Manual de Diagnóstico e Estastística de Distúrbios Mentais. São Paulo: Manole; ! Good, W. V., Nelson, J. E. (1992). Psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas; ! Kaplan, H. I. e tal. Compêndio de Psiquiatria. São Paulo: Artes Médicas; ! Kiple, K. F., Ornelas, K. C. (2000). The Cambridge World History Food – Vol.1. Cambridge: Cambridge University Press.