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28 xpansão da metrópole do Rio de Janeiro – um novo padrão de urbanização? É amplamente conhecido, hoje, que as grandes metrópoles brasileiras, em especial São Paulo e Rio de Janeiro, deixaram de apresentar aquelas altas taxas de crescimento populacional, uma das características principais da urba- nização brasileira desde a década de 60. Houve, conforme os Censos de 1991 e 2000 do IBGE, uma nítida mudança da distribuição do aumento populacional, tanto no entorno imediato, ou seja, na própria Região Metropolitana, como também no mais distante, que se pode chamar de área perimetropolitana. (Randolph 2005). Distribuição espacial do Distribuição espacial do Distribuição espacial do Distribuição espacial do Distribuição espacial do crescimento populacional dentro crescimento populacional dentro crescimento populacional dentro crescimento populacional dentro crescimento populacional dentro e fora da R e fora da R e fora da R e fora da R e fora da Região Metropolitana egião Metropolitana egião Metropolitana egião Metropolitana egião Metropolitana do Rio de Janeiro do Rio de Janeiro do Rio de Janeiro do Rio de Janeiro do Rio de Janeiro E Vista aérea de Petrópolis (Quitandinha) Foto: Arquivo Fundação CIDE Por Dr. Rainer Randolph

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RANDOLPH, R.. Distribuição espacial do crescimento populacional dentro e fora da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Revista de Economia Fluminense, v. 3, p. 28-33, 2007.

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xpansão da metrópole do Rio de Janeiro – um novo padrão deurbanização?É amplamente conhecido, hoje, que as grandes metrópoles brasileiras,em especial São Paulo e Rio de Janeiro, deixaram de apresentar aquelas

altas taxas de crescimento populacional, uma das características principais da urba-nização brasileira desde a década de 60. Houve, conforme os Censos de 1991 e2000 do IBGE, uma nítida mudança da distribuição do aumento populacional, tantono entorno imediato, ou seja, na própria Região Metropolitana, como também nomais distante, que se pode chamar de área perimetropolitana. (Randolph 2005).

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Fundação CIDE

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Essa mudança do padrão de distri-buição do crescimento está sendoamplamente discutida no Brasil, naAmérica Latina e também em outrospaíses do mundo. A grande dúvida dosanalistas a respeito desses fenômenosé se a mudança do padrão espacial docrescimento populacional dá origem aum nova forma de urbanização ou sesignifica meramente a extensão dametrópole para áreas mais distantes eamplas. Não vamos entrar neste de-bate no presente trabalho (videRandolph 2003).

Nossa intenção é apresentar algunsdados a respeito do caso da RegiãoMetropolitana e área perimetropolitanado Rio de Janeiro, que possam dar umaidéia a respeito das mudanças referen-tes às taxas de crescimento popula-cional no período entre 1991 e 2000e da distribuição desse crescimentoentre município-núcleo, demais muni-cípios da Região Metropolitana e áreaperimetropolitana. Levanta-se, a partirdaí, a hipótese de que esse novo pa-drão territorial do crescimentopopulacional resulta também em umnovo padrão de urbanização, que foichamado na bibliografia de “contra-ur-banização”.

A verificação (ou não) dessa hipó-tese não pode ser realizada de umamaneira indiferenciada para todos osmunicípios que constituem a área peri-metropolitana do Rio de Janeiro. Paraaprofundar debate e análise focamos,na segunda parte do presente ensaio,o caso do Município de Petrópolis1.Observam-se, para este município, for-ma e área do crescimento populacionalque é expressão e resultado de um

determinado padrão de urbanizaçãonos distritos mais distantes do centro.Partimos do pressuposto de que umcrescimento mais rápido na periferia dePetrópolis não pode ser simplesmen-te entendido como suburbanização;nem no seu sentido clássico (norte-americano) do deslocamento de cer-tas camadas médias da população localpara áreas verdes fora do centro tradi-cional, nem como “sub”urbanização nosentido do deslocamento de popula-ções de menor poder econômico paraáreas (semi-rurais) com infra-estruturaurbana precária, como discutido já por

Limonad (1996) a respeito dos muni-cípios no interior fluminense, na déca-da de 90.

Comparação entre Taxas deCrescimento dentro e fora daRegião Metropolitana do Riode Janeiro

Uma análise do comportamentodos municípios integrantes da RegiãoMetropolitana na Tabela 1 (pág. 30)mostra como a taxa de crescimentoanual (e também a taxa líquida de mi-gração) vai aumentando com a distân-cia do município-núcleo da metrópole.Rio de Janeiro, Niterói, Nilópolis e São

João de Meriti têm até um saldo migra-tório negativo durante a década de 90– apesar de ainda apresentarem umpequeno crescimento anual (menos doque 1%). Há, no outro extremo, aque-les municípios cujo crescimentopopulacional ainda supera 2% ao ano.Esses, com exceção de Japeri e Quei-mados, apresentam também taxas lí-quidas de migração acima de 1% aoano e configuram claramente uma se-gunda periferia dentro da periferia me-tropolitana.

Observa-se na Tabela 2 (pág. 31)que, nas áreas chamadas perimetro-politanas, há, em comparação com osnúmeros da Região Metropolitana e,particularmente, do município do Riode Janeiro da tabela anterior, taxas rela-tivamente altas de crescimento nas duasregiões costeiras, em particular em al-guns municípios da Região dos Lagos:em ambas o crescimento anual da po-pulação entre 1991 e 2000 ultrapassaaté 8% em alguns casos. Uma grandeparte dos municípios situa-se na faixaentre quase 4 a 6 ou 7% ao ano, ouseja, bem superior àquelas encontra-das dentro da Região Metropolitana.

A Região Serrana na sua totalidadetem um desempenho pior do que aRegião Metropolitana, mas alguns mu-nicípios mostram taxas de crescimen-to e deslocamento moderadas acimada média estadual. As taxas, aqui, nãosão tão altas assim como se observana Tabela 2: em geral ficam entre 2 a2,5 %. Petrópolis e Teresópolis, doiscentros importantes dessa região, nãochegam a alcançar 2%.

Notando, assim e ainda sem mui-to aprofundamento, os movimentosda população carioca e fluminense nadécada de 90 (e aqueles que vieramde fora do Estado), parece que o cres-cimento populacional – como uma pri-meira e precária aproximação do pro-cesso de urbanização – aponta paraum novo padrão territorial da ocupa-

1 Esse trabalho é um dos resultados deuma pesquisa financiada por CNPq,CAPES e FAPERJ sobre “Novas Formasde Urbanização em Áreas Perimetro-politanas”, realizada no LaboratórioOficina Redes&Espaço – LabORE – doInstituto de Pesquisa e PlanejamentoUrbano e Regional da UFRJ e coorde-nada pelo autor.

A Região Serranana sua totalidadetem um desem-penho pior doque a RegiãoMetropolitana,mas alguns muni-cípios mostramtaxas de cresci-mento e desloca-mento modera-dos acima damédia estadual.

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Tabela 1

Regiões de governoTaxa média

Taxa líquida de Taxa de crescimentoe municípios

geométrica de migração (%) vegetativo (%)crescimento anual (%)

Estado 1,30 0,19 1,11

Região Metropolitana 1,12 0,06 1,06

Nilópolis -0,31 -1,41 1,10

São João de Meriti 0,60 -0,85 1,46

Niterói 0,58 -0,27 0,85

Rio de Janeiro 0,74 -0,13 0,87

Duque de Caxias 1,67 0,12 1,56

Paracambi 1,18 0,13 1,05

Tanguá 1,27 0,13 1,15

São Gonçalo 1,49 0,28 1,21

Nova Iguaçu 1,97 0,57 1,40

Belford Roxo 2,09 0,65 1,44

Japeri 2,67 0,77 1,90

Queimados 2,37 0,85 1,51

Magé 2,57 1,01 1,56

Itaboraí 3,34 1,74 1,60

Seropédica 2,48 1,74 0,73

Guapimirim 3,44 1,80 1,64

ção urbana; há um deslocamento paraáreas urbanas periféricas, tanto no in-terior, como – e mais acentuadamen-te – na franja da Região Metropolitana.

Sem querer – e poder – aprofun-dar a análise a respeito desses dados,pode-se imaginar que estejamos dian-te de um processo de “contra-urbani-zação” que pode ser definido, segun-do Lindgren (2002: 4), como uma “for-ma particular de dispersão da popula-ção”: a desconcentração é um dos pro-cessos que está na sua base. Essa con-tra-urbanização se distinguiria da subur-banização por significar uma dispersãoa longa distância. Ela não só envolveriaum deslocamento populacional a maio-res distâncias, mas também no interiordo sistema urbano, da maior cidade a

cidades menores (de alto para baixona hierarquia urbana). Neste sentido,contra-urbanização acontece a um ní-vel intermediário entre movimentos demigração locais e a redistribuição de po-pulação entre (macro) regiões. Em con-dições territoriais, contra-urbanizaçãopode ser entendida como a divisãoentre localidades urbanas e rurais. Estamigração não significa que a populaçãoperde suas ligações e laços com a cida-de-núcleo (metrópole); pelo contrá-rio, seu deslocamento representa umaintensificação e interação contínua en-tre as localidades envolvidas e umamaior expansão das estruturas socio-espaciais que ainda incluem sem igual(ou similar/familiar) significados socio-culturais e padrões.

Um Novo Padrão de Urbani-zação? A Distribuição doCrescimento Populacionalentre Áreas Urbana e Ruralno Município de Petrópolis

Apesar de que, como vimos antes,no Município de Petrópolis não se ob-servam maiores taxas de crescimentopopulacional ou de migração líquida, ainvestigação desse caso parece interes-sante e instigante por oferecer um con-junto de fenômenos que o tornam úni-co e talvez paradigmático entre os de-mais municípios do universo maior dainvestigação da área perimetropolitanado Rio de Janeiro.

Para iniciar a discussão sobre o casode Petrópolis, recorremos a um estu-do de La Rovere e Carvalho (2006)

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Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE.

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que apresenta, em número recentedessa revista, no contexto de uma pre-ocupação sobre o papel das instituiçõesno desenvolvimento local, estrutura eevolução econômicas dos Municípiosde Petrópolis e Teresópolis, que sãoresponsáveis por cerca de 62% doProduto Interno Bruto da Região Serra-na do Estado do Rio de Janeiro.

Em relação ao caso que nos inte-ressa aqui, La Rovere e Carvalho(2006: 33) apontam as seguintes ca-racterísticas econômicas: a maior parte

dos empregos em Petrópolis está con-centrada nos setores de comércio eserviços que são responsáveis poraproximadamente 64 % do empregototal (Tabela 3, pág. 32).

Uma análise desagregada dos da-dos sobre as atividades econômicas,feita a partir da Relação Anual de Infor-mações Sociais (Rais) do Ministério doTrabalho, mostra que “há uma clarapredominância das atividades ligadas aoturismo (alojamento e alimentação) nosetor de serviços. As principais voca-

ções econômicas de Petrópolis no se-tor industrial são a fabricação de pro-dutos alimentícios e bebidas, têxteis econfecções e máquinas e equipamen-tos”. (La Rovere, Carvalho 2006: 33)

As atividades que empregam me-nos pessoas são as da IndústriaExtrativa Mineral e da Agropecuária;queremos chamar a atenção especial-mente para este último setor, queresponde por apenas 827 emprega-dos ou 1,5 % do total dos empregosno município.

Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE.* Observação: nossa regionalização inclui alguns municípios da Região Centro-Sul Fluminense.

Tabela 2

Regiões de governoTaxa média

Taxa líquida de Taxa de crescimentoe municípios

geométrica de migração (%) vegetativo (%)crescimento anual (%)

Estado 1,30 0,19 1,11Região Serrana* 1,01 -0,13 1,14Petrópolis 1,28 0,21 1,08São José do Vale do Rio Preto 2,47 0,97 1,50Teresópolis 1,51 0,09 1,42Areal 2,08 0,43 1,65Miguel Pereira 2,32 1,32 1,00Paty do Alferes 1,87 0,44 1,43Região dos Lagos 4,31 2,83 1,48Araruama 3,83 2,23 1,61Armação dos Búzios 8,68 6,43 2,25Arraial do Cabo 2,06 0,73 1,34Cabo Frio 5,81 3,84 1,96Cachoeiras de Macacu 2,12 1,04 1,07Casimiro de Abreu 3,94 1,85 2,09Iguaba Grande 7,20 6,24 0,95Maricá 5,71 4,49 1,22Rio das Ostras 8,02 6,55 1,47São Pedro da Aldeia 4,54 2,85 1,69Saquarema 3,68 2,47 1,21Região da Costa Verde 3,47 1,48 1,99Angra dos Reis 3,76 1,85 1,91Itaguaí 3,40 0,99 2,41Mangaratiba 3,72 2,35 1,37Parati 2,37 0,67 1,70

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2 O distrito de Cascatinha abrange tam-bém áreas mais distantes do centro,como, por exemplo, o bairro de Araras;não podemos aqui considerar essas di-ferenciações.

Em princípio, essa baixa participa-ção do setor agropecuário não seriamuito surpreendente, quando se pen-sa em Petrópolis como município devocação turística, como os dados men-cionados anteriormente sugerem. Masa comparação desses dados recentessobre o emprego com dadoscensitários a respeito do crescimentopopulacional em determinadas áreasdo município indica fenômenos quenão parecem de tão fácil compreen-são. Pois, à primeira vista contradito-riamente, esse baixo nível de empre-go agrícola está acompanhado por umexpressivo crescimento populacionalem algumas áreas rurais dos distritosmais distantes da sede do município.

Em relação à população total domunicípio, o aumento em Petrópolisfoi de 1,28% ao ano no período en-tre 1991 e 2000; com isto, situa-seligeiramente abaixo do crescimentopopulacional do Estado do Rio de Ja-neiro (1,30% ao ano), mas superiorao crescimento na própria Região Ser-rana (1,01% ao ano) e bem superiorao do município do Rio de Janeiro, queficou em 0,74% ao ano (dados doIBGE; vide Tabela 2, pág. 31).

Quando se desagregam essesdados para os cinco distritos e se in-troduz uma diferenciação entre po-

pulação urbana e população rural,obtém-se a Tabela 4, pág. 33, comdados tanto dos Censos 1991 e2000 do IBGE (FIBGE 2002), comotambém da Contagem de Populaçãodo IBGE, de 1996.

No período de 1991 a 2000, ocrescimento da população nos distri-tos do centro (sede) e na sua vizinhan-ça imediata (Cascatinha2 ) está abaixodo crescimento dos três distritos maisdistantes. Entre os demais distritos, des-taca-se Itaipava, com um aumentopopulacional com mais de 4% ao anono período em pauta.

Mas o que merece nossa especialatenção é a diferenciação do crescimen-to entre a população que se localiza ereside dentro do perímetro urbano e apopulação que reside em área rural.Nos distritos 3, 4 e 5, o aumento dapopulação rural supera o da populaçãourbana; ou ainda, em Itaipava e Pedrodo Rio, houve uma ligeira redução dapopulação urbana e taxas expressivasde crescimento da população rural. Nocaso de Itaipava, o altíssimo valor decrescimento de 47 % ao ano deve-se,em parte, ao reduzido número de 195

pessoas que, conforme o censo, mo-raram na zona rural daquele distrito em1991. Mas mesmo em termos abso-lutos, um aumento da população ruralem mais de 6.200 pessoas, em noveanos, é surpreendente.

Obviamente, essa nova “populaçãorural” não é composta por agricultoresou pessoas que ganham seu sustentono campo; novamente, podemos re-meter ao trabalho de Limonad (1996),que encontrou essa “população urba-na” morando em área rural, em outrosmunicípios do Estado fluminense, já nadécada de 90.

No caso de Petrópolis, o fenôme-no não pode ser resultado exclusiva-mente do deslocamento da populaçãodentro do próprio município, entre dis-trito-sede e distritos periféricos. Pelaspróprias características turísticas domunicípio e, especialmente, do turis-mo de fim de semana e de segundaresidência da população carioca, o cres-cimento populacional pode ter a ver,entre outras razões, com a transfor-mação dessas segundas em primeirasresidências, como já argumentamosem outra parte (Randolph 2005).

É, portanto, pela própria história domunicípio e pela crescente instalaçãode segundas residências pelas classesmédia e alta cariocas que se pode en-tender esse “paradoxo” do aumentoda população rural sem a presença deatividades agropecuárias significativas.Este processo, que está na própria ori-gem da cidade, sofre uma significativaaceleração com o aprimoramento dasligações entre Rio de Janeiro ePetrópolis e Petrópolis e Juiz de Fora.Na medida em que as rodovias foramsendo melhoradas, culminando na du-plicação da Washington Luís em finaisda década de 70, houve um sensívelmelhoramento da acessibilidade, queincentivou a ocupação de veraneio fun-damentalmente nas áreas próximas àsprincipais rodovias.

Fonte: Fundação CIDE. Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro (2004).

Tabela 3

Atividade Emprego %em Petrópolis

Administração Pública 4.708 9,0

Agropecuária 827 1,5

Comércio 10.982 21,0

Construção Civil 1.543 2,9

Indústria de Transformação 11.391 21,9

Indústria Extrativa Mineral 38 0,1

Serviços 21.046 40,4

Serviços de Utilidade Pública 1.543 2,9

Total 52.078 100,0

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Nota-se, portanto, um padrãobastante heterogêneo dentro do pró-prio município; cada um dos distritos(e em parte bairros) é produto deuma determinada fase de diferentesformas de ocupação – desde o “ve-raneio imperial”, passando por um“período aristocrático” de Itaipava, atécasas menos suntuosas, porém bas-tante confortáveis – de uma certa clas-se média nos dois distritos mais dis-tantes: Pedro do Rio e Posse.

Assim, a ocupação de áreas ru-rais do Município de Petrópolis nosdistritos onde há a maioria de em-preendimentos imobiliários e a im-plantação de loteamentos e condo-mínios em tempos mais recentes,por um lado, e a predominância dossetores e serviços, por outro, nãosignifica nenhuma contradição ouoposição. Ao contrário, uma se ex-plica pela outra quando se compre-

ende o significado dos “espaços delazeres” em suas relações com a pro-dução e reprodução social e suapotencialidade de oferecer uma certa“qualidade” para aqueles que estão vi-vendo no (e querendo “fugir” do) “es-paço quantitativo” das grandes cidadese regiões metropolitanas. A “natureza”– o “campo” – torna-se um elementoconstituinte para essa própria expan-são perimetropolitana que procuraoferecer “soluções” para aqueles quequerem fugir dos problemas que as-solam a metrópole.

Em síntese, não se pode descar-tar a possibilidade de que essas for-mas de ocupação das áreas periféri-cas e rurais do município por segun-das residências não podem dar ori-gem a novas formas de urbanização,à medida que começam a ser ocupa-das permanentemente (Randolph,Gomes 2007).

Dr. Rainer Randolph. Professor Titular do IPPUR / UFRJ e Pesquisador do CNPq.

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FUNDAÇÃO CIDE, Anuário estatís-tico do Estado do Rio de Janeiro Rio deJaneiro: Cide, 2004.

FUNDAÇÃO IBGE, Censosdemográficos de 1991 e 2000. Rio deJaneiro: IBGE 1995, 2002.

LA ROVERE, R. L., CARVALHO R.L., Instituições e desenvolvimento localna Região Serrana Fluminense. Revista deEconomia Fluminense, n. 5, setembro de2006, pp. 32-37.

LIMONAD, E. Os lugares da urbani-zação - O caso do interior fluminense. Tesede doutorado, São Paulo: Universidadede São Paulo, 1996.

LINDGREN, U. Counter-urban migrationin the Swedish urban system. Umea (Sweden):CERUM, 2002, Working Paper, 57.

RANDOLPH, R. Utopia burguesa ourevolução urbana? Transformações da or-ganização territorial e novas formas ur-banas em áreas perimetropolitanas doRio de Janeiro. Anais do XI Encontro Na-cional da Associação de Pesquisa e Pós-Graduação em Planejamento Urbanoe Regional – ANPUR - Salvador / Bahia,2005.

RANDOLPH, R., GOMES, P.H.O.Expansão da metrópole e áreas perime-tropolitanas: continuidade ou ruptura? Ocontexto de uma investigação do entor-no do Rio de Janeiro. Anais do XII En-contro Nacional da Associação de Pes-quisa e Pós-Graduação em Planejamen-to Urbano e Regional – ANPUR –Belém, 2007 (em prelo).

Tabela 4

Município tx cresc.a.a. 1991 1996Distritos de Pop. 1991 1996 2000 1991-2000 1996 2000

Petrópolis

SedePetrópolis Total 164.816 169.618 181.638 1,09 0,58 1,73

Petrópolis Urbana 164.816 169.618 181.638 1,09 0,58 1,73

2Cascatinha Total 56.937 63.419 61.939 0,94 2,18 -0,59

Cascatinha Urbana 56.937 63.419 61.939 0,94 2,18 -0,59

Itaipava Total 13.088 14.261 18.862 4,14 1,73 7,24

3 Itaipava Urbana 12.893 13.998 12.436 -0,40 1,66 -2,91

Itaipava Rural 195 263 6.426 47,45 6,17 122,33

Pedro do Rio Total 12.572 14.085 14.549 1,64 2,30 0,81

4 Pedro do Rio Urbana 8.063 9.634 7.824 -0,33 3,62 -5,07

Pedro do Rio Rural 4.509 4.451 6.725 4,54 -0,26 10,87

Posse Total 8.055 8.286 9.549 1,91 0,57 3,61

5 Posse Urbana 6.371 6.700 6.834 0,78 1,01 0,50

Posse Rural 1.684 1.586 2.715 5,45 -1,19 14,38

FIBGE: Censos de 1991 e 2000 e Contagem de População de 1996