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DISTRIBUIÇÃO DOS SERES VIVOS NA TERRA METAS mostrar a classificação dos territórios biogeográficos; mostrar os principais reinos florísticos e faunísticos; e apresentar as representações cartográficas. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: descrever a classificação dos territórios biogeográficos; diferenciar entre os principais reinos florísticos e faunísticos e as espécies representativas; e expor as técnicas de mapeamento e as diferentes representações cartográficas. Aula 5 Seres vivos (Fonte: http://upload.wikimedia.org).

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DISTRIBUIÇÃO DOS

SERES VIVOS NA TERRA

METASmostrar a classificação dos territórios biogeográficos;mostrar os principais reinos florísticos e faunísticos; eapresentar as representações cartográficas.

OBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deverá:descrever a classificação dos territórios biogeográficos;diferenciar entre os principais reinos florísticos e faunísticos e as espécies representativas; eexpor as técnicas de mapeamento e as diferentes representações cartográficas.

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Seres vivos (Fonte: http://upload.wikimedia.org).

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INTRODUÇÃO

A distribuição dos seres vivos, famílias e espécies, não são co-incidentes em todos os continentes, mas há, em grandes espaços,certa concordância, formando assim os reinos florísticos efaunísticos, hoje associados em, biorreinos. os impérios continen-tais são baseados nos endemismos de ordens e famílias o Brasil élocalizado totalmente dentro do império neotropical, e apresentaespecies de fauna e flora caracteristicos como cactaceas,bromelaceas, tatus, bichos preguiça, tamanduas. Existem diferen-tes fatores limitantes para estabelecer os limites entre as distribui-ções das espécies, aqueles de tipo abiótico como temperatura, pre-cipitação, disponibilidade de luz, tipo de solo, e os bióticos comocompetência, depredação, capacidade de dispersão. Para poder re-presentar a distribuição dos seres vivos, existe diferentes técnicasde mapeamento, podemos utilizar cartas topográficas, fotografiasaéreas, imagens de satélite de alta e baixa resolução, a seleção doinsumo cartográfico a utilizar dependera do objeto de estudo e daescala que se pretenda trabalhar. Hoje em dia com o avanço destatecnologia e o desenvolvimento das pesquisas ecológicas das espé-cies, permitirá num futuro a representação cartográfica melhor de-talhada da fauna e flora ainda desconhecida.

(http://images.google.com.br).

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OS TERRITÓRIOS BIOGEOGRÁFICOS

O estabelecimento e a comparação das áreas evidenciam cer-tas correspondências na distribuição geográfica dos seres vivos.Mas, na realidade, duas áreas nunca são exatamente superpostas,é possível conhecer grupos de táxons de localização geográficaidêntica, ou endêmica de uma mesma região do globo. Tal con-junto de táxons permite definir territórios florísticos e faunísticos,cuja hierarquia está baseada no nível de endemismo ao quecorrespondem. Assim, podemos distinguir os impérios, caracteri-zados por endemismos de ordens e famílias, subdivididas em regi-ões com endemismos de famílias e gêneros. Portanto, as regiões sesubdividem em domínios, estes em setores, e estes em distritoscujos táxons endêmicos se situam, respectivamente, em nível degênero, da espécie e da subespécie.

Na aula 1 apresentamos as grandes regiões biogeográficas, ago-ra vamos a conhecer os impérios continentais, baseados nosendemismos de ordens e famílias. A clasificação foi proposta porGeorge Lemée, estes imperios são separados por zonas de transi-ção de extensão variável (figura 1).

Os fatores limitantes que estabelecem os límites entre as distri-buições das espécies são do tipo abiótico (temperatura, precipita-ção, disponibilidade de luz, tipo de solo, acidentes topográficos) ebióticos (competência, depredação, capacidade de dispersão). Parao estabelecimento dos limites enfrentamos vários problemas, umdeles é que as barreiras não são universais para todos os taxa, porexemplo, se queremos estabelecer o limite de distribuição para ospeixes de água doce no continente americano, e tomamos comobarreira a capacidade de to-lerar água salgada, nesteexemplo o limite de distribui-ção será o istmo de Panamá.

Mais resulta impossívelestabelecer líneas de demar-cação absolutas, por exemplo,o limite do istmo de Panamáfunciona para peixes de águadoce, incapazes de tolerarágua salgada, porem não con-seguem cruzar o istmo, maispara uma ave essa barreiranão funcionaria porem nãoteríamos o mesmo limite. Figura 1. Classificação dos impérios de Gerge Lemée. Imagem retirada de

http://geografia.laguia2000.com/wp-content/uploads/2007/05/region5.jpg

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PRINCIPAIS IMPÉRIOS E OS TAXONSREPRESENTATIVOS

O IMPÉRIO HOLÁRTICO

Também conhecido como império boreal, compreende o nortede América, Europa, o Norte da África e maior parte da Ásia, apre-senta fauna e flora representativos ilustrados nas figuras 2 e 3 a, b.

Figura 2 a, b. Ranunculácea (Ranunculus muricatus) e Sauce (Salix babylonica http://biorui.no.sapo.pt/ranunmuricat.jpg e http://lh6.ggpht.com/_v-WQNn0zBNI/R3JsZiZtC5I/AAAAAAAABYc/EhoCo56hq24/Sauce02.JPG

Figura 3 a,b. Urso branco (Thalarctos maritimus) e castor (Castor canadensis).http://pro.corbis.com/images/42-18240380.jpg?size=67&uid=%7B3CBCDC1F-B662-45BE-8DE4-AF8F4E1FBA41%7D e http://www.petandwildlife.com/american-beaver-castor-canadensis.jpg

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O IMPÉRIO NEOTROPICAL

Também conhecido como Império Americano, inclui a desde aparte sul do México, America central e America do Sul, neste impé-rio se localiza Brasil, e apresenta fauna e flora representativos ilus-trados na figuras 4 e 5 a, b.

Figura 4 a, b. Hevea brasiliensis e Tropaeolum majus. http://www.rain-tree.com/Plant-Images/Hevea_brasiliensis_p1gif.gif e http://home.hiroshima-u.ac.jp/shoyaku/photo/Japan/Kouchi/030524nouzen.jpg

Figura 5 a, b. Cobra-cega e Vicugna vicugna http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/cobra-cega/cobra-cega-1.php e http://www.britannica.com/EBchecked/topic-art/627854/116613/Vicua

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O IMPÉRIO AFRICANO-MALGACHE

Também conhecido como Império Etiópico, inclui os países docontinente africano e Madagascar, onde podemos encontrar faunae flora representativa ilustrados nas figuras 6 e 7 a,b.

Figura 6 a, b. Gerânios e Mogno (Swietenia macrophylla) (Fontes: http://www.jardin-mundani.org e http://www.ens-newswire.com).

Figura 7 a, b. Chimpanzé (Pan troglodytes) e Girafa (Girafa camelopardilis) (Fontes: http://pin.primate.wisc.edu e http://www.saudeanimal.com.br).

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IMPÉRIO ASIÁTICO–PACÍFICO

Também conhecido como Império Indo-malaio e polinésio, in-clui a Índia o sudeste do continente Asiático e a maior parte dasilhas do Pacífico, apresenta fauna e flora representativos ilustradosnas figuras 8 e 9 a,b.

Figura 8 a, b. Canelo (Cinnamomum zeylandicum) e gengibre (Curcuma longa) (Fontes:http://www.yinyangperu.com e http://www.es.gov.br).

Figura 9 a, b. Tarsero (Tarsius syrichta) e Hilobátido (Hylobates lar) (Fontes:http://static-p4.fotolia.com e http://www.saudeanimal.com.br).

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IMPÉRIO ANTÁRTICO-AUSTRALIANO

Compreende o continente australiano, Nova Zelândia e Antártida,característico pela flora e fauna representada nas figuras 10 e 11 a,b,onde os principais destaques são os mamíferos marsupiais.

Figura 10 a, b. Llareta (Azorella ameghinoi) e Hayas (Nothofagus alpina) (Fontes: http://www.srgc.org.uk e http://upload.wikimedia.org).

Figura 11 a, b. Kiwi (Apteryx oweni) e equidna (Tachyglossus aculeatus) (Fontes: http://www.australearn.org e http://www.murray.wa.gov.au).

Estas divisões biogeográficas são baseadas em fauna e floraendêmicas e representativas, se incluir as condições abióticas comoclima, geologia, etc. teremos outra classificação conhecida comoecozonas terrestres.

Bioindicador

É uma espécie ou grupode espécies que reflete oestado biotico ou abióti-co do meio ambiente, oimpacto produzido sobreum habitat, comunidadeou ecossistema, ou tam-bém indicar a diversida-de de um conjunto detáxons ou biodiversida-de de determinada re-gião. As alterações ob-servadas nestes orga-nismos podem ser gené-ticas, bioquímicas, fisio-lógicas, morfológicas,ecológicas ou comporta-mentais. Bioindicadorespodem revelar os efeitoscumulativos de diferen-tes poluentes no ecos-sistema e há quanto tem-po o problema pode es-tar presente.

Ecozona

Região biogeográfica de-finida como uma parte dasuperfície terrestre repre-sentativa de uma unida-de ecológica a grande es-cala, caracterizada por fa-tores abióticos e bióticosparticulares. O sistema deecozonas foi propostopor Miklos Udvardy, ba-seado nas classificaçõesprevia de Sclater e Walla-ce, com o propósito decontribuir na conserva-ção do meio ambiente.

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CARTOGRAFIA BIOGEOGRÁFICA

MAPEAMENTO FITO E ZOOGEOGRÁFICOS

Nos estudos biogeográficos há necessidade de elaboração decartas fito e zoogeográficas e/ou geoecológicas. Elas representamum recurso importante para a interpretação e compreensão do meioambiente. A dinâmica acelerada da ocupação de terras e da conse-qüente organização do espaço exige registro cartográfico, principal-mente nos países tropicais em desenvolvimento, onde estes fatossão muito importantes.

As cartas de vegetação ou fitogeográficas, dos animais,zoogeográficas e das condições ambientais ou geoecológicas, re-presentam um inventário de recursos naturais, que permitem esta-belecer correlações entre o meio abiótico e biótico, pois muitos in-divíduos da flora e fauna podem fornecer dados seguros sobre de-terminados aspectos ambientais, sendo assim seres bioindicadores.Levantamentos sobre o valor econômico da flora e fauna e o plane-jamento racional sobre o manejo ambiental podem ser feitos a par-tir destas cartas.

As cartas fito e zoogeográficas englobadas formam as cartasbiogeográficas, que podem apresentar 5 aspectos:1. Cartas de inventário. Representam levantamentos de formaçõesvegetais, geobiocenoses e de espécies vegetais e/ou animais queocorrem em determinado espaço associado às condições ambientaisreinantes. Estes mapas ou cartas são importantes para a avaliaçãodas potencialidades bióticas de espaços.2. Cartas da dinâmica populacional. Representam a expansão ouretração do espaço ocupado por apenas uma espécie ou toda umageobiocenose. Sua importância reside na possibilidade de avalia-ção das sucessões bióticas no espaço e no tempo.3. Cartas de vulnerabilidade. Representam os parâmetros que de-vem ser respeitados para não ocorrerem alterações drásticas queafetem ou mesmo eliminem espécies da flora e fauna. Sua impor-tância reside em representar a sensibilidade das geobiocenoses emanejo adequado dos sistemas bióticos.4. Cartas de impactos ou de alterações. Representam o grau de in-terferência antrópica em geobiocenoses. Através das quatro classespropostas por Jalas (1965 apud Troppmair, 2002), hemeoróbio ouecossistema natural, oligohemeoróbio ou ecossistema mais naturalque artificial, mesohemeoróbio ou ecossistema mais artificial quenatural e, euhemeoróbio ou ecossistema artificial, podemos avaliaras alterações ambientais causadas pela ação do homem. Estas car-

Geobiocenose

Termo criado por cien-tistas da escola russa eequivale ao Ecossiste-ma. A pesar de não seraceito universalmente,os geógrafos utilizam-sedesde tempo para res-saltar o enfoque geográ-fico-espacial.

Ecossistema

Designa o conjunto for-mado por todos os fato-res bióticos e abióticosque atuam simultanea-mente sobre determinadaregião. Considerandocomo fatores bióticos asdiversas populações deanimais, plantas e bacté-rias e os abióticos os fa-tores externos como aágua, o sol, o solo, o gelo,o vento. São chamadosagroecossistemas quan-do além destes fatores,atua ao menos uma po-pulação agrícola. A alte-ração de um único ele-mento costuma causarmodifica

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tas representam o grau de interferência humana e permitem a ava-liação de impacto.5. Cartas temáticas e/ou especiais. Representam determinado as-pecto da biosfera como fenologia de espécies vegetais, migração deanimais, aspectos bióticos e abióticos.

TÉCNICAS DE MAPEAMENTO

Dependendo do objetivo, existem várias técnicas para elaborarcartas fito e zoogeográficas:1. Mapeamentos diretos sobre cartas básicas. Esta técnica é utiliza-da diretamente em campo no caso de serem pequenos espaços aserem mapeados. A escala varia de 1:1.000 a 1:50.000. Lançam-sediretamente sobre o mapa os fenômenos biogeográficos observa-dos figura 12.

Figura 12. Recorte de carta topográfica da área correspondente à foz do Rio São Francisco.

2. Utilização de fotografia aérea. As fotografias aéreas, em diferen-tes escalas de 1:5.000 até 1:60.000, representam hoje importanteinstrumento para o mapeamento da flora e fauna. Esta técnica éempregada principalmente quando são mapeados grandes espaçosou áreas de difícil acesso (figura 13). A restituição pode ser feitadelimitando-se diretamente cada formação ou ecossistema ou ain-da por quadrados de amostragem quando, através de simbologia,representa-se a porcentagem 25%, 50%, 75% ou 100% do fenôme-no enfocado no quadrado.

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Figura 13. Recorte de fotografia aérea, exemplo no município de Brejo Grande.

3. Mapeamento com utilização de imagens de radar. Em áreas de gran-de nebulosidade, onde o céu, na maior parte do tempo está coberto denuvens como na Amazônia (RADAM- RADar AMazônia) omapeamento poder ser feito por imagens de radar, que permite a inter-pretação como as fotografias aéreas ou imagens de satélite figura 14.

Figura 14. Imagem Radar do estado de Sergipe, em vermelho o polígono da Área deProteção Ambiental do Litoral Sul de Sergipe.

4. Imagens de satélites. Quando a área a ser mapeada é muito ex-tensa, várias centenas ou milhares de quilômetros quadrados, sãoutilizados imagens de satélite na escala que varia de 1:50.000 até1:500.000 ou mais. Neste mapeamento há grande generalizaçãodesaparecendo qualquer detalhe. Na figura 15 a imagem de satéliteLANSAT, corresponde à mesma área que na imagem Radar (aci-ma), note-se a grande quantidade de nuvens.

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Figura 15. Imagem de satélite LANSAT do estado de Sergipe, em vermelho o polígono daAPA Litoral Sul de Sergipe.

PROBLEMAS NA ELABORAÇÃODE CARTAS BIOGEOGRÁFICAS

Ao elaborarmos uma carta biogeográfica enfrentamos váriosproblemas:

I. Escala. A escala é de importância fundamental e devere-mos escolher a escala de acordo com o que será representado.Em escalas grandes 1:5.000, podem ser lançados detalhes comoa ocorrência de determinadas espécies ou associações de ve-getais e animais em espaços muito reduzidos. Mesmo escalasde 1:50.000 ainda podem oferecer bastante detalhe. Para Bra-sil o mapeamento global de regiões ou grandes espaços de mi-lhares de quilômetros devera ser feito na escala de 1:1.000.000.São propostas as seguintes escalas dependendo da área domapeamento:

Macroecossistemas ou regiões abrangendo aproximadamente100.000km2 ou mais: escala de 1.3.000.000.

Mesoecossistemas ou mosaicos de paisagens com área aproxi-madas de 1.000 km2: a escala de 1:250.000 até 1:1.000.000.

Ecossistemas com áreas de aproximadamente 100 km2: escalade 1:10.000 até 1:80.000.

II. Projeção. Na confecção do mapa deve ser utilizado umtipo de projeção que mostre os aspectos representados de formaregular sem grandes deformações. A escolha deve recair, de pre-ferência, sobre um tipo de projeção no qual já estejam elabora-das cartas topográficas, pedológicas e climáticas da área em cau-sa, permitindo, desta forma, correlações biológicas com estesfatos abióticos.

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TÉCNICAS DE REPRESENTAÇÃO

Conforme a escala, o tema e os objetivos estabelecidos, podemse empregar as seguintes técnicas na representação:1. Em escalas grandes - abrangendo áreas pequenas - podem sermapeadas diferentes espécies assinalando-se os exemplares por sím-bolos diversos. Determinados símbolos podem representar deze-nas ou centenas de indivíduos da mesma espécie.2. O grau de cobertura ou intensidade de ocorrência pode ser repre-sentado por hachuras as quais, quanto mais densos, indicam ocor-rência mais freqüente do fenômeno estudado.3. A delimitação de áreas de ocorrência ou territórios pode ser feitapor linha contínua, quando o fenômeno é bem nítido como limitede mata e campo ou, por linhas pontilhadas caso existam áreas detransição.4. O emprego de cores. As cartas coloridas apresentam de formamais nítida os fenômenos representados, permitindo uma interpre-tação mais fácil. Sua impressão torna-as de custo mais elevado.

PERFIS BIOGEOGRÁFICOSOU GEOECOLÓGICOS

Os perfis biogeográficos ou geoecológicos são outra forma derepresentar fenômenos bióticos a abióticos, permitindo inclusivefácil correlação de todos os elementos através da leitura vertical ouleitura horizontal quando cada elemento pode ser acompanhadoem sua distribuição espacial. (figura 16). Esta representação deveincluir: trecho do mapa topográfico onde é feito o perfil, perfil to-pográfico ou altimétrico com as respectivas geobiocenoses, tempe-ratura média, máxima e mínima, precipitação média, tipo de solo,excesso ou deficiência de água no solo, período favorável ou desfa-vorável para flora e fauna, outros fatos e elementos de interesse:uso de solo, dias de geada, ou duração do período seco.

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Fig. 16. Perfil Fitoecológico do Estado de Sergipe. Imagem retirada de Troppmair 2002.

CONCLUSÃO

A partir da observação da fauna e flora diversa nas diferentesregiões do mundo podemos estabelecer áreas com fauna e flora si-milar os quais compões os diferentes reinos biogeográficos. Depen-dendo do autor e baseados em flora ou em fauna podem variar decinco a seis reinos ou mais. A geração do mapeamento das áreas dedistribuição das espécies tem evoluído recentemente, com o uso detecnologia inovadora, podemos utilizar diferentes técnicas como ascartas topográficas, imagens de satélite e fotografias aéreas, as es-calas dependerão do objeto e objetivo de estudo. Existem diferen-tes programas para a manipulação destas imagens, um dos maisusados e de tecnologia brasileira é o software SPRING. Com o avan-ço da tecnologia e dos estúdios biológico e ecológico das espécies,

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num futuro poderemos estabelecer limites para os diferentes gru-pos biológicos.

RESUMO

Diferentes pesquisadores no longo da historia tem proposto áreascom fauna e flora características, assim nasce o conceito de reinosbiogeográficos, que agrupam animais e plantas similares. Assim cadaimpério biogeográfico apresentará os táxons representativos. Re-sultado da historia evolutiva dos táxons, a capacidade de disper-são do organismo e a historia geológica da Terra. A elaboração decartas fito e zoogeográficas e/ou geoecológicas representam umrecurso importante para a interpretação e compreensão do meioambiente. A dinâmica acelerada da ocupação de terras e da con-seqüente organização do espaço exige registro cartográfico, prin-cipalmente nos países tropicais em desenvolvimento, onde estesfatos são muito importantes. Com o avanço da tecnologia hojetemos a nosso alcance diferentes recursos e metodologias para arealização destas cartas. Temos imagens de satélite, de alta e bai-xa resolução, a seleção desta dependera do objeto, e as áreas deestudo, têm cartas topográficas e fotografias aéreas. A disposiçãodestes recursos e a facilidade para a obtenção possibilitam um cres-cimento nesta área de conhecimento.

ATIVIDADES

Qual a diferença entre impérios e regiões biogeográficas?Pesquise em qual império biogeográfico encontramos o Brasil, equais são as espécies características do mesmo?Mencione as principais técnicas para elaborar cartas fito ezoogeográficas?

AUTOAVALIAÇÃO

Após esta aula consigo diferenciar os reinos biogeográficos e asespécies representativas dos mesmos? Conheço as diferentes técni-cas de mapeamento, as vantagens e desvantagens de cada uma, as-sim como as técnicas de representação?

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PRÓXIMA AULA

Na próxima aula apresentaremos os diferentes conceitos de bioma,discutiremos sobre o conceito de ecossistema, conheceremos osprincipais biomas no mundo e no Brasil, e evidenciaremos o funci-onamento do ecossistema.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, D. P. Fundamentos de Cartografia. 3 ed. Florianópolis:Editora da UFSC. Aracaju, 2006.FRANCO, E. Biogeografia do estado de Sergipe. Aracaju: Segrase1983.LACOSTE, A; SALANON R. Biogeografia. Barcelona: Oikos-tau, 1973.TROPPMAIR, H. Biogeografia e Meio Ambiente. Rio Cla-ro, 2002.