dissertaÇÃo de mestrado - ufpa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO METODOLOGIAS DE GESTÃO DE PROCESSOS PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS PROCESSOS OPERACIONAIS DA ELETROBRAS ELETRONORTE WANDRÉ MATOS DE MEDEIROS BELÉM 2013

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Page 1: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

METODOLOGIAS DE GESTÃO DE PROCESSOS PARA

AUMENTAR A EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS

PROCESSOS OPERACIONAIS DA

ELETROBRAS ELETRONORTE

WANDRÉ MATOS DE MEDEIROS

BELÉM 2013

Page 2: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

METODOLOGIAS DE GESTÃO DE PROCESSOS PARA

AUMENTAR A EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS

PROCESSOS OPERACIONAIS DA

ELETROBRAS ELETRONORTE

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À BANCA EXAMINADORA APROVADA PELO

COLEGIADO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

DO CENTRO TECNOLÓGICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, COMO

REQUISITO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA

CIVIL COM ÊNFASE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

APROVADA EM:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

Page 3: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

3

AGRADECIMENTOS

À Deus, primeiramente, pela vida e família , e por tudo que Ele me proporcionou ao

longo desses anos.

À Eletronorte pelas oportunidades de crescimento pessoal e profissional, pelos apoios e

incentivos a mim dispensados na realização deste trabalho.

À minha mãe Vânia, ao meu pai Wanir (in memorian), aos irmãos e familiares, por

terem me criado, educado e me apoiado por toda minha vida me permitindo chegar até

aqui.

À minha amada esposa Fabiana e às minhas duas adoráveis e amadas filhas Gabriela e

Leticia.

Aos professores da Universidade Federal do Pará – UFPA, amigos do curso de

mestrado e a todos que direta e indiretamente contribuíram com a realização deste

trabalho.

Page 4: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

4

RESUMO

A retomada da competição, provocada pela implantação do novo modelo institucional

do setor elétrico brasileiro em 2004, fez com que as empresas concessionárias de

energia elétrica buscassem novas tecnologias e sistemas de gestão de forma a aumentar

e garantir a eficiência e eficácia de seus processos de negócio e melhorar o desempenho

empresarial. Uma prática da administração moderna de gestão que contribui para isso é

a Gestão de Processos sendo o tema central dessa dissertação. Porém, à falta de

implementação de metodologias, técnicas e ferramentas que suportem uma gestão que

oriente uma visão integrada da empresa baseada em seus processos, frente a uma cultura

de administração predominantemente funcional, levou a ineficiência na gestão dos

processos de manutenção destacando-se a gestão de projetos de melhorias provenientes

do Plano de Modernização de Instalações (PMI) da Eletrobras Eletronorte. A partir da

definição do problema de pesquisa, foram traçados os objetivos gerais, que foi

identificar as metodologias, técnicas e ferramentas de gestão de processos que possam

aumentar a eficiência e eficácia dos processos operacionais da Eletrobras Eletronorte.

Os resultados alcançados demonstram que foram identificadas 05 (cinco) metodologias

de autores literários e 02 (duas) metodologias de instituições que buscam a gestão

orientada por processos; além de se realizar o estudo de caso do projeto de

implementação da gestão por processos nas empresas do Grupo Eletrobrás proveniente

do Plano de Transformação e Fortalecimento do Sistema Eletrobrás. Toda pesquisa

contribui para elaboração de uma proposta de um modelo para implantação da gestão

orientada por processos para o negócio Transmissão da Eletronorte, focando-se nos

processos de manutenção.

Page 5: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

5

ABSTRACT

The resumption of competition caused by the implementation of the new institutional

model of the Brazilian electric sector made with that electric utilities companies seek

new technologies and management systems in order to increase and ensure the

efficiency and effectiveness of their business processes and improve business

performance. A modern management practice that contributes to this is the management

of processes being the central theme of this dissertation. However, the deficiency of

implementation methodologies, techniques and tools to support management that orient

an integrated view of the company based on its processes, before a predominantly

functional management culture led to inefficiency in the management of improvement

projects (Modernization Plan Installations) of Eletronorte. From the definition of the

research problem, the general objectives were outlined, which was to identify the

methodologies, techniques and tools for managing processes to increase efficiency and

effectiveness of operational processes Eletronorte. Results show that were identified 05

(five) methodologies literary authors and (02) two methodologies institutions seeking

management driven processes, in addition the case study of the implementation project

process management in companies Eletrobras group from the Plan for Transformation

and Strengthening of the Eletrobras System. All research contributed to the preparation

of a proposal for a model for the implementation of process-oriented management for

business Transmission of Eletronorte, focusing on the maintenance processes.

Page 6: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

6

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. 3RESUMO .................................................................................................................................................. 4ABSTRACT ................................................................................................................................................ 5SUMÁRIO ................................................................................................................................................. 6LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................................................... 8LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................................... 9LISTA DE TABELAS .................................................................................................................................. 12

CAPÍTULO 1 ......................................................................................................................................... 13

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................................... 151.1.1 O Setor Elétrico Brasileiro .................................................................................................. 151.1.2 Síntese do Modelo Atual do Setor Elétrico ......................................................................... 191.1.3 As empresas ELETROBRÁS HOLDING e ELETROBRÁS ELETRONORTE ................................. 23

1.1.3.1 A Holding ELETROBRAS ........................................................................................................... 231.1.3.2 A ELETROBRÁS ELETRONORTE no novo modelo do setor ....................................................... 26

1.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA ........................................................................................... 331.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA ........................................................................................ 361.4 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS .................................................................................................... 41

1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 411.4.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................... 41

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ......................................................................................................... 42

CAPÍTULO 02 ....................................................................................................................................... 44

2 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................................... 44

2.1 ETAPAS DO MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................................. 452.1.1 Levantamento e Revisão Bibliográfica ............................................................................... 45

CAPÍTULO 03 ....................................................................................................................................... 48

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................................... 48

3.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE PROCESSOS ................................................................................ 483.2 BASES CONCEITUAIS RELACIONADOS A PROCESSOS .............................................................................. 55

3.2.1 Processos ............................................................................................................................ 563.2.2 Classificação de Processos ................................................................................................. 62

3.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E PROCESSOS: ENTENDENDO A ORGANIZAÇÃO ORIENTADA POR FUNÇÃO E UMA

ORGANIZAÇÃO ORIENTADA POR PROCESSOS ..................................................................................................... 673.3.1 Tipos de Estruturas Organizacionais .................................................................................. 74

3.3.1.1 Estrutura Funcional / Vertical ................................................................................................. 743.3.1.2 Estrutura por Processos / horizontais ..................................................................................... 753.3.1.3 Estrutura Matricial .................................................................................................................. 76

3.4 ESTRATÉGIA E PROCESSOS .............................................................................................................. 773.5 SISTEMAS DE DESEMPENHO E PROCESSOS ......................................................................................... 823.6 COMPETÊNCIAS E PROCESSOS ......................................................................................................... 863.7 INFORMAÇÃO, CONHECIMENTOS E PROCESSOS .................................................................................. 913.8 TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E PROCESSOS ..................................................................................... 963.9 CULTURA ORGANIZACIONAL E PROCESSOS ....................................................................................... 101

3.9.1 A visão funcional .............................................................................................................. 1013.9.2 A Visão por Processos ...................................................................................................... 103

3.10 CONCEITUAÇÃO: GESTÃO DE PROCESSOS ....................................................................................... 1053.10.1 Gestão de Processos .................................................................................................... 1063.10.2 Gestão de processos funcionais ................................................................................... 1083.10.3 Gestão funcional de processos transversais ................................................................ 1083.10.4 Gestão por processos .................................................................................................. 109

Page 7: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

7

3.11 COMPARAÇÕES GESTÃO FUNCIONAL X GESTÃO POR PROCESSOS ......................................................... 115

CAPÍTULO 4 ....................................................................................................................................... 117

4 METODOLOGIAS PARA TRANSFORMAR UMA ORGANIZAÇÃO ORIENTADA POR FUNÇÃO EM UMA ORIENTADA POR PROCESSOS ............................................................................................................ 117

4.1 METODOLOGIAS DE AUTORES LITERÁRIOS PARA ORIENTAÇÃO POR PROCESSOS ....................................... 1174.1.1 Metodologia de Rummler e Brache ................................................................................. 117

4.1.1.1 Nível de organização ............................................................................................................. 1174.1.1.2 Nível de processo .................................................................................................................. 1184.1.1.3 Nível de trabalho/executor ................................................................................................... 118

4.1.2 Metodologia de Gonçalves ............................................................................................... 1194.1.3 Metodologia de Paim et. al., 2009 ................................................................................... 122

4.1.3.1 Projetar Processos ................................................................................................................ 1224.1.3.2 Gerir Processos no Dia a Dia ................................................................................................. 1254.1.3.3 Promover Evolução e Aprendizado ....................................................................................... 1254.1.3.4 Estruturação de Escritório de Processos ............................................................................... 126

4.1.4 Metodologia de Campeão ................................................................................................ 1294.1.5 Metodologia de Hammer ................................................................................................. 132

4.2 METODOLOGIAS DE INSTITUIÇÕES QUE BUSCAM A ORIENTAÇÃO POR PROCESSOS .................................... 1334.2.1 Metodologia da Pró Reitoria de Desenvolvimento Universitário – PRDU - UNICAMP ..... 1334.2.2 Metodologia de Mello ...................................................................................................... 138

CAPÍTULO 05 ..................................................................................................................................... 140

5 ESTUDO DE CASO DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS NAS EMPRESAS DO GRUPO ELETROBRAS ................................................................................................................... 140

5.1 O PLANO DE TRANSFORMAÇÃO DO SISTEMA ELETROBRÁS ................................................................. 1405.1.1 Proposta de Padrão Eletrobras de Gestão Orientada por Processos ............................... 1435.1.2 Proposta de Modelo de Governança de Processos para as empresas Eletrobras ............ 152

CAPÍTULO 06 ..................................................................................................................................... 165

6 PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO ORIENTADA POR PROCESSOS PARA O NEGÓCIO TRANSMISSÃO DA ELETROBRAS ELETRONORTE ................................................................................ 165

CAPÍTULO 07 ..................................................................................................................................... 175

7 RESULTADOS E CONCLUSÕES ................................................................................................... 175

7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 1757.2 RESULTADOS ......................................................................................................................... 1757.3 CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 1797.4 PESQUISAS E TRABALHOS FUTUROS ..................................................................................... 182

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 183

9 ANEXOS .................................................................................................................................... 187

9.1 ANEXO A ................................................................................................................................. 1879.2 ANEXO B .................................................................................................................................. 190

Page 8: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BNDS Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BPM Business Process Management

BPMS Business Process Management System

BSC Balanced Score Card

CA Conselho de Administração da Eletronorte

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CEE Comitê de Estratégia Empresarial

CCQ Círculos de Controle de Qualidade

COAGE Comitê de Apoio à Gestão Empresarial do Sistema Eletrobras

CONSISE Conselho Superior do Sistema Eletrobras

COPOSE Comitê Estratégico de Processos Organizacionais do Sistema Eletrobras

EPN Engenharia de Processos de Negócio

ERP Enterprise Resourcing Planning

MEG Modelo de Excelência em Gestão

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PND Programa Nacional de Desestatização

FND Fundo Nacional de Desestatização

JIT Just in time

MME Ministério de Minas e Energia

PEM Projeto Empresarial de Mudança

PTSE Plano de Transformação e Fortalecimento do Sistema Eletrobrás

PMI Plano de Modernização de Instalações

PNQ Programa Nacional de Qualidade

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

PVI Parcela Variável por Indisponibilidade

RD Resolução de Diretoria

RMEF Rede Mobilizadora da Estratégia-Física

RMEV Rede Mobilizadora da Estratégia

SIN Sistema Interligado Nacional

SPE Sociedade de Propósito Específico

STP Sistema Toyota de Produção

TPM Total Productive Maintenance

TQC Total Quality Control

Page 9: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

9

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Principais agentes institucionais do setor elétrico -------------------------------------------------- 21

Figura 2 - Subsidiárias Holding Eletrobrás ---------------------------------------------------------------------- 24

Figura 3: Missão, visão e valores das Empresas Eletrobras --------------------------------------------------- 24

Figura 4 - Organograma Eletrobrás Eletronorte ---------------------------------------------------------------- 28

Figura 5: Estrutura administrativa da Eletrobras (fonte: Plano Estratégico Eletronorte, 2012) --------- 29

Figura 6: Mapa Estratégico 2012 Eletrobras Eletronorte ------------------------------------------------------ 29

Figura 7 - Sistema de Gestão Empresarial – Eletrobras Eletronorte ----------------------------------------- 31

Figura 8 - Cadeia de valores – Eletrobras Eletronorte --------------------------------------------------------- 32

Figura 9 - Diagrama de Processos – Eletrobras Eletronorte -------------------------------------------------- 32

Figura 10: Modelo de Execução Premium Eletronorte (fonte: Eletronorte: Revista Novo Tempo nº 19,

2012) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 38

Figura 11: Apresentação do Planejamento Estratégico Eletrobras Eletronorte ---------------------------- 39

Figura 12: Apresentação dos Projetos Empresariais de Mudança -------------------------------------------- 40

Figura 13: Estrutura da Dissertação ------------------------------------------------------------------------------ 42

Figura 14: Etapas do Método de Pesquisa ----------------------------------------------------------------------- 45

Figura 15: Fontes para pesquisa (Levantamento e revisão bibliográfica) ----------------------------------- 46

Figura 16: Estrutura de conhecimentos para Engenharia de Processos (fonte: PAIM, 2002) ------------ 51

Figura 17: Aplicações de processos (fonte: PAIM, 2001) ------------------------------------------------------ 53

Figura 18: Resumo histórico recente das técnicas e métodos relacionados a processos apud Barros

(2009) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 54

Figura 19: Elementos conceituais integrados por processos (Fonte: PAIM, 2007) ------------------------- 55

Figura 20: Exemplo de estruturas organizacionais funcional e orientada por processos (fonte: Adaptação

de Gestão de Processos empresariais http: //www.bpmenterprise.com) -------------------------------------- 73

Figura 21: Modelo das Cinco Forças de Porter (fonte: adaptado de Porter, 1980) ------------------------ 78

Figura 22: Cadeia de Valor (fonte: Porter, 1985) --------------------------------------------------------------- 78

Figura 23: Balance Scorecard – BSC (fonte: adaptado de Kaplan, 1996) ----------------------------------- 79

Figura 24: Níveis de Análise (fonte: HARMON, 2003 apud PAIM et.al., 2009) ----------------------------- 79

Figura 25: Análise SWOT ------------------------------------------------------------------------------------------- 80

Figura 26: Estrutura de análise e entendimento do ambiente interno e externo (fonte: Paim, et. al., 2009)

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 80

Figura 27: O modelo estrela adaptado (fonte: adaptação de Galbraith, 2000 apud PAIM et. al, 2009) - 81

Figura 28: Indicadores de desempenho a partir de uma visão por processos (fonte: RIBEIRO, 2006 apud

PAIM, 2007) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 84

Figura 29: Eficiência/Processo e Eficácia/Produto (fonte: PAIM, 2001) ------------------------------------ 85

Figura 30: Desafios da Gestão do RH (fonte: Gonçalves, 1997) ---------------------------------------------- 89

Figura 31: Modelo esquemático da correlação entre os “requisitos de competência” de uma atividade e

a disponibilidade dos mesmos em um indivíduo (fonte: CARDOSO, 2004) ---------------------------------- 90

Page 10: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

10

Figura 32: Método genérico de implantação da gestão de competências (fonte: CARDOSO, 2004) ----- 91

Figura 33: Espiral da geração do conhecimento (fonte: NONAKA e KONNO, 1998 apud DE SORDI,

2007) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 93

Figura 34: Os tipos de Conhecimento Organizacional correlacionados aos tipos de ação que suportam

(fonte: CARDOSO, 2004) ------------------------------------------------------------------------------------------- 93

Figura 35: Transformação nos negócios e o uso de TI. (fonte: Venkatraman, 1994) ----------------------- 98

Figura 36: Cultura de silos funcionais na organização (fonte: RUMMLER & BRACHE, 1995) -------- 102

Figura 37: Processos segunda a visão Horizontal (Fonte: RUMMLER e BRACHE, 1994) -------------- 105

Figura 38 - As três abordagens da Gestão de Processos (fonte: Paim et. al., 2008) ----------------------- 107

Figura 39: Trajetória da gestão de processos nas organizações (fonte: Paim et. al, 2008) -------------- 107

Figura 40: Espectro de decisão organizacional: gestão de processos funcionais x gestão por processos

(fonte: Paim et. al, 2008) ------------------------------------------------------------------------------------------- 110

Figura 41: Recursos organizacionais utilizados na abordagem de gestão por processos (fonte: Burlton

apud De Sordi, 2008) ----------------------------------------------------------------------------------------------- 112

Figura 42: Os estágios da evolução para a organização por processos (fonte: GONÇALVES, 2000b) 119

Figura 43: O que falta para atingir uma organização por processos (fonte: Gonçalves, 2000b) -------- 121

Figura 44 - Estrutura Grupo de Implantação de Processos --------------------------------------------------- 125

Figura 45: Processos de um Escritório de Processos (fonte: Paim et. al., 2008) --------------------------- 127

Figura 46: Estruturação de um Escritório de Processos (fonte: Paim et. al., 2008) ----------------------- 128

Figura 47: Fluxo da Metodologia da Gestão por processos (fonte: adaptado de Metodologia de Gestão

por processos, UNICAMP, 2007) --------------------------------------------------------------------------------- 135

Figura 48: Integração, Competitividade e Rentabilidade – PTSE -------------------------------------------- 141

Figura 49: Diretrizes do PTSE Eletrobras ----------------------------------------------------------------------- 141

Figura 50: Diretrizes e Projetos do PTSE Eletrobras ---------------------------------------------------------- 142

Figura 51: Metodologia orientada por processos -------------------------------------------------------------- 144

Figura 52: Maturidade da Gestão por Processos --------------------------------------------------------------- 157

Figura 53: Framework de Governança e Gestão Orientada por Processos para as Empresas Eletrobras

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 159

Figura 54: Escopo do Trabalho ----------------------------------------------------------------------------------- 159

Figura 55: Estrutura de Relacionamento da Governança de Processos das Empresas Eletrobras ------ 162

Figura 56 - Modelo de Gestão Orientada por Processos para o negócio Transmissão ------------------- 165

Figura 57 - Estrutura de relacionamento da Diretoria de Operação (DO) (fonte: elaborado pelo autor)

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 166

Figura 58 - Grupo Coordenador da Gestão Estratégica (GCGE) (fonte: elaborado pelo autor) -------- 167

Figura 59 - Comitê Gestor de Manutenção da Transmissão (CGMT) (fonte: elaborado pelo autor) ---- 167

Figura 60 - Centro de Planejamento Corporativo (CPC) (fonte: elaborado pelo autor) ------------------ 168

Figura 61 - Organograma da Diretoria de Operação – DO (fonte: www.eletronorte.gov.br) ------------ 170

Figura 62 - Organograma da Diretoria de Operação – DO (cont.) (fonte: www.eletronorte.gov.br) --- 170

Figura 63 - Estrutura Organizacional x Processos da Manutenção Transmissão ------------------------- 171

Figura 64 - Modelo de relacionamento dos Gestores dos Processos (fonte: elaborado pelo autor) ----- 173

Page 11: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

11

Figura 65 - Modelo de relacionamento dos Gestores dos Processos (cont.) -------------------------------- 173

Figura 66 - Produtos processos engenharia de manutenção transmissão ----------------------------------- 174

Figura 67 - Cadeia cliente / fornecedor do processo gestão normatização / padronização --------------- 174

Page 12: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Participação da Eletrobras Eletronorte nas Sociedades de Propósitos Específicos ................. 27

Tabela 2: Espectro dos principais modelos de processos (fonte: GONÇALVES, 2000) ........................... 62

Tabela 3: Classificação de processos segundo Gonçalves (2000) ............................................................ 66

Tabela 4: Principais diferenças entre a gestão funcional e a gestão por processos (fonte: adaptado de

Monteiro (2006) apud (De Sordi, 2008)) ................................................................................................. 115

Tabela 5: Relação dos macro-objetivos e atividades do escritório de processos (fonte: Paim et. al., 2008).

................................................................................................................................................................. 127

Tabela 6: Método de Desenvolvimento de Processos de Negócios (fonte: Campeão, 1998) .................. 131

Tabela 7: Etapas da metodologia de Mello ( fonte: adaptado de Mello, 2002) ...................................... 138

Tabela 8: Hierarquia de Processos GT Processos .................................................................................. 148

Tabela 9: Métodos e ferramentas de processo identificados pelo GT Processos .................................... 149

Tabela 10: Papeis e responsabilidades da Governança e da Gestão de Processos ................................ 161

Page 13: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

13

CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

Muitas são as abordagens administrativas a partir da segunda metade do século XIX,

começando pela visão clássica, tradicional ou funcional com o modelo mecanicista de

gestão, oriundo das Escolas da Administração Científica de Taylor e da Clássica

Administração de Fayol, passando pela moderna e, chegando ao final do século XX

com a perspectiva denominada pós-moderna. Cada uma dessas abordagens

administrativas contribuiu para discussão sobre a lógica de funcionamento das

organizações em suas épocas e, ainda hoje, continuam a fornecer embasamentos aos

acadêmicos, administradores e gestores das organizações.

O modelo mecanicista de gestão foi responsável pela formação das estruturas

organizacionais funcionais daquela época. Considerado um modelo lento e reativo, era

ideal para épocas marcadas pela estabilidade econômica e crescimento contínuo, em que

se podia planejar sem medo de grandes mudanças CRUZ (1997).

Nesse contexto, as estruturas organizacionais funcionais de acordo com Gonçalves

(2000), apresentam características que são indesejáveis, que comprometem o

desempenho das empresas, pois priorizam as funções em detrimento dos processos

essenciais e exageram na divisão de tarefas, pois adotam o critério da otimização do

funcionamento das áreas funcionais, o que leva à hiperespecialização. Nessa situação,

segundo ele, as empresas têm estruturas hierárquicas rígidas e pesadas.

De Sordi (2008), destaca que na maioria das empresas prevalece a cultura de

departamentalização funcional, presente nos procedimentos e regras de trabalho, nas

relações entre os profissionais, nas estratégias e demais recursos da organização. Isso

gera um conflito entre a visão tradicional da administração funcional e as práticas mais

modernas de gestão, baseada em processos de negócio.

Durante a maior parte do século XX, o modelo burocrático foi dominante;

fundamentado na gestão funcional centrada na especialização e na delegação da

Page 14: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

14

coordenação para a hierarquia. Este modelo revelou-se restritivo para lidar com a

realidade presente, na qual a construção de organizações mais ágeis, integradas e

flexíveis passa a ser uma condição importante para a atuação das organizações

(DAVENPORT, 1994; HAMMER, CHAMPY, 1994; BURLTON, 2004)).

Atualmente, em decorrência de uma nova ordem econômica mundial provocada pela

globalização da economia e do processo de abertura dos mercados internacionais, as

organizações empresariais, que em sua maioria apresentavam estruturas rígidas,

passaram a adotar novos sistemas de gestão e tecnologias com estruturas mais flexíveis

e integradoras de forma a agregarem maior valor aos seus produtos (bens e serviços) de

maneira a aperfeiçoarem sua capacidade competitiva.

Diante da crescente globalização dos mercados e das incertezas econômicas, além das

constantes mudanças que as empresas estão sujeitas frente à evolução tecnológica,

como: o acirramento da concorrência, projetos de fusão e cisão, reestruturações,

privatizações, entre outras, as organizações que possuírem agilidade e flexibilidade para

a adaptação buscando incessantemente inovações e melhorias em seus processos,

certamente obterão vantagem competitiva com maiores chances de serem mais bem

sucedidas permanecendo com uma posição sustentável no mercado.

Para Campeão (1998), as empresas em geral concentram seus esforços iniciais na

diminuição do preço dos produtos e serviços oferecidos, como soluções que lhes

permitam reduzir os custos e/ou aumentar a produtividade. Entretanto, o fator preço não

é mais preponderante frente à concorrência. Segundo a autora, outros fatores de

diferenciação que existem são, tanto ou mais importantes que o preço, como os níveis

de qualidade e segurança dos produtos e serviços oferecidos, agilidade e flexibilidade

nos prazos de entrega e níveis de atendimento e satisfação do cliente. Estes fatores não

podem ser obtidos, simplesmente, a partir de reduções de custo ou aumento de

produtividade.

As empresas que estão conseguindo satisfazer esses novos critérios de competitividade

têm buscado soluções mais abrangentes e sempre integradas aos objetivos maiores da

organização adotando estruturas organizacionais flexíveis, desenvolvendo e adquirindo

Page 15: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

15

tecnologias integradoras, desenvolvendo novas competências, reestruturando sua cadeia

de valor, remodelando seus processos de negócio, dentre outras ações, no anseio de

incrementar seu desempenho organizacional e operacional CAMPEÃO (1998).

Atualmente existem diversas metodologias, técnicas e ferramentas de gestão para

melhorar o desempenho empresarial. Uma prática da administração moderna de gestão

utilizada com grande destaque pelas empresas que é de vital importância e vem se

solidificando aos poucos nas organizações, é a Gestão de Processos; que segundo Paim

et. al., (2009), é capaz de contribuir para superar as limitações do modelo de gestão

fundamentada na divisão do trabalho funcional, centrada na especialização, com relação

à capacidade de organização e coordenação do trabalho. De acordo com o autor, o

modelo de gestão funcional revela-se restritivo para lidar com a realidade

contemporânea, na qual a construção de organizações mais ágeis, integradas e flexíveis

passa a ser uma condição importante para a atuação que sustente e aprimore o

desempenho organizacional.

Baseado nesse contexto, a pesquisa terá como tema central a Gestão de Processos.

1.1 Contextualização 1.1.1 O Setor Elétrico Brasileiro Acompanhando as constantes mudanças do mundo globalizado, está a indústria de

energia elétrica que após a promulgação da Constituição Federal de 1988 iniciou seu

processo de reestruturação estabelecendo um marco inicial na operação de vários

setores até então controlados exclusivamente pelo Estado. Até então, as empresas

estatais tinham a garantia de um mercado cativo e sem qualquer tipo de concorrência.

Motivado pelo esgotamento da capacidade de investimento das empresas estatais de

energia elétrica, o Governo do Brasil criou a Lei 8.031 de abril de 1990 que instituiu o

Programa Nacional de Desestatização (PND) e com a criação do Fundo Nacional de

Desestatização (FND) designou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social (BNDS) como gestor deste fundo para gerenciar, acompanhar e realizar a venda

das empresas incluídas no PND.

Page 16: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

16

O Programa Nacional de Desestatização – PND que teve início somente em 1995

definia como uma de suas metas, a privatização de todas as empresas que compunham o

setor elétrico brasileiro, tanto a nível federal, quanto estadual tendo como princípios

básicos: a desverticalização da cadeira produtiva das empresas federais, separando-as

em empresas de geração e transmissão; a criação e implantação de um modelo

comercial competitivo ao nível de geração; a garantia do livre acesso à rede de

transmissão e a redução gradual do papel de Estado nas funções empresariais do setor,

cabendo a esse, o papel de fiscalizador e regulador. Definiu-se, ainda, que em um

primeiro momento do processo, seriam privatizadas todas as empresas geradoras e

distribuidoras de energia, ficando para um segundo momento, a privatização das

empresas transmissoras.

Apesar de todo esforço para privatização das empresas estatais, em março de 2004, a

Eletrobrás e suas subsidiárias: Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf),

Furnas Centrais Elétricas S.A., a Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.

(Eletronorte), a Empresa Transmissora de Energia Elétrica do Sul do Brasil S.A.

(Eletrosul) e a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), foram

retiradas do Programa Nacional de Desestatização pela Lei 10.848.

A partir da publicação da Lei 8.631, de 1993, as empresas atuantes no setor elétrico

brasileiro passaram a sentir a necessidade de melhorarem seus processos de gestão

corporativa, bem como, de aperfeiçoarem desempenho organizacional. A legislação

trouxe uma nova concepção ao setor, com a fixação dos níveis das tarifas de energia

elétrica e extinção do regime de remuneração garantida, ocorrendo a partir de então uma

série de modificações no ambiente dessas empresas, alterada sistematicamente, partindo

de um cenário onde o Estado era o único investidor (Estatal), para o cenário de

competição acirrada e com a atuação de múltiplos agentes.

Nos anos seguintes com a publicação das Leis 8.987 e 9.047/95 foram introduzidas

novamente profundas alterações no setor, destacando-se a licitação dos novos

empreendimentos, a criação da figura do produtor independente de energia, a

Page 17: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

17

determinação do livre acesso aos sistemas de transmissão e distribuição e a liberdade

para os grandes consumidores escolherem seus supridores de energia.

Para possibilitar a inserção das empresas em um novo ambiente privado, houve a

necessidade de ser construído um novo modelo setorial, sob a coordenação do

Ministério de Minas e Energia – MME, a partir de 01 de Agosto de 1996, através do

Projeto RE-SEB (Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro), de forma que os

principais objetivos da reestruturação setorial fossem atingidos:

“Assegurar a oferta de energia; estimular o investimento no setor; reduzir os riscos para

os investidores, garantir a modicidade das tarifas; maximizar a competição no setor;

garantir o livre acesso aos produtores independentes de energia; incentivar a eficiência;

fortalecer o órgão regulador; assegurar a expansão hidrelétrica; manter a otimização

operacional; definir novas funções da Eletrobrás e adequar a qualidade do fornecimento

de energia à necessidade do mercado”.

O Projeto RE-SEB foi concluído em Dezembro de 1997 trazendo como principal

resultado, a transformação dos monopólios regionais regulamentados em uma indústria

estruturada, provocando profundas modificações filosóficas para o setor elétrico

brasileiro, das quais, cita-se as mais importantes:

• Desverticalização das empresas de energia elétrica, separando-as em atividades

de geração, transmissão, distribuição e comercialização;

• Criação de um Operador Independente, detido pelos agentes setoriais, para

efetuar a operação do sistema elétrico brasileiro;

• Negociação direta entre geradores e comercializadores, para promover a livre

concorrência, com contratações feitas através de contratos bilaterais;

• Criação de um Mercado Atacadista de Energia para que os fluxos de energia

não contratados sejam negociados e liquidados a preços deste;

• Estabelecimento de um Agente Regulador com autoridade reguladora imparcial

e independente, capaz de lidar de maneira eficaz com as novas questões

decorrentes da participação privada e da concorrência.

Page 18: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

18

No ano seguinte foi publicada a Lei 9648, de 27 de maio de 1998 que criou o Mercado

Atacadista de Energia – MAE, uma organização privada, responsável pela elaboração

das regras de comercialização de energia, e pela criação de um ambiente, onde as

transações de compra e venda de energia elétrica pudessem ser realizadas. Criado, pela

mesma Lei, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, uma organização também

privada, responsável pela coordenação e controle da operação dos sistemas de geração e

transmissão de energia, com a missão de garantir o livre acesso à rede básica de

transmissão.

Assim, o período de 1995 a 2002 foi marcado por uma verdadeira revolução no setor

elétrico. Iniciou-se o processo de privatização das empresas estaduais responsáveis pela

distribuição de energia aos consumidores, a desverticalização das empresas, o livre

acesso à rede de transmissão e novos agentes são criados para regular o setor, tais como:

Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL; Operador Nacional do Sistema –

ONS; o Mercado Atacadista de Energia – MAE. Todas essas medidas e ações visavam,

basicamente, estimular a competição e a eficiência produtiva do setor, retirando do

estado à responsabilidade pelos investimentos.

Contudo, mesmo com as diversas transformações no setor, o modelo mostrou-se

ineficaz. As incertezas da eficiência do modelo recém criado associadas à falta de regras

claras para o funcionamento do setor, ao aumento do consumo de energia, ao

desequilíbrio entre oferta e demanda, à falta de investimento por parte da iniciativa

privada, ao atraso em obras de geração e transmissão, combinado com a falta de chuva,

levou o país, em 2001, a uma necessidade de racionar em 25% o seu consumo de

energia elétrica trazendo conseqüências graves para o país e para o modelo do setor.

As alterações introduzidas pelas Leis 10.847 e 10.848, de 2004 trouxeram uma nova

reformulação para o modelo buscando a harmonização dos diversos agentes e

instituições criando um quadro favorável aos investimentos para o Sistema Interligado

Nacional (SIN). Com a nova legislação, consolidou-se a participação privada no setor

elétrico nacional, bem como, os princípios de competitividade e eficiência com preços

justos aos consumidores. Inicia-se a partir desse momento o novo modelo do Setor

Elétrico Brasileiro.

Page 19: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

19

1.1.2 Síntese do Modelo Atual do Setor Elétrico

O Ministério de Minas e Energia – MME, ao aprovar o modelo atual do setor elétrico

preconizado pela LEI nº 10.848, de 15 de março de 2004, busca harmonizar o papel dos

diversos agentes e instituições, criando um quadro favorável ao investimento. O

planejamento está no cerne do modelo e contribui para a redução dos custos da energia,

propondo uma abordagem específica com relação à questão da inadimplência. Vale

lembrar que antes do advento do modelo atual do setor elétrico, praticamente todos os

segmentos do setor elétrico eram de propriedade pública (federal e estadual, no caso de

geração e transmissão; estadual e municipal, no caso de distribuição e comercialização),

sendo que apenas 0,1% dos ativos de geração e/ou distribuição eram explorados por

pequenas empresas privadas de âmbito municipal.

A Lei 10.848 de 2004 dispôs sobre a comercialização de energia elétrica causando

impactos aos agentes do setor e consumidores de energia elétrica em geral. Devolveu ao

Estão parte significativa do controle sobre o mercado de eletricidade, na tentativa de

enfrentar a falta de planejamento que permitia expandir a geração de energia elétrica em

consonância com o crescimento da demanda. Alterou profundamente as regras de

comercialização de energia, onde a energia passou a ser contratada sob duas formas: de

acordo com as regras do Ambiente de Contratação Regulada (ACR) ou de acordo com

as regras do Ambiente de Contratação Livre (ACL).

O processo de reforma institucional teve os seguintes objetivos básicos:

• Assegurar os investimentos necessários para a expansão da oferta de energia, uma

vez que havia uma percepção de esgotamento da capacidade do Estado de investir

em infra-estrutura na escala necessária para atender ao aumento da demanda; e

• Assegurar que o setor fosse economicamente eficiente, utilizando os recursos

disponíveis para garantir um suprimento confiável de energia elétrica ao menor

custo possível.

Page 20: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

20

Para estimular o aumento da eficiência e redução dos preços, foram estabelecidos a

competição nos segmentos de geração e comercialização para consumidores livres, e

monopólios regulados nas atividades de transmissão, distribuição e comercialização

para consumidores cativos. Assim, as empresas estatais de energia elétrica, no âmbito

federal, que no modelo anterior do setor elétrico viviam num ambiente de estabilidade,

com o custo do serviço sendo remunerado pelo Governo Federal, passaram a viver num

ambiente competitivo, que não pode prescindir de uma gestão eficiente e moderna. Ele

estabelece uma competição por preços no processo de comercialização de energia e,

como conseqüência, gera o menor custo possível para o consumidor, pois aumenta o

grau de confiabilidade do sistema e favorece a modicidade tarifária.

O modelo tem os seguintes objetivos principais:

• promover a modicidade tarifária (gerar tarifas baixas), que é fator essencial para

o atendimento da função social da energia e que concorre para a melhoria da

competitividade da economia;

• garantir a segurança do suprimento de energia elétrica, condição básica para o

desenvolvimento econômico sustentável;

• assegurar a estabilidade do marco regulatório, com vistas à atratividade dos

investimentos na expansão do sistema; e

• promover a inserção social por meio do setor elétrico, em particular dos

programas de universalização de atendimento.

Os elementos fundamentais do modelo são:

• a reestruturação do planejamento de médio e longo prazo;

• o monitoramento, no curto prazo, das condições de atendimento;

• o redirecionamento da contratação de energia para o longo prazo, compatível

com a amortização dos investimentos realizados;

• a competição na geração com a licitação da energia pelo critério de menor tarifa;

• a coexistência de dois ambientes de contratação de energia, um regulado

(Ambiente de Contratação Regulada – ACR), protegendo o consumidor cativo, e

Page 21: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

21

outro livre (Ambiente de Contratação Livre –ACL), estimulando a iniciativa dos

consumidores livres;

• a instituição de um pool de contratação regulada de energia a ser comprada pelos

concessionários de distribuição;

• a desvinculação do serviço de distribuição de qualquer outra atividade;

• a previsão de uma reserva conjuntural para restabelecimento das condições de

equilíbrio entre oferta e demanda;

• a restauração do papel do Executivo como Poder Concedente.

Os principais agentes institucionais do setor elétrico, Figura 1, são: o Conselho

Nacional de Política Energética – CNPE; Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico; o

Ministério de Minas e Energia – MME; a Empresa de Pesquisa Energética – EPE; a

Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL; o Operador Nacional do Sistema

Elétrico – ONS e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE.

Figura 1 - Principais agentes institucionais do setor elétrico

Dentre as principais atribuições dos agentes institucionais foram definidas da seguinte

forma:

Coube ao CNPE a proposição da política energética nacional ao Presidente da

República, em articulação com as demais políticas públicas; a proposição da

licitação individual de projetos especiais do setor elétrico, recomendados pelo

MME; e a proposição do critério de garantia estrutural de suprimento;

Page 22: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

22

Coube ao MME a formulação e implementação de políticas para o setor

energético; a retomada do exercício da função de planejamento setorial, com

contestação pública por técnica ou por preço; o exercício do Poder Concedente;

e o monitoramento da segurança de suprimento do Setor Elétrico.

Coube à ANEEL a mediação, regulação e fiscalização do funcionamento do

sistema elétrico; a realização de leilões de concessão de empreendimentos de

geração e transmissão por delegação do MME; e a licitação para aquisição de

energia para os distribuidores.

Coube ao ONS a coordenação e controle da operação da geração e da

transmissão no sistema elétrico interligado; e a administração da contratação das

instalações de transmissão.

Coube à EPE, criada pela Lei nº 10.847, de 15 de março de 2004, a execução de

estudos para definição da Matriz Energética com indicação das estratégias a

serem seguidas e das metas a serem alcançadas, dentro de uma perspectiva de

longo prazo; a execução dos estudos de planejamento integrado dos recursos

energéticos; a execução dos estudos do planejamento da expansão do setor

elétrico (geração e transmissão); a promoção dos estudos de potencial

energético, incluindo inventário de bacias hidrográficas e de campos de petróleo

e de gás natural; e a promoção dos estudos de viabilidade técnico-econômica e

socioambiental de usinas e obtenção da Licença Prévia para aproveitamentos

hidrelétricos

Coube à ELETROBRÁS o exercício da função de holding das empresas estatais

federais; a administração de encargos e fundos setoriais; a comercialização da

energia da ITAIPU Binacional; a comercialização da energia de fontes

alternativas contempladas pelo Programa de Incentivo de Fontes Alternativas –

PROINFA; e a criação de novas instituições, com o objetivo de complementar o

marco regulatório, estabelecendo novas funções e atividades:

Page 23: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

23

Pode-se notar que as mudanças ocorridas nas últimas décadas no setor elétrico

brasileiros foram significativas tendo como objetivo a busca por um modelo que

privilegie a competitividade, a eficiência, a universalização do acesso e do uso dos

serviços de eletricidade com um equilíbrio entre investimento do governo e da iniciativa

privada.

1.1.3 As empresas ELETROBRÁS HOLDING e ELETROBRÁS

ELETRONORTE

1.1.3.1 A Holding ELETROBRAS A Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobras é a maior companhia do setor de

energia elétrica da América Latina, tendo capacidade instalada para a produção de

39.453 MW, incluindo metade da potência da usina de Itaipu pertencente ao Brasil, e

mais de 59 mil km de linhas de transmissão. É uma Sociedade Anônima de Economia

Mista Federal e de Capital Aberto, com ações negociadas nas Bolsas de Valores de São

Paulo (Bovespa), de Madri e de Nova York. É controlada pelo governo federal que

possui 52% das ações ordinárias da companhia e, por isso, tem o controle acionário da

empresa.

Constituída como empresa holding federal, a Eletrobras passou a contribuir

decisivamente para a expansão da oferta de energia elétrica e para o desenvolvimento

do país, trabalhando para impulsionar o desenvolvimento sustentável do Brasil.

Atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, por meio de

suas 12 subsidiárias conforme apresentado na Figura 2: Chesf, Eletrobras-Furnas,

Eletrobras-Eletrosul, Eletrobras-Eletronorte, Eletrobras-CGTEE, Eletrobras-

Eletronuclear, Eletrobras-Distribuição Acre, Eletrobras-Distribuição Amazonas Energia,

Eletrobras-Distribuição Roraima, Eletrobras-Distribuição Rondônia, Eletrobras-

Distribuição Piauí e Eletrobras- Distribuição Alagoas), uma empresa de participações

(Eletropar), e um centro de pesquisas (Cepel, o maior do ramo no hemisfério Sul).

Ainda detém metade do capital de Itaipu Binacional, em nome do governo brasileiro.

Page 24: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

24

Figura 2 - Subsidiárias Holding Eletrobrás

As Empresas Eletrobras atuam de forma integrada, com políticas e diretrizes definidas

pelo Conselho Superior do Sistema Eletrobras (CONSISE), formado pelos presidentes

das empresas do grupo.

Adicionalmente, dão suporte a programas estratégicos do governo, como o Programa de

Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), o Programa Nacional

de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica e o Programa Nacional de

Conservação de Energia Elétrica (PROCEL).

A Figura 3 apresenta a missão, visão e valores da Eletrobras que são diretrizes

balizadoras para todas as decisões empresariais:

Figura 3: Missão, visão e valores das Empresas Eletrobras

.

Page 25: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

25

Nos negócios de geração, a Eletrobras está presente em todo o Brasil. Suas empresas

são responsáveis por 41.621 MW da capacidade instalada de geração de energia elétrica

no país, o que representa 35,5% do total da capacidade nacional. São 37 usinas

hidrelétricas, 127 termelétricas, dois parques eólicos e duas termonucleares. Entre os

maiores e mais importantes empreendimentos destacam-se: Tucuruí (8.370 MW), a

parte brasileira de Itaipu Binacional (7.000 MW), o Complexo de Paulo Afonso (3.984

MW), Xingó (3.162 MW), Angra 1 e Angra 2 (2.007 MW), Serra da Mesa (1.275 MW),

Furnas (1.226 MW) e Sobradinho (1.050 MW).

Na Transmissão, as empresas Eletrobras são responsáveis por 61.534 quilômetros de

linhas de transmissão, o que representa cerca de 55% do total das linhas do Brasil.

Desses, 58.238 km são de propriedade das empresas Eletrobras e 3.296 km foram

conquistados em leilões através de parcerias denominadas “Sociedade de Propósito

Específico – SPE”. Das 257 subestações que as empresas Eletrobras são responsáveis,

247 subestações são de propriedade corporativa e 10 subestações são de parcerias em

SPE. Além de operar e manter este sistema dentro dos padrões de desempenho e

qualidade exigidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Eletrobras

tem participado ativamente da expansão da transmissão através de concessões nos

leilões promovidos pela Aneel, isoladamente ou por meio de consórcios, bem como

através de autorizações para reforços no sistema atual.

Criada em maio de 2008, a Diretoria de Distribuição tem como metas unificar a

administração, reduzir custos operacionais e integrar o planejamento estratégico das

empresas de distribuição da Eletrobras, possibilitando ganhos de escala e otimização de

esforços. Eletrobras Amazonas Energia, Eletrobras Distribuição Piauí, Eletrobras

Distribuição Alagoas, Eletrobras Distribuição Roraima, Eletrobras Distribuição Acre e

Eletrobras Distribuição Rondônia estão sob a gestão da Diretoria, que conta com um

quadro de diretores altamente qualificados para, por meio da holding, contribuir com

sua experiência e renome para a eficiência e o crescimento de cada uma dessas seis

empresas.

Page 26: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

26

1.1.3.2 A ELETROBRÁS ELETRONORTE no novo modelo do setor É nesse novo cenário competitivo que se insere a Centrais Elétricas do Norte do Brasil

S.A. – Eletrobrás Eletronorte. A empresa, sociedade anônima de economia mista e

subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás, é uma concessionária de

serviço público de energia elétrica, criada pela Lei nº 5.824, de 14 de novembro de 1972

e constituída por escritura pública em 20 de junho de 1973, foi autorizada a funcionar

pelo Decreto nº 72.548, de 30 de julho de 1973.

Com sede no Distrito Federal, a Empresa possui suas principais instalações operacionais

na Região da Amazônia legal, nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão,

Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e administrativas no Distrito

Federal. Além de atender aos clientes localizados nos estados mencionados, a Eletrobras

Eletronorte fornece energia elétrica para as demais regiões brasileiras, por meio do

Sistema Interligado Nacional – SIN.

Com base nos dados do Censo 2010 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), mais de 25 milhões de habitantes vivem nos Estados onde a

Eletrobras Eletronorte tem ativos de geração e transmissão. Destes, mais de 15 milhões

se beneficiam da energia elétrica proveniente das quatro usinas hidrelétricas – Tucuruí

(PA), a maior usina genuinamente brasileira e a quarta do mundo, Coaracy Nunes (AP),

Samuel (RO) e Curuá-Una (PA) – e dos parques termelétricos existentes no Acre e no

Amapá.

Com uma potência instalada total de 9.296,13 megawatts e sistemas de transmissão que

contam com 9.983 quilômetros de linhas e 55 subestações, tem capacidade total de

transformação de 29.500 MVA.

Arquitetura de Negócios

A quase totalidade da receita da Empresa é proveniente da venda de energia elétrica e

da disponibilidade do seu sistema de transmissão. Essas operações são suportadas por

Page 27: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

27

contratos de compra e venda de energia elétrica e da disponibilização do sistema de

transmissão.

A comercialização de energia elétrica se dá por meio de contratos firmados com as

concessionárias de distribuição, dos contratos de reserva de potência e fornecimento de

energia elétrica, firmados com consumidores industriais, diretamente atendidos pela

Empresa, de contratos oriundos de leilões de energia realizados pela Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e de leilões de compra e venda de energia,

realizados por comercializadores ou consumidores Livres.

A Empresa atua, simultaneamente, no Sistema Interligado Nacional – SIN e nos

Sistemas Isolados. Os Sistemas Isolados atendidos pela Eletrobras Eletronorte estão

localizados nos Estados de Roraima e Amapá, enquanto que os Estados do Pará,

Maranhão, Mato Grosso, Tocantins, Rondônia e Acre participam da rede básica do SIN.

No caso do Estado de Roraima o suprimento é feito com a importação de energia da

Venezuela, e o sistema isolado do Amapá é suprido pela Usina Hidrelétrica de Coaracy

Nunes e pela Usina Termelétrica de Santana.

A Eletrobras Eletronorte possui uma subsidiária integral, a Boa Vista Energia S.A e

participa de 18 (dezoito) Sociedades de Propósito Especifico (SPE) a seguir

relacionadas (Tabela 1):

Tabela 1: Participação da Eletrobras Eletronorte nas Sociedades de Propósitos Específicos Sociedade de Propósito Específico - SPE Percentual de Participação (%)

AMAZONIA ELETRONROTE TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 49.00

INTEGRAÇÃO TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 37.00

BRASNORTE TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 49.71

MANUAS TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 30.00

ESTAÇÃO TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 100.00

NORTE BRASIL TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 24.50

LINHA VERDE TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 49.00

RIO BRANCO TRANSMISSORA DE ENERGIA S.A 100.00

TRANSMISSORA MATOGROSSENSE DE ENERGIA S.A 49.00

TRANSNORTE ENERGIA S.A 49.00

Page 28: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

28

ENERGÉTICA AGUAS DA PEDRA S.A 24.50

AMAPARI ENERGIA S.A 49.00

BRASVENTOS MIASSABA 3 GERADORA DE ENERGIA S.A 24.50

BRASVENTOS EOLO GERADORA DE ENERGIA S.A 24.50

REI DOS VENTOS 3 GERADORA DE ENERGIA S.A 24.50

NORTE ENERGIA S.A 19.98 MANAUS CONSTRUTORA LTDA. (Empresa responsável pelo EPC da Manaus Transmissora de Energia S.A) 30.00

CONSTRUTORA INTEGRAÇÃO LTDA. (Empresa responsável pelo EPC da Norte Brasil Transmissora de Energia SA) 24.50

Organograma A Eletrobras Eletronorte possui o organograma conforme Figura 4:

Figura 4 - Organograma Eletrobrás Eletronorte

A Eletrobras Eletronorte é administrada por um Conselho de Administração e pela

Diretoria Executiva composta pelo Diretor-Presidente e pelos Diretores de Gestão

Corporativa, Econômico-Financeiro, Planejamento e Engenharia, e Operação.

Compete ao Conselho de Administração a fixação da orientação geral dos negócios da

Eletrobras Eletronorte, o controle superior dos programas aprovados, bem como a

verificação dos resultados obtidos.

A Diretoria é o órgão executivo de administração e representação, cabendo-lhe, dentro

da orientação traçada pela Assembléia Geral e pelo Conselho de Administração,

assegurar o funcionamento regular da Eletrobras Eletronorte.

Page 29: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

29

A Diretoria Executiva é composta pelo Diretor Presidente, pelo Diretor de Gestão

Corporativa, pelo Diretor Econômico-Financeiro, pelo Diretor de Planejamento e

Engenharia e Diretor de Operação.

A Figura 5 abaixo apresenta a estrutura administrativa da Eletrobras Eletronorte

identificando seus negócios de atuação com ativos próprios e com participação.

Figura 5: Estrutura administrativa da Eletrobras (fonte: Plano Estratégico Eletronorte, 2012)

Gestão Estratégica

O posicionamento estratégico do Sistema Eletrobras foi definido em trabalho que teve a

participação de representantes de todas as empresas controladas e que foi materializado

pelo Plano Estratégico do Sistema Eletrobras 2010-2020 (Figura 6), que definiu o atual

Credo adotado também pela Eletrobras Eletronorte.

Figura 6: Mapa Estratégico 2012 Eletrobras Eletronorte

Page 30: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

30

Com base no novo Credo e nas premissas e diretrizes do Plano Estratégico 2010 - 2020,

a Eletrobras elaborou, posteriormente, planos de negócio específicos para cada uma das

suas áreas de atuação. Com um processo estruturado de planejamento estratégico, cujo

primeiro ciclo abrangeu os anos de 1978 a 1984, em 20 de outubro de 2011, a

Resolução de Diretoria (RD) - 0668/2011 determinou as seguintes implementações no

processo estratégico corporativo:

Operacionalização do Sistema de Gestão Estratégica, com a adoção do Fluxo da

Gestão Estratégica – Execução Premium.

Criação do Comitê de Estratégia Empresarial – CEE – para apoio a elaboração e

execução da Estratégia.

Criação da Rede Mobilizadora da Estratégia-Física – RMEF que acompanha e

assessora o CEE e a Diretoria Executiva na implementação da metodologia

“Execução Premium”.

Criação da Rede Mobilizadora da Estratégia-Virtual – RMEV para acompanhar

e assessorar a RMEF.

Em 7 de dezembro de 2011, a RD-0763/2011 aprovou o documento “Plano Estratégico

Empresarial – Ciclo 2010/2020 – Revisão 2012 – Parte I” e o cronograma da revisão

2012.

Dessa forma, a evolução do processo de gestão estratégica permitirá que as diretrizes e

estratégias definidas pela Diretoria Executiva da Eletronorte possam ser desdobradas

com maior agilidade, permeando todas as estruturas empresariais e facilitando o

monitoramento da implantação das iniciativas estratégicas.

Page 31: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

31

Sistema de Gestão Empresarial

A Eletrobras Eletronorte possui um sistema de gestão empresarial, Figura 7, sustentado

pelos fundamentos e critérios de excelência definidos no Modelo de Excelência da

Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

Figura 7 - Sistema de Gestão Empresarial – Eletrobras Eletronorte

Define claramente o ambiente da Governança Corporativa, e seus níveis de atuação na

Gestão Estratégica, Tática e Operacional onde são desenvolvidos seus respectivos

planos estratégicos táticos e operacionais para atender seus stakeholders.

Sua cadeia de valores, Figura 8, representa seus principais relacionamentos com

clientes-fornecedores e defini seus processos finalísticos/negócio e de suporte/apoio. Os

processos finalísticos compreendem as atividades do negócio Geração e Transmissão de

energia elétrica e os processos de apoio contemplam as atividades corporativas e

serviços compartilhados.

Page 32: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

32

Figura 8 - Cadeia de valores – Eletrobras Eletronorte

Os principais processos finalísticos/negócios e de apoio da Eletrobras Eletronorte são

apresentados na Figura 9. Dentre os principais processos da Transmissão estão os

processos de Engenharia de Manutenção e os processos de Manutenção de Instalações;

ambos relacionados diretamente com a problematização descrita nessa dissertação por

se tratarem de processos integrados e geridos pelas áreas de engenharia de manutenção

da Eletronorte.

Figura 9 - Diagrama de Processos – Eletrobras Eletronorte

Page 33: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

33

1.2 Descrição do problema da pesquisa

Motivada pelas características competitivas e pelos novos desafios do mercado de

energia elétrica a partir da reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro, a Centrais

Elétricas do Norte do Brasil S.A. – Eletrobrás Eletronorte, empresa estatal, subsidiária

da Eletrobrás, desde a década de 90 vem buscando adaptar-se a este cenário de

mudanças. A adoção de programas e gestão de qualidade como o Modelo de Excelência

em Gestão (MEG) da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade); a estruturação e

aperfeiçoamento do planejamento estratégico baseada na metodologia do Balanced

Score Card (BSC); a implementação da metodologia TPM – Total Productive

Maintenance (Manutenção Produtiva Total) na gestão dos processos produtivos e a

implantação de sistemas integrados de gestão (Enterprise Resourcing Planning - ERP

SAP R3) são práticas que têm melhorado o desempenho empresarial.

Porém, apesar de todo esforço, nos últimos anos o negócio Transmissão da Eletrobrás

Eletronorte vem acumulando perdas significativas em seus sistemas produtivos

provenientes da ineficiência de gestão nos processos de manutenção, destacando-se a

gestão dos projetos de melhorias1 nas instalações da Eletrobrás Eletronorte; tanto pelas

perdas de receita através de descontos da Receita Anual Permitida (RAP)2 com

aplicação da parcela variável por indisponibilidade (PVI)3

de função transmissão,

quanto pelas oportunidades de aumento de receitas para transmissão devido a não

realização de imobilizações e apropriações contábeis dos ativos novos instalados.

__________________ 1

Melhoria, conforme definido na Resolução Normativa nº 443/2011 ANEEL, é a instalação, substituição

ou reforma de equipamentos em instalações de transmissão existentes, ou a adequação destas instalações,

visando manter a prestação de serviço adequado de transmissão de energia elétrica.

2

A Receita Anual Permitida (RAP) é a remuneração que as transmissoras recebem para disponibilizar o

sistema ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e prestar o serviço público de transmissão aos

usuários.

3 Parcela Variável por Indisponibilidade é a parcela a ser deduzida da receita da transmissora em função

da não prestação adequada do serviço público de transmissão regulamentada pela Resolução Normativa

nº 270/2007.

Page 34: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

34

Além desses fatos relevantes citados, as análises recentes da situação atual da gestão dos

projetos de melhorias nas instalações de transmissão da Eletrobrás Eletronorte inseridas

no Plano de Modernização de Instalações (PMI)4

, realizadas pelas equipes técnicas das

áreas de engenharia de manutenção da transmissão da empresa, constataram que:

Desde os primeiros ciclos do Plano de Modernização, a partir de 2005, a

empresa não tinha um entendimento claro sobre a Resolução Normativa nº

158/2005 que regulamentava sobre as implementações das melhorias e reforços

nas instalações de transmissão da Eletrobrás Eletronorte; equivocaram em achar

que para todo investimento em melhorias haveria ressarcimento pela Agência

Fiscalizadora e Reguladora - ANEEL. Fato esse que “gerou uma explosão” de

solicitações para o ONS por parte da empresa para implementação de melhorias

nas instalações de transmissão sendo mais tarde aprovadas por resoluções

autorizativas da ANEEL.

A grande quantidade de projetos de melhoria, com graus de complexidade

diferentes, e o grande volume de investimentos necessários impossibilitaram um

acompanhamento e controle efetivo das implementações pelas áreas gestoras

daquela época. O gerenciamento desses projetos não poderia concorrer com os

principais processos dessas áreas. Em função disso, a gestão não se restringiu

apenas a uma área da empresa, permeiou diversas áreas envolvendo a Diretoria

de Planejamento e Engenharia - DE e por fim a Diretoria de Operação - DO.

Em detrimento de uma gestão ineficiente, inúmeros projetos de melhoria foram

implementados sem que houvesse análises de viabilidade técnica, econômica e

financeira por parte das engenharias de operação e manutenção, não sendo

considerados a vida econômica e desempenho operacional dos equipamentos e

sistemas das instalações de transmissão.

__________________ 4 O Plano de Modernização de Instalações (PMI) está regulamentado pela Resolução Normativa nº

443/2011 ANEEL que revogou a Resolução Normativa nº 158/2005 e contempla as melhorias a serem

implementadas pelas agentes de transmissão de energia elétrica visando manter a prestação de serviço

adequado de transmissão de energia elétrica.

Page 35: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

35

Foram várias as aquisições pontuais do mesmo equipamento/sistema para as

diversas instalações da empresa; a falta de uma visão sistêmica impossibilitou

ganho de escala nos contratos para fornecimento desses equipamentos com

conseqüentes perdas financeiras para empresa.

Atualmente não se sabe o quanto a empresa ganhou ou perdeu em função da

execução dos projetos de melhoria, visto que a Resolução Normativa ANEEL nº

270/2011 não considera para efeito de aplicação da parcela variável por

indisponibilidade de funções transmissão, segundo os critérios dessa resolução,

desligamentos para implantação de melhoria e reforços nas instalações de

transmissão.

A falta de orientação para descrever as melhorias necessárias e suas

justificativas quando das solicitações aos agentes externos culminaram em

enquadramentos indevidos de acordo com as classificações de melhorias

constantes na Resolução Normativa ANEEL nº 158/20055

o que impossibilitou o

benefício da isenção da aplicação da parcela variável por indisponibilidade.

Os gestores dos sistemas produtivos se preocupam em manter a confiabilidade e

a disponibilidade operacional dos ativos das instalações de transmissão, e não se

atêm sobre os aspectos econômicos e financeiros. Isso tem implicado em um

planejamento ineficiente do orçamento anual de investimento da manutenção e

conseqüentemente, frustração na realização desse orçamento.

Mediante os fatos apresentados, vários são os fatores que podem ter contribuído para

ineficiência na gestão dos processos operacionais do negócio Transmissão da Eletrobrás

Eletronorte. Porém, dentre esses fatores, a falta de uma gestão que oriente uma visão

integrada da empresa baseada em processos em detrimento de uma gestão

predominantemente funcional, pode ter sido um item determinante.

__________________ 5 A Resolução Normativa ANEEL nº 158/2005, revogada pela Resolução Normativa ANEEL nº 443 de

26.07.2011, estabelecia a distinção entre reforços e melhorias em instalações de transmissão integrantes

da Rede Básica e regulamentava sobre o Plano de Modernização de Instalações de Interesse Sistêmico

(PMIS) alterado para Plano de Modernização de Instalações (PMI) após sua revogação.

Page 36: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

36

Nesse contexto, a falta de implementação de metodologias, técnicas e ferramentas que

suportam uma gestão que oriente uma visão integrada da empresa baseada em seus

processos, frente a uma cultura de administração predominantemente funcional,

constitui o problema central a ser explorado nessa pesquisa.

1.3 Justificativa e relevância da pesquisa O modelo institucional do setor elétrico brasileiro, implantado após a Constituição de

1988, provocou profundas mudanças no funcionamento dos diversos agentes setoriais,

em especial, a partir de 2004, quando as melhorias e o aperfeiçoamento introduzidos no

marco legal regulatório, através da implantação de um novo modelo para o setor,

propiciaram as condições de retomada do planejamento de longo prazo e criaram as

condições para investimentos em novos projetos de geração e transmissão de energia.

A partir de então, o novo modelo propiciou a competição entre os agentes setoriais,

exigindo eficiência na gestão dos ativos e dos custos operacionais, otimização do

planejamento e execução orçamentária e, principalmente, uma engenharia financeira

bem articulada com as oportunidades do mercado.

A retomada da competição fez com que as empresas concessionárias de energia elétrica,

caracterizadas em geral por apresentarem estruturas funcionais fortemente

hierarquizadas e uma cultura intensamente conservadora, aspectos do modelo de gestão

funcional, buscassem novas tecnologias e sistemas de gestão de forma a garantir a

eficiência e eficácia de seus processos de negócio e melhorar o desempenho

empresarial.

De Sordi (2008) ressalta que a busca por soluções eficazes levou as empresas a reverem

suas estruturas organizacionais, arquitetando-as não mais a partir de agrupamentos de

atividades em torno de suas áreas funcionais, mas sob a perspectiva do cliente;

ocorrendo alteração do fluxo de trabalho de áreas funcionais para processos de negócios

da organização, que fundamentadas em soluções e práticas empresariais, acabaram por

privilegiar e direcionar as organizações para uma estrutura organizacional voltada para

processos de negócios.

Page 37: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

37

Para Gonçalves (2000), a organização orientada para processos está surgindo como a

forma organizacional dominante para o século XXI. “As organizações somente poderão

obter o alinhamento e o desempenho necessários num ambiente de competição global e

mudanças permanentes se conseguirem se focar nos seus processos. O futuro pertencerá

às empresas que conseguirem explorar o potencial da centralização das prioridades, as

ações e os recursos nos seus processos. As empresas do futuro deixarão de enxergar

processos apenas na área industrial, serão organizadas em torno de seus processos não

fabris essenciais e centrarão seus esforços em seus clientes” GONÇALVES (1997).

Segundo Paim (2002), a gestão funcional das organizações, geralmente verticalizada,

departamentalizada e, por vezes e não raro, desintegrada, pode ser complementada ou

até mudada para uma gestão orientada no sentido da agregação de valor que ocorre

horizontalmente nas organizações, através de seus processos.

Diante desse contexto e da necessidade de se manter em uma posição sustentável no

mercado competitivo que é o setor elétrico brasileiro, vários estudos e discussões foram

realizados no âmbito da Eletrobrás e do Ministério de Minas e Energia durante os anos

de 2006 e 2007. Identificaram a oportunidade de buscar a transformação e o

fortalecimento do Sistema Eletrobrás, tanto por meio de iniciativas de caráter gerencial

e institucional, a serem implementadas no âmbito das empresas do sistema, quanto por

outras de cunho estrutural e regulatório, a serem abordadas diretamente pelo Governo.

Os estudos constataram que é comum as empresas do grupo realizarem modelagem de

seus processos organizacionais para atingir objetivos específicos. Porém, são poucas as

empresas que pensam em processos organizacionais como instrumento de gestão.

Considerando a complexidade dos negócios, faz-se necessário ampliar a utilização dos

processos de negócio para gerir riscos, controles internos, competências e

conhecimentos, aumentar a governança empresarial, garantir aderência aos

regulamentos e legislações, inovar e ser competitiva no mercado.

Nesse sentido, a Eletrobrás adotou um novo posicionamento estratégico procurando

incorporar as melhores práticas de gestão de negócios de energia, a exemplo das

melhores empresas do setor, nacionais e internacionais, sob pena de comprometimento

Page 38: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

38

da própria existência da Eletrobrás e de suas empresas. Definiram diretrizes que

inseridas no Plano de Transformação e Fortalecimento do Sistema Eletrobrás (PTSE)

visam alcançar a agilidade e a eficiência necessárias para que o Sistema Eletrobrás

cumpra seu papel institucional e aproveite todas as oportunidades apresentadas pelo

mercado.

Dentre essas diretrizes está a reorganização do modelo de gestão empresarial da qual

dentre outras ações, está a implantação da gestão por processos no sistema Eletrobrás

que tem como objetivo aperfeiçoar os processos empresariais na busca incessante da

melhoria da competitividade e dos resultados, tanto sob perspectiva estratégica, quanto

operacional.

Com a orientação e alinhamento ao posicionamento estratégico da Eletrobrás, a

Eletrobras Eletronorte elaborou seu novo Plano Estratégico 2010 – 2020 fundamentado

na metodologia da Execução Premium (Figura 10) de Kaplan e Norton.

Figura 10: Modelo de Execução Premium Eletronorte (fonte: Eletronorte: Revista Novo Tempo nº 19,

2012)

Construir uma visão clara e definir os objetivos estratégicos da empresa, compreender

os fatores críticos de sucesso, que devem ser levados em consideração, para que se

alcance estes objetivos, mapear e identificar os processos-chaves que estejam

diretamente relacionados a esses objetivos estratégicos, investir no redesenho e

aprimoramento desses processos com vistas a melhorar sua eficiência e eficácia, se

Page 39: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

39

constituem em ações e iniciativas estratégicas que precisam ser executadas pelas

organizações.

Dentre os objetivos do Plano Estratégico está a migração da gestão funcional para

orientada por processos para os próximos anos conforme mostrado na Figura 11 a seguir

extraído da apresentação do Plano Estratégico para a força de trabalho da empresa.

Figura 11: Apresentação do Planejamento Estratégico Eletrobras Eletronorte

Segundo afirmações do Sr. Diretor Presidente da Eletrobrás Eletronorte, Josias Matos

de Araújo, durante sua apresentação do Plano Estratégico publicadas na revista Novo

Tempo nº 19 de 31 de dezembro de 2011: ”Estamos fazendo a mudança em processos, e não na estrutura. Vamos trabalhar o

alinhamento, planejar as operações e manter o monitoramento e o aprendizado.

Deixaremos de ser uma organização que pensa funcionalmente e passaremos a ser

uma empresa que pense por processos, de forma transversal e estratégica”

A revista Novo Tempo ainda registrou alguns destaques do Sr. Márcio Ernane Costa,

gerente da Coordenação de Planejamento e Sustentabilidade Empresarial da Eletrobras

Eletronorte, onde afirmou que: “Um dos objetivos da Execução Premium é vincular as estratégias aos processos,

garantindo a efetiva execução do plano estratégico. Estamos trabalhando no

mapeamento dos chamados processos-chave, nos quais são necessárias melhorias

radicais. A proposta é fazer uma migração paulatina da gestão funcional para uma

gestão por processos”.

Page 40: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

40

Nessa etapa de mapeamento dos processos-chaves, a gestão do PMI foi identificada e

enquadrada como Projeto Empresarial de Mudança (PEM) pelo Comitê de Estratégias

Empresariais (CEE) e aprovado do Conselho de Administração da Eletronorte (CA)

conforme apresentado na Figura 12.

Figura 12: Apresentação dos Projetos Empresariais de Mudança

O Projeto para aprimorar a gestão do PMI é uma das Iniciativas Estratégicas

contempladas na perspectiva Processos: “Aumentar a eficiência e eficácia operacional”

definida no Mapa Estratégico apresentado na Figura 6: Mapa Estratégico 2012

Eletrobras Eletronorte.

Dessa forma, considerando: as diretrizes para a Reorganização do Modelo de Gestão

Empresarial com a implantação da gestão por processos no sistema Eletrobrás definida

no Plano de Transformação do Sistema Eletrobras; o Plano Estratégico da Eletrobras

Eletronorte para uma gestão orientada por processos e a Iniciativa Estratégia com o

Projeto Empresarial de Mudança para Aprimorar a gestão do PMI na Eletrobras

Eletronorte; surgiram as justificativas e motivações da pesquisa.

Page 41: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

41

1.4 Objetivos gerais e específicos 1.4.1 Objetivo Geral

O objetivo geral dessa dissertação é identificar as metodologias, técnicas e ferramentas

de gestão de processos que possam aumentar a eficiência e eficácia dos processos

operacionais da Eletrobras Eletronorte.

1.4.2 Objetivos Específicos

• OE.1 - Identificar o sistema de gestão empresarial, cadeia de valores e estrutura

organizacional da Eletrobras Eletronorte e seus principais processos de

gestão/corporativos, finalísticos/negócios e suportes/apoios.

• OE.2 - Identificar, através de revisão bibliográfica: o contexto histórico e os

principais termos e conceitos relacionados a processos;

• OE.3 - Pesquisar e identificar as metodologias, ferramentas, técnicas e recursos

necessários para transformar um modelo de gestão funcional em um modelo de

gestão orientado por processos;

• OE.4 - Realizar um estudo de caso do projeto de implantação da gestão por

processos nas empresas do Grupo Eletrobrás provenientes do PTSE apresentando

os principais produtos desse projeto;

• OE.5 - Propor um Modelo de Gestão Orientada por Processos para o negócio

Transmissão da Eletronorte com foco nos processos da manutenção.

Page 42: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

42

1.5 Estrutura da Dissertação

A estrutura da dissertação é sintetizada na Figura 13 a seguir:

Figura 13: Estrutura da Dissertação

O capítulo 01 apresenta a introdução com uma abordagem sobre os modelos de gestão

funcional e os atuais sistemas de gestão empresarial baseados na integração da empresa

com foco em seus processos. Na contextualização são apresentados, até meados do ano

2012, os motivos da reestruturação e as novas legislações que levaram ao novo modelo

do setor elétrico do qual a empresa em estudo, a Eletrobrás Eletronorte, está inserida.

Em seguida, são apresentadas a descrição do problema de pesquisa; as justificativas e a

motivação da pesquisa; são definidos os objetivos gerais e específicos a serem

atingidos, concluindo com a estrutura da dissertação.

Capítulo 01

Capítulo 03

Capítulo 05

Introdução, contextualização do tema, justificativas, descrição do problema, objetivos e estrutura do trabalho

Fundamentação teórica: Bases conceituais, definições e componentes essenciais relacionados a processos

Estudo de Caso do Projeto de Implantação da Gestão por Processos nas empresas Eletrobrás

Capítulo 04

Metodologias, ferramentas e recursos necessários para transformação em um modelo de gestão orientado processos

Capítulo 02

Metodologia da Pesquisa para elaboração da dissertação de mestrado

Proposta de um Modelo de Gestão Orientada por Processos para Transmissão da Eletronorte

Capítulo 06

Resultados e conclusões da pesquisa; proposta de trabalhos e pesquisas futuras

Capítulo 07

Page 43: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

43

O capítulo 02 tem como objetivo apresentar o método científico de pesquisa empregado

para elaboração dessa dissertação de mestrado demonstrando as etapas do método de

trabalho.

No capítulo 03 inicia-se o levantamento e revisão bibliográfica com uma abordagem do

contexto histórico da qual estão inseridos os processos descrevendo os principais

conceitos relacionados a processos e sua importância para as organizações. Busca

esclarecer os entendimentos sobre estruturas organizacionais, orientação por processos e

modelos de gestão de processos.

A continuação da revisão bibliográfica, porém com uma abordagem específica, se dá

nos capítulos 04 e 05; onde são apresentadas as metodologias, técnicas e ferramentas

necessárias citados por vários autores e instituições para a implantação e

operacionalização de uma gestão orientada por processos dentro de uma organização.

O estudo de caso do Projeto de Implantação da Gestão por Processos nas empresas do

grupo Eletrobras advindo do Plano de Transformação e Fortalecimento da Eletrobrás é

apresentado no capítulo 05.

O capítulo 06 apresenta a proposta de um Modelo de Gestão Orientada por Processos

para o negócio Transmissão da Eletronorte, focando-se no macro processo Manter.

No capítulo 07 são apresentados os resultados e conclusões da pesquisa e também,

propostas e sugestões para trabalhos futuros. São apresentadas a bibliografia e as

referências bibliográficas utilizadas e mencionadas nessa dissertação bem como seus

anexos.

Page 44: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

44

CAPÍTULO 02

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esse item tem como objetivo apresentar o método científico de pesquisa empregado

para elaboração dessa dissertação de mestrado.

Segundo Silva e Menezes (2001) a pesquisa pode ser classificada como aplicada com

relação à sua natureza, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e

dirigida à solução de problemas específicos o que envolve verdades e interesses locais.

É uma pesquisa qualitativa do ponto de vista da abordagem do problema, pois envolve

fenômenos organizacionais pouco entendidos. É uma pesquisa exploratória do ponto de

vista dos objetivos, pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema com

vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses, envolvendo levantamento e pesquisa

bibliográfica e entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o

problema pesquisado. E do ponto de vista dos procedimentos técnicos refere-se a um

estudo de caso.

Estudo de caso segundo Yin (1989) “é um estudo empírico que investiga um fenômeno

dentro de seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto

não são claramente definidas, e no qual são utilizadas várias fontes de evidência”.

O estudo de caso tem sido utilizado com freqüência cada vez maior pelos pesquisadores

sociais (Gil, 2000), visto que explora situações da vida real cujos limites não estão

claramente definidos, descreve a situação do contexto da investigação e explica as

variáveis causais de determinado fenômeno em situações que não possibilitam a

utilização de levantamentos e experimentos. Para o mesmo autor, são necessárias

algumas habilidades do pesquisador nos estudos de caso, onde deve abranger amplo

conhecimento do assunto, atitude autocorretiva, habilidade para formular questões, para

ouvir e interpretar.

Page 45: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

45

2.1 Etapas do método de trabalho As etapas do método de pesquisa aplicado para esse trabalho é apresentado na Figura 14

a seguir.

Figura 14: Etapas do Método de Pesquisa

O ponto de partida para elaboração do trabalho foi a definição do problema de pesquisa

baseada em uma contextualização em que está inserida a empresa em estudo, a

Eletrobrás Eletronorte.

2.1.1 Levantamento e Revisão Bibliográfica

Definido o problema de pesquisa, a etapa seguinte contou com um levantamento

bibliográfico para elaboração do trabalho. Foram consideradas como fontes para o

levantamento bibliográfico, as bases de pesquisas acadêmicas (teses, dissertações e

artigos) disponibilizadas pelas Universidades renomadas; livros acadêmicos e não

acadêmicos sobre o tema da pesquisa; sites de instituições de pesquisa e de consultorias

especializadas em processos de negócio; materiais, apresentações, revistas e publicações

Problema de Pesquisa

Levantamento Bibliográfico

Análise e Seleção Bibliográfica

Revisão de Literatura

Estudo de Caso

1

2

3

4

5

Resultados e Conclusões

7

Proposta Modelo Gestão 6

Page 46: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

46

em eventos na empresas foco do estudo, a Holding Eletrobras e a Eletrobras Eletronorte;

alem de pesquisas em sites de buscas na internet conforme apresentado na Figura 15.

Figura 15: Fontes para pesquisa (Levantamento e revisão bibliográfica)

As teses, dissertações e artigos foram levantados nas bases de pesquisas acadêmicas das

principais Universidades brasileiras renomadas na área de concentração da Engenharia

de Produção tendo como palavra chaves: Gestão de Processos, Gerenciamento de

Processos de Negócios, Gestão por processos, Gestão orientada por processos, Business

Process Management (BPM) e Processos de Negócio; destacando-se as bases de

pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro COOPE UFRJ que contribuiu

significativamente para elaboração dessa dissertação de mestrado.

De posse de todo material levantado, o passo seguinte foi a realização das análises e

seleções daqueles materiais que estavam relacionados com o tema de pesquisa e que

eram relevantes como insumos para elaboração da dissertação. A próxima etapa foi

realizar uma ampla revisão bibliográfica que possibilitou traçar um quadro teórico e

uma estrutura conceitual ampla que deu sustentação ao desenvolvimento do trabalho.

Ainda nessa etapa da pesquisa, as principais metodologias identificadas tanto de autores

literários quanto de instituições, para transformar uma gestão predominantemente

funcional em uma orientada por processos, são apresentadas no capítulo seguinte.

Em seguida é apresentado o estudo de caso do Projeto de Implantação da Gestão por

Processos nas empresas Eletrobrás com as análises de trabalhos finais realizados por

integrantes do Grupo de Trabalho – GT Processos que são produtos do curso de

capacitação de Gestão Integrada de Processos que teve como consultoria a empresa

Enjourney. O primeiro estudo refere-se à Proposta de Padrão Eletrobras de Gestão

Teses, dissertações e artigos

Livros especializados Sites especializados (instituições/consultorias)

Revistas, apresentações e publicações nas empresas

Sites de buscas internet

Page 47: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

47

Orientada por Processos que apresenta um padrão a ser seguido por todas as empresas

Eletrobras onde foram identificadas e definidas todas as etapas para uma gestão

orientada por processos, desde o gerenciamento do projeto de processos, até a gestão do

dia a dia do processo implantado. O segundo estudo contemplou a análise da Proposta

de Modelo de Governança de Processos para as empresas Eletrobras que resultou na

elaboração de um framework de Governança de Processos.

Os estudos realizados possibilitaram elaborar uma proposta de um modelo de gestão

orientada por processos para o negócio transmissão da Eletrobras Eletronorte com foco

no macro processo Manter; fundamentando-se nos conceitos de Planejamento

Estratégico (níveis estratégico, tático e operacional), do Modelo de Excelência em

Gestão (MEG) e da Manutenção Produtiva Total (TPM).

Os resultados e conclusões dos estudos são apresentados no sexto capítulo onde se

verifica se o que foi proposto pelo trabalho atende aos objetivos colocados pela

pesquisa; concluindo com as considerações finais sendo sugeridos temas para trabalhos

e pesquisas futuras.

As referências bibliográficas e os anexos à pesquisa fazem parte dos capítulos 07 e 08

respectivamente.

Page 48: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

48

CAPÍTULO 03

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo são apresentadas as bases conceituais históricas e os elementos

associados a processos, bem como definições e conceitos de processos a partir da

revisão bibliográfica. As variações conceituais apresentadas por diversos autores a

respeito de: orientação por processos, estrutura organizacional orientada por processos e

gestão por processos, estão contempladas nesse capítulo.

3.1 Origem e evolução histórica de processos

Para muitos autores o marco inicial dos estudos e pesquisas sobre processos na literatura

está relacionado à abordagem da reengenharia, porém a abordagem por processos é

muito anterior a essa fase. Segundo Gonçalves (2000 a) a idéia de processos não é nova

e tem raízes na tradição da engenharia industrial e no estudo dos sistemas sociotécnicos.

A idéia de dividir o trabalho em atividades seqüenciais surgiu em meados do século

XVIII, no início da Revolução Industrial, quando a mecanização exigiu a divisão do

trabalho. Os benefícios da divisão do trabalho foram retratados por Adam Smith em

1776 em seu livro A Riqueza das Nações onde ao analisar os modos de produção

vigentes na fabricação de alfinetes percebeu que, ao dividir o processo de trabalho em

etapas específicas e designá-las a trabalhadores especializados, a organização obtinha

ganhos significativos de produtividade.

A teoria e a prática organizacional durante a era industrial foi norteada, basicamente

pela escola da administração científica, fundada por Frederick Winslow Taylor no início

do século XX com a função de alcançar a eficiência empresarial através das técnicas de

racionalização do trabalho do operário. Taylor trabalhou com foco na melhoria da

produção, através da aplicação de métodos científicos experimentais na manufatura.

Esses experimentos baseavam-se na observação do trabalho, na análise dos métodos de

produção e na proposição de padrões mais eficientes de se produzir.

Page 49: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

49

Barnes (1977) ao defender a eficácia dos estudos dos movimentos e dos tempos para

aumentar a produtividade dos processos produtivos, finda por corroborar da linha de

pensamento taylorista de prescrição científica dos métodos de trabalho e trata de

organizar um conjunto de técnicas de análise do trabalho e de projeto de postos de

trabalho.

No final do século XX, emerge uma nova forma de se pensar a gestão dos processos

produtivos e, de modo mais geral, o sistema de produção como um todo. O mundo

tomava conhecimento, na prática, do Sistema Toyota de Produção - STP, cujo

desenvolvimento no Japão foi catalisado pela necessidade de reconstrução da economia

nipônica após a Segunda Grande Guerra.

O STP deve ser entendido como um conjunto de princípios e técnicas que evoluíram

fortemente atreladas à aplicação das idéias de seus principais fundadores – Toyoda

Sakichi, Taiichi Ohno e Shigeo Shingo. Seus fundamentos, apesar de numerosos e

extremamente articulados, contribuíram para o surgimento de elementos básicos no

processo de evolução da qualidade tais quais: autonomação, o kanban, a troca rápida de

ferramentas, o controle de qualidade total (TQC), a redução de perdas da produção

enxuta (lean production), os dispositivos anti-falha (poka yoke), os círculos de controle

de qualidade (CCQ), a manutenção produtiva total (TPM), entre outras práticas

fortemente interdependentes que passaram a compor uma filosofia de produção

geralmente associada a um de seus princípios básicos, o Just in time (JIT).

Inicia-se então a Era da Garantia da Qualidade, cujo objetivo era prevenir os problemas,

porém usando mais do que técnicas estatísticas para essa finalidade (SHINGO, 1996).

Na visão de Paim et al., (2009) a Qualidade Total sempre se preocupou com processos,

mas não necessariamente com processos transfuncionais. Segundo ele, a não

preocupação com a transfuncionalidade levou ao surgimento de uma visão de processos

intrafuncionais ficando evidente no uso do conceito de cliente interno onde

recentemente, adeptos de tais quadros conceituais, por razões metodológicas quanto

mercadológica, passaram a enfatizar a existência de processos interfuncionais.

Page 50: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

50

O Controle Total da Qualidade – TQC teve um papel histórico na lógica da evolução da

teoria dos processos. As técnicas de melhorias baseadas em processos foram

amplamente difundidos através de práticas como o Controle Estatístico de Processos, a

certificação ISO 9000, a competição por prêmios de “melhor qualidade” e, no caso do

Brasil através também do Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ (PAIM et al., 2009).

As propostas da Teoria das Restrições – TOC ganharam maior notoriedade na década de

70 onde começaram a se difundirem nas organizações. A TOC utiliza o conceito de

processos associados à identificação de restrições ou gargalo, sendo essas entendidas

como atividades e recursos que limitam o desempenho do sistema produtivo. Além

disso, a Teoria das Restrições parte da premissa que em todo sistema existe uma

restrição, um ponto de menor taxa de fluxo. Com a sua identificação, seria possível

atuar sobre ela visando a aumentar sua taxa de saída e, conseqüentemente, promover um

ganho para todo o sistema produtivo. Entretanto, para se identificar essa restrição, é

necessário que se tenha uma visão articulada de todo o processo, uma visão sistêmica.

Nos anos 80, surge outra base conceitual fundamental que está na origem da abordagem

moderna de processos, a Reengenharia, cujo objetivo não era só buscar a automatização

das operações existentes, mas sim melhorar e redesenhar os processos de negócio

enfatizando o entendimento das expectativas dos clientes para novos produtos e

serviços, sendo essencial como instrumento estratégico para manutenção de vantagem

competitiva perante seus concorrentes.

Segundo HAMMER e CHAMPY (1994), a Reengenharia se caracteriza por uma

ruptura radical que não pode ser feita em pequenas etapas. A organização deveria

começar de novo, do zero, romper com o passado e re-projetar o futuro. Segundo os

autores, a Tecnologia da Informação desempenharia um papel crucial na reengenharia,

sendo tratada como habilitadora dos ganhos extraordinários dos novos processos. Para a

Reengenharia em particular, os Sistemas Integrados de Gestão (ERP) são tidos como

condição básica à eficiência dos processos de negócio.

A Reengenharia encontrou grande reação nas organizações, na maioria dos casos por

aplicações também radicais e inadequadas que, no lugar de trazer benefícios, acabaram

Page 51: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

51

obtendo desempenhos insatisfatórios. Segundo SCHEER (1998), HAMMER (1993) e

DAVENPORT (1994) a análise e a representação dos processos de negócio passaram a

ser o principal objeto de estudo da Engenharia de Negócios. Contudo, houve uma

notória distorção da aplicação da Reengenharia, mas esta difundiu a melhoria baseada

em processos. Neste sentido, as organizações continuaram demandando modificações e

melhorias em seus processos e, desta vez, de forma mais ponderada, sem desconsiderar

o conhecimento acumulado ao longo do tempo.

Para Paim (2002), a Engenharia de Processos de Negócio (EPN) surge no lugar da

Reengenharia amparada por quadros conceituais ligados à Engenharia de Produção com

a finalidade de explicitar, analisar e aprimorar processos e, assim, promover o

desenvolvimento da gestão e operacionalização das organizações. A estrutura de

conhecimento relacionado com a EPN está apresentada na Figura 16.

Figura 16: Estrutura de conhecimentos para Engenharia de Processos (fonte: PAIM, 2002)

Page 52: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

52

A EPN, sob perspectiva da Engenharia de Produção, é a priori, entendida como uma

disposição para entendimentos, análise e melhoria dos processos dentro e entre

organizações com os seguintes objetivos apresentados por GROVER e KETTINGER

(2000) apud (PAIM et al., 2009): uniformização do entendimento da forma de trabalho,

gerando integração (cultura); análise e melhoria do fluxo de informações; explicitação

do conhecimento sobre os processos, armazenando, assim, o “know how”

organizacional; realização de análises organizacionais e de indicadores; realização de

simulações, apoiando a tomada de decisões e; gestão da organização.

A Engenharia de Processos de Negócios possibilita o entendimento de como o trabalho

é realizado, particularmente no que se refere aos fluxos horizontais ou transversais de

atividades e informações em um dado ambiente empresarial. Ela complementa ou, no

limite substitui, a visão funcional habitualmente compartilhada nas organizações. Esta

compreensão vai além do entendimento do fluxo de etapas de um processo, pois busca

representar como as unidades organizacionais se integram, através de suas interfaces,

com o objetivo de gerar resultados compartilhados por toda organização. Tais resultados

são norteados pela intenção de agregar valor para seus clientes. Desdobrados desta

orientação, seus objetivos são o planejamento, projeto/estruturação e avaliação de

processos. Esses objetivos devem ser aplicados para suportar a implementação de

estratégias organizacionais e para assegurar coordenação entre atividades da

organização. O principal alvo da EPN é a coordenação das fronteiras organizacionais

(PAIM et al., 2009)

Nesse contexto, a abordagem por processos torna-se cada vez mais importante para a

criação de um entendimento organizacional. Sob a perspectiva de PAIM (2002) a

principal premissa da aplicação de métodos baseados em Engenharia de Processos está

fundamentada na conceituação de processo como vetor chave para a eficácia e

efetividade para um projeto-ação de modelagem de processos, que é uma técnica

amplamente utilizada para suportar a EPN.

A Modelagem de Processos é suportada por ferramentas que habilitam, a partir de um

referencial único e integrado dos modelos de processos, desenvolverem diferentes ações

baseadas na lógica de processos. Cada uma dessas ações possui objetivos próprios e,

Page 53: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

53

muitas vezes, inter-relacionados, mas todas estão baseadas em modelos de processos. A

Figura 17 abaixo apresenta os processos como eixo central para o desdobramento nas

diversas aplicações da Engenharia de Processos (PAIM et al., 2009). A dissertação não

tem o propósito de descrever cada aplicação, serve apenas para demonstrar a enorme

gama de aplicações baseadas em processos.

Figura 17: Aplicações de processos (fonte: PAIM, 2001)

Paim (2002) em seus estudos agrupou uma gama de conhecimentos relacionados à EPN

conforme Figura 18.

Devido à crescente complexidade e abrangência dos processos nas organizações e à

freqüência com que a modelagem, a melhoria, a implantação, a integração e a

coordenação de processos têm acontecido, é cada vez maior a necessidade de empresas

e instituições se estruturarem para gerenciar seus processos.

Nesse sentido, a Gestão de Processos de Negócio ou Business Process Managements

(BPM) tem evoluído de maneira a consolidar objetivos, frameworks, metodologias,

técnicas e ferramentas propostas por inúmeros quadros conceituais, dentre eles; a

reengenharia; a inovação do processo de negócio; a modelagem de processo, a

automação de processos, entre outros, passando a ser expressamente reconhecida como

uma base para as modernas práticas de gestão (NUNES, MADEIRA e CARDOSO,

2009).

Page 54: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

54

A ilustração gráfica da Figura 18 elaborada por Barros (2009) destaca as diversas

técnicas e métodos desenvolvidos nas últimas décadas para atuar nos processos, sendo

agrupadas em vertentes (HARMON, 2005) apud Barros (2009); a primeira, qualidade,

onde o foco é a melhoria da eficiência dos processos; a segunda, gestão, onde o foco é o

desempenho organizacional e a terceira, tecnologia da informação, onde o foco é a

automação dos processos. A figura apresenta um resumo histórico recente, agrupados

pelas vertentes, das técnicas e métodos ao longo das últimas décadas até os dias atuais,

onde se verifica uma busca pela integração das diversas iniciativas de processos através

da implantação da Gestão de Processos (PAIM et al., 2009), bem como da implantação

de Escritórios de Processos nas Organizações e soluções BPMS (Business Process

Management System) para suportarem e viabilizarem a Gestão de Processos.

Figura 18: Resumo histórico recente das técnicas e métodos relacionados a processos apud Barros (2009)

Page 55: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

55

3.2 Bases conceituais relacionados a processos

Os processos, por sua natureza sistêmica, guardam forte relação com outros elementos

conceituais. Os principais conceitos ligados a Processos, na visão de Paim (2007) são: a

estratégia, a estrutura organizacional, desempenho, conhecimentos e informações,

competências, tecnologia e cultura organizacional, sendo está última um pano de fundo

da relação entre os elementos a partir dos processos.

A Figura 19 ilustra essa relação, mas cabe ressaltar que ela não pretende excluir a

relação de processos com outros temas como gestão da cadeia de suprimentos e

logística, planejamento e controle da produção ou pesquisa operacional, mas, sim,

enfatizar que os temas apresentados devem ser considerados quando da gestão de

processos.

Figura 19: Elementos conceituais integrados por processos (Fonte: PAIM, 2007)

Nos próximos tópicos serão apresentadas as definições de autores clássicos que tem por

objetivo contribuir para uma maior efetividade do entendimento dentro da abordagem

de processos que por sua vez são fundamentais e contribui significativamente para

orientar uma transformação de um sistema de gestão tradicionalmente funcional em

uma gestão orientada e estruturada por processos.

O primeiro item abordará as definições de processos levantadas a partir de uma revisão

bibliográfica procurando nortear o entendimento já que existem diversas definições para

o que seriam processos, visão por processos e orientação por processos. O

entendimento dos referenciais conceituais que norteiam a definição do que envolvem

Page 56: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

56

gerenciar processo varia significativamente e não permite uma definição clara.

Comumente o conceito de processos, de visão por processos, orientação por processos,

estrutura organizacional orientada por processos, gestão de processos e gestão por

processos não estão claros ou mesmo se confundem (PAIM et al., 2009). Na seqüência

serão apresentados, de forma breve, porém clara, os demais elementos que fazem parte

da abordagem por processos, sendo necessária uma consulta a parte para maior

aprofundamento nos assuntos.

3.2.1 Processos

A preocupação com problemas semânticos na área de processos, ocasionada por

expressões administrativas com nomes muito semelhantes, porém com significados

distintos, já foi objeto de pesquisa de alguns autores. Gonçalves (2000) relatou a

dificuldade semântica com o conceito de processos:

“Embora muito presente, o conceito de processo não tem uma interpretação

única, e a variedade de significados encontrados tem gerado inúmeros mal-

entendidos”

Segundo (Grahm e LeGBaron, 1994) apud Gonçalves (2000) todo trabalho importante

faz parte de algum processo. Gonçalves (2000) complementa que não existe um produto

ou serviço oferecido por uma empresa sem que exista um processo empresarial. Da

mesma forma não faz sentido existir um processo empresarial que não ofereça um

produto ou serviço.

Os processos estão presentes na organização atravessando as diversas áreas funcionais

de sua estrutura e pode se entendidos com a ordenação de atividades de trabalho através

do tempo e do espaço, com um início, um fim e um conjunto claramente definido de

entradas e de saídas (DAVENPORT, 1993).

Na concepção mais freqüente, na visão de Harrington (1991), processo é qualquer

atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece

um output a um cliente específico. Segundo o autor os processos utilizam os recursos da

organização para oferecer resultados objetivos aos seus clientes.

Page 57: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

57

Seguindo esse mesmo raciocínio, Hammer e Champy (1994) em seu livro sobre

Reengenharia definem um processo como um grupo de atividades realizadas numa

seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para

um grupo específico de clientes.

Zarifian (1994) em SALERNO (1999) defini processo como: “Uma cooperação de

atividades distintas para a realização de um objetivo global, orientado para o cliente

final que lhes é comum. Um processo é repetido de maneira recorrente dentro da

empresa. A um processo correspondem: um desempenho (performance), que formaliza

o seu objetivo global (um nível de qualidade, um prazo de entrega etc.); uma

organização que materializa e estrutura transversalmente a interdependência das

atividades do processo, durante sua duração; uma co-responsabilidade dos atores nesta

organização, com relação ao desempenho global; uma responsabilidade local de cada

grupo de atores ao nível de sua própria atividade.”

SALERNO (1999) sintetiza uma série de definições para as características de um

processo:

Uma organização estruturada, modelada em termos de trocas entre as atividades

constitutivas. Esta organização se constitui pela ligação ao cliente final;

Entradas, tangíveis (produtos, faturas, pedidos etc.) ou intangíveis (decisão de

lançar novo produto, demanda de investimentos etc.);

Saídas: o resultado do processo. É um ponto de partida para a construção da

organização;

Recursos: não é a somatória de recursos locais, mas a utilização racional dos

recursos que são, ao mesmo tempo, localmente necessários e úteis ao processo.

É possível que alguns recursos fiquem dedicados a um processo, mas outros não,

podendo ter um uso variado;

Custo dos recursos globais, valorizados, dão o custo de um processo;

Um desempenho global, medido por alguns (poucos) indicadores, que deve ser

explicitado em desempenhos locais para cada atividade. Estes indicadores

seriam a única referência de avaliação sobre o resultado do processo, o único

Page 58: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

58

critério de co-responsabilidade entre os atores. Localmente, têm-se indicadores

de meios, e não de objetivos;

Fatores de desempenho ligados aos pontos críticos: são pontos privilegiados de

reflexão sobre a gestão econômica do processo e sobre os principais

instrumentos de ação. Pontos críticos podem ser atividades ou coordenações;

Um desenrolar temporal, dado que m evento detona o processo (ex: chegada de

um pedido) e outro o fecha (entrega). O processo se desenrola segundo uma

temporalidade organizável e mensurável”.

Para Hammer (2001) as quatro características de um bom processo seriam:

(i) O processo deve trazer resultados ao invés do próprio trabalho. Todos dentro

da empresa devem entender o porquê e a melhor forma de fazer o trabalho.

Treinamento e avaliação de desempenho reforçam a orientação para os

resultados dos processos.

(ii) Os processos devem se focar nos clientes. Você deve avaliar os processos

em si e analisá-los dentro da visão dos consumidores.

(iii) Os processos são holísticos. Os processos devem transcender as atividades

individuais. Isso significa entender como as atividades podem trabalhar

juntas para produzir o melhor resultado. O valor superior para os

consumidores é atingido quando os departamentos e colaboradores

trabalham juntos para um propósito unificado.

(iv) Finalmente, um processo inteligente está baseado na convicção que o

sucesso do negócio depende de modelos bem desenhados de trabalho.

Esse mesmo autor ressalta que a criação de um processo estruturado faz com que as

empresas se tornam menos dependentes de pequenos grupos de pessoas talentosas, que

acabam se tornando indispensáveis. As empresas que são dependentes de heróis podem

se ver em apuros quando, repentinamente, eles partem. Entretanto, se o processo

permanece na empresa, pessoas podem sair e outras podem usar o processo que foi

desenvolvido.

Page 59: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

59

Para DAVENPORT (1993) um processo é uma específica ordenação de atividades de

trabalho através do tempo e do espaço, com um início, um fim e um conjunto

claramente definidos de entradas e saídas: uma estrutura para a ação.

DE SORDI (2007) defini processos de negócio como fluxos de trabalhos que atendem a

um ou mais objetivos da organização e que proporcionam agregação de valor sob a

óptica do cliente final.

NAGEL, C. e ROSEMANN, M. (1999) apud Paim (2007) afirmam que um processo é

bastante em si, uma ordenação lógica (paralelo e/ou em série) e temporal de atividades

que são executadas para transformar um objeto de negócio com a meta de concluir uma

determinada tarefa. Por outro lado, apresentam problemas das definições como o fato de

nenhuma destacar que não há um responsável pelo processo como um todo (por

exemplo, pesquisa e desenvolvimento, marketing, finanças, manufatura estão

envolvidas no desenvolvimento de produtos, mas nenhuma destas unidades é

responsável pelo processo como um todo), que é suscetível / tendente a problemas como

tempos de esperas, filas e aumento de tamanhos de lotes.

CAULLIRAUX (1999) apud Paim (2007) afirma que processo seria um conjunto de

atividades (funções) estruturadas seqüencialmente (requisitos e tempos). Ainda nesta

definição faz algumas considerações: conjuntura 1 - devem descrever um conjunto de

atividades que se inicia e que termina em clientes externos; conjuntura 2 – devem

diferenciar os processos ligados às atividades fim e às atividades meio; conjuntura 3 -

por questões práticas (capacidade de entendimento) devem ser representados

hierarquicamente (níveis de abstração, focos de apresentação etc.).

Smith e Fingar (2003) reforçam a relação de processos com a coordenação do trabalho e

definem processos como conjunto de atividades colaborativas e transacionais

coordenadas dinâmica e completamente para entregar valor para o consumidor.

Segundo eles os processos apresentam as seguintes características:

Grandes e complexos – envolvem fluxos do início ao fim de materiais,

informações e comprometimento de negócio.

Page 60: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

60

Dinâmicos – responder a demandas dos consumidores e a mudanças nas

condições do mercado.

Distribuídos e customizados amplamente através de fronteiras dentro e entre

negócios, frequentemente envolvendo múltiplas aplicações de plataformas

tecnológicas distintas;

De longa duração – uma simples instancia de um processo como “da ordem ao

pagamento” ou “desenvolvimento de produtos podem durar por meses ou até

mesmo anos”;

Automatizados – pelo menos em parte – atividades rotineiras ou mundanas são

realizadas por computadores sempre que possível, para buscar velocidade e

confiabilidade;

Técnico e de negócio por natureza – processos de TI são um subconjunto de

processo de negócios e provem suporte para grandes processos envolvendo tanto

pessoas como máquinas. Processos do início ao fim dependem de sistemas de

computação distribuídos que são tanto transacionais como colaborativos.

Modelos de processos podem compreender modelos de computadores, modelos

de objetos, controle de fluxos, fluxos de mensagens, regras de negócio, métricas,

exceções, transformações e atribuições;

Por um lado depende e por outro suporta a inteligência e julgamento humanos.

As pessoas realizam as tarefas que são muito desestruturadas para delegar para

um computador ou que requerem: informação rica fluindo através da cadeis de

valor, resolução de problemas antes que irritem os consumidores; e definição de

estratégias para obter vantagens em novas oportunidades do mercado;

De difícil visualização – na maioria das organizações os processos de negpocios

nunca foram explicitados ou nem estão na cabeça das pessoas. Eles não estão

documentados e estão embutidos e implícitos na história comum da organização,

ou se estão documentados, a documentação ou definição é mantida

independentemente dos sistemas que os suportam.

Paim (2007) propõe uma síntese das definições que explica o termo processo como

sendo:

Page 61: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

61

“Uma estruturação – coordenação – disposição lógico – temporal de ações e

recursos com o objetivo de gerar um ou mais resultados para a organização.

Os processos podem estar em diferentes níveis de abstração ou

detalhamento, relacionados às atividades gerenciais, finalísticas ou de apoio.

Se forem finalísticos, os resultados gerados são produto(s)/serviço(s) para os

clientes da organização, se forem gerenciais promovem o funcionamento da

organização e seus processos, e se forem de suporte prestam apoio aos

demais processos da organização. Também podem possuir um responsável

por seu desempenho global e responsáveis locais direcionados ao andamento

de suas partes-constituintes e, comumente, são transversais a forma através

da qual a organização se estruturou (por função, por produto, por eixo

geográfico etc.). Os processos estão intrinsecamente relacionados aos fluxos

de objetos na organização, sejam estes objetos materiais, informações,

capital, conhecimento, idéias ou qualquer outro objeto que demande

coordenação de seu fluxo. Aos processos cabe o desenvolvimento ou

desenrolar dos fluxos de objetos enquanto às funções ou unidades

organizacionais cabe a concentração de conhecimentos por semelhança. Os

processos são objetos de controle e melhoria, mas também permitem que a

organização os utilize como base de registro do aprendizado sobre como

atua, atuou ou atuará em seu ambiente ou contexto organizacional. Os

processos são a organização em movimento, são, também, uma estruturação

para ação: para a geração e entrega de valor”.

Gonçalves (2000) argumenta ainda que a idéia de processos como um fluxo de trabalho

– com input e output claramente definidos e tarefas discretas que seguem um a

seqüência dependem umas das outras numa sucessão clara - vem da reengenharia. Os

inputs podem ser materiais, equipamentos e outros bens tangíveis, mas também podem

ser informações e conhecimento.

Entretanto segundo Gonçalves (2000) o fluxo de trabalho é apenas um tipo de processo

empresarial, talvez aquele em que as atividades são mais interdependentes e realizadas

numa seqüência específica. Para o autor essa definição estrita deixa de fora processos

que não têm inicio e fim claros ou cujo o fluxo não é bem definido. Às vezes alguns

desses processos têm impacto maior que os demais na própria viabilidade da empresa,

como aqueles ligados à sucessão na empresa, ao desenvolvimento dos gerentes e à

Page 62: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

62

avaliação de desempenho do pessoal. Dessa forma, Gonçalves (2000) apresenta os cinco

modelos básicos de processos empresariais conforme Tabela 2.

Tabela 2: Espectro dos principais modelos de processos (fonte: GONÇALVES, 2000)

Processo como Exemplo Características

Fluxo de material - Processo de fabricação

industrial

• Inputs e outputs claros

• Atividades discretas

• Fluxo observável

• Desenvolvimento linear

• Seqüência de atividades

Fluxo de trabalho

- Desenvolvimento de

produto

- Recrutamento e

contratação de pessoal

• Início e final claros

• Atividades discretas

• Seqüência de atividades

Série de etapas

- Modernização do parque

industrial da empresa

- Redesenho de um

processo

- Aquisição de outra

empresa

• Caminhos alternativos para o

resultado

• Nenhum fluxo perceptível

• Conexão entre atividades

Atividades

coordenadas

- Desenvolvimento

gerencial

- Negociação salarial

• Sem seqüência obrigatória

• Nenhum fluxo perceptível

Mudanças de

estados

- Diversificação de

negócios

- Mudança cultural da

empresa

• Evolução perceptível por meio de

indícios

• Fraca conexão entre atividades

• Durações apenas previstas

• Baixo nível de controle possível.

3.2.2 Classificação de Processos

Os processos podem ser classificados de acordo com Paim (2007) com relação ao seu

propósito/tipo; à sua importância/criticidade; à sua maturidade e; finalmente em relação

à capacitação. Essas classificações segundo o autor serão apresentadas a seguir:

Page 63: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

63

Tipo de propósito: defini como sendo a relação a que se destina ou a finalidade

dos processos, ou seja 1) gerenciar, 2) transformar/produzir um produto ou 3) dar

suporte a outros processos. A classificação de propósito defini que o único processo

transversal é o processo finalísticos. Neste, todas as atividades seriam seqüenciadas para

gerar sempre produtos para clientes. Os processos gerenciais resultam em capacitações

de gestão e os processos operacionais resultam em capacitações operacionais que, em

conjunto, resultam ou explicam o desempenho da firma.

• Os processos de gestão estão relacionados com o gerenciamento da

organização e visam promover com que atividades e recursos sejam, hoje e no

futuro, realizados da forma mais adequada o possível. A separação dos

processos de gestão de processos finalísticos não é uma separação de que

gerencia e que executa o que levaria a retornar aos problemas da administração

cientifica, mas somente separa atividades inter-relacionadas de finalidades

semelhantes, ou seja, não é uma questão de “quem” faz e podem e devem haver

unidades organizacionais e pessoas envolvidas em processos de diferentes

propósitos;

• Processos finalísticos são relacionados com a produção e/ou entrega dos

produtos e/ou serviços finais que a organização oferece. Estes são os típicos

processos transversais, do inicio ao fim, ou ainda de cliente a cliente. São uma

forma de orientar a priorização dos fluxos de objeto ao longo das atividades

que interagem o processo. Estes são os reais processos transversais.

• Processos de Suporte ou Apoio – processos que dão suporte aos processos

finalísticos e aos processos de gestão. De forma geral, descarregam ou

incorporam atividades dos demais processos. Seguem uma lógica de viabilizar

ou apoiar a realização dos demais processos.

Criticidade/importância, relaciona à contribuição para a agregação de valor, à

transformação ou contribuição para transformar do produto que resulte em percepção

pelo cliente, e principalmente, relacionada a orientar os critérios para priorizar os

processos a serem geridos com maior atenção (PAIM, 2002). A criticidade dos

processos é medida em função das conseqüências resultantes de possíveis falhas ou de

oportunidades de melhoria que elevam a prioridade do processo.

Page 64: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

64

• Críticos – as conseqüências de falhas no processo podem gerar grande

número de problemas ou problemas de grandes proporções ou que há grandes

oportunidades para melhoria do desempenho da organização.

• Não críticos – as conseqüências de falhas no processo podem gerar

pequeno número de problemas ou problemas de pequenas proporções ou não

estão associados a oportunidades significativas de melhoria.

Maturidade: relaciona aos típicos níveis de maturidade: Indefinidos, Repetitivos,

Normatizados, Mensurados e Geridos:

• As hoc – processos disparados por demandas não freqüentes e cujo

encaminhamento não apresenta um conjunto de atividades previamente

definidas. Não há uma estruturação do processo.

• Repetitivos – processos que são realizados com freqüência e cuja

sequencia de atividades está bem definida ou estabilizada pela “prática do

dia-a-dia”, porém não se encontram documentados/normatizados. Estes

processos estão internalizados na experiência das pessoas;

• Normatizados – processos que são realizados com freqüência e cuja

seqüência de atividades está bem definida e já documentada,

normatizada, e consistente;

• Mensurados – processos que, além de documentados/normatizados,

apresentam um conjunto de indicadores para medição de seu

desempenho; e

• Geridos – processos que são mensurados e, a partir dos resultados

mostrados pelos indicadores, há atuação de modo a corrigir pontos que

estão em desacordo com as expectativas dos gestores. Estes processos

estão em circuitos/ciclos de melhoria e inovação estruturados e dentro de

padrões de controle assegurados.

Capacitação: relacionada com a capacidade para entregar o prometido: incapaz;

capaz caso a caso; capaz através da organização e capaz de aumentar o valor entregue;

Page 65: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

65

capaz de aumentar o valor continuamente (HYDER, PAULK e HESTON, (2004) apud

PAIM (2007)).

• Incapaz – não há previsibilidade, ou seja, que não conseguem entregar o

prometido. Não há estruturação do processo.

• Capaz caso a caso – há capacidade de atendimento a requerimentos em

ambientes e/ou processos transversais isolados – os processos conseguem

atender demandas de forma pontual dentro de um contexto delimitado e

usualmente simples.

• Capaz para a organização como um todo – há gestão integrada de todos

os processos – a organização como um todo é capaz de assegurar que

todos seus processos conseguem atender aos requerimentos de

desempenho, por ter uma gestão integrada e consistente de processos,

principalmente, os transversais/finalísticos.

• Capaz de aumentar o valor entregue continuamente – há capacidade de

aumentar o valor dos processos ao longo do tempo – a organização como

um todo tem formas de interagir com o mercado e cliente e responder

internamente com a entrega ou antecipação de novas demandas,

aumentando, de forma proativa, o valor entregue aos clientes.

Harringnton (1991) argumenta que às vezes é interessante separar os processos de

produção de bens e serviços oferecidos dos demais processos que ocorrem na empresa:

os processos relacionados com a gestão da empresa e os de apoio aos processos

produtivos.

Ainda dentro da visão de processos segundo Gonçalves (2000), existem três categorias

básicas de processos empresarias:

Processos de negócio ou de cliente são aqueles que caracterizam a atuação da

empresa e que são suportados por outros processos internos, resultando no produto ou

serviço, que é recebido por um cliente externo;

Processos organizacionais ou de integração organizacional são centralizados na

organização e viabilizam o funcionamento coordenado dos vários subsistemas da

Page 66: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

66

organização, em busca de seu desempenho geral, garantindo o suporte adequado aos

processos de negócio; e

Processos gerenciais são focalizados nos gerentes e nas suas relações e incluem

as ações de medição e ajuste do desempenho da organização. Ou seja, ações que os

gerentes devem realizar para dar suporte aos demais processos de negócio.

Gonçalves (2000) também classifica os processos empresariais com relação ao tipo,

capacidade de geração de valor, com relação ao fluxo, atuação e orientação conforme

detalhado na Tabela 3.

Tabela 3: Classificação de processos segundo Gonçalves (2000)

PROCESSOS TIPO

CAPACIDADE

GERAÇÃO DE

VALOR

FLUXO

BÁSICO ATUAÇÃO ORIENTAÇÃO

De negócio

(de cliente)

De produção

física Primários Físicos Transformação Horizontal

De serviço Primários Lógicos Transformação Horizontal

Organizacionais

(apoio aos

processos

produtivos)

Burocráticos De suporte Lógicos Integração

horizontal Horizontal

Comportamentais De suporte Lógicos Não se aplica Não definida

De mudança De suporte Lógicos Não se aplica Não definida

Gerenciais

De

direcionamento De suporte De

informação Integração horizontal

Vertical

De negociação De suporte De informação

Integração horizontal Vertical

De monitorização De suporte De informação

Integração horizontal Vertical

Com relação à capacidade de geração de valor para o cliente os processos podem ser

primários, quando incluem as atividades que geram valor para o cliente, ou de suporte,

que são os conjuntos de atividades que garantem o apoio necessário ao funcionamento

adequado dos processos primários (MARTIN, 1996 apud GONÇALVES (2000)). É

importante notar que os processos primários são os processos de negócio e que os

processos organizacionais e os gerenciais, de acordo com essa definição, são processos

de suporte.

Page 67: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

67

3.3 Estrutura Organizacional e processos: entendendo a organização orientada por função e uma organização orientada por processos

A estrutura organizacional é um dos aspectos mais importantes para a compreensão das

relações que se estabelecem entre pessoas e cargos no ambiente interno de uma

organização. Por meio da formalização de uma estrutura é possível identificar a

interação entre as atividades desempenhadas por cada elemento, áreas ou departamentos

de uma instituição.

Oliveira (2009) destaca que a estrutura organizacional deve ser delineada de acordo com

os objetivos e as estratégias estabelecidas, ou seja, a estrutura organizacional é uma

ferramenta básica para alcançar as situações almejadas pela empresa. Segundo o autor

as mudanças planejadas na estrutura organizacional podem ser consideradas como um

dos meios mais eficazes para melhorar o desempenho do sistema empresarial, sendo que

quando é estabelecida de forma adequada propicia para empresa os seguintes aspectos:

Identificação das tarefas necessárias ao alcance dos objetivos estabelecidos;

Organização das funções e responsabilidades;

Informações, recursos, feedback aos executivos e funcionários;

Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos; e

Condições motivadoras para a realização das tarefas estabelecidas.

Para Gonçalves (1998) a estrutura representa a anatomia de uma organização, onde é

possível perceber a divisão de cargos, a delegação de responsabilidades e autoridade, e é

também onde se estabelece a comunicação e integração entre as diferentes áreas e

funções.

Na abordagem tradicional da administração científica percebeu-se a relevância da

divisão por tarefas e, da coordenação das mesmas, como as principais maneiras de se

alcançar o êxito nos negócios, o que representa uma visão estática e anatômica de uma

organização. Naquele momento, entretanto, os esquemas gráficos que representam a

estrutura da organização tinham características evidentes de uma distribuição por

função. É o que se denominou estrutura dividida por função, ou, estrutura funcional.

Essa definição permitia visualizar as partes e suas relações, mas por caracterizar um

Page 68: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

68

modelo fechado, não demonstra flexibilidade e dinamicidade para responder às

mudanças rápidas do mercado empresarial, necessárias no mundo atual. Esse tipo de

organização foi predominante no século XX e ficaram conhecidas como organizações

orientadas por função cujas características serão mencionadas abaixo.

Segundo Gonçalves (2000), as estruturas funcionais apresentam características

indesejáveis, que comprometem o desempenho das empresas por priorizarem as funções

de cada departamento em detrimento dos processos essenciais, por adotarem o critério

da otimização do funcionamento das áreas funcionais e por apresentarem estruturas

hierárquicas rígidas e pesadas, o que resulta na execução de pedaços fragmentados de

processos de trabalho.

Para o autor, tais estruturas levam as organizações a se enxergarem unicamente para

dentro, para suas próprias atividades, com estruturas hierárquicas pesadas, rígidas e

departamentalizadas, que executam fragmentos do processo de trabalho. Em cada

departamento, predominam atividades padronizadas, controladas por níveis hierárquicos

de chefia, cuja função principal é garantir o cumprimento das normas, resultando em

burocracia e lenta tomada de decisões.

Na visão tradicional ou vertical, a organização apresenta uma estrutura funcional cujas

atividades, pertencentes a uma mesma área técnica ou de conhecimento, são agrupadas

em uma unidade administrativa. Essa estrutura propicia uma visão distorcida da

organização. Primeiramente, não são identificados os clientes (para quem produz); em

segundo lugar, não são considerados os produtos fornecidos aos clientes (o que se

produz), conseqüentemente, não se tem a idéia do fluxo de trabalho pelo qual o produto

é desenvolvido, produzido e entregue (como se produz). Ou seja, a visão estrutural

tradicional de uma organização é geralmente descrita como um organograma vertical de

funções e departamentos, que não mostra as entradas, os clientes, o produto e os

processos internos, fluindo dentro de cada área funcional.

As organizações lidam com o dilema de decidir entre ter estruturas organizacionais

simples ou complexas. A dificuldade está no fato das estruturas simples não darem

conta da complexidade do ambiente de atuação das organizações e as estruturas

Page 69: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

69

complexas não funcionarem pro dificuldades operacionais e de entendimento. A

conseqüência está relacionada à utilização de estruturas que não dão respostas para as

necessidades de coordenação (PAIM et al., 2009).

A complexidade na gestão das organizações envolve ações para uma coordenação,

controle, avaliação, acompanhamento, priorização e apoio à execução do trabalho

desdobradas do entendimento da percepção da natureza dos processos, da estrutura

organizacional, da lógica de coordenação e divisão do trabalho, dos direitos de decisão

e, ainda da natureza dos objetivos que sejam processados pela organização. O aumento

da dinâmica e complexidade do ambiente de atuação das organizações e as novas

tecnologias de gestão têm impacto direto no projeto organizacional. As estruturas

organizacionais estão mais enxutas, passam a considerar não só o eixo funcional, mas

atentam também para a orientação por processos, mercados, clientes e regiões

geográficas (GALBRAITH, 2000 apud Paim (2007).

A relação entre a orientação das organizações, através de seus processos, para seu

mercado, notoriamente, está relacionado com o tipo de estrutura organizacional

adotado. Projetos de levantamento dos processos transmitem aos seus executores

conhecimentos que possibilitam a proposição de estruturas organizacionais mais

adequadas à orientação por processos. A estrutura matricial tem se mostrado adequada

para este fim, mas tem uma série de limitações ou dificuldades práticas para

implantação (GALBRAITH et al., apud Paim (2007)).

A organização orientada por processos está surgindo como forma organizacional

dominante para o século XXI (HAMMER,1996). Abandonando a estrutura por funções,

que foi a forma predominante nas empresas no século XX, as empresas estão

organizando seus recursos e fluxos ao longo de seus processos básicos de operação. Sua

própria lógica de funcionamento está passando a acompanhar a lógica desses processos,

e não mais o raciocínio compartimentado da abordagem funcional (GONÇALVES,

2000).

Faz sentido definir uma estrutura organizacional em torno de um processo como fluxo

de trabalho. Tentar enxergar o funcionamento das empresas do ponto de vista dos

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70

processos é a maneira mais eficaz de escapar da abordagem funcional. De acordo com

essa idéia, as empresas se organizam geralmente como conjuntos de unidades funcionais

verticais, isoladas umas das outras, operando em paralelo, sem muita interligação. Nesse

modelo, os processos precisam atravessar as fronteiras entre as estruturas funcionais,

com sensível perda de tempo, qualidade e capacidade de atendimento (GONÇALVES,

2000).

Paim (2002) destaca que a gestão tradicionalmente funcional orientada comumente de

forma verticalizada, e por vezes, desintegradas, pode ser mudada para uma gestão

orientada por processos, no sentido da agregação de valor que ocorre horizontalmente

nas organizações por meio de seus processos. O projeto ou reprojeto destas

organizações deve considerar estratégia, competência, estrutura organizacional e

indicadores de desempenho de forma alinhada com os processos. Nestas organizações, a

tecnologia da informação auxilia a coordenação entre as diferentes funções

(GALBRAITH, 2000 apud PAIM, 2007).

Paim, Caulliraux e Clemente (2003) afirmam que a orientação por processos é um

avanço inequívoco em relação à estrutura excessivamente funcional. O que se ressalta

passa por assumir que qualquer orientação da estrutura organizacional terá em maior ou

menor intensidade a necessidade de coordenação. Assim, processos estão presentes em

todos os tipos de organização.

Segundo os autores a orientação por processos pode também ser entendida como algo

que está nas organizações funcionais e está especialmente ligada à coordenação lateral

entre as funções/unidades organizacionais. Assim, não necessariamente há uma

alteração na estrutura organizacional para haver orientação por processos. A mudança

na estrutura, de um agrupamento por semelhança para um agrupamento que respeite o

fluxo, facilita a orientação por processos. Desta forma, toda organização tem um

componente funcional, ligado à especialidade técnica, e de processos, ligado à

seqüência de atividades. O desafio das organizações é decidir qual eixo de coordenação

priorizar. No primeiro, há facilidade para se reforçar a especialização, o que implica em

gerar ganhos sistemáticos de desempenho local e, muitas vezes, inferência global. No

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71

segundo, o foco no resultado final do fluxo das atividades implica um desempenho

global mais eficiente, porém há maior complexidade gerencial.

A estrutura organizacional faz parte do projeto organizacional e influencia sobremaneira

a forma como os processos são gerenciados, uma vez que representa como uma

organização divide e coordena o trabalho para atingir um dado propósito.

Dessa forma uma ação de redesenho da estrutura organizacional, principalmente quando

se adota o eixo de processos enquanto prioritário na busca por agilidade, flexibilidade e

integração, deve ser baseada na seguinte premissa segundo Paim (2009):

Orientação de diretrizes estratégicas que estejam desdobradas na estrutura

organizacional e nos processos;

Percepção da organização como um sistema, através do entendimento de seus

processos, em diferentes níveis de agregação, ou seja, a definição de seu

macroprocesso e dos respectivos processos detalhados;

A identificação do cliente final, para o qual são gerados os produtos/serviços da

organização;

A estrutura transversal (por processos) complementar à estrutura funcional;

A definição de mecanismos decisórios que lidem com os conflitos inerentes a

uma organização com dois eixos de gestão: o funcional e o de processos, este

transversal e aquele hierárquico/vertical;

A formação de grupos para a gestão de processos do início ao fim;

A formação de coordenação lateral, tanto relativa à comunicação e sistemas de

informação quanto à coordenação de atividades em si, para buscar/suportar a

gestão dos tais processos transversais da organização;

A definição de estruturas de governança para os processos; e

A definição de níveis decisórios que norteiam a autoridade e responsabilidade,

materializada na estrutura organizacional.

Não obstante, Paim (2007) em síntese defini a orientação por processos com sendo um

modelo que prioriza a gestão organizacional a partir dos processos ou centrada na idéia

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72

de que os processos devem apoiar a coordenação do trabalho. Isto segundo o autor, não

demanda necessariamente uma mudança na estrutura organizacional, mas demanda:

o Criação e sustentação de uma cultura de gestão baseada em dar

visibilidade e entendimento aos processos;

o Mensurar o desempenho dos processos e não somente das funções ou

departamentos funcionais;

o Ter praticas para que os processos sejam melhorados quando necessário;

o Promover integração e reduzir os conflitos interdepartamentais;

o Reforçar a noção que o foco em processos é um meio para ter foco em

clientes finais e que este foco traz consigo a noção de processos

transversais;

o Criar um responsabilidade compartilhada sobre o processo transversal e

definir as responsabilidades pelas partes componentes do processo

Dessa forma, se na estrutura organizacional os processos são o primeiro eixo de

organização do trabalho, a orientação por processos será mais priorizada. Se a estrutura

é funcional, mas há incorporação no modelo de gestão de elementos com foco em

processos, pode ser aceito uma estrutura funcional que tem orientação por processos. A

estrutura dará conta principalmente da divisão do trabalho e a orientação por processos

responderá prioritariamente para coordenação do trabalho e melhoria do projeto do

trabalho (PAIM, 2007).

A Figura 20 apresenta uma trajetória de mudança da estrutura funcional tradicional até

uma estrutura orientada por processos, na qual as unidades funcionais têm menos

destaque. Na primeira estrutura não há representação dos processos e somente as

unidades organizacionais integram. Na segunda estrutura os processos transversais

passa a ser reconhecidos pela organização, que continua a ter elementos funcionais, mas

reconhece em um segundo plano os processos transversais, o que caracteriza como

tendo uma estrutura matricial fraca. Na terceira a estrutura continua a ser matricial, mas

agora os processos estão sendo priorizados que corrobora para uma estrutura matricial

forte. Na quarta e última estrutura as unidades funcionais perdem importância onde os

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73

processos transversais passam a ser o principal eixo em torno do qual a organização

constrói seu projeto organizacional.

Figura 20: Exemplo de estruturas organizacionais funcional e orientada por processos (fonte: Adaptação

de Gestão de Processos empresariais http: //www.bpmenterprise.com)

O que ressalta passa por assumir que qualquer orientação da estrutura organizacional

terá, em menor ou maior intensidade, necessidade de coordenação. Assim, processos

estão presentes em todos os tipos de organização. A estruturação/ orientação por

processos pode também ser entendida como algo que está nas organizações funcionais e

está ligada à coordenação lateral entre as funções/unidades organizacionais

(GALBRAITH, 2000 apud Paim, 2007). Desta forma, não necessariamente há uma

alteração na estrutura organizacional para haver orientação por processos. A mudança

na estrutura, de um agrupamento por semelhança para um agrupamento que respeite o

fluxo, facilita a orientação por processo. Assim toda organização tem um componente

funcional, ligado à responsabilidade, e de processos, ligado à seqüência de atividades. O

desafio das organizações é decidir qual eixo priorizar, o funcional ou de processos, visto

que no primeiro há possibilidade de especialização local, o que não é necessariamente

ruim e em muitos casos necessário e no segundo, o desempenho global mais positivo

por um lado,mas mais difícil/complexo de gerenciar com os modelos mentais vigentes

(GALBRAITH, 2000 apud Paim,2007).

Nesse sentido, a análise dos processos da organização tem uma fundamental

importância para a sua efetiva reestruturação. Uma empresa – ao levantar e modelar

seus processos – evidencia os seus problemas, facilita a reestruturação organizacional e

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a concepção e implantação de uma arquitetura integrada de sistemas. Deste modo, uma

organização que conhece os seus processos tem maior potencial de resultados na

integração entre suas áreas.

Diante toda a explanação apresentada acima, serão descritos em seguida os tipos de

estruturas organizacionais mais utilizados nas organizações, onde serão abordados com

mais detalhes as estruturas funcionais e por processos apresentando suas vantagens e

desvantagens.

3.3.1 Tipos de Estruturas Organizacionais

3.3.1.1 Estrutura Funcional / Vertical

A estrutura funcional é o tipo mais comum de departamentalização, sendo baseado no

agrupamento de atividades que utilizam habilidades, conhecimentos e recursos similares

o que leva à cultura de silos numa organização. As unidades organizacionais são

formadas de acordo com a principal função especializada ou técnica.

As principais vantagens deste tipo de estrutura são:

Especialidade técnica e coordenação intradepartamental: as pessoas

compartilham a mesma especialidade funcional, o que pode constituir uma forte

vantagem competitiva;

Baixos custos administrativos locais: a carga de trabalho pode ser calculada em

função de maior ou menor demanda, já que as pessoas trabalham no mesmo tipo

de tarefa.

As principais desvantagens associadas a este tipo de estrutura são:

Visão de especialistas: pode gerar alguns prejuízos à organização na medida em

que cada departamento é responsável por uma parte específica da tarefa

organizacional e dependem um do outro para a realização da tarefa como um

todo.

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Limitação dos administradores: cada gerente tem autoridade limitada e

circunscrita de tomar decisões, não tendo poder para intervir nos demais

departamentos mesmo que estes estejam prejudicando seu desempenho. Esta

limitação pode custar tempo e dinheiro e acarretar no distanciamento dos

interesses dos clientes.

Falta de coordenação interdepartamental: responsável pela comunicação precária

entre as fronteiras funcionais;

Visão específica: falta de responsabilidade pelos resultados globais e a não

formação de gerentes generalistas, capazes de tocar a operação inteira.

3.3.1.2 Estrutura por Processos / horizontais

Uma estrutura organizacional por processos tem dificuldades para ser definida e

representada. Muitas vezes o termo se confunde com gestão de processos, orientação

por processos e gestão por processos. Assim, é importante definir o que é uma estrutura

organizacional por processos e apresentar imagens que complementem esse

entendimento. A argumentação sustenta que este conceito está relacionado com a gestão

de processos, mas não é estritamente necessário para gerenciar processos. A estrutura

por processos, por outro lado, é necessária para uma gestão por processos (PAIM et. al.,

2009).

Segundo Galbrath (2000), escolher e projetar uma estrutura organizacional por

processos implica que a organização se estruture em unidades ao longo da seqüência de

execução de seus principais processos.

As estruturas por processo devem ter as seguintes vantagens:

Focalização no processo: esta estrutura segue o fluxo natural do trabalho dentro

da organização, o que facilita o trabalho, desde seu início até sua finalização;

Cadeia de Valor: cada unidade tem um fornecedor e um cliente em cada uma de

suas pontas. O intercâmbio é horizontal, formando uma verdadeira cadeia de

valor ao longo da organização , se houver coordenação entre as unidades. A

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preocupação interna de prestar um serviço melhor para a unidade seguinte se

traduz em uma preocupação externa de prestar um serviço melhor ao cliente.

Custos operacionais baixos: as pessoas trabalham focalizadas no andamento do

processo em um conjunto de departamentos.

As desvantagens associadas a este tipo de estrutura organizacional são:

Especialização: alta complexidade para a gestão de um processo por inteiro,

demandando generalização e dificultando a especialização.

Fragmentação: cada departamento executa uma fração do processo e cada

gerente tem autoridade limitada e circunscrita de tomar decisões. Problema

semelhante foi verificado na estrutura funcional;

Indefinição da responsabilidade geral: a fragmentação dificulta a

responsabilidade pelos resultados globais. Cada departamento pode transferir a

culpa dos erros para os outros, como ocorre na estrutura funcional.

Conflitos de indicadores de desempenho: a maximização de resultados locais

não gera um melhor resultado global, logo unidades que estão com bom

desempenho podem ser mal avaliada ou não tão bem avaliadas em função de um

mau desempenho de outra unidade.

3.3.1.3 Estrutura Matricial

É a combinação entre a departamentalização funcional e por processos na mesma

estrutura organizacional. A matriz tem duas linhas de autoridade; cada unidade se

reporta a superiores e cada pessoa tem dois chefes: um para atender à orientação

funcional (finanças, vendas etc.) e outro para atender à orientação divisional (para o

produto/serviço, cliente, processo ou projeto específico que está sendo desenvolvido).

Esta estrutura é utilizada quando a organização deseja obter os benefícios divisionais e

manter a especialidade técnica das unidades funcionais.

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As principais vantagens deste tipo de estrutura são:

Maximização de vantagens e minimização de desvantagens : permite obter as

vantagens das estruturas funcional e divisional, enquanto procura reduzir as

fraquezas e limitações delas.

Inovação e mudança: a subordinação a mais de um gerente, possibilita pleno uso

das pessoas e suas habilidades, enquanto mantém a especialização técnica nas

funções críticas.

Suas desvantagens são as seguintes:

Confusão: pode ocorrer quando são tomadas diferentes decisões pelos gerentes.

Conflito e tensão: estão associados ao recebimento de demandas e ordens

conflitivas ao mesmo tempo, podendo conduzir ao estresse pessoal e à redução

da qualidade do trabalho.

Necessidade de definições claras: a responsabilidade e autoridade de cada pessoa

devem ser claramente definidas para o bom funcionamento da organização.

3.4 Estratégia e processos

A discussão sobre a definição do termo estratégia evoluiu a partir da década de 60. O

termo é utilizado para designar os rumos pensados das organizações, pela definição de

estratégia como a determinação dos objetivos básicos de longo prazo e a adoção de

curso de ação e alocação de recursos para alcançar os objetivos.

Esta definição intrinsecamente demanda um alinhamento organizacional,

principalmente, entre estratégia e estrutura, mas já indica que a estratégia e os processos

também devem estar alinhados entre si. A partir desta época, ao ser associada à

organização como um todo, começam a surgir ferramentas que relacionam estratégia e

processos, exemplos delas são:

Modelo de cinco forças de Porte (1980): que tem utilidade para orientar o

entedimento do ambiente externo conforme pode ser demonstrado na Figura 21:

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Figura 21: Modelo das Cinco Forças de Porter (fonte: adaptado de Porter, 1980)

Cadeia de Valor Agregado: proposta por Porter (1985) que tem como principais

utilidades a capacidade de relacionar a estratégia como uma forma específica de

desenhar os processos. Contribui ainda para reforçar que os processos são uma estrutura

de agregação de valor e que processos secundários ou de suporte devem ser integrados

às atividades finalísticas ou primárias para melhor responder à estratégia. A Figura 22 a

seguir mostra a Cadeia de Valores proposto por Porter.

Figura 22: Cadeia de Valor (fonte: Porter, 1985)

Balanced Scorecard – BSC (Kaplan, 1996): segundo Kaplan e Norton, o BSC é capaz

de traduzir a missão e a estratégia das empresas em um conjunto abrangente de medidas

de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica. Esse

desempenho organizacional é medido sobre quatro perspectivas equilibradas: financeira,

do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento, que forma a estrutura

do BSC como demonstrado na Figura 23.

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Figura 23: Balance Scorecard – BSC (fonte: adaptado de Kaplan, 1996)

Dessa forma traz duas contribuições para relação entre processos e estratégias, uma

delas seria o fato dos processos serem reforçados como instrumentos para implantar a

estratégia, ou seja, uma discussão de onde atuar para melhorar o indicador que irá,

conseqüentemente, contribuir para a estratégia.

Os Níveis de Análises de Harmon (2003), que inicia uma combinação entre análise

externa e interna, mas que destaca os processos e os níveis decisórios da organização,

conforme ilustra na Figura 24 abaixo:

Figura 24: Níveis de Análise (fonte: HARMON, 2003 apud PAIM et.al., 2009)

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Analise SWOT (Strenghts,Weaknesses .Opportunities, Threats), proposta

originalmente por Andrews (1971), que articula a análise das oportunidades e ameaças

do ambiente externo com as forças e fraquezas internas à organização. Propõe que a

melhor estratégia para uma organização está no encaixe entre suas características

singulares internas e as circunstâncias ambientais externas em que se encontra (Figura

25).

Figura 25: Análise SWOT

Com a combinação dos conceitos e ferramentas relacionadas com a gestão estratégica e

que influencia o desenho de processos e também a incorporação de um processo de

formulação e implantação de estratégia, Paim et. al., (2009) sintetizou as ferramentas

SWOT, o Modelo de Cinco Forças, os Níveis de Análise e a cadeia de valor como

formas de analisar e entender o ambiente externo e interno da organização conforme

apresentado na Figura 26.

Figura 26: Estrutura de análise e entendimento do ambiente interno e externo (fonte: Paim, et. al., 2009)

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Dentro do contexto de que uma palavra pode ser usada de diversas maneiras,

dependendo do contexto que se encontra, Quinn, Mintzber e James (1988) adotaram

cinco definições para estratégia, aqui resumidas como: a estratégia é um plano

elaborado para direcionar as empresas; é um padrão de comportamento que uma

determinada empresa segue ao longo de sua história, direcionando suas ações e decisões

importantes; é uma posição no mercado, na busca de vantagens competitivas, escolhidas

por um empresa par obter melhores condições de negociação; é uma perspectiva,

segundo uma grande visão da empresa em relação ao que pode ser esperado do futuro e

o que será feito a respeito e; finalmente é uma manobra para obter uma posição

privilegiada, relacionada à manutenção de posição ou buscar o poder.

Galbraith (1995) apud Paim et. al., (2009) reforça que o conceito de estratégia está

diretamente relacionado ao conceito de processos, através do Modelo Estrela. Este

modelo apresenta relações e afirma que diferentes estratégias determinam diferentes

combinações de estruturas organizacionais, processos, recompensas e pessoas. O

modelo foi adaptado conforme apresentado na Figura 27 para incluir as conseqüências e

consistência de um projeto organizacional coerente. Estas conseqüências são mudanças

no comportamento, que levam, por sua vez, a melhoria do desempenho e na cultura

organizacional.

Figura 27: O modelo estrela adaptado (fonte: adaptação de Galbraith, 2000 apud PAIM et. al, 2009)

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3.5 Sistemas de desempenho e processos

Os sistemas de avaliação de desempenho, entendido dentro do contexto de integração

entre medidas, indicadores e sistemas de indicadores, são um conjunto articulado de

indicadores de desempenho que permite realizar gestão a partir do seu acompanhamento

e tomada de decisão gerenciais. A partir de um sistema de medição de desempenho é

possível:

Comunicar estratégia e clarear valores;

Identificar problemas e oportunidades;

Entender os processos;

Melhorar o controle e planejamento;

Identificar momentos e locais de ações necessárias;

Mudar comportamentos tornar possível a visualização de trabalhos;

Envolver pessoas;

Fazer parte ativa da remuneração funcional; e

Facilitar a delegação de responsabilidades.

O estabelecimento da medição de desempenho requer uma avaliação de questões de

grande complexidade, quando pensadas no contexto organizacional, a saber: medir para

quê? Medir o quê? Medir para quem? Como medir? O ato de medir consiste em um

conjunto de atividades que visam quantificar variáveis e atributos de interesse do objeto

a ser estudado. Medidas de desempenho da organização devem ser consideradas como

mecanismos para monitorar se a estratégia está sendo seguida de forma satisfatória e se

as ações das pessoas estão alinhadas a tal estratégia (OLIVEIRA et. al., 2007).

Ainda segundo os autores, em um ambiente complexo, o conjunto de medidas de

desempenho deve estar organizado de forma a atender os propósitos referidos no “para

quê, o quê, para quem e como”. Tem-se assim o estabelecimento de um sistema de

medição de desempenho, considerando que a existência de cada medida só faz sentido

quando pensada dentro de um conjunto de medidas. Dessa forma as medidas são a

materialização de determinado desempenho, qualitativo ou quantitativo, de forma a ser

possível comparar tal medida com uma determinada grandeza de referência.

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O sistema de medição de desempenho consiste, pois, em um conjunto de indicadores de

desempenho organizacionais que deve se comportar como agente indutor de mudanças,

informando às partes o que se deve fazer para melhorar o desempenho do todo. Assim, a

definição dos indicadores de desempenho de uma organização passa, primeiramente,

pelo entendimento dos seus objetivos e, por conseguinte, da estratégia pretendida por tal

organização.

A gestão por indicadores de desempenho permite, portanto, a identificação de gaps de

performance entre o padrão estabelecido pela estratégia e pelos resultados reais obtidos

pela organização. Trata-se da identificação da efetividade da transformação da

estratégia em ação. O indicador de desempenho, por sua vez, é o resultado da

convergência de uma ou mais medidas que torna possível a compreensão do

comportamento do objeto que se quer avaliar a partir dos limites estabelecidos, sendo

referências ou metas (OLIVEIRA et. al., 2007).

Segundo Paim (2007) a modelagem de processos facilita a identificação dos indicadores

de desempenho devido ao corte transversal dos processos permitindo que sejam

selecionados indicadores globais. Indicadores locais que levam a desempenhos

pontualmente desbalanceados e resultados globais possivelmente insatisfatórios não

serão identificados nesse caso. O autor afirma que a modelagem dos processos seria

então fundamental par que seja possível definir indicadores de desempenho que

orientem o comportamento dos indivíduos para uma lógica de processos.

A Figura 28 ilustra que se processos transversais são definidos e entendidos, pode

ocorrer a definição de indicadores que estejam orientados pelos processos e não só pelas

unidades organizacionais.

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Figura 28: Indicadores de desempenho a partir de uma visão por processos (fonte: RIBEIRO, 2006 apud

PAIM, 2007)

O levantamento dos processos de negócio de uma organização permite a identificação e

escolha dos indicadores de desempenho por processos, na visão de Rummler e Brache

(1992), aderentes aos objetivos estratégicos da organização.

Segundo Caulliraux e Cameira (2000), a definição de indicadores de desempenho é um

dos desdobramentos mais naturais a partir da análise dos processos, pois permite

questionar se um indicador local, fortemente presente em organizações puramente

funcionais, tem algum impacto global. Olhar somente o indicador local pode provocar

“distorções de percepção” quando se analisa globalmente o reflexo destes indicadores

(ANTUNES JR, CAULLIRAUX e NEVES, 1998).

Os indicadores de desempenho entram na discussão de gestão no momento em que a

estratégia é comunicada para a organização, ou seja, quando a estratégia consegue ser

traduzida em objetivos estratégicos, que por sua vez, são desdobrados em objetivos

gerenciais e operacionais, no sentido top-down (de cima para baixo). Percebe-se, de

fato, que o mesmo desdobramento existente em termos hierárquicos dos objetivos

estratégicos se aplica aos indicadores de desempenho.

Uma das propostas conceituais nesta linha de maior difusão atualmente é a do Balanced

Scorecard (NORTON e KAPLAN, 1996), que é capaz de traduzir a missão e a

estratégia das empresas em um conjunto abrangente de medidas de desempenho que

Cadeia Produtiva Macroprocesso da organização Processos detalhados Indicadores de desempenho

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serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica. Esse desempenho

organizacional é medido sobre quatro perspectivas equilibradas: financeira, do cliente,

dos processos internos e do aprendizado e crescimento

Os processos podem ser utilizados para a definição de indicadores de eficiência, ligados

ao rendimento da utilização de recursos pelos processos, e de eficácia, ligados ao

alcance de objetivos e resultados dos processos. A efetividade está relacionada à

capacidade de se prestar um determinado serviço de acordo com as expectativas e

percepção de valor do cliente final ao longo do tempo, ou seja, está associada à

sustentabilidade no longo prazo. A eficácia está relacionada à capacidade de se prestar

um determinado serviço de forma a alcançar as metas para ele estipuladas, pela

organização ou por agentes externos; e a eficiência está relacionada à capacidade de se

prestar um determinado serviço minimizando a utilização de recursos, podendo estes

recursos serem entendidos como: tempo, capital, trabalho, etc, assegurando a

conformidade e o atendimento dos prazos (MPOG BRASIL, 1999 apud PAIM, 2007).

Na Figura 29 verifica-se a definição de indicadores de eficiência ligados ao desempenho

local dos processos e o de eficácia ligado aos produtos ou aos resultados dos processos.

Figura 29: Eficiência/Processo e Eficácia/Produto (fonte: PAIM, 2001)

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3.6 Competências e processos

Pode-se definir competência pela capacidade de um indivíduo executar uma

determinada tarefa, sendo circunstancial, pois depende de sua história, de sua vontade,

do ambiente organizacional percebido e das características específicas da situação em

que a tarefa será executada (CARDOSO, 2004). Com isso, competência está fortemente

relacionada ao conhecimento do indivíduo, mas também suas experiências e atitudes

perante uma dada situação.

Do ponto de vista dos recursos humanos e, sobretudo das competências, o grande

desafio a ser enfrentado é desenvolver empregados de todos os níveis para a empresa

baseada em processos. Em princípio para promover essa transformação é necessário

(GONÇALVES, 1997):

Transformar empregados de tarefas em profissionais em processos;

Repensar os papéis dos administradores e dos empregados nas empresas

estruturadas por processos;

Reinventar os sistemas de gestão de recursos humanos, desde o treinamento até

os esquemas de reconhecimento dos esforços;

Fazer com que o aprendizado seja parte do dia-a-dia dos negócios da empresa; e

Moldar uma nova cultura que dê suporte à nova maneira de trabalhar.

A empresa do século XXI será organizada em torno de seus processos e centrará seus

esforços em seus clientes; será ágil, enxuta e seus jobs exigirão conhecimento do

negócio, autonomia, responsabilidade e habilidade na tomada de decisão. Nela não

haverá lugar para os empregados tradicionais, aqueles que as empresas preparam

durante tanto tempo e que hoje tripulam as nossas organizações (GONÇALVES, 1997).

Segundo Gonçalves (1997) a centralização das empresas em seus processos levará a

desenhos organizacionais muito diferentes que se conhece. O primeiro estágio, não

apenas previsível, mas que já está sendo adotado por muitas empresas, é o de

redistribuir os recursos humanos e técnicos da empresa ao longo dos processos de

negócio. As parcerias e as redes de empresas estão surgindo como o segundo estágio

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sendo que nem todos os recursos essenciais para a operação da empresa encontram-se

dentro dela e nem pertencem a ela.

Cardoso (2004) destaca que conforme evoluem as tecnologias de gestão e produção,

bem como as práticas profissionais e sociais, o papel do homem nas organizações se

modifica, e, conseqüentemente, sua importância acompanha estas modificações. Nos

dias de hoje, cada vez mais o papel dos seres humanos nas organizações vem se

restringindo às atividades de natureza mais complexa que ainda não são passíveis de

delegação a sistemas automatizados. Neste sentido, cada vez mais, espera-se do homem

justamente aquilo que lhe diferencia de todos os demais recursos da organização, a

inteligência (CARDOSO, 2004).

Para o autor, em síntese, é possível afirmar que há um processo acelerado de

intelectualização da mão-de-obra em curso e que, futuramente, o papel das pessoas na

organização será efetivamente distinto dos demais recursos. É possível esperar que, no

limite das possibilidades de automação, reste aos seres humanos apenas pensar,

aprimorar e orientar a execução dos processos organizacionais. Certamente, isto implica

existir profissionais com perfil significativamente distinto do existente na atualidade na

maior parte das organizações, principalmente, nas economias menos desenvolvidas.

Sendo assim, a gestão dos recursos humanos precisa acompanhar estas transformações,

tanto para se adequar às novas necessidades das organizações produtivas quanto para se

adequar às novas exigências e características do ambiente competitivo. Segundo

(CHIAVENATO, 1999 apud CARDOSO, 2004),

“Na verdade, a ARH – Administração de Recursos Humanos – está se ajustando

rapidamente os novos tempos. Como? De uma maneira ampla e irreversível. Ela

está deixando de ser ARH para se transformar em Gestão de Pessoas. De uma

área fechada, hermética, monopolística e centralizadora que a caracterizavam no

passado, a moderna ARH está se tornando aberta, amigável, compartilhadora e

descentralizadora.”

Ainda segundo CHIAVENATO (1999) apud (CARDOSO,1997), a missão da área de

RH migrou de fazer cumprir as exigências legais em relação ao trabalho, passou por

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atrair e manter os melhores funcionários e chegou a criar a melhor empresa e a melhor

qualidade do trabalho. Há, claramente, uma ascensão da função RH de uma operadora

burocrática para um potencial contribuinte direto para o valor produzido e entregue pela

organização aos seus clientes, ou seja, ascendeu definitivamente para um papel

estratégico. Dessa visão corroboram BECKER, HUSELID e ULRICH (2001) apud

Cardoso (2004) quando propõem que a eficácia da gestão de RH tem duas dimensões

essenciais, uma técnica, restrita a prestação dos serviços básicos, e uma estratégica, que

envolve a prestação desses serviços de maneira a respaldar diretamente a

implementação da estratégia da organização.

Contudo, Cardoso (2004) destaca que a gestão de recursos humanos tem sofrido ou

passado por pequenas modificações e que não seriam suficientes na sustentação para

avançar na gestão de pessoas capazes de se focarem em pensar, aprimorar e orientar a

execução dos processos. Entre as funções tradicionais de gestão de recursos humanos, o

autor resume os seguintes grupos de atividades: definição de cargos e salários;

recrutamento e seleção; treinamento e desenvolvimento; avaliação de desempenho;

provimento de benefícios sociais; sustentação da higiene e segurança; e admissão e

demissão de pessoal. Para tanto o autor em seu trabalho propõe um método de gestão de

competência orientado por processos que seria mais adequado para sustentar a gestão de

recursos humanos.

Tendo essa mesma visão de que a área de recursos humanos não está preparada nem

estruturada, Gonçalves (1997) apresenta na Figura 30 os desafios que a área de RH

tende a enfrentar no futuro. Segundo o autor os responsáveis pela gestão das empresas

precisarão redesenhar os sistemas e redefinir os critérios com os quais as empresas são

administradas e caberá aos especialistas em recursos humanos dar o apoio necessário

para a reestruturação.

Page 89: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

89

Figura 30: Desafios da Gestão do RH (fonte: Gonçalves, 1997)

Neste sentido, para que a organização ganhe competitividade e sobreviva às exigências

do ambiente contemporâneo; mais complexo, diversificado e dinâmico é fundamental a

utilização de uma abordagem processual na sua gestão, em todas as suas instâncias,

inclusive no planejamento de RH.

Portanto, cada vez mais se pressupõe uma gestão de recursos humanos plenamente

consciente da estratégia da organização, capaz de desdobrá-la em necessidades de

recursos humanos e atuando objetivamente para suportar a execução dos processos da

organização em direção ao alcance de suas metas. Há mais de duas décadas PORTER

(1992) já reconhecia a forte influência que esta função exerce sobre o desempenho das

organizações. “A gerência de recursos humanos afeta a vantagem competitiva em qualquer

empresa, através do seu papel na determinação das qualificações e da motivação

dos empregados e do custo de contratação e do treinamento. Em algumas

indústrias, ela é a chave para a vantagem competitiva” (PORTER, 1992:39).

Diante das mais diversas definições encontradas na literatura, Cardoso (2004) chegou à

seguinte definição do que seria o termo competência: “a capacidade de um individuo em

executar uma determinada atividade”. Segundo o autor ela é significativamente

circunstancial, na medida em que depende de sua história ou de seu conhecimento

pessoal acumulado – o que estudou, o que viveu, que valores absorveu, que

características físicas adquiriu, entre outros -, de sua vontade – ou de seu livre arbítrio

para determinar o esforço a ser empreendido -, do ambiente organizacional percebido e

Page 90: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

90

das características específicas da situação em que a tarefa será executada. Como

exatamente todas estas variáveis se combinam para determinar a competência e,

conseqüentemente o desempenho alcançado pelo indivíduo na execução da tarefa, é

algo misterioso (CARDOSO, 2004).

A questão seria, primeiro, assegurar que as competências são geridas e se manifestam

quando necessário, visto que dependem da vontade do individuo. A segunda questão

seria como gerir estas competências por processos. A tese de doutorado de Cardoso

propõe um método de gestão de competências que seja efetiva para gestão dos

conhecimentos tácitos das organizações.

Em seu trabalho Cardoso (2004) classifica competência como conhecimento, atitude e

experiência. Os dois primeiros podem ser medidos em termos de proficiência (alto,

médio alto, médio, médio baixo e baixo), o terceiro só pode ser expresso em termos de

período de tempo e quantidade de vezes que o individuo passa exercendo a atividade.

A Figura 31 ilustra o modelo da Gestão de Competência por Processos – GCP,

incluindo as demais dimensões da competência – experiência e atitudes - e pressupondo

a possibilidade de relacionamento com ‘n’ atividades de ‘N’ processos. Em relação às

demais dimensões, vale ressaltar que elas têm características próprias distintas entre si,

não sendo então conveniente compará-las matematicamente entre si, mas pudesse fazer

uma comparação relativa e qualitativa.

Figura 31: Modelo esquemático da correlação entre os “requisitos de competência” de uma atividade e a

disponibilidade dos mesmos em um indivíduo (fonte: CARDOSO, 2004)

Page 91: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

91

Para Cardoso (2004), “a competência é um fenômeno que se manifesta

intencionalmente diante da necessidade de executar uma tarefa. Os processos são uma

estrutura para a ação, ou seja, um conjunto articulado de atividades recorrentes com

finalidades específicas que, quando são atribuídas a alguém são denominadas tarefas.

Assim, processos e competências são, na verdade, dois lados da mesma moeda, já que

as competências que devem se manifestar correspondem perfeitamente às atividades que

precisam ser executadas e que requerem intervenção do homem”.

O método proposto pelo autor para gestão de competência por processos está

apresentado na Figura 32, onde envolve as etapas de: elaboração da árvore preliminar de

conhecimentos; levantamento dos conhecimentos necessários para realizar os processos;

levantamento dos conhecimentos disponíveis na organização; tratamento e análise dos

dados; planejamento de treinamento; capacitação e; avaliação e aprendizado.

Figura 32: Método genérico de implantação da gestão de competências (fonte: CARDOSO, 2004)

3.7 Informação, conhecimentos e processos

O conjunto dados, informações e conhecimento tem sido importante fator de

competitividade em diferentes tipos de organizações. Através do gerenciamento desses

recursos pode-se subsidiar várias atividades para a melhoria contínua do negócio da

organização resultando no aumento da produtividade e da qualidade da organização em

oferecer seus produtos e serviços.

Page 92: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

92

A definição de dado e informação presente em DAVENPORT e PRUSAK (1998) apud

(CARDOSO, 2004), é tão simplesmente um “registro estruturado”, sem significado

próprio inteligível às pessoas, mas passível de tratamento por sistemas computacionais

e, eventualmente, podendo se transformar em informação quando passa a ter qualquer

tipo de significado específico a um interlocutor, tornando-se então uma “mensagem com

relevância e propósito.

O dado que adquiri significado pode se tornar uma informação para aquelas pessoas que

forem capazes de interpretar a linguagem na qual está codificada. Dessa forma o

significado interpretado daquela informação se transforma numa crença individual, ou

seja, se converte em um conhecimento pessoal (Paim et. al., 2009).

A criação do conhecimento organizacional segundo Nonaka (1995) está fundamentada

em modelos mentais baseados em conceitos da filosofia. Cabe destacar que o modelo

não enfatiza processos para a gestão do conhecimento, mas a promoção da criação do

conhecimento. Seus estudos ressaltam alteração na estrutura organizacional e nas

equipes da empresa como meios de propiciar a criação de conhecimento organizacional

DE SORDI (2007).

A Figura 33 ilustra o modelo mental de locais utilizado por Nonaka que combina os

conhecimentos tácitos e explícitos entre atores detentores e geradores de conhecimento:

indivíduo ‘i’, grupo ‘g’ e organização’o’. As associações entre eles compõe quatro

ambientes para troca de imagens e idéias que propiciam a criação de conhecimento, que

são ambiente de socialização, externalização, internalização e combinação. Segundo

Nonaka e Takeuchi (1995) apud De Sordi (2007), “O conhecimento tácito é pessoal,

contexto-específico e, portanto, difícil de formalizar e comunicar. Conhecimento

explícito ou ‘codificado’, por outro lado, se refere ao conhecimento que é transmissível

em linguagem formal e sistemática”.

Page 93: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

93

Figura 33: Espiral da geração do conhecimento (fonte: NONAKA e KONNO, 1998 apud DE SORDI,

2007)

Cardoso (2004) relaciona dado, informação e conhecimento aos processos ao ilustrar

essa relação conforme verificado na Figura 34 ao afirmar que “não se pode deixar de

perceber que cada uma dessa dimensões traz contribuições específicas a cada tipo de

ação que toma parte durante a execução dos processos. Enquanto o emprego de recursos

humanos tipicamente possibilita ações inovadoras e complexas, os sistemas físicos

(dados, informação) permitem a automação e a padronização de ações passíveis de

modelagem”.

Figura 34: Os tipos de Conhecimento Organizacional correlacionados aos tipos de ação que suportam

(fonte: CARDOSO, 2004)

A maior disponibilidade de tecnologia da informação e o aumento contínuo da

complexidade do trabalho humano, entre outros fenômenos que vem se intensificando,

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94

exigem que as empresas se posicionem sempre à frente da demanda por competência,

tomando decisões estratégicas de capacitação com vistas a conduzir tanto as atividades

de rotina quanto as de mudança, de maneira a incorrer sistematicamente em melhoria de

desempenho (Paim et. al., 2009).

Nesse sentido, segundo os autores, as organizações vêm sendo pressionadas a tomar

decisões de construção de capacitações com maior freqüência, seja para melhor executar

os processos rotineiros, seja para melhor conduzir os projetos internos de melhoria.

Assim, a valorização dos ativos de conhecimento das organizações cria um novo

mercado, onde as organizações disputam pelos recursos humanos de maior

competência.

Paim (2007) afirma que há duas relações entre processos e conhecimentos. Na primeira,

os modelos resultantes de uma ação de gestão de processos são uma importante forma

de explicitar o conhecimento organizacional sobre a forma através da qual a

organização realiza seu trabalho. Na segunda, os modelos são um importante referencial

para o desenvolvimento de uma ação de gestão do conhecimento mais voltada para ou

orientada por processos. Para o primeiro caso, a explicitação dos processos passa por

assumir que o fluxo do processo, representado em modelos, pode ser capturado, salvo e

reutilizado (DAVENPORT, 2000). Para o segundo caso, os conhecimentos utilizados

para a execução dos processos podem ser levantados durante a Modelagem de

Processos, permitindo assim a identificação das estruturas de conhecimentos da

organização, estudos de gaps e elaboração de programas de treinamento e capacitação.

Recentemente em função das transformações pelas quais passa o mundo empresarial, a

Gestão do Conhecimento tem ocupado um lugar de destaque crescente dentre as

prioridades das organizações não tendo o aprofundamento que merece nessa

dissertação, apenas uma síntese da tão grandiosa técnica de gestão.

Cardoso (2004) em seus estudos definiria, a gestão do conhecimento organizacional

como uma sistemática para garantir a disponibilidade do conhecimento – tácito ou

explícito – aos seus processos com a máxima eficácia e eficiência possível. Um

componente fundamental desta sistemática deveria ser induzir uma ambiência cultural e

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95

tecnológica favorável à criação, compartilhamento, organização e aplicação de

conhecimento através da organização. Segundo o autor os benefícios passíveis de serem

alcançados através de práticas de gestão de conhecimento são, entre outros:

Aumento da velocidade e da objetividade das inovações em produtos e

processos.

Redução do impacto negativo no desempenho da organização devido à evasão

ou à rotatividade de profissionais.

Aumento do retorno sobre o investimento de atividades de capacitação da

organização sejam elas de treinamento, desenvolvimento, contratação ou

remanejamento de profissionais.

Aumento da eficácia da gestão das informações – informação certa no momento

certo para a pessoa certa.

Aumento do valor do estoque de informações disponível, para a organização e

para o mercado.

Aumento da efetividade decisória – decisões mais rápidas e mais “certas” – da

organização.

Aumento da efetividade operacional interna e externa – operações mais

eficientes e eficazes resultando em melhor desempenho.

Aumento do potencial de colaboração da organização, dentro e fora da mesma.

Rodrigues (2006) e Cardoso (2004) apresentam de maneira simplificada um conjunto de

classes de tecnologias voltadas à gestão do conhecimento que se relacionam com os

processos e que têm sido encontradas na literatura e na prática com maior freqüência,

são elas:

GED (Gestão Eletrônica de Documentos) e Repositórios de Conhecimento: estas

ferramentas são importantes na gestão do conhecimento explícito, uma vez que

disponibilizam os documentos necessários à execução dos processos;

Tutoria e Coaching: tais métodos consitem no compartilhamento de

conhecimento entre indivíduos, tal qual nas relações mestre-aprendiz que podem

se alavancadas pela Tecnologia da Informação;

Page 96: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

96

Gestão de Competências: permite gerenciar a competência a partir da

impossibilidade de se garantir a manifestação da competência de um indivíduo.

Há necessidade de dissociar a capacidade de um indivíduo de realizar

determinada tarefa da certeza de qua tal tarefa será realizada corretamente.

Dessa forma, a tarefa do gestor seria zelar para que a probabilidade de realização

de cada tarefa seja a maior possível, mantendo sempre um funcionário

qualificado para sua execução pronto para executá-la. A isso chamaria de Gestão

de Competência;

Mapas de Expertise, Páginas Amarelas de Profissionais e Peer to Peer: Estas

técnicas se destinam a identificar nas organizações os profissionais de notório

saber em determinadas áreas do conhecimento de modo a possibilitar que os

mesmos possam ser acionados quando seus conhecimentos forem requisitados

na execução dos processos;

Comunidades de Prática: Estas comunidades se assemelham aos tradicionais

“grupos de trabalho” ou “grupos de estudo”, sendo que normalmente se

estabelecem de maneira mais “voluntária” e gozam de maior liberdade

operacional, apesar de haverem meios para induzir sua formação e sistematizar o

seu trabalho; e

Portais de Conhecimento: Na verdade, pode-se dizer que, em comparação com s

anteriores, os portais não se tratam de uma técnica em si, mas de uma habilidade

da organização de disponibilizar adequadamente os conhecimentos tácitos e

explícitos através da Internet.

3.8 Tecnologia de informação e processos

A tecnologia da informação (TI) evoluiu de uma orientação tradicional de suporte

administrativo para um papel estratégico dentro da organização. A visão da TI como

arma estratégica competitiva tem sido discutida e enfatizada, pois não só sustenta as

Page 97: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

97

operações de negócio existentes, mas também permite que se viabilizem novas

estratégias empresariais.

O uso eficaz da TI e a integração entre sua estratégia e a estratégia do negócio vão além

da idéia de ferramenta de produtividade, sendo muitas vezes fator crítico de sucesso. O

caminho para este sucesso não está mais relacionado somente com o hardware e o

software utilizados, mas também com o alinhamento da TI com as estratégias

empresariais, sua estrutura organizacional e seus processos de negócios.

Na organização funcional, segundo De Sordi (2008), as ferramentas de TI são

representadas por sistemas de informação legados, limitados pela visão de áreas

funcionais para os quais eles foram desenvolvidos. Já na organização gerida por

processos, segundo o mesmo autor, os processos de negócios exigem cada vez mais

interatividade entre diferentes áreas internas e externas à empresa.

Para Cameira e Caulliraux (2000) a visão por processos, ao menos indiretamente, está

relacionada ao desenvolvimento da Tecnologia da Informação, que tornou possível a

quebra de barreiras funcionais, permitindo tratar-se processualmente os fluxos de

informações, promovendo um encadeamento das funções de uma empresa, realizando o

link das atividades em nível de processo, entre as várias áreas da vida de uma empresa

(como marketing e vendas, área de pessoal, compras, etc.)”.

Segundo Cameira (2003), “a TI possibilita que as competências funcionais possam

manter-se agrupadas (com todas as vantagens afetas à sinergia de Recursos Humanos, à

concentração de conhecimentos em determinado campo, às características culturais

decorrentes dos perfis formativos, etc.), realizando a integração dos fluxos de

informação entre os processos que permeiam estas áreas funcionais, viabilizando

crescentemente a gestão por processos”.

A Tecnologia da Informação, em especial sistemas que integrem as informações que

fluem nos processos, deve ser amplamente utilizada para facilitar a coordenação lateral

entre as atividades (HAMMER, 1990; DAVENPORT, 1993 e GALBRAITH, 2000). A

premissa do sistema de informação estar orientado pelos processos traz vantagens como

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98

a possibilidade de evitar sistemas redundantes, utilização de base de dados integrada e

maior eficiência nos processos (PAIM, 2007).

AALST (2000) apud Paim (2002) ressalta a importância dos processos de negócios para

a ciência e prática dos sistemas de informação. Para tanto, encara a gestão de processos

não só compreendendo os esforços de projeto e engenharia, mas também como

atividades subseqüentes no ciclo de vida de um sistema de informação, como a

Reengenharia de Processos, a melhoria contínua, o tratamento por exceções e a Gestão

da Mudança.

Também VENKATRAMAN (1994) apud Seldin (2005) sugere que o processo de

informatização alavancado pela Tecnologia de Informação possa ser o fio indutor do

processo de rearranjo organizacional, em uma proposta comparável à Reengenharia de

Processos. Para o autor, o uso estratégico da tecnologia oferece diferenciais de

competitividade, que definem a mudança tecnológica de acordo com o grau de

transformação do negócio e os benefícios trazidos para a organização (Figura 35).

Figura 35: Transformação nos negócios e o uso de TI. (fonte: Venkatraman, 1994)

Tendo como base a figura anterior, pode-se associar o uso da Tecnologia de Informação

à cada um dos níveis de transformação levantados pelo autor:

Exploração localizada: uso de Tecnologia da Informação de forma discreta em

alguns processos localizados;

Page 99: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

99

Integração interna: o uso de Tecnologia da Informação abrange todos os

processos de negócio de forma integrada. Este nível implica em integração

tecnológica e organizacional;

Reengenharia de processos: o uso de Tecnologia da Informação abrange,

influencia e altera todos os processos da organização, mesmo aqueles que não

são automatizados;

Reengenharia de redes de negócios: tecnologia utilizada para redefinir a rede de

negócios. Neste nível a organização se interconecta com os parceiros de negócio

através da Tecnologia da Informação;

Redefinição do escopo dos negócios: neste nível a tecnologia é usada para

redefinir o escopo dos negócios, explorando novas oportunidades.

ALBERTIN (1999) separou os processos de negócio que podem ser impactados pela

Tecnologia da Informação em três grandes grupos:

Desenvolvimento de produtos: grupo compreendido pelos processos de projeto e

desenvolvimento de produtos ou serviços; Engenharia de produto ou serviço;

Desenvolvimento de fornecedor; Desenvolvimento da linha de produção;

Gerenciamento da cadeia de suprimentos; Administração de estoques de

matéria-prima; Solicitação de suprimentos; Recebimento de suprimentos;

Realização de pagamentos;

Produção: grupo constituído pelos processos de Planejamento da Produção;

Logística interna; Controle da Produção; Logística externa; Expedição;

Atendimento ao cliente: formado pelos processos de Divulgação de informação

sobre produtos e serviços; Seleção de produtos e serviços; Negociação sobre

preços e condições de pagamento; Obtenção de informações sobre necessidades

e perfil dos clientes; Recebimento de pedidos; Processamento de pedidos;

Aceitação de pagamento; Distribuição de produtos e serviços; Suporte à

utilização de produtos e serviços.

Já Tapscott (1997) enxerga o ambiente da economia digital como criador de diversas

oportunidades para o uso da Tecnologia da Informação nos processos de negócio de

uma organização:

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100

Movimento com o apoio digital: transporte e movimentação de produtos

suportado e com acompanhamento, em qualquer lugar e a qualquer hora, por

informações através da integração das redes;

Criação digital de idéias: geração de idéias a partir de qualquer lugar e a

qualquer momento através de um ambiente integrado de redes de comunicação;

Execução digital de processos: redução dos custos e tempo de execução dos

processos através do uso de Tecnologia da Informação;

Projeto digital: participação dos clientes na fase de projeto de um produto,

simulações e desenhos de produtos digitalmente e trabalho em grupos

interligados por rede;

Projeto, produção e marketing digital: uso de ferramentas de TI para a fase de

projeto, produção, marketing e comunicação com os clientes e mercado;

Venda com apoio digital: processo de venda de produtos e serviços com uso

intensivo de Tecnologia da Informação;

Venda digital: realização do processo de venda totalmente através da Internet.

Davenport (1994) também identifica oportunidades no redesenho de processos advindas

do uso da Tecnologia da Informação nos mesmos:

Automatização: eliminação do trabalho humano em um processo;

Informatização: captação da informação de um processo com o objetivo de

compreender a mesma;

Seqüenciamento: modificação da seqüência do processo ou possibilidade de

paralelismo;

Acompanhamento: monitoração rigorosa da situação e objetos do processo;

Análise: melhoria da análise da informação e tomada de decisão;

Geográfico: coordenação dos processos à distância;

Integração: coordenação entre tarefas e processos;

Intelectual: captação e distribuição de bens intelectuais;

Desintermediação: eliminação de intermediários em um processo.

Page 101: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

101

Entre todas as tecnologias empregadas nas empresas, a tecnologia de informação (TI)

tem importância especial para a abordagem de processos. Além da sua utilização na

automatização de tarefas e na própria execução dos processos, ela pode ser empregada

em diversas atividades de apoio e gestão desses processos: na visualização do processo,

na automatização do que é interessante automatizar na execução e na gestão do

processo, na sincronização das atividades, na coordenação dos esforços, na

comunicação dos dados, na monitoração automática do desempenho, etc. As empresas

têm investido na aplicação de TI aos seus processos mais importantes, de negócio ou

não, exatamente para poderem aperfeiçoar o seu desempenho GONÇALVES (2000).

Nesse contexto a relação entre processo e tecnologia de informação tem sido explorada

e sua importância tem crescido continuamente, sendo ampliado para apoiar o projeto ou

desenho de processos, a criação e registro de conhecimento sobre os processos e a

própria gestão dos processos.

3.9 Cultura organizacional e processos

As organizações, em geral, têm um acultura que privilegia a coordenação funcional do

trabalho. Tal cultura se consolidou ao longo do tempo pela reprodução sistemática de

uma lógica de atuação com foco na especialização funcional, em que o desempenho, a

resolução de problemas, a remuneração e o reconhecimento de cada trabalhador

derivam do sucesso e da importância desse para a unidade funcional.

3.9.1 A visão funcional

Compartilhar uma visão funcional é um exemplo de cultura organizacional. Entende-se

por visão a forma através da qual a organização entende e desenvolve seu trabalho. Isso

vai muito além da estrutura organizacional, passando pela orientação dos objetivos da

empresa, pela organização do trabalho entre as pessoas e, principalmente, por como as

pessoas enxergam a organização. A discussão aqui apresentada fundamenta-se na

contraposição da visão de excelência funcional em relação à visão por processos (PAIM

et. al., 2009).

Page 102: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

102

Ainda, segundo o autor, a visão tradicional de uma organização é geralmente descrita

como um organograma vertical de funções e departamentos, que não mostra as entradas,

os clientes, o produto e os processos internos fluindo dentro de cada área funcional.

Apesar de ser amplamente utilizada, essa visão tem limitações, uma vez que os gerentes

tendem a tratar suas empresas também de forma vertical, acarretando um isolamento

dos diversos setores da empresa. Esse modelo organizacional é conhecido como modelo

de silos como pode ser observado na Figura 36. Assim cada departamento passa ater

metas próprias, desinteressando-se do que acontece nos outros setores (PAIM et. al,

2009).

Figura 36: Cultura de silos funcionais na organização (fonte: RUMMLER & BRACHE, 1995)

Outra característica dessa cultura de silos é a competição que se forma entre as diversas

áreas funcionais. A princípio, pode parecer que essa competição é benéfica para

organização, já que cada setor tenta ser mais produtivo que o outro, todavia, geralmente

a otimização de uma função acarreta prejuízo para a organização como um todo.

Apesar de todos os problemas, este tipo de visão vertical apresenta facilidade em

mostrar as diversas funções e seus relacionamentos verticais, além de explicitar bem a

divisão da hierarquia da empresa.

Segundo SCHEIN apud (PAIM et al., 2009): existem mecanismos que gradativamente

alteram a cultura organizacional de forma a serem utilizados para criação de uma

cultura organizacional que incorpore e incentive a gestão de processos:

Ter estruturas flexíveis e mais orientadas pelos processos;

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103

Reconhecer, remunerar e promover por resultados dos processos;

Orientar os líderes da organização e dos grupos organizacionais para assumirem

e incorporarem modelos mentais orientados pelo conceito de processos;

Ter trajetórias formativas que construam visão lateral: rotação, perfis de

competências definidos a partir dos processo;

Formar e incentivar grupos multifuncionais;

Alterar o normativo e a documentação organização para ser orientada a partir

dos processo transversais e não permitir que as típicas documentações com visão

funcional, elaboradas de forma isolada pelos departamentos, sejam as

orientadoras do trabalho, ou seja, a prescrição do trabalho dever ter orientação

dos processos e não ter só orientação funcional;

Implantar sistemas de informações que embarquem o conceito de processos e

promovam o fluxo de informações de forma lógico-temporal;

Sustentar espaços de negociação para resolução de conflitos decorrentes da

estrutura mais por processos;

Ter sistemas de gestão econômico-finaceira que estejam orientados por

processos;

Realizar eventos para reunir grupos multifuncionais ou grupos de processos;

Mudar o sistema de avaliação de desempenho para priorizar resultados do

processo e não só dos departamentos funcionais.

3.9.2 A Visão por Processos

A evolução do estudo científico, no caminho da solução de problemas organizacionais,

levou à formulação da visão horizontal de uma organização baseada em processos. Esta

se tornou necessária, já que a visão tradicional, vertical, deixa lacunas: o que é

produzido, como é produzido e para quem é produzido. Tendo por base esta idéia e

sabendo que as maiores oportunidades de melhoria no desempenho estão nas interfaces

funcionais, isto é, nos espaços em branco dos organogramas tradicionais, foram

desenvolvidos mecanismos de análise horizontal, que incluísse os processos existentes

entre as funções diversas (fluxo de trabalho), o cliente e o produto (PAIM, 2002).

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104

De acordo com DAVENPORT (1993 e 2000), “a estrutura do processo pode ser

distinguida das versões mais hierárquicas e verticais da estrutura. Enquanto a estrutura

hierárquica é, tipicamente, uma visão fragmentária e estanque das responsabilidades e

das relações de subordinação, sua estrutura de processos é uma visão dinâmica da forma

pela qual organização produz valor. Além disso, embora não possamos medir ou

melhorar a estrutura hierárquica de maneira absoluta, os processos têm elementos como

custo, prazos, qualidade de produção e satisfação do cliente. Quando reduzimos os

custos ou aumentamos a satisfação do cliente, melhoramos o processo em si.”. O autor

mostra desta forma sua priorização por uma estruturação da organização por processos.

HAMMER e CHAMPY (1994) verificaram que em pontos de um processo em que os

trabalhadores tinham de consultar um nível hierárquico superior, eles agora tomam as

suas próprias decisões. Os trabalhadores realizam, então, parte do serviço antes

realizada pelos gerentes. Entre os benefícios deste tipo de atitude estão: as reduções de

atrasos, menores custos de despesas gerais, melhor atendimento aos clientes e maior

delegação de poderes aos trabalhadores.

Paim (2002) explica que com esta nova forma de visualização de uma organização,

passa a existir comunicação entre os diversos departamentos da empresa. Isto faz com

que a função do gerente passe a ser gerenciar as interfaces funcionais críticas.

Para o autor, durante um certo período de tempo, alguns componentes do sistema

permanecem inalterados. Deste modo, uma organização será sempre um sistema de

processamento que transforma entradas de recursos (capital, matéria-prima, recursos

humanos etc.) em saídas de produtos e serviços, que ela fornece para sistemas

receptores ou mercados conforme apresentado na Figura 37.

Page 105: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

105

Figura 37: Processos segunda a visão Horizontal (Fonte: RUMMLER e BRACHE, 1994)

Segundo Paim (2002), a visão por processos deve ser introduzida à Organização com

cautela e sob um referencial estruturado, uma vez que provoca mudanças culturais, tanto

em relação aos artefatos visíveis - estrutura e processos organizacionais – quanto em

relação aos valores e pressupostos básicos da Organização – valores/objetivos e

percepções pessoais, respectivamente. Além disso, caso as mudanças sejam introduzidas

sem maiores explicações a respeito das vantagens pretendidas pela Organização, pode

gerar resistências internas e insatisfação das pessoas afetadas.

3.10 Conceituação: Gestão de Processos

Ao longo do tempo, muitas empresas, consultores e pesquisadores destacaram que o

modelo de estruturação organizacional, fundamentado na gestão funcional centrada na

especialização e na delegação da coordenação para a hierarquia, tem limitações. Este

modelo revela-se restritivo para lidar com a realidade presente, na qual a construção de

organizações mais ágeis, integradas e flexíveis passa a ser uma condição importante

para a atuação das organizações.

Rummler e Brache, (1990) destacaram que durante muito tempo, as empresas foram

dirigidas por meio de metas estabelecidas para as áreas funcionais, mas hoje as metas

são definidas para os processos essenciais, que constituem um nível fundamental de

Page 106: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

106

avaliação de desempenho da organização. Afinal, são esses processos os geradores dos

produtos que apresentam valor para os clientes da empresa.

A limitação da gestão completamente funcional e a necessidade de coordenação das

atividades reforçam a busca por formas e mecanismos para gerenciar processos. Um

passo importante nesta direção é entender e definir o que significa gestão de processos.

A divergência do entendimento deste conceito tem sido relatada na literatura

frequentemente [Elzinga et. al., 1995], [Zairi e Sinclair, 1995], [Armistead e Machin,

1997], [Elzinga et. al., 1999], [Lindsay, Downs e Lunn, 2003].

Paim et. al., 2009 apresentam os resultados de uma pesquisa que buscou uma definição

instrumental para o que se entende por gestão de processos. Este estudo apresenta três

grupos de tarefas necessárias à gestão de processos: 1) pensar ou projetar processos; 2)

gerir processos no dia a dia; e 3) promover aprendizado. Para a identificação das tarefas,

foram consultadas referências bibliográficas e foram analisadas detalhadamente as

propostas de autores selecionados.

O estudo realizado indica tarefas para gestão de processos, contudo não apresenta como

estas tarefas viram um processo gerencial nem tampouco quem pode ser responsável por

sua gestão ou execução. A pesquisa relatada no presente estudo partiu destas tarefas e

buscou uma ordenação lógico-temporal para formar um “processo de gestão de

processos”. O estudo será apresentado com maior detalhe no capítulo 04.

3.10.1 Gestão de Processos

Segundo Paim et. al., (2009) a gestão de processos, além de poder ser definida de forma

instrumental por meio de tarefas necessárias à gestão de processos, esta deve ser

entendida dentro de um espectro de abordagens de atuação. Há cenários de uma gestão

completamente funcional (GPF), de uma gestão funcional para processos transversais

(GFPT) e de uma gestão completamente processual (GPP), segundo o autor os extremos

são dificilmente aplicáveis. A Figura 38 apresenta as características dessas três

abordagens.

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107

Figura 38 - As três abordagens da Gestão de Processos (fonte: Paim et. al., 2008)

O autor coloca ainda que o posicionamento de uma organização quanto a trajetória em

Gestão de Processos, ou seja, como essa se enxerga e qual estágio atual em relação aos

processos nessa organização, podendo ir desde uma visão funcional pura até uma visão

completamente orientada por processos passando por alguns estágios intermediários

como apresentado na Figura 39.

Figura 39: Trajetória da gestão de processos nas organizações (fonte: Paim et. al, 2008)

Page 108: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

108

3.10.2 Gestão de processos funcionais Na abordagem funcional, a organização tem características de silos, com baixa

capacidade de coordenação e, principalmente, com processos desconhecidos. Sendo

característicos dessa gestão:

A baixa orientação para o mercado ao qual a organização atende;

Os objetivos são prioritariamente departamentais;

As lógicas de avaliação de desempenho são localmente definidas;

As competências dos indivíduos não ultrapassam as fronteiras funcionais;

A remuneração, reconhecimento e a premiação são departamentais;

O orçamento é definido e aplicado sem considerar os processos transversais; e

Não há unidades organizacionais responsáveis pelos processos como um todo.

O modelo de gestão funcional desconhece o conceito de processos transversal.

3.10.3 Gestão funcional de processos transversais Na gestão funcional de processos transversais, o modelo prioriza a gestão

organizacional a partir dos processos ou então centrada na idéia de que os processos

devem apoiar a coordenação do trabalho, mas preservar a divisão do trabalho centrada

na especialização e não criar duas linhas de autoridade. Isto não demanda

necessariamente uma mudança na estrutura organizacional (PAIM et. al., 2009).

Paim et. al., (2009) sintetiza as características da orientação por processos ou a “gestão

funcional que reconhece a importância de processos transversais” como:

Criação e sustentação de uma cultura de gestão baseada na visibilidade e no

entendimento dos processos;

Mensurar o desempenho dos processos e não somente das funções ou

departamentos funcionais;

Ter práticas para que os processos sejam melhorados quando necessários;

Promover a integração e reduzir conflitos interdepartamentais;

Page 109: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

109

Reforçar a noção de que o foco em processos é um meio para ter foco em

clientes finais; e

Criar uma responsabilidade compartilhada sobre o processo transversal e definir

as responsabilidades pelas partes componentes do processo.

Paim (2007) defende que estas orientações gerenciais podem ser aplicáveis em

diferentes tipos de estruturas organizacionais. Se na estrutura organizacional os

processos são o primeiro eixo de organização do trabalho, a orientação por processos

será mais priorizada. Se a estrutura é funcional, mas há incorporação no modelo de

gestão de elementos com foco em processos, pode ser aceita uma estrutura funcional

que tem orientação por processos. A estrutura dará conta principalmente da divisão do

trabalho e a orientação por processos responderá prioritariamente para a coordenação do

trabalho e melhoria do projeto do trabalho.

3.10.4 Gestão por processos A literatura também apresenta uma expressão que se confunde com orientação por

processos: Gestão por processos. Neste trabalho, a expressão está utilizada de forma

mais ampla que a gestão funcional de processos transversais (orientação por processos).

Na gestão por processos, há alterações na estrutura organizacional e em outros

elementos integrantes do projeto organizacional no sentido de priorizar os processos

como um eixo gerencial de maior importância que o eixo funcional. Há mudanças

maiores que somente ser uma organização que enfatiza processos em oposição à

hierarquia e que coloca uma ênfase especial sobre os resultados e clientes (Mccormark,

2001) apud (Paim et. al., 2009).

Isto implica em mais que orientar a gestão para entender os processos transversais e

incluir ou alterar elementos integrantes do projeto organizacional para além da

orientação por processos e para além de uma estrutura organizacional por processos.

A Figura 31 indica que as decisões organizacionais na gestão de processos funcionais

tendem a ter mecanismos de coordenação, capacitação, reconhecimento, sistemas de

Page 110: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

110

informação, avaliação de desempenho, alocação de recursos financeiros, reprojeto de

processos e tratamento de requisitos de clientes centrados nas unidades funcionais

enquanto na gestão por processos estas decisões estão orientadas prioritariamente pelos

processos. A Figura 40 apresenta o espetro de decisão organizacional e reforça as

diferenças entre uma gestão funcional pura e uma gestão completamente por processos.

Figura 40: Espectro de decisão organizacional: gestão de processos funcionais x gestão por processos

(fonte: Paim et. al, 2008)

Na gestão por processos, estas decisões e a estruturação dos elementos apresentados

estão orientadas prioritariamente pelos processos. A gestão por processos engloba e

precisa tanto de uma orientação por processos quanto de estrutura organizacional por

processos. A gestão por processos não deve ser, portanto, uma panacéia, a ser desejada

por toda e qualquer organização, visto que será mais adequada para aquelas

organizações nas quais a gestão em torno de processos se mostra mais adequada, por ter

grande interação com clientes associada a demandas por velocidade e agilidade na

produção e entrega de produtos. Isto envolve incluir grupos ou unidades responsáveis

pelo processo como um todo, mudar o perfil de competências dos indivíduos e dos

grupos, ou seja, mudanças estruturais para a organização (PAIM et. al., 2009).

A essência da gestão por processos segundo Gonçalves (2000) é a coordenação das

atividades realizadas na empresa, em particular aquelas executadas por diversas equipes

Page 111: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

111

de diversas áreas e que o funcionamento adequado da empresa e dos processos depende

exatamente da competência de como essa coordenação é executada.

A gestão por processos segundo Paim et. al., (2009) está definida para os casos nos

quais a estrutura organizacional está orientada por processos. A gestão de processos

engloba, portanto, a gestão por processos, sendo esta última uma forma ou modelo

especifico de gestão de processos.

Nesse modelo de gestão as seguintes características devem estar presentes (PAIM et. al.,

2009):

As pessoas trabalham nos processos e não mais nas áreas funcionais da empresa,

que deixam de existir ou perdem a importância.

Pessoas e equipes que promovem melhorias para clientes são reconhecidos pela

organização como um todo;

Os objetivos são definidos visando o cliente;

Há uma integração para trás e para frente na cadeia ou na rede de suprimentos,

associada à integração externa, e há uma integração interna entre as atividades

que compõem os processos;

As recompensas e os bônus estão baseados na capacidade de atingir melhorias

nos processos;

As pessoas vêem o negócio como uma séria de processos interdependentes;

Os papéis da gestão de processos passam a estar formalmente enfatizados nas

descrições de cargos;

Os empregados e recursos são agrupados para produzir um trabalho completo; e

A informação segue diretamente para onde é necessário, sem o filtro da

hierarquia.

A partir das análises realizadas, a gestão por processos pode ser definida como a

aplicação de diferentes conceitos e teorias voltadas à melhor organizar/gerir os

processos das organizações, sejam elas com ou sem fins lucrativos. Estes conceitos e

teorias envolvem perceber direcionamentos estratégicos para os processos, projetá-los,

controlar sua execução bem como identificar e implantar tecnologias de apoio, e, de

Page 112: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

112

forma geral, trazer para as organizações a cultura de prover avanços ou ganhos de

desempenho através da melhoria de seus processos, sejam essas melhorias realizadas de

forma radical ou a incremental. Neste conceito de gestão por processos, a questão

central está em mudar a estrutura organizacional para incorporar unidade(s) responsável

(is) pelos processos transversais, e, ainda, enfatizar decisões baseadas em processos

(PAIM, 2007).

A gestão por processos de acordo com Lipnack, 1997 apud Gonçalves, 2000) se baseia,

nos elementos básicos dos processos: tarefas executadas, reuniões realizadas, decisões

tomadas, metas alcançadas e resultados produzidos pelo processo.

Segundo De Sordi (2008) um dos objetivos da gestão por processos é assegurar a

melhoria contínua do desempenho da organização por meio da elevação dos níveis de

qualidade de seus processos e assegurar que todos os ativos estejam em sincronia,

assegurando-lhes eficiência.

Para Burlton (2001) apud De Sordi 2008, a gestão por processos requer liderança e

direcionamento de seus processos, podendo, isso, significar uma mudança radical no

processo de negócio e, por outras vezes, uma revisão e melhoria contínua do processo,

através de pequenos ajustes. O autor destacou os recursos necessários utilizados pelas

empresas na abordagem de gestão por processos de negócio conforme é apresentado na

Figura 41. O recurso conhecimento está em destaque na figura, permeando todos os

demais, por ser o principal habilitador para ajustes e evolução de cada um dos demais

recursos pertinentes à gestão por processo de negócio.

Figura 41: Recursos organizacionais utilizados na abordagem de gestão por processos (fonte: Burlton

apud De Sordi, 2008)

Page 113: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

113

• Recursos humanos – Representado pelas diversas áreas e profissionais

especializados que colaboram na operação e apoio ao processo. A implantação a

gestão de processos de negócios implica na conciliação dos interesses e os

momentos de interação e integração da força de trabalho para o bom esempenho

dos processos.

• Papéis e responsabilidades – A gestão por processos de negócios defende o

treinamento de funcionários para o desempenho de múltiplos papéis, dando-lhes

autonomia de decisão sobre o momento apropriado de realização destes papéis.

• Estrutura organizacional – A força de trabalho passa a ser compreendida como

nós de uma rede e não como recursos pertinentes a “caixinhas” de

organogramas.

• Políticas e regras – Direcionam o comportamento e o desempenho dos recursos

humanos dentro da organização e sua interação com os processos de negócios,

onde regras devem ser cumpridas com absoluto rigor.

• Tecnologias de computação e comunicação – Implica na automação de regras e

atividades para o monitoramento do desempenho e formação de ambientes

colaborativos de trabalho.

• Facilidades – Consiste no provimento de infra-estrutura adequada e necessária

à realização e gestão dos processos de negócios: salas, equipamentos,

comunicação móvel, rede de dados etc.

• Conhecimento – Compreende a capacidade da organização de realizar a gestão

do conhecimento referente a cada um dos processos e recursos relacionados à

sua execução.

Ainda segundo De Sordi, (2008) existe uma forte necessidade para a divulgação e

homogeneização de diferentes iniciativas voltadas à gestão por processos, de forma a

consolidar melhores práticas e formar cultura organizacional. Algumas das iniciativas

empregadas para possibilitar a gestão por processos nas organizações, segundo Sordi

(2007), são:

Melhoria de processos de negócios (Business Process Improvement - BPI) – Propõe

a melhoria contínua e gradual de processos de negócios, apresentando baixo risco e

escopo restrito. Tem curta duração e é voltado a atividades operacionais do dia-a-dia.

Page 114: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

114

Através de controles estatísticos e mudança de cultura, o BPI contribui para a gestão

por processos pela eliminação de perdas e melhoria da qualidade dos processos. Ex:

TQM, Seis Sigma e Kanban.

Reengenharia de processos (Business Process Re-engineering - BPR)– Tem longa

duração, escopo amplo e envolve os principais processos de uma organização.

Apresenta alto risco, uma vez que parte da estaca zero, sem preocupação com a

preservação de processos atuais. A partir deste conceito, foi originada a visão

orientada a clientes, característica essencial da gestão por processos.

Gerenciamento de custos baseado em atividades (Activity Based Cost Management -

ABC) – Envolve técnicas contábeis que permitem às organizações determinar o custo

atual associado a produtos e serviços. Sua contribuição para a gestão por processos

está na cultura, técnicas e conceitos para apuração de custos agregados aos

processos;

Balanced Score Card (BSC) – Abordagem voltada ao planejamento estratégico,

fundamentado em indicadores de desempenho. Na gestão por processos os processos

são concebidos em concordância com a estratégia empresarial e garantia de

alinhamento das operações diárias com interesses da organização;

Gerenciamento do conhecimento (Knowledge Management - KM)– Explicita todo o

conhecimento tácito empregado na operação de determinado processo, tornando-o de

conhecimento da organização. Este fator contribui para a difusão de melhores

práticas entre membros de equipes, aprimorando a gestão por processos.

Fluxos de trabalho (Workflow) – Implementa fluxos pontuais de trabalho

contribuindo para a gestão por processos na integração de diversos softwares para

operação de processos e implementação concreta de conceitos e regras de eventos de

negócios.

Terceirização de Processos (Business Process Outsorcing -BPO) – Determina o foco

nos processos principais de negócios terceirizando, atividades específicas.

Contribuição para a gestão por processos: Aprimoramento ou re-desenho ágil e

seguro de alguns processos de negócios, uma vez que as empresas contratadas

possuem expertise e infra-estrutura adequadas para a realização das atividades

contratadas.

• Integração de processos de negócios (Business Process Integration – BPI) – Faz

uso de iniciativas como: • Gerenciamento do relacionamento com clientes

Page 115: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

115

(Customer Relationship Management - CRM), envolvendo o cliente final ao longo

do processo;

• Gerenciamento do relacionamento com fornecedores (Supplier Relationship

Management - SRM);

• Gerenciamento da cadeia de suprimentos (Supply-Chain Management -

SCM).

3.11 Comparações Gestão Funcional x Gestão por Processos

Monteiro (2005) apud (De Sordi, 2008) em seus estudos obteve informações de diversos

autores o que permitiu-lhe contrapor duas abordagens administrativas, a gestão

funcional e a gestão por processos, considerando 12 (doze) características presentes em

abordagens administrativas:

Na Tabela 4, o autor apresentou resumidamente as principais diferenças entre a gestão

funcional e a gestão por processos.

Tabela 4: Principais diferenças entre a gestão funcional e a gestão por processos (fonte: adaptado de Monteiro (2006) apud (De Sordi, 2008))

Característica analisadas Gestão funcional Gestão por processos

1 Alocação de pessoas Agrupadas junto aos seus

pares em áreas funcionais

Times de processos envolvendo

diferentes perfis e habilidades

2 Autonomia operacional

Fortalece a individualidade

dando autoridade para tomada de

decisão

3 Avaliação de desempenho Centrada no desempenho

funcional do indivíduo

Centrada nos resultados do

processo de negócio

4 Cadeia de comando Forte supervisão de níveis

hierárquicos superpostos

Fundamentada na negociação e

colaboração

5 Capacitação dos indivíduos

Voltada ao ajuste da função

que desempenham

/especialização

Dirigidos às múltiplas

competências da

multifuncionalidade requerida

6 Escala de valores da organização

Metas exclusivas das áreas

geram desconfiança e

competição entre as áreas

Comunicação e transparência no

trabalho gerando clima de

colaboração mútua

7 Estrutura organizacional Estrutura hierárquica, Fundamentadas em equipes de

Page 116: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

116

departamentalização /

vertical

processos / horizontal

8 Medidas de desempenho

Foco no desempenho de

trabalhos fragmentados das

áreas funcionais

Visão integrada do processo de

forma a manter um linha de

agregação constante de valor

9 Natureza do trabalho

Repetitivo e com escopo

bastante restrito /

mecanicista

Bastante diversificado, voltado

ao conhecimento / evolutivo –

adaptativo

10 Organização do trabalho Em procedimentos de áreas

funcionais / mais linear

Por meio de processos

multifuncionais / mais sistêmico

11 Relacionamento externo

Pouco direcionado, maior

concentração no âmbito

interno

Forte incentivo por meio de

processos colaborativos de

parcerias

12 Utilização de tecnologias Sistema de informação com

foco em áreas funcionais

Integração e “orquestração” dos

sistemas de informação

Para Stewart (1992) apud (Gonçalves, 2000), a gestão por processos organizacionais

difere da gestão por funções tradicional em pelo menos três pontos: emprega objetivos

externos; os empregados e recursos são agrupados para produzir um trabalho completo;

e a informação segue diretamente para onde é necessária, sem o filtro da hierarquia

Segundo o autor, o sucesso da gestão por processos está ligado ao esforço de minimizar

a subdivisão dos processos empresariais.

Page 117: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

117

CAPÍTULO 4

4 METODOLOGIAS PARA TRANSFORMAR UMA ORGANIZAÇÃO ORIENTADA POR FUNÇÃO EM UMA ORIENTADA POR PROCESSOS

O capítulo em questão é uma continuidade à fundamentação teórica do capítulo anterior,

porém, voltado exclusivamente para abordar de maneira superficial as metodologias

propostas por autores literários bem como de instituições para transformar uma

organização com uma gestão orientada por função em uma orientada por processos.

4.1 Metodologias de autores literários para orientação por processos

4.1.1 Metodologia de Rummler e Brache

A metodologia de implantação da gestão orientada por processos proposta por Rummler

e Brache (1994) está organizada em três grandes níveis:

Nível de organização;

Nível de processo; e

Nível de trabalho /executor.

4.1.1.1 Nível de organização

1. Objetivo: desenvolver um conjunto de objetivos de aperfeiçoamento do desempenho

voltados para o cliente em nível de companhia, ligados a vantagens sobre a concorrência

e/ou lapsos destacados pela estratégia da companhia.

2. Projeto: projetar uma organização em que os relacionamentos funcionais cliente -

fornecedor apóiam a estratégia.

3. Gerenciamento: alocar recursos para que os objetivos possam ser atingidos e

estabelecer um sistema para acompanhamento e aperfeiçoamento do desempenho.

Page 118: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

118

4.1.1.2 Nível de processo

4. Objetivo: identificar os processos mais críticos à estratégia e estabelecer objetivos

que descrevam o desempenho exigido nesses processos.

5. Projeto: autorizar as equipes interfuncionais a encontrarem os “fios desligados“ nos

processos atuais e a criarem processos que os eliminem.

6. Gerenciamento: estabelecer objetivos nas junções críticas do processo e monitorar e

aperfeiçoar continuamente o desempenho do processo.

4.1.1.3 Nível de trabalho/executor

7. Objetivo: identificar os trabalhos críticos ao sucesso do processo e estabelecer

objetivos para as saídas desses trabalhos.

8. Projeto: projetar e organizar os cargos a fim de que possam atingir os objetivos de

modo eficiente e eficaz.

9. Gerenciamento: criar um ambiente de trabalho em que o pessoal capaz,

adequadamente treinado, tenha especificações claras, feedback regular, conseqüências

positivas e poucas barreiras à realização do objetivo.

Essa metodologia apresentada por Rummler e Brache traz como ponto positivo a

organização em três níveis, abrangendo o nível de organização (em que a estratégia e os

relacionamentos cliente-fornecedor são estabelecidos), o nível de processo (em que os

fluxos de trabalho são criados e documentados) e o nível de trabalho/executor (em que

os cargos são definidos e um sistema do desempenho humano de apoio é instalado).

Page 119: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

119

4.1.2 Metodologia de Gonçalves

De acordo com os estudos de Gonçalves (2000), foram identificados pelo menos cinco

estágios num espectro que vai de um modelo puramente funcional até o modelo

essencialmente baseado em processos.

A Figura 42 descreve as várias etapas em que as organizações podem se encontrar em

relação à organização por processos, além de apresentar algumas das características

básicas dessas etapas, tanto do ponto de vista do funcionamento das organizações, como

dos limites atingidos em cada uma delas em termos de negócios.

Figura 42: Os estágios da evolução para a organização por processos (fonte: GONÇALVES, 2000b)

As organizações que se encontram na etapa A são aquelas que ainda não deram passos

decisivos em direção à estruturação por processos. São empresas que ainda precisam

passar por urna etapa de conscientização a respeito do assunto, pois, para elas, as

chances de uma mudança radical são muito limitadas. As organizações que se

Page 120: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

120

encontram na etapa B já têm seus processos e subprocessos identificados, porém o foco

do esforço ainda está centrado nas funções. O grande desafio é, então, o mapeamento de

seus processos e a identificação dos processos essenciais em tomo dos quais essas

organizações se estruturam.

As organizações típicas da etapa C são aquelas que, embora já tenham identificado seus

processos e melhorado seus processos essenciais, ainda raciocinam por funções. Nessas

empresas, o poder ainda se concentra nas unidades verticais, que resistem fortemente à

idéia de horizontalizar a gestão.

As organizações na etapa D já tomaram todas as providências das etapas anteriores.

Geralmente, distribuem seus recursos ao longo de seus processos essenciais e atribuem

à responsabilidade da gestão de cada processo essencial a um process owner. Sua

grande tarefa, a partir desse ponto, é desenvolver um novo modelo estrutural, rompendo

com as principais funções, reformulando os referenciais e os mecanismos de gestão e,

finalmente, implantando a nova organização.

Finalmente, as empresas que se encontram na etapa E são aquelas que já foram

desenhadas pela lógica dos processos essenciais. Sua grande tarefa é a monitoração

permanente da definição do seu negócio e o ajuste dos processos adequados para seu

negócio sempre que necessário, adequando a organização a cada momento, como um

organismo vivo.

A principal utilidade desse modelo de classificação das empresas é a identificação do

estágio em que se encontra a empresa, de modo a ser possível avaliá-lo com relação às

demais e com respeito às expectativas dos seus dirigentes.

É possível, também, utilizar esse modelo para avaliar o nível de preparo da alta gestão

em função da etapa em que a empresa está e em função do desafio de mudar de etapa.

O autor parte da hipótese de que é possível, para qualquer organização, mudar de etapa

no espectro apresentado, caso isso seja considerado necessário e adequado. Nem

sempre, no entanto, essa transição é suave, rápida e tranqüila.

Page 121: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

121

A Figura 43 mostra as ações básicas necessárias para buscar uma forma de organização

baseada em processos a partir de cada uma das etapas do espectro.

Figura 43: O que falta para atingir uma organização por processos (fonte: Gonçalves, 2000b)

O primeiro ponto refere-se à definição de um responsável pelo funcionamento de cada

processo essencial. Nas organizações tradicionais, os processos essenciais são

retalhados em segmentos, conforme o fluxo passa pelas unidades verticais, e o gerente

de cada unidade vertical se responsabiliza pelo desempenho do processo apenas

enquanto este estiver dentro de seus domínios. No entanto, ninguém é responsável pelo

desempenho do processo como um todo, que é justamente o que interessa mais ao

cliente. Para tentar resolver essa situação, as organizações têm utilizado os process

owners e os case managers (gerentes de conta).

Os process owners desempenham uma função permanente, responsável pelo projeto do

processo essencial e pela sua monitoração e adaptação em função das condições que se

alteram constantemente. Sua presença é indispensável e, se o process owner não estiver

presente, o modelo convencional antigo reassume seu posto.

Page 122: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

122

Exatamente pelo fato de as organizações por processos exigirem que as pessoas

trabalhem de maneira tão diferente, é freqüente perceber que faltam as ferramentas e os

modelos sociais, psicológicos e humanos para ajustar os grupos internos às novas

condições.

Gonçalves (1997) orienta as empresas que fazem a transição para formas

organizacionais baseadas em processos devem não apenas ir mudando suas práticas de

gestão, como também redefinindo a sua cultura e as obrigações mútuas entre elas e seus

empregados. De acordo com o autor, mudar a estrutura organizacional da empresa de

um modelo funcional para uma estrutura por processos implica entre outros fatores:

• Atribuir a responsabilidade pelo andamento de cada processo essencial a um

process owner;

• Minimizar os deslocamentos de pessoas e as transferências de material,

organizando as atividades ao longo de processos, e não por funções; e

• Maximizar o agrupamento das atividades, empregando equipes multifuncionais e

pessoal polivalente.

4.1.3 Metodologia de Paim et. al., 2009 A metodologia proposta por esses autores está baseada em estudos e análises de doze

referencias bibliográficas de autores selecionados e defini as tarefas que integram o

conceito de gestão de processos baseada nos conceitos de processos e da definição

conceitual de gestão de processos agrupando essas tarefas em três conjuntos que serão

apresentados a seguir.

4.1.3.1 Projetar Processos O grupo de tarefas para projeto de processos envolve a realização de tarefas que

respondem pelos conceitos de acompanhamento do ambiente interno e externo, seleção,

modelagem, melhoria, implantação e gestão de mudanças nos processos. Essas tarefas

estão listas a seguir:

entender o ambiente externo e interno e a estratégia organizacional

Page 123: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

123

estabelecer estratégia, objetivos e abordagem de mudanças

assegurar patrocínio para a mudança

entender, selecionar e priorizar processos

entender, selecionar e priorizar ferramentas de modelagem

entender, selecionar e priorizar técnicas de melhoria

criar e formar equipes de gestão de processos

entender e modelar processos na situação atual

definir e priorizar problemas atuais

definir e priorizar soluções para os problemas atuais

definir práticas de gestão e execução dos processos

entender e modelar processos na situação futura

definir mudanças nos processos

implantar novos processos A função de projeto está centrada no direcionamento estratégico para definição de

processos, uso de técnicas de engenharia de processos, definição qualitativa e

quantitativa de problema e aplicação de métodos de identificação, análise e solução de

problemas – MIASP além das abordagens de implementação de mudanças.

As ferramentas: SWOT, Cadeia de Valor Agregado, visão baseada em recursos – VBR

e Balanced Scoredcard – BSC, que relacionam estratégia com processos, são

apresentadas de forma a identificar as contribuições dessas ferramentas para o desenho

de processos.

É realizada na etapa de projeto de processo a avaliação quanto as definições das

estratégias de mudanças utilizando as abordagens da mudança radical e incremental e

ainda utilização de práticas de melhoria continua proposta no Sistema Toyota de

Produção.

Os autores propõem na seleção e priorização dos processos a utilização de ferramentas

como a matriz de decisão.

Page 124: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

124

Os tipos de ferramentas de modelagem e análise de processos com referencias

metodológicos e baseados em bancos de dados são apresentados pelos autores como

forma de entender, selecionar e priorizar ferramentas de modelagem.

O uso da técnica para suportar a melhoria de processos, por meio da utilização de

métodos de identificação, análise e solução de problemas – MIASP é destacado pelos

autores que deve ser utilizado como uma tarefa permanente e necessária à gestão de

processos. As técnicas do MIASP segundo os autores devem ser entendidas como

orientações sobre como promover melhorias nos processos, a partir da análise dos

processos modelados, incluindo a identificação de problemas e desenvolvimento de

soluções, para em síntese incorporar nos processos futuros, soluções que resolvam as

causas dos problemas que afetam os processos atuais. A idéia central dessa ação passa

por assumir que os processos, como são realizados no presente, apresentam problemas e

que estes problemas podem ser eliminados se forem realizadas melhorias e mudanças

que resultem em um novo processo no futuro.

Os autores ainda propõem outras técnicas para suportarem a identificação e solução de

problemas como: estabelecimento de relações de causa e efeito, espinha de peixe ou

diagrama de Ishikawa, identificação dos cinco “porquês”, identificação do 5W1H,

controle estatístico de processos, ferramentas da qualidade (PDCA, gráfico de controle,

diagrama de pareto), identificação de garagalos, análise das sete perdas entre várias

outras técnicas propostas.

São apresentados alguns critérios para formação de equipes para atuar no projeto de

processos são eles: representação lateral, balanceamento vertical, capacidade de visão

específica e detalhada, capacidade de visão geral e agregada, disponibilidade e

compromisso, adequação ao trabalho em equipe e utilização de métodos e facilitação. E

apresentada ainda a estruturação de grupos com suas respectivas atribuições para

atuarem na tarefa de implantação de mudança são eles: Grupo de Coordenação da

Implantação (GCI), Grupo de Implantação de Processos (GIP), Grupo de

Desenvolvimento da Tecnologia da Informação (GTI), Grupo de Desenvolvimento do

Sistema Gerencial (GSG), Grupo de Desenvolvimento de Recursos Humanos (GRH) e

Grupo dos Facilitadores.

Page 125: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

125

Figura 44 - Estrutura Grupo de Implantação de Processos

Para modelar os processos são apresentados os principais métodos: ARIS (arquitetura

de sistemas de informação integrados), IDEF (Métodos Integrados de Definição), Petri

Nets, BPMN (Business Process Modeling Notation) e BPEL (Business Process

Execution Language).

4.1.3.2 Gerir Processos no Dia a Dia O grupo de tarefas para gerenciar os processo no dia a dia estão associadas aos

conceitos de viabilizar a execução, fazer com que os processos sejam realizados,

acompanhar e controlar o desempenho dos processos e fazer ajustes ou modificações de

curto prazo nos processos. Essas tarefas estão listadas a seguir:

implementar novos processos e mudanças

promover a realização dos processos

acompanhar execução dos processos

controlar execução dos processos

realizar mudanças ou ajustes de curto prazo

4.1.3.3 Promover Evolução e Aprendizado A promoção do aprendizado sobre os processos agrupa as tarefas que acumulam

informações ao longo do tempo sobre o desempenho do processo, comparam e buscam

conhecer outros processos interna e externamente à organização, registram problemas

de desempenho de grande impacto e avaliam a trajetória de desempenho dos processos,

bem como registram documentação relacionadas com os processos, tais como normas,

Page 126: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

126

procedimentos, políticas e outros documentos que prescrevem como o trabalho dever

ser feito. Essas tarefas estão listadas a seguir:

registrar o desempenho dos processos ao longo do tempo

realizar benchmarking com referenciais externos e internos

registrar e controlar desvios de desempenhos significativos

avaliar trajetória de desempenho dos processos

registrar conhecimento criado sobre os processos

4.1.3.4 Estruturação de Escritório de Processos Os autores ainda fazem um estudo para estruturação de um Escritório de Processos nas

organizações partindo da premissa que o Escritório de Processos é a solução

organizacional para promover e viabilizar a Gestão de Processos nas organizações,

sendo esse também o responsável direto pela sua governança, e apresenta a Governança

de Processos como a definição das diretrizes gerais do modelo de gestão de processos,

do modelo de controle de processos e da atuação de diferentes unidades

organizacionais, envolvendo principalmente a distribuição de responsabilidades à

Gestão de Processos dentro da organização. De forma resumida é promover a definição

de diretrizes gerais para orientar o que deve ser feito em Gestão de Processos e como

essa deve ser feito. A Figura 45 apresenta os Processos de um Escritório de Processos.

Page 127: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

127

Figura 45: Processos de um Escritório de Processos (fonte: Paim et. al., 2008)

Nesse estudo, as tarefas para a Gestão de Processos são apresentadas refletidas em uma

estrutura de processos do Escritório de Processos, que pode ser vista na figura abaixo, e

são ainda apresentados os macro-objetivos e ações necessárias para estruturar um

Escritório de Processos conforme Tabela 5. Tabela 5: Relação dos macro-objetivos e atividades do escritório de processos (fonte: Paim et. al., 2008).

Macro-objetivos do Escritório de Processos Atividades do Escritório de Processos

Uni

form

izar

o e

nten

dim

ento

de

proc

esso

hoj

e e

no

futu

ro

Promover a gestão de processos

Promover a governança dos processos Articular estratégia, processos e abordagem de mudança Selecionar processos Selecionar sistemas de gestão de processos Selecionar técnicas de gestão de processos Gerenciar o orçamento do escritório de processos Gerenciar portifólio de projetos de gestão de processos Gerenciar a qualidade da gestão de processos Gerenciar os processos do escritório de processos

Pro

mov

er a

evo

luçã

o do

de

senh

o de

pro

cess

o

Modelar e representar processos Gerenciar levantamento de processos Promover a melhoria do desempenho dos processos Gerenciar melhoria de processos

Integrar mecanismos de coordenação organizacional

Definir indicadores de desempenho para os processos Definir sistemas para os processos Definir competências para os processos Definir responsáveis para os processos Definir procedimentos para os processos Definir riscos para os processos

Implantar processos Gerenciar a implantação de mudanças nos processos Capacitar os gestores de processos Preparar equipes de gestão de processos

Promover a gestão no dia a dia

Acompanhar execução dos processos Controlar execução dos processos Registrar o desempenho dos processos

Page 128: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

128

Controlar desvios de impacto Avaliar desempenho dos processos

Oferecer suporte ao escritório

Manter sistemas do escritório de processos Preparar manter equipe do escritório de processos Registrar aprendizado sobre processos Manter plano de comunicação do escritório de processos

O estudo buscou ainda identificar formas de estruturação de escritório de processos, por

meio da busca de referenciais conceituais e visitas e entrevistas em empresas brasileiras

reconhecidas por terem iniciativas avançadas em gestão de processos.

Os resultados revelam uma estruturação de escritório que pode ser sintetizada pela

Figura 46. Nela pode se perceber que há diferentes modelos de gestão de processos, com

variações entre uma lógica prioritariamente funcional, passando por uma gestão

funcional de processos transversais e podendo chegar a uma gestão por processos. Esta

última necessariamente muda a estrutura organizacional e a divisão do trabalho passa a

ser definida a partir dos fluxos que resultam em produtos. Na gestão funcional, a divisão

do trabalho segue lógica de especialização e agrupamento por semelhança de

conhecimentos.

Figura 46: Estruturação de um Escritório de Processos (fonte: Paim et. al., 2008)

Page 129: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

129

4.1.4 Metodologia de Campeão

Campeão (1998), em sua pesquisa, elaborou um Método de Desenvolvimento de

Processos de Negócios (MDPN) com base em cinco métodos reconhecidos

internacionalmente e associados às duas classes metodológicas, Reengenharia de

Processos e Aperfeiçoamento de Processos.

Segundo a autora a concentração nestas duas classes metodológicas deveu-se ao fato de

ambas se orientarem pela visão processual da empresa, buscando melhores

desempenhos globais através do desenvolvimento dos seus processos.

Essas duas metodologias diferem principalmente pela profundidade e abrangência das

soluções propostas, além de adotarem mecanismos distintos para a obtenção de

melhores desempenhos dos processos de negócios da empresa.

A partir do estudo individual dos cinco métodos de desenvolvimento de processos de

negócios, foram identificados quatro passos fundamentais à realização de um projeto de

desenvolvimento de processos, seja ele um Aperfeiçoamento de Processos ou uma

Reengenharia de Processos. Esses passos foram estabelecidos a partir da constatação da

existência de atividades muito semelhantes realizadas por cada um dos métodos. Sendo

assim, esses quatro passos identificados passaram a compor a estrutura principal do

Método proposto, a saber:

Passo 1: Definição do Projeto de Desenvolvimento de Processos - esse passo contempla

a definição dos objetivos do projeto, dos processos que serão focalizados pelo Método e

dos recursos humanos que irão efetivamente realizar as atividades estabelecidas. Esses

fatores definem a estrutura básica do projeto, ou melhor, definem a linha mestra de

condução do projeto. Esse passo tem a finalidade de garantir que o projeto ocorra da

melhor forma possível, sempre em harmonia com os objetivos maiores da empresa.

Passo 2: Preparação para o Desenvolvimento dos Processos - esse passo contempla a

obtenção de informações que orientem o desenvolvimento dos processos focalizados

pelo Método. Essas informações correspondem aos fatores relacionados à situação atual

dos processos, os quais servem de subsídios para a proposição de novos processos de

forma bem fundamentada e coerente com as necessidades de desenvolvimento

Page 130: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

130

identificadas e os recursos disponíveis. Esse passo tem a finalidade de orientar a ação de

desenvolvimento dos processos de negócios, garantindo a concentração de esforços na

proposição de novos processos que satisfaçam a empresa e que possam ser efetivamente

implantados.

Passo 3: Proposição de Novos Processos de Negócios - esse passo contempla a

realização de atividades voltadas ao desenvolvimento dos processos. A abrangência e a

profundidade dessas atividades irão variar conforme as necessidades de

desenvolvimento dos processos em questão, as quais foram previamente identificadas

no passo 2.

Passo 4: Implantação dos Novos Processos de Negócios - esse passo contempla os

aspectos relacionados à implantação dos novos processos obtidos a partir da ação de

desenvolvimento aplicada aos processos atuais. Uma implantação bem sucedida

depende de um planejamento bem elaborado das ações que realizarão a transição do

processo atual para o novo processo. Os passos e as respectivas atividades que

compõem o MDPN são apresentados na Tabela 6, identificando a contribuição de cada

um dos métodos estudados à definição das atividades propostas.

Na primeira coluna encontram-se as atividades do MDPN. A segunda coluna representa

cada um dos métodos considerados na definição dessas atividades, sendo subdividida

em cinco colunas:

Coluna "H": método proposto por Michael Hammer e James Champy (HAMMER &

CHAMPY, 1994).

Coluna "D": método proposto por Thomas Davenport (DAVENPORT, 1994).

Coluna "M": método proposto por Morris & Brandon (MORRIS & BRANDON, 1994).

Coluna "R": método proposto por Rummler e Brache (RUMMLER & BRACHE, 1994).

Coluna "J": método proposto por James Harrington (HARRINGTON, 1993).

O símbolo “l“ identifica os métodos que contribuíram, de alguma forma, para a

definição das atividades relacionadas na primeira coluna.

Page 131: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

131

As atividades da Tabela 6 que estão salientadas em itálico representam os pontos-chaves

do Método, os quais baseiam-se nas opções de escolha quanto ao grau de abrangência e

profundidade que se pretende adotar para o desenvolvimento dos processos de negócios.

Tabela 6: Método de Desenvolvimento de Processos de Negócios (fonte: Campeão, 1998)

PASSO 1: Definição do Projeto de Desenvolvimento de Processos Métodos

H D M R J

1.1. Estabelecer uma equipe inicial de projeto à nível executivo ● 1.2. Identificar o projeto de desenvolvimento de processos de negócios

1.2.1. Identificar o motivo propulsor do projeto ● ●

1.2.2. Definir os objetivos do projeto ● ● ● 1.2.3. Identificar as premissas organizacionais ao projeto ●

1.2.4. Identificar o(s) processo(s) alvo do projeto ● ● ● ● ● 1.3. Estabelecer a estrutura do projeto

1.4. Estabelecer a Equipe de Projeto ● ● ● ● ● 1.5. Estabelecer um programa de informação do projeto à organização ● ● ●

1.6. Criar um arquivo de documentação do projeto ●

PASSO 2: Preparação para o Desenvolvimento dos Processos Métodos

H D M R J

2.1. Modelar o processo atual

2.1.1. Identificar o fluxo de atividades do processo ● ● ● ● ● 2.1.2. Identificar os limites do processo ●

2.1.3. Identificar os fatores organizacionais e tecnológicos associados ao processo

● ●

2.2. Estabelecer medidas de desempenho ao processo ●

2.3. Analisar o fluxo de trabalho do processo atual ● ● ● ● 2.4. Identificar as causas relacionadas aos problemas ● ●

2.5. Identificar os fatores habilitadores e limitadores ao desenvolvimento do processo

2.6. Identificar as premissas do processo

2.7. Definir os objetivos de desenvolvimento do processo ● ●

2.8. Estabelecer a ação de desenvolvimento mais apropriada ao processo

2.9. Atualizar o arquivo de documentação do processo

PASSO 3: Desenvolvimento dos Processos Métodos

H D M R J

3.1. Definir o novo processo

3.1.1. Otimizar o fluxo de trabalho do processo atual ●

3.1.2. Definir um novo fluxo de trabalho ao processo atual ● ● ● ●

Page 132: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

132

3.2. Estabelecer os procedimentos e os recursos associados ao novo processo

3.3. Estabelecer uma orientação quanto a estrutura funcional necessária ao processo ideal

3.4. Estabelecer pontos de controle de desempenho ao processo ideal ●

3.5. Estabelecer as premissas do novo processo.

3.6. Analisar a consistência do novo processo ● ●

3.7. Obter a aprovação do novo processo ●

3.8. Atualizar a área de documentação do projeto

PASSO 4: Implantação dos Novos Processos Métodos

H D M R J

4.1. Definir o plano de implantação do novo processo. ● ●

4.2. Preparação para o desenvolvimento contínuo ● ● ●

Segundo CAMPEÃO (1998), o Método de Desenvolvimento de Processos de Negócios

proposto pretende satisfazer qualquer intenção de mudança, de qualquer tipo de

organização ou empresa. A definição da ação mais apropriada ao processo deve basear-

se principalmente nos objetivos de desenvolvimento da empresa e na situação atual do

processo em questão. De acordo com a autora, o importante é que a ação de

desenvolvimento adotada seja aquela que melhor se adapte às necessidades

identificadas, evitando desperdícios de esforços, recursos e tempo.

4.1.5 Metodologia de Hammer

A proposta inicial da reengenharia proposta por Hammer passou por várias evoluções e

adaptações, entretanto, numa visão mais recente sobre a implantação da gestão OPP,

Hammer (2001) estabeleceu alguns passos à sua efetividade, como segue:

Identifique os processos da empresa, normalmente cinco a dez;

Faça com que as pessoas de toda a organização se conscientizem dos processos e

de como seu trabalho se enquadra neles;

Crie e implemente medidas de processo de ‘ponta a ponta’, derivadas das

necessidades do cliente e dos acionistas. Avalie o desempenho do processo atual

e estabeleça objetivo;

Indique os proprietários dos processos que devem ser dirigentes com autoridades

sobre um processo, responsáveis por garantir a consistência de desempenho. O

Page 133: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

133

proprietário do processo estabelece o desenho do processo, garante que esse

desenho seja seguido, obtém os recursos necessários para o processo e intervém,

conforme necessário, para a melhoria do processo;

Selecione dois ou três processos para serem redesenhados e melhorados;

Implemente esses novos desenhos de forma angular;

Alinhe os sistemas de gerenciamento da empresa com a nova proeminência de

seus processos.

A preocupação com a conscientização das pessoas envolvidas e o estabelecimento de

indicadores para a mensuração dos processos em toda a sua amplitude são pontos

positivos da metodologia de Hammer (2001). Entretanto, pode-se destacar como ponto

negativo dessa metodologia a ausência de atividades voltadas à efetiva horizontalização

da estrutura organizacional.

4.2 Metodologias de instituições que buscam a orientação por processos 4.2.1 Metodologia da Pró Reitoria de Desenvolvimento Universitário – PRDU -

UNICAMP

A pesquisa bibliográfica possibilitou a investigação de algumas instituições que

baseadas no desenvolvimento de metodologias, implementaram a gestão orientada por

processos. A Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário – PRDU estabeleceu como

um dos seus objetivos estratégicos a incorporação da Gestão por Processos na

Administração. Esse objetivo se fortaleceu dentro da PRDU pela preocupação em

reorganizar e melhorar seus processos, visando responder às mudanças, maximizar as

oportunidades e atender seus clientes/usuários da melhor forma buscando sua satisfação.

Nesse sentido a PRDU através da criação do grupo GEPRO responsável pela condução

desse objetivo estratégico proporcionou a elaboração de uma metodologia cujo objetivo

é orientar a implantação da Gestão por Processos na Universidade. A metodologia foi

construída por um grupo formado por profissionais do Hospital de Clínicas e do Centro

de Computação, assessorados por integrantes de órgãos subordinados à PRDU.

Page 134: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

134

Na metodologia é proposta uma estratégia abrangente, sistemática, estruturada, não

formal, para auxiliar a identificação e o aprimoramento dos processos e garantir a

participação maciça das pessoas envolvidas, independente de nível hierárquico. Nela, as

pessoas do nível estratégico, tático e operacional do processo alvo participam do

planejamento, das propostas e da execução de mudanças; enfim, comprometem-se com

a qualificação do seu processo. A metodologia está baseada em conceitos da gestão da

qualidade, e foi construída com base em autores diversos.

A metodologia é composta de (08) oito etapas que se inter relacionam de forma a

propiciar uma visão por processos da organização foco do estudo. As etapas poderão

ser desenvolvidas integralmente e na seqüência apresentada ou, de acordo com a

necessidade, poderão ser simplificadas ou não realizadas.

A Figura 47 ilustra a seqüência de etapas da Metodologia de implementação da Gestão

por Processos na Universidade:

Page 135: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

135

Figura 47: Fluxo da Metodologia da Gestão por processos (fonte: adaptado de Metodologia de Gestão por processos, UNICAMP, 2007)

Melhoria

ETAPA 1 Entendimento do

Planejamento Estratégico

ETAPA 4 Requisitos dos

clientes fornecedores do Processo 1

ETAPA 2 Entendimento do

Negócio

ETAPA 3 Identificação dos processos Críticos

Processos Escolhidos?

E S T R A T É G I A

*** MELHOR I A

ETAPA 5 Análise do Processo 1

ETAPA 6 Redesenho do

Processo 1

ETAPA 7 Implementação do

Processo 1

ETAPA 4 Requisitos dos

clientes fornecedores do Processo 2

ETAPA 5 Análise do Processo 2

ETAPA 6 Redesenho do

Processo 2

ETAPA 7 Implementação do

Processo 2

ETAPA 4 Requisitos dos

clientes fornecedores do Processo n

ETAPA 5 Análise do Processo n

ETAPA 6 Redesenho do

Processo n

ETAPA 7 Implementação do

Processo n

ETAPA 8 Gerenciamento do

Processo 1

ETAPA 8 Gerenciamento do

Processo 2

ETAPA 8 Gerenciamento do

Processo n

Novas Melhorias?

Novas Melhorias?

Novas Melhorias?

GERENC I AMENTO

Page 136: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

136

A Etapa 1 – Entendimento do Planejamento Estratégico – foi incorporada à

metodologia apresentada para reforçar a importância do Planejamento Estratégico como

fonte das estratégias da organização e obtenção de resultados coerentes e qualificados

na aplicação da Gestão por Processos.

A Etapa 2 – Entendimento do Negócio – objetiva entender o funcionamento da

organização e seu comportamento enquanto sistema, identificando seus processos de

negócio e suas relações com clientes e fornecedores. É nessa etapa que os envolvidos

nos projetos de redesenho de processos, orientados por essa metodologia, têm contato

com os aspectos conceituais e a forma como o projeto de melhoria será conduzido.

Na Etapa 3 – Identificação dos Processos Críticos – é (são) selecionado(s) o(s)

processo(s) crítico(s) que será(ão) alvo do(s) projeto(s) de melhoria. A escolha de um ou

vários processos para serem redesenhados ao mesmo tempo, dependerá da força de

trabalho disponível para isso. O(s) processo(s) será(ão) selecionado(s) tendo por base as

prioridades estabelecidas pela organização vindas do planejamento estratégico ou de

oportunidades identificadas que tenham impacto sobre o cliente e sobre a organização.

Da Etapa 4 – Requisitos dos Clientes e Fornecedores do Processo – em diante, o

foco está em um processo específico. Nessa etapa são levantados: os requisitos dos

clientes com relação aos produtos / serviços oferecidos pelo processo; os requisitos dos

fornecedores com relação ao processo de forma a proverem insumos adequados às

necessidades do mesmo; as necessidades do processo com relação aos clientes e

fornecedores, de forma que o trabalho possa ser realizado produzindo as saídas

necessárias e dentro dos padrões exigidos. Para cada um dos requisitos são estabelecidas

formas de medí-los e acompanhálos.

Na Etapa 5 – Análise do Processo Atual – o processo foco da melhoria é analisado

passo a passo, identificando-se os pontos de impacto negativo sobre ele, as

oportunidades de melhoria e como poderá ser acompanhado de forma a obterse

feedback sobre seu desempenho.

Page 137: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

137

A Etapa 6 – Redesenho do Processo – é a etapa da busca e planejamento das

mudanças necessárias para alcançar melhorias na forma como o trabalho passará a ser

realizado. São consideradas soluções diversas de forma a identificar aquela que melhor

atenda as necessidades e condições do cenário atual.

A Etapa 7 – Implementação do Processo – compreende a implantação efetiva das

mudanças (melhorias) planejadas, com a preparação da documentação que dará suporte

ao trabalho daí para frente. É nessa etapa que se realiza a divulgação do novo processo e

seu treinamento para todos os envolvidos.

A Etapa 8 – Gerenciamento do Processo – corresponde ao acompanhamento, controle

e aperfeiçoamento contínuo do novo processo e, portanto, uma etapa permanente. É

durante esse gerenciamento que novas oportunidades de melhoria do processo são

identificadas iniciando-se um novo ciclo de melhoria, a partir da etapa 4. Além de ser a

etapa que irá garantir a permanência das melhorias implantadas, com um gerenciamento

instrumentalizado por indicadores e com um forte papel educativo.

Todas as etapas possuem uma estrutura básica composta dos seguintes itens:

Conceitos e valores: onde são abordados aspectos técnicos que dão suporte às

atividades desenvolvidas na respectiva etapa. O domínio desses conceitos é

gradativo, passando a ser incorporado às ações dos integrantes dos projetos de

melhoria e da organização como um todo, à medida que projetos são

desenvolvidos continuamente.

Objetivos: apresenta em linhas gerais a que se propõe a etapa.

Pré-requisitos: condições mínimas desejáveis para que a etapa se inicie de

forma a alcançar os objetivos a que se destina.

Mapa de atividades e participações: apresenta, de forma gráfica, a seqüência

padrão das atividades desenvolvidas na etapa e seus respectivos participantes.

Roteiro de trabalho: descreve em maior detalhe como a etapa deve ser

desenvolvida, atividade por atividade, orientando como o trabalho deve ser

Page 138: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

138

realizado. Nas atividades são feitas referências às técnicas, padrões e sugestões,

e que devem ser utilizados na medida que forem referenciados.

Produtos: relaciona os produtos resultantes da etapa, que são a base para a

documentação do projeto.

A Metodologia de implementação da Gestão por Processos desenvolvida pretende

incentivar a adoção de uma filosofia de melhoria continua nas práticas de trabalho da

Instituição, dentro dos valores da Gestão da Qualidade. A Metodologia criada mostra

um caminho a ser seguido para se conseguir a melhoria contínua dos processos

institucionais e, como todo caminho, pode ser melhorado.

Porém, para se ter uma implementação bem sucedida deve -se envolver representantes

das funções (departamentos) que contribuam para o processo crítico bem como de

representante da alta administração, que garanta o bom andamento do projeto e viabilize

os recursos necessários. Os benefícios mais importantes e duradouros vêm das idéias e

do comprometimento de todas as pessoas, que em última análise, implementarão os

aperfeiçoamentos e que trabalham dentro do processo.

4.2.2 Metodologia de Mello

A metodologia de Mello (2002) é resultante dos métodos e abordagens desenvolvidas

pelas Process Renewal Group Consulting Group Inc. e SRI Strategic Resources Inc.,

uma metodologia estruturada em oito etapas, conforme representada na Tabela 7.

Tabela 7: Etapas da metodologia de Mello ( fonte: adaptado de Mello, 2002)

Passo 1 – Definir contexto de negócio: Passo 2 – Arquitetar e alinhar:

• Entender pontos fortes, fracos, oportunidades e

ameaças (SWOT);

• Determinar potenciais cenários para o futuro;

• Classificar os tipos de stakeholders;

• Documentar princípios e valores;

• Produzir indicadores de performance e requisitos;

• Documentar fluxo emresa/stakeholders;

• Determinar objetivos e fatores críticos de sucesso.

• Identificar processos de negócio;

• Associar processos aos critérios e priorizar;

• Determinar requisitos de conhecimento;

• Identificar tecnologias estratégicas;

• Identificar estruturas organizacionais

estratégicas;

• Definir requisitos físicos das instalações;

• Determinar capacidades humanas;

• Determinar oportunidades de alinhamento e

Page 139: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

139

restrição.

Passo 3 – Estabelecer visão: Passo 4 – Entender processos:

• Selecionar processo para revisão e identificar

stakeholders;

• Formular visão dos processos e do projeto;

• Identificar metas de melhoria de performance do

projeto;

• Definir escopo do projeto ;

• Definir estratégia do projeto;

• Desenvolver business case inicial;

• Desenvolver estratégia de comunicação e

mudança;

• Finalizar o plano do projeto.

• Confiar escopo e fronteiras;

• Mapear processos e xistentes;

• Medir a performance dos processos;

• Determinar causas dos problemas;

• Identificar prioridades de melhoria;

• Implementar quick wins.

Passos 5 – Renovar: Passo 6 – Redesenvolver:

• Realizar benchmark de processos e tendências;

• Finalizar critério de avaliação;

• Obter conhecimento dos recursos de suporte;

• Inovar processos;

• Modelar os processos renovados;

• Demonstrar/validar processos renovados;

• Desenvolver estratégia de transformação.

• Rever a estrutura organizacional;

• Revisar os papéis e responsabilidades;

• Identificar a cadeia de fornecimento.

Passo 7 – Implantar: Passo 8 – Melhorar e educar constantemente:

• Definir projeto piloto;

• Alinhar os recursos;

• Readequar os mecanismos de reconhecimento;

• Fazer adequação de TI.

• Estabelecer mensuradores dos processos

horizontalizados;

• Ajustar os mecanismos de reforços da estrutura

horizontalizada;

• Implantar plano de educação continuada sobre

a gestão OPP.

Essa metodologia, compreendida em oito fases, apresenta uma visão sistêmica e ampla

para a transformação da organização OPF em OPP, com destaque para o forte

alinhamento à tecnologia da informação, como viabilizadora e fortalecedora do sistema

de gestão horizontal.

Page 140: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

140

CAPÍTULO 05

5 ESTUDO DE CASO DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS NAS EMPRESAS DO GRUPO ELETROBRAS

Neste capítulo é apresentado o estudo de caso do Projeto de Implantação da Gestão por

Processos nas empresas Eletrobrás proveniente do Plano de Transformação do Sistema

Eletrobras (PTSE). Serão apresentados os trabalhos finais realizados por integrantes do

Grupo de Trabalho – GT Processos no curso de capacitação de Gestão Integrada de

Processos que teve como consultoria a empresa Enjourney. O primeiro estudo refere-se

à Proposta de Padrão Eletrobras de Gestão Orientada por Processos que apresenta um

padrão a ser seguido por todas as empresas Eletrobras onde foram identificadas e

definidas todas as etapas para uma gestão orientada por processos, desde o

gerenciamento do projeto de processos, até a gestão do dia a dia do processo

implantado. O segundo estudo contemplou a Proposta de Modelo de Governança de

Processos para as empresas Eletrobras com a elaboração de um framework de

Governança de Processos.

Com esse estudo de caso, será possível identificar as propostas metodológicas com

utilização de técnicas e ferramentas direcionadas pela holding Eletrobras necessárias

para viabilizar um gestão orientada por processos para empresas do grupo Eletrobras.

5.1 O Plano de Transformação do Sistema Eletrobrás

O fortalecimento e a transformação empresarial pretendidos e delineados pelo governo

federal levaram a Eletrobrás a buscar uma nova plataforma estratégica sob o ponto de

vista institucional, organizacional e mercadológico. Com a orientação estratégica de

fortalecer as Empresas Eletrobras no cenário brasileiro e internacional, foi desenhado o

Plano de Transformação do Sistema Eletrobras (PTSE), estruturado com o objetivo de

“implementar uma nova visão de futuro, alinhada ao novo ambiente institucional do

setor elétrico brasileiro, com foco na eficiência empresarial para obter melhores

resultados para as diversas partes interessadas (stakeholders): governo, clientes,

acionistas, público interno e parceiros estratégicos, entre outros”.

Page 141: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

141

A implementação dos projetos que integram o PTSE pretende reinventar a forma como

se executa e gere os negócios nas empresas do Sistema Eletrobrás, para que, por meio

da Integração, Competitividade e Rentabilidade (Figura 48), seja possível contribuir

com sustentatibilidade para o crescimento da oferta de energia e o desenvolvimento

social e econômico do Brasil.

Figura 48: Integração, Competitividade e Rentabilidade – PTSE

Para concretizar o PTSE foi elaborado o Plano de Ações Estratégicas (PAE 2009-2012)

com o objetivo de alavancar a competitividade e transformar as Empresas Eletrobras.

Os projetos que integram o PAE visam inovar a gestão e operacionalização dos

negócios nas Empresas Eletrobras, de modo a contribuir para o crescimento sustentável

da oferta de energia e o desenvolvimento social e econômico do Brasil, com foco na

Integração, Competitividade e Rentabilidade. O PAE foi estruturado levando em conta

quatro diretrizes ou vetores de atuação do PTSE, conforme apresentados na Figura 49.

I – Aperfeiçoamento da Governança Corporativa

III – Reformulação Institucional da Eletrobrás

II – Reorientação dos Negócios da Distribuição

IV – Reorganização do Modelo de Gestão Empresarial

Figura 49: Diretrizes do PTSE Eletrobras O PTSE é constituído por um conjunto de 41 projetos (ou ações) distribuídos nos quatro

vetores de atuação definidos pelo MME conforme apresentado na Figura 50.

IV.5 - Elaboração do Plano de Readequação Empresarial

IV.5.5 – Implantação da Gestão por Processos nas Empresas Eletrobras

Page 142: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

142

Figura 50: Diretrizes e Projetos do PTSE Eletrobras

A Gestão por Processos é um dos temas contemplados no Vetor de Atuação IV –

Reorganização do Modelo de Gestão Empresarial, no projeto IV.5.5 – Implantação da

Gestão por Processos nas Empresas Eletrobras, que tem os seguintes objetivos:

Fortalecer a excelência da gestão e o aumento da visibilidade do contexto

organizacional e dos negócios da holding para tomada de decisão e inovação, de

forma a expandir significativamente o desempenho organizacional;

Agregar valor aos produtos e serviços considerando as necessidades, requisitos e

expectativas das partes interessadas;

Gerir os processos de negócio observando: integridade, desempenho e

implementação de controles para mitigação de riscos;

Acelerar a implementação de iniciativas críticas que dependam de melhorias em

processos e indicadores de gestão;

Padronizar conceitos, modelos, métodos e práticas relativos à gestão orientada

por processos nas Empresas Eletrobras.

Page 143: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

143

Dentre os produtos previstos neste projeto inserem-se a Proposta de Padrão Eletrobrás

de Gestão Orientada por Processos e a Governança de Processos para contribuir para o

aumento do desempenho dos processos e, conseqüentemente, do desempenho da

organização.

A seguir são apresentados 02 (dois) trabalhos desenvolvidos por integrantes do Grupo

de Trabalho – GT Processos como parte do curso de Capacitação Integrada de

Processos, patrocinada pela Universidade Corporativa do Sistema Eletrobras – UNISE e

ministrada pela Enjourney Consultoria.

5.1.1 Proposta de Padrão Eletrobras de Gestão Orientada por Processos

O objetivo geral do trabalho foi apresentar uma visão integrada de um conjunto de

metodologias, métodos e ferramentas de Gestão Orientada por Processos a ser

desenvolvido pelas empresas Eletrobras.

Teve como objetivos específicos:

Propor a metodologia de Gestão Orientada por Processos;

Propor metodologias, métodos e ferramentas, utilizados na Gestão Orientada por

Processos;

Propor metodologias integradoras com a Gestão Orientada por Processos.

A metodologia de Gestão Orientada por Processos proposta no trabalho baseou-se no

artigo de Campeão (1999) citado no item 4.1.4 dessa dissertação.

O escopo da Metodologia de Gestão Orientada por Processos proposta pelo grupo

abrange desde as diretrizes e demandas de processos a serem gerenciadas como um

projeto até a gestão do dia a dia do redesenho ou novo processo, passando pela

modelagem, melhoria e implantação do processo conforme apresentado na Figura 51.

Page 144: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

144

Figura 51: Metodologia orientada por processos

A seguir são apresentadas as etapas dessa proposta de metodologia, como padrão para

as empresas do grupo Eletrobras.

Etapa I - Gerenciamento de Projetos Segundo entendimento do GT Processos, a Etapa I - Gerenciamento de projetos deve

ser realizado de acordo com as diretrizes e atividades definidas pelo GT Projetos das

empresas Eletrobras.

Gerenciamento de Projetos

Modelagem Melhoria Implantação Gestão do Dia a Dia

Gestão de Processos

Page 145: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

145

Etapa II - Modelagem

Gerenciamento de Projetos

Plano de Projeto aprovado

Identificar fluxo de atividades do processo

Identificar limites do processo

Limites do processo

identificados

Identificar normatização e documentação

Identificar riscos e controles

Identificar competências

Identificar sistemas de informação

Estabelecer medidas de desempenho dos

processos

Analisar fluxo de atividades do processo

Registrar oportunidades de

melhoria

Definir necessidade de redesenho ou novo

processo

Redesenho ou novo processo

necessário

Redesenho ou novo processo não necessário

Melhoria

^

^

x

Page 146: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

146

Etapa III – Melhoria

Modelagem

Redesenho ou novo processo

necessario

Definir objetivos do redesenho ou novo processo

Identificar normatização e documentação

Identificar riscos e controles

Identificar competências

Identificar sistemas de informação

Estabelecer pontos de controle de

desempenho

Simular o redesenho ou novo processo

Definir necessidade de redesenho ou novo

processo

Redesenho ou novo processo

aprovado

Redesenho ou novo processo não aprovado

Implantação

^

^

x

Levantar as melhores práticas (benchmarking)

Identificar causas relacionadas aos problemas do ...

Identificar fatores habilitadores e limitadores ao redesenho ou ..

Identificar fluxo de atividades do redesenho ou novo ...

Fluxo de atividade do redesenho ou

Page 147: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

147

Etapa IV – Implantação

Melhoria

Redesenho ou novo processo

aprovado

Estabelecer ações necessárias à mudança cultural

Ações relacionadas à

mudança cultural

Implementar normatização e documentação

Implementar tratamento de riscos e

controles

Implementar adequação

competências

Implementar adequação do sistemas de

Implantar redesenho ou novo processo

Implantação realizada

Gestão do Dia a Dia

^

^

Page 148: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

148

Etapa V – Gestão do Dia a Dia

O grupo ainda propôs uma hierarquia de processos baseada nos resultados da entrevista

realizada com os representantes das empresas do grupo Eletrobrás conforme

apresentado na Tabela 8 abaixo.

Tabela 8: Hierarquia de Processos GT Processos

Situação atual Proposta do grupo

Cadeia de Valor Processo Nível 1

Macro processo

+ Nível não definido Processo Nível 2

Implantação

Implantação realizada

Acompanhar medidas de desempenho do processo

Necessidade de ajustes no

processo ...

Ajustar normatização e documentação

Ajustar riscos e controles

Ajustar competências

Ajustar sistemas de informação

Implementar ajustes no processo

Ajustes implantados

^

^

Definir necessidade de ajustes no processo

Page 149: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

149

Cenário de Negócio

Processo Processo Nível 3

Subprocesso Processo Nível 4

Fluxo do Processo

Atividade / Rotina Processo Nível 5

Identificaram outras metodologias, métodos e ferramentas relacionadas com a gestão

orientada por processos que será apenas comentada nessa dissertação. Entre as

metodologias de melhoria identificadas estão: a filosofia 6S (Seis sigma), Teoria das

Restrições – TOC e a produção enxuta – Lean.

Dentre as análises de outros métodos e ferramentas de processo, o grupo identificou

vários conforme Tabela 9.

Tabela 9: Métodos e ferramentas de processo identificados pelo GT Processos

Método / Ferramenta O que é Para que utilizar

Árvore da Realidade

Atual (ARA) Ferramenta de análise de problema Estabelecimento de Relação de Causa

e Efeito

Folha de Verificação Planilha para coleta de dados Para facilitar a coleta de dados pertinentes

Diagrama de Pareto

Diagrama de barras que ordena as ocorrências do maior para o menor, i.e. estratifica problemas de acordo com causas/manifestações.

Priorizar a causa ou problema mais crítico

Diagrama de Causa e Efeito ou Espinha de

Peixe

Estrutura do método que expressa, de modo simples e fácil a série de causas de um efeito (problema).

Ampliar e priorizar a quantidade de causas potenciais a serem analisadas.

Diagrama de Dispersão

Gráfico cartesiano que representa a relação entre duas variáveis - causa e efeito

Verificar a correlação entre duas variáveis

Histograma Diagrama de barras que representa a distribuição de uma população

Verificar o comportamento de um processo em relação à especificação

Fluxograma

São fluxos que permitem a visão global do processo por onde passa o produto ou serviço

Estabelecer os limites e conhecer as atividades

Page 150: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

150

Gráfico de Controle Gráfico com limite de controle que permite o monitoramento dos processos

Verificar se o processo está sob controle

Brainstorming

É um conjunto de idéias ou sugestões criado pelos membros da equipe que permite avanços na busca de soluções.

Ampliar a quantidade de opções a serem analisadas

5W2H É um documento de forma organizada para identificar as ações e responsabilidades de cada um.

Para planejar as diversas ações que serão desenvolvidas no decorrer do trabalho

GUT

Matriz de priorização de problemas a partir da analise feita, considerando três critérios (Gravidade - Urgência - Tendência).

Seleção da causas mais prováveis dos problemas

"5" porquês Técnica de análise de causas. Encontrar a causa raiz de um defeito ou problema

A partir das análises, foram selecionados cinco métodos e ferramentas a serem

utilizados pelas empresas Eletrobras:

ARA;

80-20 ou Pareto;

Espinha de Peixe;

Matriz GUT;

“5 Porquês”.

O GT Processos ainda fez uma análise das principais ferramentas de Modelagem de

Processos fundamentada na obra de Caulliraux e Cameira (2000), que aborda as

características sobre “Tipologia de Ferramentas de Modelagem de Processos”. Dentre as

ferramentas analisadas estão:

Ferramenta de auxílio gráfico;

Ferramentas com referências metodológicas; e

Ferramentas de modelagem e análise de processos.

Baseado na abrangência, complexidade, recursos envolvidos, maturidade do tema de

Gestão Orientada por Processos nas empresas Eletrobras e no resultado da pesquisa nas

empresas Eletrobras, o grupo decidiu alguns direcionamentos:

Page 151: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

151

Partir para utilização de ferramenta de modelagem com referência metodológica

suportada por BD;

Integrar com outras ferramentas de TI;

Levar em consideração a tendência mercadológica

Considerar o percentual de usuários nas empresas Eletrobras que já utilizam

ferramenta com estas características.

Propôs então que a ferramenta de modelagem a ser padronizada nas empresas Eletrobras

seja o ARIS, pois atende os direcionamentos propostos; e que sua implantação seja

conforme a metodologia de projetos de acordo com o PMBOK.

Entre as metodologias integradoras identificadas pelo GT Processos estão:

L Gestão de competências orientada por processos;

Gestão de indicadores orientados por processos;

Normatização e documentação de processos;

Gestão de controles e riscos orientados por processos;

Gestão de sistemas orientados por processos;

Gestão do conhecimento orientada por processos;

Definição e melhoria da Governança de processos;

Desenho de projeto organizacional orientado por processos (estrutura, cargo,

carreira);

Metodologia de avaliação de retorno e ganhos por processos (EVTE, ROI, TIR,

ganhos qualitativos); e

Metodologias para a realização de auditorias.

Por fim, na análise final do trabalho foi verificado que os objetivos foram alcançados

com a elaboração de uma proposta da Metodologia de Gestão Orientada por Processos

para as empresas Eletrobras e com as propostas de alguns direcionamentos sobre

utilização de outras metodologias, métodos e ferramentas.

Page 152: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

152

5.1.2 Proposta de Modelo de Governança de Processos para as empresas Eletrobras

Dentre os produtos previstos no projeto de Implantação da Gestão por Processos nas

empresas Eletrobras, está uma Proposta de Modelo de Governança de Processos como

instrumento indispensável para organizar e ordenar a Gestão Orientada por Processos

nas Empresas Eletrobras, de forma a viabilizá-la como um elemento de gestão

organizacional capaz de contribuir para o aumento do desempenho dos processos e,

consequentemente, do desempenho da organização.

O objetivo geral do trabalho foi propor um Modelo de Governança de Processos para as

empresas Eletrobras cabendo nessa dissertação apresentar um resumo do trabalho

desenvolvido.

O trabalho teve como objetivos específicos:

Estabelecer um framework de Governança de Processos para as empresas

Eletrobras

Explicitar o escopo da Governança e da Gestão Orientada por Processos.

Segundo o grupo, uma prática de gestão que é de vital importância e vem se

solidificando aos poucos nas organizações no âmbito da Gestão Empresarial é a

Governança de Processos, cujo conceito inspira-se na Governança Corporativa quanto

tem entre seus objetivos o esforço constante pela transparência no relacionamento com

todas as partes envolvidas; a definição de papéis e responsabilidades; a adoção das

melhores práticas do mercado; e a atuação da Organização de maneira responsável e

sustentável no que diz respeito à gestão dos processos de negócio.

A Governança de Processos para as empresas Eletrobras visam:

Proporcionar o alinhamento estratégico com os processos de negócio;

Promover o alinhamento das necessidades e expectativas das partes interessadas,

para o contínuo atendimento do anseio das comunidades e o aumento da

produtividade dos processos de negócio;

Page 153: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

153

Direcionar a Governança Orientada por Processos para contribuição efetiva no

alcance dos objetivos do negócio e na melhoria dos resultados da organização.

O Modelo quando aprovado, será um instrumento basilar na gestão dos processos de

negócio transversais que perpassam todas as empresas, podendo ser adaptado para a

gestão dos processos transversais em cada uma das empresas.

O grupo destacou que para alavancar a competitividade e proporcionar a transformação

do modo de fazer negócios das Empresas Eletrobras, é necessário que todas as suas

empresas trabalhem de forma alinhada, integrada e com foco em resultados. Porém, isso

só é possível entendendo que uma organização é composta das dimensões “tecnologia”,

“pessoas” e “processos”; que o desenvolvimento simultâneo dessas dimensões é

essencial ao alcance do objetivo pretendido; e que elas devem estar perfeitamente

alinhadas com estratégias empresariais claras e consistentes.

De fato, constataram que a gestão por processos é apenas uma das dimensões

necessárias à implementação de um modelo de gestão capaz de alavancar os resultados

da organização. A gestão de pessoas, em particular, também reveste-se de importância

fundamental, indispensável e determinante na obtenção dos resultados esperados

também bem como a estrutura organizacional deve estar adequada para o alcance dos

objetivos estratégicos da Organização, assim como a tecnologia que suporta os

processos de negócio.

No entendimento do grupo, para que a Gestão Orientada por Processos propicie os

resultados desejados faz-se necessária a implementação de um Modelo de Governança

de Processos, com objetivos claros, que estabeleça o elo entre o Planejamento

Estratégico e os processos de negócio; defina políticas e diretrizes norteadoras; explicite

papeis e responsabilidades; determine mecanismos de avaliação e controle consistentes

e demonstre como os diversos atores dessa Governança se relacionam, para tomarem

suas decisões. Enfim, se faz urgente uma estrutura que direcione a Gestão Orientada por

Processos, de modo que os esforços por ela empreendidos sejam bem sucedidos na

contribuição para o alcance das metas estratégicas traçadas e obtenção de melhores

resultados.

Page 154: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

154

Foi constato no trabalho que as Empresas Eletrobras estão iniciando com a Gestão por

Processos. Isso vale dizer que suas realidades são de estruturas verticalizadas, bem

definidas e que devem continuar com essa configuração. Entretanto, buscando melhorar

seus desempenhos precisam de uma metodologia de Gestão Orientada por Processos

que leve a uma visão transversal dos seus processos. Porém, para implantá-la, o Comitê

Estratégico de Processos Organizacionais do Sistema Eletrobras (COPOSE) buscará

parcerias com as áreas de comunicação e as áreas de desenvolvimento de pessoas, onde

terão os desafios de concretizar a mudança da cultura organizacional e capacitar os

gestores e profissionais dentro dessa nova visão de orientação por processos, que

extrapola suas áreas funcionais.

Na busca do sucesso na implantação da Gestão Orientada por Processos para as

Empresas Eletrobras, se faz necessária uma Governança de Processos efetiva, que

norteie suas iniciativas voltadas para o alcance das estratégias empresariais definidas

pela alta administração.

Distinguiram os termos gestão e governança de processos segundo preconiza (Barros,

2009). A gestão se refere às tarefas realizadas para garantir a execução do trabalho, já a

governança é a organização da gestão e se refere às metas; princípios; estrutura de

relacionamento entre os atores, com a definição de responsabilidades e direitos de

decisões; e política e regras que definem os limites de atuação dos gestores (HARMON,

2008 apud BARROS, 2009).

Citaram alguns conceitos com relação à Governança de Processos, segundo Paim

(2010): “A Governança de Processos é a formulação, implantação, controle e revisão de

políticas, diretrizes, regras, procedimentos, instrumentos e tecnologias que orientam a

prática de gestão de processos dentro da organização. Também estão inseridas a forma de

organização, integração, colaboração e comunicação das diferentes iniciativas de gestão

de processos nas empresas”.

“A Governança, quando bem definida, bem gerida e plenamente alinhada à estratégia

organizacional, atua como orientadora e facilitadora da Gestão de Processos, uma vez que

Page 155: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

155

define objetivos, papeis, responsabilidades e instrumentos. Com isso, os esforços

relacionados à melhoria e a gestão dos processos são direcionados a um objetivo comum,

evitando a usual duplicidade de esforços e favorecendo o alcance dos objetivos”.

Para se pensar no Modelo de Governança de Processos (framework) foi necessária uma

análise do contexto global das empresas e a identificação dos fatores que influenciam

direta ou indiretamente na sua definição e posterior implantação. Os fatores impactantes

para o alcance do objetivo da Governança considerados são apresentados a seguir.

Estratégia da organização: orienta qual o

caminho que as empresas devem seguir, quais

os objetivos a serem alcançados e quais as

metas almejadas. Logo, estratégia é um fator

direcionador na construção do modelo, pois

indica o que é importante para a organização e

orienta a escolha dos elementos que comporão

o modelo de governança de forma a facilitar

sua implantação e o alcance dos objetivos

estratégicos. A missão das Empresas

Eletrobras, base de sua razão de ser e

identidade institucional, consiste em “atuar

nos mercados de energia de forma integrada,

rentável e sustentável”. A declaração do

“objetivo da Governança de Processos”, para as Empresas Eletrobras: “Contribuir para a

geração de resultados sustentáveis das Empresas Eletrobras, promovendo a integração e

o alinhamento das iniciativas de processos aos objetivos do negócio”, elemento basilar

do Modelo, reflete diretamente este fator, direcionando a definição de todos os demais

elementos do framework.

Gestão da mudança: é um fator imprescindível e impulsionador na implantação do

modelo de governança. Como todo novo modelo de gestão, sua implantação gera

resistências, insegurança, alterações no clima organizacional e, conseqüentemente, nos

resultados da organização. A gestão de mudança será um fator crítico de sucesso na

Page 156: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

156

implantação dessa nova forma de atuação e busca pela melhoria dos resultados, devendo

ser considerada um fator de risco. Não considerar a gestão de mudança ou não dar a

devida importância pode levar o projeto de implantação da gestão por processos ao

insucesso, ou gerar dificuldades que poderiam ser mitigadas. Nesse sentido, na

definição do elemento papeis e responsabilidades do Modelo de Governança de

Processos, explicitam-se os papeis de comunicadora e integradora, imprescindível à

Gestão da Mudança;

Políticas e diretrizes institucionais: semelhantes à estratégia da organização, esses

fatores norteiam a forma como o modelo será concebido, de forma a atendê-las. Podem

ser restritivos ou impulsionadores, a depender da cultura da empresa. Mas são fatores

direcionadores que devem ser considerados de forma a minimizar os impactos da

implantação e funcionamento do modelo de governança de processos. Nesse sentido, no

elemento Políticas e Diretrizes do Modelo propõe-se uma Carta de Diretrizes que deverá

nortear as iniciativas da Gestão Orientada por Processos das Empresas Eletrobras, cujas

orientações são compatíveis com as políticas e diretrizes institucionais. Além disso, há

uma proposta de Política Integrada de Gestão Orientada por Processos para as Empresas

Eletrobras, que, se aprovada, comporá o portfólio das políticas institucionais;

Tecnologia (TI): como todo modelo de gestão, o suporte informacional é extremamente

importante para sua implantação e execução. A tecnologia proporciona agilidade nos

processos, facilita a sua gestão e, conseqüentemente, favorece os resultados da

governança e possibilita o suporte à instrumentalização de seus elementos. É um fator

impulsionador da governança de processos e considerado na Carta de Diretrizes;

Capacitação: para a implantação de uma cultura de processos, é necessário que as

pessoas envolvidas, em todos os níveis de atuação, estejam devidamente capacitadas

para impulsionar a governança e facilitar sua implantação. Caso as pessoas não estejam

niveladas, os conceitos não estejam bem definidos e os benefícios não estejam claros,

este fator pode se tornar restritivo, impactando negativamente no alcance aos objetivos

do modelo. As pessoas são essenciais para o sucesso de qualquer projeto,

principalmente quando se trata da disseminação de novos conceitos e quebra de

Page 157: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

157

paradigmas. No modelo proposto, a este fator é dada uma atenção especial, conforme

delineado na Carta de Diretrizes;

Cadeia de valor: é um fator direcionador que retrata a organização por meio de seus

macroprocessos identificados e classificados em categorias de acordo com o

relacionamento (direto ou indireto) com os principais stakeholders, em especial os

clientes da organização. Como os clientes são “a razão de ser” das empresas, o modelo

de governança deve ser construído tendo como base o atendimento às exigências do

mercado, às necessidades e expectativas dos clientes, de forma a eficientizar os

resultados dos processos com este foco. A cadeia de valor é um dos fatores principais

considerados no papel de alinhadora da Governança de Processos. É a partir dela que se

torna possível o alinhamento das iniciativas de processos com a estratégia

organizacional;

Maturidade dos processos: a governança deve considerar a maturidade dos processos,

apresentado simplificado Figura 52, de modo a orientar a gestão a definir como os

mesmos devem ser gerenciados, a depender de cada nível em que se encontram. Os

processos com menor nível de maturidade necessitarão de um projeto de melhoria para

o aumento da maturidade, caso seja considerado crítico para o alcance dos objetivos

estratégicos. O modelo de governança, portanto, deve considerar a necessidade de

mensuração da maturidade e de atuação para a sua elevação, de formas a obter melhores

resultados operacionais. No modelo proposto, este fator é considerado na Carta de

Diretrizes;

Figura 52: Maturidade da Gestão por Processos

Page 158: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

158

Setor de atuação da empresa: é um fator direcionador na definição do modelo, pois

são as mudanças e os requisitos do mercado, o perfil dos stakeholders e o roadmap do

setor que vão orientar os objetivos da governança e definir quais os elementos

necessários para execução, adequação e priorização dos processos que atendem ao setor.

O setor elétrico fornece serviços à sociedade, grandes indústrias e impacta fortemente

na economia e no meio ambiente. As exigências desses stakeholders são cada vez

maiores e o modelo de governança precisa se moldar para atender aos requisitos da

sustentabilidade. Dessa forma, aumenta-se as chances de melhores resultados

empresariais, por meio de processos mais eficientes e rentáveis. No modelo proposto

esses requisitos são considerados na declaração do objetivo, na Carta de Diretrizes, no

instrumento de priorização dos processos e no papel de alinhadora da governança de

processos;

Estrutura de poder: pode ser um fator impulsionador ou restritivo. É importante que

seja analisada para que o modelo se construa de forma a usar esse fator impactante

positivamente. Como é um modelo que prevê a necessidade de novos papeis e

responsabilidades, é preciso analisar a estrutura atual das empresas e aproveitá-las a

favor dos benefícios a que o modelo de governança se propõe. Outras características

como o tempo de atuação no mercado, sua maturidade no setor, sua cultura funcional e

fortemente hierarquizada, são importantes e devem ser consideradas na construção do

modelo, de forma a não impactar negativamente na sua implantação e execução. Dessa

forma, o modelo proposto sugere papeis e responsabilidades voltadas a um modelo de

gestão orientado por processos, respeitando as características das Empresas Eletrobras,

de modo a somar a realidade existente a uma nova proposta de se fazer gestão.

A Governança de Processos, objeto do trabalho, está inserida no contexto da Gestão

Orientada por Processos e representa a liderança necessária para direcionar as

iniciativas de processo das Empresas Eletrobras no alcance do seu objetivo. O

framework proposto foi desenvolvido de modo a possibilitar sua aplicação nas diversas

realidades das Empresas Eletrobras. A Governança de Processos com seus componentes

formados por elementos, processos, atores e instrumentos que o caracterizam - primeira

camada do framework está representada numa visão integrada e estruturada, juntamente

Page 159: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

159

com os demais componentes que compõem a Gestão Orientada por Processos - segunda

camada do framework -, e os processos de negócio, representados na terceira camada do

framework. Essas três camadas compõem o framework de Governança e Gestão

Orientada por Processos proposto para as Empresas Eletrobras, conforme apresentado

na Figura 53.

Figura 53: Framework de Governança e Gestão Orientada por Processos para as Empresas Eletrobras

A proposta de Modelo de Governança de Processos para as Empresas Eletrobras, tema

central do trabalho, está sintetizada na primeira camada do framework, destacada

conforme apresentado na Figura 54.

Figura 54: Escopo do Trabalho

Page 160: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

160

Objetivo da Governança - Define o que se deseja alcançar por meio da governança de

processos, o que motivou sua elaboração e posterior implantação. Assim sendo, o

objetivo da governança de processos é “contribuir para a geração de resultados

sustentáveis das Empresas Eletrobras, promovendo a integração e o alinhamento das

iniciativas de processos aos objetivos do negócio”. Este é o objetivo declarado para a

Governança de Processos das Empresas Eletrobras e que norteou as definições de todos

os componentes do Modelo.

Políticas e Diretrizes – Norteiam as ações e tomadas de decisão para o melhor

desempenho dos processos e melhores resultados para as empresas. Regem a

implantação e o funcionamento do Modelo nas Empresas. Dentre as ações institucionais

que norteiam as ações e tomadas de decisão para o melhor desempenho dos processos e

melhores resultados para as empresas, insere-se a Política Integrada de Gestão por

Processos para das Empresas Eletrobras (PIGP).

Compondo o elemento de Políticas e Diretrizes da Governança de Processos apresenta-

se uma proposta da Carta de Diretrizes, Anexo A, que tem o objetivo de explicitar

questões importantes a serem consideradas pela Gestão Orientada por Processos.

Ainda como contribuição, propõe-se uma síntese dos papéis e competências do Líder de

Processos Anexo B, de forma a orientar a nomeação dos mesmos em cada empresa,

considerando o perfil adequado e alinhado ao papel ‘DA’ Governança e ‘DA’ Gestão

Orientada por Processos. Segundo Rosemann (2010), “o sucesso do processo está

relacionado ao perfil do líder”.

Papeis e Responsabilidades – Define o nível de atuação e responsabilidades dos atores

da governança e na gestão dos processos. Neste Modelo, este elemento está evidenciado

na Matriz RACI. Na Tabela 10 encontram-se definidos os Papeis e responsabilidades da

Governança e da Gestão de Processos.

Page 161: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

161

Tabela 10: Papeis e responsabilidades da Governança e da Gestão de Processos Papeis DA: Governança Gestão

Alinhadora à estratégia

• Desenvolver e manter a Cadeia de Valor das Empresas Eletrobras.

• Identificar processos críticos, priorizar e definir o portfólio de processos a partir das necessidades do negócio e da estratégia.

• Executar as iniciativas de melhoria dos processos de negócio.

• Coordenar os processos de negócio estratégicos.

• Identificar/definir indicadores de desempenho dos processos que contribuam para as metas estratégicas.

• Desenvolver propostas de melhoria para os novos processos das Empresas Eletrobras.

Normatizadora

• Definir e manter o Modelo de Governança de Processos das Empresas Eletrobras.

• Prover instrumentos relacionados à gestão orientada por processos no âmbito das Empresas Eletrobras.

• Formular e manter as políticas e orientações para a gestão dos processos.

• Definir perfil do líder de processos transversais.

• Implementar as políticas e diretrizes definidas pela Governança de Processos.

• Definir normas, padrões metodologias e procedimentos para auxiliar a execução dos processos e facilitar o ciclo de melhoria.

• Gerenciar o desempenho da gestão orientada por processos definidas pela Governança de Processos.

Integradora

• Articular a integração entre as Empresas Eletrobras envolvidas no processo.

• Definir líderes para os processos transversais.

• Articular a integração entre as áreas envolvidas no processo.

• Articular a integração entre os gerentes funcionais envolvidos no processo.

Patrocinadora

• Garantir o provimento dos recursos necessários para as iniciativas de processos transversais.

• Conciliar conflitos e promover a solução dos problemas provenientes da Gestão por Processos.

• Assegurar o bom desempenho da Gestão por Processos.

• Conciliar conflitos e promover a solução dos problemas provenientes dos Processos de Negócio.

• Assegurar o bom desempenho dos Processos de Negócio.

Indutora da Melhoria

• Analisar o resultado do desempenho dos processos transversais das Empresas Eletrobras.

• Promover a melhoria dos processos, considerando os requisitos de sustentabilidade.

• Executar as iniciativas de melhoria dos processos de negócio.

• Disseminar práticas de gestão por processos das Empresas Eletrobras.

• Promover circuito de aprendizado.

Comunicadora

• Disseminar a cultura da gestão orientada por processos nas Empresas Eletrobras.

• Sensibilizar a alta administração e gestores quanto à cultura da gestão orientada por processos.

• Divulgar resultados alcançados com a gestão orientada por processos nas

• Sensibilizar os colaboradores da Empresa quanto à cultura da gestão orientada por processos.

• Divulgar mudanças, melhorias e resultados obtidos na empresa.

Page 162: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

162

Empresas Eletrobras.

Coordenadora do dia a dia

• Coordenar os processos de negócio no dia-adia na empresa.

• Planejar, programar e controlar os recursos para os processos

• Monitorar a execução dos processos Medir, avaliar, controlar e divulgar o desempenho dos processos

• Realizar as melhorias contínuas nos processos

• Propor projetos para a melhoria de processos projetos

• Registrar aprendizado sobre processos

Estrutura de Relacionamento – Dispõe sobre a organização e a hierarquia dos atores

da Governança e Gestão Orientada por Processos, bem como estes se relacionam, já que

estes dois modelos de gestão estão intimamente relacionados, sendo o segundo o objeto

de ação do primeiro. Não faz sentido, portanto, apresentar a estrutura de relacionamento

da Governança isolada da Gestão. O grande desafio é criar uma sinergia entre os atores

da Governança de Processos e da Gestão Orientada por Processos, onde se deseja que os

papéis estejam bem delineados evitando sobreposição de responsabilidades e evitando

áreas de sombreamento. Também, que seja uma estrutura que propicie agilidade nas

ações e tomada de decisão.

Dessa forma, propõe-se uma Estrutura de Relacionamento da Governança de processos

das Empresas Eletrobras, conforme Figura 55. As raias verticais salientam os atores no

contexto das Empresas Eletrobras e no contexto de cada uma das empresas, enquanto

que as raias horizontais identificam os atores da Governança de Processos e da Gestão

Orientada por Processos.

Figura 55: Estrutura de Relacionamento da Governança de Processos das Empresas Eletrobras

Page 163: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

163

Mecanismos de Avaliação e Controle – Representam o conjunto de métricas de

avaliação e controle necessário para verificar a consistência e a efetividade da

Governança de Processos atuante nas Empresas Eletrobras.

A partir dos objetivos estabelecidos e mantidos para a Governança de Processos,

indicadores de desempenho resultantes são identificados e medidos pelo Escritório de

Processos das Empresas Eletrobras e avaliados periodicamente pelo COPOSE, em suas

reuniões periódicas. Após essa avaliação é encaminhado um relatório executivo ao

Comitê de Apoio à Gestão Empresarial do Sistema Eletrobras (COAGE) com a análise

e recomendações de ajustes na metodologia e/ou nos processos, se for o caso. Com o

acompanhamento dos resultados, ações de controle poderão ser determinadas,

garantindo as correções de rumo necessárias para garantir a efetividade dos objetivos da

Governança de Processos das Empresas Eletrobras.

Outra forma de avaliação e controle se dá pela verificação da aderência do modelo de

Governança implantado com o que está sendo executado, através de auditorias de

conformidade.

Instrumentos – auxiliam na aplicação dos elementos da Governança e seus resultados.

É o detalhamento do “como fazer” para implantar todos os resultados, facilitando a

atuação dos atores envolvidos e a homogeneidade dos resultados alcançados por cada

empresa.

Para que as ações da Governança de Processos sejam concretizadas, alguns

instrumentos são necessários para o funcionamento da Governança e da Gestão

Orientada por Processos nas Empresas Eletrobras. Aqui está proposto o que entendemos

serem os mais relevantes.

São eles:

Matriz RACI;

Procedimentos e critérios específicos para elaboração da Cadeia de Valor;

Modelo de maturidade dos processos;

Modelo de priorização de processos.

Page 164: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

164

Em suas considerações finais, o trabalho destaca que a efetiva Governança de Processos

é um fator crítico de sucesso para a Gestão Orientada por Processos para que eleve o

patamar de desempenho das Empresas Eletrobras. Se bem definida e implantada fará o

alinhamento da Gestão por Processos com as diretrizes estabelecidas no Plano

Estratégico das Empresas Eletrobras selecionando e priorizando os projetos de

processos que serão os alavancadores das estratégias empresariais.

Alem disso, se a Governança de Processo cumprir o papel a ela estabelecido, os

seguintes benefícios são esperados:

Estabelecer o elo entre o Plano Estratégico e os processos de negócio, com o

objetivo de alcançar as metas estratégicas traçadas;

Tornar claro os papeis e as responsabilidades das partes envolvidas nas ações de

processos;

Estabelecer políticas e diretrizes para todas as ações relacionadas à gestão por

processos;

Possibilitar às Empresas Eletrobras, aumentarem o nível de maturidade na

gestão de seus processos de negócio;

Contribuir para o uso eficiente dos recursos, a otimização e elevação da

maturidade de processos prioritários, e a diminuição de esforços redundantes.

Disseminar o que é importante para a organização a partir do conhecimento

gerado pela visão de transversalidade dos processos.

Os temas abordados no trabalho, segundo seus integrantes, são bastante amplos e

podem ser mais explorados como meios para instrumentalizar os gestores das empresas,

tanto do setor elétrico, como de empresas dos diversos setores, com foco no alcance de

melhores resultados organizacionais, diferenciais competitivos e inovadores, ampliando

o mercado que atendem. Assim, a gestão orientada por processos pode trazer vantagens

competitivas se tiver seu potencial bem explorado e implantado a partir de uma

Governança de Processos nas Empresas Eletrobras.

Page 165: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

165

CAPÍTULO 06

6 PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO ORIENTADA POR PROCESSOS PARA O NEGÓCIO TRANSMISSÃO DA ELETROBRAS ELETRONORTE

Os estudos realizados possibilitaram elaborar uma proposta de um modelo de gestão

orientada por processos para o negócio transmissão da Eletrobras Eletronorte, Figura

56. O modelo de gestão focou-se no macro processo Manter; fundamentando-se nos

conceitos de Planejamento Estratégico (níveis estratégico, tático e operacional), do

Modelo de Excelência em Gestão (MEG) e da Manutenção Produtiva Total (TPM). Não

será foco desse trabalho de pesquisa aprofundar nesses conceitos, apenas demonstrar de

que forma se pode obter um entendimento e desdobramento tanto a nível estratégico

quanto operacional da empresa; sendo tema de trabalhos e pesquisas futuras.

Figura 56 - Modelo de Gestão Orientada por Processos para o negócio Transmissão

(fonte: elaborado pelo autor)

Page 166: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

166

O nível estratégico do Modelo de Gestão representa o planejamento e definição das

metas e diretrizes empresariais, contemplando uma abordagem do sistema de gestão

empresarial adotado pela Eletronorte, o Modelo de Excelência em Gestão da Fundação

Nacional da Qualidade, bem como apresenta o mapa estratégico 2010-2020 definida

pela metodologia da Execução Premium, missão, visão e valores da empresa. Não

obstante, nesse mesmo nível, porém com atuação nos processos produtivos da Diretoria

de Operação - DO, é apresentada a Manutenção Produtiva Total como a principal

metodologia aplicada à gestão dos sistemas produtivos Operar e Manter dos negócios

Transmissão e Geração da Eletronorte.

É proposta ainda uma estrutura de relacionamento para a manutenção de ativos da

transmissão conforme os níveis de atuação da Diretoria de Operação (DO), Figura 57.

Figura 57 - Estrutura de relacionamento da Diretoria de Operação (DO) (fonte: elaborado pelo autor)

O Grupo Coordenador da Gestão Estratégica (GCGE) e Comitê Gestor de Manutenção

da Transmissão (CGMT), Figura 58 e Figura 59, atuam no nível estratégico conforme

apresentado nas figuras. Os grupos, GCGE e CGMT, são fundamentadas principalmente

na estrutura organizacional da Diretoria de Operação conforme apresentado nas figuras

61 e 62, onde as siglas UD’s significa Unidades Descentralizadas da Eletronorte que

representam as Regionais de Transmissão.

Page 167: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

167

Figura 58 - Grupo Coordenador da Gestão Estratégica (GCGE) (fonte: elaborado pelo autor)

Figura 59 - Comitê Gestor de Manutenção da Transmissão (CGMT) (fonte: elaborado pelo autor)

As estruturas do GCGE e CGMT foram definidas de forma que contemplasse suas

funções básicas, atribuições, coordenação e sistemática de reuniões. Não serão

apresentadas nessa pesquisa as funções e atribuições do GCGE uma vez que não teve

discussão com as referidas áreas/colaboradores envolvidos.

Comitê Gestor de Manutenção da Transmissão (CGMT)

• Funções Básicas:

Desdobrar as diretrizes provenientes do GCGE – Grupo Coordenador de Gestão Estratégica

relativas ao processo MANTER A TRANSMISSÃO;

Realizar trabalhos destinados a informar e dar suporte às atividades do Grupo Coordenador da

Gestão Estratégica – GCGE;

Elaborar e revisar a Política de Manutenção da Transmissão;

Realizar a Gestão da Manutenção da Transmissão.

• Atribuições: são atribuições do Comitê realizar a Gestão de:

Orçamento da Manutenção – Investimento e Custeio;

Projetos: RCM, ITV, P&D, PMIS;

Recursos Humanos: Capacitação, alocação (equipe sistêmica);

Qualidade da Manutenção (IQM – índice de Qualidade da Manutenção);

Relacionamento com órgãos externos (ANEEL, ONS,);

Page 168: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

168

Risco – Manutenção da Transmissão;

Infraestrutura (Recursos Tecnológicos, Oficinas, Laboratórios);

Normas e Padrões;

Auditoria e Fiscalizações;

Custos da Manutenção;

• Coordenação: a coordenação do Comitê Gestor da Manutenção da Transmissão é o

Superintendente de Engenharia de Manutenção da Transmissão – OET.

• Reuniões: o Comitê Gestor da Manutenção Transmissão se reunirá a cada 2 (dois) meses, em

caráter ordinário, e, a qualquer tempo, em caráter extraordinário, sempre por convocação do seu

coordenador.

O nível tático do Modelo de Gestão representa os desdobramentos e gestão das metas e

diretrizes estratégicas e operacionais.

No Modelo de Gestão, os pilares Manutenção Autônoma – MA e Manutenção Planejada

– MP são os principais pilares associados aos processos finalísticos/negócio da

Transmissão, Operar e Manter. Os pilares: Educação e Treinamento, Segurança, Saúde,

Socioambiental, Administrativo financeiro, são os pilares suporte/apoio aos pilares MA

e MP e estão associados aos processos suportes/apoio da Transmissão. Intrínsecos a

todos os pilares da metodologia TPM, estão a Gestão Antecipada - GA, Melhoria

Específica - ME e Manutenção da Qualidade – MQ.

O Centro de Planejamento Corporativo está estruturado conforme Figura 60. A estrutura

do CPC é tal que atendesse à estrutura organizacional da manutenção da transmissão

conforme apresentado nas figuras 61 e 62.

Figura 60 - Centro de Planejamento Corporativo (CPC) (fonte: elaborado pelo autor)

Page 169: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

169

• Funções Básicas :

Cumprir as diretrizes emanadas do Comitê Gestor da Manutenção da Transmissão;

Realizar trabalhos destinados a informar e dar suporte às atividades do Comitê.

Implantar a Política de Manutenção da Transmissão;

Propor revisões na Política de Manutenção baseado em análise crítica sobre o processo de gestão

de Manutenção da Transmissão;

Executar de forma integrada e sistematizada as atividades dos processos de Gestão da

Manutenção – Planejamento, Normatização/Padronização, Tecnologia/Capacitação e Qualidade.

• Atribuições: são atribuições básicas do CPC realizar as seguintes atividades:

Elaborar, consolidar, revisar e acompanhar a realização dos Planos: de Manutenção, Aquisições

e Contratação de Serviços para Manutenção, Contingência, Orçamentos de Investimento e

Custeio, Capacitação, Auditoria e Fiscalização, PMIS;

Identificar e analisar as necessidades de inovações tecnológicas e metodológicas: RCM, ITV,

P&D;

Analisar o desempenho do quadro de pessoal a fim de subsidiar o Comitê para definição ou

revisão do quadro qualiquantitativo e organização da força de trabalho;

Analise de desempenho da Manutenção através dos indicadores preventivos de processos e

indicadores resultados;

Gestão de forma integrada das ações que requerem relacionamento com órgãos externos

(ANEEL, ONS) no que tange as atividades de Manutenção de grande porte;

Mapeamento e avaliação dos Riscos relacionados aos processos de Manutenção da Transmissão;

Mapeamento, análise e consolidação das necessidades de Infraestrutura (sistemas de informação,

monitoramento e diagnóstico, automação, máquinas e veículos pesados, ferramentas e

instrumentos, equipamentos reservas e sobressalentes, oficinas, laboratórios);

Mapeamento, análise e consolidação de Normas e Padrões;

Análise crítica das Auditorias e Fiscalizações;

Mapeamento e análises dos Custos de Manutenção;

Análise Crítica dos processos de Manutenção.

Propor ao Comitê Gestor da Manutenção da Transmissão a criação e extinção de Grupos de

Trabalhos e Comissões Técnicas.

• Coordenação: a coordenação do Centro de Planejamento Corporativo será da Gerência de

Coordenação Técnica da Manutenção da Transmissão – OETC.

• Reuniões: o Centro de Planejamento Corporativo se reunirá mensalmente, em caráter ordinário, e, a

qualquer tempo, em caráter extraordinário, sempre por convocação do seu coordenador ou Comitê

Gestor de Manutenção da Transmissão. As reuniões ordinárias serão presenciais com a participação

das Gerências corporativas da Superintendência de Engenharia de Manutenção da Transmissão – OET

e Divisões de Engenharia de Manutenção das Regionais de Transmissão, podendo a critério das

Gerências corporativas a participação de líderes de processos.

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170

As figuras 61 e 62 apresentam o organograma da Diretoria de Operação – DO da

Eletrobras Eletronorte.

Figura 61 - Organograma da Diretoria de Operação – DO (fonte: www.eletronorte.gov.br)

Figura 62 - Organograma da Diretoria de Operação – DO (cont.) (fonte: www.eletronorte.gov.br)

Page 171: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

171

Baseado no organograma da DO, foi elaborada uma estrutura organizacional

relacionada aos processos da manutenção da transmissão conforme apresentado na

Figura 63.

Figura 63 - Estrutura Organizacional x Processos da Manutenção Transmissão

(fonte: elaborado pelo autor)

Na figura é possível identificar as áreas funcionais e os processos de Engenharia de

Manutenção e os processos da Execução da Manutenção do negócio Transmissão.

A Gerência de Coordenação Técnica – OETC, gerente nível G2, foi definida nessa

estrutura como uma assessoria da Superintendência de Manutenção da Transmissão –

OET e representa um modelo de Escritório de Processos sendo atribuídos à essa

gerência os Gestores dos Processos Corporativos - GPC da manutenção planejada

responsáveis pela coordenação de todos os processos de engenharia de manutenção.

As Gerências de Engenharias de Manutenção Sede e as Divisões de Engenharia de

Operação e Manutenção das Unidades Descentralizadas são os responsáveis pela

execução dos processos de Engenharia de Manutenção:

Page 172: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

172

Gestão da Normatização / Padronização Gestão do Planejamento Gestão da Tecnologia / Capacitação Gestão da Qualidade Engenharia (Controle e Análise de Desempenho)

Serão responsáveis ainda por acompanhar e controlar o desempenho do processo de

Execução da manutenção através do processo:

Gestão da Qualidade Execução (Controle e Análise de Desempenho)

Caberá aos Gestores dos Processos Corporativos da Gerência de Coordenação Técnica

definir, juntamente com os demais Gestores do Ativo/processo Corporativo e Regional

das engenharias de manutenção, definir e acompanhar os processos de Execução da

manutenção:

Planejamento Viabilidade Execução Análise de desempenho equipamento

A Figura 64 e Figura 65 representam um modelo de relacionamento dos Gestores dos

Processos Corporativos com os Gestores dos Ativos/processo da Gerência de

Equipamentos e Linhas de Transmissão – OETL, Gestores dos Ativos/processo das

Divisões de Engenharia de Operação e Manutenção (O&M) e Gestores dos

Ativos/processo das Divisões de Transmissão. Nas figuras é possível identificar para

cada processo de engenharia a forma como os gestores dos ativos corporativos, regional

e divisão se relacionam. Essa estrutura demonstra que para cada gestor corporativo

haverá um gestor regional e um gestor da divisão de transmissão responsável por um

determinado ativo/sistema/processo da transmissão.

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173

Figura 64 - Modelo de relacionamento dos Gestores dos Processos (fonte: elaborado pelo autor)

Figura 65 - Modelo de relacionamento dos Gestores dos Processos (cont.)

(fonte: elaborado pelo autor)

A Figura 66 e Figura 67 apresentam um exemplo dos produtos gerados e a cadeia

cliente/fornecedor para cada processo de engenharia/execução da manutenção.

Page 174: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

174

Figura 66 - Produtos processos engenharia de manutenção transmissão

(fonte: elaborado pelo autor)

Figura 67 - Cadeia cliente / fornecedor do processo gestão normatização / padronização

(fonte: elaborado pelo autor)

Page 175: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

175

CAPÍTULO 07

7 RESULTADOS E CONCLUSÕES

Neste capítulo serão apresentadas as conclusões desta dissertação de mestrado em

atendimento aos objetivos propostos no trabalho.

7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que a retomada da competição, provocada pela implantação do novo modelo

institucional do setor elétrico brasileiro, fez com que as empresas concessionárias de

energia elétrica buscassem novas tecnologias e sistemas de gestão de forma a aumentar

e garantir a eficiência e eficácia de seus processos de negócio e melhorar o desempenho

empresarial. Não obstante, as empresas frente à realidade contemporânea, necessitam

construir organizações mais ágeis, integradas e flexíveis de forma a agregarem maior

valor aos seus produtos (bens e serviços) de maneira a aperfeiçoarem sua capacidade

competitiva e se manterem em uma posição sustentável no mercado.

Construir uma visão clara dos objetivos estratégicos da empresa; compreender os

fatores críticos de sucesso, que devem ser levados em consideração para alcance destes

objetivos; mapear e identificar os processos-chaves que estejam diretamente

relacionados a esses objetivos estratégicos; e investir no redesenho e aprimoramento

desses processos com vistas a melhorar sua eficiência e eficácia, se constituem em ações

e iniciativas estratégicas que precisam ser executadas pelas organizações.

7.2 RESULTADOS

Tendo como ponto de partida a elaboração do problema, foram traçados os objetivos

gerais e específicos a serem alcançados nessa dissertação. O objetivo geral da

dissertação foi identificar e analisar as metodologias, técnicas e ferramentas de gestão

de processos que possam aumentar a eficiência e eficácia dos processos operacionais da

Eletrobras Eletronorte. Esse objetivo foi alcançado mediante definição e

desenvolvimento das etapas no método de pesquisa apresentado no capitulo 02 onde

Page 176: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

176

foram realizados levantamentos bibliográficos e uma ampla revisão bibliográfica que

possibilitou traçar um quadro teórico e uma estrutura conceitual ampla que deu

sustentação ao desenvolvimento do trabalho. Nos capítulos seguintes são apresentadas

as análises das metodologias, técnicas e ferramentas de gestão de processos.

Os objetivos específicos foram atingidos da seguinte forma:

• OE.1 - Identificar o mapa estratégico, arquitetura de negócios, sistema de gestão

empresarial, cadeia de valores e estrutura organizacional da Eletrobras Eletronorte

e seus principais processos de gestão/corporativos, finalísticos/negócios e

suportes/apoios:

Na contextualização do capítulo 01 foram apresentadas as principais características da

empresa em estudo, a Eletrobras Eletronorte; naquela ocasião foram identificadas o

mapa estratégico, a arquitetura de negócios da empresa, o sistema de gestão

empresarial, cadeia de valores, estrutura organizacional bem como identificados os

principais processos finalísticos/negócios e suportes/apoios.

• OE.2 - Identificar, através de revisão bibliográfica: o contexto histórico e os

principais termos e conceitos relacionados a processos:

Na fundamentação teórica realizada no capítulo 03 foram apresentadas as bases

conceituais históricas e os elementos associados a processos, bem como definições e

conceitos de processos. As variações conceituais apresentadas por diversos autores a

respeito de: orientação por processos, estrutura organizacional orientada por processos e

gestão por processos, foram contempladas nesse capítulo.

Dentre os quadros conceituais identificados estão a Teoria das Restrições (TOC),

Sistema Toyota de Produção (STP), Controle da Qualidade Total (TQC) e a

Reengenharia. As aplicações baseadas em processos são as mais variadas possíveis

contemplando os Sistemas Integrados de Gestão, Sistemas de Informação, Indicadores

de Desempenho, Benchmarking, Organização de Documentação Técnica, Workflow e

Page 177: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

177

Gerenciamentos de Documentos, Cadeia de Suprimentos, Gestão do Conhecimento,

entre outros identificados.

As bases conceituais relacionados aos processos identificadas na pesquisa e

apresentadas no capítulo 03 foram: estratégia, estrutura organizacional, indicador de

desempenho, conhecimentos e informações, competências, tecnologia e cultura

organizacional. Na estratégia foi possível identificar algumas técnicas e ferramentas

relacionadas à gestão de processos como o Modelo das Cinco Forças de Porter, Cadeia

de Valores, Balance Scorecard (BSC) e Analise SWOT (Strenghts,Weaknesses

.Opportunities, Threats). Na estrutura organizacional foi possível distinguir entre

estrutura funcional/vertical, estrutura por processo/horizontal e estrutura matricial.

Ainda nesse capítulo é mencionada a Modelagem de processo e suas ferramentas como

uma das principais técnicas relacionadas à gestão de processos.

A pesquisa possibilitou compreender melhor as abordagens relacionadas aos modelos

de gestão de processos, são eles: modelo de gestão de processos funcionais, modelo

gestão funcional de processos transversais e o modelo de gestão por processos.

• OE.3 - Pesquisar e identificar as metodologias, ferramentas, técnicas e recursos

necessários para transformar um modelo de gestão funcional em um modelo de

gestão orientado por processos:

Após a compreensão dos quadros conceituais, aplicações e principais termos e conceitos

relacionados a processos, o objetivo seguinte foi identificar as metodologias, técnicas e

ferramentas que transformassem um modelo de gestão funcional em um modelo de

gestão orientado por processos. Dessa forma, foram identificadas 05 (cinco)

metodologias de autores literários: Metodologia e Rummler e Brache, Metodologia de

Gonçalves, Metodologia de Paim, Metodologia de Campeão e Metodologia de Hammer

e 02 (duas) metodologias de instituições: Metodologia da Pró Reitoria de

Desenvolvimento Universitário e a Metodologia de Mello.

Page 178: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

178

Destaca-se a Metodologia de Paim et. al (2009) como referência para desenvolver a

transformação de um modelo de gestão funcional em um modelo de gestão orientado

por processos.

Nessa metodologia há o uso de técnicas de engenharia de processos, como os métodos

de identificação, análise e solução de problemas – MIASP, uso das ferramentas: SWOT,

Cadeia de Valor Agregado, visão baseada em recursos – VBR e Balanced Scoredcard –

BSC. A metodologia propõe outras técnicas para suportarem a identificação e solução

de problemas como: estabelecimento de relações de causa e efeito, espinha de peixe ou

diagrama de Ishikawa, identificação dos cinco “porquês”, identificação do 5W1H,

controle estatístico de processos, ferramentas da qualidade (PDCA, gráfico de controle,

diagrama de Pareto), identificação de gargalos, análise das sete perdas entre várias

outras técnicas propostas.

Os autores ainda apresentam uma estruturação de um Escritório de Processos nas

organizações partindo da premissa que o Escritório de Processos é a solução

organizacional para promover e viabilizar a Gestão de Processos nas organizações,

sendo esse também o responsável direto pela sua governança. Apresenta a Governança

de Processos como a definição das diretrizes gerais do modelo de gestão de processos,

do modelo de controle de processos e da atuação de diferentes unidades

organizacionais, envolvendo principalmente a distribuição de responsabilidades à

Gestão de Processos dentro da organização.

• OE.4 - Realizar um estudo de caso do projeto de implantação da gestão por

processos nas empresas do Grupo Eletrobrás provenientes do PTSE apresentando

os principais produtos desse projeto;

O estudo de caso do Projeto de Implantação da Gestão por Processos nas empresas

Eletrobrás proveniente do Plano de Transformação do Sistema Eletrobras (PTSE) foi

apresentado no capítulo 5. O primeiro estudo realizado foi da Proposta de Padrão

Eletrobras de Gestão Orientada por Processos que apresentou um padrão a ser seguido

por todas as empresas Eletrobras onde foram identificadas e definidas todas as etapas

para uma gestão orientada por processos, desde o gerenciamento do projeto de

Page 179: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

179

processos, até a gestão do dia a dia do processo implantado. O segundo estudo

contemplou a Proposta de Modelo de Governança de Processos para as empresas

Eletrobras com a elaboração de um framework de Governança de Processos.

O estudo de caso possibilitou identificar as propostas metodológicas direcionadas pela

holding Eletrobras necessárias para viabilizar um Gestão Orientada por Processos e um

Modelo de Governança de Processos para as empresas do grupo Eletrobras.

• OE.5 - Propor um Modelo de Gestão Orientada por Processos para o negócio

Transmissão da Eletronorte com foco nos processos da manutenção.

Os estudos realizados possibilitaram elaborar uma proposta de um modelo de gestão

orientada por processos para o negócio transmissão da Eletrobras Eletronorte focando-

se no macro processo Manter. O Modelo propõe definir estruturas de relacionamento

para a manutenção de ativos da transmissão conforme os vários níveis de atuação da

Diretoria de Operação, desde o nível estratégico até o nível operacional da Eletronorte.

7.3 CONCLUSÕES

O trabalho permitiu identificar as diversas metodologias, técnicas e ferramentas de

gestão de processos que podem aumentar a eficiência e eficácia processos operacionais

da Eletrobras Eletronorte. As implementações dessas metodologias devem ser vista de

forma corporativa e empresarial de maneira a contemplar todos os processos-chaves

definidos pela alta administração.

Apesar de apresentar uma cultura de administração predominantemente funcional, a

Eletrobras Eletronorte vem trabalhando estrategicamente de forma a priorizar seus

processos essenciais. Para Paim (2002), a gestão funcional das organizações, geralmente

verticalizada, departamentalizada e, por vezes e não raro, desintegrada, pode ser

complementada ou até mudada para uma gestão orientada no sentido da agregação de

valor que ocorre horizontalmente nas organizações, através de seus processos.

Page 180: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

180

Cabe destacar que o modelo de gestão funcional de processos transversais prioriza a

gestão organizacional a partir dos processos ou então centrada na idéia de que os

processos devem apoiar a coordenação do trabalho, mas preservar a divisão do trabalho

centrada na especialização e não criar duas linhas de autoridade. Isto não demanda

necessariamente uma mudança na estrutura organizacional (PAIM et. al., 2009).

É importante ressaltar aqui que Paim (2007) defende que as orientações gerenciais

podem ser aplicáveis em diferentes tipos de estruturas organizacionais. Se na estrutura

organizacional os processos são o primeiro eixo de organização do trabalho, a

orientação por processos será mais priorizada. Se a estrutura é funcional, mas há

incorporação no modelo de gestão de elementos com foco em processos, pode ser aceita

uma estrutura funcional que tem orientação por processos. A estrutura dará conta

principalmente da divisão do trabalho e a orientação por processos responderá

prioritariamente para a coordenação do trabalho e melhoria do projeto do trabalho.

Essa visão está sendo adotada pela alta administração da Eletrobras Eletronorte

conforme relatos do diretor presidente Sr. Josias Matos de Araújo apresentados no

Capitulo 01 dessa dissertação:

”Estamos fazendo a mudança em processos, e não na estrutura. Vamos trabalhar o

alinhamento, planejar as operações e manter o monitoramento e o aprendizado.

Deixaremos de ser uma organização que pensa funcionalmente e passaremos a ser

uma empresa que pense por processos, de forma transversal e estratégica”

A empresa já adota e aplica algumas metodologias, técnicas e ferramentas relacionadas

à gestão de processos como: o Modelo de Gestão em Excelência (MEG) da Fundação

Nacional da Qualidade (FNQ); o Balanced Scorecard (BSC) para definir suas

estratégias empresarias; a Analise SWOT (Strenghts,Weaknesses .Opportunities,

Threats), os métodos de identificação, análise e solução de problemas – MIASP, as

técnicas das relações de causa e efeito, espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa,

identificação dos cinco “porquês”, identificação do 5W1H, ferramentas da qualidade

(PDCA, gráfico de controle, diagrama de Pareto, brainstorming), identificação de

gargalos, análise das sete perdas entre várias outras técnicas. Recentemente, a empresa

Page 181: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - UFPA

181

implantou a Execução Premium com um dos objetivos de vincular as estratégias aos

processos, garantindo a efetiva execução do plano estratégico.

Porém, a maioria dessas aplicações é para resolver problemas pontuais das diversas

áreas funcionais da empresa, não são vista como metodologias, técnicas e ferramentas

potenciais para implementação de uma gestão empresarial que prioriza seus processos

essenciais na busca de vantagem competitiva e de uma posição sustentável no mercado.

É certo que as iniciativas e diretrizes da holding Eletrobras emanadas do Plano de

Transformação do Sistema Eletrobras com a elaboração dos Planos de Ações

Estratégicas permitirão que empresas do grupo alcance patamares elevados de

excelência na gestão garantindo qualidade de prestação de serviços públicos de energia

elétrica no Brasil e melhores desempenhos e resultados organizacionais.

As propostas metodológicas (Padrão Eletrobras de Gestão Orientada por Processos e

Modelo de Governança de Processos para as empresas Eletrobras) direcionadas pela

Eletrobras através do projeto de implantação da gestão por processos não devem ficar

somente no campo da intenção, são propostas elaboradas por um grupo de especialistas

capacitados na gestão integrada de processos por uma das consultoras mais renomadas

do país, e que merecem atenção especial.

A Governança de Processos é um fator crítico de sucesso para que a Gestão Orientada

por Processos eleve o patamar de desempenho das Empresas Eletrobras. Se bem

definida e implantada fará o alinhamento da Gestão por Processos com as diretrizes

estabelecidas no Plano Estratégico das Empresas Eletrobras selecionando e priorizando

os projetos de processos que serão os alavancadores das estratégias empresariais.

Além da Governança, é fundamental a criação de uma estrutura organizacional, o

Escritório de Processos, para viabilizar a governança de processos, cabendo inclusive a

esse, o papel de ser o definidor e o principal executor da governança na organização.

O Modelo de Gestão Orientada por Processos proposta permitirá um melhor

entendimento de como a estrutura funcional está associada aos processos da

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manutenção da transmissão bem como se pode criar estruturas de relacionamento desde

os níveis estratégicos até os operacionais da empresa.

7.4 PESQUISAS E TRABALHOS FUTUROS

Algumas pesquisas e trabalhos futuros são sugeridos nessa dissertação:

• Identificar as ações de cunhos estratégicos e operacionais que a Eletrobras

Eletronorte vem realizando quanto às mudanças e desafios do projeto de

implantação da gestão orientada por processos pela Eletrobrás;

• Estudar um método de implantação na Eletrobras Eletronorte das propostas

metodológicas: Padrão Eletrobras de Gestão Orientada por Processos e Modelo de

Governança de Processos;

• Avaliar e estudar a Gestão de Competência por Processos e a Gestão de Mudanças

face à implementação de um Modelo de Gestão Orientada por Processos na

Eletrobras Eletronorte suportado por um Escritório e Governança de Processos;

• Estudar a metodologia TPM (Manutenção Produtiva Total) na gestão dos

processos produtivos como parte integradora às metodologias de Gestão de

Processos na Eletrobras Eletronorte.

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183

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERTIN, A., Comércio eletrônico: aspectos e benefícios. Projeto de pesquisa desenvolvido com o apoio do Núcleo de Pesquisa e Publicações (NPP) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), São Paulo, 1999. ANTUNES, JR. J. A. V., CAULLIRAUX, H. E NEVES, M. - A Organização por processos, Grupo de Produção Integrada/COPPE-EE/UFRJ, SAP Universe, São Paulo, 1998. ANDREWS, K. R. The concept of corporate strategy, 2nd ed. Homewood (Ill.): Dow Jones-Irwin, 1980 BARNES, R. M., 1977, Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. 6 ed., São Paulo, Blücher. BARROS, Daniel B. Governança de Processos: Proposição de um Modelo Teórico de Governança para Gestão de Processos. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)–Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE, Rio de Janeiro, 2009. Eletrobras Centrais Elétricas S.A. Plano de Transformação.Disponível em: <http://www.eletrobras.com/elb/transformacao/main.asp>. Acesso em: 02 jan. 2010. BURLTON, Roger. Effective Business Change Through Process Management: Strategies and Architectures for Integrated Change. Process Renewal, 2004. Disponível em:<http://www.processrenewal.com/files/Overview_Article_about_BPM_.pdf>. Acesso em: 7dez. 2007. CAMPEÃO, P. Proposição de um Método de Desenvolvimento de Processos de Negócios integrado à Metodologia de Integração de Empresa.. São Carlos. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo, 1998. CARDOSO, V.C. Gestão de Competências por Processos: um método para a gestão do conhecimento tácito da organização. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). COPPE. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2004. CAULLIRAUX, H. e CAMEIRA, R., A Consolidação da Visão por Processos na Engenharia de Produção e Possíveis Desdobramentos, Grupo de Produção Integrada/COPPE-EE//UFRJ, Rio de Janeiro – 2000. CRUZ, Tadeu Cruz. Sistemas, organização & métodos: estudo integrado das novas tecnologias de informação. São Paulo: Atlas, 1997. DAVENPORT, Thomas H. Reengenharia de Processos: como inovar na empresa através da tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Campus, 1994 DE SORDI, José Osvaldo. Gestão por processos - uma abordagem da moderna administração. São Paulo. Editora Saraiva, 2008.

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PAIM, R. Engenharia de Processos: análise do referencial teórico-conceitual, instrumentos, aplicações e casos. 2002. Dissertação (Mestrado) - COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2002. PAIM, R. As Tarefas para Gestão de Processos. Tese (Doutorado) - COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2007. PAIM, R. et al, Estruturação de Escritório de Processos. Relatórios Técnicos do Departamento de Informática Aplicada da UNIRIO n° 0001/2008. UFRJ, Rio de Janeiro, 2008. PAIM, R.l et al., Gestão de Processos: Pensar, Agir e Aprender. Porto Alegre: Editora Bookman, 2009. PORTER, M. Competitive strategy. New York: The Free Press, 1980. PORTER, M. E., Estratégia competitiva: Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989. PORTER, M. E., Vantagem Competitiva: Criando e Sustentando um Desempenho Superior. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1985. RUMMLER, G. A. E BRACHE, A. P. - Melhores Desempenhos das Empresas, Makron, 1 ed. São Paulo 1992. RUMMLER, G. A., BRACHE, A. P. Melhores desempenhos das empresas. Tradução Kátia Aparecida Roque; Revisão Técnica Alan Melo de Albuquerque. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994. RODRIGUES, R., Uma proposta de modelagem da Gestão de Competências por Processos na Gestão de Recursos Humanos das Organizações. Projeto de Fim de Curso em Engenharia de Produção, UFRJ, 2006. SALERNO, M. S., Projeto de Organizações Integradas e Flexíveis: processos, grupos e gestão democrática via espaços de comunicação-negociação. 1 ed. São Paulo, Atlas, 1999. SCHEER, A –W. – ARIS – Business Process Frameworks, 2 nd ed., Springer, Berlin, 1998. SELDIN, Renata. Os processos de gestão da mudança na implantação de sistemas integrados de gestão [Rio de Janeiro] 2005 (COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia de Produção, 2005) Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. SHINGO, S. (A)- O Sistema Toyota de Produção, Bookman, Porto Alegre, 1996. SHINGO, S. (B)- Sistemas de Produção com Estoque Zero, Bookman, Porto Alegre, 1996.

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SHINGO, S - Sistema de Troca Rápida de Ferramenta, Bookman, Porto Alegre, 2000. Smith H., Fingar P.: Business Process Management: The Third Wave, Meghan Kiffer, Flórida, 2003. SILVA, E.L. DA; MENEZES, E.M.; Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertações. Florianópolis, Laboratório de Ensino a Distancia da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. 2001 TAPSCOTT, D., 1997, Economia digital. São Paulo: Makron Books. YIN, R. K. Case study research : design and methods. London : Sage, 1989. YIN, R. K., 2001, Estudos de Caso: planejamento e métodos, Trad. Daniel Grassi. 2 ed. Porto Alegre, Bookman.

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9 ANEXOS

9.1 Anexo A

GOVERNANÇA DE PROCESSOS DAS EMPRESAS ELETROBRAS (Carta de Diretrizes)

1. A Gestão Orientada por Processos será incorporada nas Empresas Eletrobras para a busca

da excelência e melhoria dos resultados do negócio, de forma a garantir a atuação

integrada, rentável e sustentável, balizados por seus valores: foco em resultados;

empreendedorismo e inovação; valorização e comprometimento das pessoas; e ética e

transparência.

2. As empresas utilizarão o Modelo de Governança das Empresas Eletrobras para nortear a

construção de seus modelos de governança.

3. O Framework da Governança e Gestão Orientada por Processos das Empresas Eletrobras

estabelecerá a forma de organização da Gestão Orientada por Processos e representará a

diretriz para a organização em cada Empresa.

4. As responsabilidades pelas ações na Governança de Processos estão definidas na Matriz

RACI, parte integrante do Modelo.

5. As Empresas Eletrobras, definirão, anualmente e/ou após a revisão do Plano Estratégico, a

priorização dos processos de negócios, incluindo critérios de sustentabilidade, em

alinhamento com a Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras.

6. Cada empresa, a partir da priorização dos processos transversais (entre empresas) pelas

Empresas Eletrobras, referendados pelo COAGE, deve analisar essa priorização sob a ótica

de seu planejamento próprio e considerá-la na priorização da sua carteira de projetos, que

será objeto de aprovação da Diretoria Executiva de cada Empresa.

7. O patrocínio das iniciativas de processos priorizados das Empresas Eletrobras deve ser

efetuado pelo COAGE e em cada empresa pela Diretoria Executiva de cada empresa ou

pessoa por ela designada.

8. As Empresas Eletrobras, e cada Empresa, continuarão com suas estruturas funcionais,

porém seus gestores serão, também, avaliados pelo resultado final do processo transversal,

a qual sua área esteja inserida, a partir do segundo ano da aprovação dessas diretrizes. A

Política de Gestão de Pessoas deve incorporar essa mudança no Plano de Carreira e

Remuneração - PCR e Sistema de Gerenciamento do Desempenho - SGD.

9. A atuação do Escritório de Processos das Empresas Eletrobras será, em sua fase inicial de

implantação, centralizada e focada na indução de melhorias dos processos transversais e

será responsável pela gestão da documentação destes. Com o amadurecimento da Gestão

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Orientada por Processos nas empresas, a atuação do escritório paulatinamente deve ser

descentralizada, focando-se na instrumentação metodológica, na governança dos processos

e na gestão do portfólio dos processos transversais. Assim como o Modelo de Governança

e os instrumentos utilizados pela Gestão Orientada por Processos, a atuação do escritório

deve ser avaliada anualmente e revisada, se necessário.

10. Cada empresa deverá definir, em até 6 meses, a forma de atuação de seu escritório de

processos, dando prioridade aos processos transversais das Empresas Eletrobras e aos seus

próprios, focado na indução de melhoria dos mesmos.

11. Em cada empresa, o escritório de processos será o responsável pela gestão da

documentação dos processos transversais de suas empresas.

12. As empresas Eletrobras utilizarão a ferramenta Bussiness Process Management Software -

BPMS para automatizar a gestão de processos de negócios (execução, controle e

monitoração). A escolha e a aquisição da solução devem ser realizadas em conjunto com as

áreas de Tecnologia da Informação - TI e deve estar de acordo com a Política Integrada de

Tecnologia da Informação, Automação e Telecomunicação, das Empresas Eletrobras -TIC.

13. As Empresas Eletrobras e cada empresa promoverá a integração entre as áreas afins (áreas

de negócio, desenvolvimento de pessoas e tecnologia da informação) e outras áreas

envolvidas (aquisição, gerenciamento de riscos e controles, comunicação e outras) para

uniformizar os entendimentos, otimizar o fluxo de informações e alinhar a utilização de

recursos.

14. As Empresas Eletrobras definirão o perfil necessário para balizar a designação de um Líder

de Processo para todas as empresas.

15. As Empresas Eletrobras definirão metodologias de avaliação para o diagnóstico de

maturidade dos processos de negócios.

16. As empresas replicarão os processos transversais priorizados pela Eletrobras respeitando

suas particularidades.

17. As Empresas Eletrobras adotarão critérios para a definição de indicadores de desempenho

de processo em consonância com suas estratégias de negócio.

18. As Empresas Eletrobras e cada empresa devem efetuar ampla divulgação no que se refere a

Gestão Orientada por Processos e seus resultados em alinhamento com a Política de

Comunicação das Empresas Eletrobras, visando a transparência, a disseminação do

conhecimento e a internalização da cultura da visão orientada por processos.

19. As Empresas Eletrobras, por meio da Universidade Corporativa do Sistema Eletrobras –

UNISE, bem como das áreas de desenvolvimento de pessoas de cada empresa, e dos

recursos educacionais específicos, devem promover capacitação sistemática, em diversos

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níveis, das pessoas envolvidas nas iniciativas de processos, principalmente na

sensibilização dos gestores como também para incentivar as pessoas de seus benefícios.

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9.2 Anexo B

GOVERNANÇA DE PROCESSOS DAS EMPRESAS ELETROBRAS Competências do Líder de Processos

Alinhador

• Capacidade de compreender a ligação entre a estratégia empresarial e a cadeia de valor.

• Ter visão sobre o impacto no negócio da Empresa com a introdução de uma gestão

orientada por processos.

Internalizador da normatização

• Saber aplicar a metodologia, técnicas e ferramentas de Gestão Orientada por Processos,

definidas para as Empresas Eletrobras.

• Conhecer a tecnologia de suporte ao processo de forma a extrair dela os benefícios para

promover a gestão por processos.

• Conhecer e entender o Plano Estratégico, as estratégias empresariais, as diversas

políticas corporativas, normas organizacionais, bem como a legislação a qual os

processos sob a sua responsabilidade esteja vinculado, visando não permitir que as

Empresas Eletrobras, ou a sua própria incorra em irregularidades ou não conformidades.

Integrador/Mediador/Negociador

• Ter habilidade em mediar conflitos na implantação da melhoria dos processos.

• Negociar com as áreas afins e as envolvidas nos processos de negócios visando à

uniformização dos entendimentos e responsabilidades.

• Ter trânsito nas áreas de negócio.

• Relacionar-se e integrar-se às equipes de trabalho, mantendo uma postura profissional

equilibrada, construtiva, colaborativa e de respeito às diferenças.

Motivador/Indutor da melhoria

• Influenciar pessoas direcionando os esforços das iniciativas de processos para obtenção

de resultados e objetivos das Empresas Eletrobras, incorporando os requisitos de

sustentabilidade.

• Identificar as oportunidades de melhoria e de inovação dos processos de sua

responsabilidade, criando e implementando ações de melhoria e soluções

corretivas/preventivas.

• Entender a importância das equipes na execução dos processos, de modo a preparar o

ambiente para uma gestão orientada por processos.

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• Integrar os processos de negócio para que sejam bem sucedidos, tanto individual quanto

coletivamente.

Comunicador

• Comunicar os objetivos a serem atingidos à equipe que está inserida na melhoria do

processo.

• Comunicar aos agentes da Governança de Processos e gestores funcionais envolvidos o

andamento das etapas definidas no planejamento do projeto do processo.

• Divulgar os resultados do processo e sua contribuição com os objetivos das Empresas

Eletrobras.

• Buscar parcerias para a gestão da mudança nos projetos de melhoria de processos.