dissertação - ricardo calegari defesa

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO Programa de Pós Graduação em Educação Ricardo Pereira Calegari CIBERCULTURA, “SOCIEDADE DO ESPETÁCULO” E EDUCAÇÃO. AMERICANA 2013

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Page 1: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

Programa de Pós Graduação em Educação

Ricardo Pereira Calegari

CIBERCULTURA, “SOCIEDADE DO ESPETÁCULO” E

EDUCAÇÃO.

AMERICANA

2013

Page 2: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

Ricardo Pereira Calegari

CIBERCULTURA, “SOCIEDADE DO ESPETÁCULO” E

EDUCAÇÃO.

Dissertação de Mestrado apresentada como

exigência parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Educação, à Coordenação do

Programa de Mestrado em Educação do Centro

Universitário Salesiano, sob orientação do

Professor Dr. Francisco Evangelista.

AMERICANA

2013

Page 3: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

Catalogação: Bibliotecária Carla Cristina do Valle Faganelli CRB 104/2012

UNISAL: Unidade de Ensino de Americana

C155c Calegari, Ricardo Pereira.

Cibercultura, “Sociedade do Espetáculo” e Educação./ Ricardo Pereira Calegari. – Americana: UNISAL, 2013.

77 f.

Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro Universitário Salesiano de São Paulo.

Orientador (a): Prof. Dr. Francisco Evangelista. Inclui Bibliografia.

1. Cibercultura. 2. “Sociedade do Espetáculo”. 3. Educação.

CDD 371.332

Page 4: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

Autor: Ricardo Pereira Calegari Título: Cibercultura, “Sociedade do Espetáculo” e Educação. Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação, do curso de Mestrado em Educação na Instituição Centro Universitário Salesiano de São Paulo . Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em____/____/______, pela comissão julgadora: _____________________________________________ Prof. Dr. Francisco Evangelista – UNISAL - Orientador ________________________________________________________ Profa. Dra. Sueli Maria Pessagno Caro – UNISAL – Membro Interno _____________________________________________________ Prof. Dr. Edemir Celso Mantovani – CEUNSP – Membro Externo

Americana 2013

Page 5: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

DEDICATÓRIA

“Ao meu filho Vitor, fonte de inspiração para minha

pesquisa, que com sua pureza infantil me fez abrir

os horizontes para o universo da criança sob a

ótica do pai-educador”.

Page 6: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

AGRADECIMENTOS

Ao Centro Universitário Salesiano por propiciar a oportunidade de aprender mais

sobre a Educação, em especial a Educação Sócio comunitária.

À Reitoria do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio pelo patrocínio e

apoio que me foi dado.

Aos colegas do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio pela

compreensão às minhas ausências e indisponibilidade em alguns momentos.

À minha esposa Amanda pelo apoio incondicional.

Ao Professor Chiquinho pela brilhante orientação, pela paciência e generosidade.

Aos Professores Élcio e Edemir pelas contribuições e incentivo.

À Profa. Sueli pelo carinho, compreensão e contribuições.

“A Jesus Cristo, pelos ensinamentos”.

Page 7: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

1 - CIBERCULTURA 16

1.1 – CONCEITOS - REDES SOCIAIS VIRTUAIS 20

1.2 – CONCEITOS – VÍDEOS ON-LINE (YOU TUBE) 24

1.3 – CONCEITOS – JOGOS ON-LINE 25

1.4 – CONCEITOS - BATE PAPO (CHAT) 26

1.5 – PESQUISA E TRABALHOS ESCOLARES (GOOGLE) 28

2 - “SOCIEDADE DO ESPETÁCULO” 31

2.1 – SOCIEDADE DO CONHECIMENTO? 33

2.2 – AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E A EDUCAÇÃO 36

2.3 – O FUTURO DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA 39

3 - CONTEXTO EDUCACIONAL NO AMBIENTE VIRTUAL 43

3.1 - FONTES DE INFORMAÇÃO 44

3.2 - INSTRUMENTOS UTILIZADOS 44

3.3 - COLETA DOS DADOS 45

3.4 - APRESENTAÇÃO DOS DADOS 46

3.4.1 - 5ª SÉRIE “A” DO ENSINO FUNDAMENTAL 46

3.4.2 - 5ª SÉRIE “B” DO ENSINO FUNDAMENTAL 47

3.4.3 - 5ª SÉRIE “C” DO ENSINO FUNDAMENTAL 48

3.4.4 - 9ª SÉRIE “A” DO ENSINO FUNDAMENTAL 49

3.4.5 - 9ª SÉRIE “B” DO ENSINO FUNDAMENTAL 50

3.4.6 - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 51

4 - ANÁLISE E DISCUSSÃO TEÓRICA DOS DADOS 52

4.1 – GRÁFICOS DA 5ª SÉRIE “A” DO ENSINO FUNDAMENTAL 52

4.2 - GRÁFICOS DA 5ª SÉRIE “B” DO ENSINO FUNDAMENTAL 54

4.3 - GRÁFICOS DA 5ª SÉRIE “C” DO ENSINO FUNDAMENTAL 56

4.4 - GRÁFICOS DA 9ª SÉRIE “A” DO ENSINO FUNDAMENTAL 58

Page 8: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

4.5 - GRÁFICOS DA 9ª SÉRIE “B” DO ENSINO FUNDAMENTAL 60

4.6 - GRÁFICOS DA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 62

4.7 – ANÁLISE DOS GRÁFICOS APRESENTADOS 64

CONCLUSÃO 71

MEMORIAL ACADÊMICO 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 77

Page 9: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

9

RESUMO

O presente trabalho de pesquisa procurou contextualizar a cibercultura sob

uma ótica crítica que leve em conta os aspectos históricos e sociológicos da

problemática das relações no ambiente virtual. A “indústria cultural” por trás da mídia

eletrônica e dos conceitos amplamente difundidos na rede, tais como a “cultura do

descartável”, o imediatismo e o superficial estimulando a conformação de uma

“Sociedade do Espetáculo”. Propõe-se uma melhor utilização do ambiente virtual do

ponto de vista da educação sócio comunitária, de modo a fomentar meios e

estimular serviços às comunidades, apropriando-se, desta forma, do avanço

tecnológico atual. Objetiva-se discutir a construção de um ambiente virtual favorável

à educação sócio comunitária num contraponto a frágil conformação da sociedade

virtual existente, principalmente nas redes sociais, aproveitando dos meios de

comunicação virtual para que sirvam de veículo de formação cultural e educacional.

Discutir criticamente o movimento social atual, considerando-se a cibercultura como

espaço da cultura contemporânea, que se impõe “formando” estilos de vida

baseados no pensamento imediatista. Apresentam-se os dados de uma pesquisa de

campo realizada com alunos do ensino fundamental e médio em uma escola na

cidade de Itu, a fim de investigar o perfil destes jovens quanto à utilização da

internet. As análises e discussões a partir desta pesquisa demonstram claramente

as tendências comportamentais da atualidade e indicam os caminhos que podem

ser seguidos para o desenvolvimento sustentável da educação, em especial a sócio

comunitária, no meio virtual e nas comunidades, no dia a dia das pessoas.

Palavras-chave: Cibercultura, Ambiente Virtual, Sociedade do Espetáculo, Educação Sócio comunitária.

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ABSTRACT

The present paper tried to contextualize cyberculture under a critical

perspective that takes into account the historical and sociological aspects of the

problem of relationships in the virtual environment. The culture industry behind the

electronic media and concepts widely disseminated in the network, such as the

"culture of disposability", immediacy and stimulating surface conformation of a

"Society of the Spectacle ". It´s propose a better use of the virtual environment from

the point of view of the education community partner, in order to encourage and

stimulate media services to communities, thereby appropriating the current

technological advancement. The objective is to discuss the construction of a

favorable socio community education counterpoint to a fragile conformation existing

virtual society, especially in social networking virtual environment, taking advantage

of the means of virtual communication to serve as a vehicle for cultural and

educational background. Critically discuss the current social movement, considering

cyberculture as contemporary culture, which imposes "graduate" lifestyles based on

term thinking space. We present data from a field study conducted with students from

elementary and secondary education at a school in the city of Itu, in order to

investigate the profile of these young people on the use of the internet. The analyzes

and discussions from this research clearly demonstrate the behavioral trends of

today and indicate the paths that can be followed to the sustainable development of

education, in particular the community partner in the virtual environment and the

communities in the daily lives of people.

Keywords: Cyberculture, virtual environment, Society of the Spectacle, Community

Education Partner.

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“A vida é breve, muito breve.

Porém tornar-se-á eterna se conquistarmos a

liberdade que existe em cada um de nós.”

(autor desconhecido)

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INTRODUÇÃO

Considerando-se a cibercultura como espaço da cultura contemporânea que

se vive hoje, e fortemente marcada como uma “Sociedade do Espetáculo”, desta

forma, se impõe “formando” estilos de vida baseados na fugacidade das reflexões,

na mediocridade do pensamento imediatista e da diversão a todo custo, como

prioridade de vida.

O autor Guy Debord (1997) defende que “o espetáculo não é um conjunto de

imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens”.

O mundo virtual caminha em paralelo ao mundo real, espelhando de forma

fantasiosamente concreta, questões do dia-a-dia. E a Educação, formal ou não

formal, parece atônita a essa nova dinâmica cultural, como se faltassem conceitos

consolidados sobre como lidar com o tema, com o viver em torno dessa sociedade

cada vez mais tecnológica.

A não formação de uma reflexão crítica consistente sobre a cultura

tecnológica contemporânea revela um grande dilema à sociedade: a conformação a

uma “Sociedade do Espetáculo” que privilegia o imediatismo e o consumismo como

premissas do comportamento social.

Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de

produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era

diretamente vivido se esvai na fumaça da representação. (Debord, 1997, p.15)

A indústria da comunicação virtual distorce o conceito de necessidade e

incute a ideia do novo e da atualização constante, onde o novo já está ultrapassado,

ao ponto que as inovações tecnológicas surgem com a “cultura do descartável” e

leva a sociedade a acreditar que objetos são símbolos de poder e a vida só se torna

prazerosa no momento da conquista material. Disse o Papa Francisco em uma

comunidade de baixa renda na cidade de Varginha, discurso transmitido em rede

nacional em sua visita ao Brasil no dia 25 de julho de 2013: “...Não podemos deixar

entrar em nosso coração a cultura do descartável...”

A sociedade do virtual é uma realidade, entretanto, como estabelecer

parâmetros e atitudes comportamentais básicas nas redes sociais, nos jogos

virtuais, diante do dilúvio de informações que visam o consumo, o prazer imediato e

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aparentemente irrestrito? O autor Pierre Lévy em seu livro O que é o virtual define

muito bem os limites do virtual a serem distinguidos: “... devemos distinguir entre

uma virtualização em curso de invenção, de um lado, e suas caricaturas alienantes,

reificantes e desqualificantes, de outro.” (Lévy, 1996, p.12).

No capítulo 3, foi feita uma análise crítica desses conceitos, sob a ótica do autor

Guy Debord que mesmo antes do aparecimento da Cibercultura, demonstra em seu

livro “Sociedade do Espetáculo” o surgimento de um novo contexto social na década

de 60 e que surpreendente, se enquadra perfeitamente à sociedade atual, com

comportamentos idênticos, porém, com o suporte tecnológico que outrora não existia.

Todo este paradigma social chamado de cibercultura traz avanços para a

sociedade, porém, traz ambém novas problemáticas, entretanto, este trabalho visa

particularmente, analisar os aspectos comportamentais de jovens, conforme discutido

na pesquisa abordada no capítulo 4, sob a ótica da educação e os impactos da

utilização da internet no cotidiano desse grupo.

Com base nesta problemática e embasado nas discussões teóricas sobre o

assunto, pretende-se ao longo desta pesquisa discutir possibilidades para melhor

utilização do ambiente virtual/redes sociais para formação educativa de resgate a

cultura e ao pensamento reflexivo, consciente e crítico sobre consumo racional,

sustentabilidade, comportamento social e ambiental. Discute-se formação, educação

e informação, dentro do contexto de educação não formal, contrapondo-se à

banalização e alienação cultural.

Porém, não cabe aqui discutir formas de inserção de novas práticas

pedagógicas no currículo da educação formal, com seu ensino escolar

institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado, já

conhecido do ensino regular, mas das infinitas possibilidades de desenvolvimento de

ações adequadas ao ambiente da educação. Esta última que segue o mesmo

objetivo de transmissão de conhecimento, como qualquer tentativa educacional

organizada e sistemática, mas que, normalmente, se realiza fora dos quadros do

sistema formal de ensino, fora dos muros da escola e/ou da sala de aula.

Buscando-se definir e esclarecer o espaço ocupado pela educação não-

formal, na transmissão e construção de conhecimentos sem a vinculação à uma

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instituição de ensino regular, discute-se que a metodologia de ensino da educação

não-formal ...

... aborda processos educativos que ocorrem fora das escolas, em processos organizativos da sociedade civil, ao redor de ações coletivas do chamado terceiro setor da sociedade, abrangendo movimentos sociais, organizações não-governamentais e outras entidades sem fins lucrativos que atuam na área social; ou projetos educacionais, fruto da articulação das escolas com a comunidade educativa, via conselhos, colegiados etc. (GOHN, 1999, p. 7)

O objetivo da pesquisa em questão é trabalhar a melhor forma de atingir as

pessoas, mais diretamente os jovens, com conceitos que permeiem a qualidade na

busca pela informação dentro do ambiente virtual. Torna-se, pois, uma forma de

formar cidadãos mais críticos e bem preparados quanto aos perigos transmitidos

pelo consumismo capitalista desenfreado, que pode ocasionar a futilidade de

sentimentos e o conformismo mental de aceitar opiniões prontas e ideias que não

exijam compreensão.

Dentre os objetivos deste Trabalho de Pesquisa encontra-se ainda, analisar

em primeiro plano, o comportamento de alunos com idades entre 10 e 17 anos e

verificar suas dinâmicas quanto à utilização das Tecnologias de Informação

existentes. Sob aspecto mais amplo, analisar o perfil da sociedade atual, pontuando

possibilidades amplas de utilização desses recursos no âmbito cultural e

educacional não formal, trazendo em questão o antagônico desenvolvimento

tecnológico em contrapartida à fragilidade da atual “Cultura Tecnológica”.

Quanto à discussão da metodologia empregada nesta obra, observou-se o

contexto etimológico da palavra grega mhétodos, cujo significado é “ o caminho pelo

qual se atinge um objetivo”. Desta forma, a busca de métodos para que a pesquisa

obtenha um resultado mais adequado, visa estabelecer critérios e formas de

levantamento de dados que possam refletir o perfil de uma comunidade ou o

contexto histórico em que a sociedade se encontra, desta forma, neste trabalho, as

metodologias utilizadas foram:

• Leituras e pesquisas bibliográficas;

• Pesquisa quantitativa:

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• Análise dos dados coletados junto aos alunos do ensino fundamental e

médio de uma escola particular na cidade de Itu, acerca da utilização

da internet sob os seguintes aspectos;

� Redes Sociais;

� Educação Virtual;

� Tecnologias Educativas;

� Jogos virtuais.

� Bate papo (chat);

� Videos (youtube);

� Conteúdos Acadêmicos.

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1 - CIBERCULTURA

A cibercultura é um termo atual que reporta-se ao comportamento da

sociedade diante das tecnologias atuais, principalmente a Internet, ou seja, as

relações sociais que através dela se originam e se intercalam ao sistema de vida

das pessoas. Estas tecnologias representadas fisicamente por computadores,

notebooks, tablets, celulares e outros, possibilitam a interface com os sistemas

informacionais fortemente inseridos na vida cotidiana da sociedade, como as redes

sociais, os vídeos, os jogos, as salas de bate papo e ainda os softwares de

pesquisa. Este último, utilizado amplamente como ferramenta de busca de

informações de todo o tipo, desde pesquisas científicas até compra de

equipamentos, vestuário e alimentos.

Esta nova “cultura” não deve ser vista superficialmente como forma de

conduta da sociedade no uso da internet, mas sim como uma nova maneira de vida

sob a ótica de uma imensa rede de informações globalizadas, disseminadas de

forma muitas vezes desordenada e sem padrões, que resultam em um emaranhado

de experiências sensitivas e materiais. A imensa massa de informações aliada aos

processos da rotina cotidiana, demonstram a forte presença dessa nova cultura

contemporânea que iniciou-se a partir da década de 60, mas que a partir da virada

do milênio consolidou-se como conceito definitivo de nova cultura contemporânea.

Segundo Pierre Lévy, em seu livro intitulado “Cibercultura”

O ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (Lévy, 1999, p.17)

Busca-se chamar atenção ao fato de que o ciberespaço que abriga a

cibercultura também alimenta todo o sistema organizacional e governamental da

sociedade, pois este baseia-se em sistemas que utilizam esse espaço como meio de

comunicação e interlocução com o indivíduo, seja por meio de páginas publicadas na

internet ou por sistemas próprios de atendimento, como, por exemplo, os

autoatendimentos bancários.

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Na busca por acompanhar a evolução tecnológica, o indivíduo se depara com

um universo paralelo de possibilidades e propostas de facilitação ao seu estilo de

vida cotidiano, mas a velocidade das informações fornecidas neste novo veículo de

globalização, o ambiente virtual, acompanham a velocidade do raciocínio humano?

Os valores agregados ao pensamento e à individualização do ser humano

estariam sendo levados em conta no desenvolvimento frenético das ferramentas

sociais, ditas de aproximação dos indivíduos ou seria de isolamento destes? As

pessoas são comumente tratadas como objetos, números ou senhas e o interesse

principal é disseminar informação, seja ela qual for, de qualidade ou apenas

publicidade chegando ao descaso de materializar a humanidade a um código de

usuário que precisa ser doutrinado a consumir e aceitar a imposição das redes

capitalistas.

Em meio a este novo conceito de valores, a informação transmitida em

ambientes virtuais tem ocorrido por meio do fetichismo da mercadoria e assim, ocorre

a desumanização do ser humano no capitalismo, com a ilusão de que não há

relações humanas ou sociais no que se refere à mercadoria.

Este conceito é amplamente discutido na obra socialista marxista “O Capital”,

onde se entende que o fetichismo é uma relação social entre pessoas mediatizada

por coisas. O resultado é a aparência de uma relação direta entre as coisas e não

entre as pessoas, com inversão de valores as pessoas agem como coisas e as

coisas, como pessoas.

A existência das coisas enquanto mercadorias, e a relação de valor entre os produtos de trabalho que os marca como mercadorias, não têm absolutamente conexão alguma com suas propriedades físicas e com as relações materiais que daí se originam… É uma relação social definida entre os homens que assume, a seus olhos, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Uma mercadoria, portanto, é algo misterioso simplesmente porque nela o caráter social do trabalho dos homens aparece a eles como uma característica objetiva estampada no produto deste trabalho; porque a relação dos produtores com a soma total de seu próprio trabalho é apresentada a eles como uma relação social que existe não entre eles, mas entre os produtos de seu trabalho. A isto dou o nome de fetichismo que adere aos produtos do trabalho, tão logo eles são produzidos como mercadorias, e que é, portanto inseparável da produção de mercadorias. (MARX, Volume I: Capítulo I, Seção 04)

Marx ainda critica a alienação social, quando o indivíduo deixa de pensar e

agir por si próprio e passa a reagir instintivamente aos estímulos capitalistas,

anulando sua personalidade individual e cedendo ao consumismo desordenado,

Page 18: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

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onde o importante não é mais a consciência, o pensamento ou os sentimentos

envolvidos, mas o que a pessoa tem. Sendo o dinheiro o maior fetiche desta cultura,

que passa a ilusão às pessoas de possuir tudo o que desejam a respeito de bens

materiais.

A banalidade do saber e do pensar, do aprender e do pesquisar, vem tomando

conta de uma geração de conformistas, imediatistas e preguiçosos mentalmente que

buscam a informação rápida e curta, resumida demais para esclarecer corretamente

qualquer necessidade do saber. Torna-se mais fácil aceitar e adaptar-se ao sistema

político-social atual que buscar soluções para transformá-lo, mesmo que o caminho

mais “fácil” seja o pior caminho para a história da sociedade humana.

A cibercultura, entendida como espaço da cultura contemporânea, é

fortemente marcada por uma cultura social da supervalorização à imagem, do

artificial sobre o concreto e real, da aparência ao ser e, por conseguinte da falta de

pensamento crítico em detrimento ao comodismo e conformismo intelectual. Esta

sociedade, por ora denominada “Sociedade do Espetáculo”, se impõe “formando”

estilos de vida baseados no materialismo e no poder do dinheiro, na futilidade das

reflexões, na mediocridade do pensamento imediatista, da diversão e do prazer a

todo custo, como prioridade de vida.

Segundo Guy Debord em seu livro “Sociedade do Espetáculo”:

Se as necessidades sociais da época na qual se desenvolvem essas técnicas só podem encontrar satisfação com sua mediação, se a administração dessa sociedade e todo contato entre os homens só se podem exercer por intermédio dessa força de comunicação instantânea, é porque essa “comunicação” é essencialmente unilateral; sua concentração equivale a acumular nas mãos da administração do sistema os meios que lhe permitem prosseguir nessa exata administração. (DEBORD, 1967, p.771).

Como a Educação pode se constituir num contraponto a essa não

conformação social?

Instaura-se um desinteresse coletivo dentre as novas gerações, por questões

mais profundas sobre a vida, o universo, a comunidade, a cultura, a política e diante

dessa nova realidade, a educação perde espaço diariamente nas redes de

comunicação social para a busca por entretenimento e distrações frívolas.

Consequentemente a formação do caráter pessoal de indivíduos inseridos neste

contexto distorcido, se dará de forma frágil, inquieta, inconsistente e egoísta.

Page 19: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

19

Como reverter tal progressão?

A cibercultura é utilizada por esta cultura do espetáculo para massificação de

formas de pensar sem profundidade, “formando” pessoas sem noção de cidadania,

fortemente individualistas, vivendo quase que exclusivamente para o consumo

incessante de uma “indústria cultural” que visa atingir metas comerciais sem

preocupar-se com o “humano”.

Como instaurar a educação na cibercultura?

Faz-se fundamental pensar em formas de ação e participações educativas

que contribuam para o surgimento de novos paradigmas que possam atender às

demandas de nossa sociedade, que não tem mais como abdicar das tecnologias,

principalmente daquelas da informação, porém, preservando valores que não podem

cair em “desuso” simplesmente pelo modismo ou imediatismo que assolam nossos

ambientes virtuais, mas que ambiguamente atingem o âmago de nossa vida real.

Esse desafio se faz presente neste momento, e a Educação tem papel

preponderante na busca e aquisição desses paradigmas.

Parte-se da proposta de analisar-se as condições atuais de relação entre o

internauta e a internet, dos usuários e das redes sociais, assim como da cibercultura

e de seu ambiente virtual, com foco na conscientização da necessidade de

construção de uma cibercultura que contemple os anseios da sociedade de forma

mais ampla e não somente baseada no consumismo e imediatismo, prevenindo o

avanço na formação da “cultura do descartável”.

A falta de um modelo consistente de cibercultura hoje, e cada vez mais no

futuro, poderá constituir-se em fator preponderante para o subdesenvolvimento

cultural da sociedade, tendo em vista a massificação de valores e forma de pensar

superficiais, que, entretanto, ocupam enorme espaço na vida das pessoas.

Propõe-se avançar de forma gradual e sistemática, com ações efetivas de

utilização dos meios digitais, em particular a internet, criando modelos alternativos

de Educação não formal em comunidades virtuais de todo tipo e função social.

Page 20: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

20

1.1 - CONCEITOS - REDES SOCIAIS VIRTUAIS

Fonte: http://www.internetsegura.pt/riscos-e-prevencao/redes-sociais

Os seres humanos são em sua essência seres sociais, desta forma, procuram

constantemente interagir com outros, nas mais diversas formas e ocasiões. Esta

verdade se aplica ao mundo da cibercultura e mais especificamente à Internet, tanto

que esta permite que as pessoas comuniquem umas com as outras de qualquer parte

do mundo.

Uma rede social é um verdadeiro reflexo dessa necessidade de comunicação

das pessoas, aplicado entretanto às redes da internet. Desse modo a pessoa,

denominada no mundo virtual como internauta, se apresenta aos outros internautas,

quer seja através de páginas pessoais ou através de blogues, apresentando-se ao

mundo virtual dos mais diversos modos: fotografias, textos ou vídeos.

Mas qual o real objetivo de uma rede social virtual? Podemos dizer que é

permitir ao usuário internauta expressar-se de um modo pessoal e entrar em contato

com outros usuários que compartilham interesses parecidos. Desta forma, os sites

destinados à comunicação social virtual são particularmente feitos para que os

usuários possam compartilhar informações acerca de si e de sua família ou negócio.

São solicitadas informações desde a data de nascimento até os filmes e livros

favoritos, opiniões sobre algum fato marcante ou qualquer assunto que queira

adicionar e convidam, na sua grande maioria, ao envolvimento e opinião de

Page 21: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

21

terceiros, através da possibilidade de comentar os diversos assuntos inseridos

nessa página pessoal.

Os blogues também são uma expressão das redes sociais virtuais, mas neles

não ocorrem a mesmo nível de interação que nas redes sociais globais onde um

número imenso de usuários estão logados e em constante interação.

Para participar de uma rede social virtual, na grande maioria delas, o serviço

é fornecido de forma gratuita, entretanto, são pedidos diversos dados pessoais do

usuário no ato da inscrição, alguns inclusive poderão ser vistos aos outros usuários.

Estes dados compartilhados podem ser vistos como uma forma de apresentação

online, permitindo que os interessados procurem encontrar afinidades com o usuário

e, desta forma, solicitar que esse faça parte de sua “rede de amigos”.

Tendo em vista que o propósito de uma rede social virtual é fomentar a

interação entre os usuários internautas que fazem parte dessa rede, cada página

pessoal é regida pelo princípio dos “amigos em rede”, sendo que teoricamente, é

esperado que esses “amigos virtuais” se conhecem no mundo real.

Quanto maior o número de pessoas que se encontram ligadas a rede de um

determinado usuário, maior é o poder desse usuário em se comunicar e passar seus

recados, pensamentos, textos, fotos, etc, e ficar mais conhecido, desta forma, a lista

de amigos virtuais de uma pessoa considerada, por muitos, um espelho da sua

popularidade online. Sendo assim, existe uma forte tendência dos usuários

adicionarem à sua rede de amigos, pessoas desconhecidas para simplesmente

aumentar o número de conexões, esquecendo assim, questões primordiais como

sua privacidade ou mesmo sua alta exposição à perigos que possam ocorrer no

mundo real.

No caso da pesquisa realizada neste trabalho, ficou constatado que o maior

interesse dos jovens é o de participar das redes sociais mais conhecidas

atualmente, sendo que a grande maioria dos pesquisados, colocaram em primeiro

lugar as redes sociais como principal foco de interesse na internet. No capítulo

quatro são analisadas as respostas dos alunos e serão aprofundadas as questões

relacionadas ao tema, mas neste momento já se pode refletir sobre os diversos

perigos que corre um jovem com idade entre 10 e 17 anos, que pode ser presa fácil

para aproveitadores ou pessoas com más intenções.

Page 22: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

22

As redes sociais oferecem também diversas outras funcionalidades, tais como

bate papo escrito ou através de webcam entre os amigos conectados, postagem de

vídeos e fotos, criação de álbuns, lembretes de aniversários entre outros, além de

dezenas de aplicativos e jogos online.

Fornecedores de produtos e vendedores de todo tipo, sabedores das

potencialidades deste tipo de promoção, demonstram e colocam em destaque seus

produtos e serviços, abrindo um canal direto de negociação com aqueles que se

propõem a conectar-se a eles.

Voltando a tratar sobre os diversos perigos que as redes sociais virtuais

apresentam, pode-se destacar:

• Exposição de Dados pessoais

Existem informações pessoais que podem representar um perigo se

forem compartilhados, em especial se o usuário for criança ou

adolescente. Comumente ocorre ser informada a cidade onde se vive ou

a escola que frequenta, desta forma, abre-se portas aos mal

intencionados, que procuram formas de encontrar pessoalmente as suas

potenciais vítimas. Este perigo não se aplica somente aos mais novos,

sendo os mais velhos alvo frequente, caso estes de alguma forma, por

exemplo, informem seus rendimentos anuais bem como sua localidade,

seu cargo e outras informações que deem acesso fácil no mundo real.

• Falsidade Ideológica

A apropriação de identidade de alguém conhecido, famoso ou que esteja

em destaque no mundo dos negócios, muitas vezes não pretende

somente incomodar o proprietário real da identidade, mas pode ser um

método de enviar mensagens na forma de boletins (vistos por todos os

amigos na lista dessa pessoa) com conteúdos racistas, frases obscenas

ou convites explícitos para as mais diversas atividades. Além disso, um

usuário mal-intencionado também pode criar uma página com dados

falsos para atrair um determinado tipo de pessoa e de alguma forma a

enganar, importunar ou explorar. Um exemplo disso são os molestadores

de crianças, que criam páginas de perfil fazendo-se passar por jovens

com determinados interesses, a fim de se aproximarem de uma criança

vulnerável.

Page 23: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

23

• Postagem de Imagens, opiniões e outros que comprometam

É muito comum que o usuário perca o controle das informações que

coloca na sua página pessoal, entretanto, uma vez postado um dado, este

fica online e dificilmente desaparecerá, mesmo se depois for apagado.

Uma opinião manifestada de determinada forma numa página pessoal

pode inflamar os ânimos de outros usuários e, assim, gerar uma onda de

insultos, protestos ou represálias na vida real.

Por outro lado, os empregadores podem pesquisar as informações

colocadas online e podem eliminar algum candidato que possa ter

extrapolado em suas considerações e mensagens, além disso também

são conhecidos casos de funcionários que são despedidos por

manifestarem determinadas opiniões acerca dos seus empregadores.

• Cyberbullying

Podem ocorrer situações de discriminação aos usuários com base nas

suas características, como as raciais, de orientação sexual ou aparência

física. Embora algumas redes sociais virtuais definam uma idade mínima

permitida para se ter uma página pessoal, nada impede um jovem com

idade inferior ao permitido de se inscrever na mesma. A prática de

bullying na escola pode ser replicada nas redes sociais, tomando

proporções ainda maiores na forma do cyberbullying. Embora até existam

pessoas especializadas encarregadas de monitorizar os conteúdos das

páginas pessoais, as redes sociais virtuais possuem demasiados

utilizadores para o número de moderadores existente, tornando

impossível uma efetiva verificação de conteúdos postados, por outro lado,

mesmo quando há reporte de conteúdos inapropriados, e os mesmos são

retirados, é impossível vigiar e verificar se estes são novamente inseridos

online. Quando uma conta de usuário é cancelada, torna-se igualmente

impossível barrar o acesso desse usuário, pois nada o impede de abrir

uma nova conta e inserir dados diferentes, usufruindo impunemente da

sua nova conta.

Page 24: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

24

1.2 – CONCEITOS – VÍDEOS ON-LINE (YOU TUBE)

O segundo maior assunto de interesse assinalado pelos alunos neste trabalho

de pesquisa foram os vídeos, tanto no sentido de assisti-los “on line”, baixá-los ou

postá-los no site intitulado como YouTube.

O YouTube é amplamente utilizado no Brasil e domina este segmento da

internet com absoluta hegemonia, pois permite que seus usuários carreguem e

compartilhem vídeos em formato digital de forma rápida, e de fácil compreensão. Ele

foi fundado em 2005 por três funcionários do PayPal, que é um famoso site

da internet ligado a gerenciamento de transferência de fundos.

O YouTube hospeda uma grande variedade de filmes, videoclipes e materiais

caseiros. O material encontrado no YouTube pode ser disponibilizado em blogs e

sites pessoais, motivo que justifica seu sucesso entre os internautas..

Os usuários podem ver o vídeo no modo janela ou tela cheia, e é possível

trocar entre os modos no meio da reprodução sem a necessidade de carregar de

novo o vídeo. Os vídeos enviados ao YouTube estão limitados a quinze minutos e os

arquivos podem ter no máximo dois Gigabytes. Além disso, só pode ser enviado um

vídeo por vez através da interface padrão, ou múltiplos vídeos usando

o plugin para Windows, e ainda aceita o envio de filmes na maioria dos formatos,

permitindo até que os vídeos sejam enviados diretamente do celular.

Os vídeos do YouTube foram criados para serem vistos enquanto se está

conectado a Internet, e nenhum recurso oficial permite o download dos vídeos para

serem vistos off-line, entretanto, existem alguns aplicativos que permitem que os

vídeos sejam baixados em um meio digital de armazenamento.

O YouTube recompensa vídeos com honras, os mais populares sendo os "mais

vistos" que são divididos em quatro categorias: hoje, essa semana, esse mês, e

todos os tempos. As honras incluem: Vídeos em Destaque, os ascendentes, os mais

comentados, os mais vistos e os mais anotados como favoritos.

Antes do lançamento do YouTube em 2005, havia poucos métodos simples

disponíveis a usuários normais de computadores que queriam colocar seus vídeos

na Internet. Com sua interface de fácil uso, o YouTube tornou possível a qualquer

um que usa computador a postar na Internet um vídeo que milhões de pessoas

poderiam ver em poucos minutos. A grande variedade de tópicos cobertos pelo

Page 25: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

25

YouTube tornou o compartilhamento de vídeo uma das mais importantes partes

da cultura da Internet.

O YouTube tem sido alvo de ações de censura em vários países por causa do

conteúdo que ele hospeda. O site já foi bloqueado em vários países desde o seu

lançamento, tais como na Austrália, na Indonesia, no Irã, no Paquistão, na Síria, no

Sudão, na Tailândia, na Tunísia e na Turquia.

Outros países como o Brasil, a China e o Marrocos chegaram a bloquear o

site, mas depois o bloqueio foi desfeito. Outros países têm bloqueios parciais.

Nos Emirados Árabes Unidos algumas páginas estão banidos. Na Arábia Saudita a

página para confirmar a data de nascimento está bloqueada, impedindo acesso a

conteúdo adulto. Apesar de bloqueios em alguns países ainda é possível

usar softwares que conseguem contornar essas restrições.

Pela visibilidade e facilidade de acesso, o YouTube passou a ser usado por

alguns políticos como meio de propaganda de suas candidaturas. Os eleitores

podem assim ver as propostas do candidato, e fazer vídeos apoiando-os ou se

opondo a eles..

As crianças utilizam o aplicativo como forma de entretenimento, assistindo

vídeos de desenhos animados ou aqueles postados por algum familiar ou amigo, já

os jovens assistem vídeos que vão desde a pesquisa de um tema escolar até os

vídeos de conteúdo adulto ou violência. Estes últimos tornam-se bastante

preocupantes, pois não há mecanismos de controle eficazes que possam inibir o

acesso dos menores, como em todo o conteúdo da internet.

Diante da maciça utilização deste recurso, confirmado nesta pesquisa, cabe aos

educadores e aos pais, estimularem o uso mais adequado deste recurso, procurando

através do diálogo e da orientação demonstrar o uso mais adequado de acordo com

a idade.

1.3 – CONCEITOS – JOGOS ON-LINE

São denominados jogos on-line os jogos eletrônicos jogados via Internet. Neles,

um jogador com um computador ou vídeo conectado à rede pode jogar com outros

sem que ambos precisem estar no mesmo ambiente, sem sair de casa, o jogador

pode desafiar adversários que estejam em outros lugares do país, ou de qualquer

Page 26: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

26

parte do mundo. Tudo ocorre em tempo real, como se o adversário estivesse ao lado

do jogador, de forma que esta categoria de jogos abriu novas perspectivas de

diversão. Os primeiros jogos on-line começaram a aparecer em 1989 e eram

jogados via ligação direta local ou direta internacional. Os jogadores conectavam

entre si ligando para casa de seus "adversários" através do modem de seus

computadores e linha telefônica convencional.

Por volta de 1992, começaram a popularização dos jogos on-line, onde um

usuário se conectava a um determinado serviço deste tipo e podia desafiar vários

adversários em qualquer lugar do mundo, mas a possibilidade de participar de uma

comunidade, bater papo e escolher com quem jogar abriu um novo mundo de

diversão. É nessa época que os primeiros jogos online começaram a fazer sucesso

e atrair cada vez mais jogadores.

Foi a partir de 1995 com a popularização da internet que os jogos online se

consolidaram e só vieram a crescer se tornando "a diversão do futuro".

Na pesquisa realizada com os alunos com idades de 10 a 17 anos, o os jogos

on line aparecem como terceiro maior assunto de interesse.

Neste caso o que preocupa enquanto educador ou pai são a forte presença

de aspectos de elevada violência e competitividade a qualquer preço, extrapolando

os limites seguros de exposição dos jovens a um altíssimo grau de insalubridade aos

sentidos.

De outro lado, os jogos, quando selecionados e adaptados à aprendizagem,

podem contribuir em muito ao desenvolvimento cognitivo, psíquico e motor da

criança e do jovem. No capítulo onde a pesquisa é analisada, diversos aspectos são

apontados como positivos neste sentido.

1.4 – BATE PAPO

Um chat, que em português significa conversação, ou bate-papo (termo usado

no Brasil), é um neologismo para designar aplicações de conversação em tempo

real.

São muitos os sites ou aplicativos que possibilitam este recurso, tais como:

• Internet Relay Chat (IRC)

• AOL Instant Messenger (AIM)

Page 27: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

27

• Chatroulette

• Gadu-Gadu

• Google Talk

• Grunhido

• ICQ (OSCAR)

• Jabber (XMPP)

• MUD

• Pichat

• SILC

• Skype

• TeamSpeak (TS)

• Wikia

• Windows Live Messenger

• Yahoo! Messenger

• Terrachat (JAVA/FLASH)

O surgimento da comunicação instantânea do tipo "bate papo” foi possível

com o surgimento das redes sociais na Internet onde as pessoas puderam interagir

mais intensamente. Pode-se dizer que o conceito de redes sociais, não é novo, uma

das primeiras ferramentas consideradas redes sociais foram os “E-mail lists and

bulletin board systems (BBS)”, que surgiram na década de 1970, a fim de realizar a

interação online dos usuários nos Estados Unidos. Nelas as pessoas criavam um

“pseudônimo” para manter uma relação com as outras pessoas. No ano de 1979

surgiram as ferramentas Usenet e Internet Relay Chat (IRC), que seguiam o conceito

de mensagens, no qual as pessoas se agrupavam por interesses em comum.

No ano de 1996, foram criados os primeiros programas de mensagens

instantâneas (aplicativos como AOL Instant Messenger e ICQ). Essas ferramentas

possuíam um ambiente de chat onde havia trocas de mensagens em tempo real.

Ambas as ferramentas mantinham listas de pessoas com as quais os usuários se

comunicavam ou mantinham alguma relação, seja de amizade ou de interesses em

comum. Essa ferramenta já possuía algumas opções novas, como a de adicionar ou

restringir algum usuário e realizar um “multi-chat” no qual havia a conversa de três

ou mais usuários em um mesmo bate-papo. Em 1997 surgiu a primeira rede social

Page 28: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

28

que permitiu a criação de um perfil virtual, bem como a publicação e listagem de

contatos, esse novo modelo de rede social passou a permitir a visualização de perfis

de terceiros. Após esse modelo de rede social, várias outras semelhantes foram

criadas.

O Chat ou bate papo foi o quarto assunto de maior interesse destacado na

pesquisa realizada com os jovens e analisada neste trabalho, onde percebe-se que

a conversação on-line passou a ser um incremento às redes sociais que em algum

momento de seu uso acaba ocorrendo por consequência de algum comentário, e

vendo que o amigo encontra-se on-line, o mesmo é chamado para uma conversa.

Se por um lado novamente destaca-se a importância da interação entre as

pessoas, verifica-se um alto grau de superficialidade e o surgimento de um novo tipo

de linguagem, onde a abreviação e os apelidos são amplamente utilizados,

empobrecendo assim a utilização da língua portuguesa formal.

Algumas análises podem ser feitas neste sentido, porém não é o foco deste

trabalho discuti-las de maneira mais aprofundada, deixando para um momento mais

oportuno a abertura deste tema para uma pesquisa voltada à linguística nas mídias

sociais e a interação social via internet.

1.5 – PESQUISA E TRABALHOS ESCOLARES

Os softwares de busca permitem fazer pesquisas na internet sobre qualquer

tipo de assunto ou conteúdo. O Google é atualmente o serviço de busca mais

utilizado e é o o site mais acessado do mundo.

Cabe ressaltar que a quantidade de informações na Internet é tão grande e

diversificada que é praticamente impossível encontrar tudo o que se precisa sem o

uso de um mecanismo de busca. Existem, além do Google, outras ferramentas de

busca na Internet, como o Altavista, o AlltheWeb, o Yahoo e o MSN, entretanto, o

Google atualiza sua base de informações diariamente e isto o torna o mais eficiente

dentre eles, porque cerca de alguns minutos depois de uma matéria ser publicada

em um site já é possível encontrá-la no Google.

O sistema algoritmo estabelecido ao buscador Google é muito interessante e

como exemplo pode-se dizer que quanto mais pesquisas existirem apontando para

uma página, maior é seu grau de importância no Google, desta forma, essa página

Page 29: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

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tem maior probabilidade de obter um bom posicionamento nas buscas. Além disso,

o Google analisa os assuntos mais pesquisados e verifica quais sites tratam aquele

tema de maneira significativa. Para isso, ele checa a quantidade de vezes que o

termo pesquisado aparece na página.

Quem sabe aproveitar todas as opções de uma ferramenta de pesquisa,

poderá ter uma grande chance de êxito em encontrar algum resultado satisfatório.

A utilização do Google tem sido criticada por especialistas do assunto, pois o

buscador armazena as preferências do usuário e com isso lhe permite acompanhar

termos de pesquisa mais requisitados, facilitando a pesquisa e maximizando a

obtenção de resultados. Isto traz a tona preocupações com a privacidade dos

usuários que acabam por serem mapeados pela ferramenta de busca, que acaba

“sabendo” as preferências daquele usuário e traça para ele um determinado perfil.

Um dado interessante foi que a BBC britânica publicou uma matéria em que

foi revelada que possivelmente ocorre a emissão de 7 gramas de dióxido de carbono

a cada pesquisa feita no buscador. O Google rebate a pesquisa, que foi feita por um

físico da Universidade Harvard, e diz que somente 0,2 gramas de "carbono" é

emitido. Entretanto, uma discussão a respeito do comprometimento ambiental da

empresa pode ser iniciada, já que seu motor de busca é o mais utilizado no mundo

milhões de vezes todos os dias.

Um grande problema acerca das pesquisas feitas pelos alunos no ambiente

virtual é o de se copiar um determinado texto, livro, tese, artigo ou monografia ou

partes de outra pessoa, dizendo que é sua própria. Infelizmente é relato comum

entre docentes de todos os níveis de ensino que os alunos fazem este tipo de

prática de maneira displicente e até corriqueira. O chamado plágio pode ser de

qualquer natureza, como em livros, música, obras, fotografias, trabalhamos, e etc.

O ato do plágio, como consiste numa cópia da propriedade intelectual de

outra pessoa, prejudica o desenvolvimento do pensamento crítico de um aluno,

consequentemente retardando o seu aprendizado.

Buscando a descoberta do plágio, existem disponíveis no meio virtual

diversos softwares que detectam o plágio online, varrendo sites, por exemplo, e

softwares pessoais, onde a pessoa pode colocar a informação que deseja obter e o

software procura em diversas fontes.

Page 30: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

30

Na pesquisa demonstrada neste trabalho, foi verificado que este assunto foi

aquele de menor interesse quanto a utilização da internet dentre os jovens,

entretanto, a partir desta análise, pode-se entender melhor os motivo que levam a

este resultado preocupante sob a ótica do termo definido como “Sociedade do

Espetáculo”, particularmente analisado sob a ótica da educação, questionando se a

sociedade atual define-se como uma sociedade do conhecimento ou do superficial e

descartável. No próximo capítulo será discutido este aspecto da realidade social no

meio virtual e real e o contexto educativo que a cerca e seus desafios.

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31

2 - “SOCIEDADE DO ESPETÁCULO”

Fonte: http://arrbrasil.blogspot.com.br/2012/05/vivemos-numa-sociedade-de-espetaculos.html

A questão principal abordada na obra “A Sociedade do Espetáculo” de Guy

Debord, refere-se sobre a relação da alienação das pessoas com seu

comportamento psicológico, ou seja, a consequência do modo de vida das pessoas

baseado no consumo, que assume novas formas de separação e reificação da vida.

Sob esta ótica, “espetáculo” é uma forma de dominação da burguesia sobre

o proletariado.

O Espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. (Debord, 1991, p.6)

Este trabalho utiliza-se do conceito estabelecido por Debord, trazendo a

problemática por ele pesquisada na década de 60 para os dias atuais, no contexto

da Cibercultura. Não pretende, entretanto, justificar por este conceito uma crítica

unilateral sobre a questão do consumismo e as relações de consumo ou

entretenimento fortemente presentes no ambiente virtual, mas analisar o

comportamento do grupo de estudantes pesquisado e constatar o quanto este

conceito estabelecido por Debord, ainda influencia a atual sociedade altamente

tecnológica. As questões acerca da educação neste contexto vêm apropriar-se deste

debate e estabelecer uma relação entre o papel da escola e da sociedade na

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32

contramão do conceito do descartável e do imediatismo, levando-nos ao cerne da

problemática ora pesquisada.

O livro mais conhecido de Guy Debord é o intitulado “A Sociedade do

Espetáculo”. Resumidamente, Debord atribui a fragilidade espiritual da sociedade de

sua época (década de 60 do século passado), tanto nas esferas públicas quanto

privadas, a forças econômicas que dominaram a Europa após a modernização

decorrente do final da segunda guerra mundial.

O autor critica acentuadamente aquilo que chamou de espetáculo

de mercado do ocidente capitalista, bem como o que chamou de espetáculo

de estado do bloco socialista, desta forma, rebelou-se em relação às duas correntes

políticas do mundo naquele momento histórico, o capitalismo e o socialismo, sendo

por essa razão, chamado por muitos de adepto ao anarquismo.

O autor fundamenta sua teoria da “Sociedade do Espetáculo” nos trabalhos

de Karl Marx, desta forma, Debord se utiliza do conceito de valor, conceituado por

Marx no livro O Capital. Este conceito determina como o trabalho que cada

mercadoria contém, resulta na redução dos Homens a simples coisas, ou seja,

transforma-os em mercadorias no mundo do trabalho.

Guy Debord também se inspirou em outros conceituados autores para

fundamentação de sua obra tais como Mikhail Bakunin e Sigmund Freud, apesar

disso, a obra “A sociedade do Espetáculo” acabou sendo mesmo o resultado de uma

série de debates e leituras acerca dos conceitos desenvolvidos por Marx.

No capítulo 4 desta pesquisa, será possível verificar de maneira clara e visual

os indicadores comportamentais levantados e discutir assim, as possíveis formas de

se estabelecer estratégias para o melhor aproveitamento e desenvolvimento do

estudo, da pesquisa bibliográfica e da emancipação do jovem inserido na sociedade

tecnológica que se apresenta.

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33

2.1 – SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

Fonte: http://www.debatesculturais.com.br/a-sociedade-do-conhecimento-integrada-no-ambito-empresarial/

O homem vem aprimorando de forma constante e com muita intensidade,

meios e ferramentas para comunicar-se com o mundo, com o intuito “a priori”

virtuoso, em melhorar os padrões atuais de vida na Terra, entretanto, se por um lado

essa conduta lhe confere um melhor modo de vida, por outro demandam problemas

e consequências causadas por este desenvolvimento, tais como o aumento da

poluição, o desemprego, a marginalização de pessoas, entre outros.

Desta forma, enquanto assistimos perplexos este desenvolvimento

tecnológico intenso, independente e autónomo aparentemente, este

desenvolvimento tecnológico avança tão rápido que o homem parece não conseguir

alcançá-lo, ou até mesmo entendê-lo da forma sistêmica e global para que sinta-se

inserido neste novo contexto social.

Esta problemática causada por este “excesso” de tecnologia e

consequentemente seu papel na sociedade contemporânea, tem sido amplamente

discutido nos âmbitos científicos e acadêmicos, isto tem causado o surgimento de

diversos “novos” rótulos e conceitos. Conceitos como conhecimento ou informação,

sociedade pós-industrial, sociedade pós-moderna, revolução da informação,

capitalismo da informação, entre outros, têm sido debatidos e questionados, criando

Page 34: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

34

um cenário confuso e ao mesmo tempo nebuloso diante das controversas opiniões

entre pesquisadores e sociedade.

Mas, vivemos afinal numa “Sociedade da Informação” ou podemos afirmar

que se trata de uma “Sociedade do Conhecimento”? Ao final do século XX, com o

surgimento do termo Globalização, esta discussão tomou corpo e tem movimentado

os estudiosos no tema em busca de firmar conceitos que melhor delimitem os

padrões desta “Nova Sociedade”. Mas o fato mais aceito, firmado praticamente

como indiscutível é que este tipo de sociedade encontra-se em processo de

formação e expansão.

Tendo em vista que a sociedade é um organismo complexo e está em

constante mutação, pode-se dizer que surge um novo paradigma de sociedade que

se baseia na informação abundante e farta, acessível a praticamente todos os

homens livres do planeta.

Este novo paradigma, onde a informação pode ser usada como meio de

criação de conhecimento, constitui o arcabouço teórico na produção de riqueza e na

contribuição para a melhoria de vida das pessoas. Tal possibilidade de acesso às

Tecnologias de Informação e Comunicação, presentes na vida cotidiana, constituem

instrumentos indispensáveis para a emancipação do cidadão e sua inserção neste

novo modelo de sociedade.

Entretanto, questiona-se o quanto este novo comportamento social poderá

agravar as diferenças sociais, tendo em vista que a detenção da informação por

determinados grupos sociais, poderá causar efeitos discriminatórios dentre os

países, empresas e até entre as pessoas.

Esta nova sociedade exige pessoas com maior formação tecnológica, com

empreendedorismo e criatividade, capazes de resolver os problemas do seu meio,

entretanto, discrimina aqueles que não possuem ou não se caracterizam neste

contexto, excluindo-os.

Os mais jovens parecem mais preparados para adquirem conhecimentos

tecnológicos seja dentro ou fora da escola, porque eles estão melhor integrados

neste novo paradigma de sociedade e esta sociedade mais competitiva gera mais

riqueza e qualidade de vida, mas para que isto seja possível, a educação precisa

acompanhar esta dinâmica social, dando condições iguais a todos, mas sem criar

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um grau de dependência patológico nas pessoas quanto a utilização dos recursos

tecnológicos disponíveis.

A incapacidade de disseminar o conhecimento de forma homogênea entre as

pessoas tem causado o constante aumento da taxa de desemprego e a extinção de

algumas profissões, com o inevitável surgimento de outras que se apropriam das

novas tecnologias e sistemas informacionais.

Será que a caneta e o papel desaparecerão e serão substituídos por

computadores e impressoras? Sem dúvida que existe uma forte tendência neste

sentido, mas todo cuidado é pouco quando se trata dos meios de comunicação, pois

o desaparecimento de tecnologias rudimentares pode causar um efeito dominó nos

modelos tecnológicos, pois não se pode inventar algo novo esquecendo-se das

bases teóricas que desencadearam o seu surgimento.

No final da década de 90, o Ministério da Educação – MEC em parceria com a

Universidade de São Paulo – USP, criou um documento intitulado de “’O computador

na sociedade do conhecimento” cuja mensagem de contracapa diz:

Estamos vivendo a transição da sociedade da produção em massa para a sociedade do conhecimento. Nessa nova sociedade a moeda corrente não será mais a matéria prima ou o capital, mas a informação e os meios de acessá-la e processá-la para que seja transformada em conhecimento. Certamente o computador será a ferramenta mais importante para acessar a informação, e a Internet é o exemplo mais claro dessa função do computador. No entanto, terá o computador a mesma importância como ferramenta para nos auxiliar a processar essa informação e convertê-la em conhecimento? Esta obra mostra que sim: o computador pode ser um importante aliado no processo de construção do conhecimento e pode ser o catalisador das mudanças do processo educacional. (valente, 1999,p.116)

Hoje em 2013 podemos responder esta questão? Curioso dizer que o

computador é somente mais uma ferramenta neste processo de transformação, pois

atualmente temos inúmeros meios de acesso ou manipulação da informação para

gerar o conhecimento. Temos tecnologias de comunicação que vai desde celulares

que acessam a internet e redes sociais até televisores que possuem esta função

além de outros recursos de interatividade, desta forma, o computador é um

dispositivo tecnológico como diversos outros disponíveis as pessoas.

Por outro lado, ainda podemos questionar se a escola de fato conseguiu

atingir o objetivo de trazer as tecnologias ou pelo menos o computador dentro do

contexto da aprendizagem.

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36

2.2 – AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E A EDUCAÇÃO

Se analisada a inserção das tecnologias de informação no contexto

educacional no Brasil, percebe-se quão recente isto ocorreu. De acordo com a

autora Raquel Carneiro:

Sem acreditar no uso do computador como “salvador da educação”, e

desejando uma experiência nitidamente preocupada com a nossa realidade,

no início de 1980, começa a desenvolver-se a Política de Informática

Educativa (PIE), caracterizada por atividades de pesquisa e seminários de

discussão em pequena escala, objetivando-se avaliar a contribuição do

computador no processo pedagógico. (Carneiro, 2002, p.49)

Apesar de terem surgido alguns projetos com apoio governamental e outros

institucionais em Universidades públicas, pouco avançou-se quanto a real inclusão

dos recursos tecnológicos como ferramenta nos processos de ensino-aprendizagem,

pois é comum que ocorra a inserção desses recursos sem entretanto, que haja uma

discussão sobre os objetivos da sua utilização no âmbito pedagógico, bem como a

falta de inserção dos docentes e dirigentes das escolas num projeto pedagógico

consistente atrelado a utilização desses recursos.

O computador na escola, particularmente na escola pública no ensino

fundamental, ainda gera receio por parte dos docentes, pois muitas vezes o fato é

interpretado como uma intromissão da máquina no processo educativo.

Algumas falas atribuem ao computador a capacidade de resolver

problemas, ensinar e transmitir conhecimentos, como se todo conhecimento

existente pudesse ser encontrado no computador. A mistura dos termos

informação e conhecimento é constante, deixando parecer que se tratam de

sinônimos. Percebe-se, no ambiente escolar, uma preocupação com a

substituição dos professores pelos computadores. (Carneiro,2002, p.70).

A autora relata o temor dos docentes quanto a implantação do computador na

escola no início do novo milênio, entretanto, será que nos dias atuais ainda existe

esta preocupação no meio educativo? Se analisarmos a aparente ineficiência na

utilização do computador nos processos de ensino-aprendizagem, chega-se a

conclusão que ainda persiste este temor, pois não existe ainda a preocupação,

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37

mesmo nas escolas particulares, de compor seu projeto pedagógico com a inserção

das TICs1 em seu contexto educativo. Isto torna a implantação efetiva do meio virtual

e da utilização de suas ferramentas em um processo tardio, diante da dinâmica da

inserção da cibercultura na sociedade.

As revistas voltadas ao entretenimento ou até mesmo as especializadas em

educação ou informática, fazem constantes pesquisas e artigos não científicos sobre

a utilização dos meios tecnológicos no cotidiano das pessoas, verificando estas

fontes, embora não confiáveis do ponto de vista acadêmico, todas elas apontam

para a mesma tendência bastante previsível pelo senso comum, que é a utilização

do computador e da internet voltados para o entretenimento, jogos, compras, bate

papo, redes virtuais e outros, mas nem mesmo aparecem índices minimamente

satisfatórios quanto ao uso dessas tecnologias para pesquisas acadêmicas,

científicas ou como ferramenta de apoio pedagógico.

Segundo publicação da Folha de São Paulo, referindo-se à relação entre o

leitor e a busca por ferramentas de facilitação da informação, em citação de Levy,

1998, comenta “Não basta se encontrar diante de uma tela munida de todas as

interfaces de fácil manuseio para que se supere uma situação de inferioridade”.

A facilidade do uso do computador e das TICs amplamente ofertada aos

leigos, esconde a realidade que a imensa maioria desses usuários sabem

essencialmente o necessário para ter acesso ao conteúdo meramente comercial

imposto pelos inúmeros canais de comunicação mais acessados na internet, desta

forma, a grande massa fica presa às tendências que a grande mídia deseja que esta

aceite como verdade.

Por outro lado, a constante mistura de conceitos entre informação e

conhecimento confunde as pessoas e dá a sensação que todos somos gênios da

informática, não tendo mais nada a aprender, pois tudo está a um clique, mas será

que isto torna os usuários como conhecedores de algo? Certamente não se pode

julgar a sociedade como simplesmente consumista ou imediatista pelo fato de utilizar

o meio virtual como forma de entretenimento em primeiro plano, pois esta tendência

é reflexo de um comportamento social que abrange a sociedade em seus diversos

aspectos, sejam estes políticos, religiosos, morais ou sentimentais.

1 Tecnologias de Informação e Comunicação.

Page 38: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

38

A sociedade passa por um momento importante na história do conhecimento,

pois as informações estão realmente à disposição de todos, sejam ricos ou pobres,

brancos, negros ou qualquer raça, em todos os continentes, mas será que estas

informações contribuem para o adiantamento da sociedade no contexto da sua

formação educativa ou cultural? Esta questão é o grande dilema da sociedade atual,

que transita entre a “Sociedade do Conhecimento” a “Sociedade do Espetáculo” a

todo momento, por isso, cabe a educação, o importante papel de ensinar a

aprender, da mesma forma como sempre em sua história, mas agora com requintes

tecnológicos outrora inexistentes. É um grande desafio mostrar aos jovens a

verdadeira importância de saber diferenciar o descartável, o consumível, o supérfluo,

tudo tão insistentemente disponível nos meios virtuais, aquilo que contribua com sua

formação como cidadão e portador de conhecimentos.

Sem a devida orientação, corre-se o risco da cultura do descartável, citada

pelo Papa Francisco em uma comunidade de baixa renda na cidade de Varginha,

discurso este transmitido em rede nacional em sua visita ao Brasil no dia 25 de julho

de 2013: “...Não podemos deixar entrar em nosso coração a cultura do

descartável...” transformar a sociedade em algo que não traga a evolução esperada

por todos, mas numa sociedade despreocupada com as verdadeiras questões que

permeiam suas vidas, seja no contexto político, educativo ou qualquer outro.

A conceituação de “Sociedade do Espetáculo” por Guy Debord, existe desde

a década de 1960, porém poderia este fenômeno social conviver com questões mais

relevantes como o emprego dos recursos tecnológicos nos processos educativos,

sejam estes formais ou não? A preocupação das pessoas em viver o presente mais

intensamente sem se preocupar com as consequências pode ser um mero fator do

momento histórico vivenciado atualmente, e pode ser revertido a qualquer momento,

mas precisa haver um equilíbrio entre as diversas facetas proporcionadas pelo

ciberespaço, ou seja, precisa haver a moderação da sua utilização para que não

resulte em um sintoma patológico seu mau uso.

Os jovens são os maiores afetados pelo imenso bombardeio de informações

apresentadas a ele, na maioria das vezes de forma desconexa e desorganizada, nos

meios virtuais que navega, entretanto, cabe aos educadores e aos pais, em primeira

instância, fazer as devidas interpelações para que tudo fique inserido dentro de um

contexto lógico e passível de compreensão.

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39

2.3 – O FUTURO DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

Antes de se falar no futuro da educação tecnológica, é imprescindível que

seja trazido à luz desta discussão um conceito de utilização da tecnologia mais

recente e entendido de maneira quase unânime como sendo o conceito futuro

definitivo em tecnologia da informação, o “Big Data”, que se trata de um conceito

inovador de armazenamento de dados com maior velocidade, desta forma, pode-se

dizer que o “big data” é baseado em velocidade, volume, variedade, veracidade e

valor em relação aos dados armazenados, ou melhor, focado na quantidade e

qualidade das informações.

Até pouco tempo atrás, existia um conceito estabelecido em relação ao

armazenamento de dados, o “Data Warehouse” ou Armazém de Dados, que

consistia em um conjunto de dados baseado em assuntos integrados, não voláteis,

variáveis em relação ao tempo, e destinado principalmente em auxiliar em decisões

de negócios, em contrapartida, o conceito de big data baseia-se em um grande

volume de dados, voláteis ou não, com maior velocidade. Desta forma, o “Big Data”

proporciona a utilização integral das informações geradas por uma determinada

empresa ou instituição, não limitando o seu armazenamento a condicionantes pré-

estabelecidas, ou seja, todo dado pode ser aproveitado no futuro, basta indexá-lo as

conexões apropriadas.

A seguir, exemplificamos algumas possibilidades de utilização de dados

obtidos sob o conceito do big data:

• fotos de satélites que podem ser vendidas em tempo real sobre a

disponibilidade de vagas de estacionamento livres em uma cidade numa

determinada hora ou quantos navios estão ancorados neste mesmo

momento.

• dados climáticos do nível das marés, mapas de desmatamentos, entre

outros.

• controle em tempo real do fluxo de mercadoria a ser recebida, cruzando os

dados dos GPS dos caminhões dos seus fornecedores.

• os processamentos de dados sismicos captados pelas sondas que

procuram petróleo no fundo do mar.

Page 40: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

40

Por outro lado, esbarra-se numa questão amplamente problemática, a

privacidade em relação às informações armazenadas, que cruzadas a outras

informações podem-se chegar a obter perfis completos de consumo ou escolhas

pessoais. Atualmente estes dados são mais direcionados a decisões voltadas à

massificação de informações, não se atentando a questões individualizadas,

entretanto, com a quantidade e variedade de dados armazenados tudo pode ser

possível no futuro.

Mas e quanto a educação tecnológica, em que este armazenamento de

informações poderia ser útil? Não é difícil perceber que a amplitude do conceito “big

data” abrange todas as atividades humanas, desde seu gasto com energia elétrica,

aparelho por aparelho, lâmpada por lâmpada, mas também quanto ao

desenvolvimento escolar de uma criança ou de um jovem, para isso basta que a

instituição trabalhe sob o conceito de desenvolvimento computacional de

armazenamento de informações “big data” e utilize todas as informações

colecionadas digitalmente. Um exemplo pode ser: detectar o porque uma

determinada turma tem chegado atrasada para uma determinada aula de maneira

mais frequente, para isto, verifica-se a relação de ausências com as outras aulas, se

for apontado um desvio, pode-se verificar se a turma estava na biblioteca, fora da

escola (nos casos de controle digital de entrada) ou até mesmo na cantina. Ainda

seria possível cruzar estas informações com a rotina do docente verificando se é

uma prática costumeira do mesmo chegar atrasado ou ainda se este fenômeno

ocorre em outras turmas e até em outras unidades escolares. Poderíamos chegar ao

requinte de saber o que foi consumido ou comprado pelo docente naqueles horários,

através de dados do cartão bancário por exemplo.

Mas a educação realmente deve se preocupar com o armazenamento das

informações ou apenas com a busca pelo conhecimento? O conhecimento pode ser

entendido como o conjunto de informações decodificadas e transformadas em algo a

ser assimilado pelo indivíduo. O entendimento e a razão pela qual um conceito é

estabelecido não podem ser simplesmente adquiridos pelo indivíduo de maneira

dispersa ou desarticulada de cognições neurais, desta forma, o conceito de “big

data”, transcende o mero fato de se tratar de uma forma técnica e formal de

armazenamento de informações ou dados.

Page 41: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

41

O “big data” pode ser capaz de transformar estes dados em conhecimento

aplicável, de forma coletiva ou individual, empresarial ou institucional, pública ou

privada e por essa razão, este conceito está amplamente relacionado com tudo que

envolve novas tecnologias, inclusive no âmbito educacional.

Um aspecto primordial, porém, não foi esclarecido dentro deste contexto de

inovação tecnológica da educação, o papel do professor. Esta questão pode ser foco

de uma futura pesquisa em âmbito de doutorado, com maior amplitude, pois se trata

de uma discussão vasta, onde se pode contar com a contribuição de doutores

especialistas nesta problemática que poderão elucidar mais profundamente o melhor

viés de análise a ser abordado.

Para não deixar esta questão nos escapar totalmente, é mais aceitável

pautar-se no contexto da pesquisa, verificando onde, como e quando o docente

pode e deve intervir no processo educativo utilizando-se dos recursos tecnológicos

disponíveis. Todavia, de nada adianta pensar num futuro onde tudo será

informatizado, com amplo acesso por parte de todos, em particular na escola, onde

tudo funcione de maneira exemplar do ponto de vista tecnológico. Este cenário dos

sonhos para educadores digitais, parece tão distante quanto a conquista da

igualdade social a todos, fato tão almejado pelos educadores em geral e por grande

parcela da sociedade.

É mais provável e possível que no futuro, a escola tenha, por força de

necessidade também, evoluído do ponto de vista das TICs, mas em que proporção

isto irá ocorrer? O futuro é incerto às escolas públicas e até mesmo duvidoso para

as escolas particulares.

A pesquisa desenvolvida neste trabalho detectou de maneira clara e visual

que a imensa maioria dos alunos entrevistados estão totalmente inseridos neste

paradigma de sociedade tecnológica, entretanto, verificou-se com a mesma clareza

o quão descartável e inócua é a utilização dos recursos tecnológicos a eles

disponíveis no contexto educacional ou até mesmo como ferramenta de apoio a

questões de aprendizagem. Mesmo no ambiente escolar em horários de utilização

desses recursos, ou seja, na própria instituição, não foi detectado pela pesquisa

objetividade ou preocupação por parte dos alunos em procurar desenvolver alguma

competência a partir da tecnologia.

Page 42: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

42

A crítica acerca da possibilidade de termos uma sociedade do conhecimento

em contraponto à sociedade da informação ou à sociedade do espetáculo, parece

permear todos os gráficos e análises baseadas nas respostas desse grupo de

alunos em relação à utilização dos recursos tecnológicos, mais especificamente a

internet e suas aplicações.

No capítulo 4 será feita a análise com maior profundidade acerca dos dados

coletados, podendo assim, definir as melhores e possíveis estratégias a serem

adotadas para a otimização na utilização dos recursos tecnológicos, mas também

como ajudar os jovens a entender essas tecnologias além de suas expectativas e

necessidades triviais.

Page 43: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

43

3 - CONTEXTO EDUCACIONAL NO AMBIENTE VIRTUAL

A Cibercultura é a “nova cultura” da sociedade contemporânea e nada nos

leva a acreditar que haverá um retrocesso tecnológico que justifique uma diminuição

de seu alcance em todos os âmbitos sociais, ou seja, a tendência natural é que ela

se consolide em definitivo nos meios sociais e de maneira irreversível.

Os processos de ensino-aprendizagem podem e devem apropriar-se dos

meios e das ferramentas que a cultura digital propiciam e desta forma entrar em

definitivo na nova era que se apresenta com a cibercultura.

Na pesquisa de campo que será apresentada a seguir, o comportamento dos

jovens fica claramente evidenciado quanto a maciça utilização da internet e do meio

virtual em suas vidas, entretanto, de maneira bastante preocupante, é demonstrado

a pouca utilização desses recursos no âmbito educacional.

Esta realidade confronta-se com o contexto educacional que se apresenta nas

escolas que ainda não utilizam de maneira sistematizada as ferramentas

tecnológicas disponíveis para o apoio e recursos à aprendizagem.

Não obstante, as aulas expositivas tradicionais perde espaço dia após dia em

contraponto ao dinamismo apresentado nos meios virtuais, causando alto grau de

desinteresse dos alunos.

Na educação não formal ou comunitária, a realidade não é diferente, pois

verifica-se poucos projetos de utilização da internet ou recursos tecnológicos neste

contexto educacional, que seria em contrapartida, um ambiente bastante propício

para a prática de vivências educativas baseadas no ambiente virtual, favorecendo

amplamente os processos de ensino-aprendizagem em diversos níveis, sejam estes

de alfabetização ou visando técnicas voltadas à empregabilidade para jovens e

adultos.

Verdade e não menos relevante é o fato dos recursos tecnológicos e as

ferramentas virtuais não estarem à disposição em qualquer localidade por problemas

de infraestrutura física ou técnica, além do custo ainda ser elevado para a aplicação

destes recursos em comunidades carentes, por exemplo.

Entretanto, cabe ressaltar que o objetivo desta pesquisa não é tratar o

assunto no âmbito do censo comum, mas fazer uma profunda reflexão sobre o tema

e apresentar os resultados elencados de forma a propiciar diversas percepções a fim

Page 44: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

44

de que sejam levantadas possibilidades e ajustes quanto a utilização da tecnologia

no contexto educacional.

3.1 – FONTES DE INFORMAÇÕES

Dentro do contexto metodológico utilizado, no que diz respeito a pesquisa

bibliográfica, foram consultados autores de elevado prestígio acadêmico e

pesquisadores atuais que trabalharam o tema Cibercultura em suas pesquisas e

artigos, desta forma, buscou-se dialogar com os diversos autores, ora questionando

sua retórica, ora assimilando suas teorias no contexto social e cultural que vivemos.

Quanto a pesquisa de campo, foi utilizado um instrumento em forma de

questionário, diretamente com os estudantes, buscando um grau de veracidade e

espontaneidade impar, tornando a análise dos dados levantados, algo real e

concreto no contexto atual que vivem, neste ambiente da cibercultura, em seus

diversos aspectos de utilização.

3.2 – INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Os alunos que receberam o questionário, responderam-no de forma imediata,

sendo a resposta intuitiva e espontânea, tornaram os dados reais e refletiram a

verdadeira maneira de verem a utilização da internet em suas vidas cotidianas.

Segue abaixo o modelo do instrumento utilizado:

Quando está navegando na internet, quais os sites que mais utiliza? Enumere

de 1 a 5, sendo 1 aquele que mais utiliza e 5 o que menos utiliza, sobre os

seguintes assuntos:

Jogos

bate papo (chat)

redes sociais (facebook, Orkut, outros)

vídeos (youtube, outros)

pesquisa para trabalho escolar em sites pedagógicos

Page 45: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

45

3.3 – COLETA DOS DADOS

Participaram da pesquisa 77 alunos da 5ª série (com idade de 10 anos) e 51

alunos da 9ª série (com idade de 14 anos) do ensino fundamental, além de 24

alunos da 3 série do ensino médio (com idade de 17 anos).

Todos responderam o questionário de forma livre, sem se identificarem, com

o intuito de refletir realmente a característica de utilização da internet em seu

cotidiano.

Page 46: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

46

3.4 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Total de 26 alunos

Jogos Bate Papo Redes Sociais Videos Pesquisa Trabalhos

Aluno 1 1 3 5 2 4

Aluno 2 4 3 1 2 5

Aluno 3 2 5 1 4 3

Aluno 4 1 4 3 2 5

Aluno 5 1 4 5 2 3

Aluno 6 4 2 1 3 5

Aluno 7 4 3 1 2 5

Aluno 8 2 5 1 3 4

Aluno 9 4 3 1 2 5

Aluno 10 2 5 1 3 4

Aluno 11 4 5 1 3 2

Aluno 12 3 5 1 2 4

Aluno 13 2 5 1 4 3

Aluno 14 2 3 1 4 5

Aluno 15 1 5 4 2 3

Aluno 16 2 5 1 3 4

Aluno 17 4 3 1 5 2

Aluno 18 1 5 4 2 3

Aluno 19 3 4 1 2 5

Aluno 20 5 4 3 1 2

Aluno 21 4 2 1 3 5

Aluno 22 5 4 3 1 2

Aluno 23 4 5 3 2 1

Aluno 24 2 4 1 3 5

Aluno 25 4 3 1 2 5

Aluno 26 5 4 2 3 1

Pesquisa sobre Utilização da Internet

Turma A do quinto ano do ensino fundamental

Quando está navegando na internet, quais os sites que mais utiliza?

Enumere de 1 a 5, sendo 1 aquele que mais utiliza e 5 o que menos utiliza, sobre os seguintes assuntos:

Page 47: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

47

Total de 24 alunos

Jogos Bate Papo Redes Sociais Videos Pesquisa Trabalhos

Aluno 1 1 5 1 2 3

Aluno 2 1 5 2 3 4

Aluno 3 1 4 2 5 3

Aluno 4 1 5 5 2 3

Aluno 5 2 3 1 4 5

Aluno 6 2 3 1 4 5

Aluno 7 1 3 2 4 5

Aluno 8 2 3 1 4 5

Aluno 9 4 2 1 3 5

Aluno 10 1 5 3 2 4

Aluno 11 4 3 1 2 5

Aluno 12 1 4 2 3 5

Aluno 13 1 5 4 3 2

Aluno 14 3 4 1 2 5

Aluno 15 1 4 5 2 3

Aluno 16 2 3 1 4 5

Aluno 17 4 3 2 1 5

Aluno 18 5 1 2 3 4

Aluno 19 5 1 1 2 4

Aluno 20 2 5 1 4 3

Aluno 21 4 3 1 5 2

Aluno 22 4 5 1 2 3

Aluno 23 3 5 1 2 4

Aluno 24 5 4 3 2 1

Pesquisa sobre Utilização da Internet

Turma B do quinto ano do ensino fundamental

Quando está navegando na internet, quais os sites que mais utiliza?

Enumere de 1 a 5, sendo 1 aquele que mais utiliza e 5 o que menos utiliza, sobre os seguintes assuntos:

Page 48: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

48

Total de 27 alunos

Jogos Bate Papo Redes Sociais Videos Pesquisa Trabalhos

Aluno 1 1 2 4 3 5

Aluno 2 1 4 2 5 3

Aluno 3 2 5 3 1 4

Aluno 4 1 3 2 4 5

Aluno 5 1 5 3 4 2

Aluno 6 1 4 2 5 3

Aluno 7 1 5 4 2 3

Aluno 8 1 5 2 3 4

Aluno 9 5 2 1 4 3

Aluno 10 3 1 5 4 2

Aluno 11 5 4 3 2 1

Aluno 12 3 2 1 4 5

Aluno 13 4 2 1 5 3

Aluno 14 3 4 1 2 5

Aluno 15 1 2 5 3 4

Aluno 16 1 1 5 4 4

Aluno 17 5 3 1 2 4

Aluno 18 1 3 2 5 4

Aluno 19 5 4 1 2 3

Aluno 20 3 4 1 2 5

Aluno 21 2 3 1 4 5

Aluno 22 1 5 2 5 1

Aluno 23 3 4 1 5 2

Aluno 24 3 4 5 2 1

Aluno 25 4 5 1 2 3

Aluno 26 4 2 1 3 5

Aluno 27 2 1 4 3 5

Pesquisa sobre Utilização da Internet

Turma C do quinto ano do ensino fundamental

Quando está navegando na internet, quais os sites que mais utiliza?

Enumere de 1 a 5, sendo 1 aquele que mais utiliza e 5 o que menos utiliza, sobre os seguintes assuntos:

Page 49: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

49

Total de 31 alunos

Jogos Bate Papo Redes Sociais Videos Pesquisa Trabalhos

Aluno 1 3 1 1 2 5

Aluno 2 4 3 1 2 5

Aluno 3 1 4 3 2 5

Aluno 4 3 4 1 2 5

Aluno 5 4 3 1 2 5

Aluno 6 4 3 1 2 5

Aluno 7 3 1 5 4 2

Aluno 8 4 1 1 3 4

Aluno 9 3 1 1 2 4

Aluno 10 4 1 1 2 3

Aluno 11 4 2 1 5 3

Aluno 12 5 2 3 4 1

Aluno 13 5 3 1 2 4

Aluno 14 4 4 4 4 1

Aluno 15 2 1 1 3 4

Aluno 16 4 1 1 1 3

Aluno 17 1 2 2 3 4

Aluno 18 1 3 4 2 5

Aluno 19 5 3 1 2 4

Aluno 20 3 2 2 2 4

Aluno 21 3 1 1 2 3

Aluno 22 1 5 3 2 4

Aluno 23 5 1 1 2 2

Aluno 24 1 4 2 3 5

Aluno 25 5 4 1 2 3

Aluno 26 5 1 1 1 3

Aluno 27 2 3 4 1 5

Aluno 28 5 3 1 2 4

Aluno 29 1 4 3 2 5

Aluno 30 5 1 5 1 1

Aluno 31 4 3 1 2 5

Pesquisa sobre Utilização da Internet

Turma A do nono ano do ensino fundamental

Quando está navegando na internet, quais os sites que mais utiliza?

Enumere de 1 a 5, sendo 1 aquele que mais utiliza e 5 o que menos utiliza, sobre os seguintes assuntos:

Page 50: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

50

Total de 20 alunos

Jogos Bate Papo Redes Sociais Videos Pesquisa Trabalhos

Aluno 1 4 3 1 2 5

Aluno 2 5 3 1 2 4

Aluno 3 4 3 1 2 5

Aluno 4 3 4 1 2 5

Aluno 5 5 3 1 2 4

Aluno 6 4 3 1 2 5

Aluno 7 5 2 1 3 5

Aluno 8 1 4 2 3 5

Aluno 9 5 3 1 2 4

Aluno 10 5 5 1 1 4

Aluno 11 1 3 2 4 5

Aluno 12 5 4 1 2 3

Aluno 13 1 5 1 1 1

Aluno 14 2 4 1 3 5

Aluno 15 2 5 1 1 3

Aluno 16 5 5 1 1 1

Aluno 17 5 4 1 2 3

Aluno 18 5 5 1 1 1

Aluno 19 4 3 2 1 5

Aluno 20 5 4 1 1 3

Pesquisa sobre Utilização da Internet

Turma B do nono ano do ensino fundamental

Quando está navegando na internet, quais os sites que mais utiliza?

Enumere de 1 a 5, sendo 1 aquele que mais utiliza e 5 o que menos utiliza, sobre os seguintes assuntos:

Page 51: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

51

Total de 24 alunos

Jogos Bate Papo Redes Sociais Videos Pesquisa Trabalhos

Aluno 1 3 5 1 2 4

Aluno 2 4 5 1 3 2

Aluno 3 4 5 1 2 3

Aluno 4 4 5 1 3 2

Aluno 5 1 3 4 2 5

Aluno 6 3 4 5 1 2

Aluno 7 5 4 1 2 3

Aluno 8 3 5 2 1 4

Aluno 9 4 5 1 2 3

Aluno 10 5 4 1 2 3

Aluno 11 5 5 1 1 3

Aluno 12 5 4 3 1 2

Aluno 13 4 3 1 2 5

Aluno 14 3 5 2 1 4

Aluno 15 1 4 2 3 5

Aluno 16 3 4 1 2 5

Aluno 17 5 3 1 2 4

Aluno 18 5 3 1 4 2

Aluno 19 3 4 2 1 5

Aluno 20 5 4 1 2 3

Aluno 21 3 4 1 2 5

Aluno 22 5 3 1 2 4

Aluno 23 4 3 1 2 5

Aluno 24 1 4 2 3 5

Pesquisa sobre Utilização da Internet

Turma do Terceiro ano do ensino médio

Quando está navegando na internet, quais os sites que mais utiliza?

Enumere de 1 a 5, sendo 1 aquele que mais utiliza e 5 o que menos utiliza, sobre os seguintes assuntos:

Page 52: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

52

4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO TEÓRICA DOS DADOS (GRÁFICOS )

- 5ª série “A” do Ensino Fundamental

Page 53: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

53

Page 54: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

54

- 5ª série “B” do Ensino Fundamental

Page 55: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

55

Page 56: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

56

- 5ª série “C” do Ensino Fundamental

Page 57: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

57

Page 58: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

58

- 9ª série “A” do Ensino Fundamental

Page 59: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

59

Page 60: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

60

- 9ª série “B” do Ensino Fundamental

Page 61: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

61

Page 62: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

62

- 3ª série do Ensino Médio

Page 63: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

63

Page 64: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

64

4.7 – ANÁLISE DOS GRÁFICOS APRESENTADOS

Intuitivamente já era esperado alguns resultados pela vivência na sociedade

virtual, e de fato, algumas percepções foram efetivamente demonstradas na

pesquisa ora analisada. Verifica-se fortemente a tendência dos jovens de todas as

idades pesquisadas em preferir como sua primeira opção a navegação e o convívio

nas redes sociais, opção esta selecionada na proporção de 41 % a 85 % dos jovens

pesquisados, portanto, indiscutivelmente configura-se como a forma de maior

utilização da internet.

Em contrapartida, quando verifica-se esta mesma opção Redes Sociais na

condição de menor preferência, verifica-se uma baixa adesão dos jovens,

demonstrada na proporção de 0% a 15%, sendo esta a menor taxa entre os itens

pesquisados quanto ao seu interesse de utilização.

Analisando estes dados, verifica-se a forte influência que as redes sociais

possuem na vida cotidiana desses jovens e o quanto consomem de seu tempo no

período que ficam conectados na internet, desta forma, é possível se dizer que o

meio de comunicação virtual mais utilizado atualmente é mesmo a rede social.

Entretanto, uma questão se faz observar, se as redes sociais são o meio de

comunicação mais utilizado pelos jovens pesquisados, quais seriam estas redes

sociais, qual o perfil de usuário estamos nos referindo e o que buscam neste

ambiente virtual? È indiscutível que a rede social mais comum e mais utilizada no

momento é o chamado Facebook, entretanto, existem outras redes sociais

amplamente utilizadas? E quais seriam?

Bem, as redes sociais podem ser categorizadas pelo seu gênero em três tipos

principais, são elas:

- Redes comunitárias: São aquelas criadas para promover conexões que

possibilitem através do engajamento dos usuários ou até mesmo do trabalho

voluntário deles, ações que visem melhorias sociais nas comunidades

populares, os comunidades carentes mantidas pelo Estado ou por

organizações não governamentais ou até mesmo pelo terceiro setor. O

exemplo mais consolidado deste tipo de rede social tem sido desenvolvido

pelo sistema SESC/SESI, principalmente no Rio de Janeiro contando com

diversas ações voltadas às comunidades populares do município e do Estado.

Page 65: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

65

- Redes profissionais: São aquelas que se caracterizam por promoverem

contatos profissionais de interesse comum entre seus usuários (networking),

onde cada usuário pode desenvolver seu currículo com suas habilidades e

competências mais marcantes e assim publicamente mostrar-se para a

comunidade em sua área de atuação. A rede social profissional mais

apreciada e mais conhecida é sem dúvida aquela chamada Linkedin, que

possibilita aos seus usuários uma série de serviços que visam promover

negócios, contatos diretos entre profissionais afins e até mesmo empregos

para aqueles que buscam recolocação no mercado de trabalho.

- Redes sociais online: São aquelas que se pautam no desenvolvimento de

atividades pessoais, voltadas para amizade e interesses pessoais de seus

usuários, tais como divulgação de eventos sociais, fotos, fatos pessoais,

pensamentos e até a comunicação direta entre seus membros, promovendo

ações a um grupo de pessoas ou a toda a comunidade virtual. A rede social

online mais conhecida e utilizada é atualmente o Facebook contando

atualmente no Brasil com aproximadamente 43,6 milhões de usuários e no

mundo com cerca de 1 bilhão de usuários. Neste ambiente virtual é possível

convidar os amigos a diversas atividades como jogar, conversar, compartilhar

imagens e textos, entre outras opções.

Analisando o perfil dos usuários ora pesquisados, jovens entre 10 e 17 anos,

podemos deduzir que em sua grande maioria não possuem interesse profissional

para aderirem as redes profissionais, nem tampouco as redes comunitárias, tendo

em vista que se tratam de jovens de classe média de uma escola particular, desta

forma, o mais provável que estejam se referindo as redes sociais online, e muito

possivelmente ao Facebook. Além desta rede social, nesta categoria existem outras

comumente utilizadas como o Orkut, o Twitter e o MySpace, mas no Brasil, a mais

utilizada é mesmo o Facebook.

Mas é ruim estes jovens passarem boa parte de seu tempo nas redes

sociais? Quais os problemas? Não se pode julgar que este comportamento no

ambiente virtual é de todo mal, pois este ambiente propicia um convívio social

intenso e inclusivo no sentido de possibilitar a qualquer pessoa divulgar seus

pensamentos, sua opinião, suas vontades e atitudes, entretanto, como tudo o que é

Page 66: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

66

feito em excesso, pode trazer problemas, tais como patologias físicas como o LER

(Lesão por Exercício Repetitivo) ou mesmo os psíquicos, como a sociopatia entre

outros distúrbios.

Verifica-se amplamente um sério problema de diminuição do vocabulário,

passando a serem utilizadas abreviações, as vezes sem sentido, e gírias próprias da

comunidade a qual se está conectado.

Tudo isto, seja analisado do ponto de vista social ou educacional, conduz os

jovens para questões já abordadas nesta dissertação, que foram levantadas por

configurarem situações a serem verificadas com cuidado e prudência, pois, apesar

de fazerem parte da atual forma de vida da sociedade, precisam ser estudadas pois

estamos inseridos na cibercultura tanto quanto estávamos na era do rádio ou da

televisão, mas agora de forma muito mais intensa e amplamente popularizada.

O autor Guy Debord em seu livro “Sociedade do Espetáculo” produzido na

década de 1960, ou seja, no século passado, já ressaltava o comportamento social e

os problemas midiáticos causados pelo Rádio e pela TV, e em sua reflexão

demonstrou claramente o perfil da sociedade da época, que hoje é possível se

perceber a grande similaridade com o momento social que vivemos na cibercultura.

O comportamento do jovem em gostar da internet e das redes sociais é o

mesmo daquele que gostava e queria inserir-se no contexto do rádio e da Tv. A

preocupação do ponto de vista educativo, parte do princípio que pode-se utilizar do

meio cibernético para a valorização do ser humano e promover sua emancipação

como cidadão, trazendo ao seu dia a dia, questões importantes a serem refletidas, e

que não somente seja pensado de forma imediatista, individualista e sem

profundidade, estas questões permeiam os problemas sociais enfrentados pela

sociedade atual e precisam ser analisados sob vários aspectos, neste trabalho, pelo

aspecto da educação. Mas onde a Educação pode ser inserida neste contexto? É

possível promover questões de cunho relevante social, moral ou educativo nas

redes sociais? Sim, isto pode ocorrer de diversas formas.

Os pais devem estar atentos aos relacionamentos virtuais que seu filho

possui, devem participar de sua vida do ponto de vista virtual também, fazendo as

devidas intervenções da mesma forma que faria na vida real. Isto pode evitar

diversos problemas sociais que ocorrem em primeira instância no meio virtual mas

que podem ser reproduzidos na vida real de forma violenta em alguns casos.

Page 67: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

67

Outra forma de se promover educação nas redes sociais é na escola, local

onde o jovem passa boa parte de seu tempo e que insiste, muitas vezes, em ignorar

que existe uma vida paralela acontecendo, a vida virtual. As escolas não permitem

aos seus alunos, muitas vezes, que estes possam acessar a internet e postar algum

conteúdo, isto é plausível que não seja feito em todos os momentos, é claro, mas

não abre brecha para promover um diálogo franco e direto com os alunos sobre este

tema, que é de grande relevância para os jovens, mas de pouco interesse da escola.

Esta incongruência de idéias entre jovens e escola, leva a uma margilização

do mundo virtual, que fica confinado para fora da escola, na rua, nas residências,

onde for, menos dentro dos muros da escola.

É preciso se questionar o posicionamento da instituição escolar, seja esta

pública ou privada, quanto sua empáfia em relação à cibercultura, bem como pensar

novas formas de abordagem ao tema em questão junto aos pais e alunos.

Não há mal em relacionar-se via redes sociais virtuais, mas fazer isto sem

critério, sem cuidado ou de forma impensada pode causar transtornos à instituição

escolar, familiar e o pior aos próprios jovens, que podem se expor exacerbadamente

e depois colher os maus frutos dessa exposição.

A escola, bem como os pais, tem o dever de instruir os jovens quanto sua

conduta virtual, tanto quanto os tem, na sua vida real.

Em segundo lugar na preferência de utilização da internet dos jovens

pesquisados vem os jogos para os mais jovens na faixa dos 10 anos e os vídeos

para aqueles na faixa dos 15 a 17 anos. Este resultado não surpreende também,

pois é muito fácil detectar esta preferência entre os mais jovens, que possuem um

ímpeto muito forte em disputar jogos, de todo tipo, sendo os jogos online os mais

requisitados porque possibilitam a interação entre os amigos independente da

distância física entre eles. A turma da sala de aula, se reúne novamente em casa

para disputar uma partida de um jogo, mas cada um está em sua casa, conectados

pela internet. Isto é o “supra-sumo” da tecnologia do pondo de vista social,

entretanto, cabe ressaltar os cuidados que devem ser tomados, da mesma forma

aqueles citados no uso das redes sociais pelos jovens. Já a utilização de vídeos

para os mais velhos também não causa surpresas pois vivemos numa geração

multimídia, que gosta e prefere os recursos audiovisuais para tudo, inclusive para as

aulas na escola, desta forma, gostam e se sentem motivados em ver ou fazer vídeos

Page 68: Dissertação - Ricardo Calegari Defesa

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de todo tipo e motivo, sendo que os mais popularmente requeridos são aqueles

feitos através de filmagens a partir de celulares. Esta é outra forma de

relacionamento social utilizada pelos jovens para se comunicarem e promoverem

encontros e ações em conjunto, filmar e colocar no youtube.

Os vídeos são muito explorados também na vida profissional, onde empresas,

agências de propaganda, a imprensa e o próprio governo, colocam a disposição das

pessoas seus vídeos para serem vistos a qualquer hora em toda a parte, entretanto,

também são muito utilizados para a exploração do mercado do sexo, pois vídeos

com esse propósito são amplamente postados na internet que propicia uma ampla

visualização dos mesmos através dos sites de busca. Isto pode se tornar um grande

problema para os pais no desenvolvimento sexual de seus filhos, pois este tipo de

exploração do assunto pode causar um desajuste na conduta dos jovens, que

despreparados podem não compreender o valor do sexo em suas vidas e o

momento para que isto se torne parte de sua vida. Neste aspecto, cabe a escola

também promover um dialógo com os pais e alunos, não ignorando novamente que

isto acontece frequentemente na vida real, e que precisa ser trazido à luz do meio

educativo mais este assunto, pois trata-se de algo de extrema relevância para a

sociedade.

O Bate papo, que já foi objeto de desejo da geração passada, hoje não faz

mais sucesso junto aos jovens desta geração pesquisada, ficando embutido nas

redes sociais, perdeu seu status de forma relevante de relacionamento pois até

então era somente textual, o que não agrada a maioria dos usuários da internet,

principalmente os jovens. As conversas online, mas com imagem possuem a

tendência de sobrepor-se as conversas textuais pois permitem uma interação muito

maior e eficaz nas relações virtuais, Mas são nos bate papos que se iniciam diversas

questões que merecem ser observadas, mesmo dentro das redes sociais, as

conversas podem conter aspectos importantes do comportamento do jovem e

demonstrar seus interesses, aptidões, vontades, desejos, enfim, os pais precisam

acompanhar este instrumento com o mesmo cuidado que fora exposto os demais

aspectos da vida virtual ora descrita.

Por último, verifica-se a grande maioria de jovens que responderam que as

pesquisas para trabalhos escolares ou sites educativos são os menos utilizados na

internet, variando entre 0 e 15% o seu grau de interesse em primeira opção,

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contrapondo-se com a grande maioria que respondeu que este item está em seu

último nível de interesse, variando entre 30 e 47%. Isto também não causou

estranheza pois o tempo destinado a estudos foi sendo reduzido e compactado com

o passar do tempo, tempo em vista a facilidade de acesso as informações e a livros

didáticos que trazem imensa gama de material a ser estudado, mas voltando-se este

estudo para a sala de aula e muito pouco a atividades extra-classe. Esta realidade

relatada refere-se ao perfil ora estudado e analisado, podendo variar de acordo com

a classe social e a escola onde se é pesquisado este fenômeno.

O desinteresse do aluno em pesquisar assuntos de fundo acadêmico é algo

importante a ser trabalhado no meio escolar, devendo toda a sociedade, e não

somente a escola, preocupar-se com este aspecto bastante incômodo que deve ser

investigado com atenção, para a compreensão dos fatores sociais que levam a sua

ocorrência, pois a sociedade da informação precisa voltar-se a aquisição do

conhecimento, e para isto é necessário que haja interesse pela leitura acadêmica e

demais assuntos relacionados a educação e ao aprofundamento em todas as áreas

do conhecimento humano. A replicação de informações não garante à sociedade

que no futuro saibamos os conceitos que nos levaram ao desenvolvimento social e

tecnológico, pois a informação sem tutoria, explicação e assimilação não tem valor

senão aquele que a escreveu.

A educação sócio comunitária, foco principal deste programa de Mestrado,

muito pode ser desenvolvida no contexto da cibercultura, pois como foi verificado, os

meios de comunicação virtual podem desencadear comunidades com finalidades

diversas. Quando o interesse em promover a educação às comunidades carentes

são focados dentro dos meios virtuais, verdadeiros celeiros de desenvolvimento

social podem surgir e se propagarem dentro das redes ou da própria internet,

despertando o interesse nas pessoas em contribuir para um mundo melhor, com

menos desigualdades e oportunidades de conhecimento e crescimento intelectual

para todos, independente do seu credo, raça ou situação socioeconômica.

São muitas as ações neste sentido, entretanto, como elas não promovem

entretenimento ou mesmo notícias de interesse midiático, são na grande maioria das

vezes, pequenos oásis dentro de um grande deserto chamado internet, por isso, faz-

se cada vez mais necessária a interlocução entre a escola, a família e as entidades

sociais acerca deste outro lado da cibercultura, um lado oculto que pode ser

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explorado e pode enriquecer a vida das pessoas com propostas de atividades

sociais relevantes, sejam estas voltadas para comunidades carentes ou

simplesmente voltadas para a saúde do idoso, da criança ou dos portadores de

determinada patologia como diabetes, problemas cardíacos entre outros.

A educação no meio cibernético pode ser desenvolvida por meio de sites,

dentro das comunidades virtuais, criando-se comunidades de pesquisa, fóruns de

discussões, dentro das instituições por meio de sua plataforma de EAD (Educação à

Distância), nas comunidades das redes sociais comunitárias e nas ONGs

(Organizações não governamentais) que utilizam-se do meio virtual no

desenvolvimento de projetos educacionais e sociais.

São muitas iniciativas, são muitas as possibilidades, são inúmeros os

internautas que promovem educação, inclusão e cidadania nos meios virtuais, por

isso seria um terrível engano afirmar que todo o contexto midiático, imediatista ou

materialista tão fortemente presente na cibercultura, são por si só, motivos para o

empobrecimento intelectual da sociedade, em especial os jovens, porque temos da

mesma forma, e na mesma intensidade, todas as condições para trazermos para o

meio virtual, toda gama de conteúdos educacionais, de desenvolvimento social e de

cidadania, que gerem o engrandecimento moral, ético, social educacional e cultural

da sociedade que vivemos, basta para isto, se promover ações civis e incentivos

governamentais para que haja interesse real, até mesmo do ponto de vista

financeiro, para que se tornem realidade a verdadeira inclusão das pessoas na

cibercultura, não somente porque elas têm e-mail ou fazem parte de uma rede social

virtual, mas porque elas podem ter acesso a conteúdos que lhes tragam

desenvolvimento pessoal, cultural e intelectual.

Ações isoladas são muitas, o que falta é uma consolidação destas propostas

dentro de um sistema social que permita que a divulgação e interesse das diversas

instituições da sociedade em promover e discutir as questões sociais relevantes

dentro do meio virtual. Se um dia, de alguma forma, a qual não saberia definir neste

momento, isto ocorra, teremos mais um grande passo da sociedade rumo ao

equilíbrio social necessário para uma vida digna e que possibilite a inclusão de

todos.

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CONCLUSÃO

Na obra A inteligência coletiva, Pierre Lévy define: “A cultura da rede ainda

não está estabelecida, seus meios técnicos encontram-se na infância, seu

crescimento ainda não terminou. Ainda não é tarde demais para refletir

coletivamente e tentar modificar o curso das coisas.” (Lévy, 1998, p. 12). De 1998

aos dias atuais se passaram 15 anos, mas ainda podemos dizer que a cibercultura é

algo recente no contexto da história da sociedade contemporânea, desta forma,

suas arestas podem e ainda deverão ser aparadas por ações conjuntas dos

governos, no sentido de criar regras e normas de conduta de utilização da internet, e

da sociedade civil, criando modelos de interesse comum que atendam suas

necessidades, desejos e oportunidades, que assim, possam contemplar o

pensamento e as tendências desta nova sociedade cibernética.

Entretanto, o cenário atual da cibercultura expõe aos educadores um grande

desafio: Como atuar neste ambiente e criar espaço dentro da forte influência

midiática da “cultura do descartável” e trazer à luz da sociedade paradigmas mais

consistentes e relevantes diante deste paradigma cultural tão frágil?

Esta dissertação em sua pesquisa procurou atingir esta problemática acerca

da relação entre a sociedade atual e a tecnologia que lhes é ofertada, para isto,

levou-se em conta os problemas sociais e culturais que a cercam e expôs

possibilidades de comunicação através da educação digital e tecnológica.

O papel da Educação neste contexto da cibercultura, não deve estar somente

em contraponto às relações sociais superficiais e imediatistas, mas apropriando-se

dos seus meios de difusão para levar aos jovens outras opções de acesso a

conteúdos de interesse social, que podem ser educativos, lúdicos ou mesmo que

despertem o interesse as questões relevantes de seu meio de vida, propondo novos

caminhos, novas propostas e tendo como a orientação à pesquisa um forte braço de

apoio ao desenvolvimento intelectual desses jovens.

O perfil ora avaliado neste trabalho de pesquisa serve como uma foto, tirada

de repente, sem que seus atores tenham refletido sobre a questão e desta forma,

espontânea e sincera, pudemos verificar qual o verdadeiro interesse desses jovens

quanto da utilização da internet, entretanto, o resultado ora apresentado, poderá nos

pautar na direção das ações educativas que podem ser desenvolvidas para que

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haja equilíbrio entre os conteúdos desejados por eles e aqueles que desejamos que

façam parte também do cotidiano desses jovens em sua navegação diária na

internet, seja pelas redes sociais ou outros meios onde podemos participar e levar

algo mais naquilo que hoje não agrega valores, mas que com a contribuição dos

educadores podem passar a ofertar um mundo de possibilidades e conteúdos

relevantes.

Então, a conclusão que pode-se tomar deste trabalho não é senão aquela de

que não basta criticar a internet, as redes sociais, os jogos, os vídeos, os conteúdos,

mas é necessário a intervenção suave, quase que despercebida para que se tenha

credibilidade junto aos jovens, para não lhes tolir sua individualidade e seus desejos,

mas propiciar novos interesses e novos desejos.

A convivência da sociedade com a cibercultura, especialmente a escola, pode

ser difícil agora, impossível no futuro, caso a postura dos seus membros não leve

em conta a maneira que hoje os conceitos são formados e da forma que os jovens

querem expor suas idéias. A partir de uma investigação mais aprofundada desse

comportamento, a escola, os pais e a sociedade em geral poderá usufruir da

tecnologia como meio real de cultura, de emancipação do ser humano, e não

somente de uma semi-cultura ou cultura do descartável como vemos com tanta

frequência no ciberespaço.

Os caminhos estão traçados e nada mais pode-se fazer contra o

desenvolvimento da sociedade no progresso geométrico que os meios virtuais

impõem ao Homem, entretanto, deve-se aproveitar esta tecnologia para propiciar

atividades que culminem em desenvolvimento cognitivo, na apropriação do

conhecimento e tantos outros aspectos sociais que nos levem ao auxilio virtual que

se transforme em algo real às comunidades carentes e as entidades filantrópicas,

sejam estas governamentais ou não, pois assim, estaremos usando os meios

tecnológicos como ferramenta para a conquista de realizações reais e diretas que

atinjam as pessoas, não por obrigação, mas por vontade e desejo de ampliar seus

conhecimentos e sua forma de ver o mundo ao seu redor.

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MEMORIAL ACADÊMICO

Iniciei minhas atividades profissionais na área de Educação em agosto de

1996 quando ingressei no Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio –

CEUNSP no cargo de Monitor de Laboratório de Informática. Lembro-me do meu

primeiro dia na instituição. Eu trabalhava durante o dia na Câmara de Vereadores de

Itu e a noite trabalhava no CEUNSP.

Neste mesmo ano, me formei na Universidade Metodista de Piracicaba –

UNIMEP, no extinto curso de Processamento de Dados, e queria lecionar na área de

informática, então pedi a uma professora amiga que já lecionava no CEUNSP, para

verificar se havia alguma vaga disponível em minha área. Dias depois ela me ligou e

disse que não havia vaga, porém, ofereceram uma vaga como Monitor do

Laboratório de Informática. Eu não tive dúvidas, aceitei imediatamente a

oportunidade e passei a trabalhar lá 24 horas semanais no período noturno.

Eu adorei o emprego, o ambiente de escola sempre me fascinou, e para mim

foi um grande privilégio conseguir trabalhar na maior instituição de ensino da região,

desta forma, trabalhei com afinco e dedicação, ajudando os alunos em todas as

aulas de laboratório, e assim, me mantinha atualizado e aprendia junto com eles. Em

janeiro do ano seguinte, fui convidado a assumir algumas aulas no colégio técnico,

no curso de Processamento de Dados, nas disciplinas de programação e lógica e

prontamente aceitei. Neste momento acumulava dois cargos na instituição, o de

monitor e o de professor do colégio técnico, mesmo assim, em maio do mesmo ano,

fui convidado para trabalhar no Centro de Processamento de Dados – CPD da

instituição e novamente aceitei a oferta e acabei pedindo demissão na Câmara de

Vereadores de Itu.

Passei a acumular então, três cargos distintos na instituição, Monitor,

Professor e Programador, trabalhando das 8h30 às 22h45. Apesar do desgaste

físico, gostava do trabalho e do ambiente educacional, entretanto, com o passar do

tempo fui ficando cansado, tendo em vista a jornada intensa de trabalho, mas

mesmo assim, fiquei nesta situação por mais de 10 anos consecutivos. Cursei o

ensino médio em um colégio técnico em Sorocaba também no curso de

Processamento de Dados e quando me formei em 1990, havia muitas vagas de

emprego na região, pude escolher onde trabalhar pois havia uma forte demanda no

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setor de informática e os técnicos eram muito requisitados, aliás, este foi o motivo

que meus pais me orientaram a cursar o colégio técnico nesta área, para conseguir

um bom emprego diziam.

Fui um aluno prodígio desde a primeira série do ensino fundamental, era um

dos melhores alunos, ganhei até uma medalha de honra ao mérito e a recebi de meu

pai no auditório lotado, foi um momento de muita emoção para a família. Sou filho

único e desde pequeno fui inserido na dura realidade de trabalho de meus pais para

sobrevivência. Meu pai era secretário da escola na qual cursei por 9 anos, do pré-

primário até a 8ª série, que hoje seria equivalente as 9 séries do ensino fundamental.

Esta escola que me refiro chama-se EEPG “Convenção de Itu”, escola

tradicionalíssima, onde na época de 1979 a 1986 estudavam a elite da sociedade

ituana. Eu estudava lá pelo fato do meu pai ser o secretário da escola, mas convivia

com alunos de classe social elevada, na época não posso dizer que sentia tanto

esta diferença, mas com o passar dos anos isto ficou mais evidente. Fui criado

mesmo pela minha avó, uma pessoa desprovida de vaidade, totalmente voltada para

o bem dos outros, não se importando com ela própria, viveu para servir, e assim me

criou, dentro do espírito cristão, era católica praticante, com muito carinho e

dedicação.

Voltando a escola Convenção, lá aprendi de forma muito eficaz, os conceitos

básicos em todas as áreas, os professores eram muito competentes e o ensino

muito rigoroso, era época da ditadura, mas eu não fazia ideia do que ocorria e na

verdade durante os 9 anos que lá frequentei nada percebi, pois achava normal todo

o ritual de respeito à pátria que nos era imposto, sem discussão e sem

questionamento.

Quando fui estudar em Sorocaba na Organização Sorocaba de Ensino –

OSE, tudo mudou e lá comecei a entender o contexto sócio-político que vivíamos,

onde a cada dia ficava mais evidente que era inevitável à eleição direta para

presidente e o novo regime que se firmava no horizonte. Cheguei a discutir

fervorosamente com uma professora de geografia que simplesmente não passava

nenhum conteúdo, dedicava-se em suas aulas a falar de política e aquilo me

incomodava muito, mas na verdade, eu ainda não tinha maturidade para entender

aquele momento histórico.

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De Sorocaba, depois de formado, ingressei no ano seguinte na UNIMEP

dando continuidade à minha área de formação, Processamento de Dados, passei

direto no vestibular, na época bastante concorrido. Eu pagava meus estudos havia

alguns anos, com o fruto do meu trabalho, e era só, não sobrava nada, nem para

comer um lanche na rua, e assim foi durante o meu primeiro ano de faculdade.

Minha família então passou por sérios problemas financeiros e eu tive que parar a

faculdade pela primeira vez, passei o ano seguinte todo afastado dos estudos,

somente trabalhando, e muito, tinha 2 empregos e ainda fazia alguns bicos nos

finais de semana. Juntei algum dinheiro e voltei para a faculdade no ano seguinte,

cursei mais um ano e parei novamente por motivos financeiros. O mesmo se repetiu

como da outra vez e voltei no ano seguinte e terminei o curso, mas ainda tive que

cursar alguns créditos que faltaram no ano seguinte e obtive meu diploma em junho

de 1996.

Aquela batalha vencida para fazer o curso superior me fortaleceu e quando

peguei o diploma estava ávido por trabalhar, aprender mais, e alguma coisa me dizia

que eu poderia ingressar na área acadêmica, como professor.

Foi então que ingressei no CEUNSP conforme narrado anteriormente e não

mais saí até o presente momento. Continuando minha trajetória na referida

instituição, em 1997 eu acumulava três cargos, monitor, professor e programador,

mas o que eu mais gostava era ser professor. Depois de um tempo, resolvi que

gostaria de ministrar aulas na faculdade e ingressei no curso “lato sensu” em

Docência no Ensino Superior. Este curso foi meu primeiro contato com a filosofia e a

pedagogia, onde aprendi conceitos básicos na área de educação e gostei muito. No

CEUNSP não existiam cursos “stricto sensu” e não era possível cursar em outra

instituição por falta de recursos financeiros e nem tampouco tempo disponível.

Sendo assim acabei adiando o sonho de fazer meu Mestrado e fui dar aula no

ensino superior e assim segui por vários anos, ministrando diversas disciplinas em

diversos cursos superiores daquela instituição.

Foi quando meu trabalho foi reconhecido pela reitoria e acabei sendo

promovido para o cargo de Assessor Acadêmico, mas o preço que paguei foi alto,

tive que deixar de ministrar aulas e diminuir minha carga horária de trabalho. Como

sempre, aceitei a mudança de cargo com muita alegria, mas também acabei me

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afastando da área de informática e me voltando completamente para a área da

educação.

Em 1996 quando iniciei minhas atividades no CEUNSP conheci uma aluna

com a qual criei uma forte amizade e que resultou anos mais tarde em um namoro e

mais tarde em casamento. Ela é hoje minha colega de Mestrado e compartilha deste

sonho de crescimento e aquisição de conhecimento como docentes pesquisadores.

Hoje, Amanda também trabalha no CEUNSP e ocupa o cargo de Coordenadora do

curso de Nutrição, graças a um longo caminho de trabalho que contou com meu

apoio moral, mas com total mérito e competência por ela adquirido e conquistado.

Ficava cada dia mais evidenciado que faltava algo em minha formação

acadêmica, durante todo este período de trabalho na instituição, fiz diversos cursos

de aperfeiçoamento, de gestão acadêmica e de avaliação de ensino, porém, me

faltava à visão do pesquisador, do docente titulado (mestre ou doutor) os quais

muitas vezes, tinha dificuldade de entender, sua forma de agir e pensar a educação.

Em seguida fui novamente promovido, desta vez como Diretor de Assuntos

Universitários e ainda como vice Presidente do Conselho de Diretores. Neste

momento tive que ter a humildade de rever meus conceitos e minha formação

acadêmica o que me levou a estar aqui no programa de Mestrado do Centro

Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL.

Não foi fácil assumir que, após trabalhar tanto, alcançar o cargo mais elevado na

instituição e ainda perceber, numa auto avaliação muito íntima e fiel aos meus

princípios éticos e morais, que eu precisava evoluir como profissional da educação e

para isso, necessitava da visão do pesquisador, daquele que tem a educação não

somente como meio de vida, mas como sua própria vida.

Tive então a grata oportunidade de ingressar no UNISAL, primeiro como

aluno especial e depois como aluno regular, e percebi que aquilo que me faltava eu

estava encontrando e a cada dia me sentia mais parte do programa “stricto sensu” e

senti que aqui é meu lugar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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