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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA AVALIAÇÃO DE MÓDULOS DE IGBTS EM CONVERSORES DE FREQUÊNCIA SUBMETIDOS A SOBRETENSÕES DECORRENTES DE CURTOS-CIRCUITOS EM MOTORES São João del-Rei, abril de 2018 Aluno: Tiago Eloi Dias Vieira Orientador: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

DE MINAS GERAIS

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

AVALIAÇÃO DE MÓDULOS DE IGBTS EM CONVERSORES

DE FREQUÊNCIA SUBMETIDOS A SOBRETENSÕES

DECORRENTES DE CURTOS-CIRCUITOS EM MOTORES

São João del-Rei, abril de 2018

Aluno: Tiago Eloi Dias Vieira

Orientador: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli

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II

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

DE MINAS GERAIS

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Tiago Eloi Dias Vieira

Texto da Dissertação de Mestrado submetido à Banca

Examinadora designada pelo Colegiado do Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica. Associação Ampla entre a

Universidade Federal de São João del-Rei e o Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais, como requisito parcial

para a obtenção de título de Mestre em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Modelagem e Controle de Sistemas

Linha de pesquisa: Análise e Modelagem de Sistemas

Orientador: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli

São João del-Rei, abril de 2018.

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II

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

DE MINAS GERAIS

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

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III

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me proporcionado saúde e o conhecimento necessário para

realização deste trabalho.

Aos meus familiares, que com muita dedicação e esforço me colocaram no caminho

correto sem hesitar em momento algum. A minha mãe Elza Dias, a meu pai José Eloi (in

memorian) e ao meu irmão Patrício Amsterdan, por acreditarem sempre na minha dedicação e

capacidade de superação e terem dado todo o suporte possível para que este sonho se

realizasse.

A minha esposa Inara, pela sua dedicação, compreensão, cuidado, o meu porto seguro

durante toda esta caminhada.

Ao professor Fernando Lessa, pelos conhecimentos transmitidos ao longo dessa jornada

e uma parceria inigualável, não hesitando em me ajudar durante finais de semanas e feriados.

Sem tamanho esforço, não seria possível a conclusão deste desafio.

A todos os professores da Universidade Federal de São João del-Rei, que contribuíram

na formação dos conhecimentos específicos para minha carreira profissional e minha vida.

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IV

T. E. D. Vieira, “Avaliação de Módulos de IGBTs em Conversores de Frequência Submetidos

à Sobretensão Decorrentes de Curtos-Circuitos em Motores”, São João del-Rei, UFSJ, 75p,

2018.

A necessidade de maximizar os indicadores de desempenho e minimizar os custos

associados nas indústrias levou à intensa automação neste cenário, sendo que diversos

equipamentos são utilizados para este fim. Os conversores de frequência são relevantes em

muitas aplicações industriais, pois é possível controlar com precisão o torque e a velocidade

dos motores monofásicos ou trifásicos. Nesse contexto, este trabalho apresenta a análise de

uma solução proposta para eliminação do curto-circuito nos conversores de frequência

trifásicos, que são danificados devido a uma sobretensão que aparece em sua saída,

proveniente de um curto-circuito nos motores elétricos. Para alcançar os objetivos do

trabalho, é apresentada uma revisão detalhada, a fim de analisar os conceitos relevantes, bem

como os resultados de simulação e experimentais previamente reportados na literatura. A

ocorrência de curto-circuito em conversores de frequência também é estudada. Assim, é

possível analisar um estudo de caso real em uma empresa de mineração. Os resultados de

simulação são apresentados e discutidos, sendo que os efeitos da sobretensão, originados pelo

curto-circuito nos motores elétricos, são suprimidos utilizando diodos supressores de

transiente de tensão.

Palavras-chave: conversores de frequência, curto-circuito, motores de indução, sobretensão.

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II

T. E. D. Vieira, “Evaluation of IGBT Modules in Adjustable Speed Drives Submitted to

Overvoltage Arising from Short-Circuits in Motors”, São João del-Rei, UFSJ, 75p, 2018.

The need to maximize performance indicators and minimize costs in industries has led

to intense automation in this scenario, while several equipment is used for this purpose.

Adjustable speed drives (ASDs) are relevant in many industrial applications, because it is

possible to control the torque and speed of single-phase or three-phase induction motors

(TPIMs) accurately. Within this context, this work presents the analysis of a solution for the

elimination of short-circuits in three-phase adjustable speed drives, which can be damaged

when submitted to overvoltages caused by short-circuits in electrical motors. In order to

achieve the objectives of this study, a detailed review is presented to analyze relevant

concepts, as well simulation and experimental results previously reported in literature

Occurrence of short-circuit in adjustable speed drives is also investigated. Therefore, it is

possible to analyze a real case study in a mining company. Simulation results are presented

and discussed, where the effects of overvoltage caused by the short-circuit in electric motors,

are suppressed using transient voltage suppressor (TVS) diodes.

Keywords: adjustable speed drives, short-circuit, induction motors, overvoltage.

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III

SUMÁRIO

Lista de Figuras ................................................................................................................................... V

Lista de Tabelas ............................................................................................................................... VII

Lista de Abreviaturas e Siglas ......................................................................................................... VIII

Lista de Símbolos ............................................................................................................................... IX

Capítulo 1 Introdução Geral ............................................................................................................... 12

1.1 - Justificativas do Trabalho ...................................................................................................... 12

1.2 - Objetivos do Trabalho ........................................................................................................... 14

1.3 - Estrutura da Dissertação ........................................................................................................ 14

Capítulo 2 Revisão Bibliográfica ....................................................................................................... 15

2.1 - Considerações Iniciais ........................................................................................................... 15

2.2 - Contextualização do Cenário ................................................................................................. 15

2.3 - Vida Útil do Conversor de Frequência .................................................................................. 19

2.4 - Metodologia da Análise de Falha .......................................................................................... 21

2.5 - Análise de Falha .................................................................................................................... 22

2.6 - Sobretensão no IGBT do Conversor de Frequência .............................................................. 23

2.6.1 - Princípio de Funcionamento do IGBT ............................................................................ 23

2.6.2 - Sobretensão nos IGBTs dos Conversores de Frequência ............................................... 25

2.6.2.1 - Sobretensão nos Conversores de Frequência durante o Funcionamento Normal ........ 25

2.6.2.2 - Sobretensão nos IGBTs dos Conversores de Frequência durante um Curto-Circuito. 27

2.6.2.3 - Oscilações de Tensão e Corrente no IGBT durante o Curto-Circuito ......................... 29

2.7 - Curto-Circuito nos Motores Elétricos .................................................................................... 31

2.8 - Aterramento dos Sistemas Elétricos ...................................................................................... 34

2.8.1 - Sistema de Aterramento por meio de Resistência Elevada ............................................ 35

2.8.2 - Escalonamento de Tensão............................................................................................... 36

2.8.2.1 - Sistemas Industriais Não Aterrados ............................................................................. 36

2.8.2.2 - Sistemas Industriais Aterrados com Resistor de Alto Valor ....................................... 37

2.9 - Considerações Finais ............................................................................................................. 38

Capítulo 3 Simulação do Circuito ...................................................................................................... 39

3.1 - Considerações Iniciais ........................................................................................................... 39

3.2 - Supressão de Sobretensão em IGBTs .................................................................................... 39

3.2.1 - Supressão de Sobretensão em IGBTs Empregando Diodo Zener .................................. 39

3.2.2 - Supressão da Sobretensão Empregando Diodo TVS ...................................................... 40

3.3 - Definição do Projeto .............................................................................................................. 43

3.4 - Informações Técnicas do Circuito ......................................................................................... 44

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IV

3.4.1 - Circuito Equivalente do Motor ....................................................................................... 44

3.4.2 - Cálculo da Resistência do Cabo ..................................................................................... 46

3.4.3 - Informações do IGBT ..................................................................................................... 46

3.5 - Simulação Inicial de Supressão da Sobretensão em IGBTs com Diodos TVS ..................... 46

3.6 - Simulação do Sinal SPWM ................................................................................................... 49

3.7 - Considerações Finais ............................................................................................................. 55

Capítulo 4 Análise dos Resultados da Simulação .............................................................................. 56

4.1 - Considerações Iniciais ........................................................................................................... 56

4.2 - Simulação com o Funcionamento Normal do Conversor ...................................................... 56

4.3 - Simulação da Sobretensão no IGBT ...................................................................................... 60

4.4 - Correção da Sobretensão no IGBT com Circuito Supressor ................................................. 62

4.5 - Considerações Finais ............................................................................................................. 65

Capítulo 5 Conclusão Geral ............................................................................................................... 66

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 68

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V

LISTA DE FIGURAS

Fig. 1.1- Perfil de falhas em conversores de frequência em uma mineradora de grande porte. ........ 13

Fig. 1.2 - Queima de componentes em placas de circuito impresso. ................................................. 13

Fig. 2.1 - Retomadora de minério (figura ilustrativa) [5]. ................................................................. 16

Fig. 2.2 - Retomadora de minério (figura ilustrativa) [6]. ................................................................. 16

Fig. 2.3 - Diagrama unifilar do sistema de translação da retomadora. .............................................. 17

Fig. 2.4 - Modo de falha que o conversor apresenta quando ocorre queima. .................................... 18

Fig. 2.5 - Curva da banheira [8]. ........................................................................................................ 19

Fig. 2.6 - Diagrama de Ishikawa [12]. ............................................................................................... 21

Fig. 2.7 - Análise de falha do curto-circuito nos conversores de frequência. .................................... 22

Fig. 2.8 - (a) Constituição e (b) Símbolo do IGBT [13]. ................................................................... 23

Fig. 2.9 - Estrutura do IGBT [15]. ..................................................................................................... 24

Fig. 2.10 - Regiões de trabalho e curvas características IC×VCE [13]. ............................................... 25

Fig. 2.11 - Sobretensão nos terminais do motor [21]. ........................................................................ 26

Fig. 2.12 - Circuito equivalente de comutação [27]. .......................................................................... 28

Fig. 2.13 - Circuito de IGBT de seis seções [40]. .............................................................................. 31

Fig. 2.14 - Ponto zero do conversor de frequência [21]. .................................................................... 32

Fig. 2.15 - Circulação da corrente de modo comum [20]. ................................................................. 32

Fig. 2.16 - Queima do motor na extremidade do enrolamento [24]. .................................................. 33

Fig. 2.17 - Curto-circuito do motor por sobrecarga [45]. .................................................................. 34

Fig. 2.18 - Aterramentos mais comuns [46]....................................................................................... 34

Fig. 2.19 - Sistema de aterramento com resistor. ............................................................................... 36

Fig. 2.20 - Fenômeno de escalonamento de tensão em um sistema industrial não aterrado, causados

por reignição de arcos em falhas para terra [51]. ............................................................................... 37

Fig. 2.21 - Diagrama de vetores da tensão sem curto fase-terra e com curto fase-terra [51]. ........... 38

Fig. 3.1 - Circuito de proteção do IGBT com diodo zener [13]. ........................................................ 39

Fig. 3.2 - Circuito de proteção do IGBT com diodo zener e transistor [13]. ..................................... 40

Fig. 3.3 - Circuito de proteção do IGBT com o diodo TVS [13]. ...................................................... 40

Fig. 3.4 - Curva característica do diodo TVS [52]. ............................................................................ 41

Fig. 3.5 - Transiente subsequente [56] ............................................................................................... 42

Fig. 3.6 - Símbolo do diodo supressor de surto bidirecional. ............................................................ 43

Fig. 3.7 - Circuito supressor proposto. ............................................................................................... 43

Fig. 3.8 - Circuito equivalente do motor de indução. ........................................................................ 45

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VI

Fig. 3.9 - Circuito inicial utilizado para simulação [58]. ................................................................... 47

Fig. 3.10 - Tensão entre o coletor e o emissor do IGBT 1 durante a sobretensão. ............................ 48

Fig. 3.11 - Tensão entre o coletor e o emissor do IGBT 1 com a atuação de supressores. ................ 48

Fig. 3.12 - Potência do diodo TVS durante a supressão da sobretensão............................................ 49

Fig. 3.13 - Circuito gerador do sinal SPWM ..................................................................................... 50

Fig. 3.14 - Circuito gerador de sobretensão. ...................................................................................... 50

Fig. 3.15 - Circuito de simulação do conversor de um braço. ........................................................... 51

Fig. 3.16 - Circuito de potência do conversor de frequência. ............................................................ 52

Fig. 3.17 - Circuito de controle do conversor de frequência. ............................................................. 53

Fig. 3.18 - Circuito de supressão de surto do conversor de frequência. ............................................ 54

Fig. 4.1 - Correntes do sistema de alimentação. ................................................................................ 56

Fig. 4.2 – Formas de ondas das tensões entre coletor e emissor para os IGBTs nos braços U, V e W

do conversor de frequência. ............................................................................................................... 57

Fig. 4.3 - Tensão de saída CC do retificador. .................................................................................... 57

Fig. 4.4 - Tensão de saída CC do retificador após o filtro passa-baixa. ............................................ 58

Fig. 4.5 - Tensões nas fases de alimentação. ..................................................................................... 58

Fig. 4.6 - Corrente no ramo dos diodos TVS da fase U. .................................................................... 59

Fig. 4.7 - Corrente nos diodos TVS da fase V. ................................................................................... 59

Fig. 4.8 - Corrente nos diodos TVS da fase W. .................................................................................. 60

Fig. 4.9 - Diferença de potencial entre o circuito e a terra. ................................................................ 60

Fig. 4.10 - Sobretensão entre o coletor e o emissor dos IGBTs do conversor de frequência. ........... 61

Fig. 4.11 – Visualização detalhada do pico de tensão nos IGBTs Z3 e Z6. ........................................ 61

Fig. 4.12 - Corrente na saída do circuito retificador durante o curto-circuito. .................................. 62

Fig. 4.13 - Corrente de curto-circuito na fase do conversor de frequência. ....................................... 62

Fig. 4.14 - Correção da sobretensão nos terminais do IGBT. ............................................................ 63

Fig. 4.15 - Corrente do circuito supressor durante a correção da sobretensão e tensão entre coletor e

emissor nos IGBTs. ............................................................................................................................ 63

Fig. 4.16 - Visão detalhada da corrente no diodo TVS durante a correção da sobretensão. .............. 64

Fig. 4.17 - Potência no diodo TVS durante a correção da sobretensão. ............................................ 64

Fig. 4.18 - Tensão e corrente de um ramo de diodo TVS durante a operação do circuito supressor. 65

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VII

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Especificação do conversor de frequência. .................................................................... 18

Tabela 2.2 - Vida útil típica dos componentes eletrônicos [9]. .......................................................... 20

Tabela 3.1 - Parâmetros do circuito equivalente. ............................................................................... 44

Tabela 3.2 - Resistências e indutâncias do motor elétrico. ................................................................ 45

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VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CA – Corrente Alternada

CC – Corrente Contínua

CLP – Controlador Lógico Programável

FUL – Curto-circuito quando o IGBT já está conduzindo (do inglês Fault Under Load)

HSF – Curto-circuito enquanto o IGBT é comandado a conduzir (do inglês Hard Switching Fault)

IEC – Comissão eletrotécnica internacional (do inglês International Electrotechnical Commission)

IGBT – Transistor Bipolar de Porta Isolada (do inglês insulated gate bipolar transistor)

IT – Aterramento com terra isolado

MOSFET – Transistor de efeito de campo de semicondutor de óxido metálico (do inglês Metal

Oxide Semiconductor Field Effect Transistor)

NGR – Resistor entre neutro e terra (do inglês Neutral-Grounding Resistor)

PCI – Placa de Circuito Impresso

PIMS – Sistema de Gerenciamento de Informação de Planta (do inglês Plant Information

Management System)

RLC – Circuito resistivo, indutivo e capacitivo

SG1524B – Controlador de pulso PWM (do inglês Switching Controllers PWM)

SPWM – Pulso senoidal por largura de pulso (do inglês Sinusoidal Pulse Width Modulation)

TJB – Transistor de junção bipolar (do inglês bipolar junction transistor)

TVS – Supressor de transiente de tensão (do inglês Transient Voltage Supressor)

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IX

LISTA DE SÍMBOLOS

A – Área da seção transversal do condutor em 2m

C – Coletor do IGBT

C1...C17 – Capacitor

D1 ... Dn – Diodo

E – Emissor do IGBT

E(S) – Tensão induzida no enrolamento do rotor do motor

E1...En – Fonte de tensão controlada

F – Frequência

G – Gatilho do IGBT

I(s) – Corrente elétrica no estator do motor

I2(s) – Corrente do rotor do motor referida ao estator

IC – Corrente do coletor do IGBT

IF – Corrente direta no diodo TVS

Ifb – Corrente que passa através da resistência Rfb do circuito do diodo zener

IFT – Corrente de falta a terra

IPP – Pico máximo de corrente no diodo TVS

IR – Corrente reversa no diodo TVS

IT – Corrente de teste no diodo TVS

L1 ... L7 – Indutor

Lq – Indutância na estrutura do barramento CC

N – Material dopado com cinco elétrons em sua camada de valência [1]

N- – Região de arrastamento do IGBT

N+ – Região próxima ao coletor do IGBT

NGR – Neutro com um resistor de aterramento para a terra

P – Região abaixo do gatilho do IGBT (material dopado com três elétrons em sua camada de

valência) [1]

Q3D – Software para extração de variáveis em conversores de frequência e equipamentos

eletrônicos

R – Resistência à passagem de corrente elétrica

R1 – Resistência do enrolamento do estator/fase

R1...Rn – Resistência elétrica

R2(S) – Resistência do enrolamento do rotor variável com o escorregamento, referida ao estator

RA – Resistência no ponto de aterramento da carga

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X

RB – Resistência no ponto de aterramento do transformador

Rfb – Resistência ligada ao circuito do diodo zener

RGE – Resistência entre a porta e o emissor do IGBT

RM – Resistência para representação das perdas no ferro

RN – Resistor do Neutro

RT – Confiabilidade

S – Escorregamento do motor

T – Comprimento do fio em metros

Tm – Tempo morto

tx – Tempo

U – Tensão por fase

U1 ...Un – Interruptor

U15A,U16B, U17B –Inversores de sinal

V1...Vn – Fonte de tensão

VDFY – Tensão no diodo de roda livre

Va – Tensão na fase A

Vaux1...Vauxn – Fonte de tensão CC

Vb – Tensão na fase B

VBR – Máxima tensão de ruptura no diodo TVS

Vc – Tensão na fase C

VC – Tensão no coletor do IGBT

VCC – Tensão de corrente contínua do barramento CC

VCE – Tensão entre coletor e emissor do IGBT

VCESAT – Tensão de saturação entre coletor e emissor do IGB

VCL – Máxima tensão de grampeamento

VDC – Tensão na capacitância CDC

VF – Tensão direta no diodo TVS

VFN – Tensão entre fase e neutro

VGE – Tensão entre gatilho e emissor do IGBT

VGEth – Tensão mínima para o IGBT entrar em condução

VRM – Tensão de pico reversa

VRWM – Tensão reversa no diodo TVS

VZ – Tensão reversa necessária para que o diodo zener entre em condução

X1 – Indutância do rotor

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XI

X2(S) – Reatância para representação do fluxo magnético de dispersão do enrolamento do rotor para

frequência correspondente a rotor bloqueado, com indutância variando com o escorregamento, valor

referido ao estator do motor.

XL – Reatância indutiva

XM – Reatância para representação do fluxo magnético principal no motor

Zrx0 – Impedância de sequência zero

Zrx1 – Impedância de sequência positiva

Z1, Z2, Z3, Z4, Z5, Z6 – Simbologia de IGBTs

Zrx2 – Impedância de sequência negativa

ZCT – Impedância do neutro do transformador no sistema de aterramento com alta impedância

Zeq – Impedância equivalente

ZG – Impedância combinada do circuito de retorno pela terra

ρ – Resistividade elétrica

λs – Taxa de falha do sistema

λref – Taxa de falha em uma condição referência

πu – Fator de estresse devido à tensão elétrica

πi – Fator de estresse devido à corrente elétrica

πt – Fator de estresse devido à temperatura

πe – Fator de estresse devido a ambiente adverso

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12

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO GERAL

1.1 - JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO

Com o avanço da eletrônica foi possível o desenvolvimento de dispositivos reguladores de

velocidade de máquinas elétricas, sendo o conversor de frequência o arranjo mais utilizado em

aplicações práticas nas indústrias de mineração, siderurgia e celulose para acionamento dos motores

de indução, que estão dominando o mundo devido a sua robustez, alta confiabilidade e baixos

custos de manutenção e de produção [2].

É muito importante que os componentes de uma planta ligados diretamente ao processo

produtivo apresentem alta confiabilidade, que é a probabilidade de o sistema não falhar em um

determinado tempo, ou seja, a habilidade de continuar a desempenhar a sua função [3]. A

manutenção corretiva dos equipamentos significa redução dos lucros e aumento do custo

operacional da planta industrial, além da elevação do custo de manutenção e o alto risco de acidente

pessoal durante a substituição.

Os conversores de frequência são amplamente utilizados no ambiente industrial atual,

permitindo um controle de torque e velocidade de alta precisão. A utilização em massa deste

equipamento ocorreu devido à substituição de quase todos os acionamentos, que utilizavam

circuitos de motores de corrente contínua, que apresentavam custo unitário elevado, alta

complexidade de manutenção e menor disponibilidade. Outro fator mandatório foi a evolução da

automação dos processos.

Os drivers industriais são aplicados, principalmente, no acionamento de correias

transportadoras, translação de máquinas móveis, sistemas de bombeamentos e sistemas de elevação

de carga. Esses drivers permitem acionar cargas de forma suave, elevando a vida útil de todo o

sistema, podendo ser empregados para manter a velocidade desejada de uma máquina. A regulação

de velocidade, através do acionamento direto, apresenta um desvio de até 3% [4], sendo este um

desvio muito maior que a variação na regulação com o acionamento feito pelo conversor de

frequência, que possui uma variação de no máximo ±0,1%, em relação à velocidade selecionada,

independentemente da carga.

A ocorrência de curto-circuito em sua saída provoca picos de tensão e correntes indesejáveis,

que podem danificar seus circuitos. Tipicamente, esses equipamentos são muito sensíveis a

eventuais transientes e sobretensões, que podem ocorrer em sua entrada ou saída.

Considerando os eventos reais registrados, em uma grande empresa de mineração brasileira,

durante um período de oito anos, é mostrado o número de ocorrências relacionadas a falhas em

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13

conversores de frequência na Fig. 1.1. A maior quantidade de falhas aconteceu no conversor de 160

kW, que possui 16 motores ligados, em sua saída, sendo que tal conversor está instalado em oito

equipamentos diferentes na mineração. O segundo maior número de problemas é associado ao

equipamento com potência de 250 kW, instalado em 15 equipamentos, apresentando modos de

falha diversos. O único driver que apresenta falha devido à queima de motores elétricos é o de

potência de 160 kW.

Fig. 1.1- Perfil de falhas em conversores de frequência em uma mineradora de grande porte.

A solução de problemas crônicos depende de uma análise mais profunda e é feita por uma

equipe de engenharia de manutenção, que executa um conjunto de atividades para o aumento da

confiabilidade e da disponibilidade dos equipamentos. O objetivo é deixar de reparar,

continuamente, para identificar as causas fundamentais e modificar as situações permanentes de

mau desempenho através do planejamento e execução de medidas de controle.

A principal ferramenta utilizada para tratar as falhas repetitivas no processo industrial é a

análise das falhas, que possui uma metodologia específica para encontrar as causas fundamentais do

problema. Uma das etapas da análise de falha é a apuração das informações, através da verificação

dos valores das variáveis, das informações dos projetos, dos dados dos fabricantes e dos modos de

falha que o equipamento apresenta. Alguns efeitos da queima dos conversores de frequência de 160

kW podem ser vistos nas placas de circuito impresso (PCI) reais, mostradas na Fig. 1.2.

Fig. 1.2 - Queima de componentes em placas de circuito impresso.

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1.2 - OBJETIVOS DO TRABALHO

Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo apresentar a simulação do circuito de um

conversor de frequência de 160 kW, bem como propor uma solução de supressão dos picos de

tensão, utilizando-se componentes com características reais baseados em modelos Spice. A

simulação se justifica em função do grande número de falhas do equipamento na aplicação.

Por meio de um estudo bibliográfico adequado são buscadas as informações para

desenvolvimento do trabalho, envolvendo resultados de testes de curto-circuito em IGBTs,

conversores de frequência, aterramento de sistemas elétricos, sistema de limitação de corrente de

curto-circuito, motores e diodo TVS (Transient Voltage Supressor).

De forma específica, este trabalho pretende apresentar contribuições no sentido de:

- realizar a simulação Spice do conversor de frequência com controle SPWM;

- representar a carga do conversor de frequência em baixas frequências;

- simular a sobretensão nos terminais do coletor e emissor do IGBT em baixa frequência;

- simular a supressão da sobretensão do coletor e emissor do IGBT em baixa frequência.

1.3 - ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Este trabalho está estruturado na forma de cinco capítulos, os quais são descritos

detalhadamente na sequência.

No Capítulo 2, é realizada a contextualização do problema e identificadas as causas

fundamentais e contribuintes por meio de uma análise de falha, cujo enfoque se relaciona ao

entendimento dos principais fenômenos, que acontecem no circuito. Assim, são analisados trabalhos

existentes na literatura, que estudam a simulação e testes de curtos-circuitos em IGBTs, conversores

de frequência e motores, considerando diferentes condições.

No Capítulo 3 são apresentados conceitos sobre supressores de surto e definido o projeto para

redução da sobretensão, sendo elaborado um circuito inicial de simulação e são mostrados os

respectivos resultados. Neste capítulo, também, é apresentado o circuito final de simulação,

empregando informações dos fabricantes do motor, conversor de frequência e supressor de surto.

O Capitulo 4 apresenta os resultados das simulações do circuito do conversor de frequência,

com a utilização do software ORCAD®. É simulado um conversor de frequência em condições

normais e diante da ocorrência de uma sobretensão em baixa frequência.

Finalmente, o Capítulo 5 se dedica à discussão dos principais resultados do trabalho, sendo

apresentadas as conclusões e propostas para a continuidade da pesquisa.

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15

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAISEQUATION SECTION 2

Este capítulo se destina a apresentar o cenário no qual está ocorrendo o curto-circuito em

conversores de frequência, sendo investigado o problema através da metodologia de análise de falha

do diagrama de Ishikawa. Uma revisão bibliográfica de trabalhos disponíveis na literatura é feita

com a finalidade de compreensão da vida útil esperada dos drivers e das principais causas ligadas

ao problema. Entre essas causas surge a sobretensão nos IGBTs dos conversores de frequência,

curto-circuito em motores e aterramento dos sistemas elétricos.

2.2 - CONTEXTUALIZAÇÃO DO CENÁRIO

A retomadora translada-se ao longo de um pátio através de trilhos ferroviários, sendo o

equipamento responsável pela recuperação do minério. A translação da máquina é composta por 16

motores elétricos de indução, sendo que cada motor possui um sistema de ventilação forçada e um

freio eletromagnético. Devido à variação de velocidade desses motores, uma ventilação forçada é

necessária para garantir o arrefecimento dos mesmos. Os motores possuem, também, um sistema de

freio, que é utilizado para o estacionamento da máquina, ou seja, o conversor de frequência que os

aciona faz a rampa de desaceleração e, quando a máquina já está parada, o freio atua. A translação

também é composta por um sistema de grampo hidráulico, que se fecha diante da ocorrência de

ventanias, fixando-a aos trilhos. Esta retomadora é comandada por um operador, que precisa estar

na máquina durante toda a operação de recuperação do minério, mas já há iniciativas para a total

automação de seu funcionamento, sendo este o novo conceito da quarta revolução industrial.

A Fig. 2.1 mostra a retomadora de minério. A máquina é alimentada por meio de um cabo

com tensão de 4,16 kV, que é enrolado e desenrolado no pátio. A retomadora é composta no total

por seis acionamentos principais, que é o da translação, enrolador de cabo, giro, correia

transportadora, roda de caçambas e elevação da lança. Os acionamentos da correia transportadora e

da roda de caçambas são realizados, de forma direta, com a tensão de 4,16 kV, sendo que os demais

utilizam tensão de 480 V. Os acionamentos em 480 V ocorrem através de conversores de

frequência, de um mesmo fabricante e modelo, mas com potências e quantidades de motores

diferentes em sua saída.

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16

Fig. 2.1 - Retomadora de minério (figura ilustrativa) [5].

Os conversores de frequência e os relés de proteção inteligente se comunicam através de uma

rede de comunicação profibus. As principais informações das variáveis do conversor são enviadas

para o CLP (Controlador Lógico Programável) e são armazenadas em um sistema chamado PIMS

(Process Information Management System), que permite a análise de todo o histórico das variáveis

de tensão, corrente, potência, vibração, entre outras contribuindo para realização da análise de

falhas e confiabilidade. A Fig. 2.2 apresenta a localização dos acionamentos da retomadora.

Fig. 2.2 - Retomadora de minério (figura ilustrativa) [6].

Correia transportadora

Elevação

Roda de Caçamba

Translação

Enrolador de

cabo (outro lado)

Giro

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Na Fig. 2.3, é apresentado o diagrama unifilar simplificado do conversor de frequência

instalado no sistema de translação. O acionamento da translação possui dois conversores, podendo o

sistema funcionar de duas formas distintas. A primeira opção emprega os dois conversores em

funcionamento, cada um acionando oito motores ao mesmo tempo. A segunda alternativa consiste

em empregar apenas um conversor acionando os 16 motores, sendo que o outro conversor possui a

função de reserva. A seleção dos conversores é feita por meio de um interruptor seletor e da

comutação de contatores. Em função do ambiente agressivo, a translação da retomadora foi

projetada para trabalhar com 66% de seus acionamentos na translação, ou seja, é possível a máquina

operar com 11 acionamentos mantendo a taxa nominal.

Os conversores de frequência são interligados a uma resistência de frenagem de forma que

quando a tensão no barramento CC chega a um determinado valor, um transistor é comutado,

conectando o circuito da carga a um banco de resistor. Neste instante, a potência gerada pela carga

na frenagem é dissipada pelo banco de resistores. A saída dos conversores de frequência também é

composta por disjuntores individuais para cada motor e disjuntores para o sistema de ventiladores e

freios.

Fig. 2.3 - Diagrama unifilar do sistema de translação da retomadora.

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18

O conversor de frequência aplicado na translação possui a especificação apresentada pela

Tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Especificação do conversor de frequência.

Parâmetro Valor

Tensão nominal 480 V

Potência nominal 160 kW

Corrente nominal 314 A

Tipo de ligação Trifásica

Resistor de frenagem Sim

A alimentação do conversor de frequência é feita através do enrolamento secundário de um

transformador de 4,16 kV para 480 V, que é conectado em estrela com o neutro aterrado por meio

de um resistor. O aterramento possui um sistema de supervisão que, diante de uma fase para a terra,

limita a corrente de fuga em 3 A, mantendo-se o funcionamento do circuito. Somente quando ocorre

curto-circuito, na segunda fase, ocorre o desarme dos disjuntores. Esse circuito é apresentado na

Fig. 2.3.

Analisando-se o histórico de queimas de conversores de frequência, é evidenciado que em

todas as ocorrências havia um motor elétrico queimado, mas não necessariamente em todas as

queimas de motores se danificavam os conversores. Em algumas situações, quando estavam

funcionando os dois conversores juntos e um deles apresentava a queima, o outro conversor era

selecionado para funcionar individualmente, justamente quando acontecia a segunda queima de

conversor. Isso ocorreu, porque a isolação do outro conversor já estava fragilizada devido aos surtos

de tensão gerados pelos curtos-circuitos dos motores. Na Fig. 2.4, é mostrado este modo de falha,

que o conversor apresenta, quando queima.

Fig. 2.4 - Modo de falha que o conversor apresenta quando ocorre queima.

Capacitores da fonte

chaveada da placa de

potência inchados.

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A retomadora iniciou seu funcionamento, no ano de 2008, apresentando o problema de

queima de conversores de frequência somente no acionamento da translação, que acontece devido à

queima dos motores. Nos outros acionamentos se tem o mesmo modelo de driver alimentado pelo

mesmo transformador e não há queima dos motores, não havendo também a queima de conversores.

Há outras máquinas de pátio ativas de porte semelhante, do mesmo fabricante de conversor e que

apresentam o mesmo problema na translação.

2.3 - VIDA ÚTIL DO CONVERSOR DE FREQUÊNCIA

Em geral, a confiabilidade de um sistema ou equipamento é definida pela sua capacidade de

desempenhar suas funções diante de condições estabelecidas durante um período de tempo. Neste

sentido, padrões de previsão de taxas de falha são úteis para várias atividades, na fase de projeto dos

equipamentos, permitindo avaliar se as metas de confiabilidade podem ser alcançadas. No projeto

potencial são identificadas as fraquezas e comparadas com projetos alternativos, analisando-se seu

ciclo de vida. Esse estudo também fornecerá dados para análise de confiabilidade do sistema,

logística, estratégias de apoio e estabelecimento de metas para confiabilidade [7].

O comportamento da falha de um produto apresenta três regiões distintas, representadas pela

curva da banheira, mostrada na Fig. 2.5.

Fig. 2.5 - Curva da banheira [8].

De acordo com [7] as regiões são classificadas como:

- mortalidade infantil: representa falhas no início da operação;

- vida útil: representa a vida útil de um componente ou sistema, sendo que nesta fase as falhas

podem acontecer de forma aleatória;

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- desgaste: conhecida como falhas, pois o componente já está em fim de vida útil e, portanto, a

intervenção da manutenção é necessária.

A função de confiabilidade R(t) expressa a probabilidade de um sistema operar sem falhas,

durante um intervalo de tempo, dada por:

( ) s xtR t e

(2.1)

em que:

λs – taxa de falha do sistema;

tx – tempo.

A taxa de falha dos equipamentos é dada por:

1( . . . . )

n

s ref u i t eii

(2.2)

em que:

λs – taxa de falha do sistema;

λref – taxa de falha em uma condição referência;

πu – fator de estresse devido à tensão elétrica;

πi – fator de estresse devido à corrente elétrica;

πt – fator de estresse devido à temperatura;

πe – fator de estresse devido a ambiente adverso.

A vida útil do conversor de frequência dentro das condições de referência é apresentada na

Tabela 2.2, juntamente com outros tipos de componentes eletrônicos.

Tabela 2.2 - Vida útil típica dos componentes eletrônicos [9].

Aplicações Vida Útil Típica

Automotivos 15 anos

Aviões 24 anos

Drivers industriais 5 – 20 anos

Transporte ferroviário 20 – 30 anos

Turbina eólica 20 anos

Plantas fotovoltaicas 5 – 30 anos

Nas aplicações em que são seguidas todas as recomendações de manutenção nos conversores

de frequência, sua vida útil pode alcançar 62 anos [10], mas o valor médio é de 20 anos [11]. No

estudo de caso em questão, os conversores não estão alcançando sua vida útil, apresentando falhas

na região de mortalidade infantil da curva da banheira diante de um curto-circuito dos motores. Para

organizar e mapear as causas, é aplicada a metodologia de análise de falha do diagrama de

Ishikawa.

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2.4 - METODOLOGIA DA ANÁLISE DE FALHA

Para diagnóstico adequado da causa fundamental e das causas contribuintes foi escolhido o

método de análise de falha do diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama de causa e

efeito ou diagrama de espinha de peixe. O efeito indesejado ou problema está à direita da Fig. 2.6,

que neste trabalho é o curto-circuito nos conversores de frequência. As palavras que aparecem nas

ramificações da Fig. 2.6 são as famílias das causas, que podem ser classificadas como material,

máquinas, medidas, meio ambiente, mão de obra e método [12].

Fig. 2.6 - Diagrama de Ishikawa [12].

O diagrama de Ishikawa organiza um conjunto de causas relacionadas a um problema

específico, uma vez que quando um efeito indesejado acontece há um conjunto de causas, que

podem ter contribuído para a falha. Para preenchimento das causas listadas sob cada categoria, o

diagrama possui setas, em cada ramo, que representam as causas e setas apontando para outras

setas, que representam as subcausas. Neste contexto, questiona-se o motivo da causa até chegar à

causa raiz, podendo ocorrer a definição de mais de uma causa raiz ou mesmo, ao longo da

investigação, diagnosticar que nem todas as causas são raízes, que algumas são causas contribuintes

[12]. A organização do diagrama de Ishikawa é feita através dos seguintes conceitos:

- Material: são os tipos de materiais aplicados no processo, sendo avaliada a conformidade da

matéria-prima.

- Mão de obra: são avaliados os aspectos relacionados às pessoas como, por exemplo, a

inadequação de aprendizagem, qualificação, valor de salário, benefícios, nível de satisfação,

comunicação e outros fatores relacionados aos empregados da empresa.

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- Método: está relacionado à padronização de processos e metodologias de trabalho. Podem ser

considerados critérios de priorização, execução de tarefas, métodos de registro, consulta de

informações ou adequação ao planejamento.

- Meio Ambiente: neste aspecto são avaliadas questões relacionadas à saúde e à segurança dos

executantes.

- Máquina: são avaliados os componentes utilizados para realização das atividades que podem

apresentar falhas.

Medida: nesta categoria estão relacionados os instrumentos utilizados para medição, entre outros

fatores quantitativos e qualitativos.

2.5 - ANÁLISE DE FALHA

Para determinação das causas fundamentais e contribuintes, foi feita a análise da falha de

curto-circuito nos conversores de frequência de 160 kW, através do método do diagrama de

Ishikawa, que é apresentado de forma detalhada na Fig. 2.7.

Fig. 2.7 - Análise de falha do curto-circuito nos conversores de frequência.

A causa fundamental do problema é a sobretensão na saída do conversor de frequência, que

acontece em função de um curto-circuito nos motores elétricos. Os motores apresentam falha

devido a rolamentos danificados, falha nos freios e fadiga no isolamento. Há também as causas

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contribuintes, que são o tipo de aterramento e a sobretensão no funcionamento normal. Nesta

análise, é importante reiterar que desde a fase de projeto já era esperada a falha de alguns motores

elétricos, no sistema de translação, por esse motivo há acionamentos reservas. A partir das causas

identificadas, pelo processo de análise de falha, são apresentados a seguir os principais conceitos

que mostram a contribuição das causas com o problema de curto-circuito no conversor de

frequência.

2.6 - SOBRETENSÃO NO IGBT DO CONVERSOR DE FREQUÊNCIA

2.6.1 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO IGBT

O IGBT é o componente do conversor de frequência que realiza a interface com a carga,

sendo importante o entendimento de seu funcionamento e suas características para diagnóstico das

falhas neste equipamento. Esse é um dispositivo semicondutor que reúne as melhores características

do MOSFET e TJB, sendo um componente híbrido. Assim, tais componentes possuem tempo de

comutação menor que o TJB de potência e funcionam em potências mais altas que o MOSFET [13].

Na Fig. 2.8, é mostrado o circuito equivalente simplificado e o símbolo de um IGBT. Para que

o IGBT entre em condução, é aplicada uma tensão positiva VGE à porta. Esta tensão deve ser

superior a VGEth para ter início a condução. Caso a tensão aplicada seja inferior a VGEth, o IGBT não

entrará em condução [13].

Fig. 2.8 - (a) Constituição e (b) Símbolo do IGBT [13].

Aplicando-se uma tensão no gatilho do IGBT, surge um campo elétrico na parte

semicondutora logo abaixo do gatilho (região P). O campo elétrico atrai alguns elétrons da região P

e alguns elétrons livres das porções N+. Com o aumento da tensão entre o gatilho e o emissor, o

campo elétrico alcança valores mais elevados e mais portadores negativos são atraídos para região

abaixo do gatilho. Com o alcance do valor nominal de tensão entre a porta e o emissor, que é a

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tensão de limiar (threshold voltage), simbolizada por Vth, um grande número de elétrons livres é

atraído pelo campo elétrico, transformando a região do tipo P no tipo N. Esta camada recebe o

nome de camada de inversão, comumente chamada de canal. Após a formação do canal, há uma

ligação da camada tipo N com a camada N+ e a região de arrastamento. Os elétrons são

transportados através do canal até a região do arrastamento, fazendo com que a junção entre N+ e

P+ entre em condução. A camada P+ conectada ao coletor injeta lacunas, positivamente

carregadas, na região de arrastamento N-. Parte das lacunas injetadas na região N- é recombinada

nesta mesma região com elétrons livres desta camada. Porém, a maior parte das lacunas não se

recombinará, alcançando a junção entre N- e P. As lacunas encontram um campo favorável ao seu

movimento, sendo arrastadas por meio da corrente de difusão até a região tipo P, em que está

conectado o terminal. A Fig. 2.9 mostra a estrutura física com as junções do IGBT [14].

Fig. 2.9 - Estrutura do IGBT [15].

Na Fig. 2.10 são mostradas as três regiões distintas de operação do IGBT: a zona de

saturação, a zona de corte e a zona ativa. Para o IGBT entrar em condução, é necessária uma tensão

de limiar no gatilho VGEth=±15 V, pois caso se tenha GE GEthV V o mesmo estará em corte, sendo a

corrente IC praticamente nula. A operação na zona ativa acontece quando GE GEthV V , mas a

potência dissipada nesta zona é muito alta, devendo-se evitá-la no funcionamento como interruptor

devido às perdas elevadas. O IGBT está na região de saturação, quando GE GEthV V e CE CEsatV V .

Esta região, em conjunto com a região de corte, é usada em aplicações de potência, em que o

dispositivo funciona como interruptor. Há também a região de avalanche, quando GE GEthV V com a

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tensão VCE e a corrente IC apresentando valores muito altos. Esta região deve ser evitada, pois pode

levar o IGBT à destruição [13].

Fig. 2.10 - Regiões de trabalho e curvas características IC×VCE [13].

Os IGBTs evoluíram muito desde o primeiro modelo lançado. A quarta geração de IGBTs que

estão disponíveis no mercado exibe uma rápida velocidade de comutação e uma baixa tensão de

saturação. Já está surgindo a quinta geração de IGBTs, que apresentam características superiores,

como cauda livre de corrente durante desligamentos mesmo diante de sobretensões. Estas alterações

são devidas às mudanças em sua estrutura [16]. Por sua vez, os condutores que interligam o IGBT a

outros componentes já podem ter uma vida útil elevada que pode variar de 21 a 60 anos [17].

Conforme foi anteriormente apresentado, o conversor de frequência é danificado quando o

motor elétrico queima. Na sequência, são mostrados os efeitos que ocorrem no IGBT de um driver

durante o curto-circuito.

2.6.2 - SOBRETENSÃO NOS IGBTs DOS CONVERSORES DE FREQUÊNCIA

2.6.2.1 - SOBRETENSÃO NOS CONVERSORES DE FREQUÊNCIA DURANTE O

FUNCIONAMENTO NORMAL

A rápida comutação dos conversores gera componentes de alta frequência, que transitam

pelos cabos de saída até atingir o motor. As altas frequências estão associadas a comprimentos de

onda da ordem do comprimento dos cabos, usualmente, algumas centenas de metros. Ao chegar ao

motor, as ondas são refletidas, pois a impedância do motor nestas frequências se torna mais alta que

a impedância característica do cabo, conforme mostrado na Fig. 2.11. Portanto, os conversores de

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frequência causam, naturalmente, oscilações de tensão nos terminais do motor [18] [19], cujas

variações ocorrem nas medições entre fase-fase e fase-terra [20].

Fig. 2.11 - Sobretensão nos terminais do motor [21].

Os transientes de tensão também podem surgir em função da operação das cargas de outros

tipos de circuito, sendo as principais causas descritas abaixo [22]:

partida de motores;

comutação intermitente em um circuito indutivo;

operação de fusíveis e da proteção do circuito;

operação de conversores;

partida de cargas industriais.

A sobretensão nos drivers pode ocorrer também durante a frenagem dos motores. Segundo

[23], em um circuito que possui a parada da carga através de conversores de frequência com uma

tensão nominal de 600 V foram registrado picos de até 10.000 V. Em [24], foi apresentado um

resultado de medição nos terminais de um motor durante uma inversão de polaridade uma tensão de

2.000 V [25].

Já em circuitos puramente resistivos, a existência de sobretensões transitórias é muito menor,

pois não há elementos acumuladores de energia, tais como capacitores e indutores [26]. Os

transientes presentes no circuito durante o funcionamento normal podem contribuir para a causa

principal, que é a sobretensão gerada por um curto-circuito, dependendo do momento que acontece.

No próximo tópico são detalhados os principais conceitos referentes aos efeitos gerados por um

curto-circuito nos IGBTs dos conversores de frequência.

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2.6.2.2 - SOBRETENSÃO NOS IGBTs DOS CONVERSORES DE FREQUÊNCIA

DURANTE UM CURTO-CIRCUITO

De acordo com [27], o curto-circuito em um conversor de frequência pode ser causado pela

baixa isolação de um cabo, motor elétrico, erros de comando ou devido ao tempo morto de

comutação dos IGBTs ser insuficiente. Tipicamente, as faltas de curto-circuito são distinguidas em

dois tipos, as duas classificações são HSF (Hard Switching Fault) e FUL (Fault Under Load).

HSF – É o curto-circuito que acontece com a baixa impedância, enquanto o IGBT é comutado para

o estado de condução. Neste tipo de curto-circuito, a corrente no coletor sobe acentuadamente, a

intensidade do valor irá depender das características do IGBT e de sua transcondutância, que é a

medida da efetividade do controle da corrente de dreno através da tensão do gatilho [28]. O valor da

tensão VCE cai rapidamente e depois aumenta [27, 29].

FUL – O curto-circuito acontece quando o IGBT está no estado ligado. O valor da corrente IC cresce

em função do valor da impedância de curto-circuito e da tensão do barramento CC. Com o aumento

da corrente IC, a tensão VCE também irá aumentar. Os testes experimentais realizados por [27]

mostraram que a tensão VCE pode aumentar, em função de dois fatores, durante o curto-circuito. O

primeiro é causado pelo aumento de IC e o segundo pelo comando de desligar o IGBT. Neste caso, a

tensão VCE alcança um valor extremamente alto, podendo causar uma falha catastrófica no IGBT

[27, 29].

Tipicamente, o IGBT pode apresentar três tipos de modos de falhas distintos durante o curto-

circuito. A temperatura pode ultrapassar o valor limite do silício, pode ocorrer o travamento do

IGBT ou haver uma sobretensão entre o seu coletor e emissor. Em geral, todos os três modos estão

relacionados com o estresse térmico, falha no silício ou nos fios de ligação do dispositivo, sendo

que cada tipo é detalhado a seguir.

a) Alta temperatura do silício

No curto-circuito, o valor da tensão VCC é mantido, enquanto IC aumenta continuamente,

alcançando valores muito maiores que a corrente nominal do dispositivo. Uma grande perda de

energia é sofrida pelo IGBT e a temperatura sobe instantaneamente. Se a temperatura exceder o

nível crítico, o IGBT perderá a capacidade de bloqueio. A tensão VCE entrará em colapso, seguido

da destruição do componente [27].

b) Travamento do IGBT

A junção base-emissor perde a função devido a uma resistência parasita, que cria um circuito

paralelo, interrompendo o controle da comutação do IGBT através do gatilho. Quando IC alcança

um valor muito alto, como o de uma corrente de curto-circuito, o circuito parasita do IGBT pode

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começar a conduzir, causando a destruição do componente em função de sua alta corrente e da

energia dissipada em seus fios de ligação [27].

c) Falha de sobretensão VCE

A falha de sobretensão ocorre quando VCE excede o limite especificado. O valor da corrente IC

se torna igual a corrente de curto-circuito, ficando concentrada em uma região muito estreita do

silício, resultando em aumentos de temperatura localizados. Assim, o dispositivo perde sua

capacidade de bloqueio, a tensão VCE aumenta e o componente entra em colapso em alguns

nanossegundos [27].

A sobretensão no IGBT durante o desligamento é o resultado da distribuição da energia

magnética armazenada na indutância do loop de comutação sempre que a corrente flui através do

IGBT, no barramento CC e no banco de capacitor. Um circuito equivalente é mostrado na Fig. 2.12.

Fig. 2.12 - Circuito equivalente de comutação [27].

A partir do circuito equivalente, a tensão VCE pode ser definida como [27]:

q C

CE DC DFY

L dIV V V

dt (2.3)

em que:

Lq – Indutância na estrutura do barramento CC;

VDFY – Tensão de recuperação, tipicamente entre 10 e 50 V.

Partindo dos conceitos de aumento da tensão VGE e VCE, o trabalho desenvolvido em [29]

propõe um sistema de proteção do IGBT, a partir da elevação da tensão entre o coletor e o emissor.

Os resultados obtidos em simulação mostram que, durante o curto-circuito, a corrente alcançou um

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valor de 7,44 kA e a tensão VCE um pico de 3,1 kV. Resultados experimentais obtidos por [30]

também registraram picos de tensão de 1.280 V durante um teste de curto-circuito. O aumento da

tensão VCE reflete em oscilações de tensão no gatilho do IGBT, que pode alcançar valores críticos

levando a sua destruição ou de componentes utilizados para o controle da comutação. A seguir é

detalhado o comportamento da tensão no gatilho dos IGBTs durante o curto-circuito.

2.6.2.3 - OSCILAÇÕES DE TENSÃO E CORRENTE NO IGBT DURANTE O CURTO-

CIRCUITO

É muito importante avaliar a oscilação de tensão do gatilho, considerando as condições

operacionais, o valor não pode ultrapassar ±20 V, pois isso poderia causar uma falha drástica no

IGBT [31]. Em condição de funcionamento de curto-circuito, algumas variáveis contribuem para

aumentar a sobretensão no IGBT, como:

- tipo de curto-circuito;

- início das oscilações (no momento em que se liga ou desliga o circuito);

- presença negativa da capacitância, de altas temperaturas e da alta tensão nos coletores;

- efeito de excitação no mecanismo de alta frequência [32];

- layout de instalação dos IGBTs [33];

- indutâncias do circuito negligenciadas [33].

As oscilações de tensão no gatilho do IGBT iniciam quando a corrente atinge o valor de

saturação e, quanto maior o valor da tensão entre coletor e o emissor, maior a oscilação da tensão no

gatilho [31]. A tensão em um evento de curto-circuito apresenta frequências, que podem variar de

10 a 20 MHz e a tensão no gatilho é maior que 20 V (valor limite), em testes de curto-circuito, com

ramos paralelos. Nos ramos únicos não há evidência de tais oscilações [31]. O tempo de duração de

um transiente no circuito do IGBT é uma variável que contribui muito para o aparecimento de

oscilações na porta do IGBT, sendo que quanto maior for o tempo de duração, maior será a

oscilação. As oscilações podem se iniciar a partir de 1,7 μs após o curto-circuito, considerando

corrente e tensão de 6 kA/1,1 kV [34].

A oscilação da tensão no gatilho do IGBT mostra uma instabilidade do mecanismo, sendo que

quanto maior a quantidade de transientes e o tempo de exposição, maior será o valor da tensão no

gatilho, podendo chegar a 25 V. O valor da indutância pode desempenhar um papel muito

importante no desencadeamento das oscilações. Em circuitos com indutâncias muito baixas, da

ordem de 30 nH, durante a realização dos testes de curto-circuito de 6 kA/1,1 kV, não foi observada

a oscilação de tensão no gatilho do IGBT [34].

Testes em IGBTs realizados por [35] mostram que em diferentes valores de tensão e durações

de curto-circuito, as oscilações podem ser encontradas em baixa tensão, mas a tensão VCE varia com

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30

o curto-circuito e as oscilações no gatilho ficam mais intensas, quando há o aumento da tensão VCE

[34]. Segundo [32], a mudança na temperatura influencia nas características dos semicondutores.

Portanto, alta temperatura resulta em baixa velocidade e alta perda de energia na comutação, menor

limiar de tensão e menor transcondutância. Um módulo de IGBT de 1,7 kV/1 kA foi testado em

temperaturas de 50 °C e 80 °C e foi constatado que, com uma temperatura maior, os valores de

oscilação de tensão no gatilho são menores, enquanto que com a temperatura menor, a variação é

maior durante o curto-circuito. Uma análise termográfica do IGBT durante o curto-circuito mostra

uma variação no componente, com valores mais altos na borda do IGBT e mais baixos no centro

[36]. É também característica que, em uma instalação com cabos muito longos, a oscilação da

frequência é menor durante um curto-circuito [37] [38].

Uma falha de curto-circuito no lado da carga, motor ou cabos irá produzir um pulso modulado

de frequências variadas. Tanto no barramento CC quanto o lado da carga que está em curto-circuito,

este problema pode não ser detectado em um tempo adequado por determinados tipos de proteção

[39], podendo acontecer danos ao conversor de frequência. IGBTs de diferentes fabricantes com a

mesma especificação podem apresentar comportamento distinto entre eles durante o curto-circuito,

havendo produtos com uma robustez maior de um determinado fabricante do que os demais e

também tempos de comutação diferenciados [31].

Um curto-circuito com corrente de 6 kA, durante testes não destrutíveis, pode gerar uma

distribuição de corrente desigual entre os ramos dos IGBTs, podendo ocorrer falhas nos

componentes eletrônicos das aplicações. A distribuição de corrente elétrica desigual reduz a

capacidade de curto-circuito dos módulos. Os IGBTs, geralmente, são especificados com

capacidade de curto-circuito de alguns μs (tipicamente 10 μs), no entanto esta duração de curto-

circuito pode ser reduzida em função do desequilíbrio de corrente, sendo considerado um

componente frágil [40].

Segundo [40], diferentes valores de indutância entre os ramos podem alterar a distribuição de

temperatura entre os IGBTs, sendo que este efeito se torna mais crítico em operações de curto-

circuito. Através de simulações Spice, é possível analisar o estudo de desbalanço de corrente entre

os ramos. Na Fig. 2.13 é mostrado o circuito apresentado pelo estudo.

Para a realização da simulação de curtos-circuitos, os parâmetros do modelo do IGBT foram

inseridos, a partir de informações do datasheet. Em [40] são apresentados resultados de testes de

curtos-circuitos com diferentes valores de indutância entre os ramos, nos quais um ramo atingiu

uma corrente de 500 A e o outro de 700 A, havendo um forte desbalanço com variação de 40%. Em

situações práticas é muito difícil manter os valores de indutância iguais entre os ramos [40].

Após o estudo dos conceitos apresentados sobre os efeitos de curto-circuito nos IGBTs, a

falha de sobretensão VCE se mostrou muito provável nos conversores de frequência da retomadora.

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31

A Fig. 2.4 evidencia que ocorre a sobretensão nos circuitos do conversor sempre depois da

ocorrência de curto-circuito nos motores elétricos.

Fig. 2.13 - Circuito de IGBT de seis seções [40].

2.7 - CURTO-CIRCUITO NOS MOTORES ELÉTRICOS

Os principais modos de falha observados nos motores danificados do sistema de translação

das retomadoras foram o curto-circuito devido aos danos nos rolamentos e curto-circuito entre fase

dos motores por funcionarem com os freios travados.

Os rolamentos podem ter sua vida útil prejudicada devido à vibração, à presença de

contaminantes e às correntes de modo comum, que circulam em função da carga eletrostática

induzida no eixo do motor, nos conversores de frequência, a corrente nos rolamentos pode ser

maior, quando comparada aos acionamentos diretos [41]. Os conversores de frequência possuem

uma característica particular na instalação em relação ao aterramento do neutro. Deve-se ressaltar

que a diferença de potencial entre o neutro do motor e o ponto zero, na Fig. 2.14, do conversor de

frequência não é nula.

No sistema com o neutro, solidamente aterrado ou aterrado via impedância, o circuito oferece

um caminho para que surjam correntes de modo comum. Nos sistemas com conversores de

frequência, a corrente de modo comum irá circular na impedância do neutro, conforme mostrado na

Fig. 2.15. Com o desenvolvimento dos conversores, as correntes de modo comum começaram a

interferir nos identificadores de falta de fase-terra instalados nas plantas industriais, gerando falsos

alarmes e paradas indesejadas. Os falsos alarmes que acontecem são gerados porque os

identificadores de falta são circuitos, que medem a presença de corrente nessa impedância, esta é a

corrente de sequência zero do circuito. Em um circuito equilibrado, idealmente, a corrente de

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32

sequência zero é nula, somente apresentando valores significativos com algum desequilíbrio que

envolva fase-terra.

Fig. 2.14 - Ponto zero do conversor de frequência [21].

Fig. 2.15 - Circulação da corrente de modo comum [20].

Ao atingir patamares suficientemente elevados, tal carga rompe a rigidez dielétrica da graxa

isolante e provoca uma corrente de descarga para a carcaça aterrada através do rolamento. Essa

descarga deteriora tanto as pistas quanto as esferas, cujos malefícios são gradativos e conduzem a

sua inutilização [42].

Tratando-se dos rolamentos dos motores instalados na retomadora é possível afirmar que

acontece a contaminação da graxa de alguns rolamentos, em função do ambiente agressivo com

elevado número de partículas suspensas e não há evidências de alta vibração. O sistema está sendo

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33

acionado por um conversor de frequência e o transformador é aterrado através de um resistor de alta

impedância, portanto, neste caso é provável a existência de corrente de modo comum no circuito.

Em alguns casos dos motores da retomadora, após a falha dos rolamentos, havia o atrito do rotor

com o estator acontecendo o curto-circuito do enrolamento com a carcaça do motor.

Na operação com conversores de frequência, alguns fatores podem contribuir para danos no

isolamento de motores. Deve-se atentar para algumas variáveis, que são [43]:

- valor da tensão de entrada eficaz do conversor, quanto maior for diferença em relação à tensão

nominal do circuito, maior a probabilidade de danos;

- tempo de subida da forma de onda de saída do conversor;

- comprimento do cabo entre o motor e o conversor;

- baixa qualidade na isolação das espirais do motor;

- qualidade da má impregnação do verniz no enrolamento dos motores.

As tensões com o tempo de subida rápido causam uma desigualdade na distribuição de tensão

dentro do enrolamento do motor [44]. A diferença de potencial produz uma ionização parcial do ar,

sendo esse efeito conhecido como descarga parcial ou efeito corona, que ataca o isolamento dos

motores e causa sua degradação. A descarga parcial ocorre, principalmente, em função dos espaços

vazios de ar entre os condutores da extremidade do enrolamento, gerando uma queima prematura do

motor [21]. A Fig. 2.16 apresenta o exemplo de um enrolamento do motor, que queimou devido à

descarga parcial.

Fig. 2.16 - Queima do motor na extremidade do enrolamento [24].

Na maior parte dos enrolamentos dos motores, que apresentaram falhas na retomadora, o

principal aspecto evidenciado era queima devido à sobrecarga, com características parecidas com o

modo de falha mostrado no motor da Fig. 2.17. Em alguns desses eventos, havia também freios

travados, que falharam, principalmente, devido à perda da calibração do entreferro e queima da

fonte retificadora, responsável pela alimentação do freio.

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34

Fig. 2.17 - Curto-circuito do motor por sobrecarga [45].

2.8 - ATERRAMENTO DOS SISTEMAS ELÉTRICOS

No início do século XX, os métodos de aterramentos trifásicos mais utilizados eram com o

neutro solidamente aterrado ou não aterrado. Cada tipo de aterramento possui suas particularidades

e a intensidade dos picos de tensão no circuito varia com o aterramento. A Fig. 2.18 mostra os tipos

de aterramentos mais comuns.

Fig. 2.18 - Aterramentos mais comuns [46].

O sistema com neutro solidamente aterrado tem a desvantagem de apresentar altas correntes

de curto-circuito, enquanto o sistema não aterrado apresenta sobretensão diante de um curto-

circuito. Outra possibilidade é o aterramento através de resistências ou reatâncias. Atualmente, o

aterramento por alta impedância com resistência ou não aterramento são os sistemas mais

escolhidos, pois melhoram a condição operacional e a segurança das pessoas [47].

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35

Por meio do método das componentes simétricas, a corrente de falta-terra IFT é dada por (2.4):

1 2 0

3

3FT

FN

rx rx rx G

VI

Z Z Z Z

(2.4)

em que:

Zrx1 – impedância de sequência positiva;

Zrx2 – impedância de sequência negativa;

Zrx0 – impedância de sequência zero;

ZG – impedância combinada do circuito de retorno pela terra, incluindo a impedância de arco da

falta, a impedância de aterramento do sistema e a impedância de aterramento de neutro, quando

presente [30];

VFN – tensão entre fase e neutro.

2.8.1 - SISTEMA DE ATERRAMENTO POR MEIO DE RESISTÊNCIA ELEVADA

Nas últimas décadas, a tendência tem sido utilizar o aterramento com resistor de alta

impedância devido aos seus benefícios, que são maior segurança pessoal e desempenho operacional

[48]. Um sistema de aterramento de alta resistência usa um resistor de aterramento de neutro (NGR

- Neutral-Grounding Resistor) com uma baixa corrente de passagem para limitar a corrente de falta

para terra. Isto é um aperfeiçoamento dos sistemas de baixa resistência ou solidamente aterrados,

porque nestes sistemas há um risco momentâneo de falha do aterramento, que pode resultar em um

dano substancial ao ponto de falha. Aterramentos de alta resistência eliminam estes problemas e

proteções modernas de falha de terra operam, confiavelmente, em níveis de baixa corrente. Além

disso, a probabilidade de um incidente por centelhamento momentâneo é, significativamente,

reduzida em um sistema de aterramento de alta resistência.

A impedância ZCT mostrada na Fig. 2.19, (da ordem 1.000 Ω a 2.000 Ω) é ligada,

permanentemente, entre o neutro do enrolamento de baixa tensão do transformador à terra. As

razões para esta forma de aterramento da fonte são de fixar o potencial da rede em relação à terra e

reduzir os níveis de sobretensões, tais como: surtos em relação à terra, transmitidos pelos

enrolamentos de alta tensão, cargas estáticas das capacitâncias, presentes entre a carcaça dos

equipamentos e o potencial da terra, entre outros [49].

A escolha do NGR depende da corrente de carga do sistema e se é um sistema “somente

alarme” ou com disparo. Sistemas “somente alarme” são, normalmente, limitados a tensões até 5

kV com corrente de passagem pelo NGR menor ou igual a 5 A. Os sistemas “somente alarme” de

até 15 kV e até 10 A são pouco utilizados, pois um curto-circuito fase-terra tende a evoluir para

uma falha fase-fase, antes que possa ser localizada e solucionada. A maior vantagem do sistema

aterrado através de um resistor é que falhas de fase-terra não requerem desligamento imediato do

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36

circuito [46]. Na Fig. 2.19 é mostrada uma configuração do sistema de aterramento com o neutro

aterrado através de um resistor. Esta configuração pode ser utilizada com uma unidade eletrônica

microprocessada desenvolvida para executar funções de monitoramento de falta-terra em 480 V. O

sistema limita a corrente entre o neutro e a terra em 3 A durante a ocorrência de um curto-circuito

de fase-terra.

Fig. 2.19 - Sistema de aterramento com resistor.

Testes experimentais em [50] mostram que em um conversor de 480 V que supre um motor

com a função regenerativa, apresentou picos de tensão diferentes, de acordo com o tipo de

aterramento. Para o estudo, considerou-se o sistema isolado, aterrado com resistor de alta

impedância e o solidamente aterrado. Na configuração solidamente aterrado foram medidos entre o

barramento CC do conversor e o potencial da terra picos de tensão de 1,44 kV e na alimentação de

0,76 kV. O sistema aterrado através de um resistor de alta impedância apresentou valores máximos

de 1,2 kV entre o barramento CC e o potencial da terra e na alimentação de 1,28 kV. No sistema

com aterramento isolado, os picos de tensão entre o barramento CC e o potencial de terra foram de

0,82 kV, sendo que na alimentação ocorreram picos de 1,24 kV.

Os fabricantes de conversores recomendam que, em sistemas aterrados com resistor de alta

impedância, deve-se considerar o sistema isolado [20], sendo necessária uma alteração física do

driver para se evitar problemas com sobretensão no circuito elétrico.

2.8.2 - ESCALONAMENTO DE TENSÃO

2.8.2.1 - SISTEMAS INDUSTRIAIS NÃO ATERRADOS

A existência de capacitâncias e indutâncias parasitas cria condições favoráveis para o

desenvolvimento de sobretensões transitórias, em níveis superiores aos suportados pelos

isolamentos. O sistema não aterrado está capacitivamente acoplado ao solo [20]. Quando ocorre

uma falta fase-terra, as demais fases do circuito, que não estão em falta, assumem um valor de fase-

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fase em relação à terra. Caso a falta seja extinta, as capacitâncias estarão carregadas, podendo

manter a tensão do neutro em relação à terra. Quando a falta aparecer de novo se terá um surto de

corrente no sentido contrário. Este transitório irá causar uma oscilação de alta frequência, que

somada às tensões originais, será capaz de deslocar o neutro a valores maiores do que os valores de

fase-fase originais. O valor da tensão será multiplicado até que algum isolamento se rompa em

algum lugar. O surgimento deste fenômeno é possível quando as tensões do sistema apresentam

oscilações de frequências superiores à frequência de operação, associadas com as faltas fase-terra

em algum ponto do sistema. Isso ocorre pela comutação das capacitâncias e indutâncias naturais

presentes no circuito, realizada pela própria intermitência da falta [20]. A diferença de potencial

após curtos fase-terra é demonstrada vetorialmente na Fig. 2.20.

Fig. 2.20 - Fenômeno de escalonamento de tensão em um sistema industrial não aterrado, causados por reignição

de arcos em falhas para terra [51].

2.8.2.2 - SISTEMAS INDUSTRIAIS ATERRADOS COM RESISTOR DE ALTO VALOR

O sistema aterrado com resistor de valor elevado permite controlar o fenômeno de

sobretensão presente em sistemas não aterrados, se projetado adequadamente. A diferença

significativa entre seu desempenho e o de um sistema não aterrado é que quando o arco de falta à

fase-terra se extingue nos pontos C e D da Fig. 2.20, a carga retida pelo sistema de capacitância é

continuamente dissipada pelo resistor do transformador. O neutro do transformador fica deslocado,

conforme mostra a Fig. 2.21. Diante de um curto fase-terra, o resistor deve impedir que as

capacitâncias fossem carregadas sem permitir a circulação de correntes de valores elevados, o que

impediria a continuidade do funcionamento do sistema [51].

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38

Fig. 2.21 - Diagrama de vetores da tensão sem curto fase-terra e com curto fase-terra [51].

Os acionamentos da retomadora são alimentados através de um circuito estrela aterrado com

resistor de valor elevado, que foi adequadamente calculado, portanto, é pouco provável que esteja

acontecendo o fenômeno de escalonamento de tensão. O fenômeno que está presente, em todas as

falhas, é a alteração do valor da tensão da fase-terra para fase-fase após o curto da primeira fase

para a terra.

2.9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo foi apresentada a análise de falha do problema com sua respectiva

fundamentação teórica. Dentro deste contexto, foram investigados aspectos relacionados à IGBTs

expostos a condições adversas de sobretensão e curtos-circuitos, sendo possível a identificação de

particularidades importantes. Também se fez necessário o estudo dos sistemas de aterramento

devido à influência do tipo de aterramento nos valores de sobretensão em instalações com

conversores de frequência e a análise do fenômeno de escalonamento de tensão.

Conclui-se que a causa fundamental do problema de curto-circuito nos conversores de

frequência ocorre devido à sobretensão gerada pelo curto-circuito nos motores elétricos. O projeto

prevê o funcionamento da máquina em capacidade nominal com apenas 66% dos acionamentos, a

indisponibilidade já estava mapeada desde a concepção do projeto. Portanto, o foco para eliminação

do problema será a supressão da sobretensão criada pelos motores elétricos durante o curto-circuito.

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39

CAPÍTULO 3

SIMULAÇÃO DO CIRCUITO

3.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este capítulo se destina a mostrar a especificação detalhada dos componentes, que estão

instalados no circuito de translação da retomadora, entre esses estão o motor, sendo apresentados os

dados da indutância, da resistência do rotor e do estator. É dimensionado o circuito do motor,

encontrando-se a impedância equivalente, bem como especificações dos IGBTs, supressores e

cabos, coletados a partir das informações dos fabricantes. Os circuitos de controle e potência são

analisados no software OrCAD® para a simulação do funcionamento do conversor de frequência,

em regime normal e exposto à sobretensão.

3.2 - SUPRESSÃO DE SOBRETENSÃO EM IGBTs

3.2.1 - SUPRESSÃO DE SOBRETENSÃO EM IGBTs EMPREGANDO DIODO ZENER

É utilizado para proteção contra sobretensão um diodo zener, que influencia diretamente a

tensão da porta do IGBT. Normalmente, tem-se um diodo zener com tensão VZ, mostrado na Fig.

3.1, ou vários diodos zener ligados em série com uma tensão VZ, mais baixa.

Fig. 3.1 - Circuito de proteção do IGBT com diodo zener [13].

Empregando um transistor bipolar no circuito de proteção, as perdas no diodo zener podem

ser, significativamente, reduzidas ou mesmo se tornarem desprezíveis. O circuito é mostrado na Fig.

3.2.

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40

Fig. 3.2 - Circuito de proteção do IGBT com diodo zener e transistor [13].

Quando a tensão VCE é maior que a tensão do diodo zener VZ, aparece uma corrente Ifb que

recarrega a capacidade da porta do IGBT ou reduz a sua taxa de descarga, que depende do valor de

resistência RGE. Na maioria das situações, a resistência Rfb é colocada em série com diodo zener, de

modo a ser possível ter um maior controle sobre a corrente Ifb [13]. Outra forma de proteção contra

transientes de tensão é através da aplicação do diodo TVS, conforme será detalhado a seguir.

3.2.2 - SUPRESSÃO DA SOBRETENSÃO EMPREGANDO DIODO TVS

Os equipamentos eletrônicos exigem proteções específicas contra transientes e surtos que

podem surgir no circuito. Um dispositivo vital para a proteção dos circuitos é o diodo TVS, que foi

desenvolvido, especialmente, para proteger os semicondutores contra sobretensões em regime

transitório. A forma de instalação no circuito é mostrada na Fig. 3.3

Fig. 3.3 - Circuito de proteção do IGBT com o diodo TVS [13].

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41

O diodo TVS deve dissipar a energia de um pulso de alta tensão ou de um trem de pulsos

(surto). Os pulsos são de curta duração e a energia deve ser convertida em calor em um espaço de

tempo muito pequeno e dissipada rapidamente, para que a temperatura não se eleve em um nível

que possa causar a destruição do componente [52]. Para especificação do diodo TVS, devem ser

consideradas as seguintes variáveis:

- tensão de ruptura (VBR): tensão que o diodo entra na condição de avalanche, ou seja, torna-se

condutor [52];

- tensão de trabalho inversa (VRWM): tensão reversa de trabalho, ela possui uma pequena diferença

em relação à anterior, sendo normalmente 20% menor que a tensão de ruptura [52];

- pico máximo de corrente (IPP): corrente máxima de um surto que o dispositivo pode suportar sem

que ocorram danos [52];

- máxima tensão de grampeamento (VCL): tensão máxima que aparece sobre o dispositivo, quando

esse está conduzindo a corrente máxima de surto [52].

A curva característica da corrente, em função da tensão, é mostrada na Fig. 3.4. O gráfico

mostra os parâmetros do diodo, sendo a corrente e tensão direta expressa por IF e VF

respectivamente.

Fig. 3.4 - Curva característica do diodo TVS [52].

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42

As variáveis mais importantes a serem determinadas na especificação do diodo TVS são a

tensão de início de condução, dada por VBR, e o valor máximo da corrente durante o pico do

transiente, dado por IPP [53]. Há disponíveis, no mercado, diodos TVS de alta potência de pico,

com valor de até 130 kW, fabricados pela empresa Microsemi [54].

Comparando-se as características do diodo zener e TVS se observa que existem diferenças

significativas entre os dois dispositivos. O diodo zener foi projetado para regularizar uma tensão de

estado estacionário [55], não sendo tão adequado para a proteção contra transientes de tensão,

devido à sua velocidade de resposta e sua potência de pico limitada [52]. Já o diodo TVS consegue

absorver uma grande energia de pico, devido à sua maior área de junção [52].

Projetados para suportar potências, que podem variar de 600 W a 130 kW, o diodo TVS

possui a forma unidirecional, aplicado em circuito de corrente contínua, ou bidirecional, utilizado

em circuito de corrente alternada. Apresentam alta confiabilidade, sendo aplicados na proteção de

circuitos eletrônicos nas áreas: militar, médica, telecomunicações, computacional e nas indústrias

aeronáutica e aeroespacial [54, 56].

O diodo supressor de surto foi projeto para suportar transientes subsequentes, que podem

acontecer durante um determinado período, sem que o componente apresente avaria. A Fig. 3.5

mostra o gráfico de um exemplo de transientes sucessivos. Uma grande quantidade de picos pode

acontecer, em períodos muito pequenos, da ordem de 1,5 segundos [56].

Fig. 3.5 - Transiente subsequente [56]

O diodo TVS é utilizado para a proteção dos circuitos eletrônicos de aeronaves, que é

composta por dezenas de milhares de componentes eletrônicos com funções críticas de navegação e

controle dos motores. Em média, uma aeronave é atingida duas vezes ao ano por descargas

atmosféricas, sendo fundamental a utilização de dispositivos confiáveis para evitar danos nos

circuitos eletrônicos. Em [55], é realizado um estudo sendo comparados sistemas supressores de

surto, no qual o diodo TVS se mostrou a proteção mais efetiva em relação a três diferentes

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43

tecnologias, entre essas o gás, o varistor e o polímero [55]. A simbologia utilizada pelo diodo

supressor do tipo bidirecional é mostrada na Fig. 3.6.

Fig. 3.6 - Símbolo do diodo supressor de surto bidirecional.

3.3 - DEFINIÇÃO DO PROJETO

O sistema definido para a proteção do conversor de frequência consiste na instalação de um

circuito supressor através de diodos TVS. Com a configuração mostrada na Fig. 3.7. Quando ocorre

um surto de tensão gerado pela queima de um motor elétrico, o transiente chega primeiro aos

IGBTs. A interligação do circuito supressor na saída do conversor de frequência é muito simples,

pois os terminais ficam expostos, não sendo necessária a desmontagem da carcaça do equipamento.

Fig. 3.7 - Circuito supressor proposto.

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44

Quando o conversor estiver em seu funcionamento normal, ou seja, sem curto-circuito fase-

fase, o supressor precisará apresentar alta impedância para a passagem de corrente. O valor de

tensão para o início da atuação do circuito supressor não pode ser muito alto, pois isso poderia não

proteger o conversor contra os surtos, tampouco muito próximo da tensão de trabalho, pois iria

gerar atuações desnecessárias.

Cada diodo supressor especificado para a proteção do circuito possui uma corrente máxima de

292 A, potência máxima de 130 kW e uma tensão para início de condução de 316 V. Para que o

circuito de diodo TVS apresentasse alta robustez, sendo capaz de proteger o IGBT, com alta

confiabilidade, foi feito um ramo com dois diodos TVS em série. Desta forma, o circuito começa a

atuar com uma sobretensão de 632 V, sendo este valor definido devido à possibilidade do sistema

elétrico funcionar com uma fase fechando curto-circuito para terra. Além disso, como é necessário

que o circuito tenha a capacidade de drenar um alto valor de corrente elétrica de curto-circuito, o

mesmo então foi elaborado com 53 ramos em paralelo.

3.4 - INFORMAÇÕES TÉCNICAS DO CIRCUITO

3.4.1 - CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR

O motor elétrico aplicado ao circuito do conversor de frequência possui a especificação

descrita na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Parâmetros do circuito equivalente.

Parâmetro Valor

Potência Nominal 10 CV

Corrente nominal 13,8 A

Tensão 480 V

Velocidade 1790 rpm

Carcaça 132S

Freio eletromagnético Sim

Ventilação forçada Sim

Os dados de indutância e resistência fornecidos pelo fabricante do motor são apresentados na

Tabela 3.2.

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45

Tabela 3.2 - Resistências e indutâncias do motor elétrico.

Parâmetro Valor

R1 1,7825 Ω

X1 4,6085 Ω

X2(S) 5,4396 Ω

R2(s) 1,0361 Ω

Rm 3447,9 Ω

jXm 138,455 Ω

s 0,022

Na Fig. 3.8, é mostrado o circuito equivalente do motor.

Fig. 3.8 - Circuito equivalente do motor de indução.

Substituindo-se os dados da Tabela 3.2 no circuito equivalente do motor e realizando sua

simplificação se obtém Z = 40,81+j22,39. Esse valor deve ser dividido por 16, considerando que

esse é o número de motores em paralelo, resultando em Z= 2,55+j1,39 para cada ramo. A reatância

indutiva é a parte imaginária e a resistência é a parte real. A equação utilizada para cálculo da

reatância indutiva é dada por:

2 . .LX f L (3.2)

sendo:

XL – reatância indutiva;

f – frequência;

L – indutância.

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46

Considerando que a frequência máxima do conversor está limitada em 50 Hz, devido aos

riscos operacionais. É calculada a indutância do motor substituindo-se os dados na equação (3.2),

encontrando uma indutância de 4,42 mH.

3.4.2 - CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DO CABO

Para o cálculo da resistência do condutor elétrico, é necessário avaliar seu material e a

distância entre o conversor e os terminais dos motores [57], dados por:

(3.2)

em que:

R – resistência do condutor elétrico em Ω;

ρ – resistividade do cobre, que é 81,72.10 Ω.m;

T – comprimento do condutor em metros;

A – área da seção transversal do condutor em 2m .

Para cálculo da resistência do cabo elétrico foi avaliado seu material que, neste caso, é o

cobre. Também foi verificada a distância entre o conversor e os terminais dos motores e, por meio

da equação (3.2) se calculou a resistência do cabo. Os dados do circuito são: Ω.m;

e . Portanto, a resistência do cabo elétrico entre o conversor e o motor é de

0,215 Ω e o indutor aplicado na saída do conversor de frequência é de 77 µH.

3.4.3 - INFORMAÇÕES DO IGBT

O modelo do IGBT informado pelo fabricante do conversor de frequência é o CM400HA-

24A, cujos dados nominais são:

- corrente máxima do coletor: 400 A;

- tensão máxima entre o coletor e o emissor (VCE): 1200 V;

- tensão máxima direta entre gatilho e emissor (VGE): 20 V;

- tensão máxima reversa entre gatilho e emissor (VGE): 20 V.

3.5 - SIMULAÇÃO INICIAL DE SUPRESSÃO DA SOBRETENSÃO EM IGBTS COM

DIODOS TVS

A simulação foi realizada no software OrCAD®, utilizando-se um circuito com três ramos

paralelos de IGBTs com uma alimentação através de V1 de 480 V e acionamento do gatilho por

meio da fonte controlada V3. Os indutores L1, L2 e L3 e os resistores R1, R2 e R3 representam a

indutância e a resistência do motor elétrico, respectivamente. As resistências R4, R5 e R6 e os

.TR

A

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capacitores C1, C2 e C3 formam a resistência e a capacitância do cabo elétrico, respectivamente.

Para simulação da sobretensão no circuito foi inserido o interruptor U1, que é fechado, causando um

transiente ao circuito no instante de 1,5 ms, interligando o circuito na fonte V4 de 6.000 V. Os

diodos TVS D1 a D24 possuem a função de supressão do transiente criado no circuito elétrico. O

circuito de simulação inicial é mostrado pela Fig. 3.9.

Fig. 3.9 - Circuito inicial utilizado para simulação [58].

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Foi simulada a sobretensão no circuito sem a atuação dos supressores, de modo que o valor da

tensão chegou a 5,8 kV após a comutação do interruptor U1. Este valor, provavelmente, causaria

uma avaria no conversor de frequência [58]. A Fig. 3.10 mostra a sobretensão ocorrendo entre 1,5

ms e 1,6 ms, considerando a tensão entre o coletor e emissor do IGBT 1.

Fig. 3.10 - Tensão entre o coletor e o emissor do IGBT 1 durante a sobretensão.

A segunda simulação foi realizada com a atuação dos supressores de surto, conforme a Fig.

3.11. Pode-se observar que entre 1,5 ms e 1,69 ms a tensão ficou limitada em 680 V. Houve uma

redução significativa nos valores de sobretensão entre o coletor e o emissor do IGBT, comparando-

se com a Fig. 3.10.

Fig. 3.11 - Tensão entre o coletor e o emissor do IGBT 1 com a atuação de supressores.

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49

A Fig. 3.12 mostra a potência dissipada nos diodos TVS, que durante a simulação foi de 10,78

kW, sendo que esse valor é inferior à potência nominal do diodo TVS de 130 kW. A sua alta

capacidade de dissipação de potência permite a proteção adequada do circuito, até mesmo diante de

surtos criados por descargas atmosféricas.

Fig. 3.12 - Potência do diodo TVS durante a supressão da sobretensão.

A simulação inicial, utilizando os diodos TVS, para a proteção de IGBTs alcançou o objetivo

esperado, que foi a implementação do circuito com a representação da impedância e a geração da

sobretensão sem a atuação dos supressores TVS, demonstrando que foi possível a simulação do

transiente no circuito. O circuito foi simulado, novamente, com os diodos supressores já

interligados, sendo o valor do transiente de tensão reduzido drasticamente, mantendo-se todas as

variáveis dos supressores nos limites nominais.

3.6 - SIMULAÇÃO DO SINAL SPWM

Na simulação da modulação do sinal SPWM (Sinusoidal Pulse Width Modulation), foi

utilizado, para cada braço do conversor, o circuito integrado SG1524B, que combina técnicas

avançadas na geração do sinal de referência [59]. Três braços são empregados no circuito, gerando-

se um sinal ajustável de tensão para as fases U, V e W.

Para se obter o sinal senoidal, no circuito de saída do conversor de frequência, foi interligada

no pino nove do componente SG1524B uma fonte de corrente alternada. Com a finalidade de se

evitar erros de simulação, foram conectados resistores e capacitores nos demais pinos [60],

conforme apresentado na Fig. 3.13.

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50

Fig. 3.13 - Circuito gerador do sinal SPWM

A Fig. 3.14 mostra o circuito utilizado para simular o sinal de sobretensão nos terminais do

IGBT. Basicamente, o circuito gerador de sobretensão é composto de uma fonte controlada, que

gera pulsos de até 20.000 V (V24), com tempos de subida e descida de 5 µs em um período de 30ms,

permanecendo ligado durante 10 ms. O circuito inicia o seu ciclo com 10 ms e o interruptor que

interliga com a fase do circuito do conversor de frequência é fechado em 30 ms.

Fig. 3.14 - Circuito gerador de sobretensão.

A simulação do circuito foi feita no software OrCAD® e na Fig. 3.15 é mostrado o circuito

que foi desenvolvido para acionamento de um braço do conversor de frequência, cuja função é a

geração do tempo morto.

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51

Os transistores Q10, Q11 e Q12 possuem a finalidade de amplificação do valor da tensão. O sinal que

sai do controlador é invertido por U15A, U16B e U17B, fornecendo nas saídas Q11 e Q12, que são sinais

complementares entre si.

Fig. 3.15 - Circuito de simulação do conversor de um braço.

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52

O circuito da Fig. 3.16 é alimentado de forma trifásica, através das fontes de alimentação V21,

V22 e V23. A tensão senoidal é retificada através dos diodos D46, D47, D48, D49, D50 e D51,

apresentando em sua saída um sinal de tensão pulsado.

O conversor é composto por seis IGBTs, representados na Fig. 3.16 por Z1, Z2, Z3, Z4, Z5 e Z6,

sendo empregado no circuito do conversor de frequência real o modelo CM400HA-24A. A saída

dos braços dos IGBTs alimenta os indutores L4, L5 e L6, que funcionam como filtros para redução

dos harmônicos, que melhoram a forma de onda senoidal, protegendo o conversor contra curtos na

carga e reduzem a temperatura e o ruído acústico do motor. Os indutores são utilizados quando o

comprimento do cabo entre o conversor e o motor é maior que 25 metros [61]. Os resistores R53, R54

e R55 são as resistências dos cabos de conexão entre o conversor de frequência e o motor. A

capacitância dos cabos elétricos do circuito real é muito pequena, não sendo possível a medição

através de um multímetro, sendo então desprezada. A indutância e a resistência do motor elétrico

são dadas em: L1, L2 e L3 e R51, R52 e R53, respectivamente.

A tensão pulsada passa pelo indutor L7, responsável pela redução na geração de harmônicas,

que podem influenciar em outros equipamentos eletrônicos, pois as componentes de alta frequência

podem entrar em ressonância com capacitores de correção de fator de potência e gerar a queima de

outros equipamentos do circuito elétrico, devido ao aumento inesperado da tensão. Esse

componente também protege o conversor de picos de tensão causados pela comutação de grandes

motores ou capacitores [61]. O capacitor C17 torna a forma de onda mais alisada, sendo este

componente também mostrado na Fig. 3.16.

Fig. 3.16 - Circuito de potência do conversor de frequência.

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53

O circuito do conversor de frequência trifásico possui três braços, representados na Fig. 3.17.

Cada controlador possui uma fonte ligada com um defasamento de 120° e uma amplitude de 0,8V,

que consiste na referência para geração de sinal do controlador.

Fig. 3.17 - Circuito de controle do conversor de frequência.

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54

A Fig. 3.18 apresenta o circuito supressor de surto com 53 ramos em paralelo, com uma

capacidade de corrente de curto-circuito similar à do painel real de 10 kA, por sua vez interligados

aos ramos dos braços com IGBTs. Em uma montagem física, essa ligação deve ser realizada de

forma externa ao conversor de frequência, em paralelo com a carga acionada. O cabo que interliga a

saída do conversor de frequência à terra necessita possuir a menor distância possível e um diâmetro

mínimo de 16 mm². Com essa concepção, o circuito apresentará menor impedância durante um

curto-circuito.

Fig. 3.18 - Circuito de supressão de surto do conversor de frequência.

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55

3.7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi escolhida a aplicação dos diodos TVS para proteção do circuito contra sobretensões, pois

esta solução se mostrou mais viável para proteção do circuito contra transientes em relação aos

outros dispositivos. Apresentaram-se as especificações técnicas dos componentes e do circuito, o

que possibilitou a realização dos cálculos do motor e do cabo. Para verificação da compatibilidade

da utilização de diodos TVS, na proteção de circuitos com conversores de frequência, foi feita uma

simulação inicial com IGBTs. Os resultados encontrados, no circuito inicial, são relevantes para o

avanço do trabalho. Utilizando-se o circuito de simulação completo elaborado neste capítulo, a

seguir são apresentados os resultados das simulações.

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56

CAPÍTULO 4

ANÁLISE DOS RESULTADOS DA SIMULAÇÃO

4.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este capítulo se destina a apresentar os resultados das simulações do circuito do

conversor de frequência implementado no software OrCAD®. Inicialmente, é simulado o

circuito em uma condição de funcionamento normal, sendo avaliadas as variáveis de corrente

e tensão em seus principais pontos. É feita uma nova simulação, na qual é inserido um

transiente de tensão, através do circuito gerador de sobretensão, sendo analisados seus efeitos

nos terminais do coletor e emissor dos IGBTs. Para o controle da sobretensão inserida, é

realizada uma nova simulação com a atuação do circuito supressor de diodo TVS e uma

avaliação do desempenho na atuação do circuito supressor, cujo objetivo é a redução da

tensão nos terminais dos IGBTs.

4.2 - SIMULAÇÃO COM O FUNCIONAMENTO NORMAL DO CONVERSOR

Na Fig. 4.1 são mostradas as correntes trifásicas no circuito dos motores, representada

por I(L1), I(L2) e I(L3). Os valores se encontram dentro das faixas nominais, com formato

senoidal e defasamento de 120°, a simulação foi realizada com uma frequência de

chaveamento de 1 kHz.

Fig. 4.1 - Correntes do sistema de alimentação.

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57

Na Fig. 4.2, é apresentada a forma de onda da tensão entre o coletor e o emissor para os

IGBTs Z1, Z2, Z3, Z4, Z5 e Z6 do conversor de frequência, utilizando modulação SPWM,

verificando-se a variação da razão cíclica, segundo um padrão senoidal.

Fig. 4.2 – Formas de ondas das tensões entre coletor e emissor para os IGBTs nos braços U, V e W do

conversor de frequência.

A Fig. 4.3 apresenta a tensão na saída do retificador do conversor de frequência, com

uma forma pulsada. Esta é a forma de onda esperada durante o funcionamento normal do

circuito neste ponto, a montante do filtro passa-baixa.

Fig. 4.3 - Tensão de saída CC do retificador.

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58

A Fig. 4.4 mostra a forma de onda da tensão no barramento CC do conversor de

frequência em regime permanente, não sendo observadas variações significativas nos valores

da tensão. O circuito de filtro alcançou o seu objetivo de alisamento da forma de onda

mostrada na Fig. 4.3.

Fig. 4.4 - Tensão de saída CC do retificador após o filtro passa-baixa.

A Fig. 4.5 mostra as tensões trifásicas na carga, que apresentam forma senoidal e

defasamento de 120°, com valores de pico de aproximadamente 165 V. No conversor de

frequência, a tensão é variável, aumentando de acordo com a velocidade selecionada.

Fig. 4.5 - Tensões nas fases de alimentação.

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59

O circuito supressor de surto deve apresentar uma alta impedância, quando o conversor

de frequência opera com as tensões dentro dos valores nominais. A Fig. 4.6, a Fig. 4.7 e a Fig.

4.8 mostram os valores de corrente nos diodos TVS nos braços U, V e W, respectivamente.

Pode-se observar que os valores são muito baixos e estão na faixa de mA. Assim, o circuito

supressor bloqueia a passagem de corrente durante o funcionamento normal do conversor de

frequência.

Fig. 4.6 - Corrente no ramo dos diodos TVS da fase U.

Fig. 4.7 - Corrente nos diodos TVS da fase V.

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60

Fig. 4.8 - Corrente nos diodos TVS da fase W.

A tensão entre os nós do ramo dos diodos TVS e a terra é mostrada na Fig. 4.9. Nota-se

que o circuito supressor em condições normais está funcionando, apresentando alta isolação.

Fig. 4.9 - Diferença de potencial entre o circuito e a terra.

4.3 - SIMULAÇÃO DA SOBRETENSÃO NO IGBT

A Fig. 4.10 mostra a tensão nos IGBTs. O valor da tensão dos IGBTs começa a sofrer

alterações em 30 ms, sendo que em 41 ms essa forma de onda alcançou um pico de 5,2 kV

nos IGBTs Z3 e Z6 do braço W. O valor da tensão entre o coletor e o emissor era de 340 V

antes da sobretensão. O propósito da criação do transiente no circuito é emular a sobretensão

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61

gerada nos terminais do IGBT durante o curto-circuito de fase e terra do motor na saída do

conversor de frequência. A simulação do circuito foi realizada sem a atuação do circuito

supressor. De acordo com a norma IEC 61800-5-1, as tensões de isolamento máximas

admissíveis para tensões de linha eficazes de 500 V avaliadas devem ser 1.700 V com picos

de 2.400 V [62]. Com a exposição a este valor de tensão, há uma grande probabilidade de

avaria no conversor de frequência do circuito estudado. Na Fig. 4.11 é mostrado o pico de

tensão nos IGBTs Z3 e Z6 do braço W de forma detalhada.

Fig. 4.10 - Sobretensão entre o coletor e o emissor dos IGBTs do conversor de frequência.

Fig. 4.11 – Visualização detalhada do pico de tensão nos IGBTs Z3 e Z6.

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62

A Fig. 4.12 mostra a corrente na saída do circuito retificador durante o curto-circuito, a

qual alcançou valores instantâneos de 2,6 kA. A Fig. 4.13 mostra a corrente na fase do

circuito do motor, que alcançou valores de aproximadamente 10,2 kA, sendo esse valor

próximo à corrente de curto-circuito real do painel, calculada pelo fabricante em 10 kA.

Fig. 4.12 - Corrente na saída do circuito retificador durante o curto-circuito.

Fig. 4.13 - Corrente de curto-circuito na fase do conversor de frequência.

4.4 - CORREÇÃO DA SOBRETENSÃO NO IGBT COM CIRCUITO SUPRESSOR

Na Fig. 4.14, é realizada, novamente, a simulação do circuito com a presença da

sobretensão, já com a atuação dos circuitos supressores. O valor máximo que a tensão entre o

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63

coletor e o emissor do IGBT atingiu foi de 950 V. A redução da sobretensão foi de 5,2 kV

para 950 V, mantendo-se os valores de sobretensão dentro dos requisitos mínimos da norma

IEC 61800-5-1, que prevê 1.700 V com picos de 2.400 V [62].

Fig. 4.14 - Correção da sobretensão nos terminais do IGBT.

Na Fig. 4.15, a parte inferior mostra a tensão entre o coletor e o emissor dos IGBTs e,

na parte superior se tem o instante em que o circuito supressor começa a conduzir em função

da ocorrência da sobretensão inserida no circuito, evidenciando que a redução do valor de

tensão é devida à atuação do circuito supressor.

Fig. 4.15 - Corrente do circuito supressor durante a correção da sobretensão e tensão entre coletor e

emissor nos IGBTs.

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64

A Fig. 4.16 mostra a visualização detalhada da corrente, constatando-se um

comportamento oscilatório amortecido, sendo que a duração do transiente simulado é de

aproximadamente 2,5 ms. O circuito supressor opera dentro dos valores nominais e a corrente

no diodo TVS alcança um valor máximo de 170 A. O valor nominal do diodo TVS aplicado é

de 292 A, respeitando-se então suas especificações.

Fig. 4.16 - Visão detalhada da corrente no diodo TVS durante a correção da sobretensão.

A potência no diodo TVS durante a sobretensão é mostrada na Fig. 4.17, sendo que seu

valor máximo de 43 kW é menor que a especificação nominal de 130 kW.

Fig. 4.17 - Potência no diodo TVS durante a correção da sobretensão.

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65

Foi analisado, também, se o circuito supressor iniciou sua condução com o valor de

tensão previsto. Na Fig. 4.18, é possível notar que a condução começou, exatamente, quando

a diferença de potencial atingiu 632 V. Apresenta-se, ainda, a corrente no diodo TVS, a qual

entrou em condução em 40 ms.

Fig. 4.18 - Tensão e corrente de um ramo de diodo TVS durante a operação do circuito supressor.

4.5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O circuito completo elaborado no OrCAD® foi simulado com o funcionamento sem a

presença de transiente de tensão, sendo que o comportamento das variáveis foi analisado. A

corrente na carga apresentou um valor abaixo da nominal, em função de não haver uma carga

acionada pelo circuito de motores. As tensões nos IGBTs apresentaram formato recortado

associado à modulação SPWM, com defasamento de 120°. O circuito supressor apresentou

alta impedância à passagem de corrente elétrica durante toda a simulação do conversor de

frequência sem sobretensão, conforme previsto.

O circuito gerador de sobretensão desempenhou seu papel inserindo um transiente no

circuito do conversor de frequência. A sobretensão gerada foi suprimida, pelo circuito dos

diodos TVS, sendo o valor da tensão inicial reduzido em 82%. As variáveis do circuito de

diodos TVS permaneceram dentro dos valores nominais durante a ocorrência da sobretensão,

mantendo robustez necessária para supressão do surto de tensão.

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66

CAPÍTULO 5

CONCLUSÃO GERAL

Este trabalho apresentou um problema crônico real de um conversor de frequência de grande

porte de uma mineradora. A partir das informações do circuito existente foi elaborado o circuito

Spice no software OrCAD® e simulado seu regime de funcionamento normal, sobre o transitório de

sobretensão e com a correção da sobretensão, através do supressor de surto com diodos TVS.

A análise dos trabalhos anteriores mostrou que, durante o curto-circuito da carga, não há

somente a elevação da corrente elétrica, mas ocorrem também oscilações nos valores da tensão. O

primeiro componente do conversor de frequência a receber esta oscilação é o IGBT, que apresenta

uma diferença de potencial entre o coletor e o emissor. Todo o circuito elétrico da retomadora foi

analisado com a finalidade de entendimento do sistema elétrico e identificação de suas

particularidades no acionamento da translação, no qual há a queima dos conversores de frequência.

No sistema de translação da máquina, a alimentação do conversor de frequência da

retomadora provém do mesmo transformador dos outros acionamentos de 480 V. O acionamento da

translação é o único sistema que trabalha em um regime mais agressivo, em que há a queima dos

motores elétricos. Consequentemente, também há a queima dos conversores de frequência, podendo

assim se afirmar que os conversores de frequência queimam em função da falha dos motores. O

comportamento adequado do conversor de frequência diante de eventos de queima dos motores é a

interrupção do circuito, através da atuação de sua proteção, sem apresentar danos ao seu isolamento.

A análise para a resolução do problema de surto de tensão do circuito foi realizada e foi

definido que a solução mais viável seria o desenvolvimento do projeto de um circuito supressor de

surto na saída do conversor. Contudo, o desenvolvimento deste projeto não é trivial, considerando a

necessidade da elaboração do circuito de controle e potência do conversor de frequência, cálculo da

resistência equivalente do circuito dos motores elétricos, modelagem do IGBT aplicado no

conversor de frequência, cálculo da impedância do cabo elétrico, especificação do sistema

supressor, modelagem Spice do diodo TVS e criação de um circuito capaz de introduzir a

sobretensão no circuito do conversor de frequência.

As principais variáveis consideradas no desenvolvimento do circuito supressor de surto com

diodos TVS são a tensão, a corrente e a potência. Foi necessário que o circuito supressor

apresentasse alta impedância à passagem da corrente elétrica durante o regime de funcionamento

normal do conversor de frequência e supressão da sobretensão durante a ocorrência de transientes,

com a capacidade suportar altos valores de corrente elétrica. Para isso, foi necessária a

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67

especificação da quantidade adequada de ramos para suportar os altos valores de corrente elétrica,

durante o curto-circuito.

O circuito do conversor de frequência implementado no ambiente Spice apresentou resultados

satisfatórios, pois reproduziu adequadamente a modulação SPWM, o transiente de tensão nos

terminais do coletor e emissor do IGBT e sua supressão através dos diodos TVS, mantendo os

valores máximos dentro dos limites previstos na norma aplicável.

O projeto do circuito supressor apresentou a vantagem de ter a possibilidade de ser utilizado

externamente ao driver, não sendo necessária a desmontagem do mesmo. Outras grandes vantagens

são: a sua ação rápida e a capacidade de dissipação de potência durante os curtos-circuitos, havendo

grande robustez durante a exposição aos altos valores de corrente elétrica e de transientes de tensão.

A principal contribuição deste trabalho consiste na análise de circuito de um problema crônico

real com a aplicação de uma solução diferente na saída do conversor de frequência. Este trabalho

abre possibilidades para diferentes linhas de estudos, tais como:

- montagem do circuito supressor e realização de testes, em laboratório, com conversor de

frequência e motor, analisando os resultados durante os curtos-circuitos da carga;

- simular a atuação dos supressores para diferentes formas de aterramento do circuito de

alimentação elétrica;

- analisar a atuação de outros tipos de supressores de surto;

- realizar testes de esforços, verificando a quantidade de surtos que o circuito supressor pode

resistir;

- desenvolver um circuito capaz de mostrar se o supressor está em atividade ou necessita ser

substituído;

- realizar testes variando-se o comprimento dos cabos de alimentação dos motores elétricos;

- realizar testes dos supressores variando-se a quantidade de cargas paralelas;

- realizar testes dos supressores variando-se a temperatura do ambiente.

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