dissertaÇÃo

Download DISSERTAÇÃO

If you can't read please download the document

Upload: zorzir

Post on 02-Jul-2015

2.292 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

ADALBERTO AMANCIO DE SOUZA CARACTERIZAO DA BACIA DO RIO IGUAU, A JUSANTE DO MUNICPIO DE RESERVA DO IGUAU, COMO REA DE DESCARGA DO AQFERO GUARANI. Dissertaoaserapresentadacomorequisito parcial obteno de grau de Mestre, Curso de Ps Graduao em Geologia Ambiental, Setor deCinciasdaTerra,UniversidadeFederaldo Paran. Orientador: Prof. Dr. Andr V.L. Bittencourt Co-orientador: Prof. Dr. Ernani F. da Rosa Filho. CURITIBA 2004SUMRIO AGRADECIMENTOS................................................................................................i RESUMO..................................................................................................................ii ABSTRACT.............................................................................................................iii 1INTRODUO...............................................................................................1 2OBJETIVO.....................................................................................................2 2.1Objetivos Especficos.....................................................................................2 2.2Hiptese.........................................................................................................3 3FISIOGRAFIA................................................................................................3 3.1Clima..............................................................................................................3 3.2Geomorfologia...............................................................................................4 3.3Hidrografia......................................................................................................8 3.4Solos............................................................................................................10 4GEOLOGIA REGIONAL..............................................................................12 4.1Aspectos Gerais...........................................................................................12 4.2Litoestratigrafia.............................................................................................16 4.2.1Formao Pirambia....................................................................................18 4.2.2Formao Botucatu......................................................................................18 4.2.3Formao Serra Geral..................................................................................19 4.3Histria Geolgica da Bacia do Paran.......................................................20 5HIDROGEOLOGIA......................................................................................21 5.1Sistema Aqfero Guarani............................................................................22 5.2Sistema Aqfero Serra Geral......................................................................27 6MATERIAIS E MTODOS...........................................................................29 6.1Obteno dos dados....................................................................................29 6.2Materiais.......................................................................................................30 6.3Metodologia..................................................................................................30 7APRESENTAO DOS RESULTADOS.....................................................32 7.1Caracterizao qumica das fontes estudadas............................................32 7.1.1Potencial Hidrogeninico - pH......................................................................33 7.1.2Bicarbonato/Carbonato................................................................................34 7.1.3Temperatura.................................................................................................35 7.1.4Cloreto..........................................................................................................36 7.1.5Sulfato..........................................................................................................36 7.1.6Clcio...........................................................................................................37 7.1.7Sdio............................................................................................................38 7.1.8Magnsio......................................................................................................39 7.1.9Flor.............................................................................................................39 7.2Diagrama de Piper/Stiff................................................................................40 7.3Anlises fsico-qumicas de guas derios....................................................41 7.4Correlao entre as fontes e os lineamentos estruturais.............................44 8DISCUSSO DOS RESULTADOS.............................................................44 9CONCLUSO..............................................................................................48 10RECOMENDAES....................................................................................51 ANEXOS ANEXO I Tabela 01. Relacionando todas as fontes mapeadas na rea de estudo. Tabela02.RelacionandoospontosondeforamamostradososriosIguaue Chopim. Tabela 03. Mostrando os resultados de parmetros medidos em campo, de alguns rios da Bacia do Rio Iguau. Tabela 04. Mostrando a planilha de dados hidrogeoqumicos das microbacias. ANEXO II FIGURA 02. Mapa da precipitao anual na rea de estudo. FIGURA 05. Mapa pedolgico da rea de estudo. FIGURA 08. Mapa de distribuio dos pontos amostrados. FIGURA 09. Mapa Hipsomtrico. FIGURA 10. Mapa de distribuio das microbacias. FIGURA 11. Mapa de distribuio do clcio nas microbacias. FIGURA 12. Mapa de distribuio do cloreto nas microbacias. FIGURA 13. Mapa de distribuio da condutividade nas microbacias. FIGURA 14. Mapa de distribuio do flor nas microbacias. FIGURA 15. Mapa de distribuio do magnsio nas microbacias. FIGURA 16. Mapa de distribuio do potssio nas microbacias. FIGURA 17. Mapa de distribuio do pH nas microbacias. FIGURA 18. Mapa de distribuio do sdio nas microbacias. FIGURA 19. Mapa de distribuio do sulfato nas microbacias. FIGURA 20. Carta imagem Landsat TM5. FIGURA 23. Mapa de lineamentos. FIGURA24.MapaesquemticodaszonasderecargaedescargadoAqfero Guarani. ANEXO III Fotos de algumas fontes termais da rea de estudo. i AGRADECIMENTOS AosProfessoresDoutoresAndrVirmond Lima Bittencourt, Ernani Francisco da RosaFilhoePauloCsarSoarespelainestimvelcontribuioaomeu desenvolvimento cientfico. AoGelogoMSc.EduardoChemasHindi,doLaboratriodePesquisas HidrogeolgicasdaUFPR(LPH),porcompartilharseuconhecimentoprticode hidrogeologia, motivao e frutferas discusses. SANEPAR(USHG)CompanhiadeSaneamentodoParanUnidadede ServiosdeHidrogeologia,portornarpossvelessemestrado,contribuindocomos custos das campanhas de campo e das anlises laboratoriais, Aoscolegasdetrabalho,JooH.Pereira,JuremaFeltrim,MarcosJ.Guarda, Carla R. Soares Lima e Arlineu Ribas pelas mais diversas contribuies. Ao colega Gelogo MSc. Luiz Fornazzari Neto, pela contribuio na interpretao ediscussodosdados,auxlionaoperaodossoftwaresecorreodecaptulos dessa dissertao. minha famlia, por compreender as minhas ausncias. iiRESUMO Opresentetrabalhotevecomoobjetodeestudoumareacom260km2situadana baciadorioIguau,maisespecificamentenoMdioIguau.Estdelimitadaaleste pelosmunicpiosdePinhoeGuarapuavaeaoestepeloRioCapanema.Essarea estinseridanoTerceiroPlanaltoParanaenseondeafloramasrochas magmticasda FormaoSerraGeral,caracterizadapelapresenadebasaltosalcalinos,basaltos toleticos,andesitos,latiandesitoseriolitos,querecobremosarenitosdasformaes BotucatuePirambia.Asprincipaisfeiesestruturaisdareasooslineamentos PQ-1ePT-2(ambosnadireoN60W),GoioximeMdioParan(ambosnadireo N25E). Esses lineamentos esto relacionados aos sistemas de falhamentos Rio Piquiri Cndido de Abreu/Campo Mouro (NW) e Jacutinga Taxaquara (NE). Registra-se a ocorrnciadenovesurgnciasnaturaisdeguastermaisnessarea.Asmais conhecidassoSantaClaraeSoFrancisco,ambaslocalizadasnomunicpiode CandieTermasdeSulinaeguasdeVer,localizadasnosmunicpioshomnimos. Essas surgncias ocorrem em altitudes que variam de 397 a 745 m, produzindo guas comtemperaturasentre26,7e36,5C,dostiposbicarbonatadas-sdicas, bicarbonatadas-mistasecloretadas-sdicas.Porestaremlocalizadasemrochasda FormaoSerraGeral,eradeseesperarguasbicarbonatadas-ccicasa bicarbonatadas-clcicas-magnesianas e temperaturas de surgncia em torno de 21 C. Essascaractersticasqumicasetermaisindicamqueessasguasestorelacionadas aoAqferoGuaraniequeessasocorrnciasdefinemumareadedescargadesse aqfero.Pode-senotarclaramenteumadiferenciaoqumicaetermalentreessas surgncias quando se observa a sua distribuio geogrfica. As surgncias localizadas namargemdireitadoRioIguauproduzemguascomtemperaturasmenores(26,7a 28,9C)dotipobicarbonatadassdicas,jaslocalizadasnamargemesquerda produzemguascomtemperaturasmaiselevadas(31,6a36.5C),tambm bicarbonatadas-sdicas,pormcomteoresmaioresdecloretosesulfatos.Ovolume totalproduzidopeladescargadessasfontesde100m3/h.Essevolumeno representativoquandocomparadoaovolumetotalestimadoparaoAqferoGuarani (4,6x105 m3/h). No entanto, o desnvel piezomtrico de 348 metros entre as surgncias de Santa Clara e Sulina, distantes 75 km uma da outra, indica a existncia de alvio de pressonoAqferoGuaranidaordemde35kg/cm2.Essefatossejustificapela descargadesignificativosvolumesdeguaatravsdesurgnciasepoostubulares. Para uma melhor quantificao do volume de gua extravasado do aqfero nessa zona dedescarga,sugere-seaaplicaodeoutrosmtodos,taiscomo,balanohdricode bacias ou perfis trmicos das drenagens superficiais da rea. Palavras-chave:fontestermais,AqferoGuarani,FormaoBotucatu,baciadorio Iguau iiiABSTRACT Thestudyareawith26.000km2islocatedintheIguauRiverbasin,specificallyonits mediumportion.Itisis limited by the municipalities of Pinho and Guarapuava at East andbytheCapanemaRiveratWest.TheareaisincludedintheThirdParanaense Plateau where outcrop the magmatic rocks from Serra Geral Formation. This formation ischaracterizedbyalkalinebasalts,tholeiiticbasalts,andesites,latiandesitesand rhyolites that cover the sandstones from Botucatu and Pirambia Formations. The main structural features are the lineaments PQ-1 and PT-2 (both striking N60W); Goioxim and MdioParan(bothstrikingN25E).TheselineamentsarerelatedtotheRioPiquiri Cndido de Abreu/Campo Mouro (NW) e Jacutinga Taxaquara (NE) faulting systems. Itwasrecordedtheoccurrenceofninethermalspringsinthestudyarea.Thebetter knownspringsamongthenareSantaClaraandSoFranciscospringslocatedinthe municipalityofCandiandTermasdeSulinaandTermasdeVer,locatedinthe homonimousmunicipalities.Thesespringsareplacedinaltitudesrangingfrom397to 745 m. The main water types are Na-HCO3, Na-Cl, and mixtures of these two types. The watertemperatureatthesurgencerangesfrom26,7e36,5C.Asthesespringsflow from Serra Geral formation rocks, it was expected to be Ca-HCO3 or Ca-Mg-HCO3 water typesandthewatertemperatureaveragearound21C.Theobservedchemicaland thermal characteristics indicate that these waters are related to the Guarani Aquifer that comprisesthePirambiaandBotucatuFormations,andthewholeareacanbe considered as a Guarany Aquifer discharge zone. The chemical and thermal differences of these springs are clearly noted by their geographic position. The springs placed in the rightbankoftheIguauRiverhavelowerwatertemperatures(26,7-28,9C)andare Na-HCO3 type, whereas the ones placed in the left bank have higher temperatures (31,6 -36.5C)and,althoughareNa-HCO3type,theyshowedhigherchlorideandsulphate contents. The total discharge rate of these springs is 100 m3/h. This discharge rate is not relevantwhencomparedwiththeestimatedGuaraniAquiferdischargerate(4,6x105 m3/h).Nevertheless,the348mdifferenceoflevelbetween the Santa Clara and Sulina springs,75kmapart,representsanhydraulicpressurerelieveinsidetheGuarani Aquifer on the order of 35 Kg/cm2. This can be explained only by the discharge of great volumesofwaterthroughspringsanddeepwells.Forabetterwateroutflow quantificationinthedischargezoneitissuggestedtheuseofmethodslikewater balance or thermal profiling along the surface drainage that cross the study area. Keywords: thermal springs, Guarani Aquifer, Botucatu Formation, Iguau River basin 1 1.INTRODUO OsistemaaqferoGuaraniconstitui-senumgrandereservatriodegua subterrnea,atingindoumaextensareanaporocentrolestedaAmricadoSul, permeandoosterritriosdoBrasil,Argentina,ParaguaieUruguai.SegundoRocha (1997),oreferidoaqferopossuiumvolumedeguaaproveitvelnaordemde40 Km3/ano,oquerepresentaumvolume30vezessuperiordemandadapopulao assentada em sua rea de ocorrncia. A sua explorao sistemtica teve incio a partir da dcada de 70, principalmente no EstadodeSoPaulo,atravsdaperfuraodepoostubularesprofundos,utilizando as tcnicas empregadas na explorao de petrleo. Atualmente existem poos com at 1.600 m de profundidade, num universo de mais de 2.000 poos em toda a extenso da BaciadoParan.EspecificamentenoEstadodoParan,ospoosexistentesem operaoencontram-se,nasuamaioria,prximossreasderecarga.Asobras executadasemsituaesdegrandeconfinamento(acimade500metros),resultaram empoosqueproduziramguasimprpriasaoconsumohumano.Noanode2001 foram executados dois poos em Ibipor (cidade distante cerca de 15 km de Londrina) com profundidade aproximada de 560 m, cuja produo, surgente, de 360 e 780 m3/h. Segundoinformaesnopublicadas,fornecidaspelaSuperintendnciade DesenvolvimentodeRecursosHdricoseSaneamentoAmbiental(SUDERHSA),a qualidadedaguadessesdois poos atende aos parmetros de potabilidade (Portaria 518/2004doMinistriodaSade).Noanode2002aSanepar(Companhiade SaneamentodoEstadodoParan)contratouaperfuraodeumpooemLondrina, com523metrosdeprofundidade,ondefoiobtidoumresultadoexcelente.Avazode surgncia foi de 550 m3/h, e a qualidade da gua dentro dos parmetros de potabilidade (Portaria518/2004doMinistriodaSade).Noanode2003aSaneparcontratouum outro poo, tambm em Londrina, com 926 metros de profundidade, resultando em um poocomumavazosurgentede150m3/hequalidadedentrodospadresde potabilidade. 2 UmfatobastantecomumobservadoeminmerospoosperfuradosnoAqfero Serra Geral, a presena de guas com uma tipologia qumica Bicarbonatada Sdica. Estudos realizados por BITTENCOURT(1978; 1996), FRAGA (1986) e ROSA FILHO et al.(1987)relacionaramofciesdeguasbicarbonatadassdicasencontradasno AqferoSerraGeralaumapossvelconexoentreesseeoAqfero Botucatu/Pirambia.AsprincipaiscaractersticasqumicasdasguasdoAqfero Guarani,emregiesdefrancoconfinamento,soabaixarelao entre clcio e sdio, pH alcalino, e temperaturas elevadas (acima de 26 oC).AinterconexoentreosSistemasAqferosSerraGeraleGuaranipodeser observadanaBaciadoRioIguau,ajusantedoMunicpiodeReservadoIguau. Nessareasonotadasvriasfontestermaisproduzindoguasclassificadascomo Bicarbonatadas Sdicas, cujas temperaturas esto acima de 26 oC 2.OBJETIVO Opresentetrabalhotemporobjetivogeralidentificarecaracterizaratipologia qumicadassurgnciastermaisexistentesnaBaciadoRioIguau,ajusantedo municpio de Reserva do Iguau. 2.1OBJETIVOS ESPECFICOS Os objetivos especficos desse trabalho so: Fazer o levantamento de todas as surgncias termais existentes na Bacia do Rio Iguau a jusante do municpio de Reserva do Iguau; Realizaranlisesfsico-qumicasdasguasdessassurgncias caracterizandoassuastipologiasqumicas,bemcomoassuas respectivas temperaturas in situ; Medir a vazo de descarga de cada uma dessas surgncias; Identificar o controle estrutural de cada uma dessas surgncias; 3 Identificar possveis influncias dessas surgncias nas guas de superfcie atravs de anlises fsico-qumicas de guas de rios. 2.2.HIPTESE AocorrnciadeinmerasfontestermaisnaBaciadoRioIguau,ajusantedo municpiodeReservadoIguau,sugereaexistnciadeumazonadesurgnciade guasdoAqferoGuaraninessaregio.Aidentificaodatipologiaqumica,da temperatura,docontroleestruturaleaquantificaodadescargadessassurgncias, podemdarsubsdiosparaacaracterizaodessaregiocomoreadedescargado Aqfero Guarani. 3.FISIOGRAFIA Nesseitemserapresentadaumadescriodascaractersticasfisioclimticasdo 3o Planalto Paranaense, rea onde est inserido o presente estudo. 3.1CLIMA De uma forma geral, aceita pela comunidade cientfica que o clima e a cobertura vegetal natural de uma regio coexistem num estado de equilbrio dinmico. A alterao desseestadodeequilbriodeterminadaporcomplexasinteraesqueocorremna atmosferaenainterfacedessacomasuperfcieterrestre.Aclassificaoou delimitaodezonasclimticaslevaemcontafatoresrelacionadossestaesde iluminao, temperatura e pluviosidade durante o ano. MAACK(1968),suplementandoosparmetrosdedelimitaesmeteorolgicas, apresentadosporKOEPPEN(1918;1936),SistemasdeClassificaodeKoeppen, elaborou, inicialmente, um mapa climtico para o Estado do Paran. Embora o sistema declassificaodeKoeppensejaestruturalmentesimples,permiteumadelimitao inequvocadasregiesclimticasdoEstado.Essemapafoiredefinidoporoutros pesquisadores,atravsdainterpretaoeavaliaodesriestemporais 4 hidrometeorolgicasmaisabrangentes.Assim,foipossvelsermelhorquantificadaa variabilidade natural do ciclo hidrolgico. Atravsdosdadospluviomtricosdisponveisedasmdiasdetemperaturas estimadasporPINTO&ALFONSI(1974),emfunodaaltitudeelatitude,GODOY& CORRA(1974)identificaram,paraaregioemestudo,ostiposclimticosCfae Cfb, sendo: C - clima mesotrmico (temperatura mdia do ms mais frio abaixo de 18oC). Cf- clima subtropical mido sem estao seca. Cfa - com vero quente; (a)- temperatura do ms mais quente acima de 22oC. Cfb com vero fresco; (b)- temperatura do ms mais quente abaixo de 22oC. Amaiorpartedo3oPlanaltorepresentadopeloclimaCfa.Esseclimaabrange as reas que se estendem s margens dos rios Paranapanema e Paran, at os limites dessasreascomasregiesealtitudessituadasentre600e800metros. Caracterizam-seporapresentarumclimasubtropicalmido,mesotrmico,comvero quente,semestaosecanoinvernobemdefinidaegeadasmenosfreqentes.O restantedarea,queabrangeasregiesserranasedesuperfciedeplanalto, caracteriza-seporapresentarestaesdeveroamenosechuvosostodososanos, sendo, portanto, de tipo Cfb (Figura 01). SegundoNERYetal.(1995),aprecipitaopluviomtricanoEstadodoParan maisintensanolitoral,eissoocorrenosmesesdejaneiro,fevereiroemaro.Jna parte continental, na direo oeste, a maior concentrao das chuvas ocorre nos meses denovembro,dezembroejaneiro.SegundodadosdaSUDERHSA(1998),a precipitao na regio varia entre 1.700 e 2.500 mm (Figura 02). 5 3.2GEOMORFOLOGIA OrelevodoEstadodoParanprofundamentemarcadoporlineamentos orogrficosetraosdedrenagens,representadoporumasriedeplanaltos.Esse carter fisiogrfico originado por movimentos tectnicos e epirognicos. Figura 01 - Principais zonas climticas do Estado do Paran (ITCF, 1987; Corra et al., 1994), apud LICHT (2001). Areadeinteressedessetrabalhoestsituadano3oPlanaltoParanaense (MAACK,1968),correspondendoesse,segundoALMEIDA(1964),Provnciado Planalto Ocidental (Figura 03). Aslinhas orogrficas principais do 3o Planalto Paranaense so formadas, em suas maiores extenses, por escarpas de estratos e planaltos que declinam suavemente nas direesoesteenoroeste(MAACK,1968).Essasfeiesgeomorfolgicasso delimitadas pelos divisores de gua dos principais traos de drenagens: Rio Tibagi, Rio 7.550.0007.500.0007.400.0007.300.0007.200.0007.100.0007.000.000130.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000Santa CatarinaMato Grosso do SulParaguaiArgentinaOceanoAtlnticoSo PauloUTM Norte (m)UTM Leste (m)0 40 80 120 160 kmNCfaCfbAfrea de estudo 6 Iva, Rio Piquiri e Rio Iguau. De conformidade com esse condicionamento estrutural, o 3o Planalto Paranaense dividido nas seguintes regies geogrficas naturais: A.Planalto de Cambar e So Jernimo da Serra regio que se estende entre osriosTibagieItarar.relativamentebaixaeesculpida em plats isolados e mesetas pelos rios das Cinzas, Laranjinha e Congonhas. A poro mais elevada doplatsitua-sea1.150metrosdealtitude,decrescendoat300metros,em direo calha do Rio Paranapanema. B.PlanaltodeApucaranaconstituioextensoblocosetentrionaldoTerceiro PlanaltoParanaense.AbrangeaBaciadoRioIvaegrandepartedoRio Paranapanema.Daescarpadoplanalto,emdireoaoRioParanapanema, declina numa extenso de 150 Km, de 1.125 metros de altitude para 290 metros. Paraoeste,numaextensode240Km,ascotastopogrficascaem acentuadamente,atingindo,juntosmargensdoRioParan,235metrosde altitude. C.PlanaltodeCampoMouroconstituiaregiosituadaentreosriosIvae Piquiri. separada da poro meridional do 3o Planalto Paranaense pelos vales dosriosTurvo,CachoeiraeMarrecas.Amdiadascotastopogrficasda ordemde650metros.JuntoescarpadaSerrada Boa esperana ocorrem as maiores altitudes (1.150 metros), que declinam, num percurso de 265 Km, junto ao Rio Paran, at cotas de 225 metros de altitude. D.PlanaltodeGuarapuavaconstituiaporomeridionaldo3oPlanalto Paranaense.AbrangeareasituadaentreosriosPiquirieIguau.Junto escarpa da Serra da Boa Esperana, as reas alcanam cotas de 1.250 metros dealtitude, pendendopara 350 metros at a Serra do Boi Preto/So Francisco. ApartirdesseltimoacidentetopogrficonareacorrespondenteaoBaixo Iguau,odeclniotopogrficoacentua-seaindamais,atingindo197metrosde altitude.SegundoMAACK (1968), a base do Cnion do Rio Iguau encontra-se entre 45 e 49 metros acima do nvel do mar. E.PlanaltodePalmasessareapertenceaoplanodedeclivedoPlanalto Basltico de Santa Catarina. Constitui, no Estado do Paran, a poro norte do 7 divisordeguasIguau/Uruguai.Nessedomnio,observa-sequearupturade declive cai de 1.150 metros, junto escarpa do planalto, para 700 a 300 metros no vale do Rio Iguau (Fig. 03). Figura03-Provnciasgeolgico-geomorfolgicasdoEstadodoParan(Maack,1968),apud LICHT (2002). Nombitoregional,o3oPlanaltoParanaenselimita-sealestepelaescarpa Trissico-Jurssica, formada pelos arenitos da Formao Botucatu e Pirambia e pelas rochasgneasdaFormaoSerraGeral.Geomorfologicamentetrata-sedeuma escarpasinuosa,formadaporumaintensaatuaoerosivadabordadoplanalto arentico-rochasgneas.Localmente,hrecuosdaescarpadaordemdealguns quilmetros,asvezesrebaixadaeseccionadaporriosconseqentes,quese apresentam como gargalo de amplas reas afuniladas. Feiesmenores,prximasoujuntoreadedelimitaodo2oe3oPlanaltos, estorelacionadasscaractersticasdiagenticasdasFormaesBotucatue 7.550.0007.500.0007. 400.0007. 300.0007.200.0007. 100.0007.000.000130.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000Santa CatarinaMato Grosso do SulParaguaiArgentinaOceanoAtlnticoSo PauloUTM Norte (m)UTM Leste (m)TerceiroPlanaltoSegundoPlanaltoPrimeiroPlanaltoPlancieLitorneaBit uru na0 40 80 120 160 kmNProvncias geomorfolgi casPlancie LitorneaPrimeiro PlanaltoSegundo PlanaltoTerceiro Planalt orea de estudo(A, B,C,De E)CBDEA 8 Pirambia,eaocondicionamentogeoestruturaldasrochasgneasdaFormaoSerra Geral.Noprimeirocaso,haformaodemesetaspelosarenitosBotucatuque, ocasionalmente, esto sobrepostos pelas rochas gneas, destacando-se na topografia e constituindo verdadeiros morros testemunhos. No segundo caso, as rupturas de declive esto relacionadas aos contatos entre derrames e/ou a intercalaes arenticas. O topo dos patamares forma, s vezes, largas superfcies abauladas que, porm terminam em encostasdeacentuadodeclivesobrevalesprincipais,fortementeencaixado(FRAGA, 1986). Nasreasmaisdistantesdalinhadeescarpado3oPlanalto,principalmenteem grandepartedasbaciasdosriosPiquirieIva,hvariaesnotveisdostiposde relevos sobre a mesma unidade geolgica. Em que pese o marcante controle estrutural elitoestratigrficodasrochasgneas, com drenagens fortemente encaixadas, observa-seque,emborapossamocorrerdesdemorrosatamplascolinasnareadasrochas gneas,orelevotorna-semaisuniforme,expondovastasreasdeterraroxa.H formaoderelevoscomcolinasbaixasemuitoamplas,comvalesalgoencaixados, que abrigam numerosos afluentes (FRAGA, 1986). NaporonoroestedoEstadodoParanocorremosarenitosdoGrupoCaiu (FERNANDES,1992),recobrindoasrochasgneasdaFormaoSerraGeral.Nesta regioocorreumpanoramadecolinasamplasdebaixadeclividade,toposextensos, ligeiramente arredondados e aplainados. As quebras de relevo ficam a cargo do contato comaslitologiasdaFormaoSerraGeral.Asporesbaixasdasdrenagensso ocupadaspelasrochasgneas,dandoorigemavalesmaisngremes,semplancies aluvionaresdegrandeexpresso.SegundoMAACK(1968),essareadecontornodo GrupoCaiu,ondeorelevomaissuave,sugereumasuperfcieerosivacenozica, possivelmente desenvolvida sob clima semi-rido. 3.3HIDROGRAFIA OcomplexohidrogrficodoEstadodoParanabrangedoisgrandessistemas:a BaciaAtlntica,cujarearepresentaapenas7,3%doterritrioparanaenseeaBacia do Rio Paran. Os cursos dos rios dessa bacia hidrogrfica penetram para o interior do 9 continente formando o complexo hidrogrfico da Bacia do Rio da Prata, que desgua no Oceano Atlntico. A rea de estudo faz parte do complexo hidrogrfico do Rio Paran, abrangendo grande parte da sub-bacia do Iguau (Figura 04). OscursosdeguademaiordestaquedocomplexohidrogrficodoRio Paran/Paranapanema,Tibagi,Piquiri,IvaeIguau,soriosantigosquecruzamas escarpaslimtrofesdo2oe3oPlanaltosParanaenses,emvalesderupturas. Normalmente,aslinhasdequedadessesriossorejuvenescidaspormeiode levantamentosepirogenticos(MAACK,1968).Odelineamentoemaltiplanos escalonados,formandosucessivosdegraus,representadospelaslinhasdeescarpa, determina a ocorrncia de saltos e corredeiras, que constituem aspectos caractersticos no maior nmero de cursos de gua do complexo hidrogrfico do Rio Paran.De maneira geral, esses rios possuem sentido de escoamento para oeste, noroeste ounorte,condicionadosfortementeaoaspectoestruturalrefletidosobreasrochasda FormaoSerrageral.ParaSOARES(1981),opadrodedrenagemerelevo,pode definir o arcabouo estrutural regional. Figura 04 - As cinco macro-bacias hidrogrficas do Estado do Paran (LICHT, 2001). 7.550.0007.500.0007.400.0007.300.0007.200.0007.100.0007.000.000130.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000Santa CatarinaMato Grosso do SulParaguaiArgentinaOceanoAtlnticoSo PauloUTM Norte (m)UTM Leste (m)PiquiriTibagiRibeira-LitoralB itu run aIvaIgua0 40 80 120 160 kmNMacrobacias hidrogrficasIguaIvaPiquiriRibeira-LitoralTibagirea de estudo10 3.4SOLOS SegundoMAACK(1968),asrochaseruptivasdo3PlanaltoParanaense, influenciadaspeloclimadoQuaternrio,originaramsolospredominantemente laterticos, dentre eles solos argilosos de cor avermelhada, muito coesos, denominados deterraroxa.Tratam-sedesoloscidos,compHentre4,2e4,5,erelativamente estreis,atestandoainflunciadeclimassemiridosdoTercirioePleistoceno. SegundoLARACHetal.(1984),essessoloscompreendemduasunidadesprincipais, sendo a primeira caracterizada por um horizonte B latosslico ou terra roxa legtima, e a segunda caracterizada por um horizonte B textural ou terra roxa estruturada. ConformeGALLO&SINELLI(1980),emestudosrealizadosnaregiodeRibeiro PretoSP,amaiorpartedasrochasgneasdessaregioconstitudaporminerais relativamenteinstveis,taiscomofeldspatos,biotitas,anfiblios,piroxnios, muscovitas, sobre as quais a ao do clima tropical pode gerar solos espessos. MONIZ (1967)apudGALLO&SINELLI(1980),definiuquenafraoargilosadosolo (horizontes A e B), o predomnio do argilo mineral caulinita (30 a 46%), seguido pela alofana(23a30%),pelasmicas(15a20%)egibsita(8a10%).NohorizonteC,a presenadacaulinitadecrescepara21%,gibsitapara1%eailitaatingindo55%. GALLO & SINELLI (1980), com base no princpio de que a maior parte dos minerais das rochas gneas bsicas se alteram para minerais dogrupo das argilas, elaboraram uma seqncia de minerais neoformados, conforme segue: Feldspatos leucita, vermiculita, montmorilonita, caulinita e gibsita: Biotitas clorita, vermiculita, montmorilonita,caulinita, gibsita (?), e goetita: Anfiblios e Piroxnios clorita, vermiculita, caolinita e goetita: Muscovitas vermiculita, montmorilonita e caolinita (?). ESPNDOLAetal.(1994),analisaramosestgiosiniciaisdealteraodasrochas baslticasnaregiodeBarrabonitaJaSP,identificandobasaltosdeesfoliao esferoidal,basaltosdacrostaaderenteebasaltofrivelcinza.Nosprimeiros,os 11 argilomineraisqueocorremsoahaloisitaeceladonita,umamisturademetaloisitae esmectitia.Aargilaextradadosbasaltosdecrostaaderenterevelouapresenade gibsita,goetita,caulinita,haloisitaemontmorilonita.Aanlisedaargilaextradado basalto frivel cinza evidenciou a presena de caulinita e montmorilonita associadas a goetita,bemcomohematitaemagnetita.Nesseltimocasobasaltofrivelcinza aparece a cristobalita, no presente nos dois primeiros tipos de alterao de basalto. Segundo LARACH et al.(1984), os solos derivados das rochas efusivas ocorrem da seguinte forma: A.PlanaltodeCambareSoJernimodaSerraLatossoloRoxoEutrfico, TerraRoxaEstruturadaEutrfica,BrunizemAvermelhadoeSolosLitlicos Eutrficos, em clima tropical; B.PlanaltodeApucaranaLatossoloRoxoDistrficoeEutrfico,TerraRoxa EstruturadaEutrfica,BrunizemAvermelhadoeSolosLitlicosEutrficos,em clima tropical; C.Planalto de Campo Mouro Latossolo Roxo lico, Distrfico e algumas vezes Eutrfico, esse em clima tropical e os primeiros em clima tropical ou subtropical, TerraRoxaEstruturadaEutrficaeDistrfica,BrunizemAvermelhadoeSolos Litlicos Eutrficos, podendo ocorrer tanto em clima tropical como subtropical. D.Planalto de Guarapuava Latossolo Roxo Eutrfico, Distrfico e lico em clima tropicalousubtropical,LatossoloBrunolicoemclimasubtropical,TerraRoxa EstruturadaEutrfica,Distrficaelica,tantoemclimasubtropicalcomoem tropical.TerraBrunaEstruturadalicaemclimasubtropical,Brunizem Avermelhado,SolosLitlicosEurficos,DistrficoselicoseCambissolo Eutrfico, Distrfico e lico, em clima subtropical ou tropical; E.Planalto de Palmas Latossolo Roxo Distrfico e lico. Terra Roxa estruturada Eutrfica,Distrficaelica,LatossoloBrunolico,TerraBrunaEstruturada Distrficaelica,CambissoloEutrfico,DistrficoelicoeSolosLitlicos Eutrficos, Distrficos e licos, todos em clima subtropical. 12 F.RegiodoArenitoCaiuFazendoparte,principalmente,dosPlanaltosde ApucaranaeCampoMouro,aregiodosarenitosdoGrupoCaiu,naparte noroestedoEstado,caracterizadapelapresenadoLatossoloVermelho EscuroDistrficolico,detexturamdiaouargilosaedoPodzlicoVermelho AmareloEutrfico,abruptoounoabrupto,nosendorara,entretanto,a ocorrnciadessasmesmasunidadesdesolocomcarterDistrficooumesmo lico (Figura 05). 4.GEOLOGIA REGIONAL 4.1ASPECTOS GERAIS A rea de estudo, em termos geolgicos, faz parte da Bacia do Paran. Nesse contexto,antesdeabordarosaspectoscronoestratigrficoselitoestruturaisda seqncia aflorante nessa rea, julgou-se importante abordar os aspectos gerais, onde sero contempladas a classificao, a configurao, a idade e a evoluo dessa bacia. Nesse captulo, nfase ser dada aos aspectos estruturais. A integrao desses aspectos com informaes sobre a potenciometria do Sistema Aqfero Guarani aliadas scaractersticasfsico-qumicasdasfontestermaisanalisadaspermitirocaracterizar o trecho mdio da Bacia do Rio Iguau como rea de descarga desse aqfero. SegundoZALNetal.(1987),aBaciadoParan,latusensu,umavasta BaciaIntracratnicaSulAmericana,desenvolvidacompletamentesobrecrosta continental,epreenchidaporrochassedimentaresevulcnicas,cujasidadesvariam entreoSilurianoeoCretceo(438Maa65Ma).Abrangeumareadecercade 1.700.000Km2,estendendo-sepeloBrasil(1.100.000Km2),Paraguai(100.000Km2), Uruguai (100.000 Km2) e Argentina (400.000 Km2).ABaciadoParanocupaapartemeridionaldoBrasil,ametadeorientaldo Paraguai, a parte ocidental de Uruguai e a regio mesopotmica da Argentina. Tem um formatoalongadonadireoNNESSW(1.750Kmdecomprimento),comuma largura mdia de 900 Km. Dois teros da poro brasileira (734.000 Km2) so cobertos por derrames de lava basltica que podem atingir at 1.700 m de espessura e de uma 13 seqnciaderochassedimentaresqueatingeat4.300metrosdeespessura.A espessuramximaderochassedimentaresegneasgiraemtornode6.000m,no centrogeomtricodabacia.Umterodabaciarepresentadoporumcinturode afloramentosemtornodecapadelavas,ondepodemserobservadososdiversos pacotes sedimentares que preenchem a bacia.SegundoZALNetal.(1987),asrochassedimentaresdaBaciadoParan foramdepositadassobreumavastareadeescudodoentorecmconstitudo continentedoGonduana,compostodevriosncleoscratnicos,rodeadosdevrios cinturesmveisorognicosedispersamentecobertosporremanescentesdebacias deantepas,denaturezamolssica,todosformadosduranteocicloBrasiliano.Esse ciclofoium importante evento tectonomagmtico, durante o qual a coliso dediversos ncleoscratnicos,juntamentecomseusprismassedimentaresadjacentes,levou formaodoGonduana.Adeformaodecorrentedessecicloteveincioa700650 Ma, sendo que a maior parte da granitognese situou-se no limite entre Proterozico e oFanerozico(610580Ma),enquantooresfriamentoocorreunoCambro ordoviciano (500 450 Ma). ParaZALNetal.(1987),nohindicaesdaexistnciadeumriftecentral inicialqueestivesseassociadoorigemeaodesenvolvimentodaBaciadoParan. Paraessesautoreshqueseconsiderar,praticamente,ainexistnciadecobertura gravimtricanamaiorpartedabacia,contudo,nenhumadasoutrasferramentasde investigao (aeromagnetometria, poos, mapas de ispacas, trabalhos de campo, etc.) fornece qualquer indicao da presena de tal rifte. A origem da Bacia do Paran deve estar,dealgummodo,relacionadaaofimdocicloBrasiliano(OrdovicianoSuperior), quedeixouexpostoumexpressivovolumeaquecidodecrostacontinentalrecm agrupada.Provavelmente,osubseqentearrefecimentodosesforos,juntamentecom oesfriamentodacrosta,foramsuficientesparainiciarasubsidnciaquelevou deposio da Seqncia Siluriana. J para MILANI & RAMOS (1998), a fase de subsidncia ordovcio-siluriana no pode ser adequadamente avaliada em funo do pobre controle bioestratigrfico de sua seodominantementearenosa.AgeometriadaSuperseqnciaRioIva,definindo 14 depocentrosestreitos,alongadossegundoadireoSW-NEdezonasdefraquezado substratodabacia,eaassociaodessasedimentaocomrochasgneasbsicas, permiteaespeculaodealgumtipoderifteamentocomoomecanismoinicialde subsidncia da sinclise. Amaiorpartedaevoluoestratigrfica-estruturaldaBaciadoParanfoi controladaportrendsherdadosdesseembasamento.Talconjuntodecrtonsefaixas mveiscontmumsurpreendentenmerodezonasdefraqueza,asquaiscruzamo embasamento,partindo-oemcentenasdemegablocos,blocosesub-blocos.Esse condicionamentoestrutural,noEstadodo Paran, est representado na(Figura 06). O histogramadelineamentosobtidosatravsdeestudosaeromagnetomtricos,indica nitidamenteumadistribuiobimodaldaszonasdefraqueza.OslineamentosNEso claramentederivadosdedoiscinturesmveisBrasilianosqueafloramnasmargens LesteeSudestedaBaciadoParan,estendendo-sesobesta,atravsdasuaporo meridional.Esseslineamentostambmsoproeminentesnapartenoroestedabacia, numaclarainflunciadafaixaParaguai-Araguaia,assimcomodolineamento Transbrasiliano. AindasegundoZALNetal.(1987),aorigemdoslineamentosNWmostra muitasevidnciasqueindicamqueelessejam,pelomenos,toantigosquantoos lineamentos NE, de idade brasiliana, provavelmente at mais antigos. A orientao NW SE da faixa Uruau (mais antiga que o Brasiliano) uma dessas evidncias. RIBEIRO (1980)apudZALNetal.(1987)concluiuporumaidadearqueanaparaasestruturas lineares com direo N50W, presentes nas massas rochosas transamaznicas (1.900 2.000Ma)remanescentesnosterrenospr-cambrianosdoextremosuldoBrasil. DAVINOetal.(1982)apudZALNetal.(1987)concluramigualmenteporumaidade arqueana para os lineamentos NW da parte nordeste da bacia. UmmarcantepadrodefeieslinearesemformadeXpodeserobservado. Estasfeiespodemserdivididasemtrsgrupos,deacordocomsuasorientaes (NW-SE, NE-SW e E-W). As duas mais importantes so as orientaes NW-SE e NE-SW,quepodemconstituirfalhassimplesouextensaszonasdefalhas(centenasde quilmetrosdecomprimentoepoucasdezenasdequilmetrosdelargura).Comofoi 15 comentado, esses doisgrupos de elementos tectnicos so zonas de fraqueza antigas que foram recorrentemente ativas durante a evoluo da bacia. A evoluo de todos os aspectosgeolgicosdaBaciadoParandeveserentendidano mbito da distribuio dessaszonasdefalhas,dasituaotemporaldosmovimentosrecorrentesaolongo delas e do conseqente controle estabelecido pelas estruturas instveis. Figura 06 - Arcabouo estrutural do Estado do Paran (Zaln et al., 1984), apud LICHT (2001). O padro estrutural atual de cada um desses grupos diferente, principalmente porqueasfalhascomorientaoNWforamfortementereativadasduranteo quebramentojuro-cretceodoGonduana,enquantoasdedireoNEnooforam. Esseeventotectnicodojuro-cretceofoiomaisfortedentre aqueles que, de alguma maneira,afetaramaBaciadoParan.ElereativouvigorosamenteasfalhasNWpr-existentes, criando, provavelmente, vrias outras paralelas a essa direo, promovendo o condicionamento de milhares de corpos gneos intrusivos na forma de diques e sills, e a extruso do mais volumoso derrame de lavas do planeta (ZALN, et al., 1987). 7.550.0007.500.0007.400.0007.300.0007.200.0007.100.0007.000.000130.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000Santa CatarinaMato Grosso do SulParaguaiArgentinaOceanoAtlnticoSo PauloUTM Norte (m)UTM Leste (m)Lineamento do Rio PiquiriFalha do Rio AlonzoFalha de

GuaxupFalha de

JacutingaFalha de Santo AnastcioFalha S.Jernimo/CurivaZona de falha de GuapiaraArco de Ponta GrossaZona de falha de TaxaquaraFalha S.Jernimo/CurivaZona de falha Cndido de Abreu/Campo MouroZona

de Falha Lancinha/CubatoZona de Falha Lancinha/CubatoLineamento do RioPiquiriFalha de JacutingaZonade falhaCndido de Abreu/Campo MouroZona de falha Cndido de Abreu/Campo MouroLineamento doRio IguaZona de falhade Caador0 40 80 120 160 kmNrea de estudo 16 O padro estrutural das zonas de falha NW bem exemplificado pela zona de falhaCuritiba/Maring,quelimitadaporduasfalhasprincipais:afalhadeSo Jernimo/Curiva,aonorte,eafalhadoRioAlonzo,aoSul.OeixodoArcodePonta Grossaestinteiramenteinseridodentrodessazonadefalha(Figura06),paralelos falhas limtrofes, sendo detectado at cerca de 150 Km na direo noroeste, a partir do limitedabacia.OsmilharesdelineamentosNWquerepresentamazonadefalha Curitiba/Maringestonormalmentepreenchidospordiquesdediabsio.Essepadro estruturaldeumazonaretilnea,comconcentraodefalhasediques,formandouma extensazonadefalhaquepodesealargarouestreitarsignificativamenteaolongodo seu trend tpico da maioriadas zonas de falhas NW, como as de Guapiara, Cndido deAbreu/CampoMouroeRioPiquiri.Aocorrnciadegrandesdiques,algunscom espessura da ordem de centenas de metros, e deformaes associadas so tpicas das zonas de falhas com direo NW. O padro estrutural das zonas de falha NE diferente. Elas so constitudas ou porumanicafalhalargaouporuma zona de falha retilnea (com exceo das zonas defalhaLancinha/CubatoeTransbrasiliano).Geralmenteocorreumaausncia significativadediquese,consequentemente,dasdeformaesassociadasaeles. Entretanto,estruturasrelacionadasamovimentaestranscorrentessomuitomais comunsaolongodoslineamentosNE,muitoemboratambmsejamfreqentesao longo dos lineamentos NW. 4.2LITOESTRATIGRAFIA Aseqnciaestratigrfica,objetodesseestudo,abrangeasseguintes unidades:FormaoPirambia,FormaoBotucatueFormaoSerraGeral(Figura 07). Segundo SOARES (1975), o contato entre as Formaes Pirambia e Botucatu reflete uma brusca mudana nas condies de sedimentao, perfeitamente mapevel. Entretanto,essefatonosignificanecessariamenteumadiscordncia.Feiescomo concentraodeseixosesuperfciesdecontatoretrabalhadaspodemsertambm 17 interpretadascomoreflexosnaturaisdamudanaambientaldoregimefluvialparao desrtico. Para GONALVES & MUHLMANN (1980), apud PETRI & FLFARO (1983), asFormaesPirambiaeBotucatucoexistiram,pertencendoaummesmociclo,que encerrou com a sedimentao elica sobrepondo-se fluvial. Recobrindo essa seqncia sedimentar est a Formao Serra Geral composta porrochasgneasvulcnicas,representadasporbasaltostoleticoseandesitos baslticos,ocorrendoquantidadessubordinadasderiolitoseriodacitos.Diabsios intrusivosemtodaaseosedimentardaBacia,naformadesoleirasediques,so tambm correlacionados Formao Serra Geral. Figura07- Mapa geolgico simplificado doEstado do Paran. (modificado Mineropar,1986), apud LICHT (2001). 7.550.0007.500.0007.400.0007.300.0007.200.0007.100.0007.000.000130.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000Santa CatarinaMato Grosso do SulParaguaiArgentinaOceanoAtlnticoSo PauloUTM Norte (m)UTM Leste (m)0 40 80 120 160 kmNDepsitos de aluvioFm. GuabirotubaFm. Caiu (Gp. Baur)Complexos alcalinos e/ou carbonatt icosFm. Serra Geral (Gp. So Bento)Complexos gbricosGrupo Passa DoisGrupo Guat Grupo ItararGrupo ParanGrupo CastroFormao GuaratubinhaFormao CamarinhaGranitidesGrupo AunguiGrupo SetuvaComplexo Pr SetuvaComplexo Serra NegraMb.Nova Prata (Gp. So Bento)Diques de diabsio (Gp. S.Bento)rea deEstudo 18 4.2.1FORMAO PIRAMBIA AFormaoPirambiaformadaporcamadaspredominantementearenosas, ocorrendoclsticosfinos,emrepetiocclica,oquesignificaumaalternncia,na vertical, da fcies fluvial de canal e de transbordamento (SOARES, 1975). Olevantamentodetalhadodealgumasseeseaanliseestratigrficade feiesgeomorfolgicas,realizadasporSOARES(1975),permitemcaracterizaro comportamento faciolgico dessa formao. De acordo com esse autor, reconhecem-se duas unidades dentro da Formao Pirambia, informalmente denominadas de Membro Inferior e Membro Superior, ambas com diferenas sutis nas caractersticas texturais e estruturais.OMembroInferiorapresentalitotiposmaisargilosos,ondepredominamas estratificaesplano-paralelasecruzadadepequenoporte.Sofreqentesas camadas de argila, folhelhos arenosos e slticos. J o Membro Superior caracterizado peladisposiodosbancosdearenitos,poucoamuitoargilosos,comestratificao cruzada planar tangencial de mdio a pequeno porte, sucedidas por bancos de arenitos muitoargilosos,comestratificaoplano-paralela,lamitoseargilitosarenosos,numa clara repetio cclica. AidadedaFormaoPirambiaatribudaaointervalodetempoentreo Trissico Superior e o Jurssico Inferior. 4.2.2FORMAO BOTUCATU AFormaoBotucatuabrangeumconjuntodesedimentosdepositadosem ambientedotipocontinentalelico,localmentefluvial,cujaespessuramxima raramenteultrapassaos100metros.SegundoPETRI&FLFARO(1983),essa formaoconstituda,predominantemente,porarenitoscomseleovariandode regularaboa,classemodaldominantedeareiafina,ocorrendopoucamatriz. Localmente,ocorremarenitosconglomerticos(FciesTorrencial)quesofreqentes noteroinferiordaformao.caractersticadessaformaoapresenade estratificaodegrandeporte,correspondendoaumempilhamentodecorpos 19 prismticosoucuneiformes,achatados,podendo alcanar espessuras da ordem de20 metros.Noquetangeidadedessaformao,pode-sedizerqueelaocorreuno perodocompreendidoentreoNeotrissicoeo Neojurssico. Isso porque as primeiras manifestaes vulcnicas so datadas como Neojurssicas e porque os sedimentos do GrupoRosriodoSul,correlacionveisFormaoPirambia,contmfsseis Neotrissicos (PETRI & FLFARO, 1983). 4.2.3FORMAO SERRA GERAL AFormaoSerraGeralocorresobaformadederrames,queseconstituem numa srie de unidades superpostas, representativas de um intenso vulcanismo fissural queocorreuemcondiesnoexplosivas,dandoorigemaextensosplats,hoje profundamente dissecados pelos processos de intemperismo (CHANG et al., 1991). SegundoLEINZ(1949),esseintensomagmatismocommanifestaes intrusivaseextrusivas,devariadocarterqumico,ocorreuemclimaridodeforma intermitenteeassincrnica.Assimsendo,noconjuntoacimareferidosoencontradas intercalaes de sedimentos que, embora possam ser litologicamente semelhantes aos da Formao Botucatu sotoposta, no podem ser a essa associados, pois representam efmeros episdios na sedimentao elica. Por outro lado, oportuno lembrar que a conformao dos derrames em trapps proporcionadapelasestruturaspeculiaresquesedesenvolveramnosmesmos,em funodomovimentoecontedoemgasesdalavaefusiva.Taisfeiesso observadas,sobremaneira,nasescarpasdaFormaoSerraGeral,noslimitescoma depresso perifrica da seqncia sedimentar da Bacia do Paran.EmboraaFormaoSerraGeralsejatradicionalmentereconhecidacomode tpicaocorrnciaderochastoleticas,comgrandevariaoqumica(REGG,1975), segundoWHITE(1908)eDUTOIT(1927),apudWASBURNE(1930),algunsdos trabalhosafins,fazemrefernciaocorrnciadelavasdecomposiointermediriae cidas associadas a essa unidade, tais como os de SARTORI & MACIEL FILHO (1976), 20 SZUBERT et al. (1978) e SARTORI & GOMES (1980). Esses diferenciados cidos, a quetudoindica,emergiramapartirdesistemasdefraturascrustais,concentrando-se prximosreadasatuaisocorrncias,tendosuamaiorviscosidadelimitadaasua distribuio. Esse vulcanismo parece ter sido do tipo escudo dmico (SZUBERT et al., 1978). A idade do conjunto das rochas vulcnicas, obtidas atravs do mtodo K-Ar em rocha total e em feldspato e biotita, mostra distribuio, no tempo, de 115 a 135 milhes deanos.Assimsendo,podeseressemagmatismodatadocomoneojurssico-eocretceo, tendo as manifestaes perdurado, em conjunto, pelo menos 20 milhes de anos (MELFI, 1967). PICCIRILLO&MELFI(1988),subdividiramaBaciadoParanemtrssetores principais:ParanMeridional,CentraleSetentrional.Oprimeirolocalizadoasuldo lineamentodoRioUruguai,osegundoentreesseeolineamentodoRioPiquirieo terceiroanortedolineamentodoRiPiquiri.NosetorParanMeridionalpredominam basaltostoleticos,andesitostoleticos,riodacitoseriolitos(TipoPalmas)comteores menoresque2%deTiO2.NosetorParanCentral,ondeselocalizareadeestudo, ocorremostermospetrolgicosdosetormeridionaletambmbasaltostoleticos, riodacitos e riolitos (Tipo Chapec) com teores de TiO2 maiores que 2%. O setor Paran Setentrional, caracterizado pelos termos litolgicos tipo Chapec,com teores elevados (>2%)deTiO2.Determinaramosseguintesteoresmdiosemxidos:CaO8,88%, Fe2O3 + FeO 16,40%, MnO 0,20%, TiO2 2,55%, P2O3 0,45%. 4.3HISTRIA GEOLGICA DA BACIA DO PARAN Conforme ZALN et al.(1987), a Bacia do Paran implantou-se no Eosiluriano sobreacrostacontinentaldorecmformadoGonduana,aindaemprocessode resfriamentoepossvelsubsidncia,comoresultadosubseqentediretodoCiclo OrognicoBrasiliano.Talcrosta,aindaemprocessodecicatrizao,consistiadeum complexo sistema de placas e microplacas (cintures mveis marginais) interpostas. O embasamentodaBaciadoParanapresentavaentoumenormenmerodasmais 21 variadaszonasdefraquezaconcentradas,preferencialmente,segundoduasdirees principais: N45o 65oW e N50o 70oE. Aevoluotectono-sedimentardaBaciadoParan,principalmentea paleozica,foiintimamenterelacionadasreativaessofridasporessesdoisgrupos delineamentos.Talfatopodeserdeduzidopartirdevriaslinhasdeevidnciatais como forte controle das curvas de ispacas de algumas unidades litoestratigrficas por certoslineamentosbemconhecidos,conseqentereflexonadistribuiofaciolgica dessasunidades,seesverticaispaleoestruturais,controlesdasjazidasdecarvo (falhasdedireoNE).Taisreativaesrepresentamalviodeesforosintraplaca oriundosdamargemconvergenteocidental do Gonduana. Picos de atividade tectnica namargempacficapaleozica(orogenias)correlacionam-senotempo,naBaciado Paran,comdiscordnciasregionaisoucomvolumososeextensospacotesde arenitos. Aevoluotectono-sedimentarmesozicafortementeinfluenciadapela rupturadoGonduanaepelaaberturadoAtlnticoSul,aoinvsdosmovimentos orognicosocidentais.Afasejuro-cretcicadaerupoeintrusodelavasrepresenta amaisviolentafasetectnicadaBaciadoParan,pocadasmaisimportantes estruturaes e criao de um terceiro trend estrutural de direo NE. 5.HIDROGEOLOGIA Area de estudo, abordada por esse trabalho, est representada pelas rochas gneasdaFormaoSerraGeral,aflorantes,epelossedimentosdasFormaes Botucatu e Pirambia confinados, quase na sua totalidade, por aquelas rochas gneas. Quandoessasrochasapresentamcondiesdearmazenamentoetransmissode gua, passam a ser chamadas de Aqferos ou Sistemas Aqferos. AlgunsautoresusamotermoSistemaAqferoquandohconexohidrulica entreaqferosdistintos,compreendendoasreasderecarga,trnsito, armazenamentoedescarga.REBOUAS(1976),jhaviadefinidoasformaes BotucatuePirambiacomooSistemaAqferoBotucatu.Atualmente,adenominao 22 AqferoGuarani(ANTON,1994nopublicado,apudROSAFILHOetal.,1998),vem sendoapresentadaeaceitapelacomunidadecientfica.Porisso,essanomenclatura est sendo utilizada no presente trabalho. 5.1SISTEMA AQFERO GUARANI OSistemaAqferoGuaranicaracteriza-seporenglobarduasformaesque apresentampropriedadesdistintas.Essasparticularidadesestorelacionadasa propriedadesgranulomtricas,texturaisemineralgicasqueiroresultarem caractersticashidrogeolgicasdistintas.AFciesFlvio-Lacustre(Formao Pirambia),querepresentaabasedessesistema,caracterizadapelas heterogeneidades litolgicas, granulomtricas e texturais. Essas heterogeneidades, que soumreflexodoambientedeposicional,notabilizam-sepelaalternnciadenveis argilososqueinterferemnarelaopermeabilidadevertical/permeabilidadehorizontal, ondeaprimeirareduzida,adespeitodapequenaespessuradosnveisargilosos.A FciesElica(FormaoBotucatu),querepresentaotopodoSistemaAqfero Guarani, caracterizada pelas homogeneidades litolgicas, granulomtricas e texturais. Essashomogeneidadespermitem,emtermoshidrogeolgicos,expressivas permeabilidades vertical e horizontal (FRAGA, 1980).SegundoSOARES(1973),oarcabouodossedimentosdasformaes BotucatuePirambiasoformadosessencialmenteporslica(97%naFormao Botucatue90%naFormaoPirambia).Osdemaisconstituintesaparecemda seguinteforma:feldspato(5a10%naFormaoPirambiae3a8%naFormao Botucatu), micas (menos de 11%, nas duasformaes),fragmentos de rochas (menos de1%).OcimentoabasedeSiO2e/oulimonitaquimicamenteprecipitada.Ainda segundo esse autor, a baixssima freqncia de minerais pesados, feldspatos, micas e ausnciadefragmentosderocha,acimamencionados,revelaqueomaterialdarea fonte j deveria ter passado por um ou mais ciclos de sedimentao.No Estado do Paran o Aqfero Guarani aflora em estreitas faixas ao longo da escarpamesozica.Nosentidooeste,apartirdessesafloramentos,ocorreum 23 mergulhosobasrochasgneasdaFormaoSerraGeral,pelasquaisconfinado. SegundoROSAFILHOetal.(1998),areadeconfinamentodeaproximadamente 131.300 Km2. A espessura mdia est em torno de 200 metros. SegundoArajoetal.(1995),aespessuratotaldoAqferoGuarani (formaesPirambiaeBotucatu)podevariardevaloressuperioresa800metros (Alegrete-RS) at a ausncia completa em reas internas da bacia (Muitos Capes-RS). Odepocentrodelineadoporespessurassuperioresa500mocorreaolongodoeixo NNE-SSW subparalelo e prximo aos Rios Paran e Uruguai. Os maiores depocentros ocorremalestedeCampoGrandenoEstadodeMatoGrossodoSul(>600m)eao longo do Rio Uruguai no limite entre a Provncia de Entre Rios, na Argentina, e o Estado doRioGrandedoSul.Essasvariaesnaespessurasoatribudasaocontrole estrutural durante a deposio, variao faciolgica ambiental e ao controle erosional doambientedesrtico.Ocomportamentoestruturaldesseaqferofoicontroladopor diversos fatores, destacando-se os depocentros de lavas da Formao Serra Geral que subsidiuoaqfero;aativaoregionaldesistemasdefalhas;ossoerguimentosdas atuais bordas da bacia; e a ativao dos arcos do Rio Grande e de Ponta Grossa. SegundoArajoetal.(1995),oArcodePontaGrossacompartimentao aqfero em dois regimes hidrolgicos. O primeiro, ao norte do arco, caracterizado por umfluxocontroladopelaselevaesdosafloramentosqueimprimiramumpadro regionaldedeslocamentohidrulicodenorteparasudoesteapartirdeafloramentos nosestadosdeSoPaulo,Gois,MatoGrossoeMatoGrossodoSul.Nos afloramentosdabordalestedoEstadodeSoPaulo,ascotaspotenciomtricas possuememmdia600mepodemlocalmenteatingirvaloressuperioresa800m.A partirdessareaderecargaocorreumfluxoregionalcomdeslocamentovetorialpara sudoeste.Ofluxosedeslocacomgradientede3m/Kmjuntosregiesderecargae caipara0,2m/Kmaumadistnciaaproximadade50Kmdosafloramentos.Aoutra readerecargaimportanteselocalizanosafloramentosexistentesnosestadosde Gois e norte do Mato Grosso do Sul, onde as cotas potenciomtricas so da ordem de 600m.Destaregiodesenvolve-seumfluxoregionalcujadireodovetorde deslocamento para sul, na poro central da bacia, e para as reas de afloramento no 24 Paraguai.Ofluxojuntoregiodeafloramentosedeslocasegundoumgradientede 1,5m/Km,caindo, a 30 Km das reas limtrofes de recarga, para 0,2 m/Km. Um baixo potenciomtricodelineadonacalhacentraldabacia,comcotade350m,indicanesta regio,umadespressurizaodoaqfero.Essa queda na presso foi atribuda a uma comunicao hidrulica do aqfero ao longo do Rio Paran, que est encaixado nesta regio,naZonadeFalhaLoandaPresidenteEpitcio.Orebaixamento potenciomtricoocorreriapeladescargaregionaldoaqferonoRioParannaregio de Presidente Epitcio SP (Fig. 24) Osegundocompartimentohidrogeolgico,individualizadoaosuldoArco dePontaGrossa,sedistinguedoanteriorpelosaltosgradienteshidrulicosepor proeminentesreasdedescarga.NaregioaosuldoArcodePontaGrossa,aqueda depressoentreasreasdeafloramentodabordalesteeoestedeterminadapela grande diferena entre a cota potenciomtrica a leste, de 1200 m, e a oeste, de 50 m. A direoregionaldofluxo,apartirdabordaleste,nosentidosudoeste.Ofluxo desenvolve-se junto rea de recarga com gradiente de 5 m/Km, caindo em direo Argentinapara2m/Km,atatingirvaloresde0,3m/Kmaolongodasregies adjacentesaosrios Uruguaie Paran, queso constitudas por terrenos pantanosos e que representam a grande rea de descarga global do Aqfero Guarani (Fig. 24). Aindanabordaleste,areaderecarganoEstadodeSantaCatarina responsvelporduasdireespreferenciaisdefluxo.Adireodefluxosudoeste, coincidente com a global, controla os deslocamentos at a descarga regional encaixada noRioUruguai.Adireopreferencialparasul,cominflexoparasudesteapartirde Torres(RS),sugereumadescargalocalizadajuntolinhadepraiadoOceano Atlntico. Descargaslocalizadas,comoaobservadaaolongodoRioPelotas,na regio de Piratuba (SC), so sugeridas pela queda abrupta da cota potenciomtrica de 650 m para 300 m em uma distncia inferior a 40 Km (Fig. 24). ParaREBOUAS(1976),asreservaspermanentesdoSistemaAqfero Guaranisodaordemde48.000Km3,constituindoamaiorreservadegua subterrneadocontinenteSulAmericano.Essemesmoautormencionavaloresde 25 permeabilidade (K) que variam entre 10-3 e 10-4 cm/s e porosidade entre 16 e 24%. Em relaoaocoeficientedearmazenamento(S)TEISSEDREetal.(1982),constatou valoresde10-4a10-6paracondiesdeconfinamentoede10-1paracondiesde aqfero livre. SegundoSRACEKeHIRATA(2002),existeumaevoluodeguas BicarbonatadasClcicasnasreasdeafloramentoedebaixoconfinamento,para guas Bicarbonatadas Sdicas com concentraes significativas de Cloretos e Sulfatos naszonasdealtoconfinamento.AadiodeCloretoseSulfatospareceestar relacionada com a dissoluo de evaporitos como NaCl e mirabilita (Na2SO4.10H2O) ou gibsita e difuso de produtos de dissoluo da Formao Pirambia. Os valores de pH tambmaumentamdevaloresfortementecidoscomo4,5nopootubularque abasteceosistemadeRibeirodoPinhalPR,SANEPAR-relatrioindito,at valores acima de 9,5 nos poos termais de Foz do Iguau. As concentraes de Sdio nas zonas aflorantes so menores que 5 mg/L, e podem alcanar valores acima de 200 mg/Lnaszonasdealtoconfinamento.Aalcalinidadetambmaumentadevalores inferioresa15mg/Lnasreasderecargaparavaloresacimade240mg/Lnasreas de franco confinamento. ParaSILVA(1983),asguasdessesistemaaqfero,combaseemestudos realizados no Estado de So Paulo, apresentam um aumento na concentrao de sais medidaqueaumentaotempoderesidncia.Nasreasdeafloramentos,osvalores deslidostotaisdissolvidosficamabaixode100mg/L.Numafaixaintermediria, quandooconfinamentoocorrea60Kmparaointeriordabacia,osvaloresdeslidos totaisdissolvidossosuperioresa200mg/L.Jnasporesfrancamenteconfinadas essesvaloressuperam,comfreqncia,a1.200mg/L.Soguasclassificadascomo Bicarbonatadaclcicaaclcicamagnesiananasporeslivresoudebaixo confinamento,edeSulfatadaCloretaSdicanasporesdealtoconfinamento,cujas idades, nessa situao, atingem valores de 30.000 anos. ParaTEISSEDRE&BARNER(1981),atemperaturadaguaaumenta gradativamentecomaprofundidadedeconfinamento.Essesautoresdefiniramum gradientegeotrmicode35 oC/Km,podendoatingirtemperaturasdeat63 oC.No 26 relatrio elaborado por CHANG (2001), relata-se gradientes geotrmicos variando de 10 a 40 oC/Km.Temperaturas registradas em diversos poos profundos, na faixa de 1.500 metros,apresentamvaloresvariandoentre50e70 oC,confirmandoquealtosvalores degradientegeotrmicopodemseraplicados.Segundoesseautor,atemperatura mximaregistradafoide68 oCnumpooperfuradonomunicpiodeCianortePR, comumaprofundidadede1.565metros.Noentanto,inmerospoosprofundos produzem guas com temperaturas em torno de 40 oC. Essa variao de temperatura sugestiva de movimento convectivo no Sistema Aqfero Guarani. HAMZA et al. (1978), demonstram que gradientes de 15 a 35 oC/Km so suficientes para provocar conveco no Guarani. HAMZA et al. (1978), classificaram esse aqfero como sistema geotrmico de baixa entalpia (40 a 90 oC) e calcularam a energia armazenada, por unidade de rea do aqfero, de aproximadamente 280 MW ano/Km2. ARAJO et al. (1995), com base em dados obtidos em poos produtores e na temperaturamensuradaportermmetrosdemximaempoosdepetrleo, apresentaramumgradientemdiode29 oC/Km,paraoAqferoGuarani.Paraesses autores,asisotermasdoaqfero,deumamaneirageral,distribuem-sesegundoo gradientedetemperaturaequivalentea29 oC/Km,edelineiamumacalhadealta temperaturaquetemamesmaconfiguraodacalhaestrutural,eixodabacia.Nessa calhaindividualizam-setrsreascomtemperaturaacimade55 oC.Essamesma isoterma constatada na regio da Provncia de Entre Rios, na Argentina. Aindasegundoessesautores,localmentesoobservadasreascom anomaliaspositivasenegativasdegradientegeotrmico.NaregiodeAratiba(RS)e Piratuba(SC),nadivisaentreSantaCatarinaeRioGrandedoSul,aolongodoRio Pelotas,ogradientegeotrmicocaipara20 oC/Km,originandotemperaturaslocais anormalmentebaixas.Essa diminuio da isoterma coerente com a interpretaode que a rea constitui uma zona de descarga local, onde haveria mistura com guas mais friasdoAqferoSerraGeral.NaregiodeCachoeiraDourada(MG),ondeoaqfero assentadiretamentesobreoembasamentoecobertoporbasalto(caractersticade toda a poro NW da bacia nos estados de So Paulo e Gois), verifica-se um aumento do gradiente para 55 oC/Km. Essa anomalia poderia ser explicada pela maior densidade 27 defluxodecalorprovenientedocristalinoepelamaiorestagnaodofluxocausada pelo completo confinamento proporcionado pelo Sistema Magmtico Serra Geral. 5.2SISTEMA AQFERO SERRA GERAL OSistemaAqferoSerraGeralrefere-seaoaqferoconstitudopelasrochas gneasdaFormaoSerraGeral.EsseaqferotranscendeoslimitesdoEstadodo Paran,abrangendoosestadosdeSantaCatarina,RioGrandedoSul,SoPauloe Mato Grosso, bem como a Argentina, Paraguai e Uruguai. A sua rea de ocorrncia, no EstadodoParan,estrestritaao3oPlanaltoParanaensecomumareaaproximada de 110.000 Km2. O mergulho regional dessas rochas ocorre na direo leste/sudoeste, comcotasde1.100metrosdabordalestee49metrosnaFozdoRioIguau.A espessura mxima dessa formao, no Estado do Paran, de 1.400 metros, e ocorre na regio de Alto Piquiri (ARAJO et al., 1995). Acaractersticabsicadesseaqferoofatodeserconstitudoporrochas originalmente impermeveis. Entretanto, sob a ao de eventos tectnicos e do prprio resfriamentodessasrochasgneas,criou-seumaporosidadeeumapermeabilidade secundrias que permite a circulao e o armazenamento de gua nessas estruturas. A partir desse momento instalou-se um aqfero fissurado caracterizado, fisicamente, por serheterogneoeanisotrpicoeque,comoconseqncia,possuiumacondutividade hidrulica muito varivel, complexa e de difcil avaliao, FRAGA (1986).DeacordocomLEGRAND(1979),umsistemaaqferoformadoporum conjunto de fraturas cuja densidade maior prximo superfcie, diminuindo a medida queaprofundidadeaumenta.ROSAFILHOetal.,(1987),constataramessefato, notadamente,apartirdos90metrosdeprofundidade.Segundoessesautores,isso ocorrepossivelmentedevidocompressodossistemasdefraturaspelapressodo macio sobreposto. FRAGA(1986)eREBOUAS&FRAGA(1988),sugeriram,combasenas variveiscondicionantesdearmazenamentoecirculaodaguasubterrnea,a diviso do Sistema Aqfero Serra Geral, no Estado do Paran, em duas subprovncias 28 hidrogeolgicas: Serra Geral Sul e Serra Geral Norte. A primeira abrange a bacia do Rio Iguaueasegunda,basicamente,asbaciasdosriosPiquirieIva.Oparmetro principalutilizadoporessesautoresfoiovalordamedianadacapacidadeespecfica quenasubprovnciaSerraGeralNorteassumiuvaloresnaordemde6,5vezes superioresaosdasubprovnciaSerraGeralSul(Norte=1,53m3/h/m;Sul=0,235 m3/h/m). SegundoRUEGG(1969),asrochasefusivasdaFormaoSerraGeral,em termosmineralgicos,socompostasessencialmenteporfeldspatos,compredomnio An65eAl43(principalmentelabradorita,aparecendoandesinanasrochasmais diferenciadas); piroxnios, preferencialmente augitas, ferro augitas, augitas sub clcicas epigeonitas;opacosrepresentadospormagnetitaeilmenita.Amatriztemnaturezae composiovarivel,podendoconterclorita,serpentina,piroxnio,substnciasde naturezavtrea,feldspatoslcaliclcicosepotssicos,almdequartzo.Deforma generalizada aparecem cristais aciculares de apatita. Os teores de xidos aparecem da seguinte forma: SiO2 de 55 a 60%, Al2 de 12 a 14%, FeO < 10%, FeO3 + FeO de 13 a 14%, MgO de 5 a 6%, CaO de 8 a 9%, Na2O de 2,5 a 3%, K2O de 1 a 1,5% e TiO2 de 2,5 a 3%. Para RUEGG (1975) ocorre uma diferenciao das rochas efusivas, de maneira acoexistiremsriesdistintasqueabrangembasaltosalcalinos,basaltostoleticos, andesitos,latiandesitoseriolitos.Conformeacomposioqumicaemineralgica,o autordividiuessasrochasefusivasemsubprovncias,quenoEstadodoParanest representadapelaanomaliadocentrooesteparanaense.Essaanomalia configurada pela elevao nos teores de MgO, CaO, Fe total, Ba, Co, Cu, V, Zn e Zr e por uma diminuio nos teores de SiO2, K2O, Cr, Ni, Rb e Sr. SegundoKRAUSKOPF(1972),ointemperismoqumicoatingeessasrochas efusivasdetalformaqueosmineraisferromagnesianossedecompemmais rapidamentequeosmineraisfeldspticos,liberandomagnsio,ferroeemmenores quantidadesclcioeosalcalinos(NaeK).Amaiorpartedoferrooxidadoquase imediatamenteemxidofrrico,insolvel,quepermanececomomaterial intemperizado.Entreosmineraisfeldspticos,oplagioclsiointemperizamais 29 rapidamentequeoK-feldspato,eoplagioclsioclcicomaisrapidamentequeo plagioclsio sdico, liberando sdio e clcio mais rapidamente que o potssio. Com os ctionsliberados,asestruturasdeAl-Si-Odosmineraisoriginalmentesilicatados,so parcialmentedecompostaseparcialmentereconstitudasnasestruturasdosminerais argilosos.Assim,sumapartedosilcioeumapequenapartedoalumnioso absorvidas pela soluo aquosa. BITTENCOURT(1978),emestudosdeslidoshidrotransportadosnabacia hidrogrfica do Rio Iva, cita a possibilidade da ocorrncia de altos teores de lcalis, em certasamostrasdeguassubterrneas,estarrelacionadacomsistemasde fraturamento que alcanaram o Sistema Aqfero Guarani. ApossibilidadedeinterconexoentreossistemasaqferosSerraGerale GuaranifoiaventadaporFRAGA(1986)combasenofatodequeatipologiaqumica das guas do Serra Geral a Bicarbonatada Clcica a Clcica Magnesiana. A fcies de guasBicarbonatadasSdicasrepresentariaumamisturacomguasdoGuarani, revelandoreasdecondicionamentotopogrficoeestruturalquepermitiriauma interconexo hidrulica entre esses dois aqferos. CELLIGOI & DUARTE (1994) reafirmam, em estudos realizados no Serra Geral naregiodeLondrinaPR,atipologiaBicarbonatadaClcicaparaessasguas, relacionando esse fato com a mineralogia e natureza qumica dessas rochas. 6.MATERIAIS E MTODOS 6.1OBTENO DOS DADOS Os dados utilizados para a elaborao desse trabalho foram obtidos das anlises fsico-qumicas das amostras das guas das fontes termais registradas ou identificadas durante a execuo do presente trabalho e de guas coletadas em alguns rios da Bacia do Rio Iguau (Fig. 08). Paraaelaboraodosmapasdedistribuiogeoqumicadasmicrobacias inseridas na rea de estudo, utilizaram-se os dados disponibilizados pela MINEROPAR - Minerais do Paran S/A. 30 6.2MATERIAIS Paraarealizaodasanlisesfsico-qumicas,foramcoletadasamostrasde gua das fontes termais e de rios utilizando-se frascos de polipropileno de 5 litros. Paramedirosparmetrostemperaturaecondutividadeutilizou-seum CondutivmetroPorttilDigimedModeloDM-2.OpHfoimedidoatravsdeum pHmetro Porttil Digimed Modelo DM-3. O georreferenciamento das fontes foi feito utilizando-se um GPS Garmin Etrex de 12 canais, com preciso de 7 metros. NaelaboraodomapahipsomtricodaBaciadoRioIguau,processadoem ArcView3.2TM,foramutilizadasasfolhastopogrficasdeGuarapuava(SG.22-V-C), Guaraniau(SG.22-V-D),PatoBranco(SG.22-Y-A)eUniodaVitria(SG.22-Y-B), todasdoMinistriodoExrcitoDiretoriadeServioGeogrfico1992,naescala 1:250.000. O mapa contendo os principais lineamentos foi obtido com base na imagem desatliteLandsatTM5,cenas222/78,comdatadeobtenoem25.06.98e223/78, com data de obteno em 22.10.98. 6.3METODOLOGIA Oparmetroutilizadoparaaseleodasfontesfoiatemperatura.Esse parmetrocaracteriza,nocontextoestudado,aforteinflunciadasguasdoAqfero Guarani,poisatomomento,desconhecem-seguastermaisnoParanquetenham origem nica e exclusivamente no Aqfero Serra Geral, cuja temperatura caracterstica variaemtornode21 oC(ROSAFILHOetal.,1987).Todasasfontesestudadas possuem temperaturas variando entre 26,7 oC e 36,5 oC. Aprimeirafasedessetrabalhotevecomofocoolevantamentobibliogrficode publicaesabordandoageologia,ahidrogeologia,ageografiafsicaeageologia estrutural da rea em estudo. Nasegundafase,foifeitaumaprimeiracampanhadecampo com o objetivo de identificar,georreferenciarecoletaramostrasdeguaparaarealizaodeanlises 31 fsico-qumicasdasfontescadastradasedaquelasconhecidas,masnocadastradas. Essesdadosencontram-seplotadosnaTabela01.Nessacampanhaforamcoletadas uma amostra de gua de cada fonte utilizando-se um frasco de polipropileno de 5 litros. TodasasamostrasdeguaforamencaminhadasaoLPH(LaboratriodePesquisas Hidrogeolgicas) da UFPR (Universidade Federal do Paran) num prazo mximo de 48 horas. Naterceirafase,foirealizadaumasegundacampanhadecampocommedio dasvazesdecadaumadasfontes.Nessamesmacampanhadecampoforam coletadasamostrasdeguaderios.ATabela02mostraospontoscoletadosbem como os parmetros analisados. Para a coleta dessas amostras, o mtodo utilizado foi odeenxaguarofrascocomaguadorio,promovendoassimaambientaodo recipiente de coleta, e em imergir completamente o frasco nessas guas, e proceder ao fechamento com o frasco ainda submerso, com isso evitando o contato com o ar. Foram feitas duas coletas em cada ponto amostrado: uma coleta para a anlise fsico-qumica (frasco de 5 L), outra para a anlise da alcalinidade total (frasco de 1 L). A alcalinidade totalfoifeitanolaboratriodaSaneparlocalizadoemCascavel,emfunoda necessidadedeseanalisaresseparmetronomenortempopossvel.Tambmforam analisados alguns parmetros, in locu, de rios pertencentes Bacia do Rio Iguau. Os resultados esto apresentados na Tabela-03. Depossedetodosospontosamostrados,devidamentegeorreferenciados, procedeu-seasistematizaoeinseroemambienteSIGatravsdoprograma ArcView 3.2TM para sua integrao e interpretao. Asuperfciedoterrenofoimodeladaapartirdascartastopogrficasvetorizadas, atravsdainterpolaoTriangulatedIrregularNetwork-TIM,mdulo3D-Analystdo referidoprograma,gerandoummodelodigital,permitindoumavisualizaodatextura de relevo e sua variao hipsomtrica (Fig. 09). Com o objetivo de verificar alguma influncia dessa zona de surgncia nas guas superficiais da rea de estudo, foram elaborados mapas de distribuio geoqumica dos mesmoselementosutilizadosnacaracterizaodasfontestermais,comexceodo Carbonato. Nesses mapas foram plotadas as microbacias com os respectivos teores de 32 cada elemento, bem como os pontos amostrados para o presente estudo, com os seus respectivos teores (Figuras 10 a 19). Porltimofoielaboradoummaparelacionandoasfontestermaiscom lineamentos geolgicos utilizando-se imagens do Satlite Landsat TM5 bandas 5,4 e 3, cenas222/78,comdatadeobtenoem(25.06.98)e223/78,comdatadeobteno em (22.10.98) (Fig. 20). 7.APRESENTAO DOS RESULTADOS. Vriosautoresataquicitados(BITTENCOURT1978,1996;ROSAFILHOet al.,(1987);FRAGA(1986);REBOUAS(1976))demonstraramatravsdeseus estudos, a conexo existente entre os sistemas aqferos Serra Geral e Guarani, e at apossibilidadedainterconexocomaqferosmaisprofundostaiscomoItarareRio Bonito.Essasdemonstraesutilizaramoramodelostectnicos,oramodelos hidrogeoqumicos, conforme o enfoque de cada trabalho. Como j foi dito, a hiptese desse trabalho caracterizar a Bacia do Rio Iguau, a jusante do Municpio de Reserva do Iguau, como uma rea de descarga do Sistema AqferoGuarani.Ademonstraodessahipteseserfeitaatravsdeummodelo relacionando as tipologias qumicas das guas de fontes termais existentes na rea em apreo, com a tipologia qumica das guas do Aqfero Guarani. 7.1CARACTERIZAO QUMICA DAS FONTES ESTUDADAS Nacaracterizaoqumicadasguasdasfontesestudadas,sero apresentadasasabordagensdealgunstrabalhosemrelaoaosparmetros,aqui consideradoscomorelevantesnacomprovaodahiptesedessadissertao.Os parmetrosmencionadosso:Temperatura,pH,Carbonatos,Bicarbonatos,Cloreto, Clcio, Magnsio, Sdio, Flor e o Sulfato. Considerou-se conveniente apresentar uma revisobibliogrficafocadaespecificamenteemcadaparmetronessecaptulo,em funo, acredita-se, de uma melhor percepo dos resultados obtidos. 33 O principal agente de intemperismo qumico que percola as rochas a gua da chuva.Essagua,ricaemO2,eminteraocomoCO2 da atmosfera, adquire carter cido,queemcontatocomamatriaorgnicaemdecomposio(oxidao)assume valoresdepHmaisbaixosainda.Nesseambiente,ossilicatosqueconstituemas rochassofremataquesqumicos(hidrlise)dessasguasatravsdoonH+.Esseon acabapordeslocarosctionsalcalinos(K+eNa+)ealcalinos-terrosos(Ca2+ eMg2+), queiroenriquecerasoluoaquosa.Outrareaohidroqumicadegrande importnciaadissoluodesaiscomo,porexemplo:CaCO3 (carbonatodeclcio), CaCO3.MgCO3 (dolomita), MgCO3 (magnesita), NaCl (halita), CaSO4 (sulfato de clcio), CaSO4.2H2O(gibsita).Assim,osonspredominantesnasguassubterrneasso: Ca2+,Na+,K+,Mg2+Cl-,SO42-eHCO3-.Dessaforma,asguassubterrneasvose enriquecendo nesses elementos ao longo do tempo de residncia. Durante esse trajeto ocorre a formao de novos minerais que utilizam o Ca2+, Mg2+ e o K+ em detrimento do Na+, o que se deve, principalmente, a sua baixa carga inica. Segundo FENZL (1986), geralmente temos a seguinte escala de intensidade de ligaes: H+>Rb+>B++>Sr++>Ca++>Mg++>K+>Na+>Li+ Issomostraporqueasguasantigas,comoasdoAqferoGuarani,possuem uma baixa relao entre clcio e sdio. O contrrio observado nas guas mais jovens como, por exemplo, as guas do Aqfero Serra Geral, ou mesmo nas reas de recarga do Guarani, onde a relao clcio/sdio elevada. 7.1.1POTENCIAL HIDROGENINICO pH Aguadepercolao,inicialmentecida,vai,comotempo,tornando-se alcalina porque o hidrognio proveniente da ionizao do cido carbnico acaba sendo utilizadonaformaodenovosminerais.Porissoasguassubterrneasapresentam pH prximo de 7. 34 O DAEE (1976), no caso do Aqfero Serra Geral, considerou anmalos valores acimade7,equandoessasocorrnciassoobservadas,normalmenteesto relacionadascomeixosdealinhamentoseconseqentementecomcontribuiesdo AqferoGuaranisubjacente.DamesmaformaBITTENCOURT(1978),ROSAFILHO etal.,(1987)consideramquepooscomteoresdepHbsicosrefleteminflunciada gua do Botucatu sobre a do Serra Geral. TodasasfontesanalisadasnessetrabalhopossuempHvariandonointervalo entre 8,81 e 9,56 (Tabela 01). 7.1.2BICARBONATO/CARBONATO HCO3-/CO32- Obicarbonatoumnionprovenientedadissoluododixidodecarbono atmosfricoe,principalmente,biognicopresentenossolos,combinadocomagua (CUSTDIO & LLAMAS, 1983). Possui uma relao direta com o pH da soluo. Com pH variando no intervalo entre 7 e 8,3 a presena de bicarbonato muito superior do carbonato.Apartirdeum pH de 8,3 a concentrao de carbonato aumenta. Quando a soluoaquosaatingevaloresdepHacimade10,apresenadebicarbonatonula, passando a existir somente carbonato (LOGAN, 1965). Adissociaodocidocarbniconoprocessodecarbonataoimpeum cartercidogua,favorecendoadissoluodosmineraisformadoresdarocha. Dessaformaproduzidaumacargaresidualqueresultanaformaodemineraisde argila,eumacargasolvelquecontribuiparaoenriquecimentodasguas, principalmenteemclcio,magnsio,ferro, slica e bicarbonato. ParaFRAGA (1986), o teor mdio de bicarbonato, no Aqfero Serra Geral, para a unidade Iguau de 69,43 mg/L;paraaunidadePiquiride63,64mg/L;paraaunidadeIvade74,15mg/Le para a unidade Tibagi de 80,21 mg/L. NoestudorealizadopeloDAEE(1976)asguasdoAqferoSerraGeral,no EstadodeSoPaulo,apresentamvaloresde92,2mg/Lparabicarbonatos,podendo atingir um mximo de 250 mg/L. 35 Asfontesanalisadasnessetrabalhoapresentaramconcentraesde bicarbonato variando no intervalo de 55,55 a 361,72 mg/L (Tabela 01). 7.1.3TEMPERATURA Aguasubterrneaencontra-sesujeitaavariaesdetemperatura,que ocorremproporcionalmenteaoaumentodaprofundidadedoaqfero.TEISSEDRE& BARNER(1981)emestudorealizadocompoosnoSistemaAqferoGuaranino EstadodeSoPaulo,observaramoaumentodetemperatura,mostrandoumarelao linearcomotopodaFormaoBotucatu,definindoumgradientegeotrmicode1 oC por 35 metros, em mdia. SegundoSZIKSZAY(1993)atemperaturanasguassubterrneasest relacionadaaogradientegeotrmicode1 oCparacada30a35metrosde profundidade.ARAJOetal.(1995)calcularam,combaseempoosdepetrleo,um gradiente de 29 oC/Km, referenciados ao topo do Sistema Aqfero Guarani. ODAEE(1976)apresentaumatemperaturamdiade24,75 oCparaasguas depoosperfuradosnaFormaoSerraGeralnoEstadodeSoPaulo.Segundo esses autores, seguindo a direo de SE para NW, h um aumento dessa temperatura ocorrendoanomaliasdeat31,4 oC.Esseestudodizquetaisanomaliasesto relacionadas a aqferos inferiores, e que essas guas utilizariam grandes fraturas para atingirem nveis mais prximos da superfcie. NoParan,atemperaturamdiaparaasguasdepoosperfuradosno Aqfero Serra Geral de 20,83 oC, onde a variao vai de 17 a 23,5 oC (BUCHMANN FILHO, 2002). Asfontesdeguautilizadasnaelaboraodopresentetrabalhopossuem temperatura variando no intervalo de 26,7 a 36,5 oC (Tabela 01). 36 7.1.4CLORETO Cl- SegundoCUSTDIO&LLAMAS(1983),ooncloretobastantesolvel. Provmdeterrenosdeorigemmarinha,rochasevaporticasemisturacomgua marinha.Podetambmterorigememoutrasfontescomoefluentesurbanose industriais. Ainda para esses autores, as rochas porosas propiciam maior aporte de sais paraagua,devidoamaiorreadecontato.Oaportedesaistambmfavorecido peloaumentodaprofundidade,datemperaturaedapresso.Relacionamaseguinte ordem de saturao para os nions: HCO3->SO42->Cl-. ParaSILVA(1983),ocloretopodeterorigempormeiodaprecipitao metericae/oudissoluodemicas(sericitaebiotita)presentesempequena quantidadenasFormaesBotucatuePirambia,bemcomocloritaseminerais secundrios de alterao dos basaltos. FRAGA (1986), em estudo realizado no Estado do Paran, definiu, no Aqfero Serra Geral, os seguintes teores mdios para cloreto: 1,37 mg/L para a unidade Iguau; 4,51mg/LparaaunidadePiquiri;3,06mg/LparaaunidadeIvae4,76mg/Lparaa unidade Tibagi. Nas fontes utilizadas para a elaborao do presente trabalho o cloreto aparece em concentraes variando entre 0,33 e 141 mg/L (Tabela 01). 7.1.5SULFATO SO42- Oonsulfatobastantesolvel.Provmoriginalmentedegasesmagmticos. Pode ocorrer pela dissoluo de sulfetos presentes em rochas gneas, metamrficas ou sedimentares.Tambmpodeterorigemnalixiviaodeterrenosformadosem condiesdearidezouambientemarinho.Atividadesurbanas,industriaiseagrcolas tambm podem aportar sulfatos para a gua (CUSTDIO & LLAMAS, 1983). ParaSILVA(1983),osteoresemsulfatospodemseraumentadosapartirda guadaschuvasepordissoluodesulfetosquepodemocorrerempequena quantidade nos basaltos. 37 DeacordocomosestudosdoDAEE(1976),existemalgumasanomalias,no EstadodeSoPaulo,empoosperfuradosnoSerraGeral.Asconcentraes superioresa50mg/LocorremsegundoalinhamentosNWeSE,admitindoa possibilidade de influncia das guas do Aqfero Guarani, que atingiriam o Serra Geral atravs de grandes fraturas. ParaFRAGA(1986),foramdefinidos,noAqferoSerraGeral,osseguintes teoresmdiosemsulfato:1,0mg/LparaaunidadeIguau;1,32mg/Lparaaunidade Piquiri; 1,82 mg/L para a unidade Iva e 3,73 mg/L para a unidade Tibagi. Nessetrabalho,asfontesanalisadasapresentaramteoresdesulfatocom valores